Anais do SEFiM, Porto Alegre, V.02 - n.2, 2016.
O samba fazendo a luta: a experiência das Batucadas Populares The samba making the resistance: the experience of popular batucadas Palavras-chave: Batucada; Escola de samba; Movimento social; Educação popular; Estética. Keywords: Batucada; Samba school; Social movement; Popular education; Aesthetics.
Tiaraju Pablo D’Andrea Universidade de São Paulo tiarajupablo@gmail.com A exposição que este resumo propõe visa apresentar uma reflexão sobre a experiência das Batucadas do Povo Brasileiro, ou batucadas populares, que surgiram em São Paulo a partir do ano de 2005. Pretende-se discutir quatro experiências de batucadas: a escola de samba Unidos da Lona Preta, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; a Batucada Popular Carlos Marighella, do Levante Popular da Juventude; o Bloco Carnavalesco Unidos da Madrugada, pertencente ao grupo de teatro Dolores Boca Aberta, e; o Cordão Carnavalesco Boca de Serebesqué, organizado pelo Movimento Cultural de Guaianases, bairro popular de São Paulo. Fomentadas por movimentos sociais e coletivos artísticos da periferia da cidade, as batucadas são uma interface entre o aprendizado derivado das escolas de samba e a experiência política de movimentos sociais organizados. Esta exposição pretende apresentar o contexto histórico de surgimento destas batucadas, seus pressupostos e algumas características de suas dinâmicas internas de funcionamento. Ainda que totalmente baseadas na trajetória das escolas de samba, as batucadas populares se propõem a superar a mercantilização e a espetacularização, que se tornaram as formas hegemônicas do carnaval televisionado “da avenida” (D’ANDREA, 2013). Desse modo, desfilam nas ruas para a população e não fazem parte de ligas nem de competições. Ainda no ensejo da crítica ao atual formato das escolas de samba, as batucadas populares propõem relações menos verticais, temáticas vinculadas ao legado africano do Brasil e composições coletivas, partindo de um estudo crítico e estético do samba-enredo enquanto gênero (MUSSA e SIMAS, 2010). Enfim, um dos objetivos das batucadas populares seria o de politizar a atividade carnavalesca. De acordo com a supracitada interface, o outro diálogo das batucadas populares se faz com os movimentos sociais. De certa forma, as batucadas criticam as formas “duras” das relações nas organizações políticas, além de propor uma relação de maior profundidade entre essas organizaçõese processos criativos e artísticos. As batucadas populares também inserem nos movimento sociais formas artísticas próprias do povo brasileiro, fomentando um aporte que leve em consideração práticas musicais incrustadas na memória coletiva (LOPES, 2008). A montagem dessas batucadas ocorreu pelo ensino de percussão por meio de métodos de educação popular, com trocas de informações, estudos sobre a história do samba e
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