~oDA A LIÇÃO DA BEl A FLOR DE NILÓPOLIS BEIJA·FLOR Os grandes pensadores são unân1mes em concordar que. em termos de descoberta, "o segredo espera pela visão profunda". Isso sigmfica que, se não aprofundarmos o nosso olhar, jama1s seremos capazes de descobrir e sentir o que de importante acontece ao nosso redor. No carnaval não é d1ferente. Se não formos capazes de aguçar o nosso olhar, veremos nos desfiles apenas uma festa popular- repleta de arte e magia- . mas somente uma festa popular A verdade é que o desfile de carnaval é bem maiS do que 1sso. e esse é um segredo que queremos compartilhar com o le1tor· um dos Significados do desfile e da traJetória da Beija-Flor de Nilópohs no carnaval. No desfile de 1976 muitos d1z1am que a Beita-Aor de Nilópolis era uma escola pequena, ao contrário do que cada componente acreditava: para eles, a sua agremiação era uma grande escola, e eles, como seus integrantes, tão grandes quanto ela. Somente os fatos provaram quem estava com a verdade. a BeiJa-Flor de Nilópolis sagrou-se campeã, sendo aplaud1da pelo público que a assist1a. Nesse momento, o povo da baixada. protagonista das mais diversas histórias de vrda. un1do por um objetiVO único e com muita fé em sr mesmo, mostrou ao mundo, sem perceber, a força que o homem carrega dentro de • si. É para 1sso que queremos chamar a atenção de cada le1tor o desfile de carnaval é um momento no qual é possível perceber o poder que cada um de nós possui, individual e coletJVamente. A energ1a que cada um ~~1'ª~~ emana e que envolve o desfile pode ser sentida. Donos desse poder. somos capazes de realizar o que qu1sermos em favor de nossa felicidade. Mas. para isso, ~~~~ é preciso que acreditemos que temos esse poder, talvez a1nda adormecido É preCiso ter a certeza de que a força do guerretro está em nós e que, se deCidirmos tomar as rédeas de nossas vidas com coragem, conquistaremos a felicidade que tanto sonhamos. E nada, nem nrnguém, será capaz de tirar rsso de nós.
RICirdo
Da,_
Hilton MI.._
L
CO
QUISTAS QUE NINGUÉM TIR
OGRES Beija-Flor de Nilópolis veio para ficar. Gom a coragem, a paixão e a determinação característica do povo brasileiro, a agremiação de Nilópolis demonstra, a cada ano, a sua força. Para nós, 2006 marca um ano de muitas comemorações, a começar pelos 30 anos do primeiro título da escola no Grupo de Elite do carnaval car oca, com o enredo "Sonhar com rei dá leão", quando superou as grandes escolas da época. Quem viveu aquilo que vivemos sabe a importância daquele momento, e porque deve.mos comemorar seu significado. Foram momentos mágicos que contagiaram o público e a todos nós, mar ndo uma nova fase no desfile das escolas de samba, De lá para cá, o GRES Beija.Flor de Nllópolis só tem consolidado uma série de conquistas, dentre elas a de escola criativa e com uma forte visão de vanguarda, de respeito e alorização da comunidade - que é quem faz a arte do carnaval-, e o de primeira tricampeã do século 21 , Em 2006 comemoramos também cinco anos da revista Beija-Flor de Nilópolis - uma escola de vida, nossa principal publicação, a qual tem apresentado ao leitor um lado pouco conhecido de uma agremiação vencedora. que vai desd~ o preparativos de um desfile e de seus per onagens até a apresentação dos projetos sociais que a escola patrocina e que. de certo modo, dão respaldo moral e espiritual a todos nós, 2006 é também o ano da consolidação de um dos mBiS Importantes projetos do GRES Beija-Flor de Nilópolis: a produção do livro que vai contar a história da agremiação desde seus primórdios. ainda como Bloco Carnavalesco Beija-Flor, até os dias de hoje. em que é reconhecida como a principal escola de samba do Brasil, e naturalmente do mundo. São importantes conquistas que a família Beija-Flor vem incorporando ao seu histórico de vitórias reais, e algumas das muitas razões que me fazem prever um ano de 2006 com muitas alegrias e vitórias para todos os que têm no samba e no carnaval momentos de lazer e alegria. Alegrias e vitórias que serão conquistas nossas - e de cada um de vocês - e que ninguém poderá tirar. Porque a Beija-Flor de Nilópolis veio para ficar... ...e para ficar pelos próximos 30. 60, 90 anos.
Anizio Abrao David
ExPEDIENTE Editores Ricardo 00 Fonseca Hitton Abi-Rihon Produlão DA FONSECA Comunlcoção
Jornolista responsóvel Ricardo 00 Fonseco, M1b RJ23267JR RedDlóo Ano Beld110l (AB). GI6rio (astro (GC), Korlo legey (Kl), Mourido louro Silvério (MLS),Miro lopes (Ml). Rícordo 00 Fonseca (ROf), Stello V,II0s0 (SV), Vicenl, Dotolli (VO) Dlogramação André legey
e Editoração
Colabaradores F,lipe Ferreiro Morilio I rindod, Barbozo Agradelimentos Bionro B,hrends Ublrolon Silvo Tratomento de Imogens lronordo l'9'1 Revisão de Texto aoudio Coslooheiro Versão pora o InglAs GUIFulks<lon Fotogrofla André lelles, Oudho Froolo, H,nrique Motos, Mordo Vosronce~s. Peter iIIiei", Miro M,i"les, Robson Borralo a Agénda O Globo.
A l't'YISta IlelP-FIor de NIOPollt; - lHIlIlICOII de YIdI, ISSN 167a.3611, • lITlI pUblicaçao <lo Gr6mio RecrullVO EscoLi oe ~ Be4a-f1Dr de NIl6pQ~s e DA FONSECA ComunttaÇJo lida- As .,iCI!9 llIT'flI(ks nas enlreYl$l2l concedKla1;
, os textos assrnadossão lIe respon~ de MtISilJttlfeS.nio reII8bndo, 1W!C8~. a poSlÇio dos adJIaUs. E petrMIja a repollçao p.walou r:tJI ~
matétiu.
da5dll ~
olaOI I lOOte
FeYnro ~ 2lXl6• Tragem 60
fTj ~
DA FONSECA WWW.dafC1lS8Ca.com.br e-mail: edilor@da100seca.com.br Rua Piresde
Arneida.
671202
Rio de Janeiro Telefones: 12') 2600-2002/121) 9776-2554
DEASASABERTASPARA MAISUMVÔO Aqui estamos nós de novo. Tudo pronto, dos gigantescos carros alegóricos aos miúdos passistas-mirins, a Beija-Flor está pronta para mais uma vez pisar a Avenida do Samba como soberana da alegria. Nos corações carregamos acima de tudo uma meta: fazer um desfile glorioso, levar sorrisos e lágrimas às arquibancadas e, principalmente, levantar a poeira do chão. E assim, quem sabe, levar para Nilópolis (nossa casa) mais uma laça, em um inédito tetracampeonato da L1ESA. As gargantas já estão aquecidas com os versos de nosso belíssimo samba-enredo; os pés já estão treinados na cadência de nossa bateria nota dez e os olhos ansiosos pelo show de luzes e cores que a Beija vai levar para a Sapucaf. Esse fruto é o resultado de muita dedicação, muito suor e trabalho. Trabalho de uma enorme equipe que dedica grande parte de sua vida para fazer de nossa escola um espetáculo da perfeição. Do soldador que ajuda na montagem dos carros ao técnico de eletricidade; das faxineiras e dos artistas plásticos à nossa brilhante Comissão de Carnaval, todos foram guerreiros. E não se poderia jamais deixar de lembrar do afinco e amor incansavelmente dedicados pelo nosso Patrono, Anizio Abrão David, sempre um verdadeiro herói em toda a caminhada que leva à conclusão de um belo Carnaval. Mas nossa alegria não está presa dentro das paredes da quadra e do barracão: Hoje Nilópolis abraça a BeijaFlor como seu maior símbolo cultural e vaidosamente se mostra ao mundo como a casa da Escola de Samba tricampeã do carnaval carioca. Desde dezembro, um imponente Pórtico, na divisa com o Rio de Janeiro, abre as portas da cidade, onde um gigantesco beija-flor prateado dá as boas vindas a todos os visitantes, uma obra de arquitetura arrojada da Prefeitura, que já se tornou o maior cartão postal da região. A cidade também cresceu muito, com novas escolas e nova estrutura de saúde pública, com atendimento 24h, lazer de qualidade, com lindas praças reformadas, campo de grama sintética e ginásios poli-esportivos, cursos de artes totalmente gratuitos, mais segurança com a Guarda Municipal, estrutura urbana totalmente remodelada, com novas ruas asfaltadas, obras que terminaram com pontos de enchente. Enfim, são incontáveis as melhorias, fruto de um trabalho esforçado, mas é certo que a cidade está de cara nova e pronta para o futuro. Assim são nossos dois amores, Nilópolis e Beija-Flor: de asas abertas para novos võos e levando dignidade aos corações da baixada fluminense. Hoje, se podemos resumir em uma palavra o sentimento de ser nilopolitano, esta palavra é orgulho. Parabéns, nilopolitano, parabéns a todos os foliões, torcedores e trabalhadores da Beija-Ror de Nilópolisl E preparem seus corações: muitas alegrias ainda estão por vir! Olha, mais uma vez, Nilópolis e a Beija-Flor aí, gente!
CARNAVAL
200B
MILAGROSAS ÁGUAS DA VIDA
o desfile
das escolas de samba do grupo especial de 2006 promete ser um dos mais disputados dos últimos anos. É o chamado efeito Beija-Flor de Nilópolis. Nenhuma das escolas de samba do Rio de Janeiro agüenta mais ver a azul e branco de Nilópolis levando para a baixada fluminense o troféu de campeã do carnaval carioca. Por ISSO, mais do que mostrando um belo desfile, as escolas de samba do grupo especial vão para a Sapucaí motivadas por um objetivo comum: vencer a principal escola de samba da atualidade. Mas isso já era esperado pela escola. Afinal, seus integrantes não são novatos nessa disputa, e por isso não estão preocupados com esse ambiente de rivalidade: sabem que carnaval se ganha na avenida, após um trabalho sério e bem planejado. E é isso que a Beija-Flor de Nilópolis tem feito nos últimos anos: um desfile bonito, organizado, com todas as características de um desfile campeão. E é por ISSO, também, que a escola vai para a avenida confiante na conquista do tetracampeonato. Mas para chegar a esse ponto, além de fazer um competente trabalho de base, é preciso saber escolher um bom enredo e saber explorar esse enredo com bom gosto e inteligência. Se o ditado popular diz que um bom time se começa por um bom goleiro, um bom desfile se começa por um bom enredo. Não adianta você ter a melhor equipe, com mestre-sala e porta-bandeira, bateria, baianas e comunidade, se você não tiver um bom enredo. Por isso, para disputar mais um titulo de campeã. e se consagrar tetracampeã do carnaval carioca, O GRES Beija-Flor de Nilópolis se cercou da força e da energia das águas para escolher um enredo forte e renovador:
8
RelAstaBeija-Flor de Nil6polls
"Poços de Caldas derrama sobre a Terra suas águas milagrosas: do caos inicial à explosão da vida - Água, a nave-mãe da existência". E ASSIM SURGIU O ENREDO Tamir,encarregado do barracão da agremiação e a primeira pessoa a levar para a Comissão de Carnaval a idéia do enredo, conta o seguinte: "Durante um bate papo com meu amigo Marcus Togni, que é presidente da Cãmara dos Vereadores de Poços de Caldas e carnavalesco da principal escola de samba da cidade, a Sacipô, falávamos do desafio do tetracampeonato, quando então ele comentou do seu desejo de ter a cidade de Poços de Caldas como enredo da escola. Conhecendo a cidade e suas belezas naturais, tinha certeza de que, se a Comissão de Carnaval desse uma temperada com as suas idéias, teríamos um belo carnaval. De volta ao Rio de Janeiro, procurei o Shangai, que é um dos integrantes da Comissão de Carnaval,e lhe apresentei a idéia Shangai achou a idéia interessante e resolveu ouvir a opinião do seu Anízio, que estava no Barracão. Depois de apresentarmos a ele, de maneira sucinta, a idéia de um carnaval sobre a cidade de Poços de Caldas, seu Anizio mandou Shangai para a cidade, a fim de estudar se ela teria condições de ser enredo da escola", conclui Tamir. O resto o leitor já deve imaginar. Shangai ficou maravilhado com a cidade: "Sem perder a perspectiva de que estava tratando de camaval, me reuni com os integrantes da Comissão de Carnaval para que pudéssemos, juntos, avaliar com cuidado a SItuação e nos posicionarmos de maneira definitiva. Apresentei o que havia visto na cidade e todos foram unânimes: Poços de Caldas poderia dar, realmente, um grande enredo, a partir do momento em que a Comissão de www beija-flor oom
tJf
Carnaval o desenvolvesse. Essa 101praticamente a única exigência que fizemos ao pessoal de Poços de Caldas: que o desenvolvimento do enredo ficasse exclusIvamente por conta da Comissão de Carnaval", revela Shangai. DESENVOLVIMENTO
DO CARNAVAL
Mas o porquê da exigência? Para o leigo, pode parecer que, depois de escolhido o enredo, o desfile surge naturalmente. Mas não é verdade. Nessa hora, o papel da Comissão de Carnaval é essencial. Um desenvolvimento equivocado pode levar à ruínaum bom enredo. Segundo Laíla,diretor de carnaval da Beija-Flor de Nilópolls e um dos mais experientes carnavalescos da atualidade, "Decidimos trabalhar um enredo sobre o tema 'águas', na certeza de que, aSSim, poderíamos desenvolver um grande trabalho No entanto, é essencial que a escola saiba trabalhar bem no desenvolvimento do enredo. É esse desenvolvimento que vai gerar, na verdade, o desfile na avenida Você pode ter um mesmo enredo com diversosdesenvoMnnentos,cada um diferente do outro, Uns melhores. outros piores, do ponto de vista de um espetáculo de carnaval. E é esse um importante passo para um bom desfile", conclui. E para que a Comissão de Carnaval possa trabalhar no desenvolvimento do enredo. os historiadores da Beija-Flor começam a realizaras pesquisas que darão subsidios à Comissão Coordenado pela cíentlsta social Bianca Behends, o setor de pesquisa da Beija-Flor de Nilópolls faz um levantamento em documentos, publicações e, inclusive, ouve depoimentos de pessoas na região de Poços de Caldas, para que possa apresentar à Comissão de Carnaval o maior número possível de documentos e abordagens: "Nossa função é aparentemente secundária, porque cabe a nós fazer o levantamento das informações que a Comissão de Carnaval vai consultar. No entanto, o trabalho que a equipe de historiadores desenvolve é, na verdade, Importantíssima, pois se apresentamos Informações equivocadas. ou pouca variedade de dados. limitamos o campo de criação dos carnavalescos", revela Bianca. De posse dessas informações, começa a fase mais mágica e artistica do desfrle de carnaval: a formatação do desfile, com a criação do concerto do desfile, das alas e dos carros alegóricos "Você acha que é fácil criar um desfile?", provoca Cid Carvalho. "Não, meu querido. Fazer um desfile, pensar cada carro, o que vai em Cima deles, as cores, as temáticas, a mensagem que devem passar" E as alas? Pensar em cada ala. dai a ela nomes coerentes. desenvolver fantaSias que transmitam a mensagem
que a escola se comprometeu a passar". São tarefas que exigem muita criatividade dos carnavalescos, muito conhecimento sobre as possibilidades e o potencial que cada assunto pode oferecer, para então chegar na avenida um belíssimo carnaval. É tempo. É experiência É dedicação. Não basta se dizer carnavalesco para ser um. E nós. aqui na Beija-Flor de Nilópolis, podemos nos gabar de ter cinco carnavalescos." Na mesma linha de pensamento, Shangai conclui: "Muitas vezes as pessoas não têm idéia do que é criado aqui dentro da Beija-Flor pela Comissão de Carnaval. O desfrle pela televisão mUitas vezes não permite que o espectador perceba detalhes que são desenvolvidos, sutilezas que são criadas. Só quem está na avenida, prestando atenção, consegue descobrrr algumas das SutiScriações artísticas que fazemos. Somos artistas, sim. Só que não exageramos no nosso marketlng pessoal, procurando uma viSibilidade excessiva. E isso muitas vezes dá a Impressão de que a nossa tarela é facilmente substituída por outros. Mas não é. Fazemos o nosso trabalho com dedicação e amor. mas principalmente utilizamos todo um conhecimento que adqulrrmos ao longo de anos lrabalhando com carnaval." t,
.'r.:> ri'
2( ~ o;
9
DESFILE 2006 Será que, a exemplo de outros anos, a agremiação utilizará a avenida para transmitir alguma mensagem? Segundo Ubiratan Silva, o Bira, "o carnaval para nós é e sempre será uma festa alegre, portadora de uma mensagem positiva, Mas é natural que aproveitemos esse instrumento de comunicação de massa para levar uma mensagem renovadora, de paz, de felicidade ... Falar de Poços de Caldas. esse lugar lindissimo e cheio de magia, é falar de preservação, porque, se o homem não cuidar do que tem, em breve não terá à sua disposição lugares como esse para usufruir de paz e saúde, física e espiritual. Mas, além de mandar essa mensagem, vamos envolver o público num clima místico. falando de dragões, sereias, Medusa ... Sinto que nesse ano vamos fazer um grande carnaval. A gente sente quando ele está sendo produzido. E tenho sentido isso. Um carnaval maior que o de 2005". "Um carnaval maior, mas mais enxuto". Segundo Fran Sérgio, além de manter a linha que definiu em 2005, com fantasias mais claras, a Beija-Flor de Nilópolis prepara um desfile mais enxuto, com um número menor de componentes: "A Comissão de Carnaval chegou à conclusão de que precisava reduzir o número de componentes. Com isso, vamos fazer um desfile mais cadenciado e mais leve. Dentro de uma ótica especifica, uma escola com muitos componentes pode ter dificuldades na evolução. São muitas pessoas para atravessar a Sapucaí dentro de um espaço de tempo que pode ser, sob essa ótica, curto. Menos gente dará uma leveza à evolução da escola na avenida. E tenho certeza de que isso vai dar um grande diferenciai à escola: a grande diferença será o chão da escola. Quero chamar a atenção do público para o desenvolvimento do carnaval na avenida pela maneira mais limpa, mais moderna, mas sem perder o lado barroco da festa. Acho que a linguagem do nosso carnaval vai surpreender o público." É aguardar e conferir.
11 D
Revisla Beija-Aor de NII6polis
MILACULOUS WATERS OF L1FE
The parade 01lhe Special Group 01Samba Schools lor 2006 promises to be one 01 lhe mosl compelitive in recenl years. It's lhe so-called Beija-Flor ellecl, relerring to lhe carnival associalion. or "samba school", lrom the city 01Nilรณpclis None 01 Rio's olher samba schools wants to see lhe blue and whlte of Nilรณpolis laking home the champion's trophy once again, For lhis reason, more lhan juSl putting on a slriking parade, the schools 01 the Special Group will be marching down Sapucai Avenue molivated by a common objective: lo beat lhe leader 01 recenl years. Bul the members of Beija Flor already expected lhis. After ali, lhey aren'l rookies aI Ihis game, and aren'l worried aboul the competilrve atmosphere. They know lhal Carnival is won on lhe avenue, after inlense and well-planned work. And lhis is exactly whal Beija-Flor of Nilรณpclis has been doing in recent years: puttrng on a slunning and organized parade, wilh ali lhe characteristics of a champion's marcho Now lhey're looking forward lo winning lheir lourlh slraighl championshrp. Bul lo reach lhis pcinl, besides excellenl basic work, they need lo choose a good lheme and know how lo exploit it wilh lasle and inlelligence. 11the popular saying is lhal a gooo soccer team begins with a good goalkeeper, il is equally lrue thal a gooo parade starts with a good lheme. It's nol enough lo have lhe besl pecple - the mestre-sala (master of ceremonies) and porta-bandeira (slandard bearer), Baianas (women dressed in traditional clothing lrom Bahia) and lhe resl of lhe community, il you don't have a gooo theme, For thrsreason, lo bring hcme lheir lourth championship in a row, Beija-Flor 01Nilรณpclis has embraced lhe lorce and energy of the waters 10choose a slrong and renovaling theme: "Poรงos de Caldas spills its miraculous walers over lhe earth: Irom original chaos to the explosion 01tife- water, lhe mother ship of exislence". te\lere ro 2006
THE STORY BEHIND THE THEME Tamir,in charge of lhe associalion's slaging hall and lhe firsl person lo lake lhe idea lo lhe camival committee, recounts lhat "during achaI with my mend Marcus Togni, who is president of lhe Poços de Caldas city council and head 01 lhe city's leading samba sChool, Sacip6, the subjecl got around lo the challenge of winning a fourth championsh,p and he menlioned his desire lo see lhe city 01Poços de Caldas [wihichmeans "Hol Springs" in Portuguese) as lhe school's lheme, Knowing the city and rtsnatural beauty, I was sure lhal if lhe camival committee used his basic ideas we'd have a beautiful parade. Back in Rio de Janeiro, I soughl oul Shangai, wihois one of lhe carnival committee members, and presenled lhe idea lo him. Shangai lhoughl it was inlriguing and decided lo hear the opinion of Anízio,whowas aI lhe hall.After we presented sUCClnctly10him lhe idea of a carnival aboul lhe city 01Poços de Caldas, Anizio told Shangai to go lhere and Sludy whether il could really make a good lheme," says Tamir, lhe reader can imagine lhe rest. Shangai was amazed wrthlhe city, but "wilhout losing lhe perspeclive lhal Iwas dealing wilh camival, I mel with the members of the camival committee 50 we could logelher evaJuatelhe silualion carefully,and we mede up our minds, I presenled whal I'd seen in lhe crtyand lhe decision was unanimous: Poços de Caldas really could be a great lhame, if developed properly by lhe committee, lhis was praclically lhe only requirement we made of lhe people of Poços de Caldas: lhal lhe lheme be developed exdusively by the camival committee", reveals Shangai.
DEVELOPMENT OF CARNIVAL Bul why lhis requirement? For a layperson, il mighl seem lhal after choosing lhe lheme, lhe parade emerges nalurally. Bul lhat's nol how il is, At lhis point, lhe role of the carnival committee is essential. Mislakes in developing lhe idea can lead lo lhe ruin of a goOO lheme. According lo Laíla, carnival direclor of Beija-Flor of Nilópolis and one of IOOay'smosl experienced carnavalescos. "We decided lo work with a script on lhe lheme 'walers', certain lhal we could develop a greal work, Nevertheless, the school has lo know how lo work well in developing lhe lheme. And lhis developmenl is whal really leads lo lhe parade on lhe avenue. Vou can have lhe same lheme and develop il in many ways. each one difterent. Some better, some worse from lhe slandpoinl of a carnival speclacle. And lhis is an important slep for a good parade." he slales. Toenable lhe carnival commiltee lo develop lhe lheme, Beija-Flor's hislory researchers slarled lo galher informalion lo provide the raw malerial for lhe committee to work wilh. Coordinated by social scienlist Bianca Behends. the research slaft of Beija-Flor of Nilópolis sludied documents, pUblications and even heard recollections of people from lhe Poços de Caldas region, to presenllo lhe committee the grealesl number of documenls and possible approaches: "Our function is apparenlly secondary because we're asked to galher the raw information lhal the carnlval commlttee will consult. Bul in reality, lhe work of lhe hislorical leam is key, because il we present incorrecl informalion, or little variety of dala, we limil the crealive lield of lhe carnavalescos, " reveals Bianca. With lhis informalion in hand, lhe mosl magical and arlislic phase 01 the carnival experience starls: formatting lhe parade, creating its concept, lhe alas (seclions) and carros alegóricos (ftcals). "Vou lhink it's easy creating a parade?". asks Cid Carvalho. "No way. Putting on a winning parade, lhinking of each ficaI. v.mt "",11 be on!hem. lhe coIors,lhe messagethat "",11 be conveyed .. And WNW beija-flor com tl<
the sections? Thinking of each section, giving coherent names, developing costumes that transmrt lhe message lhat lhe school is commltled to getling across ...These are tasks lhat demand plenty of creatMty of lhe camavalescos, lots of knO'v'lledgeof the possibllities and lhe potentlal that each subject tias to offer,to reachlhe avenue with a beauüful spectacle. And time. It takes time, experience and dedication. l1'snertenough to sayyou're a camavalesco to be one. And we here aI Beija-Flor of Nl16po1is,we can brag of having five camavalescos." In the same line of though!, Shangai concludes: "Often pecple don't realize what we create here in the carnival committee. The parade on television often doesn't permlt the viewer to see the details that are developed, subtleties that are created. Only someone watching in person, paying close attention, manages to discover some of our subtle artistic creations. We're artlsts, yes. Only we don't exaggerate our personal marketing, seeking excessive visibl1ity. And many times lhis gives the impression that our job could easily be done by others. But i1's can'!, We do our work wlth dedication and love, but mainly we use ali the knowledge we've acquired over lhe years working on carnivals." THE 2006 PARA0 E Will it be like in other years? Will the association use the avenue to transmit a resonant message? According to Ubiratan Silva, or Bira for short, "Carnival for uSwill always be a happy festival, carrying a positive message. But i1's natural for us to take advantage of this opportunity for
114
ReI/ISla Beija-Flor de NII6polis
mass communication to bring an invigorating message, of peace and happiness ...To speak of Poços de Caldas. this marvelous place full of magic, is to speak of preservation, because Ifwe don't take care of what we've got, soon we won't have places like this to enjoy peace and health, both physlcal and spiritual. But besldes bringing this message, we're going to involve the public in a mystical climate, speaking of dragons, mermaids, medusas ... I reallythink this year we're going to put on a great carnival. We can feel it even in the preparations. I can sense il. It's going to be even better than in 2005." ')I, grander camival, but a leaner one as well." According to Fran Sérgio, besides maintaining the line defined in 2005, wlth lighter costumes, Beija-Flor of Nil6polis is preparing a slimmed down parade, with fewer components: "The camival committee concluded that we needec to reduce the number of marchers. WiIh this we're going to put on a parade that is more cadenced and lighter.From a certain perspectiva, a school with many pecple parading can have difficulty in evolution. There are a lot of pecple ali marching down Sapucaí Avenue in a short space of time, perhaps from lhis viewpoint too short. Fewer people will give a lighter feeling, making lhe evoIution easier.And I'm sure this will make a big difference. You'lI be able to see It on the ground. I want to draw pecples' atlention to lhe development of carnlval on the avenue, in a cleaner, more modem manner, but wilhout losing lhe Baroque side of lhe festival. Ithink lhe language of our carnival will surprise lhe public."
Le1's wait and see. WoMN
belja-flor.com br
VIVERSAO A lOVA HORA
COPACABANA BINGO COPACABANA Copacabana, 673 673 Av. Nossa Senhora de Copacabana, Copacabana - Rio Rio de Janeiro Copacabana Tel.: (21) (21) 2548-0364 2548-0364 Tel.:
Apartamentos Apartamentos com vista v1sta para oo mar, spa, restaurante, shows intemacionais, rntemacionais, gente rica nca ee famosa ee
melhor cassino da América Aménca Latina, Latina. Conrad. Conrad Um desfile de atrações onde oo luxo é oo enredo principal. oo melhor
.J Nosso desfile de atrações é como o Carnaval: cheio de vida, luxo e alegria.
SÃO PAULO 11 3040 3838 OUTRAS LOCALIOAOES 0800 770 5065 WWW.CONRAD.COM.UY
CONRAD PUNTA DEL ESTE RESORT &. CASINO .\()l
1\
()(
t"
I
()
~l
\11
K()
1
-
A GRANDE EXPLOSAO NO CAOS INICIAL E A ESTRELA DE FOGO SINGULARIDADE - A ORIGEM DO UNIVERSO E DO PLANETA ÁGUA COMISSÃO DE FRENTE
C
om a missão de levantar o público da Sapucaf, exibindo parte do que será mostrado no todo pela Beija-Flor de Nilópolis, a Comissão de Frente, formada por 15 jovens bailarinos apaixonados pelo que fazem, promete várias surpresas para o espetáculo. Segundo a coreógrafa da Comissão, Gislaine Cavalcante, "este ano nosso grupo é formado por 12 mulheres e cinco rapazes que estarão abrindo o desfile na Sapucaí
I !O
RevIsta Beija-Flor de Nilópolis
explorando a questão da água dentro do ponto de vista da preservação, Queremos fazer um espetáculo bonito e criativo, mas principalmente, queremos chamar a atenção para a necessidade de a sociedade se envolver mais em questões graves de sobrevivência, e que a tocam diretamente. A falta de recursos hídricos é uma dessas questóes. Para isso, para conciliar arte e conscientização, investimos muito tempo e trabalho com c(J(eografias originais e muito bonitas. Tenho certeza de que vamos sensibilizar o nosso público," W'lM,beija-f1or com br
,
VIA LACTEA LÁCTEA A GALÁXIA DO A GALÁXIA DO SISTEM
SOLAR
L
ClrOnal ZOOS
Quando entrarem na avenida, Claudinho e Selminha Sorriso vão proporcionar ao público visitante esperados momentos de emoção. Casal mais antigo a participar do desfile do grupo especial, juntos há 15 anos, Claudinho e Selminha são oonsiderados o pnncipal casal de mestre-sala e portabandeira da atualidade. Companheiros de avenida desde a época do Estácio, Claudinho e Seiminha foram "pescados" por Laíla a fim de contribuírem para o desenvolvimento de um projeto que a Beija-Flor de Nilópolis estava implantando. Hoje, passados 15 anos, 11 dos quais na Beija-Flor de Nilópolis, os frutos que colhem são evidentes: "Graças ao trabalho que a Beija-Flor de Nilópolis desenvolveu nesses últimos anos, consolidamos nossa dupla na avenida. Hoje, Seiminha e eu entramos na Sapucai com total segurança de que vamos fazer uma apresentação à altura da escola que defendemos. E o público já sabe que vamos fazer uma apresentação que prima pela qualidade e pela beleza", comenta Claudinho, Mas, para chegar onde chegaram, com o respeito e a credibilidade em nível mundial, Claudinho e Seiminha batalharam muito, "Priorizamos nos manter entre os melhores casais de mestre-sala e porta-bandeira. Para isso, sabíamos desde o princípio que terlamos que renunciar a muita coisa e nos dedicar aos ensaios com muita garra e determinação. Hoje, o reconhecimento que temos é o nosso grande presente. E defender o pavilhão da Beija-Flor de Nilópolis, para mim, é uma grande honra", declara, emocionada, Selma Rocha, a Seiminha Sorriso, advogada e soldado do Corpo de Bombeiros e secretária auxiliar do Juiz Marcius Ferreira, do Tribunal de Justiça Militar do Rio de Janeiro. Segundo Selminha, uma das maiores ale. grias para ambos é ver a arte que desenvolvem sendo reconhecida pelo público, tanto na Sapucaí quanto em diversos locais onde
I!Z
Revsra Beija-Flor de NII6polis
se apresentam, e pela agremiação: "Não somos apenas dançarinos: Somos artistas, Criamos. Juntos, eu e Claudinho criamos nossa dança na avenida para levar uma mensagem ao grande público, E este ano, quando ouvi o samba, pensei: 'é um samba maravilhoso, mas como vamos dançá.lo na avenida?' AI, comecei a ouvir o samba exaustivamente para que, aos poucos, as idéias fossem surgindo. Quando os esboços do que poderia ser a minha dança e a do Cláudio estavam mais claros para mim, nos reunimos e mostrei a ele o que tinha em mente," "Nos nossos inúmeros ensaios, a gente discute oomo pode ou não pode ser a dança que vamos apresentar na avenida, A Selminha me apresenta o que imaginou e eu apresento a ela o que foi que eu pensei. É natural que a parte principal da dança do mestre-sala seja concebida por mim, com algumas sugestões dela. E o contrá. rio também se dá Ela concebe a maior parte da dança da porta-bandeira, e eu dou minhas opiniões. Como trabalhamos há muitos anos juntos, o que cada um sugere para o outro sempre acaba sendo incorporado à dança. E porque nos respertamos muito, a gente nunca se indispõe um com o outro. E talvez seja essa uma das razões por que a gente está junto há tanto tempo, o respeito e a admiração que ambos sentimos um pelo outro", conclui Claudinho, que também integra o qua. dro do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio.
