Revista Samba Enredo nº 1 (LIESF - Carnaval 2015)

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Carnaval As cores e a euforia das escolas de samba de Florianópolis Edição #1 Fevereiro 2015

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Carta ao leitor Foto: Vanessa Silveira

Diretoria executiva

COM TANTA OPÇÃO E QUALIDADE, QUEM VAI FAZER A FOLIA É VOCÊ. Aproveite o Carnaval para comprar melhor na Casas Bahia. Nossas Lojas:

Av. Presidente Kennedy, 789 - Campinas - São José Rua Trajano, 171 e 177 - Centro - Florianópolis Rua Conselheiro Mafra, 148 - Centro - Florianópolis Rodovia Virgílio Várzea, 587 - Saco Grande

presidente Joel Costa Júnior Vice-presidente Fábio Botelho Diretor Jurídico Alessandro Marcelo de Sousa Diretor Administrativo Conrado Laurindo Diretor Financeiro Cleber Ferreira Diretor Social João Mallupy Netto Diretor de Comunicação Vandrei Bion Diretor Comercial e Marketing Jefferson Sodré Diretor de Carnaval Evandro Oliveira Diretor de Acervo Rodrigo Darosci Diretor de Patrimônio Marcelo Zaffi Conselho Deliberativo Presidente Carlos Henrique Fernandes Sobrinho Conselho Fiscal Presidente Jorge Luiz do Nascimento Membro Diva Maria do Nascimento Carlos Membro Andrey Teixeira Suplente Fabiano Miranda

Direção-geral Jáder Melilo operações Fernanda Dornelles Jornalista Responsável Patrícia Pagani Zomer edição Kate Caldas, Adriana Calazans Schmidt Tratamento de imagem Pedro Bortolon Reportagem Cristina Souza, Juliana Coelho, Mariana Mantovani Caetano, Michele Pires de Araújo Articulista Vandrei Bion Articulista Convidado Roberto Alves Ilustração Ismael Martinez Fotografia Michel Téo Sin, Alessandro Luiz Darabas REVISão de texto Patricia Pagani Zomer, Juliana Coelho, Camila Garcia da Silva

Carta ao Leitor

A

Liga das Escolas de Samba de Florianópolis (Liesf) quer transformar o Carnaval da cidade e resgatar a tradição e o prestígio de uma das maiores festas populares e culturais da capital de Santa Catarina. Desde os desfiles da Praça XV, passando pelas Avenidas Paulo Fontes e Mauro Ramos, até chegar à Passarela do Samba Nego Quirido, o Carnaval representa uma importante parte da história de Florianópolis e, para a Liga, tão necessário quanto respeitar o passado é olhar para o futuro. Além de assumir a organização de todos os eventos relacionados às escolas de samba, a Liesf assume um compromisso com a comunidade do samba e com a cidade: dar uma cara nova ao Carnaval, revolucionar a administração e valorizar a relevante representação dessa festa popular para Florianópolis. A Revista Samba-Enredo traz em suas páginas as cores e a euforia do Carnaval, a história de cada escola, personalidades de destaque do samba florianopolitano e as novidades de 2015. Vire a página e aproveite! Boa leitura. Joel Costa Júnior Presidente da Liesf

BANCO DE IMAGENS: Shutterstock Foto de Capa Otávio Anacleto

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Índice

s to n e v E a ir re o M a s a C a te Contra

Índice 06 08 14 22 25 30 37 42 58 84 90 98

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A Liesf

Uma nova Era do Carnaval de Florianópolis

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Foto: Jerônimo do Carmo

Relatos

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Abram alas para o samba: a história dos desfiles das escolas

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Para recordar

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Carnaval 2014: relembre os destaques do desfile na Passarela Nego Quirido

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Agenda

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O sorteio da ordem dos desfiles de 2015

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Comunidade

Conheça os projetos sociais das escolas de samba

Entrevista

Gestores públicos falam sobre o Carnaval

Corte

A realeza do Carnaval da cidade

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Foto: Otávio Anacleto

Tendas Praticáveis Camarotes Palcos cobertos Palcos sem cobertura Passarelas Tablados / Forração carpete

Lonas Tencionadas Camarins Isolamento de área Guichês de cobrança Galpão Arquibancadas House Mix

A Casa Moreira Eventos, empresa especializada em locação de estrutura para eventos, vem há 7 anos destacando-se no mercado por manter uma qualidade indiscutível no segmento. Presente nos maiores eventos da região sul, a Casa Moreira Eventos conta com profissionais especializados, estruturas de ultima geração para melhor apresentação e maior segurança de todos. A Casa Moreira Eventos está sempre inovando possuindo assim a mais completa estrutura para eventos no mercado. Não deixe de conhecer nossos produtos e serviços. Qualidade e segurança são pontos fortes do nosso negócio, faça de seu evento um sucesso sem surpresas desagradáveis. Contrate uma empresa em que você possa confiar!

Na Passarela

Vem aí o Carnaval 2015

Enredo

Cante junto com as escolas

Na Memória

O samba no pé da eterna Nega Tide

Pitacos

As histórias carnavalescas de Roberto Alves e Vandrei Bion

Perfil

Dona Uda Gonzaga, primeira dama do Mont Serrat

Escada de acesso Unifilas Mesa quadrada cor branca Catracas Mastros para bandeiras Rampas de acesso Grama sintética

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Foto: Otávio Anacleto

Av. Rio Grande 2100, Bairro Rio Grande Palhoça, SC - Cep: 88131-601 Central de Atendimento: (48) 3242 9522


A Liesf

Foto: Martinho Ghizzo

Foto: Martinho Ghizzo

Liga das Escolas de Samba de Florianópolis:

A Nova Era do Carnaval A entidade gerencia tudo que envolve as escolas de samba, como desfile do grupo especial, desfile do grupo de acesso e ensaios técnicos, que fomentam a cultura do carnaval na grande Florianópolis por Juliana Coelho

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m 2005, os presidentes das quatro escolas de samba que desfilavam no Carnaval de Florianópolis – Os Protegidos da Princesa, Embaixada Copa Lord, Unidos da Coloninha e Consulado do Samba – decidiram criar uma entidade que representasse os interesses das agremiações. Fundaram, então, em 6 de setembro do mesmo ano, a Liga das Escolas de Samba de Florianópolis (Liesf), tendo Carlos Bittencourt como presidente. A união surgiu da preocupação em relação à grandeza dos desfiles de Carnaval na Passarela Nego Quirido. Juntos, eles poderiam reivindicar melhorias em toda estrutura e organização do evento. Para dar início aos trabalhos, foi criado o Estatuto da Liesf e eleita a diretoria da entidade, tendo Salomão Lobo de Souza Filho como o presidente. A criação da Liga foi o ponto de partida para que as expectativas das escolas de samba virassem realidade. Segundo Vandrei Bion, atual diretor de comunicação da Liesf, “o Carnaval passou a ter mais visibilidade e ingressou no âmbito da gestão empresarial direta, conceito de mercado inevitável no mundo do entretenimento”. Os ensaios técnicos passaram a ser rea-

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lizados no entorno da praça XV e, posteriormente, na Passarela do Samba Nego Quirido. Os desfiles tornaram-se mais atrativos e o público presenciou um espetáculo de organização e credibilidade. “A existência e reconhecimento da Liesf dão ao Carnaval o respaldo necessário para a organização do desfile e demais atividades”, completa Vandrei. Em 2008, com José Machado Pacheco (Zeca Machado) na presidência, que sucedeu Júlio dos Santos Neto, uma nova diretoria foi formada. No ano seguinte, a caçula União da Ilha da Magia passou a fazer parte da Liga. O Carnaval de 2012 foi marcado pela grandiosidade das agremiações no maior desfile das escolas de samba que a cidade assistiu. Mas em 2013, por consequência da falta de repasse financeiro da Prefeitura de Florianópolis, o desfile foi cancelado. Desde então, a Liesf tem como foco principal a busca de recursos e parcerias, não só de ordem pública, mas também junto à iniciativa privada, para garantir o Carnaval na passarela. Para dar continuidade a esse trabalho, em 2014, foi empossada a nova diretoria, na presidência de Joel Brígido Costa Júnior.

Foto: Martinho Ghizzo

A nova gestão chegou motivada a fazer história e estabelecer em Florianópolis o maior Carnaval do sul do país e as primeiras ações para a transformação já foram realizadas. Em julho, foi apresentado o plano comercial de gestão e quatro empresas assinaram o protocolo de intenção de patrocínio. Além disso, foi realizado um evento no Teatro Álvaro de Carvalho: o sorteio da ordem dos desfiles das escolas de samba, em 2015. As palavras emocionadas do presidente da Liesf, Joel, na ocasião do sorteio, traduzem o sentimento de inovação da gestão: “Estamos vindo de longos anos de afirmação e luta; isto nos engrandece cada vez mais. Aceitamos o desafio de assumir a Liga para esses próximos três anos e, a pedido dos componentes e dos próprios presidentes das escolas de samba, mudar, dar uma cara nova e o valor que, realmente, o nosso Carnaval merece. Estamos fazendo o máximo possível para que isso aconteça. Pela primeira vez na história da nossa cidade, ocorre um sorteio da ordem do desfile do carnaval da capital; e o mais importante, 12 escolas de samba estão sentadas juntas, na mesma mesa, participando do mesmo projeto, isso, há alguns anos atrás, parecia algo impossível. Nós estamos começando a perceber a força que o samba tem. Sinto-me, ao lado de figuras importantes do nosso Carnaval, lisonjeado em ser agraciado com a missão de estar à frente da Liga por esses três anos. Tenho certeza que, com o apoio de vocês, vamos conseguir transformar nosso Carnaval em um produto de nível nacional. Eu posso afirmar que, com toda certeza do mundo, o que nós estamos fazendo ficará marcado na história do Carnaval da cidade. Ficaremos marcados na história de Florianópolis por fazer parte da revolução que o Carnaval está passando”.

“Eu posso afirmar que o que nós estamos fazendo ficará marcado na história do carnaval da cidade” Joel Costa Júnior, presidente da Liesf

Foto: Assessoria / Liesf

Foto: Assessoria / Liesf

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relatos

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A trajetória dos desfiles das escolas de samba de Florianópolis por Juliana Coelho

*trecho da música “O morro não tem vez”, de Tom Jobim.

Foto: Acervo / Liesf

Abram alas pro morro. Tamborim vai falar*

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relatos

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Foto: Édio Mello

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Foto: Édio Mello

05 Foto: Édio Mello

01.Dona Uda Gonzaga em 1976, na Praça XV, com o Grêmio

Feminino da Embaixada Copa Lord. Neste ano, a escola foi campeã com o enredo “Os Pastores da Noite”. Escola Os Protegidos da Princesa, em desfile na Avenida Paulo Fontes, 1982. Desfile de 1983 dos Protegidos da Princesa. Escola Copa Lord no desfile de 1983. Abre-alas da Coloninha em 1989 na Passarela Nego Quirido.

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Foto: Acervo / Dona Uda

Foto: Édio Mello

Foto: Édio Mello

A

s escolas de samba representam a resistência dos negros e pobres contra a exclusão e os rótulos. Trata-se da organização e libertação social das comunidades que hoje realizam um dos maiores espetáculos populares do planeta. Em Florianópolis, as escolas de samba traçaram uma trajetória de luta e dedicação para escrever a história do Carnaval da cidade. Na década de 40, saudosos da cultura carnavalesca do seu estado, marinheiros negros oriundos do Rio de Janeiro, que vieram prestar serviços em Florianópolis, incentivaram a criação das agremiações na cidade. Esses militares se instalaram na região do Morro da Caixa, no maciço do Morro da Cruz, fazendo daquele um reduto do samba. Até que, em outubro de 1948, foi criada, pelos frequentadores da região e principalmente pelos moradores do Morro do Mocotó, a escola de samba Os Protegidos da Princesa. Nos anos seguintes, a agremiação desfilou ao redor da Praça XV, juntamente com os blocos, sociedades carnavalescas, os cordões e os ranchos. Poucos anos depois, um grupo de sambistas que tam-

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bém morava no Morro da Caixa resolveu fundar outra escola de samba. A agremiação foi oficializada no dia 25 de fevereiro de 1955 e batizada de Embaixada Copa Lord. Desde então, o Carnaval passou a ser marcado pela disputa acirrada entre Copa Lord e Protegidos. Os morros participavam fisicamente e emocionalmente do Carnaval. O samba era a voz do morro – ele era a representação das camadas populares de origem negra da sociedade. No final da década de 50, as sociedades carnavalescas já estavam consolidadas culturalmente em Florianópolis e ganhavam destaque nos festejos de rua com seus tamborins, reco-recos, cuícas e pandeiros. Neste período, Florianópolis tinha o terceiro Carnaval mais importante do país. O público que assistia aos desfiles no entorno da Praça XV era de aproximadamente cinco mil pessoas. Os passistas harmonizados ao ritmo da bateria recebiam aplausos frenéticos da multidão e a festa contava com a participação de mais uma escola de samba: Os Filhos do Continente. Em 1961, o desfile das escolas de samba e grandes sociedades foi oficializado pela Prefeitura de Florianópolis e a organização do evento ficou nas mãos do Setor de Turismo e Departamento de Educação e Cultura

da capital. O luxo, a elegância e a habilidade dos sambistas contribuíam para o aumento do encantamento da opinião pública. O surgimento dos sambas-enredo compostos pelas próprias agremiações abrilhantaram os desfiles da década de 60. Em 1962, estreou nos desfiles a, até então, escola de samba mirim Unidos da Coloninha. Os carnavalescos sentiram a necessidade de mais espaço e as agremiações passaram a desfilar também na Praça Pio XII e Rua Felipe Schmidt. Neste momento, o samba já dominava definitivamente o cenário do Carnaval de Florianópolis. O som da cuíca e do tamborim atingia as pessoas e despertava uma vontade viva de sambar. Na década de 70, os desfiles foram transferidos para o Aterro da Baía Sul (Avenida Paulo Fontes). As melhorias na infraestrutura, como sistema de som, agradaram os diretores das escolas e a população ganhou mais espaço para apreciar os desfiles. O ponto alto da mudança foi o fato de as passistas terem mais liberdade para fazer suas evoluções. Neste mesmo período, o Império do Samba, do Estreito, e a Lufa-Lufa, de Barreiros, participavam da festa carnavalesca. As escolas cresciam política e economicamente. O Car-

naval de Florianópolis era a maior festa popular do sul do país, os desfiles estavam mais organizados e começaram as coberturas televisivas para todo o estado de Santa Catarina. Este crescimento prosseguiu também na década de 80. Crescia o número de agremiações e de componentes (as grandes já saiam com mais de mil pessoas). Nesta época reaparece a Unidos da Coloninha, depois de 18 anos de ausência, consagrando-se como uma das grandes do Carnaval, e surgem a escola de samba do Quilombo e os Acadêmicos do Samba. É deste período também a aparição do Consulado do Samba como escola, que surge do bloco de mesmo nome, fundado pelos funcionários da Eletrosul. Em 1984, o Carnaval já havia tomado tamanha proporção que milhares de pessoas foram à Avenida Paulo Fontes assistir aos desfiles. Anos depois, em 1988, o desfile foi cancelado pela prefeitura pela falta de verba. Naquela ocasião, centenas de pessoas protestaram no Largo da Catedral e saíram em passeata pelo Centro, que foi marcada por muita animação, dança e música, no ano em que comemoravam o centenário da abolição da escravatura.

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Foto: Petra Mafalda / Mafalda Press

relatos

No centro da foto está Walter, intérprete da escola Os Protegidos da Princesa no início da década de 80, quando os desfiles eram realizados na Avenida Paulo Fontes.

