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5. CONCLUSÕES
5 CONCLUSÕES
Esta pesquisa se desenvolveu a partir da hipótese de que as escolas de samba, dada à proporção que adquiriram, encontram-se em um ponto de tensão social. Isto significa dizer que estão reunidos na mesma comunidade musical personagens com visões estéticas distintas. A dinâmica dessa interação, que envolve negociações e conflitos, foi investigada a partir de uma análise sobre a música, aqui entendida como processo. Ao seguir a proposta teórico-metodológica de Steven Feld (1984), procurei, com a observação das estruturas musicais da escola de samba Vai-Vai, entender elementos reveladores de suas estruturas sociais. A organização dos capítulos seguiu esse processo de reflexão, partindo de investigações sobre o desfile e o samba-enredo (capítulos 1 e 2) para chegar a conclusões a respeito da constituição da comunidade (capítulo 3). No capítulo 1, analisei a performance do desfile, a partir de minha própria experiência como componente de ala no carnaval de 2018 e das conversas informais com outros desfilantes. Aproximei as teorias de Thomas Turino (2008) e Richard Schechner (1988), ambos os quais propõem modelos de continuum para a categorização das performances, para entender as tensões decorrentes das diferentes acepções de desfile: apresentacional ou participativo, transformador ou teatral. Procurei articulá-las com o contexto competitivo dentro do qual o desfile das escolas de samba se insere. Ao colocar a realidade brasileira em diálogo com outras etnografias sobre competições musicais ao redor do mundo, concluí que estas criam uma arena de debates a partir da qual as comunidades musicais podem refletir sobre si próprias. No segundo capítulo, observei o processo de escolha do samba-enredo, que também ocorre em um contexto competitivo, as eliminatórias. Ao analisar o discurso dos torcedores, identifiquei uma relação intrínseca entre a música e a performance, na medida em que a qualidade dos sambas concorrentes era avaliada de acordo com sua capacidade de “dar avenida”. Em seguida, entrevistei compositores de diferentes gerações e orientações políticas para entender um dos imbróglios recentes da escola de samba Vai-Vai: a abertura das eliminatórias a compositores de fora. Para tanto, observei a forma como os compositores construíam suas narrativas e defendiam suas posições. Concluí que, da mesma forma como acontece com o desfile, o contexto competitivo da escolha do samba-enredo estimula a discussão e o debate, ao mesmo tempo em que
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