A EXPLOSÃO DO UNIVERSO COMUNIDADE TEATRAL Centuriões eram os comandantes de uma centúria. Por centúria entende-se a companhia formada por 100 (cem) soldados na Roma antiga, sob o comando de um centurião. Os centuriões eram considerados a espinha dorsal do exército romano; frios soldados a serviço de um império que massacrava, Centurião era um
wwwbeija.florcom
br
oficial do exército romano que comandava uma legião de cem soldados, formando com ele uma ~uena base militar em locais estratégicos para as gurar a ordem e bom andamento do Império. O GRES Beija-Florde NilópoIis hoje ostenta o titulo de tricampeão do carnaval carioca. Como sempre se afirma dentro da escola, esses titulos são uma vitória do grupo, não da unidade: alas bem saiadas desfilando em harmonia e com muita energia, que é sentida pelo público. Mais um atrativo que vem chamando a atenção nos desfiles da azul e branco de Nilópolis é a dramatização de histórias ou fatos promovida desde o carnaval de 2003 or mais de 400 desfilantes. Todos esses movim ntos, caras e expressões que cativam o público durante o desfile da escola são o resultado de um trabalho dedicado e exaustivo de um grupo de colaboradores amadores, formado po vigias de shoppings centers, empregadas domésticas, advogados, bailarinos, pedreiros e estudantes que não contam as horas para dar a sua contribuição à Beija-Flor de Nilópolis. À frente dessa equipe, está o diretor teatral da agremiação, o maranhense Hilton Castro. Nascido em São Luis, Hilton deixou a sua cidade ao 14 anos de idade, quando sentiu a necessidade de descobrir o mundo: "Cer1o dia falei à minha mãe: 'Mãe, uero conhecer o mundo.' E fui." Quem vé a empolgação de Hilton na avenida à frente da ala de aber1ura- depois da Comissão de Frente e do casal de Mestre-sala e Por1a-bandeira- não imagina que aquele momento é a colheita de um trabalho que durou mais de quatro meses, com ensaios exaustivos de 460 pessoas, com coreografias e movimentos corporais distintos "Ensaiamos as coreografias e os movimentos corporais nas noites de segunda a qUinta-feira com grupos distintos, e vamos transmitir ao público mUitaenergia. Os carros alegóricos contam um pedacinho de uma história, que é o enredo. Vamos trabalhar desde a explosão do universo ao retorno de Atlantis, passando pelas águas milagrosas de Poços de Caldas ... No chão, além dos oito carros, tenho um grupo que antecede o carro Abre Alas: é a Grande Explosão, antes de tudo acontecer. São mais de 40 pessoas no chão Depois vém os primatas, com 60 homens apresentando a evolução do primata até o que nos tornamos hoje. Temos as sereias. 46, que são as européias, e o oceano e as laras, 40, que representam as águas de rios doces. as indigenas. as morenas e a miscigenação."
um trabalho Intenso, que começa quando pego a letra do samba-enredo e a estudo, imaginando o que ca estrofe tem a dizer. Depois diSSO,começo a pensar as oreografias para cada segmento. Busco que a expre são corporal de cada segmento represente determinada estrofe. Ai me reúno com meus pupilos e apresento o que quero de cada um deles. É óbvio que esse é um trabalho de interação e troca. Se algum deles tem uma idéia que pode ser mais bem-sucedida que a que apresento. nós a testamos. Se der cer1o,ótimo para a escola. Mas como será ensaiar mais de 400 pessoas que
não possuem nenhuma cultura de dramalização? Como exigir que um pedreiro, um bailarino, um cabeleirelfo e um policial entendam o que a escola quer deles? Segundo Hilton, "Gosto de trabalhar a massa. O que vemos aqui é realmente uma mistura absoluta. Temos. sim, de pedreiros a bailannos profissionais. e o grande trabalho é passar para todos a mesma sintonia Isso porque o resto está no sangue deles. O fato de um pedrelfo não trabalhar com Me oficiai não significa que ele não tenha esse dom adormecido dentro dele. Por isso, O trabalho acaba sendo fácil. Talvezo que seja um pouco mais dlficil é trabalhar a disciplina. mas ISSO já é esperado. E com os ensaios vamos ajustando as arestas e disciplinando o grupo. No fim, o que moliva todos é aproveitar a opor1unldade de dar o melhor de si. E isso eles fazem. Na avenida e na vida", conclui. (RDF)
ALEGORIA 1 - CARRO ABRE-ALAS: "A GRANDE EXPLOSÃO NO CAOS INICIAL E A ESTRELA DE FOGO" (•..• 1 rClr,
<:.(l~
23 I
Há 17 anos atuando como pnnclpal destaque da Beija-Flor de Nilópolis. a jornalista e advogada Fabíola David. mãe de Gabriel e Mlcaela David. tem levado para a avenida a graça e a beleza do povo mineirO Nascida na cidade de São João de Nepomuceno.
MG, Fabíola confldencia
que "ver
a cidade de Poços de Caldas sendo homenageada pela Beija-Flor de Nilópolls é muito bom É como se estivéssemos homenageando
o estado em que
nasci, que tem mUitas cidades lindíssimas mim, Poços de Caldas está representando
Para muito
bem a região e, inspírada nas belezas da cidade. tenho certeza de que a Beija-Flor de Nilópolis vai fazer um inesquecível desfile." Confiante na conquista de mais um título para o povo da baixada. Fabíola não esconde seu estado de espírito para a disputa do inédito e ambicionado título: "Estou muito confiante e empolgada
com
o desfile que faremos. Estamos lutando pelo tetra. algo que, desde a fundação
da Liesa. nenhuma
escola conseguiu. Além diSSO,estaremos lembrando, na avenida, os 30 anos da conquisfa do primeiro título da escola no grupo de Elite do carnaval canoca. Isso vai mexer mUito com todos os componentes da escola, que estarão envolvidos com o som forte e ritmado da bateria. a vibração e a energia do público. Fica ditícil não se emocionar e. de alguma forma. evocar a lembrança de tantas pessoas que ajudaram
a construir
a Beija-Flor
de
Nilópolis Tenho certeza de que muitos deles estarão, em espínto, ao lado de cada componente
da
escola injetando força. ãnimo e garra, conta9'ando, assim, todo o público da Sapucaí para que Vibrem e torçam conosco por mars esse título" Desfilando com algumas modificações gurino, Fabíola esclarece:
no fi-
"Diferentemente
dos
anos anteriores, em que eu desfilava com uma fanlasia com as cores da escola. azul e branco. esse ano desfilarei com uma fantasia que mistura preto com tons de azul, representando verso.
a origem do uni-
O carro abre-alas vai retratar o período an-
terior ao surgimento do sistema solar, e, por ISSO,a Comissão de Carnaval achou por bem utilizar em minha fantasia esses tons. Ao mesmo tempo em que faremos referência ao caos inicial, ao nada, ao vazio, ao sem forma e ao sem cor ... Por isso o tom negro da fantasia, mesclado com tons de azul que remetem à expansão do universo e às cores da escola" (RDF)
-~I
25
1
A TERRA PRIMITIVA E , AAGUA-O GÊNESIS DA VIDA o
CAOS INICIAL
ALA COMUNIDADE O caos inicial era o nada; o vazio. O ponto de partida para o surgimento do mundo; do céu e da Terra.
A GRANDE EXPLOSÃO ALA COMUNIDADE A Teoria da Grande Explosão, também conhecida como Teoria do Big Bang, é a teoria segundo a qual o universo teria surgido a partir de uma monumental explosão ocorrida entre 10 e 15 bilhões de anos atrás. Nesse momento, denominado singularidade pelos cientistas, surgiram simultaneamente o espaço, o tempo e toda a matéria e energia existentes hoje.
A ESTRELA DE FOGO ALA KARISMA O Sol, também denominado "Estrela de Fogo", teria surgido a partir da aglomeração de poeira cós e gases, em determinado ponto da Via Láctea. O s r Rei é basicamente uma enorme esfera de gás incandescente, em cujo núcleo acontece a gera~ de energia através de reações termo-nucleares. apresenta 99,867 % de toda a massa do Sistema Soja , enquanto 09 planetas,138 satélites e milhares asteróides e cometas dividem a massa restante,~
AS IMENSAS TEMPESTADES
@ a
ALA JOVEM FLU As tempestades, também conhecidas como te /1 porais ou procelas, ocorrem em função de viole t agitações da atmosfera, por vezes acompanhadas'd chuvas, granizo ou trovões. Taisfenômenos, de imenv
www belja-nor.com br
sas proporções, descarregaram grandes quantidades de água sobre a Terra, resfriando e solidificando a sua
ARACNioEOS - OS PRIMEIROS TANTES TERRESTRES
HABI.
superfície que, até então, era formada de matéria muito quente.
ALA ANIMAÇÃO CULTURAL
COMETAS DE GELO
de antenas e com quatro pares de patas ambulatórias,
ALA DAS BAIANAS
foram os prrmeiros habitantes da Terrafirme, juntamente com os insetos.
Na Era Primitiva o mundo era do~minado
por
invertebrados. Os aracnídeos, artrópodes desprovidos
Os cometas são corpos celestes do sistema solar, constituídos por três partes: núcleo, coma e cauda. Assemelham-se
à asteróides, e são compostos princi-
palmente de gelo (não apenas o gelo feito de água,
ARRAIAS DA ERA PRIMÁRIA ALA COMIGO NINGUÉM PODE
mas também de outras substâncias) e rochas. Descre-
Os peixes foram muito numerosos no Periodo Pri-
vem órbita em torno do Sol, e suas caudas caracterís-
mário. As cartilaginosas arraias, com seu formato se-
à medida que se
melhante a discos achatados nas bordas, foram uma
tícas começam a surgir justamente aproximam dele.
dessas espécies gigantescas que habitaram o fundo das águas.
ERA GLACIAL ALA COMUNIDADE As calotas glaciais surgiram pela primeira vez en-
RÉPTEIS
PRIMITIVOS
ALA TOM E JERRY
tre 06 e 10 milhões de anos atrás, provavelmente no
Na Era Primária, os animais iniciaram uma grande
norte. Na realidade, ocorreram diversas "Eras do Gelo".
transformação, a qual lhes permitia realizar a transfe-
Estima-se que a Idade do Gelo (ou Era Glacial) ocor-
rência da água para a terra. Considera-se os prrmeiros
reu há cerca de 20 mil anos, no final do períOdo
répteis verdadeiros
animais
muito pequenos
do
paleolítico. Com temperaturas médias baixíssimas,
Carbonifero Superior, com hábitos terrestres, membros
neste período a Terra teve suas calotas polares ampli-
muito desenvolvidos e tronco curto. O réptil mais anti-
adas, diminuindo o nível dos oceanos e gerando condições de vida inóspitas
go conhecido é o Hylonomus, encontrado fosSilizado
ÁTOMOS E MOLÉCULAS - O MANI. FESTAR DA VIDA ALA COMUNIDADE Nas águas, enfim, manifestou-se a vida. Átomos, as menores partículas que se pode obter da divisão de
dentro de um tronco de licopodínea, rodeado de sedimento,
HOMEM HOMEM PRIMATA - O DOM DA INTELIGÊNCIA ALA COMUNIDADE 'TEATRAL" Durante muito tempo a vida gerada na água evo-
um elemento, interligaram-se e formaram agregados
luiu e ganhou contornos complexos. Surge o Homem
de moléculas, impelindo a centelha da existência para os rios e oceanos rudimentares.
dos. Dotado de intelígência, um dos fatores que o dis-
GIGANTESCAS
mentos e utensílios, a fim de facilitar a sua vida. Vivia
primitivo, forte e com músculos bastante desenvolvitinguia das outras espécies, passou a produzir instru-
PLANTAS PRIMITIVAS
ALA COMUNIDADE Na Era Primária, a vida explodiu de maneira sur-
no nomadismo e, nos prrmórdios da comunicação, se expressava por gestos, imagens e sons.
preendente; primeiro na água, depois, ainda modesta, em terra firme. Os primeiros organismos vegetais existentes na Terra Primitiva germinaram e se desenvolveram a partir das águas.
ALEGORIA 2: 'A TERRA PRIMITIVA E A ÁGUA. O GÊNESIS DA VIDA'
AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES SE BANHARAM NAS ÁGUAS DA VIDA EGITO - O RIO NILO ALA BEIJERê E ALA MUVUCA Divina Fonte de Energia, a água banhou de progresso a antiguidade, que irrigada e fértil, assistiu à antigas civilizações florescerem ao longo dos rios e mares, Na região do Vale do rio Nilo, foram construídas Cidades-Estados, Dotado de extrema importância para os egípcios. o rio Nilo era utilizado como via de transporte de mercadorias e pessoas. e suas águas também eram utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens,
iNDIA - O RIO INDO CABULOSOS Assim como a própria vida, a humanidade, através dos tempos, desenvolveu-se ao longo dos rios e
28
ReV'SlaBeija-Flor de Nil6polis
mares, A história da fndia começa com o surgimento da civilização em cidades no Vale do rio Indo, Nessa região, foram construídas várias cidades, que possulam inclusive sistemas de fornecimento de água, canalizações de esgoto e piscinas para banhos públicos,
GRÉCIA - O MAR EGEU ALA AMIZADE E ALA SEM COMPROMISSO A Grécia, primeira civilização européia a ser fundada, surgiu numa paisagem isolada. de bacias férteis, O coração da cultura grega estava nas terras do litoral do Mar Egeu, e o contato marltimo era o vinculo que mantinha unido o mundo grego, estimulando de modo extraordinário o crescimento da navegação e do comércio marítimo, lfI'NW
beija-nor.com br
ClPnaval2DD& ANTIGAS
CIVILIZAÇÕES
CASAIS DE MESTRE-SALA E PORTABANDEIRA (2°, 3°, 4°,5° E MIRIM) Envolvidos em um entrosamento mágico, o 2° casai de Meste-sala e Porta-bandeira, Carlos Augusto e Janailce, mais uma vez entram na Avenida mostrando ao público que a Beija-Flor é uma escola de campeões. Conscientes da responsabilidade que assumiram, não negam fogo: "Estamos tranqUllos para mais uma vez entrar na Avenida e representar essa escola maravilhosa, que só nos dá alegria. Não vai haver tempo ruim. Vamos dançar e levar o titulo para casa.", comente empolgada Janailce AdJane, um linda negra levada à Beija-Flor pelo olho clinico de Laila. Carlos Augusto, também conhecido do público pela bela performance na Sapucai, também é enfático, apesar de mais cauteloso: "A Beija-Flor tem todas as qualificações para ser tetracampeá. E vamos lutar com muita garra para isso acontecer. Mas sabemos que é um grande desafio e que as outras escolas se prepararam para fazer um desfile tão bom quanto o nosso. Competição é isso, quem está na frente é perseguida e quem vem depois, corre atrás do prejuízo" Se depender desse belo e entrosado casal de Mestre-saia e Porta-bandeira, estamos tranqüilos.
CHINA - O RIO AMARELO ALTO ASTRAL A civilização chinesa, uma das mais antigas da História, nasceu na grande planície banhada pelo Rio Amarelo. A economia e a cultura da Antigüidade chinesa eram relativamente desenvolvidas, e em épocas prósperas da sociedade feudal chinesa, impulsionouse a construção naval.
AssiRIA - O RIO TIGRE SIGNOS Grandes civilizações da antiguidade se banharam na fartura que a água assegurava. A Assiria, ou pais de Assur, situa-se na parte setentrional da Mesopotâmia: e expandiu-se pelo rio Tigre desde o norte do Egito até o oeste de Irá.Os assirios organizaram um exército temível e realizaramobras importantes, sobretudo hidráulicas.
BABILÕNIA - O RIO EUFRATES ALA VAMOS NESSA E ALA 1001 NOITES Por volta de 2.000 aC., amonitas do deserto invadiram as cidades-estados sumerianas e acadianas e fundaram a cidade da Babilônia, situada às margens do rio Eufrates. O progresso econômico dos babilôniCOS conduziu ao embelezamento das cidades, com a construção de palácios, templos, da Torre de Babel e dos Jardins Suspensos da Babilônia - considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
VIKINGS - NAVEGADORES ESCANDINAVOS COMUNIDADE Viking é o nome dado aos guerreiros, navegadores e comerciantes dos países escandinavos que realizaram expedições marítimas do fim do século VIIIao começo do século XI. Colonizaram diferentes regiões e também ticaram conhecidos com os nomes de normandos e varegos.
ALEGORIA 3: "AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES SE BANHARAM NAS ÁGUAS DA VIDA"
I, v "eH
2')0,
291
-
IVILIZAÇOES NAS ÁGUAS
DRAGÕES E SERPENTES - FABULOSOS MONSTROS MARINHOS COMUNIDADE Misterioso, o mar leva o homem a imaginar, antes de o conhecer, um infindável número de mitos e transformá-los em lendas. Os dragões, monstros fabulosos com língua sagital ou bífida, garras, asas, cauda de cobra e corpo coberto de escamas e monstruosas serpentes marinhas faziam, segundo a imaginação dos navegantes, morada nas águas dos oceanos.
SEREIAS - A SEDUÇÃO MITOlÓGICA COMUNIDADE TEATRAL O mar exerce grande fasdnio sobre a humanidade desde o princípio dos tempos e por isso começou a ser povoado por seres fantásticos. As belas e sedutoras sereias são seres mitológicos. metade mulher e metade peixe. cujos cantos eram tão suaves. que atraIam os navegantes para o fundo das águas. onde naufragavam e morriam.
O GRANDE ABISMO - O IMAGINÁRIO DOS NAVEGANTES ALA SAMBANDO NA BEIJA-FLOR E ALA TRAVESSIA Civilizações de guerreiros acreditavam que o mundo acabava na linha do horizonte. e quem dela se aproximasse cairia do mundo. onde o mar derramava suas águas. no vazio abismo sem fim. Durante muito tempo, o mundo foi um tabuleiro de onde o mar se despencava. Já foi suportado por homens fenomenais. gigantesco elefante ou tartaruga. mas sempre misterioso. WNW
beija-flor.com
br
Carnaval 2008 GOTA D'ÁGUA 1° PASSISTA
O CLAMOR QUE VEM DAS ÁGUAS INTÉRPRETE
2006 será um ano especial para o jovem e talentoso passita Edson Biltencourt. No desfile do tetra, Edinho,
Mais uma vez a Avenida vai tremer ao som já consagrado do "Olha a Beija-Flor ai, gente!"
como é carinhosamente chamado pelos amigos, Irá
Motivado pelo desafio do letracampeonato, Neguinho da Beija-Flor deixa claro o espinto dos puxadores para o Desfile de 2006: "A rapaziada está muito motivada. Temos ensaiado forte para que e gente possa fazer a nossa parte no Desfile e ajudar a Beija-Flor a ser mais uma vez a melhor. E pelo que tenho visfo nos ensaios, o Desfile vai ser muito bonito." Para Neguinho, o Deslile da Beija-Flor desse ano promete ser um dos mais bonitos da sua história. HIStória que ele lembra com muita emoção, afinal, Neguinho Já defende o hino da agremiação desde 1975, tendo sido, inclusive o puxador do samba enredo campeção de 1976 "Sonhar com Rei, dá leão", do qual foi, também, compositor.
comemorar 20 anos de avenida. "Me lembro quando o seu João (João SOIllSO)me levou para a escola. Foi uma emoção muito grande, tão grande como a de desfilar em busca do tetra no ano em que completo 20 anos de dedicação e devoção à essa escola que amo. Tenho certeza de que meu entusiasmo e vontade de vencer vai contagiar minha garotada e fazer com que levemos o titulo para Nllópolís, mais uma vez".
A DANÇA AQUÁTICA PASSISTAS MIRINS E ADULTOS
V~NUS - A MisTICA DEUSA DAS ÁGUAS RAINHA DE BATERIA Quando substituiu a inesquecível Soninha Capeta, Rayssa de Oliveira era ainda uma menina. Em passos tímidos, a menina Rayssa se torna Mulher: de Rainha-menina a rainha-Mulher. Passados três anos do seu primeiro desfile como Rainha de Bateria da Beija-Flor de Nilópolís, Rayssa samba como veterana, Com beleza e segurança, representando, à altura de sua antecessora, o posto que lhe foi conferido, Mais madura, Rayssa já é capaz de saber bem o que quer e o que significa para ela e para a agremiação a sua participação no desfile: "Para mim, além de ser um momento de muita alegria, por poder representar a principal escola de samba do Brasil. é uma grande oportunidade de retnbuiro que a Beija-Florde Nilópolis e a família Abrão David fez por mim. Amadureci e hoje vejo a vida de uma maneira mais adulta, entendendo que somos colocados onde temos uma missão para desempenhar. À frente da bateria dos Mestre Plinioe Paulínho, busco dar graça e beleza ao desfile e, com a ajuda do NelSlnho David, fizemos uma bela apresentação em 2005." Misturando um jeito de menina e de mulher, Rayssa brinca: "Sou 'pé-quente'. Desde que comecei a desfilar como Rainha da Bateria, a Beija-Flor de Nllópolís foi campeã. E esse ano vamos repetir a dose. Até porque é bom ser campeã pela Beija-Flor." (RDF)
Com tanto tempo de avenida pela azul e branco de Nilópolis e tanta história protagonizada, Neguinho dá a receita de tanto sucesso: "O importante é você saber realmente o que quer da sua vida. Depois, além de batalhar muito para consegUir ser o que sonha em ser, é muito importante que você seja uma pessoa amiga, humilde, e principalmente leal às pessoas que acreditam em você. Assim, certamente você vai chegar lá ", conclui o experiente sambisfa
L
tarDaVal 2008 O BALANÇO DAS ÁGUAS BATERIA Representando a água - o combustível da vida., a
trabalho nos ensaios e na avenida. Temos ensaiado
Bateria do GRES Beija-Flor de Nil6polis vai mostrar na
bém algumas novidades que poderão ser um show
avenida porque é o combustível do carnaval.
à parte", declara.
forte, não s6 o básico, o feijão com arroz, mas tam-
Com 250 taientosos ritmistas, ensaiadfssimos, a
Numa cumplicidade
digna dos grandes
par-
Bateria da azul e branco tem protagonizado, nos últi-
ceiros,
mos anos, um dos mais emocionantes momentos do
implantar
as novidades
desfile, arrepiando o público de todas as nacionalida-
sentirmos
que, na avenida,
des. Mas a Bateria tem uma importância que ultrapas-
Não vamos inventar na avenida s6 para dizer que
sa o limite da emoção: "Sobre a Bateria recai uma gran-
inventamos.
de responsabilidade.
der. Estamos aqui para cumprir
Somos talvez os componentes
Mestre Paulinho conclui:
"Mas s6 vamos
que temos ensaiado
se
há clima para isso.
Não estamos na Beija-Flor para peruma tarefa, que
que mais podem atrapalhar o desfile se desempenhar-
é manter a nota máxima no quesito
mos mal a nossa funçâo. Imagine se meus ritmistas
com o grupo para a conquista
começarem a atravessar o samba. Com um erro desse
mos com nota 10, temos que sair com nota 10.
porte, a Seiminha e o Claudinho vâo se confundir na
Por que sacrificar todo o desenvolvimento
coreografia que desenvolveram, A Gislaine e a Comis-
trabalho
são de Frente também terão as coreografias que en-
por uma vaidade
saiaram comprometidas.
O próprio Neguinho vai ter
problemas para puxar o samba e contagiar os compo-
que a escola vem fazendo
Na realidade O
e contribuir
do título. Se entrade um
há um ano
pessoal? Por querer aparecer?
quem é campeã é a Beija-Flor,
Pau linho nem o Plínio. Somos
não
profissionais,
,-"
nentes na avenida. Não quero dizer com isso que a
amantes do samba, amantes
Bateria é mais importante que outras alas, apenas afir-
temos uma tarefa a cumprir, sem estrelismos.
mo que quem dá a sustentação rítmica do desfile so-
vamos cumprir. Uma tarefa que, ao que parece, tem tido o reco-
mos n6s, E isso é muito importante", revela, com seriedade, Mestre Paulinho. pelo seu companheiro
mas E
nhecimento público, Basta ver como ele se manifes-
E a seriedade das palavras de Mestre Paulinho são endossadas
da Beija-Flor,
e cúmplice
ta quando a Bateria da Beija-Flor de Nil6polis passa na avenida, Ela passa e o público responde, com
de avenida, Mestre Plfnio: "O desfile das escolas de
gritos e aplausos ... é um momento muito emocio-
samba é uma grande festa, mas para n6s é também um momento de disputa do titulo que premia a me-
nante. É o salário do ritmista, que ensaia o ano todo para
lhor escola, E, por isso, levamos muito a sério nosso
receber a energia desse momento. (RDF)
32
I
ReV1S1aBeija-Flor
de NII6polis
WoNW
beija-nor.com
br
Carnaval 200B V~NUS - A DEUSA FEITA DA ESPUMA DO MAR COMUNIDADE Vênus é a deusa do panteão romano. Deusa do amor e da beleza, conta-se no mito de seu nascimento, que surgiu de dentro de uma concha de madrepérola, tendo sido gerada pelas espumas do mar, Tinha um olhar vago e cultuava-se o zanago dos seus olhos, como ideal da beleza feminina. Também possuía um carro puxado por cisnes.
dado uma parcela de mim para construir essa história." Sete anos desfilando ao lado da ex-Rainha da Bateria, a Inesquecível Sonia Capeta, Cássio desenvolveu uma técnica pessoal para sambar, que lhe proporcio-
NETUNO - O DEUS DO MAR COMUNIDADE Na partilha do Universo o severo, torte e impetuoso Netuno teve por quinhão todas as ribeiras, as ilhas e o mar, onde construIu um fantástico palácio e tornou-se o senhor dos sete mares e protetor dos marinheiros. Representavam-no como um homem barbudo, armado de um tridente e, que por vezes, mostrava-se num carro puxado por cavalos-mannhos e com a parte infe. rior de seu corpo tal qual a cauda de um peixe.
ÁGUAS-VIVAS - OS CELENTERADOS MARINHOS COMUNIDADE Água-viva é o nome popular dos celenterados marinhos também conhecidos como medusas. Vivem nos oceanos em todas as profundidades e seu corpo gelatinoso e quase transparente tem o formato de um guarda-chuva aberto. Ouando se movimentam, parecem dançar guiadas pelas correntes marinhas.
MEDUSA - O BALLET DOS OCEANOS PASSISTA.DESTAQUE Ouem acompanhou o desfile de 2005 da Beija-Flor de Nilópolis até o final póde presenciar um momento de grande emoção: a entrada na avenida do Anjo Gabriel, fechando o desfile da agremiação como uma mensagem de paz dos Sete Povos das Missões, Desempenhando com arte e beleza essa missão estava o passista Cássio Dias dos Santos, o Cássio da Beija-Flor, que completa 16 anos como passista da agremiação. Orgulhoso, ele diz: "Desfilar como passista na Beija-Flor de Nilópolis é uma honra para mim. Não só pelo que representa a Beija-Flor no Carnaval, mas porque, de uma certa maneira, sei que mUito do que a escola conquistou foi fruto do trabalho e da dedicação de seus componentes e diretores ao longo desses anos. E, como componente há 16anos, sinto que dei e tenho
nou um Estandarte de Ouro como Melhor Passista do Carnaval de 1991: "Danço em tempo dobrado. sem perder o ritmo. É como se eu acelerasse o andamento do samba. enquanto o andamento, na verdade, se mantém, No samba, a gente dança em cima de uma batida, geralmente a batida do surdo, que tem um ritmo mais cadenciado. Paraalingir a forma de sambar que desen. volVI,sigo a batida do tamborim, que é muito mais rápida. Assim, e sem atravessar o samba-enredo, posso me apresentar ao público com algumas particularidades, somando mais atrativo ao Desfile da Beija-Flor" 'I
','
CarDIvalUDI Além de desenvolver a técnica, talvez fruto de um conhecimento profundo da dança, Cássio da Beija-Flor também cria a sua coreografia: "Quem faz a minha co. reografia sou eu mesmo. Quando o samba é escolhido, já começo a pensar nela. Apesar de também ter uma foonaçáo clássica (estudou durante oito anos balé clássico e dançou com feras como a companhia do Jaime Arouche e Debora Colker), penso as coreografias com base nos meus conhecimentos de samba. Para 2006, Cássio desfilará com a fantasia de Medusa, após a Ala teatral Águas Vivas: "Sempre que posso. acompanho o que AJaestá fazendo. O que tenho visto me faz acreditar que o desfile será muito emocionante. Corno passista. virei à frente do 4° carro, oom uma fantasia nas cores da escola: o azul e o branco. Vi o desenho da fantasia. feita pela Bruna, e está muito bonita."
Hoje, temos a certeza de que Cássio é uma importante aquisição da escola. reconhecido pela comuni. dade e diretores pelo trabalho que desenvolve na avenida: "Muitas pessoas na Beija-Flor me deram e me dão força e incentivo. Dentre tantos. gostaria de desta. car e agradecer a dona Fabíola David e dona Jane Louise David. Agradeço muito, também, a dona Nadir, que foi baiana da escola, e à comunidade. que me recebeu com muito carinho e respeito", conclui orgulhoso e agradecido pelo momento que vive. (RDF)
ALEGORIA 4: "AS ANTIGAS CIViliZAÇÕES SE BANHARAM NAS ÁGUAS DA VIDA"
DA A FORÇA DAS ÁGUAS E O PODER DA MENTE
ATLÂNTIS - o povo
DAS ÁGUAS
ALA LIBERDADE E ALA TUDO POR AMOR Adoradores das águas descendentes de Atlas, filho de Posêidon (deus romano do mar), Obedeciam às leis divinas e foram amigos dos deuses, oom os quais tinham parentesco. O dom do poder da mente que afastava qualquer sintoma de envelhecimento, fazendo-os parecer belos e abençoados e a hipótese de alguns pcssuírem barbatanas, nadadeiras e longos rabos de peixe os tomavam diferentes física e cu~uralmente dos demais.
ASTRONOMIA - A ciêNCIA ATLÂNTIS
E OS
COMUNIDADE Atlântida é descrita como uma civilização avançada, detentora de um império de engenheiros e cientistas, tão ou mais avançados tecnologicamente que a nossa civilização. Exercitavam o cérebro o tempc todo com atividades como a leitura e resolução de intricados problemas. A astronomia, ciência que estuda toda a matéria existente no universo pode ter sido uma das ciências estudadas por esta avançada civilização.
A INFlUêNCIA MARÉS
lUNAR SOBRE AS
ALA BORBOLETA E ALA APOTEOSE O movimento das marés verifica-se em virtude da atração que a Lua exerce sobre a massa líquida da Terra. As águas do mar sobem e descem. Por acreditar-se que Atlântida era uma ilha e, assim sendo, era vulnerável a inconstância do mar, é muito provável que a lua tenha seNido como referência para que os Atlântis não fossem surpreendidos pela fúria das águas. W,WI
beija-flor com br
FLORES E FRUTOS - O PARAiso DE ATLÂNTlDA ALA UNI-RIO
E ALA CAMALEÃO
DOURADO
Atlântida era uma terra onde hábeis agricultores cultivavam hortas e pomares que produziam alimento farto e jardins que exalavam o mais doce aroma através de belas e exuberantes flores. A civillzaçâo dos atlântis vivia em um verdadeiro paraíso
OURO - O BRILHO RESPLANDECEN. TE DE ATLÂNTIDA ALA DOS CEM E ALA AMAR É VIVER Atlântida era uma cidade moderna, funcional, cientificamente projetada, Os materiais eram utilizados por sua capacidade. Os telhados eram de ouro por sua durabilidade e alto poder condutor de energia, assim dominavam a energia solar e a utilizavam como força motriz, parecia que o sol brilhava dia e noite na ilha.