Desfile das Campeãs do Carnaval 2014

Foto: Édio Mello

Foto: Édio Mello

Registro do desfile da Império do Samba, fundada em 1977, campeã em 1980, único título da escola, que não existe mais.

Confira a lista das campeãs desde 1949:

Desfile da Coloninha na Passarela Nego Quirido em 1989.

Na década de 90, o desfile mudou de endereço. Com a inauguração da Passarela do Samba Nego Quirido, em 1989, as entidades ganharam um lugar especial para apresentarem o seu espetáculo. Algumas características atuais das agremiações já eram frequentes, como a contratação de profissionais do Rio de Janeiro para ocupar cargos na escola, a exemplo do puxador Neguinho da Beija-Flor, no desfile dos Protegidos, e a presença de personalidades nas passarelas. As escolas de samba passaram a ser entendidas como mercadorias culturais que poderiam ser vendidas, e, a partir de então, começaram as discussões sobre a obrigatoriedade do financiamento do poder público para a realização dos desfiles. Em 1994, assim como em 1997 e 1998, os desfiles foram cancelados por falta de apoio financeiro da Prefeitura de Florianópolis.

Número de títulos por escola Foto: Édio Mello

Na virada do milênio, as agremiações apresentaram enredos inspirados na comemoração dos 500 anos do Brasil. Os integrantes queriam mostrar para a sociedade que o desfile era um momento marcante, pois traziam a história e a cultura do país e do município. Preocupados com a grandeza dos desfiles, os presidentes das agremiações de Florianópolis criaram, em 2005, uma entidade para representar os interesses das escolas de samba: a Liesf. Em 2009, a União da Ilha da Magia, depois de desfilar três anos como bloco, estreou no Carnaval de Florianópolis como escola. O Carnaval de 2012 ficou marcado pelo maior desfile das escolas de samba da história da cidade, considerando a quantidade de componentes, a grandiosidade das alegorias e a proposta das escolas para a apresentação. Mas, infelizmente, no ano de 2013, mais uma vez por questões administrativas de repasse financeiro, o desfile foi cancelado. Neste mesmo ano, a Liesf criou o Grupo de Acesso e, desde então, tornaram-se escolas de samba as entidades: Dascuia, Império Vermelho e Branco, Amigos do Caramuru, Futsamba Josefense, Nação Guarani e Palhoça Terra Querida. Em 2014, com o acesso da Dascuia para o Grupo Especial, tornou-se agremiação, a caçula, Acadêmicos do Sul da Ilha.

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Os Protegidos da Princesa Embaixada Copa Lord Unidos da Coloninha Consulado do Samba União da Ilha da Magia Império do Samba

Foto: Édio Mello

Desfile da Consulado do Samba quando ainda era bloco.

*Nos anos 1952, 1953, 1954, 1988, 1994, 1997, 1998 e 2013 não houve desfile oficial.

1949 – Os Protegidos da Princesa

1981 - Os Protegidos da Princesa

1950 – Os Protegidos da Princesa

1982 – Embaixada Copa Lord

1951 – Os Protegidos da Princesa

1983 – Os Protegidos da Princesa

1955 – Embaixada Copa Lord

1984 – Unidos da Coloninha

1956 – Embaixada Copa Lord

1985 – Unidos da Coloninha e Os Protegidos da Princesa

1957 - Os Protegidos da Princesa

1986 – Unidos da Coloninha

1958 – Os Protegidos da Princesa

1987 – Unidos da Coloninha

1959 – Os Protegidos da Princesa

1989 – Unidos da Coloninha

1960 – Os Protegidos da Princesa

1990 – Embaixada Copa Lord

1961 – Os Protegidos da Princesa

1991 – Consulado do Samba

1962 – Embaixada Copa Lord

1992 – Consulado do Samba

1963 – Os Protegidos da Princesa

1993 – Consulado do Samba

1964 – Os Protegidos da Princesa

1995 – Unidos da Coloninha

1965 – Os Protegidos da Princesa

1996 – Embaixada Copa Lord

1966 – Embaixada Copa Lord

1999 – Embaixada Copa Lord

1967 – Embaixada Copa Lord

2000 – Embaixada Copa Lord

1968 – Os Protegidos da Princesa

2001 - Os Protegidos da Princesa

1969 – Os Protegidos da Princesa

2002 – Os Protegidos da Princesa e Embaixada Copa Lord

1970 - Os Protegidos da Princesa

2003 – Embaixada Copa Lord

1971 – Os Protegidos da Princesa

2004 – Embaixada Copa Lord

1972 – Embaixada Copa Lord

2005 – Consulado do Samba

1973 – Embaixada Copa Lord

2006 – Consulado do Samba

1974 – Embaixada Copa Lord

2007 – Consulado do Samba

1975 – Os Protegidos da Princesa

2008 – Embaixada Copa Lord

1976 – Embaixada Copa Lord

2009 – Unidos da Coloninha

1977 - Os Protegidos da Princesa

2010 – Embaixada Copa Lord

1978 – Os Protegidos da Princesa

2011 - União da Ilha da Magia

1979 - Os Protegidos da Princesa

2012 - União da Ilha da Magia

1980 - Império do Samba

2014 – Os Protegidos da Princesa

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para recordar

O samba no pé das escolas que desfilaram na Passarela do Samba Nego Quirido em 2014 por Mariana Mantovani

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onsulado, União da Ilha da Magia, Embaixada Copa Lord, Unidos da Coloninha e Os Protegidos da Princesa. Estas são as cinco escolas do Grupo Especial, responsáveis por espalhar o samba e trazer ainda mais alegria ao sábado do Carnaval 2014 de Florianópolis. Como no ano anterior o desfile não foi realizado – por conta de impasses burocráticos envolvendo o município – os sambas-enredo foram reaproveitados para este ano, com exceção da Coloninha, que adaptou uma canção de 1985 e que deu o título de campeã à escola na época. O desfile do Grupo Especial teve como principal característica a superação das escolas, que foram surpreendidas por não receberem o repasse da verba prometida pelo Governo do Estado e que, por este motivo, tiveram que montar o Carnaval de 2014 do zero. Independente das dificuldades enfrentadas, as agremiações sacudiram a poeira e mostraram a todos os presentes na Nego Quirido que, apesar de trabalhosa, a festa do Carnaval em Florianópolis vale mais a pena a cada ano.

O Carnaval na passarela Assim como ocorre anualmente, os desfiles iniciaram na sexta-feira de Carnaval, com o Grupo de Acesso formado por seis escolas: Dascuia, Amigos do Caramuru, Futsamba Josefense, Império Vermelho e Branco, Nação Guarani e Palhoça Terra Querida. Já os Blocos de Enredo desfilaram no domingo. No sábado, aproximadamente 18 mil pessoas estiveram presentes no desfile do Grupo Especial.

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Foto: Otávio Anacleto

Com vocês, o samba outra vez Consulado Século 18, império Ashanti, cujo reino se estendia por meio das densas florestas da África ocidental. Este foi o cenário que inspirou o samba-enredo da Consulado, que teve como tema “Ashantis: os filhos de Akan e a força que vem do berço”, de Victor Alves, Tabajara Ortiz, Wilson da Silva e Marlon Laurindo. A agremiação transbordou de cor na avenida da passarela Nego Quirido, contando a história de um povo antigo da África ocidental, pouco conhecido no Ocidente, e que ocupou território onde hoje são os países de Gana, Togo e Costa do Marfim. A escola, que foi fundada em 1968, representa a comunidade da Caeira do Saco dos Limões e foi quem abriu os desfiles do Carnaval 2014. A garra e a paixão de dois mil integrantes, que formavam 22 alas e três carros alegóricos, estiveram presentes durante todo o desfile da escola. Com o nome “Expansão, a base de ouro na Floresta de Kumasi”, o carro abre-alas foi uma mistura da mitologia e da história, com elementos que simbolizavam a floresta dourada, tambores falantes e seres encantados. O segundo carro abordou a mitologia Ashanti e o público pôde conhecer o deus universal Nyame, sua esposa Asase Yaa e os dois filhos Bia e Tano. Já o

último carro foi uma espécie de representação dos tambores sagrados do Palácio de Manhyia e contou a história de uma invasão britânica na região, em 1902, além de homenagear Yaa Asantewaa, líder que foi preso e exilado durante o conflito. Entre os destaques da escola, a rainha de bateria Viviane Araújo, carioca que desfila na Salgueiro, e Gilsinho, que interpretou o samba-enredo com a mesma voz possante destacada na escola carioca Vila Isabel. A comissão de frente coloriu a passarela com tons de roxo e rosa e armaduras amarelas representaram os guerreiros de Ashantis, que defenderam o império por mais de 300 anos contra a dominação do Ocidente. Caracterizados como “A costa do outro”, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Wallace e Sthefany, apresentaram a região que, atualmente, pertence a Gana e se destaca pela riqueza no minério. Os reis do império Ashanti foram representados pelo presidente da escola, Valcione Furtado, e sua esposa Lúcia. Após um ano de 2013 marcado pela ausência dos desfiles das escolas em Florianópolis, a Consulado utilizou do próprio samba-enredo e mostrou que “o povo batalhava por um sonho em expansão”, conquistando o 4º lugar.

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Foto: Otávio Anacleto

Foto: Otávio Anacleto

para recordar

União da Ilha da Magia A segunda agremiação que entrou na passarela é uma das mais novas escolas de samba de Florianópolis, fundada em 2008. O samba-enredo foi composto por Júlio Maestri e Vinicius, entitulado “Da Lagoa à Jamaica, uma viagem ao lado do rei”, ficando com o 5º lugar em 2014. As alegorias homenagearam o cantor Bob Marley e foram apresentadas também a história da Jamaica, a trajetória da banda de Bob, The Wailers, as políticas defendidas pelo artista e a religião rastafári.

primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. A independência da Jamaica foi retratada na Ala das Baianas, com o tema “A Rainha Torna a Jamaica Independente”. Símbolos da religião rastafári foram apresentados no segundo carro, como o leão de Jah e Haillé Selassié, que foi presidente da Etiópia e é considerado o símbolo religioso do Deus encarnado. Para relembrar a “pelada” que Bob Marley jogou na década de 80 no Brasil, no campo de futebol da casa de Chico Buarque de Hollanda, a escola resgatou a taça Jules Rimet.

A comissão de frente trouxe Rafael Alves de Campos, de 28 anos, arquiteto e aluno de dança, que deu corpo ao cantor. O último carro, chamado de “Bob Marley - O filme”, apresentou ao público a companheira do artista, Cindy Breakspeare, que marcou presença especialmente para o desfile.

Ao todo, 2,5 mil integrantes, 17 alas e três carros alegóricos apresentaram o impacto que o reggae teve no Brasil e no mundo, e o gênero da música jamaicana foi mesclado com o ritmo brasileiro do samba. A mistura não parou por aí e o impacto das mensagens de paz garantiram um clima de “vibração positiva”, que trouxe a “alma regueira e levantou a poeira”, apresentando uma “mistura que encanta de reggae ao samba”, como bem cantou o samba-enredo da escola.

As cores verde, vermelho, amarelo e preto, presentes na bandeira jamaicana, apareceram na avenida com o

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Embaixada Copa Lord Fundada em 1955, neste ano a escola homenageou as mulheres. O samba-enredo “Quem você pensa que é sem a força da mulher?” foi composto por Alexandre Feijão, Neném do Banjo, Leléco e Zinho Bom Astral, e puxado pelo cantor Tigána, da escola carioca União de Jacarepaguá. Foram 25 alas, três carros e cerca de 2,4 mil integrantes, que apresentaram de forma cronológica personagens femininas que se destacaram na história. A figura homenageada de Florianópolis foi Dona Uda, professora, moradora do Morro da Caixa e conhecida pela determinação e a forma humana com a qual se envolve com a comunidade. A escola conquistou o 3º lugar. A rainha de Sabá e o rei Salomão foram simbolizados pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira e a Ala das Baianas utilizou do trocadilho “O que é que a portuguesa tem” para prestar homenagem à Carmen Miranda. Antonieta de Barros, jornalista, política e primeira mulher a participar da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, a pintora Valda Costa, que criou figurinos para a escola e Nega Tide, eleita seis vezes cidadã-samba de Florianópolis conhecida pelo seu samba no pé e grande sorriso no rosto, formaram o trio homenageado no último carro alegórico. A alegria do Carnaval também se fez presente com a Miss Florianópolis e Miss Mundo Santa Catarina 2014, Elisa Freitas, passista há cinco anos e que desfilou como destaque de chão. Em meio a tanta festa, um imprevisto: o carro abre-alas teve sua alegoria prejudicada. De qualquer forma, a Copa Lord brilhou e deixou claro que toda mulher, além de guerreira, é especial.

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Foto: Otávio Anacleto

Foto: Otávio Anacleto

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Unidos da Coloninha

Os Protegidos da Princesa

“Delira meu povo/ é de novo carnaval” pedia a escola Coloninha, vice-campeã, que apresentou a magia carnavalesca como tema do samba-enredo “Na boca da noite: entre máscaras e fantasias”, de Paulinho Carioca e João Maguila. A escola do Estreito, fundada em 1964, ganhou a avenida e conquistou o público com a releitura do samba vencedor de 1985. A festa do desfile foi somada à alegria contagiante das arquibancadas, onde as pessoas cantavam em coro a canção que já era conhecida.

Encerrando a noite tão esperada pelos catarinenses e turistas, que abrilhantaram o sábado de Carnaval na Nego Quirido, a escola Os Protegidos da Princesa homenageou o pintor Willy Alfredo Zumblick, com o enredo “O Divino Zumblick”, de Conrado Laurindo, Fred Inspiração, Jadson Fraga, Ricardo Abraham e William Tadeu, conquistando o 1° lugar.

A saga do Carnaval foi apresentada em 23 alas, por 2,5 mil integrantes vestidos de arlequins, palhaços, pierrôs, malandros, melindrosas e piratas, personagens conhecidos da festa momesca. Como destaque do abre-alas, a alegoria de um pássaro articulado feito de aço escovado representou o “Voo da Fênix” e contou a história do “astro negro”. Os bailes de Carnaval estiveram presentes no carro seguinte, “Um Sonho de Carnaval”, e o terceiro e último carro da escola, denominado de “O Raiar do Sol”, mostrou a partir do contraste de luz e cores que todo o carnaval tem seu fim. Entre mestre-sala e porta-bandeira, 10 casais de jovens que representaram figuras tradicionais do Carnaval, além das baianas, trouxeram para a avenida a rainha dos corações. O presidente da Coloninha, Luciano Baracuhy, desfilou com a esposa Manoela e os filhos.

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A escola transformou a passarela em uma paleta de cores e foi a grande campeã do Carnaval 2014, abrilhantado por texturas e um colorido surpreendente, que desenharam em plena avenida do samba a vida do tubaronense conhecido como o pintor de bandeiras da festa religiosa do Divino Espírito Santo. Sintonizada com a vida e a obra de Zumblick, Os Protegidos destacaram-se com o último carro, que retratou o artista em uma escultura com a pomba do Divino na mão. Fundada em 1948, a escola é a mais antiga das agremiações da capital catarinense e neste ano colocou na avenida 2,2 mil integrantes, que compuseram 20 alas e três carros alegóricos. Além das obras de arte e das diferentes fases artísticas do pintor, foram resgatados também o pai e a esposa, figuras importantes e que influenciaram sua carreira.

