João Ernani Furtado Filho Saraivada de sambas. Segunda Guerra e Música Popular
rev. hist. (São Paulo), n.179, a01719, 2020 http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.155049
ARTIGO
SARAIVADA DE SAMBAS: SEGUNDA GUERRA E MÚSICA POPULAR*
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João Ernani Furtado Filho**
Avenida da Universidade, 2762 60020-180 – Fortaleza – Ceará – Brasil jernanif@hotmail.com
Universidade Federal do Ceará Fortaleza – Ceará – Brasil
Resumo No Brasil, várias canções foram compostas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tendo o conflito como tema. Seus versos estão repletos de elogios às tropas aliadas bem como de críticas e deboches às lideranças inimigas. Este artigo, entretanto, enfoca certo tipo de ironia. No Brasil, à época, bem no início da década de 1940, o regime político era uma ditadura. Governos autoritários muito frequentemente tentam valer-se da dupla via da propaganda e da censura. Persuasão e repressão. Isso envolve os circuitos de produção musical, meios de comunicação de massa e radiodifusão. Em algumas canções sobre a Segunda Guerra Mundial, é possível ouvir contradições e confrontos de nossa própria sociedade, principalmente os relativos às pessoas pobres e negras. As principais fontes aqui foram gravações originais em 78 rpm. A transcrição das letras dos discos de cera é cheia de desafios (homofonias, termos que caíram em desuso, gírias). Na metodologia, os discursos das canções são lidos tentando-se estar atento aos seus sinais qualitativos, seus pontos de relevo.
Palavras-chave Segunda Guerra Mundial – Música Popular Brasileira – Radiodifusão – Estado Novo – Crítica social.
* Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), professor do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC). ** O artigo não foi previamente publicado em plataforma preprint; as fontes e bibliografia são referidas no texto, em notas de rodapé e em seção específica. Registros fonográficos pesquisados no Museu Cearense da Comunicação, Acervo Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez), Fortaleza, CE.
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