O PODER DOS CRISTAIS ALA COMUNIDADE Durante o dia AlIântida reluzia como o ouro, a noite brilhava como pedra preciosa A luz que brotava dos cristais rasgava as trevas da noite como um farol que buscava ofuscar o brilho da lua ou sinalizar aos viajantes do espaço o local de pouso.
AS ENCANTADAS FONTES DE NETUNO ALA DÁ MAIS VIDA Não só os habitantes de Atlânllda, mais a própria ilha parecia ter surgido ali como mágica, uma miragem. As águas que brotavam em todo lugar, criavam magníficas fontes que lorravam água cflstallna por todos os lados, irrigando uma civilização que se banhava na força das águas.
ALEGORIA 5: "ATLÂNTIDA . A FORÇA DAS ÁGUAS E O PODER DA MENTE"
BRASIL O FANTÁSTICO REINO TODAS DAS ÁGUAS IARA - A MÃE O' ÁGUA ALA COMUNIDADE TEATRAL Dentre as diversas entidades folclóricas brasileiras que habitam as águas, encontramos Iara, a Mãed'água. Na mitologia indígena é a sereia dos rios, lagos e lagoas. Uma mulher fantástica e atraente que possui cabelos longos. Diz-se ainda que esta entidade aquática é capaz de seduzir os jovens rapazes para um abraço fatal no fundo das águas.
o
CHORO DA LUA
ALA 08 OU 80 Cansada de olhar o mundo e observar a miséria, a maldade, rios secando, e o mar imundo (o princípio do fim da humanidade); de ver o ódio destruir a esperança, a alegria se transformar em amargura, e temendo que não restasse lembrança do Planeta Terra, a lua escureceu. Ao retornar, seu brilho não escondeu, po-
138
Revista Beija-Flor de Nil6polis
DE
rém, a mancha de lágrimas sombrias. Lágrimas derramadas aos poucos, como se ela tivesse sangrado de agonia.
AS CARRANCAS DO RIO SÃO FRANCISCO ALA COMUNIDADE Esculpidas em madeira, e ostentadas pelas embarcações que navegam as águas do rio São Francisco, as carrancas são excelentes exemplos de arte popular dos anônimos artistas ribeirinhos. Muito se discute sobre a sua função e origem: se totêmica ou publicrtária, milenar ou quase coeva, negra ou ameríndia. Talvez seja mesmo uma confluência de vários desses elementos.
'NWIV
beija-flor com br
__
I
ARCO-IRIS ÁGUAS
o
COLORIDO DAS
ALA COMUNIDADE Segundo o folclore brasileiro, o arco-iris furta a água dos rios lagos e fontes, ficando largo e colorido; depois, farto, desaparece, Foge se alguém faz desenhos no chão com linhas retas ou fileiras retilineas com pedrinhas ou gravetos, porque, diz-se é inimigo do que não é curvo,
IEMANJÁ - A RAINHA DO MAR ALA COMUNIDADE lemanjá é a água, o próprio mar divinizado, No Brasil a Mãe-d'água ioruba foi aculturada com as sereias de origens européias e as iaras ameríndias A deusamãe, rainha das águas e rainha do mar são algumas outras denominações deste Orixá feminino de criação nagõ,
OXALÁ - AS ÁGUAS PURIFICADAS ALA COMUNIDADE Oxalá é a divindade suprema dos iorubas, o orixá da criação identificado com o deus dos cristãos, Preside as funções da reprodução e inicia os ritos de purificação do candomblé
com as águas de Oxalá
Oxalufã, um velho, arrastando os pés, corcunda, e apoiando-se num paxorõ, uma espécie de cajado de metal branco terminado em forma de pássaro, é uma das formas sob a qual este orixá "desce" aos terreiros.
OXUM - O CAMINHO DAS ÁGUAS ALA COMUNIDADE Oxum é a deusa das fontes e dos cursos de água. No Brasil, este orixá loruba identltica-se com várias denominações de Nossa Senhora, Com um espelho denominado abebé na mão, este orixá dança fazendo mimicas de quem se banha no rio, penteia os cabelos, alisa as faces, põe colares e pulseiras e olha-se no espelho, sacudindo os braceletes que lhe ornam os braços.
ALEGORIA 6: "BRASIL - O FANTÁSTICO REINO DE TODAS DAS ÁGUAS"
oço
DE CALDAS A CIDADE DAS ÁGUASA NOVA " ATLANTIDA
INDIOS CATAGUASES - DESCENDENTES DOS ATLÂNTIS ALA TU E EU Após violentos terremotos e inundações, Atlântida desapareceu do mar; e os terremotos e as enchentes forçaram os sobreviventes a se refugiarem pelo o mundo, Os índios cataguases, habitantes primitivos da região de Poços de Caldas. per terem sido os primeiros a se beneficiarem das "âguas santas" do lugar, fizeram delas um elo que os uniu a civilização perdida dos Atlântis.
AS ÁGUAS MOVIMENTAM
O CASSINO
ALA COMUNIDADE Poços de Caldas, cidade famosa per suas águas raras e com propriedades curativas, também ficou conhecida pelos cassinos, na épcca em que o jogo ainda era legalizado no Brasil. A descoberta das primeiras fontes e nascentes no século XVIItrouxe prosperidade à Poços de Caldas, que teve a nata da aristocracia brasileira, e até internacional, desfilando pelos salões do Palace Cassino e do Palace Hotel.
PÁSSAROS E FLORES EMBELEZADOS PELAS ÁGUAS RARAS ALA COMUNIDADE As propriedades das águas de Poços de Caldas contribuiram para que as aves e as flores típicas da cidade ganhassem uma beleza peculiar. São sabiás. gaviões, sanhaços, anus, bem-te-vis e pintassilgos entoando belos cantos em meio a uma flora exuberante e característica de ervas Lancetas e de Santa Luzia, Trepadeiras, Sempre-Vivas, Margaridinhas, Quaresmeiras, Vassouras, JacarandáMimoso, Guapuruvu e muitos outros. WffloI belja-flor.com br
CAFÉ - UMA RIQUEZA IRRIGADA PELAS ÁGUAS SULFUROSAS ALA COMUNIDADE O café tornou-se uma das riquezas do município de Poços de Caldas. Uma espécie de ouro negro que brotou abundantemente em terras fertilizadas com as águas especiais, tazendo com que a atividade cafeicultora se expandisse, tornando-se muito lucrativa . Uma saborosa bebida que quase pode ser preparada com a infusão dos grãos nas águas naturalmente aquecidas da região.
CONGADAS - O lOUVOR A SÃO BENEDITO COM ÁGUAS MILAGROSAS ALA ENERGIA (COMUNIDADE) No Brasil, são denominadas Congadas as danças nas quais são representadas a coroação de um rei do Congo. Há cerca de 100 anos, os grupos de congos vêm se apresentando na cidade de Poços de Caldas que atualmente conta com a presença de cinco grupes, os quais mantém a mesma essência em suas apresentações, a de louvar a São Benedito.
FOLIA DE REIS - UMA FESTA POPULAR COM ÁGUAS CURATIVAS COMO PRESENTE ALA COMUNIDADE Folia de Reis é uma festa popular de origem européia que reproduz a peregnnação dos três reis magos. Desde 1983 este evento de natureza folclóricoreligiosa acontece em Poços de Caldas. No presép'o da Basílica, é feita a adoração ao Menino Jesus; e as companhias entram uma a uma e fazem cada qual a sua louvação, onde provavelmente também agradecem o presente divino sob a forma das águas medicinais da cidade.
AS ÁGUAS MILAGROSAS DAS CAL. DAS ALA AMIGOS DO REI
ALEGORIA 7: "POÇOS DE CALDAS. A CIDADE DAS ÁGUAS - A NOVA ATlÂNTIDA"
o
RETORNO DOS ATLANTES O EQUILíBRIO DO PLANETA E O FUTURO DA HUMANIDADE ELEMENTO TERRA - O EQUILIBRIO ALA CASARÃO DAS ARTES Ao desencadear o processo de elevação espiritual abriremos as portas para o retorno dos Atlântis e a incrível recuperação do equilíbrio humano se refletirá na natureza. A terra, o mais físico dos elementos, fará brotar a semente de redenção e paz trazendo de volta o equilíbrio perdido com desencaminhamento da humanidade dos caminhos divinos.
ELEMENTO ÁGUA - O COMBUSTlvEL DA VIDA BAIANINHAS O Criador abençoou o nosso chão doando-nos um dos quatro elementos constitutivos do universo. AÁgua, a nave mãe da existência, é um dos mais importantes recursos minerais utilizados pelo homem. Ao se dar conta da importância do combustível da vida, despoluindo os
14!
ReVista Beija.Flor de NII6polis
rios e mares harmonizando a vida nas águas, a humanidade garante a sua sobrevivência e progresso.
ELEMENTO AR - A HARMONIA ALA COMUNIDADE O ar é um elemento indispensável à preservação das espécies, em função da respiração ser uma necessidade vital para a sobrevivência de plantas e animais, inclusive o Homem. Com o combate à poluição do ar, a sinfonia da vida volta a ser ouvida e levada pelos ven. tos para os quatro cantos do planeta.
OUTONO - O RETORNO DAS FARTAS COLHEITAS E VISTOSOS FRUTOS ALA É LUXO SÓ A Máe Natureza, táo poderosa, tornou-se vítima vulnerável as vontades da humanidade. O Homem que outrora havia interferido nos seus domínios, WNW
beija.f1or com or
desarmonizando as quatro estações. ouviu arrependido o seu lamento e agora é uma nova raça. com sabedoria
diVina. que tem no respeito
a natureza a
VERÃO - O REENCONTRO COM O CALOR QUE AQUECE O CORAÇÃO DO HOMEM
sua nova oração. O Outono volta a ser a estação das
ALA COMUNIDADE
trutas e o tempo de colheitas. de ter sido.
com moderação. e o seu poder não se manifestou mais
como sempre haveria
A água não mais faltará. pois é tratada e utilizada em catástrofes. mas sim tal qual em Poços de Caldas.
INVERNO - A VOLTA DO FRIO E DAS REFRESCANTES CHUVAS
coração e o equilíbrio do tempo voltou a reinar. o verão
ALA COLIBRI DE OURO
lornou a ser a estação quente. afirmando que a eterni-
A Humanidade miscigenar-se
evoluIu a tal ponlo que conseguIu
que a utiliza para a cura. A nova raça ouviu a voz do seu
dade esta começando
agora.
com os Atlãnhs que voltaram para este
planeta vindo dos céus. sem que isso interfirisse nega-
A SABEDORIA DOS ATLÃNTlS
tivamente para ambas as partes. Tal evolução propiciou o surgimento de uma civilização pura e avançada
VELHA GUARDA Os cãntlcos de paz se fizeram ouvir por todo univer-
que acreditava no poder das águas e na preservação
so como uma oração. finalmente chegou a hora dos
da vida. Com o ser humano em equilibrio com a natu-
Atlãntis retornarem
reza. o Inverno volta a ter suas caracteristlcas trazendo o triO e as chuvas
rem ãs novas gerações sua sabedoria e conhecimen-
originais.
ã Cidade das Águas e transmiti-
tos Mostrarão para toda a humanidade
o grandiOSO e
verdadeiro valor das águas e o quanto a vida no Plane-
PRIMAVERA - O REGRESSO DAS BELAS E PERFUMADAS FLORES
ta depende da sua preservação.
ALA COMUNIDADE
ALEGORIA 08: 'O RETORNO DOS ATLANTES - O EQUILfBRIO DO PLANETA E O FUTURO DA HUMANIDADE'
O homem do futuro ouviu o clamor que veio das águas. Encontrou no fundo de sua alma as respostas para a revitalização do planeta e para a preservação da nova espécie humana que acabara de surgir. Em conseqüência de formação de um novo planeta as estações entram em harmonra e as belas. exuberantes e perfumadas flores anunciam que a primavera está de volta.
!p.Vf'relro
20Ct.i
43 I
ÁGUAS MILAGROSAS DE POÇOS DE CALDAS VAO LAVAR A ALMA NA SAPUCAí
Toda a diretoria do GRES Beija-Flor de Nilópolis é enfática em garantir o favoritismo da escola e a força do enredo que enfoca a importância da preservação da água no mundo e mostra a bela cidade mineira de Poços de Caldas como exemplo dessa preservação. As águas milagrosas são a razão do nascimento da cidade e também a mola propulsora do progresso nas décadas de 20, 30 e 40. O municipio. hoje com 133 anos, possui o maior Indice de desenvolvimento humano de Minas Gerais, números que refletem a alta qualidade de vida dos moradores. ÁGUAS MILAGROSAS As águas milagrosas a que se referem o enredo da Beija-Flor são as águas sulfurosas e as águas minerais, encontradas em fontanários espalhados pela cidade. As águas raras e com poderes de cura foram responsáveis pela prosperidade da cidade desde os seus primórdios, quando as terras começaram a ser ocupadas por ex-garimpeiros desiludidos com o decllnio da atividade aurífera na região das minas. As águas sulfurosas seduziram nomes ilustres da história do país, como D. Pedro 11e Getúlio Vargas. Os benefícios dessas águas terapêuticas podem ser desfrutados em vários pontos da cidade. Um deles é a Fonte dos Macacos, localizada na Praça D, Pedro 11.Emissora de água Iimpida cuja temperatura chega a 41°C, ela é a fonte mais visitada da cidade. A água sulfurosa de forte odor da fonte é responsável pela lenda mais antiga de Poços de Caldas, que data do início da colonização do municipio. Numa época de fortes crenças, alguns dos primeiros habitantes da região acreditavam que o local era morada do demônio, por causa do forte cheiro de enxofre que emanava das águas então desconhecidas. Essas águas são utilizadas no Balneário Mário Mourão, também localizado na praça.
44
Revisla Beija-Fiar de Nil6polls
As Thermas Antonio Carlos, cujo prédio histórico de estilo neo-romano representa um dos principais cartões postais de Poços de Caldas, é o principal balneário da cidade. Ele é muito procurado pelos serviços oferecidos, principalmente os banhos de imersão. duchas, massagens e estética facial. As Thermas atendem desde pessoas que querem relaxar até pacientes para tratamento médico e fisioterápico, que se utilizam das águas e também dos aparelhos de fisioterapia, de procedência alemã, datados da década de 30 e em perfeito estado de funcionamento. Há também fontes que possuem águas radioativas de ação diurética, como a Monjolinho, e sulfetadas hipertermais, como a Pedro Botelho. Elas brotam do solo a uma temperatura que varia de 17°C a 45°C. Já o Fontanário José de Jacó desperta curiosidade por possuir uma fonte cuja água se mistura com óleo. Poços de Caldas também é conhecida pelas águas minerais. Criada em 1929,aproveitando os recursos naturais da Serra de São Domingos, a Fonte dos Amores atrai turistas devido ao ar romântico que envolve o lugar. Um tênue véu de água cai de grande altura pelos degraus de pedra no meio de um bosque bucólico. Destaca-se, no meio dos arbustos, a estátua de mármore de dois jovens abraçados, retratando o amor. A estátua foi esculpida pelo italiano Giulio Starace. Em uma placa de bronze, ao lado, pode-se ler um poema de Alberto de Oliveira: "Neste recanto o amar tudo convida/Que amor é vida,lAmailAmail/Mas, a quem pôs aqui tanta beleza/A alma da natureza/Uma oração mandai:/ Oraí'Orai I". As águas reverberam em todos os cantos de Poços e na mente dos turistas que visitam a cidade. Muitos deles vão embora de "alma lavada", e assim também será com todos na Marquês de Sapucaí neste Camavai 2006. wwwbelja-flor.com br
Nossas águas são como a Beija-Flor.' dão um banho nas outras. G'limaameno, muito verde, artesanato e água, muita água. Conbeça Poços de Caldas e brinde às melbores coisas da vida.
~~~
OS BINGOS DO RIO apostam no social, nos esportes, nos empregos e agora na cultura
'\ )
~
~ .~
Os bingos do Rio de Janeiro são considerados como modelo na operação dessa modalidade de entretenimento para o restante do pais, e a Associação dos Administradores de Bingos e Similares do Estado do Rio de Janeiro (Aberj) é a grande responsável pelo funcionamento harmônico dessa atividade no estado
@
.
.
.,~ ~
. tiliJ~0iI.
Para que se possa dimensionar a importãncia dos recursos dos bingos para o Estado, nos últimos anos essa modalidade foi responsãvel pela maior receita liquida da Loteria do Rio de Janeiro (Loteri), através de repasses mensais que foram aplicados nos projetos sociais do Governo do Estado, Além disso, os bingos do Rio de Janeiro geram seis mil empregos diretos e milhares Indiretos para os cariocas e fluminenses. Em termos de empregos, a atividade emprega mais do que muitas montadoras de automóveis do país. Outras institUiÇõeS beneficiadas petos bingos são as entidades esportivas, que recebem 7% do faturamento liquido dos bingos para desenvolverem projetos VOltados para formação de atletas de base, sendo que algumas federações, investem em atletas de alto resultado. Os bingos canocas transformaram-se no entretenimento mais saudável e seguro do Rio de Janeiro, além de um respeito incomum com os seus freqúentadores, canso de ouvir senhores e senhoras afirmarem que são sempre tratados com muito respeito. Além disso, desde o final do ano passado vem ocupando um espaço interessante um projeto inovador batizado de "Bingo' Cultura, Lazer e Entretenimento", através de pocket shows com artistas e humoristas. Esses shows acontecem durante um período de 20 a 30 minutos, quando a casa realiza uma pausa em suas logadas para receber grandes nomes da música e do humonsmo, como Ângela Maria, Cláudia Barroso, As Frenéticas, Guilherme Arantes, Belchior, FláVIOVentunni, Wando, Klelton & Kledir, Dudu NObre, Wanderley Cardoso, Ary lOledo, Agildo RibeirO, ChiCOAnysio e muitos outros artistas, Esse projeto já conta com 220 pocket shows por mês, contratando 60 artistas mensalmente, Mas a Associação de Bingos também tem responsabilidade socíal, faz doações de automóveis e patrocina vários projetos Importantes da 1a Vara da InfânCia e da Juventude. Anualmente, a Associação doa brinquedos no Natal e ovos na Páscoa para as crianças do Juizado e apóia eventos na ãrea de saúde, como exames gratuitos de glicose, exames de prevenção do câncer de mama, f1uoretaçãodos dentes e prevenção da hipertensão arterial, Entendemos que as lotenas só se justificam se houver uma destinação social para o seu dlnh81roe é exatamente por isso que acreditamos na atividade, por sua capacidade ec0nômica e pelos empregos e beneficios sociais que dela podem adVIr,bastando para tanto a existência de uma legislação adequada e estável, com a partiCipação ativa do poder público, numa relação transparente e respeitosa da qual a sociedade será a maior beneficiária. DefinitNamente, os Bingos do RIOapostam no social, nos esportes, nos empregos e agora também na cultura.
PauloLino,presidenteda Aberj José RenatoGranado, vice-presidenteda Aberj
II
o
PALPITE CERTO É
I A-FL R DESFILE 1976 A conquista de grandes vitórias sempre fOIe sempre será o sonho do homem contemporâneo. seja Individuai ou coletivamente. Ocorre que algumas vitórias. mais obras do acaso do que de um trabalho dedicado e regular, têm curta duração. Outras vitórias. no entanto. pela forma como são conquistadas. pelas adversidades que superam, pela relevância e por tudo o que representam. fazem parte do distinto grupo das conqUistas inesquecíveis. Há 30 anos. mais especificamente no dia 29 de fevereiro de 1976. uma escola de samba considerada "escol,nha do interior".com um feito inédito, entrava para
esse seleto grupo das conquistas inesquecíveis:o GRES Beija-Flor de Nilópolis alcançava a glória de se tornar a campeã do carnaval carioca. conquistando o respeito e o carinho do povo fluminense. O FORMATO DO CARNAVAL 76 Naquela época, o destile de carnaval do Grupo I, do qual participavam as principais escolas de samba do Rio de Janeiro, era composto por 14 agremiações e realizado em um único dia. O desfile ocorria na Avenida Presidente Vargas. com horário fixado pelos organizadores, iniciando-se a partir das 18h e terminando por volta das 9 horas da manhã do dia seguinte.
Na ordem do desfile Em Cima da Hora, Unidos de Lucas Unidos de São Carlos União da Ilha do Governador, Tupy de Brás de P,na Lins Imperial, Acadêmicos do Salgueiro Belja-Flor de Nilópolis. Império Serrano, Unidos de Vila Isabel, Estação Prrmelra da Manguerra, MOCidade Independente de Padre Miguel, Portefa e imperatrrz Leopoldlnense Tendo como quesitos a serem julgados bateria. samba de enredo, exibição de Mestre-sala e Portabanderra, harmonia, fantasia, comissão de frente, evolução enredo alegoria ou adereços, era a primeira vez, na hlstórra dos desfiles, que seriam convocados três Julgadores por quesito, com a obrrgação de darem notas de 1 a 5. Irrfelizmente, o não comparecimento de um Julgador responsável pela avaliação dos quesitos Harmorlla Enredo e Fantasia fez com que esses quesItos chegassem ao valor máximo de 10 pontos.
o
INfclO DE TUDO Dr.HrramAraúJOum dos mais respeitados pesquisadores de camaval da atualidade lembra que, "em 1975, ano em que Nalal da Portela faleceu, fomos conVidados eu. o Amaury Jóno e o Mazlnha, filho do Natal - pelo
Anizio e peta Nelslnho a partICiparde uma reunião onde gostariam de apresentar o Interesse da Beija-Flor de Nilópolis em prestar, no desfile de 1976, uma homenagem ao Natat da Portela, contando a histórra do Jogo do Bicho, um dos maJspopulares Jogosdo país. Marcamos um almoço em SãoCnstóvão, onde nos reunimos, e, num papo bastante agradável, ouvimos a idéia do Anízio e do Nelsinho Eles quenam saber se nós tlnhamos alguma objeção a essa Idéia. Todos achamos ótima a idéia e concordamos em dar apoio a ela. Na época, eu era diretor cultural da Portela, o Amaury, presidente da AssOCiação das Escolas de Samba, e o Maznha, além de filho do Natal e integrante da Portela, uma pessoa mUito respeitada no mundo do carnaval. Considero aquele nosso encontro o primeiro passo que a Beila-Flor de Nllópolis deu para a conquista desse Inesquecível titulo." A partrr daí, é o Anizio quem lembra como as coisas foram acontecendo: "Estávamos decididos a fazer um desfrle para bngar pelo titulo Para isso, resolvemos juntar os melhores na época, entre eles o João Jorge Trinta, o Larta e o Vlrrato Ferreira. Eu e o Nelson apresentamos a eles o nosso interesse de fazer um carnaval homenageando o Natal da Portela. A partir daí, o
João começou a desenvolver e enredo e o conceito do desfile, enquanto o Viriato desenvolvia o figurino da escola Além disso, havíamos trazido, há poucos meses, o Neguinho, que, além de puxar o samba na avenida foi o compositor do samba enredo campeão. " VENCENDO
DESAFIOS
Mas o futuro reservava algumas surpresas a essa escola que tinha a presunção de "bater" nas principais escolas da cidade. A primeira delas foi o desaparecimento do escultor Blra, contratado pela escola para esculpir os bichos dos carros alegóncos em blocos de isopor e que sumiu, depois de receber o seu pagamento, Essa ausência só não foi latal para a boa produção da escola porque parte do selViçc havia sido entregue ao Julinho Matos, que deu conta do que era preciso ser feito Mas os desafios não paravam, Como o barracão da escola era em Nilópolis, atravessar ambos os municípios com os carros alegóricos não era uma decisão segura, e a diretoria resolveu montar um posto avançado do barracão aqui na cidade do RIO de Janeiro, próximo à Avenida onde desfilariam, para a conclusão das alegorias. Esse barracão, no entanto, instalado na Rua Joaquim Palhares, foi invadido por uma outra agremiação, antes que a Beija-Flor de Nilópolis pudesse nele se instalar "Quando chegamos lá (no barracão da JoaqUim Palhares), já tinham colocado tudo deles, Foi um desespero, Felizmente conseguimos um espaço vizinho, onde continuamos a desenvolver nosso trabalho" , revela João Jorge, Dando andamento ao seu trabalho, a Seja-Flor de Nilópolis enfrentou mais uma surpresa, que demonstrou, definitivamente, que a escola estava credenciada a fazer parte do grupo das escolas vencedoras: apesar de estar produzindo um carnaval dentro dos padrões estabelecidos pelo regulamento da Riotur, ela foi surpreendida, no momento de tirar seus carros alegóricos, por uma inusitada situação: o portão de saída do barracão, de apenas três metros, não tinha altura suficiente para que os alegóricos da escola passassem. Depois de muita confusão e tensão, uma equipe de pedreiros derrubou 15 metros de parede lateral do barracão e, com o caminho limpo, os carros da escola iniciaram sua saga para a Avenida. NOVOS DESAFIOS
Mas, segundo seu Ary Rodrigues, diretor do Conselho Deliberativo da Beija-Flor de Nilópolis e uma das pessoas mais queridas da agremiação, os desafios não
se limitavam apenas à fase de preparação do carnaval. "Talvez as pessoas da época não se lembrem, e certamente os jovens nao sabem disso mas vencer as quatro maiores escolas da época - Salgueiro, Mangueira, Portela e Impérro Serrano não era fácil. Elas eram quase que imbativeis. Eram as maiorais. Era muito difícil desbancar essas quatro escolas. Basta analisar os resultados dos carnavais anterrores: entre os anos de 1939 e 1975, os tltulos sempre foram conquistados por uma dessas quatro agremiações. Além de ter que furar esse bloqueio, a Beija-Flor de Nilópolis estava disputando o título em um carnaval no qual o Salgueiro lutava para conquistar o tricampeonato. Se censegulsse o titulo. o Salgueiro serraa mais recente tricampeã do carnaval carioca. titulo só conquistado pela Portela 17anos antes, em 1959 Sobre esse assunto, Fand AlJrão, presidente da BeijaFlor de Nilópolis, lembra bem. "Existia uma tensão muito grande envolvendo o desfile Vínhamos de duas sétimas
colocações e, para piorar as coisas. a Beija-Flordesfilaria logo após o Salgueiro, que, na ocasião, lutava pela conquista do tricampeonato. O desfile foi acontecendo e, para nosso desespero, o Salgueiro entrou na Avenida e fez um belo desfile, digno de campeão. Nossas chances pareciam estar diminuindo, mas o que parroa uma ra. zão de desànrmo dos componentes se tomou. na verdade, mais um grande estímulo: desfilamos com mUitagarra e alegria. e contagiamos o público. UM DESFILE INESQUECIVEL Únrca escola de samba a não ser da cidade do Rio de Janeiro, o GRES Beija-Ror de Nilópolis entrou na Avenida aproximadamente às 5h da manhã, com 2 500 componentes, e, apresentando um surpreendente desfile, fez a arqUibancada vibrar e grrlar: "É campeã' É campeã'" Com o enredo "Sonhar com Rei, dá Leão". a BeijaFlor de Nilópolis desenvolveu seu enredo passando pelo Rio antigo, na época do Barão de Drumond, que, amante dos animaiS, fOIdono de um zoológico particular que, futuramente, inspirOUo Jogo do Bicho. falou dos sonhos que giram em tomo do povo que joga no bicho, e, cem arte e beleza, decorou os 25 bichos do Jogo do Bicho em diversas alegorias, prestando, por fim, uma homenagem ao Natal da Porteta - Natalino José do Nascimento. Todos os que tiveram o privilégio de ir à Avenida para ver o carnaval de 1976 viram surgir uma grande escofa com um grande desfile, que apresentou uma Comissão de Frente sem precedentes na história do carnaval, formada por 14 sambistas com mais de dOIS metros de altura. Além disso, com um desfile considerado leve, suave e forte pelos especialistas, a escola brindou o público com a presença irreverente da cantora Maria Alcina. representando o veado real, e com a arte e a reverência do casal de Mestre-sala e Portabandeira Zequlna e JUJuMaravilha. Fazendo um desfile empolgante. e tratando de um assunto conhecido de todos os que estavam na arquibancada, o desfile da Beija-Flor conquistou o público, tendo Sido um dos carros que mais frzeram sucesso o que veio com o casal de negros adormecidos em uma cama sobre folhas prateadas de 200, 1.000 réiS, rodeados por animais. representando o aspecto onirico do Jogo do Bicho. Naquele dia, a Beija-Flor fala coisas do povo para o povo. E era um momento de muita mágica.
-.
Mas, além do ambiente mágico que foi criado, a escola não descuidou do seu dever de casa, o que lhe permitiu não só a conquista do titulo como a criação de um marco na história do carnaval. Segundo Lana, "Fizemos realmente um grande desfile. Ele fOI todo bonito: seja na unidade da escola, seja como se conduziram a bateria, a evolução, a harmonia ... Estávamos perfeitos. E esse desfile fOIo grande salto para a Beija-Flor e para o carnaval. Foi quando João mudou os critérios tocos de alegoria, utilizando alegorias mais volumosas, pomposas, tirando os destaques do chão e colocando-os sobre os carros alegóricos ...Valorizando o samba no pé da comunidade." Aquele dia era o dia da Beija-Flor Era o dia de David vencer o Golías. Era o dia do povo sofrido (mas sonhador) da baixada mostrar ao mundo do que ele era feito: raça, criação e amor. E foi o que realmente aconteceu: quando a Beija-Flor de Nilópolis passou pela avenida, o público não se conteve e. aplaudindo fortemente o que via. gritava: 'Já ganhou! Já ganhou É ' campeã! É campeã ''. ' UMA VITÓRIA DE TODOS Existia uma torcida muito grande de todos de Nilópolis e da baixada fluminense pela vitória da azul e branco de Nilópolis. Mas todos sabiam que era uma coisa muito difícil, quase que impossível. Mesmo assim, um dia antes da apuração, os integrantes da agremiação já estavam preparando na quadra a "Festa da Zebra". Enquanto estocava as caixas de cerveja
na quadra Negão da Cuíca, um dos fundadores da BeiJa-Florde Nllópolls, comentava "Nós subimos em 1973 com o enredo 'Educaçao para o desenvolvimento' Nos dOIs anos segu ntes conseguimos honrosos sétimos lugares Mas este ano não va dar outra' vamos ficar entre os três primelfos colocados Se eles derem o quarto lugar e In ustlça, No entanto quando o resultado saiu, a vilÓria da BeiJa-FlorfOIbem recebida por todos. Segundo maténa publicada no Jornal O Globo de 6 de fevereiro de 197 João Barbosa, um dos destaques da Estação Pnmelfa de Manguelfa declarou que "ABeila-Flor surpreendeu Veio bon la, organizada Temos que reconhecer seu valor, O Jornal publicou, ainda, dois interessantes depoimentos que consolidam a torça do povo da baixada E a se Ja-Flore está decidido, Vocês agora quando qUiserem ouvir um samba vão ter é que tomar um trem até Nil6polls, É isso ai. Acabou o tabu, o tabu mixou (Nelson Barros, morador de Nrlópolls e 'fanátiCO pela Beija-Flor de Nllópolis,) "Minha grande alegna com esse resultado é que a partlf de agora, samba não é maiS privilégiO da Vila, nem de Madure ra O samba é de todo o estado do Rio, pnnclpalmente da baixada fluminense, (Roberto Silva, Portelense e morador de Madureira)
LEMBRANÇAS DO SEU ARY", MENSAGEM PARA O MUNDO Me lembro que as grandes escolas da época nos chamavam de "escolinha do Interior" Mas agora elas lembram que a "escolinha do Interior"foi capaz de furar o bloqueiO e se sagrar campeã, bicampeã e tncampeã do carnaval canoca. E duas vezes Agora partimos para o letra, (Ary Rodrigues), (RDF)
1
VIRIATO FERREIRA Quem está acostumado a
grandes responsáveis pela vlt6-
acreditar em tudo que lê nos jor-
ria em 1976 Era um homem de
nais, uma novidade' apesar do
bastidores. Mas infelizmente ele
que a Imprensa insistia em des-
não teve a sua importância reconhecida aqui na Beija-Flor de
tacar o tftulo da Beija-Flor de Nil6polis não foi ganho por uma
Nil6polis Q João Tnntao ofusca-
pessoa s6. Com uma competen-
va, não o deixava aparecer. Ele, então, foi falar com o Nelsinho,
te equipe montada a partir da Iniciativa de AníZIOAbrâo David, que Inclui Laíla e NegUlnho, en-
.....••.:
'i')/!