Desde o início do desfile ficou claro a belíssima construção da homenagem que a escola prestou. Inspirada na obra “Caminhante da vida – autocaricatura”, de 1995, a comissão de frente representou o pintor e a aquarela, e a coreografia conseguiu trazer a ideia do encontro do artista com as cores de sua paleta. Tintas, lápis e pincéis, apresentados no primeiro carro, representaram o cenário da descoberta de Zumblick como pintor. A tela em branco foi representada pela bateria da escola e as pinturas da saga Anita homenageadas no segundo carro. À frente da alegoria, a representação da força do oceano que ligou o Brasil à Itália foi retratada por um grande dragão marinho e era notória a inspiração na fase surrealista do pintor. Já o encontro com o Divino Espírito Santo esteve presente na ala das baianas, que simbolizou a forte ligação do artista, sua fé e a dedicação para com as bandeiras vermelhas do Divino. Eternizado foi a forma que Zumblick foi representado na terceira e última alegoria, onde o pintor foi destacado na escultura central.

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Foto: Otávio Anacleto

para recordar

Dascuia A escola Dascuia, que abordou o poder das entidades como Yansã, Oxum, Iemanjá e Xangô, foi a campeã do Grupo de Acesso, com 248,3 pontos, e passou a fazer parte da elite do Carnaval de Florianópolis. O enredo apresentado foi “Preces a Xangô, Kaô Cabecile! pai da Justiça e senhor dos raios e trovões” e a escola, que em 2014 completou 10 anos, misturou ao samba animais da savana, que foram apresentados na sexta-feira, na passarela Nego Quirido. A escola que representa a comunidade do Morro do Céu começou como bloco no famoso Bloco dos Sujos, no ano de 2004, e somente em 2013 passou a desfilar como escola de samba.

Paixão pelo espetáculo Florianopolitanos, catarinenses e turistas ocuparam as arquibancadas e os camarotes para assistirem de perto ao grande desfile das escolas de samba de Florianópolis. A assessoria da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo estima que todos os lugares disponíveis foram preenchidos. A alegria esteve presente em todo o percurso que as escolas percorrem na avenida. A escola Os Protegidos da Princesa foi a campeã do Carnaval 2014, com 267,6 pontos, avaliados por 27 jurados. Em segundo lugar ficou a Coloninha, com 264,9; seguida da Copa Lord, que obteve 263,2 pontos; a Consulado, que fez 261 e, por fim, a União da Ilha, com 258,8. Foram nove quesitos considerados e, no total, R$ 200 mil em prêmios foram distribuídos.

Grupo de Acesso Nos desfiles do Carnaval 2015, a Dascuia fará parte do Grupo Especial. O segundo lugar foi alcançado pela Amigos do Caramuru, com 238,6, e a Futsamba Josefense ficou na terceira posição, com 235 pontos. A Acadêmicos do Sul da Ilha foi a ganhadora do Bloco de Enredo, com 59,3 pontos, ao levar para a avenida o tema “Rebeldes, sim, por que não?”, que abordou as músicas do período da ditadura militar no Brasil. Já o título de cidadã-samba, merecidamente conquistado seis vezes pela eterna Nega Tide, em 2014 ficou com Michele Crispim, da Copa Lord. Nego Gê, também da Copa, recebeu o troféu cidadão-samba e a escola ganhou ainda o Tamborim de Ouro, prêmio para a melhor bateria do Carnaval.

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Agenda

Inédito na história do Carnaval, sorteio que definiu a ordem dos desfiles para 2015 movimentou as comunidades no tac Organizado pela Liga das Escolas de Samba, o evento reuniu grandes nomes do cenário carnavalesco da ilha e surpreendeu pela organização e estrutura

Foto: Jerônimo do Carmo

por Cristina Souza

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Comunidade

Foto: Jerônimo do Carmo Foto: Jerônimo do Carmo

Agenda 24

Foto: Jerônimo do Carmo

A primeira a adentrar na Passarela Nego Quirido no dia 13 de fevereiro de 2015 será a Acadêmicos do Sul da Ilha, que abre o desfile do Grupo de Acesso, seguida das escolas Palhoça Terra Querida, Nação Guarani, Império Vermelho e Branco, Amigos do Caramuru e Futsamba Josefense. Já o desfile do Grupo Especial, no dia seguinte, será iniciado pela agremiação Dascuia, com sequência da União da Ilha da Magia, Consulado do Samba, Copa Lord, depois a campeã do Carnaval 2014, Os Protegidos da Princesa e encerrando o desfile a Unidos da Coloninha.

Foto: Otávio Anacleto

Carnaval e

Foto: Jerônimo do Carmo

A solenidade foi realizada na noite de 4 de agosto e tornou o Teatro Álvaro de Carvalho (TAC) também palco do samba. Aberto ao público, o sorteio reuniu baluartes do samba, autoridades e a imprensa. Além de definir a ordem dos desfiles das doze escolas que compõem os grupos Especial e de Acesso, a plateia prestigiou as apresentações das campeãs deste ano – Dascuia e Os Protegidos da Princesa, que colocaram todos para dançar, mostrando que, mesmo faltando alguns meses, os preparativos para o Carnaval já começaram e uma nova era está por vir para a maior festividade da capital.

Foto: Jerônimo do Carmo

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ão se trata de futebol, mas a comparação com o “Padrão Fifa” foi muito citada para descrever o sorteio que definiu a ordem do desfile das escolas de samba de Florianópolis para 2015. Com formato inédito em 65 anos de história, e destaque não somente pela organização, mas também pela antecedência inusitada, o evento tornou-se um marco na renovação da festa mais popular da ilha.

Responsabilidade Social o ano inteiro

Projetos sociais propostos pelas agremiações oferecem alternativas para manter a tradição do samba sempre em alta, além de proporcionarem atividades em diversos segmentos para crianças e adultos das comunidades por Cristina Souza e Juliana Coelho

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ão é somente um bom samba-enredo e passos bem ensaiados que fazem de uma escola de samba destaque na avenida, mas também a preocupação e o cuidado que elas possuem com suas comunidades. As atividades realizadas fora da temporada carnavalesca refletem diretamente na alegria e energia que as escolas conseguem transmitir durante o Carnaval, fruto, muitas vezes, dos projetos sociais que são trabalhados durante todo o ano. Atividades culturais, inclusão social, oficinas diversas, esportes – tudo isso regado a muito samba, é claro -, garantem que a euforia do carnaval se estenda durante os 12 meses do ano, para aqueles que vivem essa festa como parte de sua vida.

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Comunidade

Voa Gaivota

Os Filhos da Coloninha Mais de trezentas pessoas estão envolvidas nas ações que fazem parte do projeto Os Filhos da Coloninha, que atende principalmente crianças e adolescentes carentes da região continental de Florianópolis. Entre as atividades oferecidas pelo projeto estão aulas de dança, escola de bateria, mestre-sala e porta-bandeira mirim, oficinas de reciclagem de materiais, que são usados nos desfiles, e auxílio na educação destes jovens. Segundo Luciano Baracuhy, presidente da escola, novas parcerias estão sendo fechadas para ampliar as opções do projeto. “Entendemos que precisamos priorizar a parte social da nossa comunidade, buscamos sempre envolvimento com parceiros públicos e privados para que isso seja possível. Além das atividades que a Unidos da Coloninha trabalha, também estamos em busca de aulas de inglês e novas parcerias para ensaios”, planeja Baracuhy. As atividades são todas gratuitas e para ter acesso basta informar-se na agremiação.

Projeto Caeira 21 Um dos mais antigos de Florianópolis, o projeto Caeira 21 surgiu em 1989, idealizado por Graça Carneiro, carioca radicada em Florianópolis, para integrar as atividades da agremiação Consulado com a comunidade. Além de promover a cultura do samba entre jovens carentes da região, o projeto destaca-se pelas atividades voltadas ao reconhecimento da tradição africana, como danças, artes plásticas, roda de capoeira e demais apresentações que resgatem a cultura afro-brasileira. Ainda no início das atividades, o programa foi consolidado ao ser apresentado durante a Eco 92, conferência mundial sobre o meio ambiente, realizada no Rio de Janeiro. Na época, Santa Catarina foi representada por 32 jovens que desfilaram no Aterro do Flamengo a convite do carnavalesco Joãozinho Trinta. De lá para cá, o projeto social continua com força total, privilegiando a educação de seus participantes por meio da arte e cultura brasileira.

A gaivota é o símbolo da União da Ilha da Magia. Para a escola o pássaro representa a Lagoa da Conceição, a liberdade e a busca por descobertas. Com o Projeto Social Voa Gaivota, a União da Ilha da Magia deseja que as crianças e jovens ganhem asas para voar alto e conquistar novos espaços, novos saberes. O Voa Gaivota proporciona às crianças e aos adolescentes da comunidade oportunidades de novos aprendizados e trocas de experiências relacionadas à cultura popular brasileira. O projeto oferece oficinas em eixos de atuação voltados à música, como percussão, e à dança, como as aulas de mestre-sala e porta-bandeira. As inscrições são gratuitas e realizadas duas vezes por ano na sede da escola. As aulas ocorrem todas as terças e quintas-feiras, no período noturno, na sede da agremiação. Durante o projeto, as crianças fazem apresentações em locais públicos e em hospitais, creches e asilos. Em 2013, cerca de 100 crianças participaram do Projeto Social Voa Gaivota.

Dascuia A sede social da Dascuia está instalada na residência do seu fundador e por isso ainda não atende os anseios e projetos da escola. Sendo assim, a agremiação busca nas parcerias com algumas entidades as soluções para oferecer atividades à comunidade. A Fundação Vidal Ramos é uma das instituições que oferece projetos sociais para a comunidade dascuiana. Por meio desta parceria foram formadas turmas de informática básica e alunos foram matriculados em cursos de qualificação profissional. As crianças e os adolescentes, de seis a 16 anos, são encaminhados ao Projeto Espaço Alternativo, também da Fundação Vidal Ramos, onde participam de oficinas no contraturno escolar, de segunda a sexta-feira. Dentre as atividades estão: apoio pedagógico, esportes, informática, arte, percussão e dança. Outra importante parceria é desenvolvida com a Associação Du Projetos, pela qual busca-se formar, encaminhar e inserir no mercado de trabalho os jovens de 14 a 24 anos. Há ainda, sob a coordenação do mestre de bateria, Dudu Calixto, e dos coordenadores da ala dos passistas, Giovana e Charles Nunes, oficinas de aperfeiçoamento para os integrantes da escola de samba e para demais interessados. A Dascuia oferece, também, oficinas de boi de mamão e pandorgas durante os encontros festivos na sede da escola.

Amigos do Caramuru Nossa Copa Inserir as crianças e jovens no universo carnavalesco é a principal proposta do projeto Nossa Copa, da agremiação Copa Lord, iniciado em 2010. Além das oficinas semanais que trabalham atividades como dança, expressão corporal, confecção de fantasias e carro alegórico, a história do samba não é deixada de lado. A velha guarda reúnese com os jovens do projeto para integrar as histórias da escola e manter a tradição viva, por meio de rodas de conversas sobre a trajetória da escola no cenário de Florianópolis. As oficinas são voltadas para jovens com idade entre sete e 17 anos, ministradas por arteeducadores do Museu Hassis, e artistas, mestres e sambistas da Copa Lord. Para mais informações sobre as atividades, o contato deve ser feito com a Embaixada Copa Lord ou Fundação Hassis.

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Desde a fundação, a agremiação Amigos do Caramuru esteve envolvida em atividades para beneficiar a comunidade. Mesmo quando ainda era bloco, a interação com os moradores era feita por inclusão social proveniente de ações promocionais ao longo do ano, com a distribuição de brindes em datas especiais, como Dia das Mães, Natal, Páscoa e Dia das Crianças. Em parceria com o Conselho Comunitário, a escola oferece aulas de balé, costura, jiu-jitsu, karatê, futebol, casal de mestre-sala e porta-bandeira, bateria mirim, reciclagem de lixo, e uma vasta programação junto ao Grupo de Mulheres da comunidade. “Sempre envolvemos e aproveitamos diretamente a mão de obra, como costureiras, operários, soldadores, para a confecção das fantasias e construção dos carros alegóricos. Mesmo como bloco, nunca desfilamos com menos de mil participantes, e nos orgulhamos de nunca ter arrecadado dinheiro com a venda de fantasias para o desfile oficial”, ressalta Renato da Silva, diretor executivo da escola.

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Comunidade

Futsamba Josefense A comunidade que deseja participar dos desfiles da Futsamba tem a vantagem de não precisar gastar com as fantasias. Por meio de eventos e arrecadações, a agremiação elimina esse tipo de gasto. Além disso, a escola também oferece aulas de dança e bateria mirim para os pequenos. “Nossa intenção é tirar as crianças das ruas e já conseguimos muitos resultados positivos. As crianças atendidas auxiliam no projeto, revertemos uma situação ruim e mostramos que existem outros caminhos”, aponta Marcos Santana, presidente da Futsamba. Para participar, é necessário fazer um cadastro na agremiação.

Os Protegidos da Princesa A escola de samba Os Protegidos da Princesa, com o intuito de formar novos profissionais dentro do âmbito carnavalesco, criou, por meio do departamento jovem, oficinas mirins que objetivam fomentar a importância dessa festa popular dentro da cultura da cidade e do país. O projeto oferece oficina de mestre-sala e porta-bandeira e de bateria, para crianças a partir dos seis anos de idade. O quadro de atividades deve aumentar até o fim do ano, com pelo menos mais dois tipos de oficinas e com o apoio do departamento esportivo. As aulas ocorrem aos sábados, na quadra da escola de samba, no Itacorubi.

Acadêmicos Sul da Ilha O Projeto Um Novo Olhar Para a Comunidade surgiu em 2013, por iniciativa da escola Acadêmicos Sul da Ilha, para dar oportunidade de ensinar adultos, jovens e crianças a tocar um instrumento musical e, assim, participar da bateria da escola. “A bateria que desfilou em 2014, na Passarela do Samba Nego Quirido, foi composta por 90% dos ritmistas da comunidade da Tapera, fruto do nosso projeto”, conta Sequinho, responsável pela escola de samba. Todas as quartas, às 20h, o mestre de bateria, Diogo Cunha, recebe os alunos na sede da escola para dar continuidade às atividades, que são gratuitas.

Terra Querida A escola de samba Palhoça Terra Querida realiza, em parceria com empresas privadas, a campanha de Natal Árvore dos Sonhos, desde 2008. Durante a campanha, donativos e brinquedos são arrecadados para a festa de Natal, que atende cerca de 150 crianças carentes da comunidade. Além disso, desde 2012, durante o inverno, a agremiação atua no projeto Terra Querida Veste Palhoça, arrecadando roupas para o bairro Frei Damião. No projeto O Samba faz Cidadão, a Terra Querida organiza um campeonato de futebol entre alunos de uma escolinha do bairro Jardim Coqueiros, na Palhoça. O objetivo é conscientizar a comunidade de que a escola de samba não é somente Carnaval: é esporte, cultura e social.

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Nação Guarani Com quatro anos de história e apenas dois carnavais no desfile oficial, a Nação Guarani está dando os primeiros passos para a concretização dos projetos. Dentre eles, a criação da Associação Cultural Nação Guarani, a qual realiza algumas ações isoladas, como as oficinas de aperfeiçoamento de batuqueiros, de corte e costura e de adereçamento.

Império Vermelho e Branco A escola de samba Império Vermelho e Branco está elaborando projetos sociais para implantar na comunidade do bairro Pantanal, onde está localizada.

