Revista da Beija-Flor 2017

Page 1


Hyundai Creta. Primeiro lugar no comparativo Quatro Rodas. --,




Vivemos dias de gloria. Muitos, equivocadamente, pensam 0 contnlrio. Mas vamos aos fatos. 0 que hoje, vivemos em nosso pais e um grande e poderoso movimento de respeito e aceita~ao das diferen~as - 0 que vem abrindo a porta para que as pessoas possam se assumir perante a sociedade como elas realmente sao. So essa conquista da sociedade brasileira ja seria 0 suficiente para afirmarmos que vivemos dias de gloria, afinal, nada mais devastador e terrivel do que nao ser permitido ao individuo exercer com plenitude suas tendencias, voca~iies, desejos e escolhas obviamente desde que respeitando 0 limite dos individuos que 0 cercam. Nesse senti do, vivemos dias em que ~te mesmo institui~iies mais tradicionais, como a Igreja Catolica, ja percebem a necessidabe de reconsiderar alguns dogmas e avanjar em dire~ao a esse futuro de tolerancia e respeito. E isso e um grande passo. Mas por que iniciamos a edi~ao da revista da Beija-Flor de Nilopolis com esse assunto? Simples. Porque nada mais inclusivo e desprovido de preconceito do que uma escola de samba. Equeremos valorizar uma caracteristica desse importante movimento cultural. Se olharmos por dentro das escolas de samba, vamos constatar que nas mais diversas a~iies administrativas e de produ~ao homens, mu Iheres, travestis, transsexuais, homossexuais e bissexuais sao tratados de maneira bastante respeitosa e isenta, recebendo tarefas e responsabilidades independentemente de sua orienta~ao sexual e identidade de genero, 0

,

que e, sim, vanguarda em uma sociedade na qual uma parcela de seus integrantes teimam em se posicionar de maneira preconceituosa, homofobica e transfobica. Enquanto alguns segmentos discutem superficialidades e fazem vista grossa para essa realidade humana, a Beija-Flor de Nilopolis mostra que e um movimento politico e cultural poderoso e atuante, que com uma profunda compreensao do ser humano, jamais abrira mao de agir em defesa de sua comunidade e de seus componentes independentemente de quem sejam e de suas peculiaridades ou escolhas -, antecipando em decadas a proposta apresentada por Holanda e Fran~a as Na~iies Unidas em dezembro de 2008 que condena a viol en cia, a dis~rimlna~iio, a exclusao e 0 preconceito baseado na orienta\ao sexual do individuo ou em sua identidade de genero. Uma iniciativa que condena, ainda, a priva~ao de direitos econ6micos, sociais e culturais, tendo com base esses para metros. Sim, vivemos dias de gloria, porque aceitar e respeitar nossxs colegas de caminhada como elxs sao, e um sinal claro de evolu~ao social. que repercutira gradualmente na constru~ao dessa sociedade que sonhamos em viver, na qual a fraternidade, 0 amor e 0 respeito incondicional sao as regras do dia a dia. Feliz quem tem marcado dentro do peito o amor a Beija-Flor de Nilopolis, e pode transbordar esse amor nos atos da sua vida.


IJa.

r e ilopolis WWW.beija-flor.com.br


Beija¡FJ~r

a

Em 2017, facto 52 anos frente da BeijaFlor de Nilopolis - a escola de samba que 0 destino escolheu para me presentear.

hoje, como Antonio Carlos, Ubiratan Guedes e Abi-Rihan - amigos de caminhada e de h istorias contadas.

Sim. Presentear. Porque estar aqui e um verdadeiro presente, daqueles que nos obrigam a ser gratos pelo resto de nossas vidas.

Foi no samba e no carnaval que consolidei o valor da lealdade, sem 0 qual niio permanecemos ativos nem somos respeitados seniio por um curto espal;o de tempo.

E eu sou. Agradel;o ao papai-do-ceu Pllio presente que ele me deu - um presente que a cada dia me da novos e variados pre~ntes, seja na forma de amigos, de experien~as, de vitorias, de aprendizados e de oportunidades de fazer 0 bem, e que enchem minha alma de energia, alegria e paz, tornando-me um homem melhor.

Foi no samba e no carnaval que aprendi a importaneia da disciplina e da dedical;iio virtudes que 0 mundo do samba demonstrou todas as vezes que teve que se impor ao mundo racista que teimava em nao dar

Hoje, aproximando-me dos 80 anos de vida, olho para 0 passado e percebo que 0 que construi em termos de historia profissional e pessoal niio pode ser compreendido plenamente sem que seja levado em considerac;iio 0 amor que sempre tive pelo samba, pelo carnaval e pela Beija-Flor de Nilopolis - minha escola de corpo e alma. Foi no samba e no carnaval que fiz muitos amigos. A lista e grande, entre eles Jameliio, Djalma Santos, Natal, Laila, Boni, Cabana, Joiio Trinta, Monarco, Amauri Jorio, Mano Decio, Ubirajara de Oliveira (Bibil e Neguinho. Ah,;m deles e tantos outros amigos que fiz e que permanecem ao meu lado nos dias de

oportunidades aos grandes genios da cultura popular. Foi no samba e no carnaval que encontrei meus amores, aonde criei e venho criando meus filhos e aonde encontrei um sentido solido para a minha vida. Poderia ficar falando sobre a importancia do samba, do carnaval e da Beija-Flor de Nilopolis nessa minha vida abenl;oada, mas chegou a hora de eu apenas agradecer ao bom Deus 0 que ele me deu e convidar a cada um de voces - leitores da nossa revista - a perceber 0 privilegio que Ihes foi dado de estar aqui nessa festa de cores e alegria. Uma festa que nos torna maiores do que era mos. Enos tornara sempre mais felizes. Um bom carnaval a todos.

Feverei ro 2017

I5


I

,.. f

CONJUNTO AMERICANO ABSOLUT SPRING

o ~ dw, 'tei.<;,

.

.


OS MELHORES SAMBAS SAO INSPIRADOS PELOS MELHORES SONOS. Uma empresa 100% nacional, que investe cad a vez mais para dar o melhor sonG para todos os que vivem, apreciam e se emocionam com 0 samba.

COlCHOES

0.'1:01 <M.i 113 de sua vida voce passa sabre e/e



IRACEMA A VIRGEM DOS tABIOS DE MEL A JANDAIA CANTOU NO ALTO DA PALMEIRA NO NOME DE IRACEMA LABIOS DE MEL, RISO MAIS DOCE QUE 0 JATI LINDA DEMAIS CUNHA-PORA ITEREI VOU CANTAR JUREME, JUREME, JUREME VOU CANTAR JUREMA, JUREMA UMA HISTORIA DE AMOR, MEU AMOR EO CARNAVAL DA BElJA-FLOR ARAQUEM BATEU NO CHAO A ALDEIA TODA ESTREMECEU o DOlO DE IRAPUA QUANDO A VIRGEM DE TUPA SE ENCANTOU COM 0 EUROPEU NESSA CASA DE CABOCLO HOJE E DIA DE AJUcA DUAS TRIBOS EM CONFLITO DE UM ROMANCE TAO BONITO COME\OU ~EU CEARA ...

"

•

11

PEGA Ng AMERE, ARETE, ANAMA PEGA NO AM ERE, ARETE, ANAMA

,

AUTORES: CLAUDEMIR RONALDO BARCELLOS MAURI\AO BRUNO RIBAS FABIO ALEMAO WILSON TATA ALAN VINICIUS BETINHO SANTOS

BEM NO CORA\AO DESSA NOSSA TERRA A MEN INA MO\A E 0 HOMEM DE GUERRA ELE SENTE A FLECHA ELA ACERTA 0 ALVO INDIA NA FLORESTA, BRANCO APAIXONADO VEM PRA MINHA ALOE lA, BEIJA-FLOR TABAJARA, PITIGUARA BATE FORTE 0 TAMBOR UM CHAMADO DE GUERRA MINHA TRIBO CHEGOU RECLAMANDO A PUREZA DA PELE VERMELHA NO VENTRE BATE 0 CORA\AO DE MOACIR o MILAGRE DA VIDA ME FAZ UM MAMELUCO NA SAPUCAi OH LINDA IRACEMA, MORREU DE SAUDADE MULHER BRASILEIRA DE TANTA CORAGEM UM RAIO DE SOL A LUZ DO MEU DIA ILUMINADA NESSA MINHA FANTASIA IRACEMA, A VIRGEM DOS LABIOS DE MEL


IRACEMA

A LENDA DD CEARA MIRO LOPES

f

r ...

.

•

..

nao uma historia I maravilhosamente transmutada pela ragina~aCl' para a literatura e as artes, com todos os seus elementos factuais, acrescidos de mitos e elementos diferentes? "Iracema" conta 0 romance proibido entre esta Tabajara, a virgem dos labios de mel, e Martim, 0 primeiro colonizador portugues do Ceara. Em prosa poetica, 0 escritor cearense Jose de Alencar se propos a narrar em uma remanescente viagem a terra em que nasceu, a origem do seu povo posdescobrimento, resu ltando em diversidades etnicas, especial mente a partir dessa uniao, ,; que passou a significar uma especie de mito de funda~ao da identidade brasileira. o carnavalesco Fran-Sergio destaca "Iracema e a historia do Ceara, a historia do Brasil, a historia do indio com 0 branco que no final nasce Moacir, que e 0 filho deles, que e considerado 0 primeiro brasileiro miscigenado". 0 • www.beija-flor.com.br


carnavalesco entende que "Jose de Alencar na verdade romanceou na historia. Martim existiu, Iracema existiu. Uma historia de uma grande guerreira que lutou muito pelo seu amor. E hoje ela e 0 estado do Ceara. A historia de Iracema mostra tudo isso". A verdade e que, no caso Iracema, permite uma grande margem de interpreta~oey ' e nuances por se tratar de uma lenda, com!) 0 proprio autor definiu seu romance.

COMO SURGIU A IDEIA DESSE ENREOO? Mas transformar um romance em carnaval para alguns poderia parecer mais devaneio dessa escola de samba que nao se satisfaz com 0 obvio. No entanto, para os criativos da Beija-Flor, todos os elementos que compoem a vida sao matrizes para a cria~ao de enredos. E 0 proprio Laila, diretor de Carnaval da agremia~ao, que conta: "0 IIclemar Nunes, logo depois do Carnaval, trouxe aqui 0 musical que esta montando sobre Iracema. Ele e muito amigo da Selminha, como e, nao tanto quanto e dela, tambem meu. E ao ler 0 musical e falar da historia eu achei 0 material fantastico. Ele passa uma emo~ao muito grande. E IIclemar me trouxe esta proposta. Me interessei, entao, pela maneira emotiva como ele me passou 0 musical que estava projetando. Eu fui buscar a historia - realmente eu ouvia falar, mas nunca tinha lido e nunca tinha mandado pesquisar.

E ao ler a historia de Iracema e Martim, os amigos da comissao tambem, todo mundo, nos chegamos a conclusao que seria 0 enredo certo. Iracema permitiria fugir de todas as linhas tradicionais, principalmente do que nos ja haviamos feito ate hoje e daria para mudarmos algumas coisas dentro do desfile da Beija-Flor, que e uma coisa pretendida ha muito tempo. Haviam outros enredos, inclusive com patrocinios em negocia~ao, mas o Anizio falou para mim que estava decidido a fazer Iracema. E ai foi uma felicidade geral. Porque na propria escola todo mundo optou por Iracema. Enos pegamos por esse caminho e temos um desenvolvimento fantastico do enredo".

A LENDA ACABA EM CARNAVAL

o diretor de Carnaval

comenta que "quando se fala da Historia do Brasil. a discussao se remete ao portugues. ao colonizador. Neste enredo eu aboli isso. Abolindo isso ficamos unicamente na histOria indigena. Vamos mostrar a historia de Iracema. No romance, como Martim chegou, ninguem sabe. Nao e acentuada a chegada dele. Logico que vai ter o Martim, mas nao 0 colonizador, 0 portugues em si e, por isso e diferente. 0 enredo e desenvolvido dessa maneira. Eu estou fazendo uma tribo. Mediante a isso, comecei a maquinar 0 seguinte: montar uma grande tribo. Vou fantasiar uma grande tribo. Que Fevereiro 2017

11


I

'2

tribo nos temos, que sao os componentes. Vamos ter uma escola completamente diferente", concl ui Laila. A pesquisadora Bianca Behrends expl ica que: "A comissao se propos a fazer uma opera popular indianista, na aldeia Sapucai, contando a historia de Iracema e a lenda do Ceara. E ai, nos nao teremos 0 formato de desfile de alas trad icio nais. Isso so vai se dar no ultimo setor, que mostrara 0 Ceara contempodlneo. Fora isso, a gente va i fazer seteres com formato de ato teatra l mesmo,

Sergio. "A gente caiu dentro desse ambiente especificamente indianista. Tanto na estetica, como na cor, ela vem mu ito rustica, entao ja existe uma diferen"a. A Beija-flor e marcada pelo luxo. Ela va i ser pomposa do mesmo jeito, mas rustica, seja na pa lha, na madeira, na semente, na pena de pato, que e a autentica pena de indio e outros materiais rusticos. Essa sera uma estetica tota lmente diferente da Beija-flor. Isso e uma pegada totalmente nova, totalmente diferente. A Beija- Flor esta sempre buscando enredos

tal qual uma opera . Essa e a mais sensivel muda n"a na estrutura do desfile. Teremos a tribo Beija-Flor, uma legiao de indios, de guerreiros da Deusa da Passarela. No meio do setor, entao a tribo Beija-Flor contara a sua versao de Iracema': Em fun"ao de a historia ser bastante especifica, a Beija-Flor vem totalmente indigena, acrescenta 0 carnavalesco Fran-

diferentes. Ha dois anos falou da Guine, Africa. Um conto da Africa mu ito legal, muito bonito. Ano passado, falamos do Marques de Sapucai, ou seja falamos da Corte, do Imperio, entao falamos do branco, do portugues; este ana a gente completa a trilogia da nossa origem falando do indio. Entao as tres ra"as estao ai nos tres enredos da Beija-Flor", conclui 0 carnavalesco Fran-Sergio.

I

Revista Beija-Flor de Nilopolis

'WIM"I.beija-floL(Om.br


IRACEMA VAl DAR SAMBA Fran-Sergio atribui tambem ao samba a possibilidade de mudar um pouco a passagem da escola na avenida. Uma coisa totalmente inusitada, diferente, que e a nova forma ..ao. "Visto que a gente tem um samba que facilita muito do que pretendemos apresentar, a escola vem tribal. A Beija-Flor vem marcada na dan ..a e na energia do indio, na pompa e na pen a do indio ... entao e 0 indio pelo indio". Bianca tambem considera uma mudan ..a significativa, nao s6 pelos comentarios, "n6s da equipe tambem sentimos que 0 estilo do samba afinou com a proposta do grupo. Eum samba que funciona muito e se consideramos a for ..a dessa nossa comunidade, que canta mesmo muito bravamente, que defende nosso

enredo, Iracema vai dar samba mesmo. 0 samba foi apontado por boa parte da imprensa como 0 melhor do Carnaval porque convida nao s6 quem esta desfilando como quem esta assistindo tanto da Marques de Sapucai, como de casa a participar com a gente", destaca. A carnavalesca ressalta, ainda, que fantasias mais leves, um formato de desfile diferenciado e um samba que convide 0 publico a brincar com a gente, contribuem para proposta do desfile deste ano, considerando a mesma qualidade que a Beija-Flortem de acabamento, de fidelidade da proposta do desenvolvimento do enredo, trazendo uma inova ..ao no modelo de desfile, sem que se perea a qualidade do que se e tradicional e que ja foi consagrado pela Beija-Flor.

IIS81 aUILIDIDE IGORA ; II SEU ALCANCE •

Materia Prima para Fabrica~ao de Chinelos. de Borracha, Solados, Tiras, Cabides, Lacres, etc ... Rufino , 437 - Cordovil - RJ

Tel.: [211 3641·5396 sandaliase nseadas@gmail .com Fevereiro 2017

113


ESCOLA OE SAMBA? OU UMA ESCOLA OE CARNAVALESCOS? COMiSSAO? OU UMA SELEc:AO?

,

I

...

•

, A comissao de Carnaval da Beija-Flor e campeonlsslma. Sao doze campeonatos conquistados pela escola nestes 25 anos de Samb6dromo e a comissao tem merito sobre algumas dessas vit6rias. Quando dos primeiros titulos, 0 grupo nao tinha sido formalizado, mas ja estavam la todos os profissionais aqueles que realmente concretizam 0 que e proposto pelo enredo em termos de alegorias e fantasias, segundo a decisao do carnavalesco, o entao artista do grupo. Naquele tempo, "essas pessoas que geralmente executam, que botam a mao na massa e colaboram nao apareciam de maneira alguma. 0 artista chamava 0 figurinista, "acabou ate logo muito obrigado"; pegava o cara para fazer a decora~ao de carro, e 'te logo, muito obrigado", afirma luiz Fernando ("laila") Ribeiro do Carmo, diretor de Carnaval da Beija-Flor, que criou a primeira comissao Revista Beija-Flor de Nil6polis

em 1998. A ideia inovadora fez escola. Hoje e tambem realidade em outras coirmas. Desde sua primeira forma~ao, 0 grupo passa por mudan~as, quase sempre perceptivel quando se trata de carnavalesco de notoriedade; e, todavia imperceptiveis, principalmente quando se trata da casta de artifices do carnaval, reconhecimento a parte, porque atuam anonimamente. Ano passado, laila agregou essa casta a comissao formada entao por Fran-Sergio, Victor Santos, Andre Cezary e Bianca Behrends. A eles juntou, como assistentes da comissao, Cristiano Bara, Rodrigo Pacheco, assessorados por leo Midia e outros que mudaram de endere~o. A equipe ja contava, ha algum tempo, com a colabora~ao da designer grafica Adriane lins e mais recentemente do figurinista Wladimir Morellembaumm, que deu motivos para ser efetivado nesta safra. WWVII.beija¡flor.com.br


;

COMiSsAo? OU UMA SELE~AO? Neste anD da gra~a de 2017. Lalla efetivou todos os citados e incluiu mais do is - Gabriel Mello e Brendo Patrick. Sao onze carnavalescos. agora. Pode-se dizer que a comissao acaba de ser al~ada a condi~ao de sele~ao do arrnaval da Beija-Flor. Lalla e 0 tecnico. Formoif 0 time reunindo os melhores que a escola tem em cada posi~ao: pesquisas. desenhos. figurinos. adere~os. decora"ao. enfim; "T udo que seria da fun~ao de carnavalesco coordenar. tem aqui". Laila nao esconde 0 criterio de sele"ao: "Tem uma serie de coisas que proporcionam exatamente se fazer um grande espetaculo. porque nao se tem uma ideia so ... Eu pego um motivo e dou pra todo mundo executar; um vai fazer melhor que 0 outro. ou alguem vai superar todos. Entao. esse que supera e 0 que a gente bota em execu"ao. E sacramenta: "Todos sao carnavalescos. Estao fazendo um trabalho de carnavalesco. Por isso estao aqui." Sobre a efetiva"ao. 0 diretor de Carnaval disse: "0 que me levou efetivar foi 0 talento dessas pessoas e a produ"ao que me deram anD passado. Pra mim foi muito boa. Como eu tinha que trazer um ou dois para a Comissao. seria injusto deixar de fora. os outros. que estavam dentro do projeto; tiveram

Victor. Andre. Bia nca e Fra n-Sergio.