Ire oulros, o grande nome da VI_ t6ria Junto com o de João, fOIo ::;. ••• ~/II!!.: do figunnlsta Vlnato Ferretra,res- ~ •••••
que o liberou para ir para a Portela Para n6s, fOIuma perda
~
...
.. ."/..~:.. ..,•
Ele, além de bom figurinista, era uma pessoa de bom coração . A revista. de manerra singe-
ponsável pelo figurino e monta-
la, presta uma jusla homenagem
gem das fantasias Ele fOIuma
a esse integrante da família Bei.
figura primordial no desfile da escola, colaborando muito com
la-Flor de Nil6polis, que agora
o titulo da Beija-Flor de Nil6po11s Segundo Ary Rodrigues, O
deve estar sentado em algum lugar fora do planeta. fazendo um novo flgunno para os anJOsacom-
Viriatro FerrerratOIum dos maio-
panharem
a Beija-Flor
de
res figurinistas
Nilópolis
na
do
que conhecI,
Sem dÚVida nenhuma, um dos
tetracampeonato.
busca
Sonhar com Rei dá Leão autor e Intérprete NegUlnho da Beija-Flor Sonhar com anlo é borboleta, Sem contemplaçao, Sonhar com rei dá leão, Mas nesta festa de real valor. Não erre, não, O palpite certo é BeiJa-Flor (Beija-Flor) Cantando e lembrando em cores, Meu RIo quendo, dos jogos de flores. Quando o Barão de Drummond cnou, Um Jardim repleto de animais, Entao lançou, Um sorteio popular, E para ganhar, Vlnle mil réis com dez tostões, O povo começou a imaginar. Buscando, No belo reino dos sonhos, Inspiraçao para um dia acertar Sonhar com filharada É o coelhinho Com gente teimosa, Na cabeça dá burrinllo E com rapaz Todo enfeitado O resultado. pessoal. É pavão ou é veado E assim Desta brincadeira Quem tomou em Madurelra FOINatal o bom Natal Transformando sua escola Em tradição do carnaval Sua alma hOje é ágUia branca Envolta no azul de um véu Saudado pela majestade o samba E sua brejeira corte Que lhe vê no céu
Be pn
r conqu
Ipal E
tou com méntos o direito de ser
ala de Samba do RIo de Janeiro. Nao e
novIdflr:Ie alg
o segredo de tania suces es! na tolte relaçao mant da Junto a comunidade de po
ahrmar que
s e da b
lxada ummense A grandeza da Beija
e Vai a/em Ela recebe de braço abertos e estli di pos o a amá la E geralmente o que co tece é ur empatia Imediata e reciproca dos que 110
eg m
o que em mais sair
Tem gente que vem de longe. como o ex-jogador de futebol Cláudio Adão, atacante de carreira viforiosa com passagens por grandes clubes do Brasil e do exterior. Ele nasceu em Volta Redonda, no dia 2 de julho de 1955. mas conSidera-se um filho da Beija-Flor. pois freqüenta a Escola há mais de 25 anos. quando participou da fundação da ala "Amigos do Rei". Isso bem antes do casamento com a cineasta Paula Barreto e do nascimento de seus filhos. Camila e Felipe. É amor antigo. Aos 12 anos Cláudio Adão deixou sua Volta Redonda natal e foi tentar a sorte no futebol paulista, aproveitando o períeco de férias escolares. Conseguiu vaga na Portuguesa, e estava por lá quando chamou a atenção de Pepe. lendário atacante do Santos. "Ele me levou para a Vila Belmiro. clube do Pelé, e minha carreira começou assim". complementa Adão. Isso lá pelos idos de 1966, quando o BraSil ainda sonhava com o tricampeonato mundial. Em 1976,Cláudio Adão vestiua camisa do Flamengo, e daí em diante a carreira do jogador decolou Fez seu nome romper as barreiras do país com a fama do tricampeonato rubro-negro (1977-78-79). Ganhou sete vezes a Taça Guanabara, na época em que o Flamengo começava a desenhar um período de muito sucesso. Cláudio Adão defendeu as cores do Fluminense, Botafogo e Vasco, clubes nos quais sempre deixou sua marca e, principalmente, mUitas amizades. Depois seguiu para o exterior, afuou no Paris Saint-Germain, na França, e no futebol português, defendendo o Benfica. Em segUida. para fechar a carreira com chave de ouroliteralmente -. foi para a Arábia.
5B
11,
, Beija-Flor de Nílópolis
PARA O SAMBA Em 1976. quando já atuava pelo Flamengo, Cláudio Adão teve o primeiro contato com o mundo do samba. Sempre se interessou, é verdade, mas jamais havia freqüentado um ensaio de uma grande escola. Foi assim que, levado por amigos, conheceu a Vila Isabel, de Martinho da Vila. Encantado, conheceu o sambista, surgindo do encontro uma forte amizade. Martinho o levou pela primeira vez ã Avenida, e Cláudio Adão nunca mais conseguiu deixar essa nova paixão de lado. O samba estava nas veias, assim como o futebol. Foi campeão pela Escola, na época do belo enredo Quizomba, e lembra isso com orgulho, embora não tenha permanecido ali por muito tempo. Na verdade, sua amizade com Martinho - "vascruno doente" - era o que o mantinha na Vila Isabel. Pouco tempo depois, já familiarizado com o ambiente do samba, Cláudio Adão teve a iniciativa de formar com alguns amigos uma ala. Em parceria com Zico, criou na Estácio de Sá uma ala só com jogadores de futebol, e ficou lá durante 15 anos. "Mas isso durou apenas até que eu conhecesse o Anízio Abrão e a Beija-Flor", garante o ex-jogador. Cláudio Adão conta que foi convidado a visitar a Escola de Samba de Nilópolis, e aceitou de primeira. Ele achava que já havia presenciado tudo em termos de agremiação, mas se surpreendeu com o que viu. ''Aalegria daquela gente é contagiante, e o clima que existe por lá é fantástico. Algo que eu nunca tinha visto antes". garante. Como resultado, estão aí 25 anos de uma amizade com um toque a mais. Algo que o ex-atacante qualifica como amor. V/</ffl
beija-flor com tx
Minha paixão é Beija-Flor
CLAUDIO ,.", ADAO I
Dos Gramados para a Avenida colecionando títulos
"Você pode crer que não sou o úniCO. Quem chega
à Beija-Flor não quer mais sair de lá Prova disso é que
Para mim, é um grande orgulho fazer parte dessa familia", argumenla.
minha mulher e meus filhos também entraram nessa onda", acrescenta. Os laços se tornaram tão fortes que, desde 1979, quando entrou pela primeira vez na quadra da Beija-Flor, Cláudio Adão vive uma forte amizade com a família Abrão David. Estivemos
todos juntos,
assistindo à Copa do Mundo na França. em 1998 "Conheço bem o Anízio, e o admiro muito. É um empresário competente,
de grande visão. Se nossos políticos
fossem como ele, pode ter certeza de que a vida seria bem melhor por aqui", diz. Os motivos
de tal admiração
Cláudio Adão presenciou comunidade
à
de Nilópolis e nos contatos diretos com
os nilopolitanos,
durante os Inúmeros ensaios na qua-
dra da Escola. Ele entendeu pação da comunidade sustenta
estão naquilo que
de perto em suas visitas
a importãncia
no sucesso
da partici-
que a Beija-Flor
hoje. Cláudio Adão agora entende
porque
"samba tem de ter raiz" CritiCO, ele reclama daqueles que "aparecem
na televisão e saem como desta-
que com fantasias carisslmas. bem nada". jogador
Expondo
Só que, no pé, não sa-
suas velas de atacante,
o ex-
aposta alto: "Quer saber? Acho que vai ser
ruim alguém tirar o tetra da Beija-Flor".
comunidade
da
na Escola, Cláudio Adão lembra a atua-
ção de profissionais
sérios, que obviamente têm gran-
de parcela de contribuição
DO REI
Ele lamenta não dispor de mais tempo para desfrutar do calor humano que encontrou na quadra da Beija-Flor. Sempre que pode, procura "dar uma escapada" para fazer uma visitinha, mas garante que nunca esquece da Escola que adotou de coração. A história de Cláudio Adão na Beija-Flor é a mesma da ala em que desfila, a 'Amigos do Rei". "Tudo aconteceu durante um dos encontros com o Anízio. quando ainda Iniciávamos nossa amizade Ele me disse que eu desfilaria pela Escola numa ala mUito especial, que seria ainda criada. Quando fiquei sabendo do que se tratava, fiquei mUito orgulhoso", diz. Não é qualquer um que desfila numa ala chamada ':tImigos do Rei", e Cláudio Adão sabe disso. Porém, faz sempre questão de frisar que esse é um motivo a mais para estar na Beija-Flor. e destaca que o que o prende mesmo é um sentimento de adoção recíproco. Então. a história fica mais ou menos assim: o craque adotou a Escola e a Escola adotou o craque ':tIli me sinto em casa. Sou Beija-Flor de coração. Além diSSO,o Anízio é como se fosse um pai para mim. A gente brinca com o nome da ala, pois somos os 'Amigos do Rei', mas é importante dizer que admirO mUito o Anizlo.
Mas ele ressalta que sua afirmação tem fundamento. Ao mesmo tempo em que exalta a participação
AMIGOS
não só pelas coisas que ele faz pela comunidade de Nllópolis, mas pelo ser humano que é. A Beija-Flor é uma grande família, e só quem a freqüenta
é que sabe disso.
Não é exagero, é verdade", discursa Cláudio Adão. (MLS)
no sucesso da Beija-Flor.
"Gisfaine, Laíla ... todos são mUito sérios e responsáveis.
versão em inglês: www.beija-flor.com.br '1",'
'I
1.1
57
A PRESENÇA DO NEGRO NA , MUSICA E NO CARNAVAL DO RIO DE "ANEIRO Marília Trindade Barboza
Os escravos africanos trouxeram para o Brasil, ainda no século XVI, as suas danças, aqui englobadas na designação geral de batuque, que Edison Carneiro, com o apoio de outros grandes antropólogos, preferia chamar de "samba', "Samba" significa "agradar, encantar, orar, rezar", em quimbundo, além de "honrar, reve. renciar', em quicongo, línguas dos povos bantos, também chamados angola-conguenses. A coreografia do batuque, como descrita pelos viajantes portugueses que o viram no Congo e em Angola, era igual à que os estudiosos brasileiros viram depois ser praticada aqui no Brasil pelos negros e pelos mestiços. Nelas havia um elemento fundamental: a umbigada. O samba era até chamado de "samba de umbigada". R8Vlsra Beija-Flor de Nilópolis
Em breve essas danças fundiram-se com as danças européias de par enlaçado e braços levantados, com acompanhamento de viola de arame e até de castanholas, dando nascimento, em meados do século XVIII,ao "Iundu". O lundu ganhou texto literário e tornou-se, além de dança, o denominado lundu-canção que, saído da senzala, invadiu primeiro os salões coloniais, depois os aristocráticos salões imperiais e até a corte portuguesa, pelas mãos do mulato Domingos Caldas Barbosa. Ao lado do lundu mestiço, continuava sobrevivendo o batuque africano, em formas afro-brasileiras espalhadas pelo país inteiro, com as marcas características do acompanhamento exclusivamente de percussão e a umbigada. E, metáfora da diáspora africana, continuava evoluindo V.WN
beija-flor com br
como "carlmtx)' . no Pará "COCO"no Nordeste. 'jongo" (sa-
Corpo. Na capital do país, por desconhecerem
os há-
cro ou profano) no Sudeste. e até mesmo nas formas do
blfos e a religião do grupo nagô, que dominava a clla-
'iandango' do Sul. No RIo de Janeiro, a dança ainda qua-
mada "Pequena África", mUIlas vezes eram hostrllzados
se puramente africana do batuque, chamada de "sam-
pelos próprios Irmãos de cor, mas portadores de cultu-
ba" pelos escravos e seus descendentes.
ra tão diferente, Eram também perseguidos
continuava a
ser praticada nas senzalas das fazendas e. depois da
cia
abelição. nas favelas em que elas se transformavam.
costumeiramente
Por volta do fim da segunda década do século XX, o
e discriminados
pela
IgreJa,
pela polí-
Instituições
a serviço das elites. Não chegavam
sequer a constituir um "Iumpemproletanado"
Amon-
movimento das "escolas de samba" libertou o batuque
toavam-se como podiam nos subúrbios cada vez mais
dos guetos onde ele VIVia,sob a designação de samba
longínquos ou nos morros mais próximos dos locaiS de
Com o aprimoramento
possiveltrabalho.
transformado
do texto Iiteráno, esse samba 101
na mÚSica urbana de lazer da socieoade
formando as chamadas favelas, Vie-
ram por estradas de ferro e, numa época em que a
global. O disco, o rádio, o teatro e o cinema transforma-
cidade destruía os casarões
ram a anliga dança afncana, como ocorre com tudo o
famoso beta-abaixo, localizaram-se nos subúrbios pró-
que cai no gosto das elites, em patnmônio das classes
ximos ao local de chegada, sobretudo nas Imediações
dominantes,
de Madureira e Dona Clara, Trouxeram dos terreiros
de modo a chegar a ser um verdadeiro
indice emblemático
da Identidade e da cidadania bra-
sileiras, Samba passou a ser sinônimo de Brasil, uma visão mUSicai, lúdica e sociológica tem acompanhado
que, desde então.
toda a nossa trafetóna existencial.
Com esse "status o samba continuou evoluindo, já agora integrado como sim bolo nacional. VirOUsambacanção,
samba-choro,
exaltação, bossa-nova, de instrumentos
samba
de breque,
samba-
todos com acompanhamenfo
de ongem européia (não apenas so.
mente percussivo)
e coreografia de salão,
Entre os afro-descendentes.
foi mais lenta, O samba versado. o samba de terreiro, a batucada, o partido alto, o samba-enredo e o pagoce, continuaram,
das lazendas de café os elementos
da cultura afro-
brasileira menos afetados pela sociedade
branca, o
seu "Jongo" (forma de lazer com o ntmo do velho batuque ou samba) e a sua religião rural, cUJa mÚSica ntual tinha o mesmo ritmo do fongo a "macumba" Nas condições
canoca
a que fOI submetida numa grande
metrópole, a religião rural dos terreiros das fazendas fatalmente começou a se transformar, A macumba canoca foi o último estágiO desse processo de desagregação Por volta do Inicio dos anos 30 do século Xx. a detenora-
entretanto, a evolução
todos com riquíssima coreografia,
imperiais do centro, no
ção atingiu a fase terminal, dando lugar ao surgimento de uma nova religião, a umbanda, e a um novo gênero de música popular. o samba das escolas de samba, que
prati-
nada mais era do que a mÚSica ntual da macumba, com
camente, à base só da percussão, com mínimas concessões às orquestrações melódico-harmônicas (vio-
o mesmo ntmo, o mesmo grupo de Instrumentos de acom-
lão e cavaquinho) e, na medida do possível, conservando, na dança, a umbigada anceslral
te locos os velhos patnarcas do samba, da Mangueira
panhamentos e até a mesma coreografia Absolutamenda Portela, do Prazer da Sernnha, da Unidos da Tljuca e das outras escolas pioneiras. foram unãnlmes em afir-
O NEGRO
NO CARNAVAL
CARIOCA
O samba carioca foi uma das grandes contribuições dos negros bantos à cultura brasileira, ao lado da capoeira e do extenso vocabuláno pelos falares nacionais
banto absorvido
A abolição e a decadéncla da cultura do café no Vale do Paraíba logaram no R,o de Janeiro levas numerosas de negros bantos. que aqui encontraram os nagôs baianos, negros urbanos de classe média que dominavam a Praça Onze e anos antes haviam orgal1lzado os ranchos carnavalescos. Os bantos recém-libertos
eram negros sem qual-
mar: "Sambae macumba era tudo a mesma cOisa!" Na Mangueira, em fins dos anos 20, cantava-se: "Fui a um samba Na casa da Tia Fé, De samba virou macumba, De macumba,
candomblé."
Absolutamente
tocos os patriarcas do samba eram
ligados
à macumba
pais de santo,
cambonos,
tocadores de agogôs, de cuícas, de todos os instrumentos de percussão saídos diretamente dos terreiros
quer conheCimento do moco de vída nas cidades, onde
de macumba
chegavam apenas com os trapos que lhes cobnam o
Esse era o samba "com a nova Significação".
para os terreiros das escolas de samba
r
fi
de quo (~
59
falou Arthur Ramos. O ritmo, desconhecido até então pelas classes dominantes, desorientou o novo público a que estava sendo apresentado. Alguns representantes desse novo público, que por qualquer razão haviam visto na zona rural exibições de jongo, relacionavam-no imediatamente ao samba das macumbas. Carlos Moreira de Castro, o famoso Carlos Cachaça, no livro "Fala Mangueira", do qual é co-autor, afirmou que o samba foi introduzido em Mangueira por EI6i Antero Dias, o lendário Mano EI6i (1888-1971), no principio da Primeira Guerra Mundial. "EI6i" morava na famosa estação de Dona Clara, reduto dos maiores valentes, macumbeiros e batuqueiros. Trabalhava no cais do porto. Era pai de santo respeitado. Nos terreiros, quando terminava a festa do santo, entrava o samba. A música que predominava em todos os lugares era de autoria do EI6i e foi por muito tempo a coqueluche de vários carnavais e festejos da Penha. Dizia assim: "O padre diz miserê, miserê nobis, miserê / O padre diz miserê, miserê nobis, miserê" Até o final dos anos 20, a sociedade carioca s6 se interessava, no carnaval, pelas Grandes Sociedades e pelos ranchos, cujo desfile se dava em frente ao edifício do Jornal do Brasil,patrocinador do evento e organizador do júri. Os quesitos de julgamento dos ranchos eram conjunto, harmonia e enredo. As Grandes Sociedades eram testedas em indumentária, concepção, escu~ura, cenografia, crítica, maquinaria e iluminação. Promovido por Zé Espinguela, pai de santo e fundador da Estação Primeira, o primeiro concurso de samba aconteceu em 20 de janeiro de 1929, no bairro de Dona Clara. Participaram os conjuntos de samba organizados no Estácio,
leal represenlal1l:e da raça negra. a rt'lIl'leiraPIlah comemora mais t.rn campeonato da azul e bl3OCO. Fiei a agremia~ão ha lJI3se 30 anos, Pinah ficou irtemadona1menle conheciOa lXJf ter encantado o
~ CIlaI1eS,wn o qual sarroou dlranlc lJTla apresentaçào da agrerriaçào no Palácio l1aCidade. no Rio de Janeiro
na Portela e na Mangueira. A partir de 1930, começam a aparecer regularmente notícias sobre desfiles de escolas de samba, registrando-se, inclusive. algumas descidas das mesmas, de trem, do subúrbio até a Praça Onze. A armação das escolas era simples. Ernani Rosário e Oscar Bigode, da Portela, recordaram que, dos dois lados da escola, saíam baianas de fila, cuja função era manter a harmonia da escola e controlar a corda que isolava o conjunto, preservando-Ihe a unidade. "Asbaianas, no carnaval carioca ou no carnaval brasileiro, sempre foram uma tradição, que parece remontar ao tempo dos vice-reis. O que acontece é que elas apareceram primeiramente à testa das procissões mais ricas. O tom naturalmente pagão desses ranchos é que contribuiu para que deixassem de figurar nas festas religiosas para se integrarem aos festejos carnavalescos". Conseqüentemente, prosseguia a amálgama da nossa negritude, com resultados de toda ordem, fundamentais para a formação da nossa cultura cada vez mais miscigenada. O primeiro elemento a se apresentar era o "PedePassagem", uma tabuleta na qual vinha gravado o símbolo e o nome da escola. Logo atrás vinha a comissão de frente, naquela época também chamada de linha de frente. Em seguida, a porta-bandeira e o mestre-sala. Atrás deles, o primeiro puxador de
samba
e o primeiro
versador,
seguidos
pelo
De lã para cá. as escolas só cresceram. "engoli.
caramanchão. urna espécie de pálio, Igual ao das pro-
ram" os ranchos e as Grandes Sociedades. que aca.
cissões religiosas. sob o qual desfilava a alta direção da
baram desaparecendo. Para facilitar este estudo diVI-
escola. Seguia-se o segundo par de porta-bandeira e
dimos sua evolução em Cinco fases. a saber
mestre-sala. DepoIs. o segundo versador e o segundo
1 Fase HerÓica (de 1930 a f934) - Predominam os
puxador. No final, a bateria. precedida pelo respecflvo
afro-descendentes. que buscam maior vlslbllidacle e In-
dlrefor A bateria não vinha obrigatoriamente fantasia-
clusão SOCialatravés do grupo organizado, mas ainda
da. Em torno do caramanchão. limlfadas pelas filas de
são poucos componentes sofrem persegUição poliCiaie
baianas, evoluiam as fantasias
possuem a estrutura totalmente copiada dos Ranchos.
O primeiro concurso de escolas de samba aconte-
mas com VisualmUito pobre. Possuem enredo. mas a,n.
ceu no ano de 1932. quando o lornal Mundo SPOrtIVO.
da não têm samba-enredo o samba tem uma estrofe fixa
patrocinador do evento. fez construir um coreto em fren.
e "versos" ImproVisados. acompanhados apenas por
te á Escola BenJam"l Constant. na Praça Onze. e ali
percussão Idêntica á dos terreiros de macumba Nessa
instalou a comissão Julgadora. formada por Orestes
lase 101 errada a Unláo das Escolas de Samba (UE S )
Barbosa. Raimundo Magalhães Júnior. Eugenia e Alva-
2. Fase Autênlrca (de t935 a 1953) - Continua a
ro Moreira.Jose Ura. Fernando Costa eJ Reis.Dezenove
maiOria de afro-descendentes. mas a ofiCialIZação. em
escolas compareceram ao local do desfile. mas apenas
1935. começa a trazer a descaracterização do modelo
Cinco receberam premias. na seguinte ordem'
Imclal. pOISo regulamenlo determina substituir os versos de Improviso por versos lã feitos. para faCilitar o julgamento. De qualquer forma há a Ilxação da nova
1° 1ugar - Mangueira 2° lugar - Portela (empatada com a Estáclo)
e Visual ingênuo. espontâneo. pura arte popular O nú-
3° lugar - Para o Ano Sai Melhor
mero de componentes aumenta surge e se fixa o sam-
4° lugar - Unidos da TiJuca
ba.enredo e a obrigatoriedade dos enredos nacionaiS
Apesar das restrições elltlslas ainda felfas ao Ilpo de carnaval que se fazia na Praça Onze. alguns órgãos de imprensa começavam a levantar a voz em favor do autênlico carnaval popular No ano de 1933, com o apoio do prefeito Pedro Ernesto, que chegou a liberar pequena ajuda em dinheirOpara as escolas de samba. o desfile destas passou a fazer parte do Programa OfiCiai do carnaval. elaborado pela Prefeitura do Distrito Federal e pelo Tourlng Club. O desfile ganhou estrutura interna e
modalidade de desfile, com base nas raízes africanas
101
patroCI-
nado por um lornal grande. O Globo. O certame foi regido por um regulamento, elaborado pelo patrocinador. Já nesse ano ficou estabeleCida a prOibição dos instrumentos de sopro e a obrigatoriedade da ala de baianas. elementos a partir de então caracterlzadores das escolas de samba Participaram 25 escolas inscritas ofiCialmente Mais dez desfilaram sem concorrer Em 1934 não houve desfile. pOl causa de fortes chu-
3
Fase de Interação (de 1954a 1970)-Apresença
de profiSSionaiSde artes plásticas e cêmcas nos barra. cões integra o mundo do samba ao mundo SOCial.aproXima os IntelectuaiS dos barracões. mas. Simultaneamente. provoca enorme valorlZaçáo do Visual.em detrimento do samba. Os enredos SOfisticam-se. o sambaenredo. para descrevê-Ios. cresce tanto que passa a se chamar "Iençol". A presença do carnavalesco. da classe média e o lortaleclmento dos patronos provoca a perda de poder dos afro-descendentes. que continuam sendo a grande força apenas nas alas técnicas. 4
Fase da Escola de Samba SA (de 1971a 1983)
As escolas de samba transformam-se em empresas. a partrr da Introdução do ingresso pago nos ensaios. necessárro á construção das sedes e á crescente neceSSidade de mais recursos para Investrrnento no VIsuaL Instala-se a hegemonia do carnavalesco, é uma fase
de
enredos
"abslratos"
Jmcla-se
a
profiSSionalização dos técnicos, que lá náo atuam ape-
vas que assolaram a Cidade. E. em 1935. o próprio
nas por amor
Pedro Ernesto lornou o carnaval das escolas de sam-
ses" estabeleCido e negociado. A indústria fonográfica
á escola. mas têm o valor de seus "pas-
ba oficiai. com drrello a subvenção e dia e hora certos
Investe maciçamente no samba-enredo. ocasionando
para desfilar. equiparando-se, em direito, aos ranchos ás Grandes Sociedades
o fim da "marctlrrlha carnavalesca" Em contrapartida. o samba-enreclo se torna "marchado". POISseu anda-
, 61
mento se acelera, para atender aos problemas da cronometragem do desfile. O passista "perde" literalmente espaço na sua luta com os carros alegóricos gigantescos, e a necessidade da presença de alas ricas e destaques traz cada vez mais a presença da classe média, dos turistas e das celebridades aos desfiles e camarotes. 5. Fase do Sambódromo ou das Grandes Sociedades do Samba (de 1984 até hoje) - A criação da Passarela do Samba e a da UESA tornam irreversível a transformação do desfile no maior espetáculo da Terra Para tanto, necessário se fez o desenvolvimento de uma 'indústria do carnaval", subgrupo da sempre crescente indústria
cultural, que propícia o aparecimento dos patrocinadores, complementando a subvenção da L1ESAe o apoio dos "patronos", hoje totalmente aceitos socialmente, em decorrênCia da atuação nas escolas. Cria-se e Instala-se o conceito de "Superescolas," nas quais o gigantisnno passa a ser um motivo constante de preocupação dos organizadores, E AGORA? Afinal, a escola de samba é, sem dúvida nenhuma, fruto do talento e da criatividade dos afro-descendentes, que se organizaram através dela e a apresentaram ao Rio, ao Brasil e ao mundo, a partir da década de 30. De lá pra cá, as mudanças estruturais a que foi submetida, buscando adequar-se ao gosto da platéia cada vez mais eXigente que hoje freqüenta a Marquês de Sapucaí, faz-nos, mais uma vez, repetir a pergunta
lU
RtMS'd Beija-Flor de NII6polis
que não quer calar: ainda existe um papel para o negro nas escolas de samba? No carnaval de 1939, ano em que, segundo os pesquisadores, surge pela primeira vez um samba enredo completamente bem-sucedido, o 'Teste ao Samba", na Portela, o negro Paulo Benjamim de Oliveira - o Paulo da Portela, que fundara a escola com Rufino e Caetano em 11 de abril de 1926- foi a autor da idéia do enredo, do samba-enredo, das fantasias, de tudo, enfim, apenas com o auxílio de uma pequena equipe de aJudantes da comunidade, todos negros. HOJe,na era da especialização, isso não seria mais possível. No grupo das grandes escolas, via de regra não há negros presidentes, nem carnavalescos, e mesmo nos altos quadros administrativos sua presença é reduzida. Nos carros ou nas alas que ilustram o enredo, com destaques e fantasias cansslmas, fora do alcance dos membros da comunidade, não há negros, mas gente branca da sociedade e personalidades da mídia impressa e televisiva. Os próprios compositores tradicionais têm sido gradativamente substituídos por compositores de fora da escola, que se adaptam mais facilmente às exigências do público das quadras e do sambódromo (que preferem o ritmo frenético da marcha à cadência tradicional do samba). Mas e as chamadas alas técnicas (hannonia, bateria, baianas, crianças) ou postos técnicos (mestresala e porta-bandeira. passistas, puxadOl'es), aqueles que asseguram a pontuação alta e a vitória ou a derrota no desfile? Esses continuam ocupados pelos baluartes ou por elementos de cuja cultura o samba faz parte, gente que o traz na cultura, na pele e no coração, Esses representam a alma da escola. Resumindo: a escoia de samba, microcosmos da sociedade, espelha a mesma pirâmide que. se durante alguns anos se Invertia no carnaval, hoje voltou ao formato natural: brancos comandam, negros trabalham. É claro que há exceções que confirmam a regra. A GR.E.S. Beija-Flor de Nilópolis, que nas décadas de 70 e 80 representava a modernidade ameaçadora da tradição, sendo o contraponto da Mangueira, com o tempo firmou posição e é hoje, entre as grandes escolas que compõem o maior espetáculo da Terra, a que mais respeita a presença e os temas da cultura afrobrasileira, sob a batuta do Mestre Laíla. Talvez isso explique o fato de ser ela a tricampeã do carnaval carioca. versão em inglês: www.beija-flor.com.br wwwbeija.florcom
bt'
,-o ,."
.'.,, )
i••••~
.•..... ...
....,~
f', ,I .......