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entrevista

escolas de samba no ritmo certo Prefeitura e Governo do Estado comentam sobre o carnaval de Florianópolis por Juliana Coelho

O Foto: Otávio Anacleto

Carnaval é a principal manifestação cultural do Brasil. O feriado é comemorado de Norte a Sul do país, por meio de diferentes expressões populares. Em Florianópolis não é diferente. A folia conta com uma extensa programação de bailes de rua, arena de marchinhas, shows nacionais, desfile de blocos e o tradicional desfile das escolas de samba. O evento é considerado de grande importância para a capital catarinense, pois atrai milhares de turistas para a cidade e movimenta a economia de muitas comunidades.

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Para a primeira edição da Revista Samba-Enredo trazemos as opiniões do Prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior, da Secretária Municipal de Turismo, Maria Cláudia Evangelista, e do Secretário Estadual de Turismo, Cultura e Esporte, Filipe Freitas Mello sobre o nosso Carnaval.

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entrevista

“O Carnaval é importantíssimo para movimentar, criar atrativos e mostrar a nossa cultura”

“As ações da LIESF demonstram o amadurecimento e o poder que a renovação tem para criar oportunidades”

Maria Cláudia Evangelista,

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A Secretária Maria Cláudia está à frente do órgão responsável por um conjunto de ações no Carnaval de Florianópolis, dentre eles a coordenação geral, a programação e a promoção do evento para os turistas e para a cidade.

Como Florianópolis se organiza para a temporada de verão?

O Prefeito de Florianópolis fala sobre as novidades do Carnaval e das ações realizadas pela Liga.

Quais as suas considerações em relação ao novo modelo de Carnaval adotado pela Liesf?

Há mais de um ano a Comissão Permanente do Carnaval de Florianópolis (Coperca) trabalha os principais desafios do Carnaval da cidade. Percebemos que a Liesf vem numa crescente, sendo que, em 2013, houve um avanço com o regramento do Grupo de Acesso, que possibilitou a formatação de seis escolas do Grupo Especial e o sistema de acesso e descenso, que vai trazer maior competitividade e um melhor resultado na avenida para os espectadores. Neste ano, a evolução é notória, não só pela questão da independência financeira, com a realização do road show, mas também por meio da demonstração de planejamento, organização e transparência no evento para o sorteio da ordem dos desfiles das escolas de samba, além de criatividade e inovação com o lançamento desta revista. Trata-se de ações simples que demonstram o amadurecimento e o poder que a renovação tem de criar oportunidades e permitir o envolvimento com a comunidade.

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O que significa passar a gestão da Passarela do Samba Nego Quirido, no Carnaval, para a Liga?

É uma proposta que está sendo analisada e que é vista com bons olhos pela prefeitura. Tendo em vista que é a concretização daquilo que estamos buscando desde o início desta gestão: fazer com que a Liga seja mais forte, com novas formas de captação de recursos e, por isso, com maior independência das gestões políticas, evitando assim que o Carnaval tenha descontinuidade ou não tenha evolução.

Como a administração da cidade entende a iniciativa de arrecadar patrocínios privados para o Carnaval das escolas de samba?

O modelo ideal é aquele que possui um equilíbrio entre a parceria público-privada. Existem empresários interessados em investir no evento, ligar a sua marca ao Carnaval de Florianópolis, e isso dará maior independência às escolas, o que é um grande passo para a profissionalização. É dever do poder público auxiliar o Carnaval, afinal de contas, ele é a mais pura demonstração da nossa cultura e um grande impulsionador da atividade turística, mas não pode ser o único apoiador. O que temos que construir, é um novo modelo, em que o Carnaval não dependa apenas dos recursos públicos.

COPERCA A comissão foi criada em 2013 com o intuito de discutir, analisar, planejar, propor e acompanhar as ações e atividades referentes à realização do carnaval oficial da cidade. Fazem parte da Coperca representantes da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL), Secretaria Municipal de Cultura, Câmara Municipal de Vereadores, Trade Turístico de Florianópolis, Liga de Blocos Carnavalescos (LBCAF), Liga das Escolas de Samba (Liesf), Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, além de dois representantes como cidadãos, sendo eles Hernani Barbosa, o Rei Momo, e José Carlos Corrêa, da Sociedade Musical Recreativa.

Desde que iniciamos nossa gestão, estabelecemos uma preparação chamada “Operação Presença”. Os preparativos iniciam em agosto e existe uma metodologia para a operação. Nós chamamos todas as entidades que são envolvidas com o cotidiano da temporada de verão, que sinalizam o que vão fazer para este período em que a cidade recebe um grande número de visitantes, que usufruem dos mesmos serviços, dos mesmos espaços, nos mesmos horários que os moradores. Sabemos que é um período curto, de 26 de dezembro até 5 de janeiro, com grandes transtornos. Essas entidades fazem apresentações com soluções para problemas como fiscalização nas praias, banheiro público, vigilância sanitária, sinalização no mar, animais na praia, mobilidade, salva-vidas e corpo de bombeiros. A partir disso, nós fazemos o monitoramento. Participam mais de 60 entidades e são realizadas, em média, 20 reuniões até chegarmos às conclusões.

Qual é a importância do Carnaval neste período?

O Carnaval é um atrativo importantíssimo, pois prolonga a temporada de verão. Sabemos que para os brasileiros o ano só começa depois do Carnaval. Para nós, o Carnaval é um importante feriado nacional e internacional, porque Florianópolis consegue atrair a demanda dos turistas que querem conhecer a maior festa popular do país e que viriam para Florianópolis para conhe-

cer a cultura local. Temos índices que mostram como o evento contribui para a movimentação nesta época do ano. No próximo ano, nosso Carnaval é um pouco mais cedo – será realizado em fevereiro, com o início das atividades em janeiro – então já nos preparamos com antecedência. O Carnaval é importantíssimo para movimentar, criar atrativos e mostrar nossa cultura. Então nada melhor que mostrar para os visitantes que possuímos este produto. O Carnaval é intrínseco à Secretaria de Turismo. É mais um evento que atrai público para cidade e faz parte da temporada de verão.

Como a Setur percebe as reformulações que estão acontecendo para o desfile das escolas de samba no Carnaval de Florianópolis?

Percebemos que a Liga se profissionalizou. Isso era o que queríamos há bastante tempo. Tínhamos um ótimo relacionamento com a gestão anterior da Liesf, sabemos que aquele período fez parte da estruturação para a mudança em comunicação, inovação e entusiasmo que hoje todos percebem. Identificamos a consciência de que para o Carnaval é necessário dividir as atribuições e responsabilidades. Vejo com muito bons olhos o caminho que a Liga está traçando, porque percebo que é o caminho da profissionalização, do planejamento. Sempre idealizamos que o Carnaval se tornasse mais planejado, mais profissional e com menos dependência financeira do setor público, apesar de entender a importância da nossa participação, porque o evento é uma referência cultural, um atrativo turístico, mas desejávamos também a independência das escolas de samba. A Liesf nos provou, com o sorteio da ordem dos desfiles, que já conseguiu desempe-

nhar este papel. Na ocasião participaram patrocinadores, apoiadores, uma equipe profissionalizada mostrando planejamento e transparência, que é importante para evolução do Carnaval. Essa transformação vem ao encontro daquilo que estamos buscando para o Carnaval de Florianópolis, de tudo que estamos propondo desde o início da nossa gestão, como a criação da Coperca e a antecipação dos recursos, com prazo estipulado. Trata-se de sintonia. Tenho certeza que é uma parceria duradoura e que vai ser muito positiva para a cidade. O marco dessa reformulação é o fato de que, pela primeira, vez teremos seis escolas de samba desfilando no Grupo Especial, e a questão de que uma cairá para o Grupo de Acesso. Foi mais um passo do Carnaval para a profissionalização. A disputa vai ser mais concorrida, porque as escolas de samba precisam se esforçar ainda mais para brilhar e permanecer no Grupo Especial. Foi um passo marcante da parceria entre a Liesf, Coperca e Setur.

Como estão os preparativos para o Carnaval de 2015?

Os preparativos começaram assim que finalizamos a avaliação do Carnaval de 2014. Na primeira reunião de abril apresentamos esse relatório e começamos a pensar no Carnaval de 2015. Já temos finalizada a aprovação da Coperca para o edital de subvenção, a revisão do edital para premiação do concurso da Rainha do Carnaval, as datas definidas para a programação dos bailes públicos, bloco de sujos, shows privados e passarela – Blocos, Grupo de Acesso e Grupo Especial. E o planejamento continua. A partir de outubro a Coperca é mais exigida e as reuniões são realizadas de 15 em 15 dias, porque a programação do Carnaval já inicia no dia 23 de janeiro.

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Foto: Divulgação

entrevista

“O Carnaval é uma manifestação cultural que desperta a atenção de muitos turistas. Por isso, é necessário que as escolas da capital se qualifiquem e sejam referência para atrair cada vez mais visitantes” Filipe Freitas Mello,

Secretário Estadual de Turismo, Cultura e Esporte

O Secretário fala sobre as ações do Governo do Estado para o próximo Carnaval.

O que a SOL (Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esporte) está fazendo para valorizar a cultura carnavalesca do Estado?

Antecipamos a abertura do programa de transferência de recursos. O programa Carnaval 2015 foi aberto no dia 8 de agosto. Com isso, ganham as escolas de samba e as ligas, que terão mais tempo para fazer o planejamento, e ganham os técnicos da SOL, que terão mais tempo para analisar os projetos. Também no dia 8 de agosto, realizamos uma capacitação para escolas de samba, ligas e prefeituras com o intuito de explicar as regras do programa e esclarecer dúvidas.

Quais novidades foram apresentadas no Programa Carnaval 2015?

Esse ano uma das novidades é que o programa de transferência de recursos funciona de forma conjunta para a área da cultura e do turismo. Os recursos serão disponibilizados por meio do Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo (Funturismo) e do Fundo Estadual de Incentivo à Cultura (Funcultural). Outra novidade é que o repasse será feito às ligas, que serão responsáveis pela gestão dos recursos. Destacamos, também, que a nossa proposta é fazer o repasse em quatro parcelas, novembro e dezembro de 2014 e janeiro e fevereiro de 2015, sendo que será necessário fazer a prestação de contas da primeira parcela para receber a segunda e assim por diante.

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Qual a relevância do desfile das escolas de samba da capital para o estado de Santa Catarina?

O Carnaval é uma manifestação cultural que atrai a atenção de muitos turistas. Por isso é necessário que as escolas da capital se qualifiquem e sejam referência para atrair cada vez mais visitantes. Percebo que as escolas de samba de Florianópolis estão evoluindo a cada ano, mas sei que ainda há muito por acontecer.

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Rua da Constituição, 37 Cep: 20061-010 - Centro - Rio de Janeiro Produtos encontrados nesta loja: Aviamentos, Bijuterias, Tecidos, Penas e Plumas.


corte

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Carnaval Florianóp olis 20 15 - Projeto e Produçãao. Carnaval Flo

Foto: Otávio Anacleto

Florianópol is 2015 - Projeto e Produçãao.

abram alas, a corte vai passar A rainha, as princesas e o popular Rei Momo representaram a realeza do carnaval por Cristina Souza

Principais eventos nacionais:

Principais eventos nacionais:

Carnaval São Paulo Carnaval São Paulo Rodeios de Barretos, Jaguariúna e Americana Rodeios de Barretos, Jaguariúna e Americana Projeto ProjetoAmigos Amigosdo doPlaneta Planeta--Casas CasasBahia Bahia Projeto Nacional Budweiser Copa do Projeto Nacional Budweiser - Copa doMundo Mundo Oktoberfest OktoberfestBlumenau Blumenau Folianópolis Folianópolis Winterplay Winterplay WorkshopFifa Fifa2014 2014 Workshop Carnaval Devassa Devassaon onStage Stage Carnaval

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nualmente, a Corte do Carnaval elege a rainha e as duas princesas, que junto com o Rei Momo, representam a energia carnavalesca nos eventos na região da Grande Florianópolis. A escolha não se baseia somente na beleza das candidatas: também avaliam a simpatia, comunicação com o público, espírito carnavalesco e desenvoltura, afinal, são características que simbolizam a alegria de uma das festas mais tradicionais da ilha. A 28ª edição do evento foi realizada no dia 14 de fevereiro de 2014, coroando Letícia Morgana Corrêa Mello, representante da Consulado, Greicy Kelly Coelho Rodrigues, do Bloco Sou +Eu, foi eleita primeira princesa e Fernanda Regina Vieira, da Copa Lord, ficou com o título de segunda princesa. O tradicional Rei Momo Hernani Hulk, que há 28 anos sustenta a coroa, também esteve presente para celebrar junto com as novas eleitas. A escolha foi feita por treze jurados, selecionados pela Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esportes de Florianópolis. O desfecho da noite ficou por conta do grupo de samba carioca Fundo de Quintal, em apresentação gratuita que agitou a região central da cidade.

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Foto: Otávio Anacleto

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“Ser nomeada rainha [...] é a realização máxima para quem tem amor ao carnaval” Letícia Morgana Corrêa Mello, rainha do Carnaval 2014

“É muito gratificante poder usar a minha faixa de PRIMEIRA princesa e mostrar um pouco das nossas origens para culturas tão diferentes” Greicy Kelly Coelho Rodrigues, primeira princesa do Carnaval 2014

Persistência e amor ao samba A pedagoga Letícia Morgana Corrêa Mello venceu outras seis candidatas para ser coroada rainha do Carnaval 2014. A vontade de concorrer ao título surgiu desde que se envolveu com o samba, há dez anos, mas a passista da Consulado afirma que foi preciso sentir-se segura o suficiente para poder finalmente participar do concurso. “Eu comecei a sair na escola junto com as alas, fiquei um tempo sem desfilar e depois voltei mais focada. Antes mesmo de ser passista comecei a trabalhar duro, perdi peso, aprimorei o samba e no último ano fiz um trabalho bem pesado, com reeducação alimentar e preparo físico para poder ter fôlego e muito samba no pé”, conta Letícia. Para a sambista, o momento de receber a faixa foi algo único, recompensando todo o esforço que desprendeu ao longo dos anos. “Fiquei muito orgulhosa de mim, por ter ido em frente, e também agradecida por todos que estiveram ao meu lado. Ser nomeada rainha é uma responsabilidade muito grande, pois você representa toda a cidade nessa festa tão esperada. Acredito que essa é a realização máxima para quem tem amor ao carnaval”, celebra. A organização e participação dos foliões desse ano chamou a atenção da rainha, que destacou o respeito que recebeu em todos os lugares que visitou. “Os bailes foram todos divertidos, com uma ótima receptividade do público, que compartilhou do clima de Carnaval conosco. Gostei muito dos blocos de rua e das praias, sempre lotadas, mas com o pessoal se divertindo mesmo. Esse ano o resultado foi muito positivo, mostrando que o que vem por aí será ainda melhor”, acredita a rainha, que não pretende concorrer novamente ao título em 2015. “Assim como foi a realização de um desejo meu, penso que outras meninas sonham com isso, e devem correr atrás. Sonhos existem para que sejam realizados. Com muita batalha e perseverança tudo é possível, mesmo que pareça difícil, quando a gente consegue não há sensação melhor”, aconselha.