•

uma produ"ao fantastical Por que dar oportunidade aqueles e nao a eles tambem que tem a mesma capacidade? Foi por merito que tiveram atraves do Carnaval. Estao comigo ha dois anos trabalhando. entao se voce vai trazer um. tem que trazer todos .... explica. Pode-se se afirmar que a comissao e uma verdadeira sele"ao de competencias. cada um na sua especialidade. Todos prontos para entrar na pista da Marques de Sapucai e fazer um belo desfile. Pelos caminhos percorridos. resultados obtidos. metodos e realiza"ao de trabalho pode tambem se dizer que e a Azul-e-Branco de Nilopolis e literalmente uma escola. Muitos artifices tem sua forma"ao profissional teo rica e pratica no barracao da Beija-Flor. A comissao e 0 curso pratico e definitivo para a forma"ao de um carnavalesco. Mas aqui. so vale aprender presencialmente. Depois dela. qualquer um pode al"ar voos independentes. Isto faz da Beija-Flor. duplamente. uma verdadeira escola. De samba e de carnavalescos. E. principalmente. uma escola de vida. Feverei ro 2017

115


as NOVaS CARNAVALESCOS

,

Cristiano Bara Agora definitivamente e um carnavalesco da Azul-e-Branco. Cristiano Gon"alves declarou que sua ascensao :i comissao de Carnaval e 0 reconhecimento. Econfirma "pra mim, mais do que isso, e na realidade a coroa~ao profissional de um trabalho que venho fazendo ha 5 anos, agora e 0 sexto". Nesse periodo, atuou como assistente de Fran-Sergio. Ano passado Bara teve a responsabilidade de estender essa assistencia para toda a comissao. Jogou nas onze. Este ano, somando 0 novo cargo com os demais carnavalescos, suas atribui,,6es nao diminuiram. Muito pelo contra rio, "principal mente porque a crise afetou muito o Carnaval"; destaca. A gente vai fazer um Carnaval com um custo menor e a Beija-Flor mantera sua forma de desfilar. Como sempre, sem perder 0 luxo, sem perder a opulencia, sem perder a grandiosidade do espetaculo."

Gabriel Mello Nascido e criado na Terra da Garoa - Sao Paulo, claro! -, na area da escola de samba "Vai, Vai", que e sua agremia~ao de origem, Gabriel Mello e 0 mais novo integrante da comissao de carnavalescos, liderados por Laila. Tecnologo de Historia e estudante de Publicidade, ele afirma: "desde os 12 anos de idade sou torcedor da escola", que passou a acompanhar a partir do desfile "Uni-duni-te, a Beijaf10r escolheu: voce" da carnavalesca Maria Augusta. Foi 0 que bastou para se dedicar ao Carnaval. Apresentado por Selminha Sorriso para a diretoria da agremia~ao, impressionou pelos seus conheci mentos: "Cheguei :i BeijaFlor inicialmente com uma pro posta de capta~ao, mas foquei mais a parte cultural, que e de fato minha maior especialidade. Laila gostou e pediu que tivesse essa conversa com a comissao. E 0 que era para ser um dia, virou uma historia. Entrei para comissao e me Adriarie Lins mudei para 0 Rio de Janeiro. Trabalho com todos os colegas da comissao, porem mais o collceito de que 0 carnavalesco nao deve especificamente com a Bianca na area de levar 0 merito de t()do um trabalho que foi p.p>duzido em equipe fez da designer grafica pesquisa, ate por conta da minha forma~ao". Adriane Lins tambem carnavalesca. Assim ~mo a voca~ao para 0 desenho, fez Adriane Brendo Patrick trocar 0 curso de Direito pela Informatica, Brendo Patrick Vieira e 0 nome da fera. ~eguindo os caminhos da cria"ao artistica. Chegou como todos, incentivados por amigos E nessa area que ela retorna :i escola em e conhecidos admiradores do seu trabalho, 2012. Adriane coloca a imagina"ao criativa com uma pasta de desenhos debaixo do bra~o, na produ~ao de estampas, gravuras, figuras e em busca de uma oportunidade. Foi recebido desenhos exclusivos para os variados tecidos pe31a pesquisadora Bianca Behrends que 0 exigidos por cada enredo. Decidido 0 enredo, encaminhou ao Cristiano Bara. "Ai 0 Cristiano ela inicia seu trabalho pela pesquisa de me recebeu, viu meus desenhos e disse 'Voce referencias graficas sobre 0 tema. Ela tambem quer trabalhar? Vou te chamar. Dez dias desenvolve todo 0 material grafico e de depois, no dia do meu aniversario, me chamou identifica~ao visual da escola. pelo Facebook: 'Vou te dar um presente. Vem trabalhar na Beija-Flor no dia 3 de novembro'. E eu vim': Brendo e desenhista autodidata. Rodrigo Pacheco e de uma Tem 20 anos. Ele e natural de Pernambuco, Rodrigo Padroeiro Pacheco veio para 0 Rio de Janeiro aos tres anos de modestia altiva, uma postura de trabalhador idade e mora na Mare. "Entao Voce agora e que persevera na busca de suas realiza~6es. carnavalesco?" pergunta 0 reporter. Brendo "Foi uma luta de muitos anos. Tenho 18 anos e consciente do seu talento, mas cuidadoso de Carnaval, 11 deles na Beija-Flor. Entrei na resposta: - "Aprendiz! Tenho que avan~ar com 0 objetivo de ser carnavalesco. Ano varias eta pas ainda. Mas you aprender", passado, Laila nomeou a mim e 0 Cristiano ressalta. como assistentes diretos da comissao. Com Revista Beija-Flor de Nilopolis

www.beija-flor.(om.br


empenho total, buscamos aprender cada vez mais com os outros. Estou entrando para comissao mesmo para somar, para ajudar da maneira que for preciso. Isso e obvio. Nao quero deixar de botar a mao na massa, que e 0 que eu gosto. Essa vai ser a minha participa~ao", conta entusiasmado com suas novas obriga~6es. Antes de desembarcar na Beija-Flor, , Rodrigo produziu oCarnaval da "Flor da Primavera" e outros blocos e agremia~ao pequenas, ele desenhar. Dois anos depois e efetivado como considera uma base importante para sua um dos criativos da equipe de carnavalescos. forma~ao, embora fossem agremia~6es, "que "Eu encaro minh a nova condi~ao dentro da nao tem a dimensao da Beija-Flor". comissao de Carnaval, como uma fun~ao que generosamente foi me concedida pelo Laila, Leo Midia com um grande prazer, um grande orgulho, por Hugo Leonardo e conhecido como Leo Midia. se tratar de um a escola da dimensao da BeijaMais da metade de sua vida foram dedicados Flor. A minha grande preocupa~ao dentro a Beija-Flor; sua primeira escola, seu primeiro do meu trabalho e atender as necessidades emprego e sua segunda casa. Sao 19 anos da casa, da escola, da dire~ao de Carnaval e atuando na decora~ao de carros alegoricos, de todos os companheiros da comissao. E eu na produ~ao de adere~os e fantasias, tenho feito isso todos os dias, como desde 0 transitando por todos os setores do barracao, primeiro dia que cheguei, com muito amor, construindo carnavais memoniveis - muitos muita tranquilidade e agrade~o a todos deles campe6es. Leo adquiriu importantes pela oportunidade que me deram" disse 0 conhecimentos teoricos que, exercidos . I'Ia multifacetado (ator, autor, diretor teatral e pratica, 0 habilitam a se desenvolver como ~m cenografo) More mllem baumm. grande carnavalesco. Na condi~ao de assistente da comissao de Carnaval, galgou 0 penultimo degrau para a forma~ao de um carn~alesco CONFIAN!;A EM TUDO ETODOS de verdade. Agora e integrante ef_ivo da A sele~ao de carnavalescos da Beija-Flor esta comissao de Carnaval. "Acho que eu cheguei formada. A comissao nao e permanente, mas no apice. Trabalhar na Beija-Flor era um sonho Laila confia nos seus integrantes, na realiza~ao e passou a ser minha vida. Porque amo 0 que de um Mimo traba lh o e no resultado. "A eu fa~o. E a gente vai galgando mais degraus. gente sempre confia em tudo que faz. Aqui, Hoje conquistei 0 meu sonho maior que era nao tem enredo ruim. Enredo e feito pelo seu desenvolvimento se ele tiver conteudo. E isso participar da comissao de Carnaval." temos consciencia que a gente sabe fazer. Por que? Porque aqui nao e uma unica pessoa Wladimir Moremllembaumm que pesquisa e que decide os caminhos. Por o que parecia inacreditavel para Wladimir, isso, tenho um a comissao. Pego 0 que e bom aconteceu. Ele entrou para a familia do que cada um pode dar em criatividade e Beija-Flor. Sua estreia foi premiada com 0 consistencia pro Carnaval, para 0 desfile da vitorioso desfile qu e contou a historia do escola. Por isso tem dado resultado", conclui 'grio guineense-equatorial' que ele ajudou a Laila. Fevereiro 20 17

I

17




•

CLAUDIA FIAlA NeSSA MADRINHA Quem acompanha os desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial sabe bem 0 que significa para a atriz e bailarina Claudia Raia desfilar na agremia~fio nilopolitana. Alimentada por um profundo sentimento de lealdade Beija-Flor, Claudia ja recusou diversos convites feitos por outras escolas de samba para que brilhasse como Rainha de Bateria na Sapucai. Alvo do afeto da na~fio de Nilopolis, Claudia Raia conseguiu um horario em sua agenda de trabalho para receber a Revista Beija-Flor e falar sobre sua rela~fio com a escola que a conquistou 30 anos atras.

a

, Revista Beija-Flor - Sua carreira profissional Revista Beija-Flor come~ou

muito cedo. Conte um pouco como foi esse inicio, j6 que voce, oinda adolescente, foi ser bailarina nos EVA e na Inglaterra e pouco depois come~ou na 711. contracenando com 0 ator J{j Soares.

Claudia Raia - Posso dizer que fui precoce (risos). Eu sempre soube 0 que eu queria fazer, que caminho queria trilhar. Isso desde menininha. Eu dan~ava ballet, respirava a dan~a, criava pec;as na escola ... Tinha dentro de mim essa veia artistica muito forte. E eu sou determinada. As oportunidades foram surgindo e eu fui agarrando. Mas gosto de frisar que eu me preparei muito para cada uma delas, sempre estudei, busquei saber rna is ... Tenho esse espirito curioso, de quem quer estar sempre aprendendo. Nao adianta a oportunidade surgir e voce nao estar pronto. E fui muito agraciada com os acontecimentos da minha vida, os trabalhos na TV, no teatro. Tenho urn carinho e, posso dizer, orgulho mesmo da minha hist6ria, das minhas conquistas. Sou muito feliz com as minhas escolhas. Revista Beija-flor de Ni16polis

VOCe gonhou muitos premios como otriz, entre e/es Revela~iio da APCA, Revela~iio na Trofeu Imprensa, Melhor atriz, na Melhores do Ano, entre outros. Consegue apontar 0 mais importante?

Claudia Raia Fiz tantos trabalhos importantes que e dificil eu escolher urn s6. Acho. ate injusto, de verdade (risos). Tenho urn carinho enorme pelos meus personagens, pelosI projetos que fiz. Em todos eles eu mergulhei de cabe~a. Eu sou assim. Fa~o a1\uilo que eu acredito e, por isso, me entrego !ior inteira. Nao tenho como eleger urn s6. Revista Beija-Flor - Tambem foram muitos papeis marcantes, como Ninon em Raque Santeiro, Tancinha, na navela Sassariconda e mais tantos autros. Quais faram os mais especiois para voce? Claudia Raia - Como disse anteriormente (risos). e complicado. Alguns papeis tiveram talvez uma identifica~ao maior com 0 publico, como a Tancinha, de Sassaricando, a Engra~adinha, a Angela, de Torre de Babel, a Safira, de Belissima, a Donatela, de A Favorita ... Esta venda s6? Nao consigo escolher www.beijirflor.com.br


um ma is! Sao muitos personagens. Os papeis do lV Pi rata. que eram 0 ma ior barato. Se come"ar a fa lar do teatro. ai you aumentar muito mais esse leque (risos). Rev ista Beija-Flor Como come~ou sua relo~ao com 0 samba? E com 0 cornaval carioca?

Claudia Raia - Tenho uma rela"ao com a dan"a desde crian"a. E eu amo 0 samba. essa energia vibrante que so ele tem. Desde que me entendo por gente. eu gosto de samba. E0 gue falar do carnaval carioca? Emaravilhoso! E um espetaculo lindo. talvez um dos mais memoraveis do mundo. Todo aquele amor que move os integrantes de uma escola de samba. 0 suor de meses de trabal ho. e uma emo"ao unica e que nao tem como nao se contagiar. Amo 0 carnaval carioca. Revista Beija- Flor - Jei sao trinta onos desfilando pela 8eijo-Flor. 0 que a torno parte integrante da histriria do agremia~ao. Como a escola entrou no sua vida? E 0 que senter 110 olhar essa longa e fief trajetriria? Claudia Raia - Sao 30 anos! Nossa! E uma vida! Beija-flor faz parte da minha ~toria. de quem eu sou. Comecei a desfilar ainda men ina. Acompanhei a escola e ~Ia me acompanhou. me viu crescer. virar mulher. me tornar a pessoa e artista que sou. Edificil por em palavras 0 que sinto pela escola. Eu me sinto abra"ada pel a comunidade. 0 cora"ao sempre bate forte quando a escola entra na Sapucai. e um momenta un ico. Euma honra e uma alegria muito grande fazer parte da historia dessa escola.

Claudia Raia - 0 carnaval e grande espetaculo. E a arte acompanha muito 0 seu contexto historico. 0 seu momento. A cada ana que passa. nos vemos um espetaculo cada vez mais elaborado. tanto no quesito das fantasias. quanto nos carros alegoricos. A comissao de frente e um show il parte. coreografias maravilhosas. acrobacias ... Existe um empenho de querer se superar a cada ana e isso faz com que 0 carnaval esteja em constante evolu"ao. Revista Beija- Flor - A 8eija-Flor tem a perfil de ser uma escolo familiar. Voce. inclusive. jri esteVl' c"m seus filhos na Avenida. inclusive venda sua filha Sophia des filar no obre-alas do agremia~ao. 0 quanta voce acha que essa mentalidade familiar ajuda a Escola no Sapuca! e como para voce depois de anos de carnaval. ter a oportunidade de desfilar ao lado dos filhos?

e

Claudia Raia - A Beija-Flor e uma grande familia. Esse espirito une as pessoas de uma forma que nao ha igual. Estao todos dando o sangue pela escola. batalhando para fazer um carnaval unico. E fazemos isso todos os anos! Ver os meus filhos desfilando. Revista Beija-Flor - Como atriz. identificada trilhando um caminho que eu fiz e fa"o. com teatro, TV e cinema. quais as maiores e muito emocionante. Tenho um orgulho inova~iies artisticas que voce pOde observar no gigante deles. Fico muito feliz de te-Ios na cornaval 00 longo dessas decadas? escola comigo. Fevereiro 2017

121


Revista Beija-Flor - Voce e umo ortis to acostumada com 0 publico e que trabalha bem a quest{io das emor;oes que soo trocodas entre artista e publico. Qual a sensar;oo de encarar um Sambodromo lotado, defendendo a sua ESCOto de samba e tendo a importancia que voce tem para a mais importante ESCOto de samba dos ultimos an os?

Revista Beija-Flor - Ainda considerando esse perfil inovador do agremiar;iio, fai a 8eijaFlor que atraves do Laila e do Sr. Anizio que o comunidade comer;au a ser mais valarizada dentro de uma ESCOto de samba. Coma voce percebe essa inciativa, que de um tempo para foi capiada e seguida por outras agremiar;oes?

co

Claudia Raia - Que bom que essa iniciativa Claudia Raia - E de tirar 0 f6lego. Uma deu certo e e urn exemplo. Nada mais justa emo~ao sem igual. E um momenta impar e do que valorizar a comunidade, ela faz 0 carnava l. As pessoas da comunidade vibram eu me entrego. e lutam pela escola e isso e lindo. Eu me Revista Beija-Flor - 0 oficio de atriz ajuda no emociono!

Avenida, no desfile de coma val? E 0 camaval, cola bora no hora de atuar em frente das cameras, no polco?