BEI"'A.FLOR DE NILÓPÓLIS: SEGREDOS DA TRICAMPEÃ
Toda competição séria é temperada com uma boa dose de discussão, polêmica e atitudes apaixonadas. Cada um puxando a brasa para a sua sardinha, desconsiderando a velha máxima "contra fatos, não há argumentos". Acostumados a ver a azul e branco fazer bcnito. decidimos tentar desvendar o segredo da Beija-Flor de Nil6polis, para melhor entender as razões que fazem dela a mais importante escola de samba da atualidade. com fãs espalhados por todo o mundo e competência reconhecida até pelos seus adversários de avenida. Decidimos começar pelo começo: voltar ao início da produção de cada desfile da agremiação de Nil6polis. Descobrimos que, sob uma 6tica particular, não existe uma data que possa ser definida como a do início da produção do carnaval da Beija-Flor de Nil6polis. Aqui, o cotidiano das pessoas que fazem o carnaval deixa isso bem claro: ano ap6s ano, elas devolam o seu dia-a-dia à escola. Isso quer dizer que, mesmo durante a fem, na praia ou no clube, com amigos ou familiares, numa roda de samba ou num pagode, os integrantes da família Beija-Flor estão sintonizados entre si pelo seu amor à escola. Dessa forma, as idéias surgem, as novidades são criadas e os diferenciais são concebidos. É assim no cotidiano dos diretores da agremiação, dos integrantes da comissão de carnaval, da bateria. mestre-sala e porta-bandeira. comissão de frente, puxador, aderecista, eletricista e dos demais integrantes da escola. Nesse momento. identificamos, talvez, uma das primeiras razões de a Beija-Flor de Nil6polis estar sempre fazendo um desfile empolgante e bcnito: a ligação
__
I
B~eYlSt
Beija-Flor de Nilópolis
afetiva entre a agremiação e seus componentes ourante os 365 dias do ano. Mas de onde será que vem esse comprometimento espontâneo? Parao presidente da agremiação, Fand Alxão, "ess~ comprometimento é resultado de um trabalho muito importante que fazemos, de valorização do componente não s6 dentro da quadra e da avenida. mas também no contexto social em que ele vive. O aspecto familiar da Beija-Flor de Nil6polis é a grande base da escola. Desde que a minha família, através do Jacó, do Nelson e do Anízio, iniciou esse trabalho de remodelação da Beija-Flor de Nilópolis, temos conquistado o carinho e o respeito daqueles que, assim como n6s, amam a BeijaFlor. A raiz da comunidade e da escola sabe o quanto amamos e devotamos nossa vida a essa agremiação. E o carinho com que envolvemos a escola fez com que os seus componentes criassem para si mesmos um compromisso moral de entrega e dedicação. Afinal, quando você dá amor, dignidade e confiança, recebe em troca amor, dignidade e confiança. E esses sentimentos acabam por criar uma devoção recíproca, e com isso ampliamos a nossa noçao de família. Todos os integrantes da escola, que têm boas intenções e que trabalham para a Beija-Flor crescer. fazem parte de uma única família. Acredito que esse espírito de união fraternal e de respeito é que fortalece cada um, individualmente. e a escola. como um todo"_ A coreógrafa da Comissão de Frenteda agremiação. Gislaine Cavalcanti, contribui com o seu ponto de vista: "É indiscutível que a força da Beija-Ror vem da atuação da comunidade na Avenida e fora dela. E, para nós, lrabalhar com a comunidade de Nil6pclis é mais do que preparar pessoas apaixonadas para o camaval. No nosso d,a-a-dia, acabamos trabalhando o desenvolvimento www beija-flor com bf
pessoal deles, e isso é uma tarefa muito gratificante. porque nos dá uma melhor compreensão da nossa Impertãncia e da importáncia deles na construção da nossa história pessoal; afinal de contas. esse desenvolvimento pessoal acaba sendo reciproco. Isso faz com que, realmente, nos sintamos como uma familia. criando em nós uma vontade de estar sempre trabalhando pela escola". Se esse espírito de familia é o ambiente que envolve a Beija-Flor, fica mais fácil entender o que significa "a força da comunidade". Segundo Laíla. o ambiente do carnaval é o de "uma competição mUito acirrada. na qual todos vão buscar clesenvolver seus enredos a contento. escolhendo os melhores sambas e aproveitando os ensaios do período pré-carnavalesco para fazer um grande desfile. Mas a presença da comunidade é o que
faz a diferença entre a Beija-Flor de Nilópolls e as outras agremiações. Aqui nos preocupamos em fazer com que a comunidade participe d desfile. o que acaba fortalecendo em mUito a Escola. Não adianta ter belas fantaSIas, belas alegorias e fazer um desfile ruim. Os integrantes colocam o coração na Avenida. Isso tem dado resultado. e temos certeza absoluta de que a cada ano o efeito vai ficando ainda melhor". Para o leitor ter uma Idéia do que significa um ala de comunidade para a Agremiação, basta saber que. para o carnaval de 2006, a agremiação salfá com 31
alas da comunidade. O diferenciai da Beija-Flor deve mesmo estar ai: coração.
É bom ressaltar, no entanto. que o status atual da Beija-Flor de Nilópolls não foi conquistado por acaso e nem é de hoje que se trabalha esse pensamento Laila diz que por Irás de tudo existe um grande proleto que foi abraçado por AnizlO Abrão David Na verdade. Laila encontrou na BeIJa-Flor de Nllópolis pessoas que pensavam como ele, profissionais com as mesmas concepçóes a respeito de desfile de Escola de Samba 'Isso aquI é um prOjeto Não é qualquer escola de samba que laz como a Beila-Flor. até porque o custo é alto e o trabalho é sem limite O AnizlO apoiou essa idéia desde o iniCIO Para mim é uma
cOisa programada. que cultivo desde a época do Salgueiro. esse trabalho com a comunidade Quando cheguei á Beija-Flor, encontrei um ambiente propicio. Implantamos o projeto aquI e, com respaldo chegamos ao que somos hoje", resume Laila Organizar uma escola de samba não é fácil. Há muita diversidade, pessoas diferentes. cada qual com seu pensamento. Às vezes. como diZ o própriO Laila "é preciso ser durão" Se está em Jogo um titulo tão importante, um evento de tamanila magnitude. as cOisas precisam mesmo andar nos tfllhos Caso con-
, 65
trário, a situação se complica, o que não pode acontecer quando décimos de pontos estão em jogo. "Eu digo que sou o sargentão, pois é preciso ser rigoroso para que as coisas aconteçam. E o que mais me deixa satisfeito é que aos poucos os componentes vão entendendo o que quero deles ... e vão entendendo, também, que cada conquista deles nos ensaios na quadra, cada momento em que superam as suas limitações, eles se tornam melhores e mais capazes de conquistar coisas fora da escola, fora do carnaval. E isso é muito gratificante". Em harmonia com o pensamento de Lana, Márcio Santos, presidente das alas de comunidade e que trabalha diretamente com os integrantes dessas alas, afirma categórico: ':'>'companho dia-a-dia os progressos dos nossos componentes. Vejo o esforço que muitos fazem para cantar o samba afinado, para acertar a coreografia ... É visível como nossos componentes têm crescido e se tomado mais afinados com a nossa escola epor que não? - mais preparados para vencer, tanto na Avenida quanto fora dela. São realmente heróis anônimos, porque, no seu silêncio íntimo, cada um deles vai se superando e corrigindo suas falhas, a fim de oferecer o melhor que possuem à Beija-Flor que tanto amam". Coração e Disciplina ... Mas identificar as causas de tantos titulas e inesqueciveis desfiles é uma tarefa bastante complexa. Afinal. a força da Beija-Flor de Nilópolis está no conjunto e não na unidade - ainda que a soma das uni. dades é que forme o conjunto.
E. exatamente pela dificuldade de nos referirmos ao todo - uma vez que ele é formado por milhares de pessoas -. é que invariavelmente nos concentramos nas suas partes. ouvindo alguns daqueles que representam esse conjunto. Isso não quer dizer que um componente seja mais importante do que outro. mas que exerce papel distinto na estrutura da agremiação. Para Paulo Botelho. o Mestre Paulinho. as vitórias da Beija-Flor de Nilópolis não devem ser analisadas separadamente do desfile que a premiou. Segundo ele "vencer o desfile é uma conseqüência de quem faz o trabalho mais completo. Só isso. E é por essa razão que sempre batemos na tecla de que a comunidade é a grande responsável pelos grandes desfiles da agremiação. Mas. quando falo em comunidade, me refiro a todos os integrantes de comunidade - estejam eles na Bateria. na Velha Guarda. na ala das Baianas. nas alas teatrais - que ensaiam semanalmente na nossa quadra. Realmente. não há estrelismos. Somos uma grande família com os mesmos objetivos. ainda que com instrumentos e atuações distintas." E esse esplrito de "muitos pais para um mesmo filho" é muito bonito e verdadeiro na Beija-Flor de Nilópolis. Afinal de contas, ninguém atribui somente a si ou à sua ala o mérito das vitórias e nem dos desfiles inesqueclveis. Todos fazem questão de dividir o crédito com as outras alas. com os outros componentes e com a família Abrão David. É como diz a presidente da Velha Guarda. Débora Cruz: "Estou à frente de uma ala que reúne muitos sam-
bistas antigos. E fico muito emocionada quando vejo o público aplaudindo e sambando com a gente, depois de termos passado semanas e meses ensaiando duro para apresentar um bom desfile. E o principal é que nesse momento de euforia nenhum de nós se sente mais importante que o outro. Nos sentimos importantes, sim, porque nessa hora nós somos realmente importantes. Mas não um mais do que o outro", declara emocionada. Se é evidente a importância da comunidade nos desfiles da Beija-Flor de Nilópolis, um importante aspecto passa despercebido por muitas pessoas: o papei da Comissão de Carnaval dando oportunidade à comunidade de exercer esse papel na avenida. Segundo o Bira, "a Comissão de Carnaval tem tratado os componentes da comunidade de maneira muito correta. Nos mínimos detalhes, a gente procura sempre fazer o melhor que estiver ao nosso alcance, para que eles se motivem e sintam que realmente são importantes para nós e para a escola, Um exemplo diSSOsão as fantasias que desenhamos para as alas de comunidade. Procuramos trazer para eles o que há de mais bonito. Para que eles arrasem na avenida". Defendendo esse mesmo ponto de vista, Carvalho lembra que "em Agotime, usamos na bateria pena de Faisão branco, uma pena rara e, por isso, mUito cara. Durante a fase de preparação do carnaval, conversávamos sobre esse elemento no chapéu da bateria com seu Anísio que disse: 'Meu Deus, essas penas são muito caras', Aí, ele pegava o chapéu que tinha a pena e, com os olhos brilhando, dizia: 'Mas está lindo!' E você
acha que a Bateria da Beija-Flor de Nilópolis desfilou com pena de quê? De faisão branco, é claro I É esse o espírito da escola. Os dirigentes, e especialmente o seu Anizio, querem dar aos componentes da comunidade o que há de melhor, como daria para um familiar. Aqui as pessoas não se sentem discriminadas ... " Esse tratamento especial ao integrante da comunidade acaba agindo diretamente na motivação do indivíduo. Segundo Shangai, "desfilar pela Beija-Flor de Nilópolis já é, por si só, motivo de orgulho. E durante os preparativos, quando o integrante da ala de comunidade chega à escola e vê a fantasia que vai desfilar, uma belíssima fantasia, a despeito de ser uma fantasia doada pela escola, seu grau de motivação cresce ainda maiS. Afinal, ele poderia esfar esperando que a fantasia doada seria de qualidade inferior, Quando o componente vê que a sua fantasia é tão ou mais bonita que a fantasia de outras escolas, a motivação dele só pode crescer. E no dia do desfile, quando esse cidadão chega à Avenida dignamente fantasiado e vê as alegorias da sua escola feitas com carinho, bonitas, deslumbrantes e bem cuidadas, o nível de motivação trrplica, quadruplica. Um componente com esse estado de espírito não vai evoluir mais? Não vai cantar mais? Não vai dar mais de si?" Segundo Laíla, a idéia de Comissão de Carnaval é um sucesso; tem ajudado a escola a manter uma regularidade nos últimos desfiles e levou-a ao título de tricampeã do carnaval carioca. "Tenho certeza de que nos mantemos no caminho certo, basta você ver quantas vezes, nos últimos oito anos, fomos campeões e vlcecampeões. Isso é mais forte do que qualquer opinião I; .'vl'fl Iro ?C()6
87
L _
que tenham sobre a Comissão de Carnaval. Ela é um sucesso. O que acontece é que a mídia não quer divulgar isso. Ela pretere ter a imagem de um único e grande carnavalesco. Imagine se os resu~ados que a nossa escola alcançou tivessem sido criados por um único carnavaJesco: ele seria chamado por todos de deus. E o mais curioso é que, se você analisar bem o modelo de um carnavalesco, verá que esse modelo já não dá oerto há muito tempo. É só você ver há quanto tempo um único carnavalesco não ganha carnaval. É um modelo ultrapassado. Essa é também uma das causas pelas quais a Beija-Ror de Nil6polis está sempre no páreo". Que a Beíja-Ror tem apresentado belos desfiles não há o que discutir. Mas um desfile bonito custa caro, e, para saber como a agremiação gerencia a questão administrativa e finanoeira, ouvimos o administrador do barracão e vice-presidente finanoeiro Rogério Suaid, O qual esclareceu que, "para fazer uma escola forte e em condições de disputar ano a ano o título de campeã do carnavat carioca, é preciso que a agremiação se organize para que caminhe de maneira uniforme. Há muito tempo a Beija-Flor vem ganhando títulos ou vice-carnpeonatos pela força que ela tem, independentemente de algumas dificuldades por que passávamos. Por causa desse amor que todos sentimos pela Beija-ROf, muitas vezes a administração do barracão era feita de maneira amadora, apesar da boa vontade dos administradores que por aqui passaram. Para se ter uma idéia, vivíamos um problema sério de desperdício de material. Imagine que, em um ano, chegou a sobrar 3.000 metros de tecido para a fantasia das baianas. Quando chequei aqui, não cheguei com nenhuma receita milagrosa e nem com a missão de fazer mágica. Simplesmente sou uma pessoa muito organizada e da confiança do Anlzio. Ele me deu carta branca para implantar as mudanças que eu considerasse necessárias. Fui enfrentando os problemas um a um, sem pressa de resolvê-Ios, mas atento para que, quando fossem resolvidos, o fossem de uma vez por lodas. Muitas vezes a Revista Beija-Flor de Nilópolis
escola, sem reparar, mantém uma estrutura viciada e, para mudar isso, tem que ser feito um trabalho cuidadoso, respeitando suscetibilidades e tentando ferir o mínimo possível o melindre das pessoas, Hoje, s6 com o que economizamos com o fim do desperdício, pudemos investir mais em outros tecidos, outras fantasias e outros adereços. Para isso, tivemos que fazer algumas modificações intemas, inclusive com a mudança da equipe que fazia os levantamentos. Hoje, a equipe que faz esse levantamento e me apóia na administração, em termos gerais, é formada pelo Leandro, Robson e Marquinho, e nós conseguimos chegar no que chamaria de "ponto ideal': o material que recebemos está sendo o suficiente para a produção do carnaval de 2006 e a sobra é mínima, atendendo às necessidades de todas a alas. Não vou dizer que administrar o barracão e a parte financeira da escola é uma tarefa fácil, porque não é. Mas tenho certeza de que estamos ajudando, da nossa maneira, a Beija-Flor de Nilópolis a se manter no topo", conclui Rogério. Amor e profissionalismo. Sem personalismo. Mas enquanto buscamos desvendar o mistério que faz da Beija-Flor uma escola sempre entre as melhores, ouvindo as pessoas que fazem a agremiação crescer e se destacar, muitas novidades se descortinam à nossa frente. Uma delas nos chama a atenção de maneira especial: a atuação anônima, mas essencial, do Luis Carlos Gomes, o "Pai de santo". Mas, para falar um pouco do trabalho de Pai de Santo, é preciso que remontemos um pouco à fQfmação religiosa o povo brasileiro. Somos uma nação que convive harmonicamente com as dilerenças, a tal ponto que, cem o passar do tempo, é comum encontrarmos pessoas que rendem, ao mesmo tempo, culto ao catolicismo, ao umbandismo, ao candomblé e ao espiritismo. Essa miscigenação de crenças é um dos mais atraentes aspectos do povo brasileiro, e um forte instrumento de devoção pessoal. WNW
beija-lIor.com br
Com Pai de Santo não seria diferente. Sua chegada à Beija-Flor é marcada por essa devoção, que faz com que o homem supere a si mesmo: "Entrei na Beija-Flor através de seu Laíla e do Márcio da Comunidade. Na época, eu estava sem trabalhar; aí fui até a Beija-Flor. O Márcio estava recolhendo pessoas para trabalhar no barracão e eu vim trabalhar com ele. Comecei como ajudante de cozinha. Um dia, procurei seu Laíla e pedi para ele me dar uma oportunidade em uma área fora da cozinha. Foi então que ele me passou para trabalhar com o metal. Com o tempo comecei a cuidar dos santos da casa. E estou até hoje," Mas o que significa cuidar dos santos? Falar de um assunto que envolve muito respeito e mística não é fácil. No entanto, Pai de Santo nos revela alguns detalhes desse ritual que, certamente, traz muitos resultados positivos para a nação Beija-Flor. "Na quadra da escola em Nilópolis, eu cuido de São Jorge (padroeiro da agremiação) e de Santa Rita Toda terça-fem eu faço uma limpeza nele: boto as flores, troco a água, limpo o alguidá dele ... Enquanto isso, peço por mim, por todos, pelo seu Anízio, que dê muita saúde para ele, pelo diretor de carnaval, seu LaJ1aPeço muito por eles. Sei que ele me atende, A gente tem que ter fé naquilo que a gente faz. E eu tenho muita fé no que laço. Além disso, na sala do seu Anízio eu cuido da tia Maria e do Pai Joaquim." Quem não é devoto de nenhuma religião talvez tenha uma certa dificuldade para entender a importância do trabalho de "pai de santo" na conquista dos tílulos e na manutenção da paz e da saúde na escola e entre todos os seus integrantes. Mas quem ê religioso e conhece um pouco dos mistérios da espiritual idade, não só compreende a importância do trabalho que esse nilopolitano e Beija-Flor de coração laz, como começa a ver esse homem com um outro olhar: um olhar de muito respeito. Respeito recíproco entre os integrantes: mais um segredo que leva à escola para a Vitória. Fizemos um passeio por alguns componentes da escola, no intuito de desvendar esse mistério, que, ao
que parece, nunca será totalmente desvendado. Por tudo que olNimos e transcrevemos, pelas opiniões que apresentamos e pelas reflexões que cada leitor poderá fazer,fK:aclaro que a I()(ça da Beija-Flor de Nilópolis é ela mesma, porque ela é as pessoas que a integram. Mesmo assim, algumas dúvidas quanto à fonte da força dessa escola ainda rondam a nossa mente. Dúvidas que não podem ser esclarecidas com palavras, mas que poderão ser dissipadas após os fogos anunciarem a entrada na avenida do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nrlópolis para a conquista de mais um título de campeã. Campeã do Camaval2006 (RDF).
lUIS
emos .PAI
Dl SANTO.
NATUREZA EXUBERANTE Situado nas fazendas do Salto e Santa Claro, em uma paisagem privilegiada, o Hotel Fa~enda }ECAVA pouul uma órea de mais de 7.DOO.DOOm). com 15 açudes. órea de mata virgem com cochoelras e cascatas onde podemos encontrar animais sllvr!stres do região, além do crioção de godo, cavolos Manga/arga Marchador e Pompa e animais de fazendo.
EVENTOS E CONVENÇÕES Sofistlcaçóo a serviço dos seus negócios. O Hotel Fazenda jECAVA oferece aos seus clientes um amplo salão de convençôes com área total de 190 mJ• com capacidade poro até 100 pessOCJs; 4 salos de apoio com IS,44m2 cada. coffee breaJe. vorondóo e uma vista maravilhosa. Tudo isso prontinho para o reollzaçóo dos seus eventos com o maior requinte e conforto.
Estrada Teresópolis-Friburgo - km 2 I,5 Vista Alegre. Teresópolis - RJ - Telerax: (21) 2741-4949 jecava@hotelrazendajecava.com.br • www.hotelfazendajecava.com.br
ĂŁo a oi-a eija- lar,
a
uma
arce la a am â&#x20AC;˘ 11'
Artigos para: Carnaval (especializado em Penas) Noivas. Festas. Passamanarias Armarinhos. Tecidos em Geral Tel./fax: (21)
2507-0598
Rua Buenos Aires, 287 e 300 - Centro
ALBENIZA GARCIA PEQUENA
GRANDE
MULHER
Surpreso com a presença daquela adolescente na antiga redação d 'O Globo, quando mulheres eram raras nas redações, O direto<-redato<-d1ete, dr. Roberto Marinho, indaga: "O que essa garota está fazendo aqui?" E, de imediato, despacha a franzina (mas forte) e pequena (mas corajosa) Jornalista para cobrir concursos de misses, fazer coluna social e de culinária. Em pouco tempo, batizada com bombas de gás lacrimogêneo e gozações dos colegas de outros jornais, Albeniza Garcia iniciava uma carreira de destaque na reportagem de polícia. Por canta de outro repórter disponível, Alves Pinheiro destacou Albeniza para cobrir um confronto entre banhistas e policiais. No limiar dos anos 40, o sonho de ser Lois Lanes, parceira de Clark Kent, o Super Homem, gibi preferido de Albeniza, começava a se concretizar. Aqui, o bloco carnavalesco, embrião do GRES Beija-Flor de Nilópolis, ainda não tinha surgido. Aposentada desde 1975, com 57 anos dedicados ao jornalismo, a mais antiga repórter de polícia não pensa em parar de trabalhar, mas a idade fez diminuir a rotina sendo assim, acompanhou o primeiro tri da Beija-Flor: "Sonhar com Rei dá Leão" (1976), "Vovó e o Rei da Saturnália na Corte Egípcia" (1977) e "A criação do mundo na tradição Nagô" (1978). Não surpreende essa mulher simples, calma e persistente entrar num barracão de escola de samba para apurar notícias. Albeniza toi produto<a de Carnaval da lV Globo. Todas as escotas já prestaram alguma forma de homenagem a Albeniza. Ela foi a Rainha do Carnaval da Imprensa e desfilou em muitos blocos e bandas, corno a Banda de lpanerna, Simpatia é Quase Amor, Imprensa mas não bate. O Carnaval e as escolas de samba são um mundo por onde ela circula com a mesma elegância de urna porta bandeira. Fo<ada redação, Albeniza enriquece seminários sotxe jornalisrno investigativo. O jornalista, escritor e novelista José Louzeiro, que se inspirou cm Albeniza para moldar a personagem de Udia Brandi em "Corpo Santo" (TV-Manchete, 1987), diz que ela ensinou muitas lições aos repórteres de polícia: "Manteve-se sempre corno observado<a imparcial, não se deixando influenciar pelas 'normas do submundo' e pelas leis da chamada 'sociedade livre'. Por não procurar entender semelhante postura, muitos coleguinhas ficaram pelo caminho", enfatiza Louzeiro Foi a ela
que Roberto Medina - um dos primeiros seqüestrados sem fins poltticos - foi entregue, para evitar que se criassem dúvidas sobre a integridade física dele. Ano passado, dois dias antes de cornpletar 79 anos e depois de colecionar numerosos reconhecimentosacervo de troféus, diplomas e medalhas que, juntamente com suas reportagens e entrevistas, darão origem a um memorial que está sendo organizado pela professora Mary Nyfdes dos Santos Coelho -, Albeniza Garcia recebeu, por sua emocionante carreira de riscos e reportagens impactantes, o diploma e medalha de mérito Pedro Ernesto, conferidos pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, iniciativa do vereador Stephan Nercessian, que declarou: "Sei que nessa missão estou realizando um ato que muitos gostariam de realizar, pois a cidade do Rio de Janeiro, por unanimidade, subscreve esta homenagem". A cerimônia ocorreu na Associação Brasileira de Imprensa, e a já então tricampeã estava lá pela segunda vez, com sua bateria mirim e o mestre Paulinho Botelho, que lhe entregou uma camisa sobre o enredo das missões; afinal, para o chefe de reportagem d 'O Dia, André Freeland, 'Albeniza é a repórter das missões impossíveis". Entre familiares, amigos, colegas e sambistas, ela agradeceu o prêmio, à ABI e aos presentes: "Estou contente. Era uma festa assim mesmo que eu queria" - disse ela, com um belo sorriso. (ML)
lev""
'li"
?OOO
731
FUTEBOL E SAMBA: PRODUTOS DE EXP DE UM PAís MISCIG
"Pedala, Robinho.,." A frase, ou melhor, o bordão, criado por humoristas para compor um quadro em programa de televisão, chamando a atenção para o ex-jogador do Santos Robinho, apresenta, talvez de forma inconsciente, a moderna união daquilo que todos nós ouvimos, desde sempre, em nossas vidas: o Brasil é o país do samba e do futebol. Não é desejo, aqui, tratar das pequenas questões políticas - ou politiqueiras, como queiram -, nem esquecer ou ignorar que temos petróleo, café, indústria naval e automobilística, nada disso. Mas ninguém pode negar que o futebol e o samba identificam o Brasil em qualquer lugar que se apresente a bandeira verde e amarela, Antônio Candeia Filho, o Candeia da Portela, numa de suas composições escreveu: "A idade não importa, A cor da sua pele não interessa. Se tem perna torta, Se tem perna certa, Para saber se tem samba na veia. Samba veio de longe. Hoje está na cidade, Hoje está na aldeia. Nasceu no passado, Está no presente. Quem samba uma vez, Samba etemamente.'
R"",sla Beija-Florde NII6polis
D
Na singela poesia, 8andeia urou explicar que o samba conseguiu extrapolar fronras Qmper preconceitos e, vindo da África, acabou por envolv ado o Brasil - e o mundo. E mais: ao ser Incorporado pela nação brasileira, gotejou e mesclou sangue branco europeu, amarelo, índio, sei lá . E agora nasce com a gente. Da mesma f a que o futebol Temoscraques brancos, negros, de olhos puxados .. Tanto faz se é baixo ou alto, se tem cabelo liso ou Crespo, o ro ou preto - ou mesmo se o raspa. Tanto faz também se é atleta na acepção do termo ou se tem pemas tortas e disformes que aparentemente o impossibilitam de jogar, coma um dia falaram de Garrincha, o mago da camisa sete. Não há regra para ser sambista, ou melhor. para se saber sambar. Como não há regra para ser craque e nos campos brilhar. Democracia? Isto, sim, é democracia - seja sambista ou jogador. Não temos preconceito. Queremos arte, queremos talento, queremos beleza e alegria. E se hoje existem jogadores brasileiros brilhando em gramados de todo o mundo, do Japão (até na seleção) ao colonizador Portugal, passando por Azerbaijão, Turquia, Itália, etc - sem falar da Inglaterra, que nos mandou o futebol -, temos também sambistas em todo o planeta, no Japão (onde o carnaval de Asakusa completou 20 anos de desfiles ininterruptos), Portugal, Finlândia e Estados Unidos. Samba e futebol, dois produtos de exportação! O sociólogo francês EmileVuillermozjá escreveu que nenhum povo alcança seu apogeu sem consagrar sua dança, sua música e seus heróis. Vai além: garante que v.ww beija-florcom bf
a dança é um dos primeiros modos de expressão Inventados pelo homem. E o samba é, sem dúvida. a dança do Brasil. A consagração do brasileiro. Como o futebol, com seus heróIs que surgem de repente e brilham, de quatro em quatro anos, para consagração da expressão "o melhor futebol do mundo". Foi nos gramados que o Brasil deixou de lado o seu 'complexo de vira-lata", expressão consagrada pelo escritor e teatrólogo Nelson Rodrigues para explicar a sempre presente tristeza do ser brasileiro diante dos desenvolvidos habitantes do Primeiro Mundo. Complexo que deixou de existir quando da conquisla do primeiro titulo de Campeão do Mundo na Copa de 1958. na Suécia Ironia.•. Fora de seu continente (o Brasil é o único país a ganhar Copa do Mundo fora de seus domínios, já o tendo feito nas Américas - Chile. em 1962; México, em 1970; e Estados Unidos, em 1994 -, na Europa - Suécia, em 1958 -, e na Ásia - Coréia/Japão, em 2002), e com um jeito todo malandro, a seleção brasileira consagrou seu ritmo na fria terra sueca, com um lutebol digno de nota 10, qualquer que fosse o julgador. Mas, como se disse, o futebel veio da Inglaterra. No tropical Brasil ganhou o gingado que incorporou ao esporte a expressão "arte".Sem exagero, pode-se dizer que ganhou ntmo, beleza, alegria e leveza. Do soco no ar do gênio Pelé ao ir-e-vir-fingindo-fugir-sem-sair-do-Iugar de Garrincha às hoje consagradas pedaladas de Robinhonão deixando de lado os passos de samba, funk ou o embala-neném de Bebeto no Mundial americano. O samba também tem e fez história. Tem seus craques. A própria Beija-Flor lá apresentou para o mundo inúmeros mestres na arte da dança e do samba. Como esquecer, por exemplo, do cavalheirismo do bacharel em Direito Élson Ananias? Não conhece? Nunca OUVIUeste nome? E se falarmos em Élson PV? Ficou fáCil,não? Pois Élson. mestresala da azul e branco de Nilópolis por dez anos (1978/ 1988), sempre - é importante repelir -, sempre marcou nota 10. Mesmo quando passaram a ser quatro julgadores. Em depoimento ao jornalista José Carlos Rego, para o livro Dança do samba, exercicio do prazer, Élson afirmou ter se interessado pela arte do samba com um sambista branco, apelidado Dezesseis. Talvezuma prova de que o samba, como o futebol, não conhece essas coisas de cor e preconceito.
Para Élson, o mestre-sala deve repetir a ação do beija-flor, tendo a porta-bandeira. sua flor, como objeto de atração. "E sem realizar ações acrobáticas. A dança do mestre-sala, como nos ranchos, deve ser suave, delicada e marcada pela sedução", ensinou o mestre. Sedução levada à risca, em outros termos. é verdade, pela menina Sônia Maria Regina da Silva, a Soninha Capeta, que Joãosinho Trinta consagrou como rainha da baterra da Bella-Flor lá pelos anos de 1988. Nilopolitana. quando criança Sonlnha sentava na calçada para ver as sambistas da Rua Mrrandela durante o carnaval. A mexida das cadeiras das passistas de então a entelllçava. Ficava tentando reproduzir os passos e, com o tempo. começou a se destacar também como passista, imprOVIsando passos, quase sempre na ponta dos pés. Como os craques da bela Improvisam seus drrbles. deixando de queixo caído os adversários. sejam eles tão brasileiros quanto nós ou vindos de terras distantes. (VD)
versão em inglês: www.beija-f/or.com.br " ., .. , (K"
751
LIESA
UM ESPETÁCULO CADA VEZ MELHOR D camaval é uma das principais festas populares do pais e a cada ano vem ampliando o público que o assiste. Essa evolução nafesta tem várias causas: o empenho de cada agremiação em fazer um destile bon~o, com a valorizaçãoda sua comunidade, a atuação do Poder Público, oferecendo segurança nas áreas próximas ao sambódromo, e a eficiência das empresas de transporte, que oferecem uma infra-estrutura auxiliar para o turista e para o folião. Dentre as razões apresentadas, e tantas outras, gostartamos de destacar uma das razões do sucesso e do crescente interesse do turista e do folião em participar do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial: a competência administrativa da Liesa - Liga Independente das Escolas de Samba. Desde 1998 sob o comando de Amon Guimarães Jorge - o capitão Guimarães, a Liesa completa este ano 22 anos de atividade ininterrupta na organização e condução do maior espetáculo popular da Terra. Parafalar um pouco da Liesa, da sua importãncia, conversamos com o presidente da Liesa, que nos recebeu com simpatia e atenção.