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Carnaval que atravessou o mundo Representante do bloco Sou + Eu desde 2008, a esteticista Greicy Kelly Coelho Rodrigues foi escolhida como primeira princesa do Carnaval 2014. A passista chegou a ser eleita segunda princesa em 2008, por incentivo do cidadão-samba Adilson Coelho, responsável por inseri-la nesse universo. O sambista, que fez parte da história carnavalesca da cidade, deixou um legado importante para a Ilha – ele era o responsável pela escolha da Rainha do Carnaval de Florianópolis até falecer em 2010. Abalada com o acontecimento, Greicy Kelly ficou afastada da avenida até este ano, quando concorreu ao título em homenagem ao amigo. “Mais do que representar a Ilha, eu queria representá-lo também, por tudo que ele me ensinou sobre a tradição carnavalesca. Procurava falar sobre ele nas entrevistas, como agradecimento não somente ao que ele fez por mim, mas pela cidade”, explica. Além de cumprir as atividades da Corte do Carnaval, a primeira princesa levou a festa para o outro lado do mundo. Greicy Kelly foi convidada para trabalhar em um parque temático da China, expandindo a cultura da avenida para outros continentes. “Represento o samba de Florianópolis na cidade de Yongchuan, me apresentando para pessoas de diversos países. É muito gratificante poder usar a minha faixa de primeira princesa e mostrar um pouco das nossas origens para culturas tão diferentes”, ressalta a passista. Greicy Kelly não pretende participar do concurso novamente em 2015, mas não descarta a possibilidade de participar em outros anos, para buscar o título de rainha.

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Foto: Otávio Anacleto

“Carnaval é a festa do povo, é felicidade, é folia e precisa transparecer isso, todos precisam se divertir” Hernani Hulk, Rei Momo

“Fui recebida com carinho em todos os lugares [...] a emoção, a alegria e a satisfação são iguais ao dia do concurso”

Quase trinta anos de tradição

Apesar de ter nascido em uma família de sambistas, Fernanda Regina Vieira não havia tido oportunidade de desfilar na avenida, até que, em 2006, surgiu o convite da escola de samba Copa Lord, quando estreou como passista. O acolhimento da escola e a paixão pelo Carnaval fizeram com que Fernanda almejasse ir além dos desfiles e passasse a participar dos concursos, representando a agremiação. “Em 2012, participei do primeiro concurso e fui eleita segunda princesa do Carnaval de Palhoça. Em 2013, fui eleita primeira princesa da Embaixada Copa Lord. A vitória e a recepção da escola me fizeram acreditar que eu poderia ir além do meu sonho de passista e fazer parte também da sonhada Corte do Carnaval de Florianópolis”, revela Fernanda.

Brincalhão, bem humorado, carismático e amante da folia – esses itens são indispensáveis para caracterizar o Rei Momo, uma das figuras mais importantes do Carnaval brasileiro. Desfilando sua alegria há 28 anos, Hernani Hulk, o Rei Momo de Florianópolis, recebeu as novas companheiras de Corte com a mesma animação pela qual é conhecido em sua trajetória. Folião de carteirinha, ele foi só sorrisos durante o Carnaval de 2014 e conta os dias para o próximo ano. “Vimos que o evento cresceu muito, é como se o espírito de festa estivesse sendo resgatado. Com todo esse trabalho realizado na nova gestão da Liesf podemos ver que a tendência é melhorar. Carnaval é a festa do povo, é felicidade, é folia e precisa transparecer isso, todos precisam se divertir. Florianópolis já foi conhecida por ter o terceiro melhor Carnaval do Brasil, está na hora de retomarmos esse posto”, destaca o Rei Momo.

Foram duas semanas de preparação intensa para buscar o título e mesmo com a correria dos desfiles, ela obteve todo o suporte possível. “Tive o apoio dos melhores carnavalescos, Leo Zeus, Anderson de Oliveira e Pablo Vieira, que arrumaram um tempo para preparar meu figurino e me preparar emocionalmente. A sensação de estar no concurso é maravilhosa, porém o nervosismo é ainda maior”, descontrai. Ela acredita que representar a cidade como integrante da Corte do Carnaval serviu como incentivo para ir atrás de novos objetivos. “O ano de 2014 foi de glórias, pois realizei o sonho de qualquer menina que tem amor pelo samba: sou a segunda princesa da Corte de Florianópolis, que represento com muita dedicação e amor. Fui recebida com carinho em todos os lugares, até hoje realizamos os eventos como se fosse sempre o primeiro, pois emoção, a alegria e a satisfação são iguais ao do dia do concurso. Em 2015, pretendo buscar o título junto à minha escola, acreditando que o carnaval será de muito mais realizações, com a certeza que estamos muito bem representados e encaminhados pela Liesf”, almeja Fernanda.

Antes de pensar em concorrer ao posto, Hulk era conhecido por agitar os blocos que frequentava. O espírito festivo o incentivou a participar do concurso para Rei Momo em 1986, vencendo outros 18 candidatos. Depois de conquistar mais cinco concursos seguidos, Hulk recebeu o cargo vitalício, que pretende cumprir com maestria. “Carnaval para mim é muito amor, quando acaba eu já entro em contagem regressiva para o próximo. Fiquei muito feliz em saber do número de escolas de samba da ilha, temos doze competidoras para 2015, o que aumenta o nível da festa”, enfatiza.

Fernanda Regina Vieira, segunda princesa do Carnaval de 2014

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Foto: Otávio Anacleto

Realização de um sonho

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Na passarela

Carnaval 2015

a emoção e a euforia das doze escolas na passarela 42

As comunidades de Florianópolis e região prometem fazer uma festa inesquecível por Cristina Souza e Juliana Coelho

A

lgumas possuem mais de sessenta anos de Carnaval, outras estão construindo sua tradição aos poucos, mas o que todas têm em comum é a paixão pelo ritmo acelerado do samba que faz do Carnaval de Florianópolis uma das festas mais populares e alegres da região. Apesar de o desfile acontecer apenas uma vez por ano, as agremiações vivem o universo carnavalesco em tempo integral, trabalhando sempre para fazer uma festa ainda mais especial que a anterior. Conheça um pouco da história das doze escolas de samba que transformam a Ilha da Magia no palco de uma das mais belas festividades da região.

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Na passarela

GRUPO especial

UNIÃO DA ILHA DA MAGIA

Foto: Otávio Anacleto

A paixão pelo Carnaval uniu um grupo de cariocas, que começou a tocar instrumentos de percussão para animar os colegas de trabalho. A diversão tornou-se algo sério e, em 1977, o grupo decidiu concorrer um concurso como bloco. O nome veio em homenagem as residências dos integrantes, conhecidas como “Consulado do Rio”, e as cores vermelho e branco são uma alusão para a escola carioca Salgueiro. A estreia na avenida foi em 1987 e o primeiro título foi conquistado em 1991. Desde então, a agremiação coleciona seis títulos de campeã do Carnaval de Florianópolis, sendo dois tricampeonatos: 91, 92, 93 e 2005, 2006, 2007.

Foto: Otávio Anacleto

É a escola que representa a região da Lagoa da Conceição. Surgiu inicialmente como bateria show, em 1993, até ganhar força para estrear na passarela como bloco, conquistando o título em 2006. Após ser campeã três vezes consecutivas, a agremiação pisou pela primeira vez na passarela como escola de samba em 2009. A União da Ilha da Magia tem dois títulos – 2011 e 2012 – levando sua comunidade a festejar nas cores verde, branco e ouro. Para 2015, a escola escolheu o surf como tema do enredo e promete levar seus integrantes a mergulhar no universo de um dos esportes mais populares da cidade.

Consulado

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Na passarela 46

A ideia de fazer samba surgiu após uma partida de futebol entre amigos, em 1955, pois o carnaval da época não estava agradando aos moradores do Morro da Caixa. Faltando apenas quarenta dias para o Carnaval, a comunidade se empenhou e desfilou com o enredo “Tiradentes”, cantada pelo Império Serrano, do Rio de Janeiro, no ano anterior. A apresentação, composta por cem pessoas, foi campeã e no ano seguinte repetiu o feito. Desde então, as cores amarelo, vermelho e branco já foram vistas em 19 comemorações de primeiro lugar. Em 2015, a Copa Lord vai homenagear o Cinema, com clássicos, com a alegria dos musicais e toda a magia da sétima arte.

Mais antiga escola de samba de Florianópolis, é a que possui maior número de títulos tanto na capital catarinense quanto no Brasil, sendo coroada vinte e quatro vezes como campeã do Carnaval. Representante da comunidade do Morro do Mocotó, defende as cores verde, vermelho e branco e tem como símbolo a coroa. A escola é conhecida por homenagear em seus enredos personalidades históricas catarinenses, que tenham se destacado no Estado, como Beto Carrero, Guga Kuerten e o pintor Willy Zumblick, tema do enredo campeão de 2014. Em 2015, para buscar o bicampeonato, a escola leva para a avenida “O homem e as riquezas do mar”, “Florianópolis portuária”, “Uma cidade em expansão” e “Engrenagem do futuro”.

Foto: Petra Mafalda / MafaldaPress

Foto: Otávio Anacleto

Embaixada Copa lord

os Protegidos da princesa

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Na passarela

Dascuia

Foto: Otávio Anacleto

A Coloninha homenageia uma das grandes comunidades da região continental de Florianópolis, onde foi fundada, em 1962. O verde, azul e branco que representam a agremiação ficaram sem colorir o carnaval da cidade durante 18 anos, voltando em 1983. De lá para cá, a escola soma sete títulos de campeã e para 2015 prepara o enredo em homenagem à Iemanjá, levará à avenida 2,5 mil componentes para contar a origem do orixá. O laço forte com a comunidade é característica da escola, que mesmo quando esteve fora dos desfiles continuava presente na história do bairro.

Foto: Otávio Anacleto

A escola começou a desfilar como bloco em 2004, já conquistando grande destaque e identificação com o público, ganhando o vice-campeonato com o enredo “Na terra do Futebol e do Samba o Bloco do Dascuia dá Olé”. A estreia no Grupo de Acesso foi em 2012 e em 2014 já levou o título e garantiu passagem para o Grupo Especial. O nome “Dascuia” é uma homenagem para Altamiro José dos Anjos, popular personagem do Carnaval de Florianópolis. Localizada no bairro Morro do Céu, a agremiação é reconhecida pelas cores verde e rosa. Para o próximo ano, a Dascuia retrata em seu enredo a energia da vida, abordando sobre o Big Bang, elementos físicos e químicos, além do misticismo.

UNIDOS DA COLONINHA

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Na passarela

GRUPO DE ACESSO

15 de Dezembro 2010

PALHOÇA TERRA QUERIDA

Foto: Otávio Anacleto

Em 2007, Os Protegidos da Princesa levaram o município de Palhoça para a avenida. A prefeitura sentiu-se lisonjeada e, além de apoiar Os Protegidos, convidou o carnavalesco Márcio Schutz para organizar uma escola de samba dentro do município. Desde então, a cidade começou a preparar blocos de carnaval e envolver a comunidade neste sonho. Até que em 2011, com o surgimento de uma nova Liga de Acesso, que englobou a grande Florianópolis, nasceu o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Nação Guarani. Atualmente a Nação Guarani possui aproximadamente 400 integrantes, incluindo diretoria e associados. Para desenvolver um carnaval mais profissional e responsável, a escola trabalha com o lema “uma escola para o futuro”.

Foto: Otávio Anacleto

A escola mais antiga de Palhoça foi fundada em 2008, pelos moradores do bairro Jardim Aquarius, que sentiam falta de um cenário do samba mais fortificado na cidade. O nome da agremiação é, na verdade, um trecho do hino do município, que muitos moradores desconheciam. Entre 2009 e 2012, os desfiles foram realizados no bairro palhocense Pagani. A organização do grupo levou para a estreia na passarela Nego Quirido, no Carnaval deste ano, o enredo que homenageou o sindicato dos trabalhadores e a luta por igualdade e respeito profissional.

NAÇÃO GUARANI

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Na passarela

IMPÉRIO VERMELHO E BRANCO

Foto: Otávio Anacleto

Fundada no Morro do Mocotó, a agremiação Amigos do Caramuru surgiu como bloco em 2001, com nome inspirado no time de futebol do bairro. Além da comunidade em que atua, a escola possui apoio da comunidade vizinha, Morro da Queimada, reforçando ainda mais sua atuação – mesmo quando ainda era bloco, nunca concentrou menos de mil foliões. Iniciou no Grupo de Acesso em 2010, e em 2012, sagrou-se campeã. Foi uma explosão de felicidade em azul, vermelho e branco para os mais de 1,9 mil componentes.

Foto: Otávio Anacleto

O Império Vermelho e Branco faz samba desde 1990, quando começou com um grupo de amigos no bairro Pantanal, e, atualmente, reúne mais de 300 pessoas em busca de um sonho: subir para o Grupo Especial. A escola, que estreou em 2014 com um enredo sobre o músico e artista Luiz Henrique Rosa, garante ter diversas surpresas para 2015, e adianta que umas delas será o show que os passistas mirins farão na avenida.

AMIGOS DO CARAMURU

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Na passarela

FUTSAMBA JOSEFENSE

Foto: Otávio Anacleto

A Acadêmicos do Sul da Ilha está confiante para a estreia na Passarela do Samba Nego Quirido, em 2015. A agremiação foi fundada no bairro da Tapera, em 2008, onde exerceu suas atividades por três anos antes de desfilar como bloco. Em 2012 e 2014, foi a escola campeã no Grupo de Acesso dos Blocos, conquistando a passagem para o desfile principal. A turma que veste o azul e o rosa reuniu 600 foliões em 2014, número que deve dobrar no próximo ano. O envolvimento da agremiação com comunidade é muito forte e desde a fundação o objetivo era chegar até a avenida como escola do Grupo Especial, sonho conquistado com o trabalho da diretoria em parceria com os moradores do bairro.

Foto: Otávio Anacleto

Futebol e samba: duas paixões que, unidas, deram origem ao nome da escola de São José, município da Grande Florianópolis. Surgida em 2001, atuou durante onze anos como bloco, fazendo a alegria dos foliões da cidade. Em 2012, a Futsamba foi oficializada como escola e, em 2014, foi campeã em São José, garantindo o convite para iniciar no Grupo de Acesso do Carnaval de Florianópolis. Em 2014, desfilou com 800 participantes e estreia no grupo com 1,5 mil foliões, que prometem grandes surpresas para o Carnaval de 2015.

ACADÊMICOS DO SUL DA ILHA

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entrevista


Enredo

Samba no pé e na Avenida

Foto: Otávio Anacleto

As 12 escolas que vão desfilar em 2015 capricharam na escolha dos enredos. Artes, boemia, cinema, magia e a cultura do Rio Grande do Sul são alguns dos temas que serão cantados na Passarela do Samba Nego Quirido. Faça parte da animação e alegria do carnaval junto com as escolas: conheça os enredos das agremiações nas próximas páginas e não fique de fora dessa folia!