Claudia Raia - Entrar na avenida e como entrar num palco. Voce se leva pelo sambaenredo, se deixa levar por aquela historia ... E quase um "gravando" (risos). Voce entra em , cena para defender a escola. Acho que tem mais a ver, inclusive, com 0 teatro. Na TV, se algo da errado, voce consegue refazer. No teatro, e tudo ou nada. E e isso na Sapucai. 0 show nao pode parar! Revista Beija-Flor - A 8eija-Flor, sempre com a lideranr;a do Sr. Anizio, busca acado ana inovar e marcar sua presenr;a no universo do Camaval. Em 2002 lanr;ou a sua revista oficial, que inovou niio apenas no aspecto grofico, valorizando belas imagens como, entendendo que a revista paderia ser um importante meio de transferir conhecimento e aprimorar a percepr;iio do leftor e foliiio niio so em relar;iio festa do coma val, inovou no questiio jomalistica 00 produzir textos de qualidade e que niio falavam apenas de 8eija-Flor, mas de samba, camaval, cultura e camportamenta. Como voce ve a revista, que completa nesse ana a sua 16' edir;iio, e sua permanencia no mundo do camaval? Com sua experiencia em arte e sua cultura artistica, teria alguma sugestiio de melhoria que gostaria de dar?

a

Revista Beija-Flor - Ainda considerando essa questiio, de valorizar;iio do comunidade, em 2015 voce foi canvidada para ser a Madrinha do escola. Percebe que esse titulo nao e apenas o reconhecimento do agremiar;iio pela sua afinidade e participar;iio no agremiar;iio, mas tambem um reconhecimento sincero de que faz parte dessa grande familia 8eija-Flor, formada, no sua grande maioria por trabalhadores honestos e simples do dia a dia, homens e mulheres, jovens e adultos que cam seu suor e dedicar;iio canstroem essa maravilhasa e afetuosa nar;iio?

Claudia Raia - Eu me sinto muito lisonjeada com esse carinho todo, de verdade! Eu amo a escolha. E sinto que 0 que temos e um sentim~nto mutuo. Muito obrigada a cada um de voces que faz a Beija-Flor ser essa escolJ unica.

.

.

Revista Beija-Flor - 0 que espera do des file do 8tija-Florde Nilopolis para 0 Camaval de 2017?

afaudia Raia - Vai ser um desfilo lindo! Nao tenho duvida disso. Vai ser um carnaval vibrante e a escola vem linda, como sempre. Aguenta cora~ao, porque tenho certeza de que sera emocionante! Revista Beija-Flor - Por fim, gostaria de deixar alguma mensagem para nossas lei to res e para os integrantes do familia 8eija-Flor?

Claudia Raia - Que bom que temos um Claudia Raia - Muito obrigada! Voces me espa~o como esse. Um lugar dedicado ao receberam e me recebem sempre de bra~os carnaval e ao foliao, que valoriza a nossa abertos e sou muito grata. A Beija-Flor esta cultura. Parabens pelos 16 anos. Que possam no meu cora~ao! Vamos fazer um carnaval vir mais 16, mais 20. Vida longa! linda esse ano! Revista Beija-flor de Nilopolis

'IMW.beija-flor.com.br


, (

Fevereiro 2017

123




IRACEMA AVIRGEM

DOS LAslos DE MEL

• t'

;,atizes singulares; por esse motivo, alguns argumentos cenicos neste trabalho ganham representa"iies simb61icas, que vem desde Comissao de Frente as praticas de subsistencia cotidianas no Responsavel: Marcelo Misailidis periodo, a signos religiosos do catolicismo, Componentes: 15 como na referencia aos peixes, representando a ideia da multiplica"ao e propaga"ao da Desc~i,,~o : A proposta da apresenta"ao da Comissao de Frente do G.R.E.5. Beija-Flor de cultura e dos valores de um povo, na inten"ao Nil6polis para 0 Carnaval 2017 pretende, de de afirmar uma nova na"ao. modo operistico, enos mol des tradicionais UM ROMANCE TAO de composi"ao, oferecer um Pr610go de DE Abertura para 0 Desfile. BONIIO COME<;OU MEU Sendo assim, estarao sendo citadas as CEARA personagens principais da obra de Jose 10 Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira de Alencar, dando enfase as descri"iies do Responsavel : Claudinho Souza e Selminha primeiro e do ultimo capitulo do livro, fonte Sorriso de inspira"ao para 0 projeto carnavalesco. "Iracema" e uma obra do Romantismo, um Descri"ao : A hist6ria de amor da india ciassico literario, com forte teor nacionalista Tabajara, filha da floresta, Iracema, a virgem no Br~sil recem-republicano, 0 qual pretendla mostrar um novo conceito de pais, dos labios de mel, cujo 0 sorriso era mais doce eo surglmento do povo brasileiro a partir de que 0 favo de jati, que se encantou com 0 europeu, 0 forasteiro Martim (que quer dizer

PROLOGO DE ABERTURA IRACEMA

,,

~

~

ÂŤ zw

U

Revista Beija-Flor de Nilopolis

www.beija-flor.com.br


filho de guerreiro). 0 fierte e 0 cortejo entre (*) Os adornos usados pe/os encantados sao a men ina mo~a morena na pele e 0 portugues diferenciados: uns com maracas, outros com Moreno no nome; e desse urn romance tao /an~as. bonito, tem inicio a Lenda do Ceara.

A

lUl

DO

PANTE."O

~LTbA~R~l1M~~~T8~0~~ ~~81Itf~~IADE T&PA

OlHAR

DE IRACEMA A VIRGEM DOS LABIOS DE MEL

Cenario Alegorico 01 . Carro Abre-Alas I Alegona 01

Proscenio Elemento Alegorico de Abertura Tripe

o ENCANTO DAS VESTAlS

PURElA DOS CURUMINS Crian~as

Responsavel : Luciana Araujo Descri~ao: Curumim e uma palavra de origem Tupi usada para designar as crian~as indigenas. Possui ainda algumas variantes, tais como colomim, culumim, colomi, curumi e culumi, todas empregadas para se referir ao estado de pureza e inocencia intrinsecos a infancia. A cultura indigena espelhada no olhar das crian"as.

DUO - GUARACY E JACY Destaques de Chao Responsavel: Cassio Dias e Charlene Costa Descri~iio: Guaracy eo Sol, a luz, 0 dia, e Araci ou Jacy, a Lua, a noite, a magia. Elementos essenciais e demasiadamente cultuados nas tradi~oes enos rituais indigenas, que cruzam oceu despertando encantamento e renovan~o as energias daqueles que reclamam a pureza da pele vermelha.

Baianas Respons3vel: Comissao de Diretores Descri"ao: Segundo as cren"as, as vesta is eram alvo de admira"ao desde os povos rna is antigos. Seus encantos eram capazes de atrair os mais longinquos viajantes que, sem saber ao certo 0 rumo que deveriam seguir, acabavam entrando no destino das escolhidas dos deuses. Nossas Baianas, assim como as vesta is, sao admiradas pelo povo, e tambem sao capazes de atrair os olhares dos mais longinquos viajantes, girando na Avenida e resguardando os encantos do samba. Sao respe itadas, reverenciadas e consideradas intocaveis.

VOlES INDiGENAS

Tribo Beija-Flor - Coristas Populares Responsave l: Comunidade Descri~ao : A l icen~a poHica nos permite afirmar que a pena com a qua l Jose de Alencar escreveu urn romance embebido de trad i ~oes indigenas, hoje veste a Tribo Beija-Flor, composta por uma legiao de indios cantadores I coristas que, respeitando as tradi~oes e 0 legado cultural indigena DOS (preservado quase que integralmente atraves da oralidade), cantam Jureme e contam Grupo Coreogratico Beija-Flor I Jurema, e assim, imortalizam a estoria de Responsavel: Valeria Britto amor de Iracema. Bardo indigena contado Descri~iio: As vestais, desde a juventude, aos irmaos contemporaneos. . eram acompanhadas pelos espiritos encantados que servem ao Deus Tupa; eram eles que ministravam os ensinamentos e procedimentos sagrados para elas. Esses espiritos, nada mais sao do que as almas de pajes e vesta is ancestrais. Na Avenida, eles trazem a luz, vestindo-se de branco e espalhando, atraves da dan~a, a energia mistica que cerca Iracema.

~NCAN-rfJ6~NC;A

Fevereiro 2017

127


COMISSAO OE FRENTE

.-


H;j alguns anos no comando da comissao de frente da Beija-Flor de Nilopolis, Marcelo Misailidis vem

realizando um trabalho coroado com bons resultados e muitos e/ogios. Misailidis nos contou um pouco sobre 0 que podemos esperar da comissao de frente no Carnaval da Beija-Flor este ano. Revista Beija-Flor - A comissao de frente da 8eija-Flor vem surpreendendo nos ultimos anos. a que teremos de novidade para esse carnaval? Marcelo Misailidis - Pela experiencia que tenho observado no decorrer de 20 anos ininterruptos de apresenta<;oes em Comissao de Frente, acho que sempre foi assim. Isso em verdade e tambem um merito do proprio Carnaval, que entende que e necessario se renovar, apostar no novo, nao ter medo de errar e desafiar 0 tempo, nosso maior adversario.

completamente nova, ja que muitos artistas em Carnavais ante rio res abordaram esses assu ntos. o fato de ter uma trajetoria "'~ r respeitada como artista do Theatro -Municipal do Rio de Janeiro, nao Revista Beija-Flor - Nos ultimos carnavais, facilita em nada os desafios que vem logo elementos cenograficos foram usados no a frente. Na arte estamos sempre buscando desfile da comissao de frente. a que esperar estar na fronteira do novo, e nao ha certeza para esse ano? alguma nessa regiao somente duvidas ... Marcelo Misailidis - A utiliza<;ao de elementos Revista Beija-Flor - Dito isso, como lidar com cenograficos de grande porte sao recursos uteis quando bem utilizados, mas de certo essa questao artistica? Quem gosta de modo podem tambem anular a Comissao Marcelo Misailidis de Frente, quanto as referencias basicas acompanhar de perto a arte sabe disso que e caracteristicas tradicionais do quesi.t!l. estou falando. Artistas por quem tenho Por isso, acredito que deve haver muito fascinio, como os pintores Caravaggio, criterio na utiliza<;ao de grandes alegonas Boticelli, Rafael, Veronese; compositores, em Comissoes de Frente, pois elas tem que como ' Wayner, Bethoven, Verdi, Tchaicovsky, ter uma natureza muito pertinenter caso etc; escultores como Bernini, Michelangelo, contra rio torna-se mais uma alegor~ com etc e escritores como Shakespeare - e muitos outros - trabalharam e viveram interven<;oes cenicas. sempre na expansao das fronteiras da arte Revista Beija-Flor - Neste ano, 0 enredo e e do seu tempo, e provavelmente viveram baseado em uma obra de literatura. a encontra as angustias e a solidao das incertezas de artes (a escrita e, danr;a, a musica, nesse da cria<;ao, perguntando-se: "sera que caso) e sempre interessante. Como foi para o trabalho esta final mente pronto? Sera voce, que tem uma historia com 0 ballet, que YOU ser compreendido? Sera que iraQ trabalhar nesse tema do carnaval da Beija-Flor gostar?" Perguntas assim nunca tiveram de 2017? respostas que verdadeiramente acalmassem Marcelo Misailidis - Nada etao simplesquanto seus espiritos. Criamos assim porque esta e a parece. Enredos considerados bons pela sua nossa oportunidade de existir como artistas, natureza cultural, muitas vezes sao assuntos de deixarmos algo nosso para 0 proximo, de recorrentes e excessivamente explorados, encarar de frente a natureza humana, de o que torna muito dificil uma abordagem estar de frente para 0 abismo e voar. Fevereiro 2017

129


FABicLA CAVIC SDBERANA NA AVENIDA RICARDO DA FONSECA

A cada ano, no desfile da Beija-Flor, 0 publico que acompanha a Azul e Branco de Nilopolis tem a certeza de que vera uma apresenta<;ao de altissimo nivel tecnico e bom' gosto, abastecido por um contagiante e altissimo grau de empolga<;ao e envolvimento emocional de seus componentes. Eassim que a Beija-Flor de Nilopolis vem se comportando na Avenida desde que conquistou o merecido reconhecimento popular como a mais importante escola de samba do carnaval carioca - 0 que Ihe confere, natural mente, 0 mesmo titulo em nivel mundial. Mas se sairmos da visao macro da escola, enos fixarmos no micro, no individual, no especifico, perceberemos outros solidos elementos que dao sustenta<;ao a esse desfile sempre unico. Entre eies, nao poderiamos deixar de ressaltar a participa<;ao do sempre simpatico e envolvente trabalho de Destaque Principal de Fabiola David. Ja nao e a primeira vez que ressaltamos a sua importancia na posi<;ao de destaque que se situa. Fabiola e a clara emana<;ao da simpatia e da alegria, que recebe afetuosamente 0 publico presente para os proximos 80 minutos de espetaculo. Mas ter a presen<;a de Fabiola David como Destaque do carro Abre Alas transmite, tambem, algumas outras importantes Revista Beija-Flor de Nil6polis

mensagens e ensinamentos - e que sao, para os componentes da Beija-Flor de Nilopolis, li<;iies aprendidas -, a come<;ar pela mais importante: 0 consolidado sentimento de lealdade a uma causa. Eisso, tambem, que Fabiola David representa. No carnaval de Iracema, estarao sendo completados 25 anos do primeiro carnaval que Fabiola iluminou 0 desfile da Beija-Flor na Avenida como Destaque Principal no carro Abre-Alas. 0 ano foi 1992, e a agremia<;ao adentrou a Avenida com 0 enredo "Ha um ponto de luz na imensidao", de autoria do Joao Trinta. "Para mim, foi um dia muito importante, porqu~ 'ja havia desfilado no ano anterior na Beija- ~Ior, mas nao como Destaque do AbreAlas. E essa pos1<;a<1 e total mente diferente d&' qualquer outra: a sensa<;ao de entrar na Ajoenida, daquela altura toda, vendo aquele enorme corredor crescendo em sua dire<;ao, com a presen<;a maci<;a do publico, com cores, sons e gestos de afeto e alegria, e algo que mexe com 0 cora<;ao da gente. Nao da para nao se emocionar, pois e muita energia que e transmitida para nos e para nossa escola." Uma energia que Fabiola David faz questao de retribuir e que, segundo ela, tambem contagia o componente que esta dos carros e alas que seguem pela Marques de Sapucai: "Tenho plena consciencia de que essa energia que 0 publico irradia ao ver a Beija-Flor iniciando IN'NW.beija-flor.com.br


seus desfile, sempre deslumbrante, colorida e alegre, e um importante combustivel para nossa escola mostrar, com coragem I e empolga"ao, 0 que tem feito de melhor nos ensaios. 0 aplauso do publico, 0 envolviPlento carinhoso e 0 sorriso sao os comb.,-tiveis que nossos componentes precisam para fazer daquele lugar 0 palco de uma experiencia que nao tem similares. E a experiencia de anos que adquiri a frente do Abre Alas permite que eu tenha a consciencia de que tenho que dar uma resposta ao publico il altura do que ele espera de mim, como Destaque Principal, e da escola, que entra na avenida para transmitir sua mensagem. Por isso, busco a cada ana estar preparada para me comunicar com esse maravilhoso publico. E percebo que essa minha resposta, sempre respeitosa,

alegre e sincera, contagia tambem nossos componentes, porque eles sentem uma maior seguran"aoem desfilar, ja que identificam que 0 publico da sinais claros de que nos recebeu com carinho e considera"ao. E um momento magico, gratificante. E quando volto meu olhar para os anos que se passaram, fico com a certeza de que a minha lealdade a essa obra que 0 Anizio construiu, minha lealdade aos componentes da escola e ao carnaval carioca e que fizeram com que eu permanecesse pronta para representar a Beija-Flor de Nilopolis no abre alas por tantos anos. E nao tenho duvida de que continuo pronta para representar a nossa escola e a nossa comunidade por muitos anos mais, aqui na Avenida da Alegria e do Carnaval". Fevereiro 2017

131


""-.1 '- ."'II

ÂŤ Z W

U

MARTIM CONTEMPLA IRACEMA E SENTE A FLECHA -OS PASSAROS AMEIGAM o CANTO

litoraneas - inimigos mortais da tribo de Iracema. Ele estava perdido no local apos se separar de seus companheiros na saida de uma expedic;iio fracassada; A Virgem, surpreendida pela presenc;a invasiva, lanc;ou sua flecha em direc;iio ao rosto do rapaz. •

Gru po Coreografico Beija-Flor II Responsave l: Al essand ra Ol iveira Oescric;iio: Num cla riio em meio a mata, VOlES INDIGENAS Iracema repousava enqu anto brincava com Tribo Beija-Flor - Coristas Populares sua doce companheira e amiga Ara. No Responsavel: Comunidade entorno, 0 sinuoso verde estonteava 0 local, Oescric;iio: A licenc;a poHica nos permite enq uanto os passaros ameigavam 0 canto. afirmar que a pena com a qual Jose de Rumor suspeito quebro u a doce harmonia. Alencar escreveu um romance embebido de Ao todo, a contempl a- Ia estava um guerreiro tradic;oes indigenas, hoje veste a Tribo Beijaestranho, que ti nha na face 0 branco das Flor, composta por uma legiiio de indios areias que cercam 0 mar enos olhos 0 azul cantadores I coristas que, respeitando as triste das aguas profund as. Era Martim Soares tradic;oes e 0 legado cultural indigena Moreno, mi lita r portugues amlli,g~a:d:o:"_-:~__ (preservado quase que integralmente das tribos ~ atraves da oralidade), cantam Jureme e contam Jurema, e assim, imortalizam a estoria de amor de Iracema. Bardo indigena contado aos irmiios contemporaneos.

r_\'

VOlES INDiGENAS Tribo Beija-Flor - Coristas Populares Responsavel: Comunidade A licenc;a poetica nos permite afirmar que a pena com a qual . Jose de Alencar escreveu um ~ romance embebido de tradic;oes ~ indigenas, hoje veste a Tribo Beija-Flor, composta por uma legiiio de indios cantadores I coristas. que, respeitando as tradic;oes e 0 legado cultural ; indigena (preservado quase .\ que integralmente atraves da oralidade), cantam Jureme e contam Jurema, e , assim, imortalizam a estoria amor de Iracema. Bardo indigena contado aos irmiios contemporaneos.

Revista Beija-Flor de Nilopolis

www.beija-flor.(om.br





•

NA FLORESTA, rI') INDIA BRANCO APAIXONADO - A CHEGADA DO ESTRANGEIRO A ALDEIA TABAJARA

ÂŤ zw

U

Grupo CoreogrMico Beija-Flor III Responsavel: Giselle Motta Descri<;ao: Encantada pelo olhar do europeu, Iracema decide leva-Io para a sua Aldeia, onde Martim estaria protegido de qualquer perigo. Na chegada, a india da floresta apresenta 0 branco ao Paje Araquem - Seu Pai e Chefe da Na<;ao Tabajara. Entre os agrados hospitaleiros e 0 desejo ja sentido por Iracema, Martim descobre a prote<;ao do Paje quando Irapua - Chefe dos Guerreiros Tabajaras reclama sua presen<;a no lugar. 0 Velho Anciao bateu com seu cajado ao chao, num intimidador sinal de seu apre<;o pelo visitante, sem imaginar 0 que estaria por vir.

importante, urn ritual, pois ela existe dentro de uma cerimiinia sagrada. Comparativamente, para os passistas, nosso corpo de ballet, 0 desfile e urn ritual, e 0 ato de sambar - dan<;ar o samba, e uma cerimonia sagrada.