Revista Beija.Flor de Nilópolis - Qual a sua avaliação do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial? Capo Guimarães - Minha avaliação é excelente. O carnaval é um sucesso tanto de público quanto de beleza e criatividade. E tem melhorado a cada ano. Para o leitor ter uma idéia, nos últimos três anos todos os ingressos foram vendidos em todos os dias em que a Uesa organiza o desfile, e. segundo a Riotur. o Rio de Janeiro recebe. só no carnaval. 750.000 turistas. RBFN - 22 anos de existência não criam uma acomodação por parte da Liesa? CG - Tenho muita experiência à frente dessa Instituição, o que me permite afirmar que não faz parte da política interna da Uesa a acomodação. A cada ano pensamos novas maneiras de tomar o espetáculo mais disputado, mais criativo e mais atraente para o público. Um exemplo disso é a experiência do "décimo suplementar". RBFN - O que vem a ser o "décimo suplementar"? CG - Nos últimos anos de desfiles de carnaval, mais de uma escola tem feito um desfile merecedor da nota máxima. No entanto. vez por outra. uma determinada agremiação dá um show à parte, levando à Sapucaf um desfile que sobressai dos demais. ou que contagia o público de maneira diferenciada. Essa escola. dentro do conceito que testamos no desfile de 2005, ganharia o décimo suplementar. Como disse, fizemos essa experiência no desfile de 2005. mas não era obrigatório ao julgador dar o ponto suplementar. Ainda estamos estudando, e ainda não me sen-
178
Revista Beija.Flor de Nilópolis
ti seguro para implantar essa idéia: por isso, este ano vamos testar novamente esse conceito com os jurados. RBFN - O que motivou à Liesa a modificar ainda mais a questão "pontuação"? CG - Na verdade, ainda não há modificação alguma. O que há é uma experiência. As escolas de samba do Grupo Especial estão em um nível de qualidade muito bom, e nossa idéia é criar um instrumento que premie um plus, estimulando a com. petição, a criatividade e a ousadia. O público quer ver uma Comissão de Frente que tenha criatividade ... uma bateria que traga para a aveni. da alguma novidade ... Mas, pelo regulamento atual, a direção e os componentes das alas que são quesitos de julgamento ficam receosos de trazer novidades mais ousadas ao desfile. Isso porque. quando a agremiação entra na Sapucai. ela já entra com a nota máxima. com o 10. À medida que o desfile se desenvolve. ela pode ir per. dendo pontos ... Dentro do formato atual, por que uma bateria, por exemplo, que, desfilando o "feijão com arroz", tem assegurada a sua nota 10 inventaria novas batidas. paradinhas, coreografias ou outras novidades mais ousadas? O desfile é um espetáculo, mas é também uma competição. Ninguém quer perder. Por que, então, se arriscar? É essa atitude, natural e esperada, que queremos mudar. Queremos privilegiar a criatividade. a ousadia. a inovação. Mas é um teste. Se considerarmos positiva a implantação do conceito do décimo suplementar, a faremos. WWN beija-flor,corn.or
l
RBFN - Existem outras mudanças em andamento para beneficiar o espetáculo? CG - Sim. A cada ano nós avaliamos o regulamento da Liesa. Depois de alguns estudos e conversas com especialistas em todo o mundo, constatamos que nenhum espetáculo deve durar mais do que oito horas. Estamos empenhados em reduzir o tempo de duração do espetáculo, reduzindo, paulatinamente, o número de escolas no Grupo Especial. No desfile de 2006, descerão duas agremiações e subirá apenas uma escola, a vencedora do Grupo de Acesso. O mesmo ocorrerá no desfile de 2007, Com isso, no desfile de 2008 teremos o número ideal de escolas desfilando, isto é, 12 agremiações. mostrado ao leitor os bastidores dessa festa, abordando as reuniões de planejamento, os preparativos nos barracões, nos ateliês, os ensaios na quadra, até o ponto culminante, que é a apresentação na Sapucai. O leitor hoje sabe que são meses de pré-produção e entende com facilidade que isso custa dinheiro. Antigamente, as agremiações de carnaval buscavam individualmente esses recursos junto ao Poder Público e, na maioria das vezes, recebiam migalhas, se comparado às despesas que seriam feitas. Issc acabava influenciandoa disposição da escola e comprometendo os preparativos para o desfile. E era mUito desgastante, principalmente se considerarmos que, em todo o processo que envolve o carnaval, quem tem mais retorno, institucional e financeiro, é o Poder Público.
RBFN - Como é liderar uma entidade tão forte no carnaval? CG - Sigo o pensamento de que "Liderar é coordenar esforços". Esseéo segredo do sucesso da Liesa. Sou uma pessoa organizada, mas considero que meu grande mérito à frente da Liesa é saber escolher os aUXiliares: a equipe que trabalha comigo é mUito competente. RBFN - Qual a atuação da Liesa na viabilização dos recursos do Desfile de Carnaval? CG - É importante que o leitor tenha o entendimento de que uma festa com as dimensões do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial depende de recursos financeiros. A cada ano, a revista da Beija-Flor de Nilópolis tem ESCOLA
ORDEM
1°
1c.R.E.S. -Flor
de NII6poIII
2002
2001
2003
TOTAL
2005
2004
CoI.
Pt
CoI.
PI.
CoI.
Pt
CoI.
PI.
CoI.
Pt
2°
15
2°
15
1°
20
1°
20
1°
20
90
15
3°
12
6"
6
65
10
5°
8
4°
10
60
2'
Ic.R.E.5. .-
3'
Il
l°
20
lO
3°
hR.E,S. Imperatriz Leopoldlnense
1°
20
3°
12
4°
hR.E.5. Unldoodo Vi_
5°
8
5°
8
6°
6
4°
10
8°
3
35
Ic.R.E.S.__
6°
6
]O
4
3°
12
100
I
3°
Il
35
Prtmel•• de
do Grande Rio
4'
hR.E.S. Untlos da Tljuca
90
2
100
I
90
l
2'
15
2'
15
35
,]O'
hR'E.S. _'oos
4°
10
6°
6
]O
4
6'
6
5'
8
34
8°
Ic.R.E.S. _elnd.
]O
4
4°
10
5°
8
ao
3
90
2
27
90
hR.E,S. Portelo
100
I
8°
3
ao
3
]O
4
13°
O
11
11°
O
90
2
12°
O
90
2
12'
O
4
11°
O
11°
O
11°
O
7°
4
4 3
do Sa",","m de Padre Miguel
hR.E.S. ImnolnoSem"'o 100
hR.E.S. Unidosdo Porto da Pedr.
1211! hR.E.S. T•••••.••.• hR.BS, Capr1chososde Pu•••• 13'
8°
3
13'
O
13°
O
12'
O
14°
O
12'
O
12°
O
100
I
13°
O
lIo
O
1
-
-
-
-
100
I
I
14°
O
-
-
O
-
-
O
-
-
O
-
-
-
14'
O
-
Ic.R.E.S. Unidosde Vil. Isabel hR.E.S. SIo CIemenle
Ic.R.E.5. UnlIo da Ilha do Governado<
13°
O
-
hR.E,S. "" •• Iso <In Tulutl
14°
O
-
hR,J;.S. AcadAmioosde Santa Cruz
15°
-
14'
O
-
-
-
-
-
O
!~veleuo200G
77
Com o fortalecimento da L/esa, essa batalha acabou. Sentamos à mesa e negociamos o que nos é devido. O Poder Público. consciente do papel que deve desempenhar. de fomentador e não de organizador, consolidou uma parceria com a Uesa, e hoje caminhamos de braços dados em favor desse grande e inesquecível espetáculo. RBFN- Poderíamos,sem risco, afirmar que,seja pelaestrulura enxula, seja pelos resultados alcançados desdea sua fundação,a lIesa é um exemplodeorganização? CG - Posso afirmar sem nenhum constrangimento que a Uesa é um exemplo de administração. Não só pela capacidade que criamos de lutar pelos interesses do espetáculo e das agremiações desfilantes, como pela capacidade de atingir resu~ados com eficiência. Com a Uesa à frente do espetáculo, todos saíram ganhando: a entidade. as agremiações, a cidade do Rio de Janeiro e, principalmente, o público, que, com a sua presença. dá sustentação a essa festa maravilhosa. (HARlRDF)
THE SPECTACLE
KEEPS GETIING
BETIER
Carnival is Brazil's main popular festival, and each year the number of people watching it increases. This growth has various causes: lhe effort of each group of participants to put on a stunning parade Ihat reflects well on theír community; the aclions 01 the public authorities in providing a safe venue in and around the Sambódromo parade grounds and the efficiency of lhe Iransporlation companies that olter the proper inlraslructure for tourists and revelers, Among lhese laclors, we'd Iike to highlighl one of lhe reasons for lhe success and gro..,;ng interes!of tounstsand natives allke in taking part in lhe parade of the Special Group of Samba Schools (lhe Camival associations are knoM1asescolasde samba, or "sambaschoolsj: lhegood lMlIk of lhe Independenl League 01 Samba SChooIs(Uesa). S/nce 1998 underlhe helm of Ailton Guimarães Jorge. or CaptaJnGuimarães as he's knovvn,Liesa lhis year completes rts22nd year of uninterrupted aClivity in organizing and conduCling lhe largesl popular party on earth. To speak a bit aboul Uesa and its importance. we spoke with its president. who received us with kindness and attenlion. Beija-Flor de Nilópolis Magazine- Whal's your evaluationof lhe parade of the SambaSchoolsotthe Special Group? Capt. Guimarães - My evaluation is excellent. Camival is a success with the public both for ils beauty and creativity. And each year it gets better, For your readers to have an idea, in lhe past three years ali the lickets have been sold out on ali the days lhal Liesa has organized the parade, and according to Riotur, Carnival in Rio de Janeiro alone altracts 750,000 lourists.
BFNMagazine- Ooosn'122years01 existencecausea certaln degreeof complacencywilhin liesa? CG -I've gol lots of experience leading this institution, which allOWSme lo say lhat complacency is not part of our makeup. Every year we think of new ways to make the spectacle more competitive, more creative and more altraclive lo the public. An example of this is the experiment with the "supplementary tenth". BFNMagazine- Whal's thls "supplemenlary lenlh"? CG -In some recent years, more lhan 000 school has put on a parade deserving of lhe maximum seare 01 ten on ali counts. However, once in a while a certain school gives a show that really slands oul, bringing to the Sambódrornos's SapucaíAvenue a parade that surpasses alithe olhers or eams a special p1acein spectators' hearts. This school, under lhe concept we tested in 2005, would earn an extra tenth of a point from the judges. As I said, we carried out this experiment in 2005, but il wasn't mandatory for judges to award the supplementary lenth of a point. We're still sludying the malter, and I can't safely tell vou we'lI really implement Ihis idea. For Ihis reason, we're gOlng lo tesl il again with the jurors. BFNMagazine- Butwhal causedlIesa to moditylhe scoring syslem? CG - In reality, we haven't yel changed anything We only did an experiment. The Samba Schools of lhe Special Group are at a very high levei of quality and our idea is to create an instrument lha! awards a plus, stimulating competitiveness, creativity and audacity. The public wants to see parade leaders who dance with special creativity...percussionists who bring a fresh beat. .. But by lhe current regulations, the parade leaders and components who are under judgment are afraid to do anything newor audacious, because when a group enlers Sapucai, it basically already has a maximum score of ten, and then starts Iosing poinls for any errors... In lhe present formal, a school's percussionists, for example. who are marching to a basic "meat and potatoes" beal, are assured of a score of ten, so why would they risk any new rhythms, pauses, choreographies or other bolder novellies? The parade is a speclacle, but it's also a competition. Nobodywants to lose. So why lake risks? It's this altitude. which is natural and expected, that we want to change. We wanl to reward creativity, boldness, innovation. But it's just a test. If we feel it's a positive step to implement lhe supplementary tenth. we'lI do it. BFNMagazine- Are there any other changesin lhe works lo benefillhe speclacle? CG - Yes. Every year we evaluate our regulations. Alter
lhe nearly 300 percussionisls produce a sound lhal wili move anyone." He also declares his admiralion for lhe couple formed by lhe porta-bandeira (woman standard-bearer) and meslre-sala (her consort and maSler of ceremonies) "These are positions lhal 'whites' slill have nol managed lo fill, and I hope never will," he affirms, also crilicizing lhe presence of actors and olher celebrilies leading the percussionisls of many schools, when hislorically, "lhe rainha da baleria (queen of lhe percussion seclion) always was lhe school's best dancer". (Wilh Beija-Flor, lhe posilion of queen has always been held by a woman lrom the communlty 01 Nil6polis. AIler more lhan 20 years leading lhe blue and white clad percussionisls, Sônia Mascarenhas, ar "Soninha Capeta", passed lhe role on lo Rayssa Oliveira, while she was still a girl) A greal admirer of lhe parades, lhe journalisl supports changes in lhe transmission formal. "They need to show people realiy frorn lhe community more than those oul lor the occasion: lhe celebrilles and lhose who pay lo parade." On the TV screen lhe parades by lhe Samba Schools 01 lhe Special
p
Group are lransmitted by TV Globo Inlernational lo 46 counlries of lhe world's many regions: Europe (ali counlries excepl Portugal), Alrica (Angola, South Alrica, Mozambique, Congo and 14 more nations), Soulh America (Argenlina, Bolivia, Chile, Colombia, Paraguay, Peru and Uruguay), Cenlral America and the Caribbean (Guatemala, Haiti, Honduras, Panama and the Dulch Antilles) and North America (United Slates and Mexico), TV Globo Internalional has transmitted lhe parades since ils founding in 1999, to a vlewing public formed of Brazilians and other Portuguese speakers spread around the world. lhe signal is generaled by TV Globo in Rio de Janeiro and transmitted lo lhe Intelsat 805 satellite, where 11 is made available lo differenl internalional dislribulors. Access is Irom local operalors, via cable or satellite, dependlng on lhe region. Japan receives lhe lransmission in digilal formal. lhe Inlernalional Business Division 01 TV Globo has prepared a special show on Carnival in Rio, which has already been sold to stations in various counlries 01 Lalin America, aJongwlth France, Russia and Indonesia. The production of a speclallike Carnlval in Rio involved over 30 prolessionals, working direclly on producing lhe program, with the help of the leam direcled by Aloysio Legey, responsible for oflicial lransmission ofthe festival.
,
,
INVISTA NA SAUDE DE SUA FAMILIA
1111'MAII,\"E~,\ MOllllA Cin Ifl--';,i -l),'111 i~lll CHO-IU-ClJ-I9691
n.í~Ic.,\Gt:R,u. ,\TF.NIUltlt:N'nl
('O:tl 1I01C,\ 1tI,\11C\lI"
,\ v••uhl •• dm, ,\lIIprl('"", lIarra d•• TIJ.w•• Trl.: (21) :J:J26.2:107
li'
:~:J:~:J "I Ilon •
t:etlfído
Uh ••• Chlp
~
ARTlGL
_
CARNAVAL CARIOCA: UM RESUMO Felipe Ferreira
o carnaval brasileiro modemo
começou a se organizar em torno de 1850, a partir da chegada ao país dos bailes e passeios ao estilo francês, importados pela elite carioca para fazer frente ao chamado Entrudo. A nova festa iria, em pouco ternpo, adaptar-se ao espírito festivo e saudavelmente esculharnbado, característico das ruas do Rio de Janeiro. Este gosto pela esbórnia, presente em todo o arco social carioca, acabaria fazendo com que, em finais do século XIX, a folia da cidade estivesse povoada dos mais diversos tipos de brincadeiras. Desfiles em elegantes carruagens conviviam com barulhentos Zé Pereiras. Grupos fantasiados de moças e rapazes "da melhor sociedade" disputavam espaço com os batuques dos Cucumbis carnavalescos negros. Nas primeiras décadas do século XX, a festa era dividida em Pequeno e Grande Carnaval, o primeiro representado pelas brincadeiras mais populares, chamadas indiscriminadamente de ranchos, blocos, grupos, clubes, sociedades ou cordões. O Grande camavai, por sua vez, reunia a folia mais ligada à elite, como os passeios de automóvel, chamados de Corso, e as Grandes Sociedades, com suas bandas musicais e suas alegorias. Nos anos de 1920, as diferentes brincadeiras "populares" começavam a ser identificadas. O nome "rancho" passaria a ser usado para os grupos mais organizados, que desfilavam com fantasias elaboradas, ao som de marchas ao gosto lusitano. O termo "cordão", por sua vez, seria associado a grupos que brincavam ao som de lambores, com fantasias e danças que lembravam os cortejos característicos dos Cucumbis e Congadas. Por essa época surgia em Paris um movimento de valorização da cullura negra que, rapidamente, chegaria ao Brasil espalhando-se pela música e artes plásticas. A exaltação dos grupos de jazz na Europa e Esta-
18 G
Revlsta Beija-Flor de Nil6polis
dos Unidos e a temática popular na obra de Di Cavalcanti, no Brasil, são exemplos dessa onda avassaladora que mudou a cultura mundial. Os ritmos negros passaram a ser valorizados pela intelectualidade e, em pouco tempo, pela população urbana do Rio de Janeiro. O samba, antes restrito às rodas de batuque da Praça Onze e morros periféricos ao centro, começava a ser conhecido e admirado por toda a cidade. Com isso, alguns rapazes decidiram se organizar nos chamados grupos de samba de morro que rapidamente atrairiam a atenção da elite cultural da época. As revistas ilustradas passaram a dar destaque a esses conjuntos que eram convidados a se apresentar em locais acessíveis à classe média. A batida do samba produzida por eles acabou contagiando certos grupos carnavalescos que substituíram o antigo samba, de ritmo mais próximo ao maxixe, pelo novo e contagiante batuque. Em início dos anos 1930, esses grupos, já então conhecidos como Escolas de Samba, começavam a atrair a atenção dos jamais, grandes responsáveis pela organização do carnaval da época. Em 1932, o extinto periódico O Mundo Esportivo organizaria aquela que ficou conhecida como a primeira disputa entre escolas de samba, vencida pela Mangueira. Em 1935, Pedro Ernesto, prefeito interventor do Rio de Janeiro, decidiu organizar o camaval da cidade sob forma empresarial. Os desfiles das Grandes S0ciedades e dos ranchos tornavam-se oficiais e passavam a fazer parte de um grande projeto organizado sob a égide do turismo, juntamente com outros eventos, como os banhos de mar à fantasia e o Baile do Municipal. O concurso entre as escolas de samba acabaria por beneficiar-se desse movimento e conquistar seu espaço entre os eventos carnavalescos. Por algumas décadas, entretanto, a apresentação das escolas de samba ainda seria considerada como um evento secundário no multifacetado carnaval da cidade do Rio de Janeiro. Os principais desfiles - das WNN.beija.flor.com
tx
Sociedades e ranchos - realizavam-se na Avenida Rio Branco, enquanto que as disputas oficiais das escolas de samba aconteciam no espaço alternativo da Praça Onze. Somente em 1957 é que as escolas de samba conquistariam o direito de desfilar junto com as grandes manifestações da folia carioca, mesmo assim no dia considerado como o menos impcrtante: a segunda-feira de carnaval. Entretanto, a força do fltmo do samba e o interesse cada vez mais forte que a sociedade brasileira manifestavacom relação às expressões culturaisditas "do povo" fariam crescer a importância das escolas de samba. Estas começavam a assumir o papel de verdadeiros ícones do carnaval e seriam consideradas como uma das mais puras expressões da "alma" do país. Alçadas ao Olimpo carnavalesco, as escolas começavam a se firmar como excelentes espaços de mediação entre os diferentes estratos da sociedade. As quadras de ensaio tornavamse disputados locais de lazer onde as elites e a população de baixa renda se encontravam e se confraternizavam numa espécie de reafirmação do mito carnavalesco da ausência e inversão de valores. A mulata, o passista, o ritmista, a portabandeira e o mestre-sala seriam alçados à pcsiçào de reis dos dias de folia. Ao mesmo tempc, artistas, figurinistas e cenógrafos consagrados passariam a se integrar aos trabalhos de Cflação e produção visual dos desfiles. Na década de 1960, esse rico processo de integração estava a todo o vapor, e as escolas de samba já pcssuíam um status nacional. As chamadas "quatro grandes" dominavam o cenário. Portela, Mangueira, Império Serrano e Salgueiro alternavam-se entre as primeiras colocações e estabeleciam uma hegemonia que parecia impossível de ser rompida. A partir dos anos 1970, entretanto, os desfiles tornavam-se, cada vez mais, grandes espetáculos. associando música e visualidade. As Quatro Grandes, confiantes na força de uma tradição estabelecida há algumas décadas, apostavam nos méritos tradicionais para manter sua posição de destaque. Outros valores, entretanto, começavam a crescer em importância, tais como a grandiosidade, o luxo e a
espetacularidade dos desfiles. Desse modo, algumas escolas que por muitos anos haviam se mantido como coadjuvantes começavam a almejar o posto de estrelas do espetáculo. A primeira escola a romper esse bloqueio, aparentemente inexpugnável, foi a Beija-Flor.Com um desfile ao mesmo tempo ousado e imponente, a escola se tornaria a campeã do carnaval de 1976, repetindo o feito em 1977e 1978. Estabelecia-se,a partir de então, uma nova relação de forças, antes impensável, que "ia incorpcrar muitas outras escolas à galeria de campeãs. Com a inauguração da Passarela do Samba, popularmente conhecida como Sambódromo, novos desafios seriam postos para as agremiações que precisavam adequar seus desfiles e suas organizações ao imenso espaço propcsto pelo peder público. Como sempre vem acontecendo, as escolas de samba têm-se adaptado aos aparentes problemas, os quais são rapidamente superados per meio da constante transformaçãode suas estrutu ras internas e de suas apresentações durante o carnaval. Novos reptos certamente se apresentarão para o carnaval carioca em geral e para as escolas de samba em especial. Estas, surgidas como grupos ligados a pequenas comunidades, passaram a se identificar com bairros e regiões da cidade e, mais tarde, com o próprio Rio de Janeiro. Adquifindo projeção nacional, após alguns anos, e conhecidas internacíonalmente, a partir das últimas décadas, as escolas de samba vêm desafiando os vaticínios mais pessimistas. O segredo desse fôlego parece estar exatamente na capacidade que essas agremiações possuem de incorporar novos elementos e adaptar-se a situações inesperadas sem perder seu caráter mediador. A verdade carnavalesca não está em nenhuma tradição intocável, mas sim no reinvertar continuo de novas e velhas tradições, no constante diálogo entre o que sempre foi e o que virá a ser, expresso magnificamente nos desfiles das escolas de samba do carnaval carioca.
versão em inglês: www.beijB-flor.com.br lpverelro
2006
87
I
I
BEldA-FLOR DE NILÓPOLIS A HISTÓRIA DE UMA AGREMIAÇÃO
QUE SEMPRE FOI GRANDE
Bebendo nas fontes do pensamento do filósofo grego Sócrates. ainda que sem saber, o homem contemporâneo tem utilizado o slogan "Conhece-te a ti mesmo" como um dos seus principais guias para o encontro da felicidade pessoal e para a solução de conflitos internos, E a importância dessa máxima não se dá apenas na nossa vida pessoal e individual: grupos sociais que atravessam a história da sociedade oferecendo alguma contribuição. seja social. cultural. esportiva ou religiosa, e que trabalham para se manter sólidos em uma sociedade consumista que não valoriza a memória e o passado. tem por obrigação "conhecer a si mesmo", Esse conhecimento visa não apenas à sobrevivência desses grupos, mas transmitir aos seus integrantes mais jovens fatos que construíram esses grupos. trabalhando o amor e o respeito pela própria instituição. No caso da Beija-Flor de Nilópolis esse conceito começa a ser explorado com o lançamento. no Carnaval de 2002. da revista "Beija. Flor de Nilópolis - urna escola de vida". que reservou espaços importantes da publicação para tratar das origens históricas da escola e seu fundadores. além de ter criado uma seção com mais de 15 páginas apresentando os desfiles da azul e branco de Nilópolis desde o seu primeiro desfile como escola de samba. em 1954. No início de 2005. depois de uma longa conversa com o presidente de honra da agremiação. Anizio Abrão David. os editores da revista avançaram na consolidação desse projeto de resgate da história da escola: foram dados os primeiros passos para a produção do livro contando a história da Beija-Flor de Nilópolis,
188
Revista Beija-Fiar de Nilópolis
Acerca desse projeto. o presidente da agremiação. Farid Abrão. teceu as seguintes considerações: "Muitos dados que vocês publicaram na revsta tanto o integrante fiel da Beija-Flor quanto o público simpatizante desconheciam: sobre os enredos. desde a sua fundação, quem foram os presidentes. o que representou o Nelsinho para a escola. como surgiu a escola ... E o livro vem dar continuidade a esse importante trabalho, porque vocês vão poder falar com detalhes de pessoas que passaram pela Beija-Flor e que deram a sua contribuição para ela ser o que é hoje; nomes como o de lrineu Pern<H:le-pau.Negão da Cuíca, o Edinho do Ferro-velho. Meu próprio irmão Nelsinho fez muita coisa pela escola que nem todos sabem. Isso sem falar, nos dias atuais, em tudo que o meu irmão Anizio fez e vem fazendo pela Beija-Ror de Nil6polis. As informações que vocês vão levantar e dispor na publi. cação vão ser muito importantes para nossos jovens. Eles terão uma obra de referência para conhecer ainda mais a nossa escola. Eu, de minha parte fico muito satisfeito em saber que vocês se preocuparam em abraçar um projeto dessa envergadura. E tenho certeza de ele está sendo desenvolvido com muito profissionalismo." Tendo o conceito do "Conhece-te a ti mesmo" como motivador do projeto, a equipe de produção do livro defende uma abordagem que ultrapassa os interesses puramente agremiativos. ''A Beija-Flor de Nilópolis nasceu em uma época em que a região da baixada fluminense sofria inúmeras discriminações da imprensa e do poder público, o que contribuiu. inclusive, para a construção do preconceito em relação ao cidadão da baixada. A reconstrução da história da agremiação de Nil6polis tomase, por isso, um importante instrumento de resgate dos valores pessoais desse cidadão da baixada, frente a si WM'I
beija-flor.com tlI
some studies and conversations with specialists Irom around the world, we've lound that no spectacle should last more than eight hours. We're committed to reducing the lime 01the parade, by gradually reducing the number 01schools in the Special Group. In the 2006 parade, two associations will drop down to lhe Access Group and only one will be promoted to the Special Group. The samewill happen in 2007. Thiswill mean in 2008 we'll have lhe ideal number 01 associations parading, which is twelve. BFN Magazine- How is illeading such a strong entity during Camival? CG - I lollowing the thinking that "Leadership is coordinaling IOfceS."Thisis the secrel of Uesa's success. I'man Ofganizedperson,but Ioonsidermy biggesl strength in heading up Uesa is knowing how to choose goOO assstants: lhe team lhat wor1<s 'Mthme is reallyOQfnpelent. BFN Magazine- Whal is Liesa's role in raising lunds lor lhe Carnival parade? CG -ll's important foryour readers to understand that a festival the size 01 the Special Group's parade depends on linancial resources. Each year Beija-Flor de NilĂłpolis Magazine has been giving ils readers lhe inside information on this party, talking about the planning meetings, preparation in the workshops, ateliers, the rehearsals, up to the culminating point, which is the presentation at SapucaĂ. Today readers know that it takes monlhs 01 preproduction and understand that this costs money In the past, the Camival associations went with hats in hand to lhe public aulhoritiesanelmost 01the timereceived onlya pittance when compared with their true needs. This wound up influencing the eflorts 01 lhe schools and their preparations lor lhe grand parade. This was ali very wearing, mainly il we consider that in the whole Carnival process, who benelils the most, institulionally and linancially, is the government. With the slrengthening of Uesa, this battle has ended. Now we sit down at the lable and negotiate whal we deserve. The government, in a more mature altitude and aware of the role il musl play 01lostering but not organizing Carnival, has consolidaled a true partnership wilh Liesa, and today we work hand in hand in lavor 01 Ihis grand and unlorgettable speclacle. BFN Magazine- Could we hazard saying lhal bolh beca use 01 lhe lighl struclure and lhe resuns atlained since ns foundalion, Liesa has been an example 01organizalion? CG -I can say wilhout reservalionlhat Uesa isan example of good adminislralion,not only IOfour abilityto light lor lhe interesls of this spectacle and its parade groups, bul also to achieve resulls etliciently.W,lh Liesa leading lhe way, everybody winds up winning: the entJty,lhe associations, the city 01Rio de Janeiro, and mainly lhe vie'Mng public, who'Mth theirpresence sustain this marvelous lestival.
É
o MEU "Isto aqui
BRASIL .•.
ÔÔ
É um pouquinho de Brasil, laiá Desse Brasil que canta e é feliz Feliz, feliz É também um pouco de uma raça Que não tem medo de fumaça ai, ai E não se entrega não" AtyBarroso
Esse Brasil feliz, cantado na composição de AJy Barroso, invade a alma de milhares de brasileiros espalhados pelos quatro cantos do mundo durante o Carnaval, com a transmissão internacional dos dois dias de desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. É a globalização da emoção do componente e da tradição das escolas de samba que, através da transmissão da TV Globo internacional, em português, al-
cançam 1,9 milhão de assinantes ao redor do mundo. Os desfiles são aguardados com ansiedade por mui. tos e, invariavelmente, servem de pretexto para reunir os amigos, brasileiros ou não, para assistir ao espetáculo. Tudo movido a caipirinha, churrasco ou feijoada, seja num restaurante no Japão ou numa casa em Miami, nos Estados Unidos. R8V1Sla Beija-Flor
de Nil6polis
Além do orgulho dos componentes por realizar um espetáculo de tamanha repercussão, a transmissão cumpre um papel importante na difusão da cultura brasileira. O presidente da Uga Independente das Escolas de samba (Uesa), Ailton Guimarães Jorge, destaca que apenas duas outras transmissões internacionais (Copa do Mundo e Jogos Ollmpicos) atingem tantos telespectadores quanto a dos desfiles de Carnaval, ressattando que ambos são acontecimentos que envolvem vários paises e que, "no caso do desfile das escolas de samba, é apenas e tão somente o Brasil, a difusão da nossa cultura. a divulgação do que temos de melhor". Para um brasileiro que esteja vivendo ou apenas passando uma temporada no exterior, o presidente da Uesa tem certeza de que, • "esteja ele na Rnlândia, na Austrália, nosEstados Unidos ou em algum pais africano, ele se sente orgulhoso quando vê a apresenta. ção das nossas escolas de samba". Aitton Guimarães Jorge lembra que, nos desfiles, "damos uma demonstração ao mundo do Brasil que dá certo, do Brasil ordeiro, do Brasil organizado e, principalmente, do Brasil feliz. E o turista que vê aquelas imagens cer. tamente fica com vontade conhecer esse lugar que consegue reunir tanta gente bonita e feliz". OUTRO LADO DO MUNDO Cálculos informais dão conta de que o Japão abri. ga 270 mil brasileiros, incluindo os dekasseguis (descendentes de japoneses que emigram ao Japão), que formam verdadeiras cidades brasileiras em solo japonês. E elas promovem carnavais. As três maiores WIWi.beija-nor.com
br
festas acontecem nas cidades de O'zumi, Kobe e Hamamatsu, onde se concentra grande número de imigrantes, além de Tóquio. Para quem ainda estranha o paticumbum levado por componentes de olhos puxados, o diretor do Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro, o cónsul Mira Kusunoki, lembra que o carnaval carioca é bastante famoso no Japão: "De fato, milhares de turistas assistem todos os anos, no verão, um carnaval que ocorre em Tóquio. A imagem de dançarinos japoneses sambando talvezseja um pouco estranhapara os brasileiros. O curioso é que atualmente há um estranho sucesso musical onde um cantor vestido como um samurai canta um samba, em japonês, Juntamentecom umas gueixas". O diplomata ressalta que a nossa bossa nova também é mUito apreciada no seu país, e conclui que "Brasil e Japão são geograficamente bem distantes, mas conseguem unir corações através do Carnaval". Um belo exemplo dessa união de corações proporcionada pelo samba é o da brasileiraVanusa Santiago com o ernpmsáno japonês YasutomoTanaka.Casados há mas de 11 anos e pais de Aiichiro César, de 9 anos, e de Gabriela Maria. de 7 anos, os dois são uma espécie de representantes da colônia brasileira em Kobe, uma cidade com cerca de 1,5 milhão de habitantes, a quínta do Japão e maior porto de comércio do pais. De lá partiram navios japoneses cheios de Imigrantes para o Brasil. A ex-dançarina da Plataforma, moradora de Copacabana, excurSlonava com o grupo pelo mundo com shows de samba e lambada. quando o japonês Tanaka ainda era cliente do restaurante Copacabana, especializado em comida e música brasileira. O Japão esteve no roteiro das turnês por três vezes. mesmo após o terremoto, de intensidade 7,3 na escala aberta de Richter,que há 11anos devastou Kobe. Tanaka comprou o resta4Wnte e casou com a dançarina. I' Torcedora da BeijaFlor de Nllópolis, a fa-
I mília Tanaka mantém no restaurante um "posto avançado" do Brasil, especialmente durante o Carnaval. Nesses dias um telão recebe
,i
a transmissão ao vivo, com 12 horas de diferença no fuso horário, dos desfiles na Sapucaí, além da apuração dos votos dos jurados. "Usamos a camisa da Beija-Flor como uniforme de trabalho. É com muito orgulho que representamos a escola aqui do outro lado do mundo", diz Vanusa, que desfilou defendo a azul e branco de Nilópolis há seis anos, A escola também se faz presente no desfile carnavalesco do restaurante Copacabana, quando sua camisa veste vários integrantes. "Todos os anos reunimos mUitos brasileiros no restaurante para ver os desfiles, além dos japoneses, que vibram muito com o espetáculo", conta Vanusa. Ela diZ que assistir à transmissão da Sapucaí "é uma maneira de ficar perto do Brasil". O restaurante é uma espécie de sucursal do pais, que ~ .,
.•transforma em festa também nas transmissões dos jogos de futebol da seleção. Os japoneses gostam tanto do samba que várias escolas locais foram formadas e desfilam em terras nipônicas. Nem as festas de casamento escapam do fascínio pelo batuque brasileiro: várias cerrmônias são realizadas no Copacabana, com noivos e convidados caprichando nos passos. TERRAS DO TIO SAM Outro ponto de grande concentração de brasileiros que podem assistir ao vivo, pela televisão, a transmissão dos desfiles são os Estados Unidos. Cálculos não oficiais estimam que existem mais de um milhão de brasileiros vivendo em território norte-americano. a maior parte em situação ilegal. Para esse enorme contingente, as transmissões dos desfiles levam o carnaval para os EUA. Os jornalistas Eliaklm Araújo e Lella CordeIrOmoram em Miami há oito anos, quando foram contratados para t
Pl •...•'
{("(i6
81
__ I
apresentar um segmento em português na CBS Telenotícias. Hoje coordenam o site "Direto da Redação" A família fica em casa no período camavalesce e recebe a programação da Globo e da Reccrd, por satéte. O casal Jápassou mUitos camavais na avenida, trabalhando na transmissão dos desfiles, 7 tanto pela rede lobo como pela extinta TV Manchete Eliakim conta que os brasileiros se reúnem na casa de um ou de outro para curtir o desfile. "Sempre rola uma caipinnha, uma cerveja gelada e uma comidinha esperta", diz. Segundo o jornalista, os americanos ficam impressionados cem o espetáculo: "Aliás. quando você fala em Brasil hoje no extenor, os caras logo se lembram de Carnav I. mulatas e futebol" emenda Eliakim, lembrando que a TV amencana sempre faz matêria sobre o desfile, "coisa rápida, dois ou três minu-
HOJe,a . tindo ao espetáculO de tão longe, Eliakim admite que a passa~rnda bateria é o momento culm nante: É o ceração da escola eus quase 300 . mistas procuzem um som que arrepia qualquer um" Ele declara sua admiração também Pí'lo ca ai de mestresala e porta-bandeira. "São quesit onde os brancos ainda não consegUiram entrar e, espero. não entrem nunca", afirma, criticando também a presença de artistas e celebridades a frente das baterias de mUitas escolas, quando historicamente "a rainha da batena sempre foi a melhor sambista da esccla" (Na Beija-Flor.o sto de rainha da batena sempre foi ocupado por uma passista da comunidade de Nilópolis. DepOIS mais de 20 anos desfilando na frente da bateria azlJ e branca, a sambista Sônia Mascarenhas, a "Sonlnha Capeta", passou o cargo para a amda me Ina Ray sa Oliveira). Admirador d desfiles, o jornalista defe mudanno formato da transmissão. "É preciSO'mostrarmais os sambistas de verdade do que os sambist s de oca. sião: as celebridades e os que pagam para desfilar".