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enredo

Acadêmicos do sul da ilha Titulo oficial do Enredo: Pintando com as tintas do tempo Victor Meirelles um retrato da história do Brasil Autores do Samba Enredo: Bira Pernilongo, Conrado Laurindo, Ricardo Abraham e Willian Tadeu Intérprete: Viny Machado Presidente: Carlos Eduardo Laurindo (Sequinho do Cavaco) Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: Velas infladas ao vento A arte, vi desembarcar Pintar com as tintas do tempo É fazer um momento se eternizar

Imagem: Divulgação / Acadêmicos do Sul da Ilha

Desterro via nascer o talento Olhando a cidade da janela A paisagem tão bela E a gente da terra em sua aquarela E o menino foi ganhar o mundo Levou no peito o desejo de pintar As páginas da história do Brasil E o amor à arte são lições pra ensinar Em nome do pai, a cruz se levanta Na aldeia que dança, se faz comunhão Em nome do filho, a terra chorou Vendo moema perder seu amor Pincéis vão dançar nos salões São fiéis guardiões da memória imperial Em telas, eu vou mergulhando Desenhando o delírio “real” Batalhas sangrando a nação A arte, a espada e o canhão Imagens que em cada traço imortalizou A rua resguarda o passado “Traçado” de recordação Pra quem fez do seu sonho, ideais Memórias não se apagam jamais Academia, feliz é quem pode te amar Do coração, a tinta pra retratar Somente Victor, moldura e cor Victor no seu esplendor

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enredo

Palhoça terra querida Titulo oficial do Enredo: Entre dois mundos: da escuridão à luz, o bem sempre vence o mal ! Autores do Samba Enredo: André Cunha, Juninho Zuação, Guilherme Partideiro e Mestre Duda Intérprete: Guilherme Partideiro Presidente: Edson Dori Veloso Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: Clareou Da escuridão surgiu à luz O mundo se transformou e o sopro do criador Viveu no Paraíso que sonhou Mas a tentação no pecado Fez o bem e o mal andar lado a lado A ganância e a cobiça, os pecados capitais Guerras entre povos e religiões Oh! Pai rogai por nós

Imagem: Divulgação / Palhoça Terra Querida

Na imaginação de uma criança Salvar o mundo ter esperança A pureza da alma resplandecer E contra o Mal, super poderes pra vencer É sorte ou azar?! Figa de guiné, arruda e patuá Um bom amuleto pra ajudar No Jogo da Vida é ganhar ou perder Tudo pode acontecer Chega de poluição, destruição de nossas riquezas Tanta maldade com a mãe natureza Quero paz no coração fome e sofrimento não Amor, o amor há de chegar Feito luz em nosso lar, pra reinar!! Sou Terra Querida Sou o bem que irá vencer Contra o mal prevalecer É carnaval a passarela vai tremer ( vai tremer )

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enredo

Nação Guarani

15 de Dezembro 2010

Titulo oficial do Enredo: O Monarca das coxilhas...Semideus Galopante dos Pampas. Uma Epopéia Rio Grandense Autores do Samba Enredo: Emilson Candido Intérprete: Emilson Candido Presidente: Marcio José Schitz Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: O vento minuano Soprando sobre o pala esvoaçante oh oh oh oh E o gaúcho a galope carregando sua herança cultural. Rumo a uma epopeia rio grandense Enredo do nosso carnaval

Imagem: Divulgação / União Guarani

Viaja no tempo tão forte quanto o vento Guiado pela luz do cruzeiro do sul Conduz sua tropa por todo brasil Muitas são suas lendas Lindas são suas prendas Cultua o folclore e a tradição E serve aos amigos do bom chimarrão Da Europa vem sua colonização Tri legal tem fandango no carnaval Mas bá tchê, a passarela é um lindo CTG Sou filho de uma lenda Chimango ou maragato Grêmio ou internacional Sou semi Deus galopante dos pampas Sou a nostalgia da pimenta elis e lupicinio apaixonado Salve as canções de Teixeirinha Chulas e vaneiras, milongas e marchinhas Ao som da bateria a tocar Eu laço até boi tatá Neguinho do pastoreio sambando em nosso meio Bombacha e laço na mão, gaúcho e nação Num só coração

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enredo

Império vermelho e branco Título Oficial do Enredo: Sexta-Feira- Entre o Profano e o Sagrado na Ilha de Santa Catarina. Autores do Samba Enredo: André Filosofia, Juninho Zuação, Nando do Cavaco, Rodrigo Leitão, Diley Machado, Leandrinho Lv e Bokeira. Intérprete: Flávio Luiz Presidente: Luiz Gonzaga dos Passos Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: Nas antigas civilizações Inspirou o louvor e a devoção O Sagrado e o Profano Em rituais de celebração Lua cheia clareia, Ilumina a Ilha Mistério e magia no grande Sabá Lendas que correm este chão Tanta assombração, Olha ai o Boi tatá

Carnaval 2015

Imagem: Divulgação / Império Vermelho e Branco

estúdio criativo

É dia de festejar, só curtição Na mesa do bar, desce mais uma garçom Na ¨boca da noite¨, vem a tentação No balanço gostoso de um lindo som A fé toca o coração Em procissão, segue o povo em uma só voz Fazendo ecoar o seu clamor Peço a Deus nosso Senhor ¨Oh Pai olhai por nós¨ Na festa do Espírito Santo Encanto que paira no ar Bate o atabaque no terreiro Salve o Rei do mundo inteiro OXALÁ! E Hoje, ¨apegada¨ na sorte Com muita fé e Santo forte A Vermelho e Branco vai passar É eterna esta paixão......É uma caso sério Mora no meu coração.........Império Meu samba sacode e levanta a poeira ¨Nos embalos da Sexta- Feira !!¨

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enredo

Amigos do caramuru Titulo Oficial Do Enredo: “Vida de boemia.... Um jeito malandro de ser.”! Autores Do Samba Enredo: Wilson Bizzar, Paulinho Carioca, Jacson Do Cavaco, Juninho Zuação, Evando Malandro, Bokeira. Intérprete: Evandro Malandro e Nerto Portela Presidente: Eli Lopes Letra Do Samba Enredo 2015 Oficial: Amigo, pegue um copo pra você Sente aqui na minha mesa e vamos prosear Calcei meu sapato bicolor Um terno de linho branco E meu chapéu panamá A malandragem da noite é uma arte Já fui rei de tantas damas Rei das cartas e do bilhar Pra casa nunca levei desaforo Pois quem não pode com mandinga Não carrega patuá Caramuru desce o morro Vem pra avenida mostrar Toda ginga do malandro Que esse enredo fascinante vem contar

Imagem: Divulgação / Amigos do Caramuru

Tantas memórias nos arcos De um bonde que hoje viaja em postais Marchinhas e sambas se eternizaram Nas ruas, embalando os carnavais Os novos boêmios de agora Na diversidade, de sons e de cores Batuque de todas as tribos Cenário de tantos amores Quem quiser pode chegar Aqui não tem distinção O jeito malandro de ser Vai bordar poesia no seu coração Lapa reduto da boêmia carioca O bom malandro é parte dessa história Aos pés de santa teresa E a um passo da glória

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Futsamba Josefense

Futsamba pinta o

enredo

Da Magia a superstição,

Titulo Oficial do Enredo: Da magia a superstição o Futsamba pinta o sete com perfeição. Autores Do Samba Enredo: Severo Pereira Intérprete: Severo Pereira Presidente: Marcos Santana Letra Do Samba Enredo 2015 Oficial: Deixa clarear, O Futsamba é alegria e curtição Dando show na avenida, com amor e emoção Pintanto o sete eu vou, cantar ao amanhecer Essa magia vai te envolver Vitória, a perfeição me leva a te alcançar Para ser o pioneiro O “pulo do gato” não posso ensinar Lado a lado nessa passarela Virtudes, pecados, pura sedução Das pedras lançadas à sorte De jogo que cabe na palma da mão Quem vai ganhar quem vai perder Se dá azar, nem quero saber Fábulas além da imaginação E aquela aflição que nos rodeia Ao andar na madrugada Cuidado com o lobisomem Vagando em noites de lua cheia Um arco-íris feito em aquarela Mistura perfeita no céu da ilusão E o artista, colorindo a tela Na luz da ribalta do teu coração

Carnaval 2015

Carnavalesca Raphaela Perrut

Imagem: Divulgação / Futsamba Josefense

com perfeição.

No compasso dessa dança Sete notas musicais Bailando ao som da fanfarra Lindas melodias tantos carnavais Pra encontrar o meu destino Muitas léguas viajei Seguindo o balanço das ondas Por todos os mares também naveguei Sentidos aguçados ao ver tantas maravilhas Nessa quimera Recheada de encanto e fantasia As chaves tem o segredo para o dom da criação Pois tudo começa ou termina a sete palmos do chão

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enredo

Dascuia Titulo Oficial Do Enredo: : Da água, da terra, do fogo e do ar, surge a energia para a vida, eletrizando essa avenida a dascuia com seu samba quer contagiar Autores Do Samba Enredo: Ricardo Martins Ferreira, Casinha E Macha Do Cavaco Intérprete: Mará E Feitiço Presidente: Altamiro José Dos Anjos Junior Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: Nasceu da grande explosão A chama da evolução Reluziu no céu um feixe de luz O cosmo em constante expansão Imponente como a fé que nos guia A energia está aqui eu posso sentir As forças que equilibram o universo Vou cantar em prosa e versos A mãe natureza com rara beleza a se renovar Emana o poder a água, terra, fogo e o ar Vou lavar a alma me purificar Matar minha sede de amar O samba é o ar que eu respiro É minha paixão minha oração É feito semente que brota no meu coração No girar dos moinhos A esperança a germinar Riquezas do ventre da terra vão surgir Renasce da chama do fogo o novo por vir Sinta a brisa o vento a soprar Na mais sublime forma O astro rei a iluminar É preciso reciclar preservar pra existir Fazer de um sonho um ideal Eletrizando a avenida num divino carnaval

Imagem: Divulgação / Dascuia

Chegou a escola da emoção Explode Dascuia feliz a cantar Traz energia pra mover a vida A verde e rosa vai contagiar

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enredo

União da Ilha da Magia Titulo oficial do Enredo: Adoradores do Sol nas “ondas” da Ilha da Magia Autores do Samba Enredo: Sequinho do Cavaco, Michel Pires, Rafael Tubino, Leonardo Nunes e Thiago Meiners. Intérprete: Nellipe Presidente: Valmir Braz de Souza (Nena) Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: O sol despontando no horizonte Eterna fonte de inspiração Adoradores contemplando o arrebol Vai começar a procissão Abre-se um grande portal Tambores a rufar pra família imperial Pedindo fartura e proteção Eu ergo as mãos pra te louvar Divino presente, prosperidade Caminhos da felicidade Vem chegando o pescador deslizando sobre as águas Canoa de junco a caminho da praia O rei mandou celebrar o ritual Para agradecer o equilíbrio natural

Imagem: Divulgação / União da Ilha da Magia

Hinomaru vai despontar Eu subo na prancha, oceano a guiar Pra cultuar, oferendas, devoção Canto e dança em comunhão Renasce, alma aventureira, colorindo os litorais Nas telas, nas roupas, nas mídias, em acordes musicais Das tábuas havaianas, no rio se propaga Patrimônio universal Floripa te abraça, esporte da vida Aloha, ilha! Brilhando nesse carnaval Vou surfando pelas ondas e levando o meu sonhar A maré a quebrar na areia União da ilha tem magia no olhar O céu vai beijar o mar

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enredo

, á l e d “E vem

Consulado

” o v o p m u a força de

Titulo oficial do Enredo: “E vem de lá, do centro do Mundo, a Força de um Povo.” Autores do Samba Enredo: Juninho Zuação, Paulinho Carioca, André Filosofia, Nando do Cavaco, Rodrigo Leitão, Diley Machado, Vinydacor, Thiago Morganti, Casinha, Mancha do Cavaco e Ricardo Martins Intérprete: Thiago Pires Presidente: Valcione Furtado Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: Vem de lá... Do “solo sagrado” o limiar da inspiração Chama viva que incendeia Pra Deusa do fogo clareia é adoração Acalanto para o homem o seu calor Na luta contra o frio e a dor Se fez essencial: o carvão mineral! Viajando pelo tempo chegou (ôô) Ao berço da revolução E o mundo conquistou Seguindo rumo à evolução Rogai por nós Abençoai cada fiel, em oração Ilumina meus passos Sublime santa em devoção

Imagem: Divulgação / Consulado

estúdio criativo

Da Europa ao Oriente Trilha uma linda trajetória E no meu Brasil, terra de encantos mil Escreve a sua historia Encontra a sua capital Criciúma o acolhe no coração Terra onde todos os povos se “abraçam” em comunhão Nas garras do Tigre, festejar eu vou Delirar no grito de gol! É gol! E hoje na energia que inflama Vermelho e branco chegou! Meu samba sacode, é pura emoção “na veia” Na força de toda nação “Caeira” A nossa estrela vai brilhar Oh! Consulado para sempre vou te amar

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enredo

Embaixada copa lord Titulo oficial do Enredo: “O Cine Copa Lord Apresenta: Os Filmes que Marcaram as Nossas Vidas” Autores do Samba Enredo: Marçal Santini e Rafael Leandro da Silva Intérprete: Tiganá Presidente: Antônio Carlos Barbosa Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: Luz, câmera, ação Prepare a poltrona o show vai começar Emoções arrepiantes, grandes filmes tão marcantes Numa viagem sem sair do lugar Na frança surge a sétima arte Herança que carlitos imortalizou Quem nunca sorriu quem nunca chorou Coisas de cinema, histórias de amor É puro suspense não vou assustar Meu samba hoje vai te pegar Quem vem lá descendo o morro, é a mais querida Nessa levada surreal Entra em cena guerreira Faz a trilha do meu carnaval Nostalgia invade e traz saudade Me segure, eu posso voar Mil personagens, que doce ilusão Acima do bem e do mal, conquistou meu coração O vento me leva aos embalos da vida Oh compadecida do Mont Serrat O amor vencendo novamente E a alma transcendente, faz brilhar

Imagem: Divulgação / Embaixada Copa Lord

Vou impressionar e te dar emoção pra valer Meu ritmo é quente vai ferver O tica-tica bum é sensacional A Copa Lord é estrela principal

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enredo

Os protegidos da princesa Título oficial do Enredo: “Emoldurada pelo mar, uma história que me representa - Crônica de uma cidade em transformação.” Autores do Samba Enredo: Bira Pernilongo, Conrado Laurindo, Ricardo Abraham, Victor Alves e Willian Tadeu Intérprete: Alan Cardozo Presidente: Moacyr Gomes Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: O Sol brilhando na praia É mais um dia que raia E lá no porto é gente que vai e vem O pescador na canoa Pensa que a vida é boa E agradece a riqueza que a ilha tem E a onda que vagueia (na areia) O destino vem bordar (ê iaiá) A história, que é rendeira Fez renda de “luz” no caminho do mar Dançam as águas ao som do meu samba Batuque de bamba chegou na maré Ainda lembro a cidade menina Cresceu e virou tão formosa mulher Cartão-postal, erguendo pontes entre o sonho e o real

Imagem: Divulgação / Os Protegidos da Princesa

Nas asas do progresso, voar Pro mundo inteiro, se apresentar A engrenagem girou... É novo tempo, doutor! Floripa, eu quero te ver O encanto mais lindo pra gente viver Se preservar a semente de “ser” consciente, vão resplandecer Belezas que não se vê iguais Romances na beira do cais E os sonhos que me representam serão imortais Eu sou raiz verdadeira Becos, ruas, ladeiras... O tronco forte desse chão É a princesa o meu amor maior Vem do mocotó... A resistência e a tradição

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enredo

UNIDOS DA COLONINHA Titulo Oficial do Enredo: Odoyá, Mãe Senhora! Sou tuas águas, tuas ondas… Coloco em seu oceano, meu mar! Autores do Samba Enredo: Rafael Schramm, Robson Oliveira, Marcos Cunha, Rodrigo Luz Intérprete: Jorge Luiz Presidente: Luciano Pereira Baracuhy Letra do Samba Enredo 2015 Oficial: Valei-me a proteção que vem do céu E das belezas do mar A soprar o dom da vida e as divindades A guiar meu navegar Da opressão de um rei Fez-se magia em busca da libertação Venceu guerreiros destemidos Com amor de mãe em aflição Óh mãe, o por do sol um novo dia Aos nagôs a agonia da escravização É um povo de fé, Coloninha é axé Da áfrica a sua tradição

Imagem: Divulgação / Unidos da Coloninha

Ô ô odoya iemanjá Oguntê ô ô saravá sobá Ao som dos alabés O xirê vai começar O que cê qué saber Pergunta pra ifá Com amor embarcado na alma O pescador em romaria pede proteção Nossa senhora nos abençoe Mãe divina, olhai por nós O azul do mar vem colorir a avenida em corais Sereias e ondinas Pra ver a rainha e festejar Não importa se é 02 de fevereiro Carnaval ou ano inteiro Unidos canta iemanjá Iemanjá rainha do mar (mainha) Faz areia e vem brilhar na passarela Com as flores e presentes Dos filhos da Coloninha

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Na memória

A “nega” do eterno reinado por Mariana Mantovani

“E

lá vem ela, com seus passos de donzela, flutuando no ar. O sorriso é contagiante e a nega toda elegante, começa a sambar”, disse Marcos Canetta, diretor do Bloco Liberdade, sobre a Nega Tide.