REGENTE INDIANISTA Raissa Oliveira Rainha de Bateria

ORQUESTRA INDIANISTA

POPULAR

Bateria Responsavel : Mestre Plinio de Morais e Mestre Rodney Ferreira Descri<;ao: As Operas sao composi<;iies dramaticas em que a musica instrumental e urn elemento essencial; toda Opera tern uma grupo musical. 0 nosso, denominado Orquestra Popular Indianista, e composto . por instrumentistas que ditam 0 ritmo do VOZES INDIGENAS espetaculo; e nossos musicistas nao trajam Tribo Beija-Flor - Coristas Populares casacas, vestem a pintura nativa do povo de Responsavel: Comunidade pena para se apresentar a altura na especial Descri<;ao: A licen<;a poi:tica nos permite ocasiao. afirmar que a pena com a qual Jose de Alencar escreveu urn romance embebido INDIANISTAS de tradi<;iies indigenas, hoje veste a Tribo Corifeus Populares Beija-Flor, composta por uma legiao de Responsavel: Comunidade indios cantadores / coristas que, respeitando Descri<;ao: Em nossa Opera Popular Indianista as tradi<;iies e 0 leg ado cultural indigena desta ~amos os Corifeus, passistas que (preservado quase que integral mente atraves fazeln parte do Corpo de Baile e assumem da oralidadel. cantam Jureme e contam prot<\gonismo no instante em que a Orquestra Jurema, e assim, imortalizam a estoria de amor de Iracema. Bardo indigena contado Popular IndianMa 'Se direciona ao Fosso. aos irmaos contemporaneos.

.

,

"

BALLET POPULAR INDIANISTA UM RITUAL DENTRO DE UMA CERIMONIA SAGRADA Passistas Responsavel: Valeria, Aline, Carla, Marcos e Diogo Descri<;ao: Para os indigenas, quando batemos os pes no chao, estamos reconstruindo 0 som da cria<;ao, estamos recriando 0 mundo; estamos repetindo 0 gesto divino de criar, no presente, a eternidade. A dan<;a indigena esta sempre ligada a urn acontecimento muito 36

Revista Beija-Flor de Nilopolis

.

t~oZB~~_IF~~1 ~~s~a~~pulares

Responsavel: Comunidade Descri<;ao: A licen<;a poi:tica nos permite afirmar que a pena com a qual Jose de Alencar escreveu urn romance embebido de tradi<;iies indigenas, hoje veste a Tribo Beija-Flor, composta por uma legiao de indios cantadores / coristas que, respeitando as tradi<;iies e 0 legado cultural indigena (preservado quase que integralmente atraves da oralidade), cantam Jureme e contam Jurema, e assim, imortalizam a estoria de amor de Iracema. Bardo indigena contado aos irmaos contemporaneos. www.beija-flor.com.br



E[]S[]N CELULARI GARRA E DETERMINAc:AD DENTRD E FDRA DA AVENIDA

Revista Beija-Flor - Voce come~ou no teatro. Como foi a suo migra ~iio para a N? Edson Celulari - Comecei fazendo teatro na escola, em Bauru, cidade que eu nasci. Depois participei de um grupo de Teatro Amador e aos 18 anos, fui pra Sao Paulo fazer a EAD (Escola de Artes Dramaticas da USPJ. 0 teatro sempre foi minha base, minha referencia art!stica. Foi onde consegui aprender , disciplina, dedica~ao e comprometimento,

A lV veio em seguida, com a antiga lV Tupi onde trabalhei por 2 anos. Fiquei encantado com a magia da televisao, seu alcance e for~a no nosso pais. Em 1980, fui convidado para fazer uma novela na lV Globo e me mudei para 0 Rio de Janeiro. A coisa foi tao especial que eu continuo ate hoje nesta cidade e nesta emissora. De la pra ca, ja perdi a conta do n° de novelas, series, minisseries e especiais que ja fiz e todos me deram muito prazer.

itens fundamentai.s..p.a!lra!",q~u.e.m"1e.sc.o":l~he~es~t.a::~Revista Beija-Flor - Voce fez novelas hist6ricas. p rofi 5 sa o. Qual fai seu popel mais marcante? Edson Celulari - Edificil escolher 0 melhor tantos bons personagens que eu ja e sou grato a cada um deles. E tambem seus autores, diretores dos programas, coleq;ls atores, colegas artistas e tecnicos.


Nunca se trabalha sozinho. Pra citar um, lembro de alguns (risos): Jean Pierre de "Que Rei sou eu", Vadinho de "Dona Flor e Seus Dois Maridos", Flamel de "Fera Ferida, Thiago de "Cambalacho", Glauco de "America", Henrique de "Torre de Babel" ... Revista Beija-Flor - Como come~ou suo relar;ao com 0 carnoval? Edson Celulari - Eu, apesar de ter uma aparencia de europeu, sempre gostei de samba e passei minha infancia e adolescencia batucando com as maos, em tudo que eu encontrasse pela frente e que produzisse som ... Ai, no ana de 1985, fui fazer um teste para um filme musical do cineasta Ruy Guerra: "A Opera do Malandro", baseado na pec;a teatral do Chico Buarque de Holanda. Era pra fazer 0 proprio malandro. Imagina isso, eu disputando 0 personagem com colegas muito mais cariocas e malandros do que eu. Tinha que danc;ar, cantar, jogar capoeira, gingar, enfim representar 0 arquHipo do brasileiro "esperto" ... Ganhei 0 papel e tive que aprender danc;a de salao e samba no pe com Carlinhos de Jesus, capoeira, estilizar 0 passo do siri candeia e encarnar 0 espirito do Ze Pilintra ... Foi uma linda experiencia . 1550 me aproximou do samba e daquilo que, talvez seja a sua expressao maior, com certeza ~ mais popular: 0 Carnaval. . Comecei pelos blocos de rua, passei pel~s ensaios nas quadras, pelos trios-eletricos na Bahia, pelos clubes e ruas de Recife ... s~mpre como ator convidado. Foi um bom ctmec;o, mas eu queria ir mais longe, me aprofundar nas raizes desta grande festa nacional.

minha curiosidade para Escola onde aquele momenta historico e revolucionario acontecia: Gremio Recreativo Escola de Samba BeijaFlor. Comecei a olhar para a comunidade de Nilopolis, para a sua historia dentro do carnaval carioca, para suas tradic;oes e para a maneira como eles se organizavam para entrar na "avenida". A partir dai, a admirac;ao so aumentou e se transformou em amor. Hoje conhec;o toda a diretoria da Escola, 0 Laila, 0 Fran Sergio, 0 Farid, 0 Neguinho, a Selminha, o Claudinho, 0 Plinio, 0 Rodney, a Raissa, a Sonia Capeta, a Neide do Tamborim, 0 Dudu, a Pinah, 0 Nelsinho e, claro, 0 Anizio, Fabiola, Gabriel e Micaela David, familia que eu gosto e respeito. Alias, toda a comunidade forma um grande nucleo: a "Familia Beija-Flor". Tive 0 privilegio de, algumas vezes, tocar na bateria, que e 0 corac;ao da Escola na Sapucai. Foi uma das experiencias mais emocionantes que ja tive na minha vida e que you levar pra sempre no meu corac;ao. Revista Beija-Flor anQ passado (2016)?

Como foi seu desfile no

a

Edson Celulari - Desfilei junto diretoria, ao lado do meu filho Enzo, ao lado de amigos queridos como 0 Boni e a Lu. Foi uma apresentac;ao cheia de forc;a e brilho que me encheu de alegria. Revista Beija-Flor - Que mensagem gostaria de deixar para os leitores e integrantes da familia 8eija-Flor.

Edson Celulari - Este ana seremos todos "A Virgem dos Labios de Mel - Iracema", do romance genial de Jose de Alencar. Vamos falar das misturas raciais, das belezas de um Brasil indigena, de um pais que ainda tem Revista Beija-Flor - E cam a 8eija-Flor? Como esperanc;as e, de uma linda historia de amor se deu esse cantato? entre uma jovem nativa e um colonizador. Edson Celulari - Joaozinho Trinta foi um Vamos entrar com garra e determinac;ao, com 0 corac;ao na boca, nas maos, nos pes, carnavalesco que sempre me chamou atenc;ao pela sua ousadia e criatividade. defendendo nossa bandeira, nossa historia Quando em 1989, com 0 enredo "Ratos e e, principalmente, nosso direito de ser feliz, Urubus, larguem minha fantasia", com a durante aqueles poucos minutos que nos imagem do Cristo censurado, ele cobre a Figura pertencem. Vamos para mais um primeiro do carro alegorico e coloca a faixa: "Mesmo lugar, porque e la que nossa Beija-Flor de proibido, olhai por nos", isso despertou a Nilopolis merece estar.

a

Fevereiro 2017

39


a

LRAPUA E ~PAIIoE~~5~~IC;AO AOS

•

I

DOlO

DE

amor de Iracema. Bardo indigena contado

VOtES INOrGE~AS S

Tribo Beija-Flor - Coristas Populares Grupo Coreogratico Beija-Flor IV Responsavel: Comunidade Responsavel: Jonathan Alves Descri"iio: Iracema e Martim trocam caricias Descri"iio: A licen"a poetica nos permite afirmar que a pena com a qual Jose de Alencar a ceu aberto, acreditando estarem seguros escreveu um romance embebido de tradi"iies apos 0 mal entendido de sua chegada. Tomado pelo 6dio ao ver 0 encantamento da Virgem de Tupii pelo Europeu, Irapuii decide se vingar a qualquer custo e se dirige ate os dois com seus guerreiros. Temendo pela vida do amado, a sacerdotisa decide lan"ar miio da magia da jurema e enfeiti"ar os algozes, enquanto Martim rez'! rogando por ajuda. Pressentindo a amea"a ao amigo, Poti - bravo e astuto guerreiro da Na"iio Pitiguara; inimiga da Tribo de Iracema - escuta a prece e surpreende os Tabajaras com seus guerreiros. Feito lobos e on"as, os homens se enfrentaram face a face e os Pitiguaras sairam vencedores. Para viver 0 amor proibido, os apaixonados condenaram os felinos Senhores das Aldeias a derrota massacrante.

VOlES INOiGENAS

~

ÂŤ zw

U

Tribo Beija-Flor - Coristas Populares Responsavel: Comunidade Descri"iio: A licen"a poetica nos permite afirmar que a pena com a qual Jose de Alencar escreveu um romance embebido de tradi"iies indigenas, hoje veste a Tribo Beija-Flor, composta por uma legiiio de indios cantadores I coristas que, respeitando as tradi"iies e 0 leg ado cultural indigena (preservado quase que integralmente atraves da oralidade), cantam Jureme e contam Jurema, e assim, imortalizam a estoria de Revista Beija-Flor de Nilopolis

40 1

indigenas, hoje veste a Tribo Beija-Flor, composta por uma legiiio de indios cantadores I coristas que, respeitando as tradi"iies e 0 legado cultural indigena (preservado quase que integral mente atraves da oralidade), cantam Jureme e contam Jurema, e assim, imortalizam a estoria de amor de Iracema. Bardo indigena contado aos irmiios contemporaneos. www.beija-flor.com.br



N

. " BATE 0 CORACAO DE "" I MOACIR, FILHO DO AMOR E DA DORPRIMEIRO MAMELUCO,

« Z £~~~oS~~afi~~ti;~~~! ~O

'W

U

f

Responsavel: Helder Sati ro Descri~ao: Apos 0 conflito sangrento, os apaixonados estavam livres da persegui~ao de Irapua e seus guerreiros. Martim agora era considerado parte da Na~ao Pitiguara e atendia pelo nome de Coatiabo. Iracema, que entregou sua pureza ao Portugues nas cenas anteriores, anuncia que esta gravida. Ciente de sua divida para com 0 amigo Poti - que conhecera tempos antes de se perder e encontrar a Princesa Tabajara - Martim decide partir em expedi~ao com 0 Pitiguara para defender os interesses territoriais. De~olada, Iracema da a luz a Moacir filho de seu amor e sua dor - enquanto definha de saudade. Fraca e desesperada, percebendo que seu leite nao tinha for~a para alimentar a crian~a devido a tristeza, ela recorre as Iraras para que puxem de seu seio a seiva materna que nutrira 0 primeiro caboclo deste pais.

transforma~ao

floresceu 0 povo de nosso pais. Nossas damas VOlES INDiGENAS vem colorir a Avenida com essa aquarela, Tribo Beija-Flor - Coristas Populares numa florescencia encantadora. 0 retrato Responsavel: Comunidade fascir13nte de nossa cultura mesti~a, bordada Descri~ao: A licen~a poetica nos permite na palha do indio e movimentada no bailar afirmar que a pena com a qual Jose de do e ~ ropeu. Alencar escreveu um romance embebido • de tradi~iies indigenas, hoje veste a Tribo A IDENTIDADE DO Beija-Flor, composta por uma legiao de ARTESANATO CEARENSE indios cantadores I coristas que, respeitando as tradi~iies e 0 legado cultural indigena A ARTE FEITA A MAO DOS (preservado quase que integralmente atraves MIMOS REGIONAIS da oralidade), cantam Jureme e contam Amigos do Rei Jurema, e assim, imortalizam a estoria de Responsavel : Presidencia amor de Iracema. Bardo indigena contado Descri~ao: A beleza do artesanato cearense, aos irmaos contemporaneos. que representa a materializa~ao da cultura popular regional, mostra-se revelada de diferentes formas, e e notoria a correla~ao FLORES DO NOVO MATll com Iracema: a joia Tabajara persiste em cada Damas pedacinho de terra, e nas veias de cada filho Responsavel: Shirleyse Colins Descri~ao: A pele vermelha se misturou com desse chao, carinhosamente representados outras peles na fusao das ra~as. Novos matizes nos enfeites das garrafinhas de areia que de cores surgiram e deste momenta de guardam um pouquinho da magia dessa

,

42

Revista Beija-Flor de NilopOlis

www.beija-flor.com.br


terra. Se a selvagem india dos labios de mel usava 0 uru' de palha matizada para guardar seus perfumes, a palha que reveste a barra dos saiotes e usada como materia-prima de diferentes souvenires; e se na tribo Tabajara a agua era ofertada em igac;abas, hoje temos jarros de ceramica utilitaria que sao verdadeiros mimos cearenses.

A BELEZA FLORAIS

DAS

REN DAS

Da Mais Vida / Young Flu / Nessa que Eu Vou Responsavel: Ana Maria / Sergio Ayub / Helio Malveira Descric;ao: A renda e um tecido caracteristico do artesanato cearense, sendo que os nomes dados aos diferentes tipos de renda sao definidos de acordo com os instrumentos utilizados para sua confecc;ao, pois sao eles que conferem aos tecidos seus desenhos especificos. Iracema ja utilizava os alvos fios do crauta e as agulhas da juc;ara para tecer a renda; e hoje, a habilidade artesa produz

7EDESERVE

rendas de beleza e qualidade inigualavel, que conquistaram nao s6 0 Ceara, mas 0 Brasil e o mundo. Os rendeiros e as rendeiras, com seus tranc;ados flora is, continuam a vestir os filhos da terra.

OS PESCADORES LOS QUE ASAGUAS DO CEARA PODEM OFERTAR Signus / Vamos Nessa /1001 Noites Responsavel: Debora Rosa / Toninho / Luiz Figueira Descric;ao: Os mares bravios do Ceara, tambem conhecido como Terra do Mar, bem como suas fartas lagoas, sao propicios para a pesca, a atividade de extrac;ao de organismos aquaticos. Peixes, lagostas e frutos do mar abastecem as redes dos pescadores, pratica herdada da nac;ao Pitiguara, que habitava 0 litoral da provincia. Os pescadores continuam a buscar 0 alimento naquelas aguas - doces ou salgadas - povoando a costa do Ceara, como os Pitiguaras fizeram no passado.

Utd.'Nt _ Posto24hs REDE SERVE - POSTa SERVAUTO Rua Lucio Tavares nO310

Centro - Nilopolis Posto de GNV 24 horas Ofereeemos 0 servi~o de troea de oleo em 03 vezes no cartao de crf!dito Cafe e agua para os nossos clientes Bom atend imento Produto de qualidade Gasolina e Diesel fornee idos pela BR

Fevereiro 2017

143


Alencarfoi escolhido para abenc;oar a Casa dos Atores, em clara gratidiio ao legado literario ~ deixado ao pais, atraves de obras como Iracema - unico registro literario nacional a contar a historia da formac;iio do povo Grupo CoreogrMico Beija-Flor VI cearense. 0 figurino traz no corpo as formas Responsavel: Jan Oliveira que enfeitam 0 conjunto arquitetonico e traz Descril;iio: A presenc;a de Iracema ainda se - como se carregasse nas costas - 0 simbolo faz marcante no Ceara. As Jangadas, que um da arte cenica (mascara), numa referencia a dia trouxeram Martim, continuam a bailar missiio da casa. pela costa do lugar, namorando com a gar!;a que voa gracil, seguindq os jangadeiros numa UMA PENA, BELAS OBRAS simbiose fascinante. E 0 Romance entre a Ala dos Compositores natureza e a civilizac;1io, 0 trac;o eterno do Responsavel: J.Veloso indianismo. A visiio que continua a encantar Descric;iio: Jose de Alencar escreveu, com na Terra de Alencar. a pena, 0 romance Iracema, embebido de • tradic;oes indigenas. A adaptac;iio desse ARTISTAS CONTAM 0 CEARA classico literario resultou em uma bela NA TELA E EM CORDEL Opera Popular Indianista, e inspirou os Dos Cem lAmar e Viver I Tudo por Amor compositores, poetas da palavra e da muska, Responsavel: Therezinha Alves I Therezinha a escrever e musicar obras incriveis sobre 0 I Elcio Chaves tema (enredo), engrossando 0 bardo indigena. , Simoes Descric;iio: A Iiteratura de cordel e um genero literario popular no Brasil, tradicionalmente MAR SERENAI, TUDO PASSA ilustrado com xilogravuras e apresentado SOBRE A TERRA em papeis rudimentares. Os cordelistas, Velha-Guarda assim como os atores de cinema, continuam Responsavel: Debora Rosa a contar historias que reunem informac;oes Descric;iio: A Velha Guarda e 0 segmento importantes sobre a historia da cultura mais tradicional da Escola de Samba, cearense e a tipica seca nordestina, composto pel os membros mais antigos; siio salvaguardando a identidade e a memoria a memoria viva da Agremiac;iio. Representam cultural. heranc;a de preservac;iio das tradic;oes a sabedoria e a experiencia de vida adquirida atraves da palavra igualmente zelada pelos co'm 0 passar dos anos, hierarquia tiio indigenas, praticantes da oralidade. sa ~iamente respeitada e reverenciada pelos Ala do Theatro . . povos indigenas: e tiio bem sintetizada na Os atores de teatro, sempre a servlC;o das " obra de Jose de Alencar na afirmativa "Mar historias a serem contadas, continuam a. serenai tudo passa sobre a terra". encenar a vida, onde 0 enredo e a fantasia " , tal qual Iracema, uma lenda que e possivel sentir e tocar.