NA TELA DA TV
tos, mas que servem como ótimo chamariz para os turistas. Alguns canais de Ilngua espanhola gastam mais tempo e chegam a transmitir compactos dos desfiles", revela. Ele e Leila já desfilaram na Beija-Flor, em 1992, quando o enredo foi sobre a televisão. O casal saiu no carro do telejornalismo. "Foi um momento de rara emoção poder estar na avenida desfilando, depois de tantos anos trabalhando. Leila desfilou grávida de sete meses do Lucas, nosso caçula, que está hoje com treze anos", recorda Eliakim. Ele conta que às vezes se perguntava se o tempo de desfile não deveria ser menor, e confessa: "Só depois de desfilar é que entendi como tudo passa tão rápido para os desfilantes. Tanto tempo de preparação e tudo se acaba em pouco mais de uma hora, mas que parece muito menos quando se está dentro do desfile".
112
RElVISIaBeija-Fiar
de Nil6polis
Os desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial são transmitidos pela TV Globo Intemacional para 46 países nos principais continentes: Europa (tocos exceto Portugal). África (Angola, África do Sul, Moçambique, Cangoe mais 14países),América do Sul (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai) América Central (Guatemala, Haiti, Honduras, Panamá e Antilhas Holandesas) e América do Norte (EUA e México). A emissora transmite os desfiles para um públicealvo formado por brasileiros e lusófonos que vivem no exterior. O sinal do canal é gerado pela TV Globo no Rio de Janeiro e transmitido para o satélite intelsat805, onde fica disponível para os diferentes distribuidores internacionais. O acesso ao canal se dá através de operadores locais, seja via cabo ou satélite, dependendo da região. O Japão recebe a transmissão em formato digital. A Divisão de Negócios Internacionais da TV Globo preparou um especial sobre o Carnaval no Rio, que já foi comercializado para diversos países da América Latina, além de França, Rússia e Indonésia. A procução de um especial como o Camaval in Rio envolveu mais de trinta profissionais, que trabalham diretamente na procução do programa, além de contar com o apoio da equipe dirigida por Aloysio Legey, responsãvel pela transmissão oficial da festa. WMN
beija-flor com.o<
IT'S MY BRAZIL ••• "Thls here, oh, oh Is a bil of Brazil, lah, lah This Brazillhal sings and is happy Happy. happy Il's also a bit of a race Thal's not alr8ld to show ils face And never gives in. Ary Barroso. This happy Brazil, as lhe song composed by Ary Barroso goes, invades lhe soul of thousands 01 Brazllians in lhe lour corners of the world dunng Carnival, with lhe inlernalionallransmisslon 01 the parades of lhe Rio de Janeiro escolas de samba ("samba schools" as the Carnival associations are known). And the globailzation of this emolion and traditlon, via lransmission by TV Globo Inlernational, in Portuguese, reaches 1.9 million subscribers around the world. The parades are eagerly awailed by many, and invariably serve as a pretext 10 gather friends, Brazilians and nonBrazilians alike, lo walch lhe speclacle. Everything lueled by traditional Brazilian foad, like churrasco or feijoada, washed down wilh a caipinnha, Brazil's refreshlng lime cocktail, whelher in a restaurant InJapan or a house in Miami. Besides showlng lhe pnde of the paraders in putting on a speclacle of such repercussion, the lransmission fulfills an Importanl role in spreading Brazlllan culture The president of the Independenl League 01 Samba Schools (Uesa), Allton Guimarães Jorge, slresses lhat only two olher Internationallransmisslons (lhe World Cup and lhe Olympic Games) reach so many vlewers as lhe Carnlval parades also pointing ou! lhat lhe other two are events lhat involve many counlries, while "the Carnival parades of lhe
samba schools only involve Brazil,serving to spread our culture and reveal the best we have to offer." For a Brazilian who's ilving or only lraveling abroad, the Liesa president is sure lhal "anyone, whelher in Finland, Australia, lhe United Slates or an African country, will be proud when seeing lhe presentalion of our samba schools.". Allton Guimarães Jorge also recalls lhal in lhe parades "we give a demonstration to lhe world of what's righl with Brazil, of a Brazil that's orderly, organized, and above ali happy. And lhe lourisls who see those images will surely wanl lo come visit so many beauliful and happy people." The olher side of the world Informal calculations are lhat there are around 270 thousand Braziilans living in Japan, including the Dekasseguis (descendenls of Japanese immigrants lo Brazil who have gone lo Japan to live and work). They form veritable Brazilian enclaves on Japanese soil, and pu! on lheir own carmvals. The biggest feslivals occur in lhe cities 01 Oizumi, Kobe and Hamamalsu, where a large number 01 immigran!s congregate, along wilh Tokyo. For those who mighl lind il strange to see carnival sounds coming from ASlan faces, the director 01 the Cultural and Inlormation Center of lhe Japanese Consulate in Riode Janeiro, Akira Kusunoki, remembers lhat Rio's Carnival is very famous In Japan: "Indeed, lhousands of tourisls each year watch a carnival that lakes place in Tokyo. The image of Japanese dancers doing lhe samba perhaps may be a bil slrange to Brazilians. The curious lhing is lhat nowadays lhere's a strange musical success where a singer dressed ilke a samural sings a samba, in Japanese, logelher with several geishas." The diplomat stresses lhal our bossa
Vanusa She goes on to say that watchlng lhe transmlsslon from Sapucal Avenue IS a way to slay close lOBrazll The restaurant ISa type 01staglng area Inlhe oountry,and a1solurns festivedunng Iransmissions of games by the Braziltan national soccer team. Th Japanese like samba so much thal several local schools have lormed and parade In lhe land of Nippon, Even marnage ceremonies have been aflected by lhe Brazilian beat: various weddlng receplions have been held aI lhe Copacabana restaurant, W1ththe newlyweds and guests ali danclng up a storm Land of Uncle Sam Another country wilh a large contingenl of Brazllians who walch the Carnlval parades live on televislon is lhe Unltad Stales, Unoff,c,aleslirnates are that over a mlllion Braziltans IlVe in the U.S , most of them illegally, The transmlssion bnngs a bit 01home lo warm lhelr hearts, Journalisls EltaklmAraujo and LellaCordeiro have lived ,n Miami for eight years, onglnally conlracted to present a Portuguese segment on CBS Telenotícias Taday they coordinale the site Direto da Redação" The lamlly stays at home during lhe carnlval penad and recelves the programming 01the Globo and Record networks via satel! te The couple has already spent many Carnrvals at lhe Sambódromo In RIO working for Globo, and bel ore thal. the rlOw defunct Manchete network. Eltakim says that Braziltans galher In one another's houses to watch the parade "There's a/ways plenty o' caipirinha cold beer and down-home load, he adds According 10him, Americans are impressed wllh the spectacle "When you speak 01 Brazil Ihese days abroad, they remember Carnlval, mulatas and soccer, he states, racalllng that American TV always does a p,ace on lhe event "a quick segment of two or three m nutes but that serves as an excellenl way to aUract tounsts Some Spantsh language channels devote more time, transmiUlng hlghllght programs," he reveals, He and Letla already paraded with Beija-Flor, in 1992, whenlhe school'sparadethemewasle~S1Ol1 Thecouple le~ thelr usual reporters' role to get aboard the parade Iloal. 1Iwas a moment of rareemottOrllObe down on the avenue, a~er SOmany years wOl"klngas commentatOl"s, Leila was seven months pregnant with Lucas, our youngest, who's 13 today," remembers Eliaklm He recounts thal sometlmes he had questloned Vvt1elherlhe parade shouldfl't be shorter, but Ihen confesses: Only a~er actually partlcipatlng d,d I understand how lasl rtali passes lor lhe par1icipants,50 much lime in preparation and it ali ends ,n a bit over an haur, but il seems to 90 much lasterwhen you're in lhe paradeyoursell, Today, walching lhe spectacle Irom alar Eliakim admtls lhe passage of the bateria (percusslontsts) is lhe culmlnatlng momen "Il's lhe school's heart
mesmo e ao próprio pensamento burguês carioca", declara Ricardo Da Fonseca, editor do livro. Muitos não sabem, mas a baixada fluminense teve uma forte presença portuguesa, italiana,alemã. libanesa e judaica, tendo sido, no periodo colonial, a região onde se refugioua maioriados perseguidos da Santa Inquisição e de outros sistemas ditadores e intolerantes São histórias que não poderão deixar de ser contadas, e que falam da vitória do povo sobre a opressão. Histórias muito semelhanles às histórias que cada componente, do presente e do passado, protagonizaram e que fizeram a Beija-Flor de Nilópolis ser o que é hoje. "Sabemos que uma escola como a Beija-Flor de Nilópolis, que sempre valorizou o componente da comunidade, é rica em histórias e em lições de vida. Queremos levarao público essas histórias e lições, com uma linguagem leve e cadenciada, sem exageros nem invencionices, tão comuns nos livros que tratam de histórias populares. Não queremos criar histórias. fazendo o tipo de marketing pernicioso que norteia muitos autores e editoras, para os quais a mentira é justificada, pois sua meta é vender o produto. A nossa meta é outra: queremos levar ao mundo a história dessa escola ma-
ravilhosa e do povo que a construiu e a constrói, dia a dia. Nosso compromisso é com eles e com a verdade dos fatos. Porisso, além de ouvirmos os depoentes, checamos as informações, dentro do possível. com documentos e outros meios de confrontação. Além disso, porque estamos desenvolvendo um conceito novo na publicação, que amplia a abordagem para falar um pouco da história da baixada fluminense e do próprio município de Nilópolis, convidamos para colaborar conoscc o pesquisador Ney Gonçalves de Barros,o principal historiador e especialista na história da baixada fluminense. Temos aprendido muito com ele e esse aprendizado tem tornado nosso projeto mais atrativo e confiável", revela o editor do livro Para seu Ary Rodrigues, presidente do Conselho Deliberativo da agremiação e um dos mais antigos integrantes da escola: "a procução desse livro é algo muito importante porque fará a rapaziada nova saber o que era a Beija-Florde Nilópolis.Temoshistória,mesmo quando não éramos campeões, tínhamos muitas boas histónas. O livrovai resgatar a lembrança de grandes nomes da escola. esquecidos ou desconhecidos da maioria das pessoas, ccmo o Mestre Esquisito: um senhor Mestre de Bateria. Sua Bateria era composta de 18 ritmistas e com o apito ele manobrava os 18 com a maior segu-
rança e ritmo. O livro vai lembrar algumas curiosidades que vivemos. Lembro do Negão da Cuica, um cara excepcional, filho da Dona Eulália, e o nosso cozinheiro na quadra. Tem o Cabana. que além de amigo do Anfzio, foi diretor de Harmonia da escola. Tinha o Edinho do ferro-velho que batia o bumbo, o irmao dele, que batia tamborim. O Heitor, que era uma pessoa muito boa, o Ellis Ferreira da Silva, que também ajudou a Beija-Flor de Nilópolis. São pessoas que fizeram a escola. Se estamos hoje onde estamos, devemos parte a eles. Ser Beija-Flor hoje é facil: duas vezes tri-campeã, várias vezes vice. Mas antigamente não era assim não. Me lembro do Nelsinho, em 1976, caçando as pessoas para saírem na Diretoria do carnaval. Não só vamos fazer justiça com essas pessoas. que construiram anonimamente a escola. mas vamos homenageá-Ias frente a seus familiares. Mui. tos guardam uma mágoa por esse desconhecimento. Acho que eles e todos nós da Beija-Flor de Nilópolis merecemos ter essas lembranças colocadas para o grande público. Afinal, a Beija-Flor de Nilópolis para muitos de nós é a nossa própria vida.", conclui emocionado seu Ary. Diz Anizio: "Estou muito otimista com a produção do livro. Ele vai ser muito importante para pegar as históri. as que até agora estavam restritas aos papos de botequim e lançá-Ias para o mundo. Vamos mostrar a força desse povo que. anonimamente, construiu a Beija-Flor de Nilópolis, a maior escola de samba do mundo." (KL)
110
RfMsla BeiJa-Flor de NII6polis
SE A SUA EMPRESA QUER FAZER UM BOM INVE TIMENTO, INVISTA EM
LTURA.
,
www.dafonseca.com.br
AGORA, É A VEZ DO TETRA Simão Sessim, deputado federal. Mais uma vez o mundo inteiro volta sua atenção para o Camaval carioca, sem dúvida alguma o maior espetáculo de brilho e beleza da Terra. E também não há como não ficar encantado com o vôo da nossa querida Beija-Flor, que este ano mergulha nas águas cristalinas de Poços de Caldas, nas Minas Gerais. batendo asas rumo à Marquês de Sapucaí, no RIo de Janeiro. em busca do tetracampeonato das escolas de samba do Grupo Especial. A exemplo do que escrevi, ano passado, neste mesmo espaço, repito: não será surpresa para ninguém se a Beija-Flor deixar a passarela, agora. em 2006. mais uma vez consagrada pelo povo e pelo corpo de jurados, o que confirmará a superioridade da garra de seus componentes nesta guerra deslumbrante de plumas e paetês, que, sem dúvida alguma, ornamentam também a nossa alma e o nosso espírito carnavalesco. Ninguém duvida, a Beija-Flor é antes de tudo uma escola de vida, que faz da responsabilidade social a sua grande marca. É o espírito da solidariedade humana inspirada em tia Júlia, a grande matriarca da família Abrão David. que fornece o oxigênio da vida de glórias desta agremiação. Somos todos um só coração azul e branco, como as cores do céu e das nuvens. perto de onde voa a exuberante Beija-Flor de Nilópolis. Antes de pisar na passarela da glória, dos refletores e aplausos. a Beija-Flor combate as injustiças sociais e promove a inclusão dos menos favorecidos da comunidade de Nilópolis. que a viu nascer e crescer e que hoje, não à toa, a venera e a reverencia como protetora e amiga. Ágil e irrequieta em suas lindas e variadas cores. tal qual um pássaro, a nossa Beija-Flor também encanta o mundo através de admiráveis coreografias que desenha ao longo da avenida. Por isso mesmo, promete outra vez deslumbrar a passarela do samba. voando sem parar, em todas as direções, como um míssil alado, mostrando, aSSim, para toda a humanidade, o grandioso e verdadeiro valor das águas e o quanto a vida do planeta depende de sua preservação. A mensagem de paz, amor e prosperidade, criada pela Comissão de Carnaval, representada por Lafla. Cid Carvalho, Fran-Sérgio, Shangai e Ubrratan Silva, haverá de sacudir a passarela da Sapucaí. que vai se encantar também com o bailado do mestre-sala Claudinho e de sua porta-bandeira Selminha Sorriso; com o grito de guerra de Neguinho: o ritmo vibrante a cadenciado da bateria dos mestres Paulinho e Plínio, e a vibração de todos os componentes na passarela. Não temos dúvida, o desfile da BeijaFlor neste domingo de Carnaval vai encantar a todos, porque será também um mergulhO nas águas da reflexão. como assim sugere o enredo "Poços de Caldas Derrama Sobre a Terra Suas Águas MilagrosasDo Caos Iniciai. à explosão da Vida - Água - a Nave-Mãe da Existência" Mais uma vez. louvo com orgulho o empenho, a dedicação e o amor que a diretoria. nas pessoas de Fand e Anlzio Abrão David. dispensa à Beija-Flor de Nilópolis, fazendo da escola de samba mais quenda do Brasil e do mundo o divã para a nossa reflexão sobre quem somos e o que queremos para os nossos irmãos na passarela da vida.
Uma organização que se assume como socialmente responsável não deve considerar os seus funcionários como meros membros da organização, mas sim como sócios dela mesma. Para isso, a organização teve ter a preocupação de investir em formação e profissionalização, preocupar-se com as condições de trabalho que oferece, valorizar as competências individuais e facultar o acesso à informação. Muitas organizações dizem ser socialmente responsáveis, quando na verdade apenas participam de ações esporádicas em determinadas épocas, como as campanhas do agasalho, no invemo, e da coleta de brinquedos, no Natal. Para o Instituto Ethos, uma organização não-governamental criada em 1998 com o objetivo de sensibilizar e ajudar as empresas a direcionarem os seus negócios de uma forma responsável, a chamada responsabilidade social empresarial, "a empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir, compreender e satisfazer as expectativas e interesses legltlmos de seus diterentes públicos (funcionários, fornecedores, consumidores, poder público, comunidade, acionistas e meio-ambiente), incorporando-os no planejamento de suas atividades'. Para que as empresas incorporem este conceito, o Instituto Ethos tenta mobilizar o setor privado com palestras, eventos e cursos. Hoje, os negócios baseados em princípios socialmente responsáveis não só cumprem rigorosamente suas obrigações legais como vão mais além. Por ser uma forma de gestão, depende de uma decisão voluntária da empresa. Citando uma frase do presidente
94
REMSlaBeija-Flor de Nilópolis
do Conselho do Instituto Ethos, Oded Grajew, "Uma empresa socialmente responsável é, antes de tudo, uma empresa que quer ser assim'. Essa nova visão sobre o mundo dos negócios tomouse um fator de competitividade para as empresas e vem crescendo no nosso país. Além de contribuir para o desenvoMmento social do Brasil, a gestão em responsabilidade social promove diversas vantagens para as empresas, como a redução e remissão dos custos e passivos ambientais e trabalhistas, acesso a fontes de financiamento e investimentos condicionados à Responsabilidade Social Coorporativa (fundos éticos nacionais e internacionais)e credenciamento da empresa para entrar em índices de bolsa como o Dow Jones Sustainability Index - primeiro indicador da performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade em nível global, lançado em 1999. Outra instituição preocupada com a questão da responsabilidade social é o Sistema FIRJAN. O Sistema FIRJAN é composto por cinco Instituições que trabalham de forma integrada para o desenvoMmento da indústria fluminense. Juntas, FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), CIRJ (Centro Industrial do Rio de Janeiro), SESI (Serviço Social da Indústria), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e IEL (Instituto Euvaldo Lodi) promovem ações a fim de garantir uma posição de destaque para o estado no cenário nacional, nos nlveis polftico, econômico e social. O Sistema FIRJAN criou uma rede de responsabilidade social para atuar em todo o estado do Rio de Janeiro, com a missão de conscientizar, motivar e orientar as em pre-
sas para a prática continuada e crescente de responsabilidade social, considerando-a como uma estratégia de crescimento e longevidade, de apoio ao desenvolvimento integral do estado do RIode Janeiro e de contribuição às políticas públicas do País A assessoria oferecida às empresas estárelaaonada com intormaçãoe mobilização sobre a temática da responsabilidade social e com Odesenvolvimento e monitoramento de projetos sociais. De acordo com Odr. Valmir Pinheiro, Coordenador do Núcleo Regional de Responsabilidade Social da FIRJAN em Nova Iguaçu, a questáo da responsabilidade social surgiu "a partir do momento em que se começou a entender que as grandes diferenças sociaiS passaram a ser responsáveis pelos grandes contlitos sociais, Verificou-se então políticas sociais no âmbito das empresas, para que fossem desenvolvidas como forma de melhor distribuir o resultado", Para o Coordenador, a questão da responsabilidade social visa essencialmente, "melhorar a qualidade de Vida das comunidades carentes no entorno no negócio da empresa", Para isso, apenas é "necessáriO que a empresa tenha vontade de assumir esse papel na sociedade". O sucesso dessa postura empresarial" é garantido, pois o colaborador orgulha-se com os gestos dos seus gestores, até porque, em algum momento, ele se coloca na posição do outro," Ainda segundo o dr, Valmir Pinheiro, o Sistema FIRJAN - Nova Iguaçu "tem manifestado uma preocupação constante em mostrar ao empresariado, de modo geral, a importância de seu papel na sociedade e particularmente na Regional 1,que compreende os municipios que vão de Nova Iguaçu até Mangaratiba, Ao longo de dois anos, temos nos dedícado a divulgar as práticas sociais de algumas empresas e a orientar as empresas relativamenteaos benefícios dessas práticas, como também temos realizado várias palestras, indicando os amparos legais previstos em lei, bem como sua abrangência, cabendo ainda informar que, para a prática de tais ações, não se determinam limites e que já contamos com varias ações em desenvolvimento", Para Luís Hagen, do Departamento de Assessoria de ComUnicação da FioCruz, empresa preocupada em promover a área de saúde, o desenvolvimento social e gerar e difundir conhecimento cienlifico e tecnológico, uma empresa responsavelmente social "é uma empresa que entende onde ela está inserida na sociedade e sabe o modo de agir para influenciar positivamente, tanto para conseguir ganhos próprios como
para a sociedade", Na FioCruz esta politicapassouaser organizada de uma forma mais pontual por uma funcionária, através da aiaçãodeumaAssessoria de Comunicação; assim, as ações criaram um caráter mais estratégico. De acordo com Luís Hagen, uma dessas ações da empresa loca o Bio-Manguinhos, que se encontra inserido numa região bastante pobre, Assim, " criou-se uma cooperativa com os moradores da região que trabalham na empresa. Com ações de responsabilidade social como cursos, campanhas e outros, a qualidade de vida dos moradores tende a melhorar, e com ISSOganha também o local que as emprega", Para ele, "qualquer ação da empresa visando a uma conduta responsável perante a sociedade deve ser baseada em pesqUisa.A intenção não é apenas agIr responsavelmente, mas influenciar a sociedade, Agir com um plano apenas para lavar as mãos é gasto de tempo e dinheiro. Cada região e comunidade exigirá tempo e planejamento para conseguir um resultado poSitivodas ações." Hoje, o conceito de responsabilidade social não é mais uma questão de opção, mas sim de sobrevivência corporativa a longo prazo, que faz da comunidade um lugar melhor para se viver, (AB)
leu mbllldadlloclal
RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM CONCEITO PRATICADO HÁ MUITO TEMPO EM NILÓPOLIS
Sem conhecer o pensamento de Henry Ford. muito menos buscanco aproveitar qualquer benefício fiscal. os dirigentes da Beija-Flor de Nilópolis foram categóricos em dar ao futuro cidadão de sua cidade o direito à educação. cultura e dignidade. Para isso. não pouparam esforços os irmãos Abrão David. Filhos de um casal com. prometido com o bem social. Anizio Abrão Dallid e seus irmãos cresceram vendo o exemplo dos pais, "seu" Abrão e dona Júlia. Sempre solidários com os vizinhos. dillidiam o que podiam com pessoas ainda menos favorecidas. sem esperar recompensa. Esse exemplo familiar despertou uma importante noção de responsabilidade social nos filhos de dona Júlia. culminando na inauguração da Creche Casulo I Beija- Flor. voltada para atender crianças de seis meses a seis anos. Atualmente. a Creche se chama Júlia Abrão David, numa homenagem à matriarca da famllia. A Creche foi criada com a preocupação de solucionar uma constante aflição da comunidade: fazer com que os pais nitopolitanos pudessem ir tranqüilos para o trabalho. deixando seus filhos sob o cuidado de uma instituição séria e com profissionais capacitados e dedicados que deles cuidassem. Inicialmente. 70 crianças eram atendidas na Creche. Logo ficou claro que esse número de vagas não seria suficiente para atender ao número de pais que procuravam matricular seus filhos. Pouco a pouco. Creche foi crescendo. Hoje em dia. são atendidas diariamente cerca de 250 crianças. com faixa etária entre seis meses e seis anos. Elas recebem um atendimento carinhoso e completo: quatro re-
81
Revista Beija-Flor
de NII6polis
feições diárias. un~ormes, assistência médica e odontológica. além da base para comealfabetização. A Creche nejada para que a criançada pudesse passar boa parte do dia envolvida em atividades. Para isso. a Creche Júlia Abrão David é equipada com berçário. salas de aula e vldeo. refeitório e cozinha. Para cuidar dos alunos. trinta funcionários se revezam em dois tumos. sempre atentos e preocupados em oferecer tudo do bom e do melhor.
Como o objetivo é atender às famOiasque realmente necessitam dessa ajuda. a Creche seleciona seus candidatos. Para as crianças ingressarem nela, a família tem que comprovar uma renda de até três saláriosmlnimos mensais. além de a mãe trabalhar fora. Mas os requisitos não são rígidos. principalmente no caso de a mãe estar desempregada: "Às vezes acontece da mãe não ter emprego. Encaminhamo-Ias para os cursos profissionalizantes. para desenvolver uma haVNIW
beija-ftor.com.br
bilidade e depois ter mais chance no mercado", afirma Maria de Lourdes Goulart, diretora da Creche. Os cursos aos quais a diretora se refere são oferecidos no Centro de Atendimento
Comunitário Nélson Abrão
David, dirigido por Aroldo Carlos Alguns anos mais tarde, em 1987, foi criado o Educandário Abrão David, para dar continuidade ao trabalho desenvolvido na Creche, Afinal, um trabalho de base tão produtivo não poderia ficar restrito só à infância, mas deveria acompanhar a criança em sua formação. Isso tudo de nada adiantaria se essa estrutura acompanhasse as crianças apenas até os seis anos. Quando completam os estudos na Creche, as crianças são diretamente encaminhadas para o Educandário Abrão David, Isso torna desnecessárias as filas de matrícula, além de garantir o padrão do enSino. No Educandário são atendidos 876 alunos, Lá, todo o ensino fundamentai é oferecido, são turmas que vão desde a classe de alfabetização até à oitava série e que funcionam em dois turnos, de manhã e à tarde. O Educandário é considerado por pais e professores como uma das melhores escolas de toda a baixada fluminense. Prova disto são as filas de pais de crianças que se formam com o objetivo de matricular seus filhos Segundo Cleiton Machado, administrador do Educandário. o prestígio da escola é fruto da qualidade do enSino e da estrutura oferecida. "Um ensino de qualidade integrado ao mundo e com a cobrança de boas notas é a nossa proposta. Não queremos apenas formar estudantes preparados para o mercado, mas ensinar a viver de forma digna. O que temos aqui, inegavelmente, é uma escola para a vida", E uma escola para a vida sem discriminações. O Educandário é aberto àqueles que queiram estudar, in-
acontece. O amor pelo trabalho e a recompensa de ver as crianças aprendendo cada diamaiséo que faz com que a escola conte com um corpo docente Solange Coelho é
tão qualificado. professora
de
uma das turmas da quarta série, e confessa. "O ensino e o cuidado que todos nós temos com as crianças e seu aprendizado é o diferencial da escola Aqui não ensinamos apenas as disciplinas tradiCIOnais, mas queremos que nossos alunos saiam sabendo pensar, não só com a maténa na ponta da lingua " Os laços afetivos também são mUito fortes, pois o crescimento das críanças é acompanhado desde o início: "Me sinto uma segunda mãe dessas crianças", conclui Solange. Aluna por nove anos do Educandário, Alessandra Castro, 26 anos, é prova da qualidade, continuidade e competéncia da proposta pedagógica e educacional da escola: "Tudo que sei. aprendi aqui" Hoje ela figura como uma das aUXiliaresde secretaria. "É maravilhoso trabalhar no lugar onde cresci e aprendi tanta cOisa minha vida foi se construindo dentro do Educandário" Ela diz que todos os seus quatro Irmãos também freqüentaram o Educandário: "Meus pais sabem que aquI não tem moleza. tem que estudar mesmo para poder passar de série" As famílias agradecem ao empenho que a família
dependentemente de serem ex-alunos da Creche ou
Abrão David tem com suas obras SOCiaiSMárcia Lane
não. "Temos crianças com os mais diferentes níveis sociais. Isso não é o que nos importa, mas que elas saiam daqui sa-
é mãe de duas alunas do Educandáno, Naila. na primeira série, e Laila na qUinta. Ela afirma: "O ensino da-
bendo. Não somos apenas uma
qui é maravilhoso, de primei-
escola para crianças carentes, s0mos e continuaremos a ser uma
ra qualidade mesmo. Eu Já trabalhei aquI e queria mUito
esoola que oferece ensino de qualidade", completa Clelton.