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Natural de Florianópolis, Erotides Helena da Silva nasceu em agosto de 1945 e desfilou pela primeira vez com a família, aos oito anos, na escola de samba Alvim Barbosa, do Morro do Céu, que foi fundada em homenagem ao pai do grande compositor Zininho. Tide costumava dizer que mesmo pequena já era uma nega bonitinha. “Eu nasci assim, fazendo sucesso, despertando as atenções”, contava. Aos onze anos, começou a esbanjar sua graça e samba no pé na escola de samba Os Protegidos da Princesa, incentivada pela mãe Dica, que era costureira da escola e aos 15 anos dizia ter despertado a Nega Tide, que desceu do Céu e do Morro para desfilar em quase todas as escolas de samba. Com exceção da Coloninha, por absoluta falta de oportunidade, como costumava dizer.

Foto: Acervo Pessoal

Manezinha da Ilha, Nega Tide marcou época com sua simpatia e samba no pé

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Na memória

Sorriso vasto, elegância e altura incomparável. “Ela era o próprio Carnaval, o ano inteiro”, como afirmava Aldírio Simões, jornalista reconhecido pelo trabalho que desenvolvia de resgate à cultura açoriana. Tide costumava dizer que era Protegidos de coração e Copa por convicção. E foi nesta última escola que a passista mais famosa do Carnaval de Florianópolis passou grande parte da sua vida no samba. “Quando nós falamos dela, é sempre sorrindo”, enfatiza Dona Uda Gonzaga, mãe do Morro da Caixa, como é considerada por todos da comunidade, viúva de Armandino Gonzaga, que por dezoito anos foi presidente da Embaixada Copa Lord, e responsável por levar a Nega Tide para sambar e abrilhantar o Carnaval da escola, em 1968. “Gonzaga, me dá uma vaga na Copa Lord, por favor! - Foi assim que pela primeira vez tive contato com ela, mulher humana, negra, orgulhosa e bonita”, conta Dona Uda.

Foto: Acervo Pessoal

Foto: Acervo Pessoal

Amiga, muito humana, carinhosa, lutadora, defensora da cultura e tradição da Ilha, suave nas questões mais duras, Nega Tide assumia sua raça e sua cor sem se preocupar com o preconceito racial e, em contrapartida, a sua coragem era respeitada e venerada, como a sambista de maior expressão da capital catarinense. Prova disso, e também de sua capacidade inexplicável de sambar graciosamente como sambava, Nega Tide foi a primeira mulher a colecionar por seis vezes consecutivas o título de cidadã-samba, o que lhe rendeu o título de Eterna Cidadã-Samba de Florianópolis. “Quando ela dançava, quando estava no meio da passarela, sua presença, seu sorriso, seus braços gesticulavam, tudo dançava, era maravilhoso, ela era magnífica”, exalta Dona Uda. Há quem diga que ela não foi uma simples personagem e que transformouse em uma entidade. “Ela foi o próprio samba, o Carnaval. Ninguém pode imitar a Tide, ela é única”, completa Dona Uda.

Foto: Acervo Pessoal

Em 2001, Nega Tide inaugurou uma nova etapa da sua carreira no samba, passando a desfilar entre os diretores da Embaixada Copa Lord, porém não se aposentou e continuou doando seu espírito alegre e folião. “Chegou a hora de eu parar, não tenho mais idade pra rebolar nas escolas de samba com essas meninas maravilhosas que estão aparecendo”, confirmou na época.

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Foto: Acervo Pessoal

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Além de Os Protegidos e da Copa, Nega Tide era torcedora da Estação Primeira de Mangueira, e costumava viajar para o Rio de Janeiro para assistir ao Desfile das Campeãs. Tide era uma pessoa pública, mas era mãe, dona de casa e o sorriso que sempre a acompanhou costumava sumir do rosto quando o assunto era o amor. Costumava pedir para que passassem a borracha na história que mexeu com o seu coração. Aos quinze anos, viveu uma conturbada paixão da qual pouco falava. “A cidade toda sabe o que eu fiz. A gente só ama uma vez na vida”, explicava-se. Avaiana e flamenguista, foi servidora pública do Estado e trabalhou na Secretaria Municipal de Turismo de Florianópolis. Sua casa sempre foi um ponto de encontro de gente ligada ao Carnaval. Muito boa cozinheira, recepcionava a todos com verdadeiros banquetes, dos quais servia também para a comunidade nas festas em que ajudava a organizar no Morro da Caixa, na sede da Copa. “Ela cozinhava muito bem e também usava disso para fazer festas na Copa, de forma a pensar no Carnaval como referência de união e desenvolvimento para dentro da comunidade”, conta Dona Uda, que também explica que ela não era de falar e garante que se hoje ela estivesse viva, com certeza estaria com a comunidade ajudando do jeito dela a fazer política social em prol do Morro.

Foto: Acervo Pessoal

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Foto: Acervo Pessoal

Na memória

Foto: Acervo Pessoal

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Extrovertida, de uma determinação inquestionável e com 1,82 m de altura, Nega Tide também era famosa por ser verdadeira e não levar desaforo para casa. “Ela era briguenta, sim, encrenqueira, mas não era à toa. Na verdade, esse comportamento se justificava para conseguir o que ela queria”, explica Dona Uda. E, como uma grande ironia do destino, Tide foi surpreendida com um câncer no pé. A surpresa não foi só dela: toda a comunidade do samba e as pessoas da Ilha não acreditavam que justamente seu maior instrumento de trabalho – e porque não de encantamento - fora sacrificado de forma tão inexplicável. Sobre a doença, Tide não falava, mas dizia a todo mundo “Nega Tide não tem medo de morrer. Nega Tide só pede ao Nosso Senhor dos Passos que não a deixe sofrer”.

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Foto: Acervo Pessoal

Numa segunda-feira, que mais poderia ser considerada uma quarta-feira de cinzas, 18 de janeiro de 2010, na emergência do Hospital Universitário, em Florianópolis, o samba perdeu sua porta-estandarte. Aos 65 anos morreu Nega Tide, em decorrência de uma parada respiratória. Tornou-se a eterna rainha do Carnaval de Florianópolis. Por muito tempo, como diz o famoso samba, levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima.

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Como tradição do Berbigão do Boca, bloco no qual levava a faixa de rainha, a figura de Nega Tide integrou em 2011 um dos maricotões, bonecos que imortalizam pessoas que fizeram parte do carnaval da cidade. Como costumava dizer, “quem viu a Nega Tide, viu. Quem não viu não verá mais!”. Mas, com certeza, quem não a viu já ouviu muito falar sobre ela e a lembrança da eterna cidadã-samba de Florianópolis jamais será esquecida, seja nas rodas de samba, nas festas do Morro e, principalmente, nos cinco dias reservados para celebrar aquela que é a festa mais importante de sua vida, o Carnaval.

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Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Agência RBS

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O terceiro melhor carnaval do Brasil por Roberto Alves

“Os tempos e a modernização, ou evolução, vão mudando a história do Carnaval”

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Achava, nessa época, que estavam homenageando meu pai com a cantoria. Metade deles gritava como se estivesse numa sessão especial da tribo. “Aí eu vou... Eu vou aí....” e a resposta era repetida três vezes: “Aí a vá.. Aí a vá... Aí a vá..”. Como o nome do meu pai é Iavá, achei que ele era homenageado anualmente pelo bloco e isso me causava uma sensação de importância do velho, que ele nunca desmentiu e acabei ficando fã dos Bororós. Nascido no Campo do Manejo, onde hoje é o Instituto Estadual de Educação, e na chácara dos Moritz, vi nascer a Sociedade Carnavalesca Granadeiros da Ilha, eterna rival dos Tenentes

do Diabo. Acompanhava entusiasmado o trabalho da família Xavier no galpão, quando, aos domingos de carnaval, às 5h da tarde, o tenente Cabral, então soldado, empunhava seu piston e anunciava a saída dos carros com o tradicional toque carnavalesco, arrepiando toda a região e deixando muita saudade numa geração. O tempo passa e jamais imaginaria que um dia estaria, por conta da profissão, envolvido com o nosso Carnaval. Eu vivenciei essa época com grande orgulho. Fomos o terceiro melhor Carnaval do Brasil. Vi nascer a Embaixada Copa Lord e Os Protegidos da Princesa. Acabei me relacionando com os grandes nomes responsáveis pelo espetáculo dos desfiles em volta da Praça XV de Novembro. Citar nomes é correr o risco do esquecimento, mas não posso deixar de lembrar de Mário Libânio, Armandino Gonzaga, Altamiro dos Anjos (Dascuia), os irmãos Hélio Norberto da Silva, Mário e Ênio. O que dizer de Abelardo Blumemberg, o Avez-Vous? Dona Didi, Uda Gonzaga, Dona Gininha! O fantástico Roleta e nem pensar em esquecer da Nega Tide, nossa eterna cidadã-samba.

Foto: Édio Mello

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meu Carnaval começa pouco depois dos 10 anos de idade, quando assistia no ombro do meu pai o desfile das escolas de samba, blocos e os famosos carros de alegoria e mutação na Praça XV. Ainda garoto e sem entender muito o que acontecia, me emocionava com a empolgação, a alegria, o colorido e a organização dos Bororós – bloco de índios comandado pelo Quido, dono de um bar ao lado do Albergue Noturno.

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Pitacos

“A Liga está resgatando nossa identidade e as escolas hoje não devem nada às grandes escolas do Rio de Janeiro”

Na minha estreia na cobertura do Carnaval, em 1971, empolgado com o carro da rainha dos Granadeiros, desejei acompanhar sua saída em direção à praça. Quando ela chegou na sacada do Palácio do Governo para entregar um buquê de flores à primeira dama na época, Dayse Werner Salles, o povo estava vibrando e eu arrojadamente subi no carro empunhando microfone, já na ocasião sem fio. O resultado foi desastroso. Chovia e o choque que tomei jogou-me na calçada quase em cima do povo. Consagração total. Todos queriam saber quem era. Um capítulo que não pode ser esquecido é dedicado às mutações, onde tudo era manual. Turistas de vários países da América do Sul aportavam aqui por conta desta novidade que só Florianópolis possuía. Os tempos e a modernização, ou evolução, vão mudando a história do Carnaval. Do espetacular Lagartixa, nosso eterno Rei Momo, que começava o reinado na Confeitaria do Chiquinho, passando pelo inovador Aírton Oliveira, um batalhador pelo nosso turismo e especialmente pelo Carnaval. A chegada de profissionais no Carnaval como Bernadete Santana, Eloá Miranda, José Alfredo Beirão, Nelson Russi Wagner, o maestro Camargo, e sua paradinha sempre muito aguardada, o mestre Rato se superando e os sambas produzidos aqui mesmo, com revelações de compositores da ilha. Veio então a época da Avenida Paulo Fontes, da Avenida Mauro Ramos, que foi uma tentativa de tirar o desfile do Centro Histórico, mas que não deu certo. Até a Rua Tiradentes foi

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palco de alguns desfiles. Depois, teve a inauguração da passarela Nego Quirido no aterro da Baía Sul. Na televisão, atiçávamos a rivalidade dos desfiles com debates diários nos 30 dias antes do carnaval. Uma célebre briga na passarela entre Roleta e o compositor Mickey Silva fez voar cadeira para todos os lados no estúdio. A ousadia nas escolas de samba teve como autor o Hélio Cabrinha, anunciando em um dos debates que iria trazer o nudismo para a passarela. A dúvida, em todos os lados, era onde conseguiria as meninas para tal ato. Ampliou seu arrojo dizendo que a escola Os Protegidos da Princesa teria topless e seios em profusão na comissão de frente. Faltava apenas a autorização dos pais das meninas. A expectativa foi fantástica e não se falava em outra coisa na cidade. Quando finalmente aconteceu, para surpresa, não eram meninas. Qual nada, todas eram da Vila Palmira, famosa zona de prostituição da região de Barreiros. Sacudiu o Carnaval. Também fui jurado alguns anos. Passei mal quando tive que julgar mestre-sala e porta -bandeira. De cara já me disseram: o melhor casal tem o mestre-sala João Caetano, que veio do Rio, jogou futebol no Avaí e no Figueirense e tornou-se figura querida da cidade. Levava sempre nota 10. O livreto do regulamento e a sinopse do quesito diziam claramente grifado: o mestre-sala não pode cair durante sua evolução, nem tocar com o leque na bandeira da escola e nem deixar o leque fugir das mãos. Naquela noite, o nosso grande mestre-sala chegou para lá de Bagdá. Havia ingerido todas antes do desfile e fez tudo ao contrário. Não deveriam tê-lo deixado desfilar, mas era importante. Caiu no chão várias vezes na hora da evolução, deu com o seu leque no rosto da porta-bandeira, no próprio pavilhão, saiu do local de evolução, deixou a porta-bandeira sem saber o que fazer e foi um desastre. E agora? Que nota deveria receber o

nosso campeão? O correto seria desclassificá-lo para não aplicar um zero. Em respeito a sua história, de um a dez, demos cinco e a escola não aceitou. O resultado, na época, era divulgado na Diretur da Praça XV, às 16h da quarta-feira de cinzas. Inocentemente, fui transmitir ao vivo achando que tudo estava na medida. Resultado: queimaram a microondas da TV que estava em cima do prédio para enviar as imagens para o estúdio e só conseguimos sair às 23h em veículos da polícia, cercados por componentes da escola. Hoje temos um Carnaval profissional com a criação da Liesf, que comanda o espetáculo. Infelizmente não temos mais os programas motivacionais que davam espaço às escolas para divulgar seu trabalho criando no povo uma expectativa para o desfile. A TV Cultura criou, certa vez, eventos que sustentavam o Carnaval, como por exemplo: o baile da Piscina no Lira Tênis Clube, dez dias antes com eleição da Rainha do Carnaval. Todas as escolas e clubes mandavam candidatas. O concurso de blocos aos sábados à noite, justamente onde apareceu a Consulado, para depois tornar-se escola de samba. Uma curiosidade: lancei uma repórter meio afoita na transmissão dos blocos. O primeiro a desfilar era exatamente um bloco da rua onde residia e que conhecia bem. “Os Arábikus”. Ela informando: “Atenção, Roberto! Vem aí o bloco ´Os Arabikús´!” “Minha querida, não seria Arábikus, da Arábia?” “Não... está bem claro no estandarte. Tem um acento bem em cima do kú....”. Com a chegada da RBS TV em Santa Catarina, marcamos um gol de placa na Paulo Fontes. Enquanto eles estavam em caráter experimental anunciando uma estrela internacional na passarela, juntamente com Luiz Henrique Rosa, que havia jogado comigo no Paula Ramos – e tinha espaços generosos na progra-

mação da TV Cultura – nós escondemos a tal estrela. Quando eles acordaram, Liza Minelli estava sentada ao meu lado no ônibus gerador de imagens. Viu uma escola inteira. O namorado, que não era o Luiz Henrique, queria urinar. Mandamos ele ir lá para baixo do aterro, até chegar o mar. Olhou muito e não foi. Arrombouse todo ali mesmo, na frente da Liza. A concorrência ficou forte, mas a cidade gostava da TV Cultura, que era da comunidade. Passaram a chamar a nossa concorrente, que nem tinha ido ao ar ainda, de emissora dos gaúchos. Não perdi tempo e mandei fazer uma coleção de camisas com o nosso logotipo nas costas e escrito bem grande: A NOSSA, uma alusão de que a outra não era. Alice Rodrigues, repórter mulata com uma bunda bem grande, chegou na praça e um gaiato tocou-lhe as duas mãos na bunda. Quando ela quis protestar o cara emendou. “Tá escrito, a nossa. É nossa ou não é?” Fomos parar todos na polícia. Passa o tempo, perdemos um pouco da nossa identidade. Mas a Liga está resgatando e as escolas hoje não devem nada as grandes escolas do Rio de Janeiro. Precisamos apenas comercializar este magnífico produto. Sair dos ombros do poder público. Independência total para fazermos o nosso Carnaval. Nos contatos que tenho mantido com algumas pessoas sinto que a nova diretoria da Liesf está disposta a um trabalho responsável, sério e voltado para o nosso Carnaval. Precisamos retornar a posição de terceiro melhor Carnaval do Brasil e, se depender dos nossos artistas, com o apoio e a participação do povo, voltaremos ao lugar que sempre tivemos de destaque. Nós temos artistas para tanto. Bom trabalho à Liga e parabéns pela iniciativa de contar ao povo o que pretende saber.