... "

ÂŤ z rW

0 ROMANCE ENTRE A AVE E A JANGADA - UMA IMAGEM QUE FAZ LEMBRAR DE IRACEMA!

U

THEATRO JOSE DE ALENCAR - A CASA DOS ATORES

Borboletas I Tom e Jerry I Cabulosos Responsavel: Nea I Rogerio Coutinho I Luizinho Cabulosos o Theatro Jose de Alencar, simbolo da cultura cearense encravado no corac;iio da capital Fortaleza, foi batizado com 0 nome do autor da obra que inspira 0 nosso carnaval. Considerado 0 maior escritor cearense, Revista Seija-Flor de Nilopolis

W'N'vV.beija-flor.com.br







z

o d)

Ja escrevi e ja fiz muitos depoimentos sobre Aniz Abrahiio David, 0 Anizio. As vezes sou cobrado pela minha longa relac;iio de amizade com ele. A lei niio qualifica 0 jogo do bicho como crime. Econtravenc;iio. Em 19590 sociologo e escritor Gilberto Freire escreveu que 0 jogo do bicho era a unica atividade no Brasil absolutamente sem preconceito de social. E, ah~m do mais, eu nunca vi 0 Anizio envolvido em qualquer outra atividade da qual muitas vezes foi vitima de acusac;iio. Niio entendo tambem porque ate hoje niio se legalizou 0 jogo no Brasil. 0 Rio de Janeiro tem uma vocac;iio turistica indiscutivel e e uma joia da natureza. Esta quebrado.

Quantos empregos e quanta dinheiro poderiamos obter com 0 jogo? E, hoje em dia, o jogo pode ser absolutamente controlado, , grac;as as avanc;adas tecnologias existentes. Vamos ficar presos a carol ice de D. Carmela Dutra, mulher do General Eurico Dutra que, por pressiio dela, proibiu 0 jogo e fechou os cassinos em 1946 ou vamos partir para as soluc;oes modernas que, atualmente, tornaram Las Vegas 0 maior centro de diversiio familiar do planeta, com "shows", parques de diversiio, exposic;oes, convenc;oes de alta tecnologia, restaurantes, comercio e eventos frequentados por adultos e crianc;as de todo 0 mundo? Niio sou delegado de policia e nem juiz. Mas sou capaz de julgar. E 0 julgamento que fac;o de Aniz Abrahiio David e sobre 0 ser humano, o pai de familia, 0 apaixonado renovador do carnaval e sobre uma pessoa que se preocupa com 0 seu semelhante e que se dedica a criar oportunidades na vida para tanta gente que, sem ele, niio teria por onde comec;ar.

o Anizio herdou isso do seu pai 0 Sr. Abraiio e de D. Julia sua miie. Eram pobres mas nunca deixaram de se preocupar e atender os ainda mais pobres. Dividiam tudo aquilo que tinham.

o

Anizio foi vender balas e doces na rua para ajudar aos pais a ajudarem outras pessoas. Fez fortuna pela sua habilidade e coragem de correr riscos.

50

I

K

Com sua mulher Fabiola mantem uma creche para mais de 300 crianc;as e possuem um atendimento especializado em autistas. Mantem ambulatorios e unidades de exame medico. Distribui centenas de cestas basicas, mensalmente, em Nilopolis. Esse e 0 Anizio que eu conhec;o. Em 1976, com a contratac;iio de Joiiozinho 30, foi protagonista de uma verdadeira revoluc;iio no desfile das Escolas de Samba no Rio Janeiro, uma festa popular que cresceu, transformando em realidade 0 slogan "0 Maior Espetaculo da Terra': Se Ismael Silva inventou a Escola de Samba e se os artistas Pamplona, Arlindo Rodrigues, Joiiozinho 30 e 0 mestre Laila, no Salgueiro, criaram as estruturas do desfile que vigoram ate hoje, foi a Beija-Flor de Nilopolis que trouxe o luxo, a riqueza e organizac;iio impecavel para o evento. A Beija-Flor e a maior campeii da era "Sambodromo" e ostenta dois tricampeonatos. Eo Anizio 0 mfntor e 0 gestor dos passos que, ano a ano, obrigaram e continuam obrigando as outras Escolas de Samba a subir 0 nivel de suas apresentac;oes. Anizio, com Djalma dos Santos, fundou a Liga Independente das Escolas de Samba. E a Lie'sa, com Anizio e a participac;iio do Capitiil> Guimariies, do Castor de Andrade e do Luizinho . Drvmond passou a ser depnitivamente responsavel pelo brilho e eficiencia dos desfiles.

A~izio presidiu a LlESA de 1985 a 1987.

Agora em 2017, Anizio chegara aos 80 anos disposto, lucido e criativo, mantendo viva a Beija-Flor. Ninguem ousa discutir a sua amizade e a sua lealdade. Parabens Anizio pelos 80 anos. Parabens e obrigado pelo que Voce faz por tantas pessoas e, acima de tudo, pelo Carnaval. Niio e a toa que 0 samba do Neguinho em homenagem a Anizio tem como Titulo: Guerreiro, Brasileiro, Sonhador.

"b

I-lor.

':1

b


NI

CAfEBARONI.CO.v .BR

®

," LEBLON

NEW YORK CITY CENTER I1lc ~

\1 ·\l I )

I:

I)

I

IV

SHOPP ING RIO SUL

CONDOM i N IO OCEANFRONT R.ESORT

IUI\ I

I

~l

,\,

n ('

j

NORTES H OPPING

I BMEC \\

[)!

RP ()

'P" III I

AV lulvl II

SHOP PI NG T IJ UCA

OUVI DOR .JAII(),llll

l(l'

11,\

-

'i0;I'IS

.\ \

-

E DO RIO. E DO BRASlL.

.I,IFA

"


, I

IRACEMA EDUARDO NAVARRO

, Ha

pouco mais de 150 anos, em 1865, foi publicado no Rio de Janeiro 0 romance

propria. Todo Estado tem seus mitos, seus simbolos unificadores. Alencar ajudaria a

Iracema. 0 Brasil estava na meta de do Segundo Imperio e era govern ado por D.

criar os simbolos do Brasil.

Pedro II, filho daquele que prociamara a independencia do nosso pais em 1822, D. Pedro I. 0 autor do romance era 0 politico e escritor cearense Jose Martiniano de Alencar. Ele ja era conhecido por sua grande obra , publicada alguns anos antes, 0 Guarani.

de mel, conforme escreveu Alencar em sua obra. india do Ceara, da na~ao tabajara, ela

Era uma epoca de grandes transforma~oes sociais, economicas eculturais. Aconsolida~ao da burguesia como classe dominante produziu uma nova visao de mundo, uma nova forma de sensibilidade estetica, centrada na

era pretendida por Irapua, de sua propria na~ao. Irapua tt:,nto,u matar Martim, mas foi fllichado por Iracema antes que realizasse seu intento. Desse amor mal correspondido

subjetividade e no individuo, 0 Romantismo. Uma das mais importantes caracteristicas do Romantismo era a exa lta~ao das raizes nacionais, do passado dos povos, a doar sentidos para as na~oes que surgiam. Com efeito, muitos paises da America tornaramse independentes naquele seculo XIX. Assim, Alencar criou mitos para uma nova identidade politica, a brasileira. 0 Brasil. independente havia quarenta e tres anos, necessitava de uma identidade cu ltura l

52

Assim, nascia Iracema, a virgem dos labios

Revista Beija-Flor de Nil6polis

se afastou de seu povo por amar 0 portugues Martim Soares Moreno, que lutava contra os tabajaras, por estes se terem al iado aos franc~ses

invasores do Maranhao. Iracema

tor Martim, nasceu 0 mameluco Moacyr. 0 nome moasy significa, literalmente, fazer doer, 0 que faz doer. Estao ai contidos simbolos: a ra~a tabajara que desaparece, como a maior parte dos outros indios do Brasil, diante do poder do invasor lusitano. Mas tambem esta ai simbolizado o nascimento de um novo povo, resultado do sofr id o encontro do indio com 0 europeu branco: 0 povo brasileiro. Surgia 0 Brasil no plano ideologico. A lend a do Ceara tornavase lenda de todo 0 Brasil.

www.beija-flor.com.br


o nome Iracema foi cria~iio de Alencar? Talvez niio. Pode ter sido tomado do Tupi moderno da Amazonia, do Nheengatu falado ainda hoje no Alto Rio Negro. Iracema, no Nheengatu da Amazonia, significa saida de abel has, enxame. Pode tambem significar saida de mel (eira abelha ou mel + sema- saida). Em tupi antigo, a lingua dos tabajaras, 0 nome deveria ser, pois, eira sema. Assim, se Alencar niio inventou o nome, retirou-o de uma lingua que niio era a da sua heroina india. E de forma alguma ele poderia significar labios de mel, pois tal expressiio, em tupi antigo, seria traduzida por eirembe e niio irasema. Saida do mel, isto e, aquela de cujos labios sai 0 mel, ou seja, as doces palavras. Tal imagem e expressa em portugues pelo termo melifluo, isto e, que corre como mel ou que deita mel; muito doce, que tem a do~ura do mel. Tal nome passou, desde a publica~iio do seu romance, em 1865, a fazer parte do sistema de nomes proprios do Brasil, da onomastica brasileira, nomeando milhares de meninas nascidas a partir de entiio. E comum na historia do mundo a literatura produzir nomes proprios para as sociedades. Nomes biblicos formam a maior parte dos nomes dos habitantes dos paises historicamel)te cristiios. Em seguida II Biblia, a literatl\ra classica e a maior doadora de nomes de pessoas no mundo ocidental. A~encar ajudou, assim, a nomear muitos brasileiros, com nomes como Moacir, Ubirajar!. Peri, Caubi, Araci, Jandira etc. Iracema pode ser um anagrama que Alencar inventou, isto e, uma transposic;iio de letras que forma outra palavra: America. Niio se sabe se 0 escritor tinha consciencia de tal fato. Somente a partir de 1931 e que isso passou a ser mencionado pela critica literaria, desde que Afranio Peixoto 0 descobriu. A historia de Iracema ganhou tal importancia no seculo XX que ela passou a ser um simbolo do proprio Brasil. Oswald de Andrade, em seu

famoso Manifesto Antropofagico, chamou 0 Brasil de "terra de Iracema". Criava-se, assim, uma mitologia fundadora do nosso pais. 0 tupi antigo, lingua morta no seculo XIX, tornou-se um emblema da nacionalidade brasileira e os indios do passado tornaram-se herois. E preciso lembrar, contudo, que, no seculo XIX, 0 Brasil tinha ainda uma grande populac;iio indigena, inclusive de indios isolados ou com pequeno contato. Mas niio foi nesses indios vivos que o Romantismo brasileiro buscou simbolos, mas, sim, nos indios do passado, fazendo deles pais da patria. Assim, II influencia tupi original que existe na lingua portuguesa do Brasil e em nossa geografia, com milhares de palavras dessa origem, passou a existir uma influencia artificial, proveniente dos meios intelectualizados, urbanos, niio indios, que criaram centenas de nomes de lugares e tambem nomes de pessoas em tupi, tornando os indios do passado verdadeiros nobres, tao diferentemente do que sucedia com os indios vivos do Brasil daquela epoca, condenados ao limbo da Historia, ao exterminio e ao preconceito social. Surgiram, assim, e principalmente no seculo XX, centenas de nomes em tupi de localidades havia pouco fundadas: Umuarama, Mairiporii, Miracatu, Votuporanga etc. 0 imperador Pedro II, ele proprio u'm entusiasta do estudo do Tupi, conferiu titulos de nobreza nessa lingua. o tupi e seus falantes do passado passaram a ser referencias da identidade brasileira. E certamente 0 foi a india Iracema, ainda que, talvez, nunca tenha existido.

e

Eduardo de Almeida Navarro professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da USP. Eautor de Metodo Moderno de Tupi Antigo e do Dicionario de Tupi Antigo, ambos pela Editora Global de Siio Paulo.

Feyereiro 2017

53


•j

CAR NAVAL []ELETRAS FELIPE LUCENA

Epreciso popularizar a literatura no Brasil. Este ana de 2017, a BeijaFlor de Nilopolis ter;l como en redo "A Virgem dos Labios de Mel Iracema", inspirado no romance Iracema, de Jose de A/encar. A junr;ao de carnaval, a Festa mais popular do planeta, com uma obra litera ria pode colaborar em algum ponto para a disseminar;ao do habito de ler em terras tupiniquins.

,

Embora 0 mundo esteja mudando em alta Em 2014, 0 Market Research World, veloddade e diversos conceitos, num piscar respeitado instituto de pesquisa britanico, de olhos, passam a ser pagina virada, a ideia publicou 0 indice de Cultura Mundial, de que a leitura melhora as pessoas ainda ranking que se refere aos habitos culturais e muito constante. Entre os comprovados dos paises, entre eles a leitura. Nesta lista beneficios do habito de ler estao 0 estimulo da Market Research World, que teve trinta criatividade, 0 enriquecimento do mapa na~oes analisadas, 0 Brasil apareceu em 27 ", referendal, 0 fortalecimento da memoria, com medias de leitura que rondam menos da o aumento da capaddade de reflexao, metade de tempo que dedicam na india, a • entre outros. Sim. Ler e muito importante. pop·ula~ao que mais Ie em todo 0 planeta. "1'0 possivel que um analfabeto ou alguem A i~dia ocupa essa posi~ao desde 2005. as • • que nao tenha lido um livro na vida possa indianos dedicam aos livros, em media, 10 revelar uma sabedoria natural, um senso ~oras e 42 minutos semanais. as seguintes comum agudo e ate uma grande carga de ' tres postos tambem sao ocupados por poesia. Conheci algumas pessoas assim na paises da Asia: Tailandia, China e Filipinas. minha vida. Entretanto, 0 mais natural e que a quinto e 0 Egito. Posteriormente vem a um pais que nao Ie ou que aparece, como na~ao europeia melhor colocada, a Republica o Brasil, entre os piores leitores do mundo, Tcheca, seguida por Russi a, Suecia (empatada esteja comprometendo seu desenvolvimento futuro - nao apenas cultural, mas tambem com a Fran"a), e depois Hungria - ao lado economico. Mais ainda, dificilmente entrara da Arabia Saudita. Sobre America Latina, 0 no rio da modernidade e do progresso um pais mais leitor e a Venezuela, no 14" lugar. pais nao-Ieitor ao mesmo tempo que sera Depois vem a Argentina, em 1B". refem dos poderes dominantes", disse 0 Para um pais do porte do Brasil, com 0 jornalista e escritor Juan Arias em um texto protagonismo que tem na America do Sui e 0 destaque no restante do mundo, essa publicado no EI Pais Brasil.

a


e outras coloca<;6es no quesito leitura siio extrema mente negativas. E preciso popularizar a literatura no Brasil. Este ana de 2017, a Beija-Flor de Nilopolis tera como enredo "A Virgem dos Labios de Mel - Iracema", inspirado no romance Iracema, de Jose de Alencar. A jun<;iio de carnaval, a festa mais popular do planeta, com uma obra literaria pode colaborar em algum ponto para a dissemina<;iio do habito de ler em terras tupiniquins. Em maio do ana passado, foi divulgada uma pesquisa do Retratos da Leitura que apontava que 44% da popula<;ao brasileira niio Ie e 30% nunca comprou um livro. 0 brasileiro Ie apenas 4,96 livros por ano. Desses, 0,94 sao indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade propria. Do total de livros lidos, 2.43 foram terminados e 2,53 lidos em partes e niio finalizados. Julio Silveira, curador do evento literario "LER - Saliio Carioca do Livro", realizado em novembro de 2016 no Pier Maua, na Zona Portuaria da cidade do Rio de Janeiro, aposta na for<;a das feiras literarias e na potencia agregadora da leitura: "Acreditamos no poder do livro e quisemos reunir pessoas e historias diferentes, para gerar novas ideias. Temos todo respeito e admira<;iio pelOs outros festivais literarios, eles siio muito importantes, mas na hora de conceber16 LER, vimos que nossa diferen<;a seria just:;mente abra<;ar as diferen<;as. Assim, procuramos todas as vozes: jovens, negros, geeks, indios, academicos, blogueiros e muito mais. Tivemos um bom resultado", afirma Julio. Os numeros preocupantes niio paramo Um levantamento do Movimento Todos Pela Educa<;ao, realizado com base no Programa Internacional de Avalia<;iio de Alunos (Pisa), analisou 65 paises. 0 resultado foi que cerca de 40% dos estudantes brasileiros declararam possuir, no maximo, dez obras literarias. Somente 1,9% e dono de mais de 200volumes.

