A música negra brasileira: política, identidade e modernidade 1 Deivison Moacir Cezar de Campos
Introdução A música tem construído redes desde a chegada dos primeiros africanos no Novo Mundo. A indeterminação linguística do período escravista tornou a música um elemento agregador. A hibridização inicial tem sido, no processo dinâmico do mercado musical, recombinada das mais diferentes formas, podem ser ouvidas nos diferentes estilos de musicalidade negra, mantendo um diálogo sempre atualizado com as sobrevivências consideradas africanas. O encontro dessas sobrevivências com a modernidade ocidental nos engenhos exigiu que os grupos selecionassem materiais que foram criativamente ressignificado. Organizadas em processos dinâmicos, mantém o vínculo com as culturas de origem, ao mesmo tempo que adquirem característica das culturas contemporâneas, reforçando a proposição de que a cultura “não é uma ‘arqueologia’. A cultura é uma produção” (HALL, 2003, p.44). As formas musicais preservam as aspirações por emancipação e cidadania, não atendidas com o fim do escravismo. A circulação e apropriação desses estilos, ideias e histórias transferem igualmente formas culturais e políticas, respaldadas em discursos de cidadania, justiça racial e igualdade. Este fluxo foi facilitado por um fundo comum de experiências e memorias de segregação racial, além das sobrevivências culturais. Desta forma, O mais duradouro de todos os africanismos não é, portanto, especificável como conteúdo das culturas do Atlântico Negro. Ele pode ser mais bem visto não só no lugar central que todas essas culturas destinam ao uso e à produção de música, mas na ubiquidade das formas sociais antifônicas, que sustentam e encerram a pluralidade de culturas negras no hemisfério ocidental. Uma relação de identidade é instituída no modo como o executante se dissolve na multidão. Juntos, colaboram em um processo criativo presidido por regras democráticas formais e informais (GILROY, 2001, p.373).
Essa cultura afro-atlântica deriva de duas etnolinguísticas: os bantos, oriundos da região
grandes matrizes centro-meridional,
Material didático. Disciplina EAD Estudos Afro-brasileiros e Indígenas. Canoas, Ulbra, 2016. Jornalista, Doutor em Ciências da Comunicação. Coordenador do curso de Jornalismo da Ulbra. 1