Foto: Édio Mello

As primeiras imagens do Carnaval da ilha foram capturadas pela TV Cultura com posto técnico central instalado no adro da Catedral. O primeiro comandante da transmissão foi o Tio Bona – Edgar Bonassis da Silva – e os dois repórteres em volta da praça eram Moacir Pereira e Roberto Alves.

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Era Nego Quirido:

a consagração por Vandrei BION

O Foto: Vanessa Silveira

meu tempo é o da Passarela Nego Quirido. Aos oito anos de idade, vi a Unidos da Coloninha triunfar na inauguração do sambódromo do Aterro da Baía Sul, conquistando o pentacampeonato. Mas daquele ano o que não sai da cabeça é o samba da Embaixada Copa Lord. O enredo era “A voz e a vez do Morro”. A obra primorosa, que marcou a minha infância, tinha o seguinte trecho na letra: “Eu me embalei, eu mergulhei nessa paixão...Copalordeando, eu vou sambando... nesse mundo de ilusão”. Cantávamos o samba nas ruas do Morro do Céu, jogando bola e batendo lata. Era o início de tudo. No período de transição da Avenida Paulo Fontes para a Nego Quirido, tenho lembranças apenas de ter ficado na casa dos meus avós, no Morro do Céu, pois meus pais desfilavam. Mas na rua, com os amigos de infância, fazíamos o Carnaval da nossa forma. Cantando os sambas e fazendo “esporro” com latas e baldes de roupa. De 1990 até 1998, o Carnaval na minha vida ocorreu justamente no período de transformação de criança para adolescente. Foi uma época também marcada por anos sem desfile, para a tristeza das comunidades. O espetáculo maior não foi realizado em 1994, 1997 e 1998. O cancelamento dos desfiles prejudicou a cultura do samba e a imagem do Carnaval, nos restando apenas acompanhar pela televisão os desfiles do Rio de Janeiro e participar dos bailes infantis e principais dos clubes sociais da cidade.

Foto: Mauro Vaz

Em 1999, o Carnaval volta após dois anos. É a minha estreia na Nego Quirido. Uma emoção sem fim e uma paixão que vai perdurar até o resto da vida. Lá estava eu em uma das alas da Embaixada Copa Lord com o enredo “Cruz e Sousa, o Cisne Negro da Literatura Universal”. Dei sorte: a escola foi campeã.

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Todos os desfiles, daquele ano para cá, de uma forma ou de outra, assisti. Seja defendendo as cores de alguma escola ou trabalhando como jornalista, afinal, o início da minha carreira profissional aos 19 anos me fez conhecer este outro lado da paixão. O Carnaval estava, qual fosse a maneira, na veia. 95


Foto: Otávio Anacleto

Foto: Otávio Anacleto

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Vimos a Copa Lord vencer grandes carnavais. Além de 1999, vieram os títulos de 2000 (“A Terra é Boa e Tudo Há), o tri em 2002, 2003 e 2004 com “Negros em Desterro”, “TAC, retratos do tempo onde a arte imita a vida” e “Sob a Luz da Ponte Hercílio Luz”. Vimos Os Protegidos da Princesa ganharem o Carnaval de 2001 homenageando Guga Kuerten e quebrando um tabu de anos. Em 2002, a escola obteve o bicampeonato com o enredo “Ó Guarany, uma ópera na avenida”. Vimos as conquistas da Consulado, que após ter vencido o tri em 1991, 1992 e 1993, voltou a vencer três vezes seguidas em 2005, 2006 e 2007. O mais inesquecível de todos os carnavais foi o de 2006, com o tema “Praça XV: Onde Tudo Acontece”. Como esquecer, neste tempo de mudança e modernização, o Carnaval de 2008. A Copa Lord transformou a escola na representação fiel dos 100 anos da imigração japonesa com o enredo “Matsuri em Sankaterini”. Vitória indiscutível. De 2009 em diante, mais novidades. Surge a escola de samba União da Ilha da Magia. A Lagoa da Conceição mostra que o samba pode ser feito também fora do contexto dos morros e das comunidades tradicionais. Os triunfos vieram rapidamente. Estreia em 2009, vice em 2010 e bicampeonato em 2011 (“Cuba Sim, Em Nome da Verdade!”) e 2012 (“Una Bella Storia”), com temas polêmicos, ousados e internacionais e, sobretudo, com muita organização. A verde, branco e ouro é um marco do Carnaval de Florianópolis. É o símbolo da mudança, da gestão bem feita, da implementação de um projeto social e comunitário que transcende qualquer razão.

Por fim, não posso deixar de registrar a nova era que surge com a nova gestão da Liesf. Este time da Liga, sob o comando do jovem presidente Joel da Costa Júnior, nasce para fazer história. Para elevar as comunidades. Para profissionalizar. Para quebrar paradigmas. Para introduzir a cultura do Carnaval o ano inteiro e contribuir diretamente com o turismo de uma cidade em ebulição como Florianópolis.

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Foto: Otávio Anacleto

Em 2013, vimos novamente a não realização do desfile. Um fato negativo. Porém, uma lição. No ano seguinte, a superação marcou a volta das escolas à Nego Quirido e 2014 é o ano da história virar a página. As escolas enfrentam todas as dificuldades mas cumprem o seu papel. A Unidos da Coloninha, revivendo o “Boca da Noite” de 1984, dá show, levanta a passarela e fica com o vice. Os Protegidos da Princesa quebram um tabu de 10 carnavais e pintam a Nego Quirido com a história e a marca do artista Willy Zumblick. É o renascimento.

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perfil

Dona Uda

Gonzaga A primeira dama da comunidade do Mont Serrat por Juliana Coelho

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ara homenagear a memória do Carnaval de Florianópolis, a revista Samba-Enredo fará, a cada edição, o registro da trajetória de uma personalidade de destaque dos desfiles das escolas de samba da cidade. Para inaugurar a editoria, trazemos a história de Dona Uda Gonzaga, presidente de honra da Embaixada Copa Lord.

Foto: Alessandro Darabas

“O Carnaval, na minha opinião, é vida para todas as comunidades. Nós somos os artistas e a passarela é um teatro”

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Dedicação e reconhecimento Em 1956, um ano após a fundação da Embaixada Copa Lord, Dona Uda fez sua estreia no Carnaval, então com 17 anos. Apenas três anos depois, tornou-se a rainha da escola de samba e, desde então, nunca mais abandonou sua paixão em amarelo, vermelho e branco. Professora, esposa dedicada daquele que esteve à frente da Copa Lord por quase 18 anos, Armandinho Gonzaga, e sem filhos, dedicou-se inteiramente às atividades sociais e educativas do antigo Morro da Caixa, atual Mont Serrat. Em 1978, ficou viúva do carnavalesco e casou-se com a comunidade. Foi convidada para ser a presidente da Embaixada Copa Lord, em 1983, para dar fim ao desanimo que atingia a escola. Assim, Dona Uda tornou-se a primeira mulher presidente de uma escola de samba em Florianópolis. Nos últimos anos ela coordenou a Ala das Baianas e a Ala das Crianças para os desfiles de Carnaval da Copa Lord. Em 2014, foi homenageada pela escola com o enredo ‘Quem você pensa que é com a força da mulher?’. Foi em uma conversa agradável no alto do Mont Serrat que Dona Uda, cercada por placas e medalhas em homenagem aos anos dedicados à cultura afro-catarinense, contou suas lembranças e reflexões sobre o Carnaval.

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Relação de amor com o Carnaval O Carnaval, na minha opinião, é vida para todas as comunidades. Nós somos os artistas e a passarela é um teatro. A fundação da Copa Lord foi esperança e alegria para o morro. O povo luta 365 dias por ano para chegar nesses cinco dias de festejo e manifestar esses sentimentos. Isso é muita garra, é amar o Carnaval e tudo que se faz por amor e com amor só pode sair bem. Hoje eu coordeno a Ala das Baianas e desfilo na avenida com a diretoria, mas no próximo ano quero sair de baiana, já pensei até no figurino. Os 60 anos da minha escola merecem uma grande comemoração.

O marido Armandinho Gonzaga Comecei a namorar o Gonzaga na festa da Nossa Senhora do Mont Serrat e agradeço a ela por ter me dado um bom marido. Nós éramos muito jovens, namoramos ali nas barraquinhas e ele era tão bonito! Começamos ali e ficamos até que a morte nos separasse, mas ele ainda é o meu marido. Quando o Gonzaga já era presidente da Copa Lord, fomos construindo ideias. Nós ficávamos aqui em frente a nossa casa

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observando que o pessoal do morro descia para ir aos bailes no Estreito, no Morro do 25, no Clube 12 de Agosto, porque depois que o Carnaval acabava não acontecia mais nada na comunidade. Para o Gonzaga, essa era a época de reunir a comunidade para construir coisas melhores. Foi aí que ele e um grupo de diretores construíram a sede da Embaixada Copa Lord, inaugurada no dia 11 de dezembro de 1965, e que fica ao lado da minha casa até hoje. Eu me lembro muito bem desse dia! A inauguração da quadra foi uma maravilha para nós aqui do morro, que não tínhamos um lugar para dançar, nos divertir ou para ter momentos de lazer. Para a escola foi ótimo também, porque começou a melhorar os rendimentos, pois tínhamos bailes aos sábados, domingos e quintasfeiras. Meu marido amava o Carnaval. Se hoje nós temos essa sede é graças a ele e àqueles diretores.

A responsabilidade de ser presidente da escola Teve uma época em que todos desistiram da Copa Lord, desanimaram. Então, em 1983, os integrantes vieram aqui na minha casa e pediram para que eu fosse presidente da escola. Eu disse que não tinha a experiência do meu marido, que já

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“Com a criação da LIESF as coisas fluíram e temos certeza que, da maneira como estão caminhando, o Carnaval vai melhorar sempre”

havia ocupado o cargo, e eles argumentaram, dizendo que a escola acabaria. Eu propus, então, fazer uma eleição na comunidade – se a comunidade achasse que eu merecia ser presidente, eu assumiria com muito amor. E assim eu assumi a presidência da Copa Lord, contando com a ajuda de todos. Naquele ano, ficamos em quarto lugar. Em 1984, fomos vice-campeões com o enredo “Caldeirão dos Bruxos”. A experiência foi muito gratificante e inacreditável! Eu pensava como conseguiria dar conta, pois eram 3.017 pessoas desfilando naquele ano, mas graças a Deus a escola saiu bonita e foi tudo excelente. Em 1985, não saímos e tivemos o trauma por perder o título. Este foi meu último ano como presidente.

A homenagem da Copa Lord Ser tema do samba-enredo em 2014 foi uma emoção muito grande. Eles sempre homenageiam as pessoas que estão mortas e ser homenageada em vida foi maravilhoso. Quem não se sente emocionada em ser homenageada? Quem não se sente feliz em ver seu nome propagado, em ver as pessoas cantando? E ainda, quando eu vejo a Copa Lord na avenida, lembro do meu esposo. É uma emoção muito grande.

Foto: Alessandro Darabas

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O Carnaval de Florianópolis Houve uma evolução muito grande no Carnaval de Florianópolis. Antigamente era só em volta da Praça XV de Novembro e não era uma coisa organizada, mas era bonito de ver. Eram 200 ou 300 pessoas desfilando. Não era como hoje, em que 300 pessoas integram só a bateria, mas era gostoso. As escolas foram crescendo, foi aumentando o número de componentes. Quando o Carnaval passou para a Avenida Paulo Fontes, as alas já tinham um grande grupo de pessoas. Depois o Avevú (Abelardo Henrique Blumemberg – Avez-Vous) começou a criar o enredo para os desfiles, que ficaram diferentes e muito bacanas. Criaram número mínimo para os percussionistas da bateria, obrigaram as escolas a saírem com as baianas, porta bandeira e mestre sala, comissão de frente e cidadã-samba. Nossa escola teve como cidadã-samba a Nega Tide, eterna sambista do Carnaval de Florianópolis. O nosso Carnaval melhora a cada ano que passa. Hoje a gente vê que

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as pessoas estão assumindo cada vez mais responsabilidades, o Carnaval não é brincadeira. Não é qualquer um que pode ser presidente de uma escola de samba, tem que ter responsabilidade, ser honesto, capacidade para gerenciar um grupo de mais de três mil pessoas. Eu acho, particularmente, que toda a diretoria de uma escola e alguns membros da comunidade deveriam ser capacitados, ter aulas de gerenciamento. Acredito que as coisas vão melhorar cada vez mais. Com a criação da Liesf já estamos vendo as coisas se encaminharem mais. Nós já tivemos outras entidades unidas em prol das escolas de samba, eu, inclusive, assumi a presidência em uma oportunidade, quando o Biguaçu (José Francisco Vieira) era o presidente e saiu para assumir a presidência da Coloninha. Foi muito bom, era um trabalho coletivo, onde todo mundo oferecia ideias e trabalhava junto. Mas agora as coisas fluíram e temos certeza que, da maneira como estão caminhando, o Carnaval vai melhorar sempre. No evento que ocorreu para o sorteio da ordem dos

desfiles já vimos como as coisas vão bem. O Teatro Álvaro de Carvalho estava totalmente lotado de pessoas que amam escola de samba, que amam o Carnaval. A gente está vendo os presidentes unidos, um ajudando o outro e isso é fabuloso.

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O samba e as comunidades Há 30 anos, o Carnaval era feito com garra e amor. Perdiam-se noites de sono. Aqui na minha casa, dormiam um em cada canto, trabalhando gratuitamente para a maior festa popular que temos. Ninguém ganhava nada. Mas hoje as pessoas estão se profissionalizando para viver de Carnaval. Porque nem só de amor vive o homem. O Carnaval está trazendo muita coisa boa para a comunidade, ajuda muita gente. As pessoas se especializam em fazer adereços, bordar ou fazer carro alegórico. O Carnaval não é só cultura, é também profissão.

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