o estudo

apontou que a baixa escolaridade do pais e a situa<;iio socioecon6mica ruim sao os principais motivos. Considerando os recentes fracassos nos programas de educa<;iio e a situa<;iio econ6mica pouco positiva do Brasil. a tendencia natural deste grave problema e niio ter melhorado tanto ao longo dos ultimos anos. Jornalista e escritor, Xico Sa, e, acima de tudo, um lei tor. Membro do projeto "Voce E0 Que Le" que tem como inten<;iio principal debater a literatura em todo 0 Brasil, Xico julga que o habito de ler deve ser algo atrativo, nao ser tratado como um alvo distante, inalcan<;avel. "Niio temos uma crise da escrita no Brasil. A crise e de leitores, nao de escritores. A literatura deve ser algo interessante, nao ficar nessa de ser algo que so certas pessoas podem ter acesso. Assim, nos teremos mais gente lendo", frisa 0 autor. Um dos lados deste problema que e a falta de. uma grande popula<;iio leitora no Brasil Ii: composto pelas editoras. Como e a situa<;iio de quem produz livro em nosso pais? "Em nossa visiio, 0 futuro do mercado editorial e a venda de livros impressos sob demanda e eBooks por seus pniprios autores, acabando com as intermedia<;6es, como fazemos na Perse. Esse foi 0 grande beneficio que a internet trouxe: 'a possibilidade de contato direto entre 0 produtor do conteudo e 0 consumidor sem intermediarios, como aconteceu com 0

Fevereiro 2017

I 55


,

mercado fonografico. Sobre 0 autor, que e pe<;a fundamental para essa estrutura, precisa ter mais valoriza<;ao. Os autores sao os que men os ganham em toda a cadeia. No nosso modelo de negocios, 0 autor define 0 quanto recebera na venda do livro impresso e na venda do eBook. Ele, autor, define 0 pre<;o de venda e fica com quase 70% da receita da venda. que estamos tentando fazer e modernizar esse mercado para que ele sobreviva", opina Antonio Hercules Junior, criador da Editora Perse, que trabalha com a publica<;ao online e impressa de novos autores.

o

As livrarias tambem tern seu capitulo nesse drama. Como e sabido, a venda de livros no Brasil e inferior a de muitos paises. Contudo, usando de novos artificios, entre eles a venda online, essas empresas vao se mantendo no , me~cado. De acordo com 0 site Publish news, os tres livros rna is vendidos em nosso pais em 2016 sao de seguimentos populares por aqui: literatura infanto-juvenil internacional, autoajuda e biografias. Os titulos sao: Harry

Potter e a crian<;a amaldi<;oada, J. K. Rowling (Rocco); 0 homem mais inteligente da historia, Augusto Cury (Sextante); Rita Lee - uma autobiografia, Rita Lee (Globo Livros). Os autores nao poderiam ficarfora da narrativa. Andre Vianco, escritor brasileiro com uma historia repleta de best selers, acredita que a literatura e fundamental para a sociedade e diz que a vida de escritor nao e facil, mas com esfor<;o se consegue. "Comecei a escrever ha 16 anos e hoje vivo de literatura. Existem as dificuldades, principal mente no inicio, no entanto, e possivel. Com dedica<;ao e seguindo as ideias certas, e possivel. Sobre 0 publico, e evidente que nos, brasileiros, precisamos ler rna is", destaca Andre, que da cursos para jovens escritores no site Vivendo de Inventar. Sao muitas paginas da mesma hist6ria, mas 0 desfecho do enredo deve ser esse: precisamos incentivar, cada vez rna is, independentemente dos meios, a leitura no Brasil. E 0 carnaval pode sim ser urn instrumento para isso.

CONSUMA CARNE SAUDAVEL CONSUMA CARNE DE RA VOCE E SUA FAMiLIA MERECEM

TEL.:

3760-1410 ENTREGAMOS EM DOMICiLiO

wvvw.beija-flor.com.br




- -

o0 o

PRESIDENTE EXECUTIVD DA . BEI~A-FLDR DE NILCPDLIS

,"


o atual

presidente executivo da 8elja-Flor de Nilopolis, Ricardo Abrao David, assumiu sua funfao dentro da agremiafao em dezembro passado com muitas ideias e pianos. Advogado por formafao que se tornou empresario, Ricardo teve importante participafao na vida publica do Rio de Janeiro ao ser e/eito deputado estadual. Casado com a Natalia David e pai de Marina, Ricardinho e Isabela, Ricardo esta otimista com a atual gestao, confiante de que com 0 apoio da familia e dos integrantes da familia 8elja-Flor a escola inicia mais uma nova etapa de sucessos e vitorias.

f

Revista Beija-Flor - Voce

e jovern.

0 que

0

motivou 0 entror tao cedo no vida publica?

Ricardo Abrao - 0 amor a Nilopolis vem de ben;o. Desde crian«;a vi minha familia trabalhando pelo progresso de Nilopolis. Meu saudoso tio Miguel Abraao foi Prefeito e meu pai Farid Abrao era seu Chefe de Gabinete. Depois meu pai seguiu carreira na politica e foi deputado estadual por cinco mandatos, prefeito de Nilopolis e eu fui seu Chefe de Gabinete e ele hoje, inclusive, retornou ao posto de Prefeito na cidade. Isso tudo me fez despertar para a politica, por acreditar que posso dar minha parcela de contribui«;ao para Nilopolis e para outros municipios.

,

uma lenda viva que contribuiu e ainda contribui muito para a historia do Carnaval do Rio de Janeiro. Esse amor ao samba e ao carnaval esta entranhado em nossa familia. Somos sangue azul e branco, isso e fato. Revista Beija-Flor - Voce jli participou da diretoria da Belja-Flor an teriormente. No que essa experiencia, associada sua experiencia na vida publica e empresarial vai ajudar nessa empteitada frente da Beija-Flor de Nilopolis?

a

a

Ric<lrdo Abrao - Sao coisas distintas, mas que Revista Beija-Flor - A Beija-Flor tem esse ajudam de forma ctlnsideravel. Aexperiencia na c/ima familiar e voce estci diretamente inserido ~ida publica me ensinou que as varias demandas ne/e. Com isso, voce deve ter crescido no meio ' da sociedade tem todo um procedimento do samba, do camaval, Contudo, voce consegue ' proprio para serem resolvidas. 0 processo e citar 0 momenta especifico em que sentiu que burocratico e moroso porque tem de ser assim o camaval havia entrado, de fato, na sua vida? em fun«;ao das leis que regem a administra«;ao Ricardo Abrao - No enredo 0 mundo e publica. 0 objetivo e 0 bem da coletividade, uma bola : Eu sai como cartola no carro do sem distin«;ao, Ja 0 campo empresarial e mais Fluminense e me marcou muito a garra da celere porque geralmente tem uma fun«;ao escola debaixo de chuva enorme. Isso foi em especifica, um ramo de atua«;ao proprio para 0 1986. Na verdade sempre gostei de carnaval. desenvolvimento de um servi«;o e preza muito Meus pais se conheceram em um baile de pela qualidade e agilidade. carnaval, enfim, acredito que isso esteja na Na Beija-Flor, a experiencia nesses dois essencia de nossa familia, Meu tio Anizio e campos de atua«;ao sao muito importantes, um apaixonado pel a Beija-Flor e pelo carnaval por exemplo, 0 planejamento do enredo, os de uma maneira geral. Ele permanece sendo prazos e metas de produ«;ao de fantasias,

s

60

1__ReViSIa Beija-flor de Nil6polis

www.beija-flor.com.br


constrUl;ao de carros alegoricos, ensaios tecnicos na quadra etc., sao caracteristicas fortissimas do setor empresarial, pois a escola tem 365 dias para desenvolver uma historia a ser contada em 75 minutos na Avenida. Ja 0 lado social da escola, quando busca patrocinios para a manuten~ao de projetos como 0 Sonho do Beija-Flor, precisa mais desse conhecimento do setor publico.

familia. As familias precisam de mecanismos sociais que tirem os jovens da ociosidade e esse projeto e fundamental. Revista Beija-Flor - Ecomo vI' a Velha Guarda?

Ricardo Abrao - Toda escola deve valorizar a Galeria de Velha-Guarda. Ela e a historia viva de nossa Escola. Foram eles que nos precederam e merecem nosso respeito e sao um modelo a ser seguido pelos mais Revista Beija-Flor - Qual a importancia da jovens. Na Beija-Flor nao e diferente. Temos 8eija-Flor para 0 municipia de Nil6polis? a Tia Debora, Presidente da Galeria de VelhaRicardo Abrao - A Beija-Flor projeta a Guarda da Escola que e um dos maiores cidade de Nilopolis para 0 mundo inteiro. exemplos de amor, carinho, simplicidade e Sempre digo isso. Tanto que 0 nome e respeito ao nosso pavilhao. Gremio Recreativo Escola de Samba Beija- Revista Beija-Flor - Especialmente falando Flor de Nilopolis. Quem nao lembra da de sua gestoo, quais os pianos gerais para essa querida Pinah Ayoub ("A Cinderela Negra presidencia frente da 8eija-Flor? que ao Principe Encantou ... ") sambando Ricardo Abrao - Nosso objetivo e vencer com 0 Principe Charles da Inglaterra? Essa carnavais. Emanter a Beija-Flor no patamar imagem foi gerada para os quatro cantos em que ela esta, desenvolvendo enredos com do planeta, virou um samba de nossa escola excelencia e alegria, inovando e mostrando e deu visibilidade incontestavel nossa que a nossa comunidade tem muito samba cidade. Assim como Pinah temos Neide no pe e sabe fazer Carnaval como ninguem. Tamborim, a primeira mulher na historia do Apesar da crise financeira que assola a todas carnaval a tocar tamborim em uma bateria, as escolas, com a Beija-Flor nao e diferente, Selminha, Claudinho, Raissa, Sonia Capeta, estamos equacionando e buscando diminuir Laila, Neguinho - personalidades do mundo alguns custos sem perder a qualidade e a do samba. A escola em si gera centenas de beleza, marcas de nossa agremia~ao. empregos diretos e indiretos atraves do Revista Beija-Flor - Gostaria de deixar uma turismo na cidade. Pessoas de outros estadds mensagem para 0 leitor da revista e para 0 vem nossa quadra nos ensaios as quintas, componenle da 8eija-Flor de Nil6polis? enfim, a Beija-Flor e de Nilopolis e.-com Ricardo Abrao - Primeiro quero agradecer certeza e 0 patrimonio cultural que ~a um ao carinho de todos que, nesse momenta imenso orgulho ao povo nilopolitano. inicial. estao me dando todo suporte que Revista Beija-Flor - Voce, como deputado, preciso. Seja na quadra ou no barracao, seja se empenhou em desenvolver muitas a90es e torcedor ou profissional, todos fazem parte projetos de lei com enfase no bem estar social. dessa grande familia cujos la~os ultrapassam Como continuar mantendo esse foco agora que as fronteiras de nosso pais. 0 Carnaval e est6 frente de uma escola de samba? fundamental na vida de muitas pessoas, Ricardo Abrao - A Beija-Flor tem esse carMer pois gera emprego, traz alegria e e a marca social. Vou me empenhar para 0 fortalecimento registrada do Brasil. Agrade~o a todos que, de projetos socia is na escola, como 0 Sonho do direta ou indiretamente, contribuem para Beija-Flor, que atende centenas de crian~as que 0 samba e 0 carnaval no Rio de Janeiro e jovens, oferecendo aulas de percussao, seja esse sucesso. Avante familia Beija-Flor! dan~a do ventre, ballet, futebol, entre outros. Rumo a mais um campeonato com Iracema: Acredito que investir na crian~a e investir na a Virgem dos Labios de Mel.

a

a

a

a

Fevereiro 2017

61





NOVO NA QUA[JRA [JA

Reconhecidamente uma das escolas de samba mais profissionais do carnaval, a Beija-Flor de Nilopolis esta ainda mais completa em seus setores de administra~ao e marketing. Uma nova equipe foi montada para cuidar dessas importantes areas da agremia~ao, que inclui, tambem, a gestao financeira, a prospec~ao e o fechamento de novos negocios. o intuitoetrabalharduro, deforma inteligente e criativa nessas areas estrategicas para que iI Beija-Flor promova ainda mais sua podero'sa marca e gere mais receita, empregos, novbs negocios e oportunidades. E uma das missiies da rapazia<M do marketing que esta sendo priorizadaj a de projetar e realizar novos eventos na quadra da agremia~ao, em Nilopolis: "Nossa escola conquistou, por meritos proprios, uma posi~ao de lideran~a no carnaval carioca, com repercussao em nivel mundial. Precisamos utilizar essa conquista a favor da agremia~ao, transformando em resultados economicos o que ja temos em termos de visibilidade e respeito. Sao diversas as a~iies, entao, que estamos planejando e redefinindo - entre elas, os eventos de cultura e musica aqui na quadra, em Nilopolis", esclarece Pedro Reis, estudante de publicidade e membro da nova equipe.

BEI~A-FL[JR

Segundo Raphael, "os eventos na quadra sao uma das principais iniciativas que estaremos investindo apos 0 Carnaval, ja que a proposta da agremia~ao e continuar levando ao cidadao nilopolitano e da baixada fluminense arte, cultura e entretenimento. A ideia e termos ~ma vez por mes um show de grande porte. E uma iniciativa muito importante, porque nossa regiao tem uma enorme carencia de espa~os como 0 que estamos desenvolvendo. Alem disso, ha uma permanente insatisfa~ao do pessoal da baixada que se ve obrigado a cru~ar um longo percurso em dire~ao a outras regiiies para se divertir. Oueremos reverter essa situa~ao, oferecendo um espa~o bem perto das pessoas, 0 que, de uma certa maneira, ira Ihes dar mais qualidade de vida", conclui Raphael. Alem dos irmaos Reis, os administradores da Ouadra da escola nilopolitana ainda contam com a colabora~ao de Fabiane: "Nos queremos trabalhar juntos, em unidade com todos os setores da escola, como uma grande familia, que e a Beija-Flor. Estamos cuidando de tudo para nao deixar pendencias e, com isso, vamos poder avan~ar ainda mais na conquista de espa~os", contou Fabiane. o trabalho nao para. E 0 povo da baixada agradece.

Fevereiro 2017

I 65


DUADFlA '

,

TUDD PRDNTO PARA OS ESPETAcULOS

Ligeiriflho, Marco, Marcia e Banana.

," Considera~ao

e reconhecimento sao coisas que qualquer empregado espera e merece em um ambiente de trabalho, Contudo, por uma serie de motivos, nem todo mundo consegue isso. Mas 0 tempo passa, as situa~oes mudam e tudo se acerta. Marco Antonio, Marcia Gon~alves, Luiz Carlos (Banana) e Carlos Oswaldo Santos (Ligeirinho) sao os responsaveis pela limpeza e manutem;ao da quadra da Escola, em Nilopolis. Hoje em dia, eles se sentem bem em sua segunda casa, a Beija-Flor.

1

66

Revista Beija-Flor de Nilopolis

Carlos Oswaldo Santos, 0 Ligeirinho, iniciou os trabalhos na Beija-Flor em 2005. Descontraido, ele comenta sobre as fun~oes que exerce com ' os outros tres na quadra da Beija-Flor: "Nos damos duro aqui. Trabalhamos sempre para que a quadra esteja limpa. Nao so nos eventos da BeijaFlor, mas tambem nos shows e eventos extras que acontecem aqui na quadra. Se tiver show no final de semana todo, nos ralamos para deixar a quadra em perfeitas condi~oes todos os dias. Nossa fun~ao e deixar essa www.beija-flor.com.br


quadra limpa, organizada, bem cuidada para qualquer situat;iio", disse Ligeirinho. Marco Antonio esta nesta funt;iio desdt; 2007. No entanto, na escola, ele esta ha mais de 20 anos. Marco ja fazia outras coisas nIa agremiat;iio, como atividades no barraciio. Sua familia esta ligada iI Deusa da Pas~rela. Ele, que e primo do historico Bira PUJ.ador, revel a 0 que ha de mais dificil no trabalho deles: "0 que nos da mais trabalho aqui e limpar em epoca de final de samba-enredo. Emuita gente na quadra, fica muita sujeira. Bola de gas, papel, tem um papel que solta tinta, mancha 0 chiio. Mas a gente da conta", afirma Marco Antonio. Marcia Gont;alves esta na Beija-Flor desde 1990. Criou os tres filhos dentro da Escola. Mais falante, Marcia lembra os tempos que ela e sua equipe eram pouco valorizados: "Tiveram momentos que nos niio tivemos nosso trabalho reconhecido. Passamos

alguns momentos niio tao faceis, situat;oes complicadas, mas isso ja foi. A gente precisava de reconhecimento e respeito e isso nos temos agora, com a equipe liderada pelo Raphael e pelo Pedro", frisou. "A admini3trat;iio atual nos trata com maior respeito, igualdade. Isso faz toda diferent;a, ajuda para que nosso trabalho seja ainda melhor", completou Banana, 0 mais antigo da equipe, na escola desde 1989. Banana tambem trabalha com alegorias e ficou cinco anos no barraciio, ajudando na produt;iio de fantasias. "Trabalhar na Beija-Flor sempre foi algo que me enchia de orgulho. Saber que a gente est:! dando a nossa parcela de contribuit;ao para que essa escola seja 0 que enos enche de alegria e orgulho. Trabalhar para 0 Sr. Anizio, entao, nem se fala: ele e uma pessoa que nos respeita e que valoriza os nossos esfort;os em servir a Beija-Flor" Na Beija-Flor, respeito e palavra de ordem. Fevereiro 2017

67




BATE FIlA E A BATIDA PERFEITA FELIPE LUCENA

,

Nem sempre as conquistas, os titulos ou outros reconhecimentos desta linha vem quando batalhamos por algo, quando fazemos nosso melhor. Contudo, cliches a parte, a verdade e que alguma hora 0 resultado chega. Depois de .'decadas de excelentes trabalhos, no ultimo carnaval, a bateria da Beija-Flor ganhou o Estandarte de Ouro, do jornal 0 Globo. o primeiro da historia da agremia<;ao de Nilopolis nessa categoria. Mais que merecido. Nao e um premio qualquer. Euma das grandes honrarias do carnaval carioca, realizado desde , 972, e que a veio para, mais uma vez, coroar o trabalho dos Mestres Rodney e Plinio - dos oito premios possiveis, disputados no carnaval de 2016, a bateria da Beija levou sete. "Essa conquista foi 0 resultado de um sonho. A concretizac;ao de um sonho mesmo. De verdade. Foi 0 primeiro estandarte da escola V fiquei muito feliz por essa conquista ter vindo na minha gestao junto com 0 Plinio", opinot Mestre Rodney. Entretanto, nem so de levadas alegres vive a bate ria. Rodney lamenta 0 resultado geral do ultimo carnaval: "0 reconhecimento do premio foi lindo, maravilhoso, ficamos muito felizes, mas, sendo sincero, trocaria esse premio pelo decimo que nos tiraram na Avenida. Nada contra 0 premio, como disse, foi maravilhoso, mas essa pontuac;ao que nos tiraram prejudicou a gente. Fizemos um grande trabalho, a prova disso foi 0 reconhecimento do publico, dos jornalistas, porem, essa Revista Beija¡Flor de Nilopolis

questao da pontuac;ao nos atrapalhou e me deixou chateado", lamenta 0 mestre. Voltando ao ritmo feliz, Mestre Plinio, parceiro de Rodney nessa empreitada, destaca a dedicac;ao de sua equipe de comandados. "0 segredo para os bons resultados e 0 comprometimento que os componentes da bateria tem com a escola. Uma bate ria afinada e criativa tambem e fundamental para que as coisas andem bem e gerem vitorias. E temos is so. Com muito trabalho, temos os elementos de uma grande bateria de escola de samba. Ficamos felizes pelos resultados", acentua Plinio. A "Trovao Azul" - um dos apelidos da bateria da' Beija-Flor, que tambem e chamada de "I'oderosa" - e composta por centenas de integrantes,¡ qu~ sob 0 comando de Rodney e Plinio tem a missao de manter os outros componentes da agremiac;ao empolgados na Avenida. E e inegavel que eles cumprem a missao com exito. Quando entra na Avenida, a bateria tem as seguintes missiies: 0 surdo de primeira e responsavel pela marcac;ao principal; na sequencia vem 0 surdo de segunda e do surdo de terceira. Tamborim, prato, repique, chocalho, caixa de guerra, cuica, agogo, reco-reco, pandeiro e triangulo, emocionam a todos que assistem ao espetaculo, levando animac;ao, fazendo com que ninguem consiga ficar parado. Nem na Avenida, nem na arquibancada. www.beija-flor.com.br


Durante a cerim6nia do premio Estandarte de Ouro, a bateria da Beija-Flor de Nilopolis, ao lado do interprete Neguinho da Beija-Flor, se apresentou e mostrou toda a sua qualidade, ratificando a conquista que havia acabado de ganhar. Todavia, como sabemos bem, 0 sucesso colhido precisa ser plantado. E a Beija-Flor, escola que valoriza a comunidade, sabe disso. 0 projeto Sonho de um Beija-Flor tem atividades de bateria, que ajudam a formar os ritmistas que dao show na Avenida.