que as minhas filllas pudes-
A única coisa melhor do que oontar com profISsionais competentes é saber que estes são apaixonados pelo que fazem. No Educandário isso
sem receber esta educação. Sei que posso ficar tranqüila, pois elas terão tudo de que precisam para aprender" Márcia conta que a sua filha mais velha estudava numa escota particular antes de Ir para o Educandário, mas não se
, 97
arrepende da mudança: ')\qui ela aprendeu muito mais coisas que lá", completa. O apoio social à comunidade não pára por aí. A família Beija-Flor também mantém o Centro de Atendimento Comunitário (CAC), em funcionamento na antiga quadra da escola. O Centro leva o nome de seu idealizador, Nelson Abrão David. Com uma parceria entre o SENAI e o SENAC, o CAC oferece cursos profissionalizantes nas mais distintas áreas do conhecimento. Cursos como administração, informática, bombeiro hidráulico, inglês, espanhol, artesanato e pintura são alguns dos mais procurados no Centro. Segundo Amido Carlos, coordenador do CAC, "Nosso objetivo é qualificar adolescentes e adultos que não tiveram ou não têm chances de desenvolver seus talentos para o mercado. Muitos deles, depois de participarem dos cursos, já saem empregados. É mais uma oportunidade de aprendizado, especialização e qualificação melhor para ingressar, se manter ou retornar ao mercado de trabalho. Muito mais importante que um programa assistencialista é fornecer reais condições ao cidadão de manter sua dignidade e trabalhar honestamente." São obras mantidas pela agremiação, há mais de duas décadas, que têm contribuldo para a construção da dignidade e do respeito que o povo da baixada merece. De acordo com Fabíola David, "As obras sociais da Beija-Flor são muito importantes para as pessoas que se beneficiam
___ 191
R""'Sia Beija-Flor de Nilópolis
d e I as. Por isso, sinto muito orgulho desse trabalho. Mas acho importante que essas obras sejam divulgadas para todos. Não com o objetivo de supervalorizar as pessoas que dirigem ou mantêm a Creche, o Educandário e o CAC, pois a promoção pessoal não é a nossa motivação. Basta ver que a creche existe desde 1980. E quantas vezes as pessoas viram no jornal, na televisão ou em qualquer outro veículo de comunicação uma reportagem sobre esse trabalho? São quase 26 anos e pouquíssima divulgação. E mesmo assim o trabalho se manteve por esses anos. Isso é uma prova inquestionável de que a motivação para a realização do projeto não era a promoção pessoal. Somente depois que a agremiação começou a produzir sua revista é que, de uma maneira mais ampla, o trabalho da Creche, do Educandário e do CAC começou a ser conhecido. E essa divulgação é muito importante. Não somente para a Beija-Flor de Nilópolis, mas para a própria sociedade. Para que ela possa fazer um contraponto a tudo que vê nos veículos de comunicação. Divulgar nossa obra é mostrar que é possível que as pessoas se juntem e promovam mudanças em la-
vor dos oulros, sem esperar pelo Poder Público. Existe mUita miséria, ignorância e sofnmento que pode ser minimizado por iniciativas pessoais e de grupos de pessoas. E o grande mérito da Beija-Flor é ter começado esse trabalho há mais de 25 anos atrás e nunca ter suspendido qualquer benefício, nunca ter se atrelado a questões temporánas que pudessem retardar essa trajetória" Anlzio, prinCipal provedor dos trabalhos sociais da Beija-Flor de Nilópohs, concluI com um convite a todos os leitores da revista: "O trabalho que a Beija-Flor desenvolve em Nilópolis não só é fundamental para o desenvolvimento dessas crianças, mas é um exemplo que deve ser seguido. Não dá para medir o ganho social de ações como essa. Se a gente pensar do ponto de vista da criança e do Jovem, e também de seus familiares, a dimensão do trabalho da BelJa-Ftorse torna maior ainda. O que estamos oJerecendo a essas
A FORÇA DA NOVA GERAÇÃO Segundo Abraãozlnho, diretor social-recreativo da agremiação, 'nossa famllia está há mUito tempo envol. vida no trabalho social da Beija-Flor,Com isso, mais dia menos dia, os mais Jovens da famíha começam a se aproximar das atividades e a se colocar à disposição do tio Anlzio para colaborar com as obras. É uma tendênCia natural da nossa famíha, Quando me aproXimei,vi que as necessidades mais ligadas à infra-estrutura estavam sendo atendidas pelo tio Anlzio com a efiCiência de sempre. Vi, no entanto, que existem problemas e questões rotineiras, bem do dla-a-dla. que não caberiam ser resoMdas pelo tioAnízio Coisas que parecem pequenas para incomodar um homem importanfe como o tio Anízio, mas que, apesar disso, são importantes para o bom funcionamento das atiVidades Por ISSO,procurei dona Maria de Lourdes, da Creche e do Educandário, e o Aroldo, do CAC, e coloquei para eles a minha disposição de ajudar nas questões rotineiras. Administrar uma obra do tamanho das obras da Beija-Flor não é uma tarefa simples. E eles promovem uma luta para as coisas salrem da melhor maneira, E nós todos reconhecemos o valor dos dOIS. Por isso, sempre que posso, procuro por eles, para ver se estão precisando de alguma coisa que esteja ao meu alcance fazer. A gente fica sabendo das necessidades e busca alternativas para resolver esses problemas É a minha maneira de contribuir com essa obra que tem ajudado tantas crianças e famílias,
crianças é a oportunidade de construirem para elas um Juturodigno. Um Juturo que lhes dê orgulho. E aos seus pais, além da possibilidade de verem seus filhos crescerem e trabalharem em empregos dignos. Oque já é uma felicidade para um pai e uma mãe. estamos dando a eles uma velhice tranqüila, uma justa velhice tranqüila, depois de tantos anos de luta para criar suas crianças. Eu não canso de repetir: vão láI Conheçam o trabalho que a Beija-Flor de Nllópohs faz. Só aSSimvâo poder entender do que estamos fafando. "(SV I RDF)
Quem quiser agendar uma visita para conhecer as obras sociais da Beija-Flor de Nilópolis, hgue para (21) 2691-2769 para falar com a Creche e o Educandário. e (21)3760-0108, para falar com o CAC Ambas as inSlluições funcionam em NllópollS, a 40minutos da cidade do Rio de Janeiro
Na linha de pensamento da família Abrão David, Ricardo Abrão, vice-presidente social da agremiação, concebeu e desenvolveu o Expresso da Saúde, "um projeto que oferece odontOlogia, clínica geral e pediatria de forma itinerante em algumas regiões de Nilópolis e da baixada O projeto oferece à população que não é atendida na Creche, no Educandário e no CAC uma alternativa móvel. Indo nas comunidades mais caren. teso Além disso, com todo o apoio da famllia Abrão David, desenvolvi um importante profeto, chamado "A Caravana do Cidadão", que. também de maneira Itinerante, sai pelo município e estaciona em um ponto de grande concentração para oferecer diversos serviços em parceria com empresas e instituições ligadas à saúde, como por exemplo o exame da glrcose. O resultado tem sido bastante favorável, e a população, além de reconhecer nosso esforço. tem comparecido e gostado muito dessa iniciativa Segundo Ricardo, "desenvolver ações sociais é uma iniciativamuito importante, e nos faz crescer muito como pessoa. O lado mais InCÔmodo é que o trabalho não acaba. o que Significa que ainda temos muitos brasileiros passando por dificuldades. E porque esse trabalho nunca termina. deCidi Ir mais além Recentemente criei uma ONG que irá estender nosso trabafho social até a Pavuna, implantando Inicialmente ações hgadas a saúde, com atendimento clinico geral. pedlatna e odontologia Além diSSO, estaremos abnndo cursos de informática, e, em breve, contando com a parceria do Senac. cursos de mecânica e cabeleireirO (KL)
L
-
A FORÇA DA NOVA GERAÇAO Quando o assunto é atividades sociais da Beija-Flor de Nilópolis, somos naturalmente remetidos às atividades da Creche, do Educandário e do CAC, atividades que compõem, inegavelmente, o tripé moral e social da agremiação. No entanto, ligados à escola, diversos outros colaboradores e profissionais dão a sua cota de dedicação à construção do estado de bem-estar social. Com o objetivo de divulgar as ações desses colaboradores an6nimos, procuramos o dr. Marcelo Sessim, médico especializado em otorrinolaringologia (ouvidos, nariz e garganta), que, há quase duas décadas, oferece seu conhecimento científico e profissional aos moradores de Nilópolis e da baixada fluminense. casado com a médicaAlessandra e pai de Nathalia, de 11 anos, e Marcelinho, de sete, Marcelo Sessim é uma pessoa simples, mas de hábitos finos. Conversador, além de se expressar muito bem e de maneira ordenada, Marcelo nunca perde o fio da meada, o que tornou nosso trabalho agradavel e fácil de ser realizado.
Revista - Segundo seu pai, o Deputado Federal Simão Sessim, durante o seu curso de Medicina você estudou em Cambridge, na Inglaterra, Enquanto tanlos lenlam sair do país em busca de uma opa Uni a e, por que você vollou para o Brasil? Marcelo - Sempre fui muito dedicado aos estudos e sonhava em me preparar para uma pós-graduação no extenor.nve a felicidade de estudar na Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma das mais conceituadas do país. A Faculdade foi o estimulo para conhecer a berço da medicina mundial, a Inglaterra. Lã, longe do Brasil, naqueles momentos em que você está sozinho planejando a sua vida. pensei: o que estou fazendo aqui? Sei que tenho que ser médico, e vou ser. Mas tenho que ser um bom médiCOna minha cidade, porque é ali o meu lugar. Pensei nas pessoas que direta e indiretamente apostaram em mim. Com tudo isso passando pela minha cabeça, não tive dúvida: tinha que voltar para Nilópolis. De volta ao Brasil, terminei o curso de medicina, me especializei em Otorrinolaringologia na Clinica Prol. José Kós e, mais uma vez, tive a felicidade de conhecer os mais renomados professores do país. Foi nesse momento que comecei a consolidar o meu sonho de levar para a baixada fluminense, e mais especificamente para Nilópolis, um padrão de atendimento dentro da otorrinolaringologia idêntico ao utilizado nas dínicas da zona sul do Rio de Janeiro. Assim, inaugurei o meu consultório no mesmo lugar de meu tio Jorge David, primeiro médico da cidade. Ao mesmo tempo em que a medicina evoluía, me dedicava em trazer novos exames complementares para a cidade. Fui o pioneiro de quase todos os exames na região (audiometria, endoscopia do nariz e da laringe, exame do labirinto). Hoje posso afirmar,
1100
_I
Revl"a Beija-Flor de Nilópolls
_
sem nenhuma dúvida, que realizei meu sonho: todo cidadão de Nilópolis e da baixada tem um consultório à altura da sua importância e do respeito que merece. Além disso, buscando mobilizar meus colegas de profissão para que dessem a sua contribuição ao desenvolvimento da baixada, sempre procurei mostrar para eles que a baixada fluminense - uma região com aproximadamente dois milhões e meio de habitantes - era, e ainda é, uma região que carece de uma estrutura e de uma política voltada para a prevenção e tratamento dos problemas ligados a ouvidos, nariz e garganta. Eexatamente porque nossa cidade ainda carece de uma infra-estrutura, estou aproveitando o fato de ser um dos integrantes da Comissão de Política Pública de Saúde da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, com sede em São Paulo, para trabalhar pela implantação de um importante projeto. Diga-se de passagem que é uma honra ser o único representante do Rio de Janeiro nessa comissão, e Nilópolis esta representada. Mas, voltando ao projeto, vamos somar forças, eu na Sociedade Brasileira, meu pai, deputado Simão Sessim, no govemo federal, meu primo Ricardo Abrão no governo do estado, e meu tio, Prefeito Farid Abfão, no âmbito municipal, para in c Iu i r Nilópolis no Programa Nacional de Surdez, que tem a Beija. Flor como a madrinha do projeto. Sempre que precisamos, o tio Anizio apóia
a nossa sociedade, a meu pedido, nos nossos eventos. enviando a escola sem custos para a sociedade, e com essa parceria vários colegas desfilam conosco na escola. Existeuma afinidade grande entre a Beija-Flore a comunidade médica pelo constante apoio em causas sociais. Revista - Além de tazer esse importante trabalho, de conscientização dos profissIonais da área, e de oferecer um atendimento de qualidade ao cidadão da baixada, qual a sua atuação na Creche, no Educandário e no CAC? Marcelo - Apesar de fazer parte do Conselho da BeijaFlor de Nilópolis, minha atuação dentro da família BeijaFlor é bem mais voltada à minha especialização. Acredito que cada um deve dar a sua parcela de contribuição à agremiação, de acordo com o seu potencial pessoal e profissional. Eu, como médico, tenho certeza de que minha atuação em favor dessas crianças e desses jovens é nesta área. Por isso, além de atuar como médico da creche, do educandário do CAC, atendendo as necessidades de seus alunos. atendo inúmeros casos que me são trazidos pelo meu pai, Simão, pelos tios Anízio e Farid. pelo meu irmão, Sérgio Sessim, e pelos meus primos Ricardo e Abraãozinho. Em todos os casos procuramos ajudar os pacientes no que precisam. Nesse sentido, quero abrir um parêntese para destacar a importância que tio Anizio tem nessa história toda: na grande maioria das vezes, ele mesmo, sabendo do caso e da necessidade do paciente, faz a doação dos aparelhos de surdez para essas crianças. Tio Anízio não deixa passar o problema sem resolver. Com isso, resolvemos muitos problemas e evitamos que outros problemas maiores surjam e atrapalhem a vida dessas pessoas. Afinal, os problemas ligados a otorrinolaringologia em muitos casos inviabilizam uma vida normal. O que fazemos é oferecer aos que chegam até nós uma oportunidade de terem uma vida normal. Revista- Sua família exerceu influência decisiva na sua vida? Marcelo - Cresci em uma atmosfera de forte devoção à família e à cidade de Nilópolis. Ainda criança, via como meu pai, como deputado federal, tinha a Cidade de Nilópolis como prioridade nas suas legislaturas. Ao lado disso, observava a mesma dedicação que meus tios Anizio e Nelson tinham com a cidade, dedicando seus esforços em tomar o povo da cidade mais feliz.Por isso. é inegável a influência que meu pai e meus tios exerceram sobre mim. Eles tiveram uma atuação decisiva na minha forma de ver a minha obrigação social. Pelo exemplo deles, pude entender que o primeiro lugar aonde deveria levar os meus serviços profissionais era na cidade que me recebeu para a vida e que me acolheu na infância. a mim e a todos os meus familiares. Entendi que tinha uma missão: dedicar minha vida. através da minha profissão. a esta cidade. E é o que venho tentando fazer.
Revista - Qual o papel que você vê para a nova geração da Família SessimlDavid? Marcelo - Ainda pequeno, via como o meu pai, Simão, e minha mãe, Schirley. tratavam as pessoas da cidade que nos procuravam, na casa em que meu pai mora até hoje em Nilópolis. Cresci com essa visão de responsabilidade social. Hoje, falando no futuro da família, fica mUito claro que o papel da nova geração da família é dar continuidade ao que meu paí e meus tios Anizio e Farid estão fazendo pelo nosso povo. A diferença é que nós fomos criados em uma época com mais informação, em que a cultura e o conhecimento são importantes instrumentos de ação e realização. Com ISSO, vamos poder dar continuidade ao que tem sido feito, mas com alguns diferenciais. É a evolução natural da vida. E estamos prontos para assumir o nosso papel nesse processo. Eu, meu irmão Sérgio e meus primos nos colocamos à disposição da população de Nilópolis e da baixada para oferecer a eles uma melhor qualidade de vida. (RDF)
EXPRESSÃO DO SAMBA PREMIA TALENTOS A SERViÇO DO CARNAVAL Quando a presidência de Beija-Flor de Nil6po1ise a edrtoriade revista instituiram o prêmio" Expressão do Samba", tinham um sentimento de que, mais cedo ou mais tarde. iriam revelar seu reconhecimento a três contemporâneos que ratificaram a identidade da agremiação: a Lana,diretor de Camaval e harmonia da escola de Nil6polis, que revelou para o Brasil o sentimento de orgulho, cantado pelos integrantes da Beija-Flor de Nil6polis, nos versos de Cabana! Osório Uma, "sou de NiI6polis.....", que toda a comunidade tem por sua cidade, fazendo-o explodir em alegria e raça na Passarela; ao mestre Paulinho, que dá alma ao conjunto, provocando o corpo e a alma da galera, na pista e na arquibancada, à frente da sua bateria nota 10,com a qual impulsiona a escola na trajet6ria das conquistas e alegra o coração do povo com seu rrtmocontagiante, fazendo o canto da Beija-Ror se soltar da boca de cada um; a Neguinho da Beija-Flor, a voz oficial da Beija-Ror de Nil6polis e destaque do Carnaval brasileiro, seguindo a inspiração do seu talento singular. E,quando se fala em samba e Camaval, não se pode esquecer de artistas como Zuzuca do Salgueiro, Monarco da Portela e Nelson sargento (da Mangueira), expressões da mais genuína cultura popular brasileira.
Nelson Sargento. Sete fOlegos de talento e arte Nelson Sargento é o que se pode chamar de artista de sete talentos: violonista, compositor, cantor, escritor, ator e duplamente pintor, Primeiro, de paredes, e depois de quadros. Tocar violão aprendeu com Nelson Cavaquinho, na Mangueira. onde foi morar aos 14 anos, e. já sabendo cantar e compor, foi levado por Carlos Cachaça para a Ala dos Compositores da Estação Primeira, para quem compôs "As Quatros Estações", que é considerado o mais bonito samba-enredo da Mangueira, de todos os tempos. Escreveu dois livros, participou de três filmes e de uma minissérie. "Presença de Anita", mas come. çou pintando paredes, como auxiliar de Alfredo Português, seu padrasto e parceiro de samba. Foi Sérgio Cabral quem descobriu Sargento para as artes
1102
RevIStaBeija-Flor de Nil6polis
plásticas e promoveu sua exposição de estréia. E o primeiro quadro foi adquirido por Paulinho da Viola, seu colega de samba e shows no Zicartola, legendário botequim de dona Zica e Cartola, que movimentou o Rio noturno no inicio dos anos 60. quando Sargento formou, com Paulinho da Viola e Zé Ketti, o conjunto A Voz do Morro, uma referência para o samba. Nascido Nelson Mattos, Nelson Sargento passou sua infância na Tijuca, morando com uma familia de comerciantes portugueses, na casa de sua mãe, Rosa Maria da Conceição. Nos finais de semana, a mãe levava o filho para visitar a família no morro do Salgueiro. E Sargento, que é nome de guerra herdado da sua passagem pelo Exército nos anos 40, virounomeartístico, quando integrou o show "Rosa de Ouro", do poeta e produtor Hermlnio BellodeCarvalho, época
WoNW
beija-flor combf
em que formou outro conjunto, "Os Cinco Cnoulos", juntamente com os sambistas Elton Medeiros, Anescar do Salgueiro, Jair do Cavaquinho e Paulinho da Viola. Seu primeiro disco só foi gravado em 1979, quando ele já tinha 55 anos. "Sonho de um sambista" inclui 'i'lgoniza, mas não morre", eleito um dos hinos da resistência cultural do samba carioca, gravado inicialmente por Beth Carvalho. Com Cartola, compôs pérolas como "Velho Estácio", "Ciúme doentio" e "Deixa", e, com Jamelão e Allredo Português, Nelson fez "Cântico à natureza" (Primavera), de 1955. Artista dos sete talentos - violonista, sambista, compositor, escritor, ator e artista plástico -, podese dizer que Nelson Sargento é sete vezes uma Expressão do Samba. Lafla, Icone do Carnaval e Expressão do Samba "Não tenho bola de cristal para prever o futuro. Mas, se depender apenas do meu interesse,não saio mais da Beija-Flor, afirma Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, 61 anos, o Laíla,que é, sem dúvida, um simbolo da escola. Como um dos maiores entendidos em harmonia, coloca sua sensibilidade a serviço da melhor produção fonográfica do gênero: o CD dos sambas-enredos das 14 escolas do grupo especial. Além disso, empresta seu conhecimento sobre Carnaval a escolas de Norte a Sul. como consultor, diretor de harmonia e palestrante. O samba é a praia de Laíla desde os sete anos de idade, quando formou a escola mirim "Independente da Ladeira", com bateria de latas pintadas e fantasias em papel crepom: aos 10anos foi levado pela mãe - destaque da escola de samba tijucana "Depois Eu Digo" para o Salgueiro dos nossos dias; aos 13,passou a ser o peão da harmonia, com a missão de impedir que a escola" atravessasse"; aos 14, era o mais jovem componente da Ala dos Compositores da vermelho e branco Laila é homem de pouca conversa e mUita personalidade. Convidado por Anisio e Nelson, ele veio para o carnaval de 1976. Com a cabeça feita, a proteção de Oxalá e as bênçãos de Xangô, e com o pé direito, a escola partiu para a conquista do seu primeiro tricampeonato, 1976/77/78, com Laíla á frente. De todas as personalidades do Carnaval,Lailaé provavelmente o mais integrado e experiente da atualidade. Essa experiência, associada ao alto nível de confiança que conquistou dos diretores da agremiação nilopolitana, fez com que revolucionasse o conceito de concepção de Carnaval, criando a Comissão de Carnaval. "Qual é o carnavalesco que faz tudo sozinho?"
Mas Laíla foi além Revolucionou ao apostar no gosto e na garra da comunidade. "A Beija-Flor é uma escola meio amadorístlca. Nós trabalhamos aqui porque botamos o coração na frente.A prioridade não é ganhar dinheiro. O que gera a energia da escola é o coração. É o coração dessa comunidade, que não ganha dinheiro ensaiando ou desfilando, que nos dá os campeonatos. E a premiação dessa comunidade é essa: estar na avenida representando a escola do coração. E para mim é isso que vale: o coração. É ele que nos leva para a lrente e que nos transforma em pessoas felizes" - revela. É o bastante para reconhecê-lo e homenageá-lo como uma Expressão do Samba. Monarco, a mais nobre expressão do samba Antes de se tornarconhecido como Monarco, um dos compositores mais respeitados do mundo do samba, o carioca Hildemar Diniz. 72 anos. nascido em Cavalcanti, viveu sua Infânciaem Nova Iguaçu. Depois foi morar em Oswaldo Cruz. e Nllópolis estava no caminho das suas viSitas aos amigos e parentes que ficaram lá, o que o aproximou do ainda bloco azul-e-branco nilopolitano, quando conheceu seus fundadores e baluartes, como Cabana. Wilson Bombeiro e Osórío Uma. "Eu vi a Beijaflor nascer e hoje ela está ai' E é uma escola que mobiliza muita gente que acredita, trabalha e ganha ...." - conta. No ano seguinte. Monarco é reconhecido como o intêrprete de voz única - "rascante como um vinho da melhor qualidade", escreveu um critíco, - quando gravou seu grande sucesso, "O Ouitanderro". uma parcena com Paulo da Portela. Depois vieram outros sucessos, como "Rancho da Primavera" (gravado por Clara Nunes), "Tudo menos amor" (Martlnho da Vila), "Passado de glória" (Paulinho da Viola), entre outros. Monarco - postura elegante, roupa branca e chapêu de palha - se apresentou no projeto "Música de Raiz", promovido pela Associação BraSileirade Impren-
I.' ." "', ?006
103
I
j
sa, onde o compositor trabalhou como offiee-boy. Tinha então 13 anos de idade e, entre outras tarefas, levava o noticiãrio para os jornais. Monarco lembra que também cuidava do salão de bilhar' "Preparei muita mesa para o maestro Villa-Lobos jogar bilhar francês, não esse que a gente joga aqui." Monarco e Tupi (Durval Tupinambá, amigo de infância que era engraxate no edifício) faziam muita farra durante o horário de trabalho. Farra que lhe deu um grande susto, na época: "Eu e o Tupi estávamos sambando no 110 andar, eu com uma vassoura e ele com uma lata, quando chegou o elevador que trazia o então presidente dos EUA,HarryTruman,e o dr. Herbert Meses, presidente da ABI, que nos deram um flagrante. Eu pensei que seria demitido, mas nada aconteceu."
ganhou Estandarte de Ouro como melhor intérprete. Para quem recebeu duas latas de goiabada, durante um concurso de calouros em parque de diversões, cantando um samba do Jamelão, em quem sempre se espelhou como intérprete de samba, o mestre foi a escolha certa e o estandarte chegou bem. Cinco anos depois, Neguinhoda Valafoipara Nil6polis, onde sua identidade artística ganhou um correspondente mas adequado. Na nova casa, Neguinho da Beija-Ror compõs os sambas que abriram e fecharam o ciclo do primeiro título da escola, 'Sonhar com Reidá Leão', que puxou a escola em 1976,e "Acriação do mundo na tradiçãonagõ', em 1978. Dal, Neguinhodeslandlousuacarreira dentro e fora da escola de Nilópolis, inclusive internacionalmente. É reconhecido como o rei do samba na França, Itália, Portugal e Espanha. Torcedor do Ramengo, Neguinho homenageou seu time com um belo hino, '0 Campeão", que desde os versos iniciais - "Domingo eu vou ao MaracanãNou torceu pro time que sou fã. .." levanta a arquibancada em todos os estádios de futebol do país, unificando todas as torcidas, que sempre modificam uma parte da letra, adaptando-a ao seu time. Neguinho da Beija-Flor é uma expressão do samba internacional, nacional e nilopolitana.
Neguinho, nos braços da comunidade Nessas últimas três décadas, uma paixão selada pelo inconfundível bordão - Olha a Beija-flor aí, gente! - que coloca os integrantes da escola de prontidão nos ensaios e na concentração, minutos antes do desfile. É também um aviso ao povo que lota as arquibancadas da Passarela do Samba, o aviso de que vem ai sua escola, carregada, como ele, pela raça e emoção. Quase emplacando 31 anos de Beija-Flor, Neguinho diZ que não existe segredo para manter a empolgação do pessoal na avenida: "A gente tem que gostar do que faz e estar com a voz em dia, o resto é a alegria dos componentes. Os puxadores têm que manter a euforia durante o trajeto na avenida: É uma responsabilidade muito grande estar representando a escola no desfile e, apesar da experiência, o nervosismo sempre existe." Neguinho nasceu Luiz Antonio Feliciano Marcondes, em Vila Isabel. Filho de Benedito Feliciano Marcondes, maestro e trompetista que trabalhou com a Orquestra Tabajara, foi bombeiro, percussionista e pistonista, mas preferiu a carreira de compositor e cantor. Dono de voz potente, começou como puxador de samba do bloco Leão de Iguaçu, em 1970, época em que era conhecido como Neguinho da Vala. Em 1972,
o acaso
faz justiça: Mestre Paulinho é uma Expressão do Samba Paulo José Botelho atribui ao acaso tudo que fez e faz na vida, especialmente o fato de hoje ser uma expressão do mundo do samba, se é que se pode chamar de casualidade estar 21 anos à frente da bateria de algumas das principais escolas de samba do Rio. Mas ele explica: "É que as coisas acontecem comigo sem
eu buscá-Ias". Entretanto, foram seis anos regendo os ritmistas da Caprichosos de Pilares, quatro com a batuta à frente da Viradouro, dois comandando os percussionistas da Portela e, agora, emplacando nove anos como mestre da bateria da Beija-Flor de Nilópolis, com quem vem garantindo nota máxima no quesito, o que lhe outorga o título de bateria nota 10' Ele explica como consegue a proeza: "Me sinto totalmente seguro porque a administração da escola me dá poder de decisão. Faço o meu trabalho, a minha obrigação. Da mesma forma que toda a minha bateria faz". Durante o ano todo, sua trupe é reverenciada em apresentações, que ele - como diretor de eventos - busca e incrementa, repartindo o bolo, fatiazinha que seja, com todos. A preocupação com seus comandados é constante, e deles cobra esforços. E o resultado na avenida encontra o reconhecimento de sua atenção. Já levou muitos deles para conhecer o mundo representando a escola e o Carnaval brasileiro. Ou mesmo para viajar pelo Brasil, fazendo shows especiais, mérrto que, às vezes, estende às passistas, baianas, destaques e comissão de frente, com os quais compõe um excelente e aplaudidissimo show. É persona grata em todos os cantos e lugares. Nas escolas de samba co-irmãs. não raro é convidado para pegar na batuta e comandar seus colegas. É dono de um carisma e de um sorriso franco, fazendo as pessoas se sentirem seus mais novos amigos de Infância. Mestre Paulinho é, sem dúvida, uma grande expressão do samba' Zuzuca é mais do que diferente: é Expressão do Samba O slogan "o Salgueiro não é melhor nem pior, apenas diferente" encontra sustentação nos sambas-enredos de urn dos seus mais representativos compositores: Adil de Paula, 69 anos, nascido em Cachoeira do Itapemirim, ES. Se não for pelo menos diferente, é um detalhe curioso que alguns dos grandes sambas que puxaram a escola pelo asfalto da PreSidente Vargas, assinado por Adil, tenham um estilo incomum para o gênero e fiquem mais conhecidos por uma determinada palavra ou verso do refrão, do que pelo majestático título. "Festa para um Rei Negro", por exemplo, de 1971, ficou mais famoso como "Pega no Ganzê/pega no ganzá", e "Minha Madrrnha, Mangueira Querida-, de 1972, se identifica como "Tengo, Tengo". O melhor disso é que o Salgueiro foi campeão com a pnmeira e, com a segunda, registrou mais uma vez a decantada diferença que atribuem â escola. Não ganhou o Carnaval, nem
perdeu a pose: os sambas ticaram na boca do povo. E é claro que Adil não é outro senão Zuzuca. Zuzuca ingressou desse universo, através do Bloco Carnavalesco Independentes da Silva Telles,rua que dá saída para o merro do Salgueiro, época em que o então mecánico de automóveis freqüentava as rodas de samba da Tijuca. bairro onde foi morar assim que chegou ao Rio, no inicio dos anos 50. Só em 1960 ingressou na Ala dos Compositores da Acadêmicos do Salgueiro, depois de puxar muita corda na avenida. Em 64, fez bonito com "Chico-Rei", samba que o projetou nacionalmente; dois anos depoiS, com Bala (que também é "Expressão do samba") e Nilo, compôs ':Amores Célebres do Brasil",e nos anos 80 emplacou "O Bailar dos Ventos, Relampejou, mas não Choveu" e, embora afastado "desse mundo" Zuzuca é taxativo: 'Acho o Carnaval a coisa mais linda que existe, ainda mais aqui no Riode Janeiro. O carnaval é onde o povo pode expandrr sua alegria. se entregar de corpo e alma. É uma festa popular'" Zuzuca é uma "Expressão do Samba". lisonjeado sempre que seu nome é lembrado, ele, que é colecionador de prêmios e Vitórias, recebe essas homenagens como um incentivo. "É a confirmação do seu trabalho, do seu sacrifício, e saber que você criou alguma coisa e que agora é reconhecido, valoriza aquilo que você fez" - define o compositor. (ML) O TROFÉU EXPRESSÃO DO SAMBA Com o objetivo de promover e contribuir com o desenvolvimento cultural regional. a revista "Beija-Flor de Nilópolis - uma escola de vida" convídou o artista plástico Lobão, residente em Poços de Caldas, para desenvolver o Troféu Expressão do Samba 2006. Através do Troféu, produzido em rocha vulcânica, Lobão nos dá a dimensão da capacidade criativa do brasileiro. Contatos. (35) 9813-2153 versão em inglês: www.beijB-f1or.com.br !.-;.",!::'Jf.'lf('
2('06
105
opoços SUAS M
DE CALDAS DERRAMA SOBRE A TERRA GROSAS: DO CAOS INICIAL À EXPLOSÃO DA VIDA ÁGUA, A NAVE-MÃE DA EXISTÊNCIA.
Sou Beija-Flor Poços de Caldas é a referência Do caos iniciai a explosão da vida Sou água a nave-mãe da existência
Brilhou, no universo refletiu Uma grande explosão A mãe Terra enfim surgiu Do céu uma imensa tempestade desabou Nas águas se manifestou a vida Assim ao longo de rios e mares Surgem civilizações Com arte e sabedoria A liberdade buscar Um novo mundo conquistar Rei Netuno quero navegar Tenho medo deste mar secar Me proteja quero mergulhar Pro seu reino desvendar Atlântlda terra reluzente do amor Do rumo celestial desviou Ao fundo do mar foi tragada O criador, abençoou o nosso chão O combustível da vida nos doou O reino de todas as águas Brasil A semente brotou com ela redenção e paz Poços de Caldas tu és MI ~s Gerais Derrama sobre a terra s s águas milagrosas Preservação a sinfonl Ouça ê lamento da I)a
chC)ra E ., :tlamQr qlle y m'da Ig"l:l A eletnldade pode com agora.
SUPERMERCADos
Uma farmรกcia com a sua cara
.nao ser igual as outras
I