Melhor Bateria

2016

"Essa bateria tem uma base muito forte composta por essa molecada nova da comunidade, que vem do Projeto. Esses moleques sao muito bons. Tiveram a primeira chance no enredo do Roberto Carlos e, desde entao, estao tomando conta do nosso som na Avenida. Essa garotada e muito talentosa. o Estandarte de Ouro de Melhor Todos os premios sao merecidos", contou Bateri a, conqui stad o em 2016. Laila, diretor de harmonia e de carnaval. Segundo 0 manual do julgador, nos criterios de julgamento do quesito bateria sao """'-¡---- ---la:ol&:~~;:=:_-:-:-1 considerados: "a manuten~ao regular e a sustenta~ao da cadencia da bateria em consonancia com 0 samba enredo; a perfeita conjuga~ao dos sons emitidos pelos varios instrumentos; a criatividade e a versatilidade da bateria': Ha duvidas de que a bateria da Beija-Flor e merecedora das glorias que vem conseguindo? Sabemos que nao. Todo sucesso e mais que merecido. E para 2017, os Mestres Rodney e Plinio deixam um recado: "Nos estamos em uma crescente ha alguns anos. So podemos esperar 0 melhor para esse carnaval que se aproxima. Muito empenho, muita garra, muita dedica~ao Ao lado de e 0 que podemos esperar para esse Nelsinho David, Meshes PUnio e Rodney: os grandes respons3veis pelo respeito que ana e teremos isso. Isso e ainda melhores a Bateria da Beija-Flor de Nilopol is vern resultados': conqui stando no universo do Carn aval. Fpvprpi rn ] 017

I 71


IRACEMA MULHER BRASILEIRA f

,

Um dos temas mais discutidos nos dias atuais e 0 que se convencionou chamar de "empoderamento da mulher", ou seja, a revisao do papel da mulher na sociedade brasileira contemporanea. Simbolicamente da cozinha para 0 salao. Nao ha duvida de que este foi um longo e tortuoso caminho e, diga-se de passagem, nao foi um fenomeno brasileiro aconteceu no mundo inteiro onde duas figuras sobressairam - Simone de Beauvoir e Betty Friedan - , propondo e exigindo um cotnPortamento audacioso e libertario. Observando este segundo decenio do seculo 21, constatamos que a mulher vai se firmando como protagonista em varios setores da vida publica na Europa, Estados Unidos e na America Latina, demonstrando capacidade profissional e integra<;ao. Visao politica e economica que nos, hom ens, sequer suspeitavamos. Nessa altura voce ja deve estar cabreiro perguntando: e a Beija-Flor? 0 que e tem a ver com isso? E respondo: tudo. Como algumas outras escolas, ela tem construido enredos memoraveis privilegiando a historia nao-oficial, a historia marginal do Brasil, em outras palavras, a historia dos que perderam, como dizia 0 inesquecivel Darcy Ribeiro. Quando tenho a oportunidade de falar ou escrever sobre este caminho que a Beija-Flor percorre com garra e competencia, sempre cito o carnaval de 2005, quando foi apresentado o enredo Sete Povos, que focalizava as sete missoes jesuiticas, um dos episodios mais ignorados da nossa historia, nao obstante a importancia do fato e suas circunstancias. . Pois bem, valendo-se da obra maior de Jose de Alencar, "Iracema - Lenda do Ceara", a

72

Revista Beija-Flor de Nilopolis

dos labios de mel, na lingua tupi, como ficou conhecida para todo 0 sempre, faz parte da nossa cultura nao so ' por ter sido uma guerreira destemida, pavor do colonizadores, como tambem por ter sido a protagonista de uma historia de amor, que ate hoje conquista leitores no pais inteiro. Ao escolher a figura e mito Iracema para seu enredo neste ano de 2017, a Beija-Flor, se integra, tal como fez em 2001 com A saga de Agotime - Maria Mineira Nae, ao reconhecimento da mulher como personagem exponencial na historia do pais, em diversas epocas. 0 reconhecimento do papel da mulher brasileira nos dias atuais e a convergencia natural para que examinemos com cuidado a sua brilhante atua<;ao na forma<;ao do nosso povo. Luisa Mahin, Maria Conga, Dandara, Vera, Aizita, Ruth, Flavia, Maju, Bene, Lelia, Zeze, Fabiola, Carolina, Maria, Concei<;ao, Mercedes, Selma. Sao muitas, sao tantas, sao todas, e muito mais. Elas estao na lembran<;a, na vivencla e na convivencia, no tanque, no fogao; empll nhando uma enxada, um microfone, cozendo numa maqllina a sua necessidade e a )!,egancia de algumas; costurando lembran<;as, ~audades, desejos e ansiedades. Dando a seiva vida para filhos seus e de outras. Sao elas, as nossas mulheres, maes, esposas, madrinhas, servidoras e distribuidoras de carinho. Sao elas, princesas sem manto, rainhas sem coroa, herdeiras do sofrimento e da compaixao. Propagadoras da alegria, corpo desenhado para 0 amor, moldado pelo sofrimento que aqui e ali se apresenta implacavel e destruidor, mas que jamais destroi porque diante dele esta uma mulher.

'a

Haro/do Costa sa/gueirense apaixonado e 8eija-Flor

fa

/ncondiciona/ da

www.beija-flor.com.br


Pih ah Ayoub

73


MUSAS DA DEUSA DA PASSAFIELA I

,

A beleza feminina e um dos principais pontos que compoem uma escola de samba na Avenida. A Beija-Flor, conhecida como Deusa da Passarela, nos quesitos beleza e talento, tem muitas musas. Algumas acabam tendo um destaque maior tanto na midia quanto no universo do Carnaval, mas na verdade esse destaque maior existe para simbolizar todas as mulheres que colaboram (e muito) para a que a agremia~ao seja ainda mais exuberante. seguindo essa ideia de valorizar a comunidade e ~s mulheres da escola, a Beija-Flor anunciou de forma oficial, em novembro de 2016, as musas da agremia~ao. Sao elas: a portabandeira selminha sorriso, a ritmista Neide Tamborim e a passista Charlene Costa. "So seu Anizio para fazer uma coisa dessas: colocar uma porta-bandeira como musa de uma escola tao grandiosa como a Beija-Flor. Fiquei muito feliz com a noticia e estou aproveitando 0 momento, curtindo, me divertindo com esse novo posto. Agora tenho duas fun~oes na escola [risosl. Mas nunca esqueci que sou porta-bandeira, isso sempre foi meu sonho e you continuar firme nele para sempre fazer 0 melhor para a Beija-Flor", disse Selminha, que foi convidada pelo Comite Olimpico para participar do revezamento da Tocha Olimpica em 2016 - convite que aceitou com orgulho e alegria. Selma completou destacando que a recente posi~ao so tem a somar ao que ela ja exerce a frente da agremia~ao: "Tudo acaba agregando valores. Essa condi~ao de musa da escola me trouxe uma alegria nova, essa coisa da brincadeira, que e a essencia do Carnaval. Entao, ter me tornado uma das musas da Beija-Flor tem colaborado para que eu me . dedique para fazer um trabalho ainda melhor como porta-bandeira". Revista Beija-flor de Nilopolis

Neide Tamborim e ritmista da bateria da BeijaFlor, comandada pelos mestres Rodney e Plinio. Ela ja integrou a ala de passistas. Atualmente, nos eventos, ensaios e desfiles da agremia~ao ela poe em pratica seu samba no pe, alem do talento com 0 tamborim nas maos. "A gente fica feliz com essa homenagem. Em qualquer lugar que estamos, obter 0 reconhecimento pelo amor que dedicamos a uma causa que servimos e uma conquista muito importante. Importante para nos, mulheres e para a escola no geral", opina Neide, que em breve completara quatro decadas de dedica~ao e amor a Beija-Flor de Nilopolis. Neide foi a primeira ritmista mulher a tocar tamborim na Beija-Flor. Nos anos 1980, era rainha de bateria. Na decada seguinte, ganhou 0 premio Tamborim de Ouro da escola. A historia de Neide no samba se confunde com a historia da agremia~ao de Nilopolis, come~ando em 1976, ana do primeiro titulo da e.scola na elite do carnaval. A oL4\:ra musa escolhida por Anizio e Charlene Costa. Na escola desde 1995, a passista ja ~veu muitas alegrias na agremia~ao. Nessas rna is de duas decadas, foram oito campeonatos 't: seis vices defendendo a Deusa da Passarela. "Mais um titulo conquistado por essa escola. Esse parece ser mais pessoal, mas na verdade e de todos da escola. A Beija-Flor so se fortalece com essas iniciativas, porque reconhece a for~a de sua comunidade e, com isso, mexendo na autoestima de cada um de nos, deixa a comunidade mais forte. Estou muito feliz com essa nomea~ao", frisa Charlene. Neste ano a Beija-flor falara de Iracema, personagem-musa na literatura nacional. Nada mais natural do que as musas da escola comemorarem 0 novo status na Avenida. www.beija-flor.com.br


Charlene, Selminha e Neide.


BEI..JA-FL[]FI E e UNIVERSe LGBT RICARDO DA FONSECA

\

, A Beija-Flor de Nilopolis tem como uma de educacionais que ofereceram e oferecem suas marcas 0 olhar atento para um futuro ate hoje educac;ao, cultura e cidadania as que precisa ser construido. Por possuir essa crianc;as da baixada fluminense, berc;o da caracteristica, a agremiac;ao de Nilopolis foi agremiac;ao. capaz de revolucionar 0 carnaval carioca com a Foi com esse seu "olhar mais alem" - sob apresentac;ao de carros alegoricos suntuosos a ~gide de seu patrono Anizio David e e de luxo durante 0 desfile "Sonhar com rei ali'mentada pelo poderoso combustivel de da leao", que Ihe auferiu 0 titulo de campea se~s diretores e componentes - que a Beijado carnaval de 1976. Foi esse impulso de Flor de Nilopolis' transformou 0 espetaculo vanguarda que animou a agremiac;ao quando" do Carnaval, percebendo a forc;a armazenada em 1983 despertou a atenc;ao do pais para of em cada componente de sua comunidade e real papel do negro na sociedade brasileira, dando a eles 0 protagonismo do espetaculo, ao afirmar que viviamos imersos em uma 0 que resultou em apresentac;oes de altissima constelac;ao de estrelas negras, usinas arte e forc;a humana e que influenciaram a forma cultura ("A grande constelac;ao das estrelas das demais escolas desenvolverem seus negras"J. desfiles a partir de entao. Foi a Beija-Flor de Nilopolis que, em tempos Essa vocac;ao, perseg uida e conquistada onde a responsabilidade social nao era pel a agremiac;ao nilopolitana de mudar, imaginada ou discutida nem mesmo por transformar, converter e transmutar importantes grupos empresariais, fundou a permanece no dia a dia da escola, fazendo Creche Beija-Flor (hoje Creche Julia AbraoJ com que cada momenta seja um momento de e 0 Educandario Abrao David, instituic;oes propostas e desafios. Revista Beija-Flor de Nilopolis

www.beija-flor.com.br


E e com essa politica transformadora que a agremia~ao vem se posicionando como um importante canal de inclusao e empoderamento de comunidades em situa~ao de vulnerabil idade social, especialmente junto a comunidade LGBT, abrindo espa~os para a contrata~ao de individuos que integram a comunidade de Lesbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgeneros. Moradora de Nilopolis, a artista plastica Dayani Almeida e uma das funcionarias "T"s da agremia~ao que desde jovem nao se identificava com seu corpo biologico. Assim, aos 16 anos de idade assumiu sua homoafetividade. Aos 19 anos, mais senhora de si, identificou-se com seu lado feminino, e atraves da aplica~ao de hormonios, foi transformando seu corpo no de uma mulher. Sua chegada a Beija-Flor se deu de modo bastante natural e sem grandes traumas: "Comecei na Beija-Flor ja trabalhando.

~Q\I'

Foi no ana dos preparativos do enredo do Maranhao. 0 Cristiano Bara conheceu meu trabalho como desenhista e figurinista e me chamou para trabalhar na escola. Me lembro que fiquei muito feliz, porque nao e facil sermos plenamente aceitos como somos, especial mente se nos vestirmos e agirmos de modo diferente do que a biologia do nosso corpo itnpoe. Acho que dei muita sorte. Muitas empresas nao percebem que somos competentes e que temos um enorme potencial nao so criativo, mas de trabalho, e que estamos dispostas a contribuir com 0 sucesso dos nossos contratantes atraves de um sincero comprometimento. A diretoria da Beija-Flor, que nao carrega preconceitos em rela~ao a essas questao de identidade de genero, tem dado uma enorme contribui~ao para os LGBTs abrindo esses espa~os, porque 0 que queremos e viver de modo digno e as custas de nosso trabalho. Sofremos muito preconceito de um grupo

SE. r~Z 0

c..Jt.'RNJt.¡V Jt.1.-

PO ~R~S'1-

Rua da Alfandega. 365 Rua Buenos Aires , 233 Rua Buenos Aires, 287

Rua Buenos Aires, 300 Rua da Constiui<;:ao, 6 Rua da Constitui<;:ao, 37

CENTRAL DE ATENDIMENTO

2507-0598


,

de pessoas, mas aprendi a me bastar. Passo, entao, em qualquer lugar sem preocupa~ao e bem tranquila. Mas e obvio que a questao 'sobrevivencia financeira' e sempre um tema recorrente para as pessoas desse universo. Eu sou privilegiada: gra~as a oportunidade da Beija-Flor, consegui um emprego na minha area. E gra~as ao reconhecimento do Sr. L_aila" hoje sou responsavel por toda a c,na~ao e decora~ao da aleg~ria do 5" carro. E 0 carro mals bonito (nsos). Sobre 0 modo como os funcionarios da agremia~ao a tratam, Dayani e bem segura no que diz: "Em qualquer lugar grupos discriminam e sao discriminados. Isso chega a ser ate natural, porque cada individuo tem a sua educa~ao familiar, onde seus pais os ensinam a ser mais ou menos tolerante, mais ou menos educado e mais ou menos compreensivo. Gente muito gorda e Revista Beija¡Flor de Nilopolis

discriminada. Gente muitofeia e discriminada. Gente muito baixa e discriminada. Entao, se em alguma situa~ao esponidica nos do grtlpO LGBT que trabalhamos aqui na BeijaFlo\- sofrermos algum tipo de discrimina~ao, resolvemos lIqul mesmo, conversando e "-colocando nossos pontos de vista. Mas tem uma coisa muito interessante aqui na BeijaFlor: a administra~ao, 0 Sr. Almir, 0 Sr. Laila, principalmente, nos tratam com um nivel de respeito que acaba sendo um alerta para a forma com que as pessoas aqui dentro devem ser tratadas por cada um de nos. Acho muito linda essa preocupa~ao deles em manter no barracao um ambiente de respeito. E esse respeito se expressa nos detalhes, tambem". Esse investimento na pessoa LGBT que a Beija-Flor de Nilopolis realiza, esta baseado W'vVV{.beija-flor.com.br


"Nossa luta teve inicio como uma luta pela sobrevivencia e pelo direito a um tratamento de saude publico justo e de qualidade. Agora, lutamos pelo direito ao trabalho, pelo direito a escola, a uniao afetiva. Enfim, lutamos para que os direitos que a sociedade assegura ao cidadao hetero seja assegurado, tambem, ao publico LGBT. Nao estamos falando em uma causa de um grupo, apenas. Estamos falando em direitos humanos para seres humanos. E nessa luta do movimento LGBT. precisamos do apoio das pessoas nao LGBTs, porque, como disse, estamos tratando de uma causa humana".

na certeza de que e a pa rti r da conqu ista de emprego e re nda que 0 ind ividuo come~a a construir sua cidadania e a co nsoli dar suas escolhas e seu modo de ser, assegurando social mente seu direito de ser 0 que quer ser ou, simplesmente, seu direito de ser 0 que e. Nesse sentido, Almir Reis, ad ministrador do Barracao, e bastante claro: "uma escola de samba e a representa~ao da sociedade. Nao podemos, por isso, ser segregacion istas, nega ndo oportunidades de trabalho para determinadas minorias ou grupos, es pecialmente os que busca m afi rm a~ao social. Todos devem te r os mesmos direitos sociais. Aqui na Beija-Flor, se a pessoa se mostra interessada em traba lhar corretamente, envo lvida na causa da escola e com 0 tale nto que precisamos pa ra ate nder a nossa missao, ela tem gra ndes chances de fazer pa rte do nosso grupo, inclusive aque las q ~ e se encaixam no grupo dos LGBTs. A prova do que digo pode ver constatada aqui m$smo. Basta da r uma circulada pelo Barracao que qua lquer um vera que 0 que digo e 'ato. E rea I." Mas segundo 0 administrador do barracao, a diretoria da Beija-Flor de Nilopolis acredita que dar oportunidade de trabalho e renda nao basta. Almir, que divide seu tempo entre a administra~ao do barracao, sua empresa e o estudo universitario de Historia, defende uma post ura mais completa por parte da Beija-Flor: "e preciso dar e assegurar condi~oes dignas de trabalho e assistencia aos funcionarios LGBTs que atuam na

Almir Fran~a

agremia~ao.

A discussao da questao de genero e de sexualidade e bem recente, 0 que dificulta a implanta\ao de politicas internas mais com~letas, voltadas a essa com unidade. Mas tentamos fazer 0 que esta ao nosso alcance. Uma prova disso e que temos um banheiro exclusivo para a comunidade LG BT do Ba rracao. Com isso, oferecemos il esses funcionarios um nivel de prote~ao e respe ito essencial ao ambi'ente de trabalho." Algumas lideran\as do movime nto LG BT admiram as iniciativas da ag rem i a~ao , especial mente por oferecer um espa~o digno de trabalho e renda, onde 0 ind ividuo nao apenas tem um emprego, mas pode exercer suas voca~oes artisticas ou tecnicas com Feverei ro 2017

179


liberdade. Um dos principais entusiastas dessa iniciativa da Beija-Flor e 0 presidente do Grupo Arco-iris, um dos mais importantes grupos de apoio comunidade LGBT, e que atua na promo~iio e defesa da qualidade de vida e dos direitos sociais dessa comunidade. Almir Fran~a e tambem estilista e proprietario

iniciativa relacionada aos individuos LGBTs demanda um cuid ado especial ao ser analisada, especialmente por ser um tema ainda recente na sociedade brasileira e, na maioria das vezes, pouco discutida nos meios nao LGBTs. "Existe uma acomoda~iio e uma falta de interesse da sociedade em discutir temas como esses. Associado a isso, ha 0 desastroso fato de que as midias formadoras de opiniiio¡ niio se interessam em apresentar de uma maneira seria 0 ass unto. 0 resultado e uma grande parcela da sociedade sem compreender a questiio LGBT e se posicionando erradamente sobre as questiies que envolvem esse universo. Isso faz com que tomem decisiies nem sem pre acertadas. Dito isso, niio ha duvida de que a Beija-Flor presta um importante servi~o causa LGBT uma vez que ela abre as portas do seu barraciio para receber esse contingente de pessoas em postos de trabalho. A BeijaFlor, com isso, cria oportunidades nos mais diversos segmentos para a popula~ao LGBT: conhe~o aderecistas, figurinistas, desenhistas e tantos outros profissionais desse universo que encontraram na escola uma oportunidade de trabalhar dignamente e, dentro das limita~iies natura is, ser uma

de um ateli~r e. niio escon.de 0 af~,to que tem pela agremla~ao de Nllopolls: Tenho um

reqresentante de um empode~amento LGBT que precisa s~r I~vado adlante.

grande sentimento de afeto pel a Beija-Flor por ter sido ela a primeira escola de samba

Falando a mesma linguagem de Almir, a estilista de moda Bruna Bee e uma dessas

f

a

,

Bruna Bee e Fabiola David.

a

,I

na qual trabalh ei. Foi no anD de , 993, com ' o enredo "Uni-duni-te, a Beija-flor escolheu: e voce". Na ocasiiio, fui chamado pela carnavalesca Maria Augusta para trabalhar com a produ ~ao das roupas da familia do Anizio. Alem desse afeto sincero, t enho uma enorme admira~iio pela escola de samba de Nilopolis pelo trabalho de inclusiio social que ela se propiie a realizar dentro e fora do carnaval, inclusive no ambito da comunidade LGBT." Especialista em identidade de genero, Almir esclarece que qualquer Revista Beija-Flor de Nilopolis

pessoas que se ench e de orgulho ao falar das oportunidades que a Beija-Flor Ihe ofereceu: "Niio estou falando apenas de 'oportunidade de trabalhar' que a nossa escola oferece ao grupo LGBT. Mesmo sabendo que se fosse so isso ja seria uma importante questao para todos nos, que sofremos a discrimina~iio nos mais variados locais, e principalmente na hora de conseguirmos um emprego. Mas you mais alem. Aqui na Beija-Flor, nos encontramos um ambiente de respeito e, principal mente, um ambiente onde podemos trabalhar nossas

www.beija-flor.com.br


potencialidades. Hoje, posso dizer sem medo que sou uma profissional reconhecida no mercado da moda. E isso se deve muito ao fato de que pude desenvolver minhas habilidades quando trabalhava aqui, ao lado da equipe da Beija-Flor. Nao posso esquecer as oportunidades que me deram aqui. Minha orienta\ao sexual ou minha identidade de genero nunca interferiram nas atribui\oes que me eram dadas. Cheguei aqui como desenhista e ilustradora. E como desenhista e ilustradora trabalhei aqui. Diariamente fui ampliando meu conhecimento, aprimorando minha tecnica e hoje, gra\as a isso e ao meu sincero desejo de crescer na profissao, sou reconhecida pelo que fa\o - e posso sobreviver atraves do trabalho digno que exer\o no meu atelier para pessoas do nivel da Fabiola David, para a qual desenho e I

produzo a fantasia de Destaque Principal". "A\oes como a que a Beija-Flor realiza sao essenciais e devem ser divulgadas",

.,

,

declara Almir Fran\a. "0 individuo LGBT vive uma questao dramatica, que chamaria de 'inviabilidade social'. No Brasil de hoje, as peculiaridades de um individuo podem 0 torna-Io invisivel, inviabilizando seu acesso os instrumentos publicos e privados capazes de Ihe assegurar uma sobrevivencia digna atraves de um trabalho e do respeito social. 0 trabalho que a Beija-Flor faz e uma importante iniciativa que torna visivel essa pessoa, porque ela nao so consegue sobreviver em termos financeiros atraves do seu trabalho como ela trabalha dentro da sua

D'

C'd d ' LGBT

Isque I a ama

Criado em 2010 pelo programa Rio Sem Homofobia. da Secretaria de Assistencia Social e Direitos Humanos. 0 Disque Cidadania LGBT foi 0 primeiro servi~o desse genero na America Latina. Alem de atender 0 publico LGBT em denuncias de violencia e de discrimina~iio. 0 servi~o especial tambem fornece orienta~iies gerais para familia res e para a popula~iio em geral.

Dis~ue Cidadania

LGBT

0800 023 4567

A Destaq ue Pri ncipal da Beija-Flor de Nil6polis, Fabiola David, experimenta a fantasia do Carnava l 2016, desenhada e produzida pela figurinista Bru na Bee.

b--~~'" Fevereiro 20 17


o Grupo Areo-iris exeree voca<;iio. Historicamente, foram as esco las de samba os ambientes que ma is acolheram 0 pub lico LBGT. Isso e um fato que niio pode ser ignorado. Na epoca que esse aco lhimento foi ini ciado, a sociedade niio permitia qu e 0 publico LGBT acessasse outros cana is de trabalho. Foi gra<;as ta mbem ao empoderamento

,

f

um importante papel na luta por dias melhores para os individuos LGBTs. E gra~as aos esfor~os do grupo que foi criado, no Rio de Janeiro, 0 Programa Estadual "Rio Sem Homofobia" - um programa que visa combater a discrimina~ao e a violencia contra LGBT e promover a cidadania desta popula~ao em todo territorio fiuminense, respeitando suas especificidades.

que 0 cid adiio LGBT conquistou atraves do seu trabalho dig no, in cl usive nas escolas de samba, que essa com uni dade esta conseguindo acessar outros espa<;os, alem das proprias esco las de samba. Isso e muito importante para a nossa luta", conclui 0 lider LGBT. Mais um a vez, a Beija - Flor de Nilopolis se posicio na como vanguarda, colocando na mesa de discussiies esse tema relevante, com

www.arco-iris.org.br o claro intuito de assegurar aos cidadiios bras ileiros, independente de cor de pe le, orienta<;iio sexual, identidade de genero ou poder economico seu dire ito vida e a todos os demais direitos assegurados pe la Constitui<;iio brasileira.

a

I

BANHEIRO LGBT A cria<;iio de um ba nh eiro exclusivo para a comunidade LGBT surg iu a pa rt ir da so li cita<;iio de alguns dos f uncionarios da agremia<;iio que entenderam ser uma maneira de of erecer di scri <;iio e privacidade ao pub lico LGBT que traba lhava ou visitava 0 Barraciio. No inicio, houve uma discussiio a respeito da val idade da pro posta e se niio se ri a uma atit ude de segrega<;iio. Considerando que foi urpa so licita<;iio de fu ncionari os LGBTs, a admini st ra<;iio entendeu ser, ao contrario, um ,espa<;o de recon hecimento, respeito e valoriza<;iio de outras identidades de genero e orienta<;iies ~exu,ais.

www.beija-flor.com.br


,4 ?uaIidade tIM, /l.O<IMd, m6vea

e

CI>fft()

a Bepa-FIfft de tV~:

VIGGORE , ,.

, ;;

flJ)ta IQ FAeA UM PROJETO PERSONALIZADO

o BABAOAo OA FOLIA: INCLUsAo SOCIAL Se voce compra produtos de carnaval da melhor qualidade e com um pre~o justo, certamente voce e cliente do Chiquinho, do Babado da Folia. Comerciante experiente, quando fala em carnaval, Chiquinho nao perde a venda. ,Mento ao que acontece no universo do carnaval, Chiquinho esta ligado, tambem, no tema ~GBT, e por isso, nao e de hoje que vem abrindo postos de trabalho em suas lojas para atender esse pUblico. "0 carnaval e do povo, e 0 povo e formado por gente de todos os tipos.,cores, generos e cren~as. E eu trabalho com carnaval. Os travestis, os gays e as trans sao pe,soas total mente normais - da mesma forma que eu e voce. Niio vejo porque a estranheza, a resistencia, que algumas pessoas tem pela questao de identidade de genero dos outros. 0 que importa e 0 carater, ja que e ele, 0 carater, que vai dar 0 tom da rela~iio que vamos ter com as pessoas. Quando contrato uma travesti, uma trans ou um homoafetivo, deixo bem claro que a oportunidade esta dada, e que ela pode vir trabalhar como quiser - 'montada' ou niio - , sem problema nenhum, porque a regra da empresa e todos tratarem todos com respeito. E assim elas seriio tratadas aqui. Sera tratada como todos os demais funcionarios: se fizer certo, 6timo. Se fizer errado, vai levar uma reprimenda como qualquer funcionario precisa levar para se enquadrar a politica da empresa. E niio estou arrependido por abrir esse espa~o para o publico LGBT: s6 tenho tido alegrias. Quando tenho problemas, e obviamente os tenho, eles niio ocorrem porque eles sao transexuais, travestis ou gays. Ocorrem porque algumas vezes 0 funciona rio nao atende a politica do Babado da Folia. Nessas horas a gente entra enquadrando 0 funcionario para que ele possa realizar bem as coisas, dando 0 melhor de si." Fevereiro 20 17

83


PIRAQUE, UMA FABRICA DE ENCANTOS Fundada em 1950, a Piraque e, hoje em dia, uma das maiores fabricadoras de biscoito do Brasil. Nesses quase 70 anos, foram muitos produtos de sucesso produzid os pela empresa. Nao se limitando aos biscoitos, atua lm ente, a fabr ica produz, tambem, margarinas, massas e ate refrescos. Entre os produtos de ma ior sucesso esta o Roladinho de Goiabinha - 0 popular Goiabin ha - criado em 1966. Esse, e outros biscoitos da empresa, fazem parte da historia de vida de in contave is pessoas. Toda produ~ao de biscoitos, massas e margarinas e controlada por computadores. Essa tecno log ia e utilizada para manter 0 controle de qualidade em todo 0 processo .tle produ~ao dos biscoitos e massas da Piraque.

,

A fabrica , que tem uma tecnologia ponta, com sensores qu e control am todo o processo de produ~ao, conta com um parque grafico proprio - responsavel por todas as emba lagens. 0 controle de qua lid ade e feito nos modernos laboratorios internos. A empresa , local izada em Madureira, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, tem mais de 60.000 postos de venda so no Estado do Rio e cerca de 3.500 funcionarios. Sao muitas pessoas satisfeitas com essa , verdade ira fabrica de encantos.

84

ReIJista Beija-Flor de Nil6polis


BEI.JA-FLCR . E CS MELHCRES FCRMATCS CE SAMBA A "Beija-Flor em primeiro lugar" nao so no ranking das campeas da Era Sambodromo. mas tambem em projetos socia is e eventos artisticos. Agora a agremia~ao se prepara para novos voos. Rosangela Mello informa que departamento rela~iies-publicas da Beija-Flor conta com os eventos da quadra, alem dos ensaios da escola de samba para 0 Carnaval. as quintas-feiras. e a tradicional Feijoada da Familia Beija-Flor, ambos promovidos somente no periodo preCarnaval. A feijoada foi incluida no calendario de atividades artisticas e socia is da escola e sera rea Iizada agora mensalmente em um sabado pre-anunciado. Rosangela destaca que agora esta trabalhando os shows externos da escola em do is formatos: 0 tradicional com a 'Poderosa', bateria-show da BeijaFlor, reg ida pelos mestres Plinio Moraes e Rodney Ferreira, sambistas, passistas e casal de mestresala e porta-bandeira, com elenco na medida de cada even to ; e 0 formato da banda da Beija-Flor, liderada pelo mestre Rodney, com um repertorio de classicos do samba e, como apoteose, 0 grande final com a 'Poderosa' bateria da Azul-e-branco, em formato de banda. "Assim os produtores e promotores de eventos e casas noturnas (que tem espa~o mais restritos) poderao ter a bateria da Beija-Flor em formato de banda, muito especial mente os outros Estados" com

I

o melhor da escola nilopolitana campea. Isto esta acontecendo, mais uma vez este ano, na Vitrine, casa de show da Barra da Tijuca, on de Beija-Flor esta realizando ensaios externos aberto ao publico. Destaque-se tambem a atua~ao de Rosangela Mello para 0 bom relacionamento da escola com 0 universo exterior, que precisa pensar no samba e Carnaval como cultura e na escola e seus eventos como um grande veiculo de proje~ao de imagem e qualidade de servi~os e produtos. Com grande experiencia nessa atividade, Rosangela tem interagido com desenvoltura

.

.

D

e objetividade positivas. A determina~ao e persistencia sao destaque de suas qualidades. Estabeleceu com todos os setores da escola um tratamento bilateral que Ihe permite projetar ideias, ouvir e atender sugestiies em razao de novos alvos. Uniu 0 barra~ao e a quadra em torno dos mesmos interesses, mantendo la e ca um contato constante e produtivo. fevereiro 2017

185


"HA HOM ENS ~UE LUTAM UM DIA E

-

SAO IONS, HA OUTROS ~UE LUTAM

,

UM ANO E SAO MELHORES, HA OS

~UE LUTAM MUITOS ANOS E SAO MUlTO IONS. MAS HA OS ~UE LUTAM TODA, A VIDA E ESTES SAO IMPRESCINDIVEIS." BERTOLT BRECHT

Dias desses estava pensando nas coisas que irmao, mas porque acho justo, nesse anD em .'vivi. Como rad ialista e diretor de rad io, conheci que completa 80 anos de idade, ressaltar sua muita gente. Dos mais va ri ados tipos, valores re levancia. e profissoes. An izio Abrao David. Posso arriscar a dizer que a melhor parte da Anizio e uma dessas pessoas que foi moldada minha vida fo i essa, de conhecer pessoas pela vida para vencer. Nao perde uma diferentes, com suas historias interessantes. discussao. Ate mesmo quando a razao nao Pessoas que enfrentaram suas limita<;oes e esta do lado dele (risos). Eum lutador que me que conseguiram alcan<;ar os objetivos que ensinou - e a tantos outros - que na vida nao tinham tra<;ado para suas vidas. ha nenhum motivo para se satisfazer com a Uma experiencia pessoa l que nao tem pre<;o, dermta. E por isso, ele luta, batalha e persiste, porque fo i atraves do convivio com essas se'rpre avan<;ando em dire<;ao ao que mirou. pessoas que aprendi a ser quem eu sou - e Por essa sua dete ~mina<;ao, sou seu admirador, tenho orgulho disso. " principalmente, pelo que ele faz pelas pessoas. Pessoas que permanecerao guardadas em ¡ Me lembro que no anD de 2001, quando minha memoria. ' iniciamos a produ<;ao da revista Beija- Flor Mas existem pessoas que nao guardo apenas de Nilopolis - uma escola de vida, comecei a aprofundar 0 olhar para as a<;oes sociais que na memoria - que guardo no cora<;ao. Anizio realizava. Pensava que ele so bancava 0 Sao individuos que, como diz 0 dramaturgo traba lho da Creche, do Educandario e do CAC alemao, sao essencia is. Essenciais nao apenas (como isso fosse "so"). Mas nao. A medida porque lutam todos os dias, mas porque que circu lava pela baixada fluminense e me transformam todos os dias a vida de alguem. identificava como ed itor da revista, as pessoas Agora, enquanto escrevo esse texto, penso se chegavam e contavam alguma historia em uma delas. Na verdade, sentei para bonita na qua l a participa<;ao do Anizio havia escrever esse texto pensando nessa pessoa e sido determinante. Me lembro do servidor em uma forma de homenagea-Ia nao so pelo publico, que estava com a esposa gravida e que ela representa para mim como amigo e sem condi<;oes de se tratar e 0 Anizio arrumou

,

86

Revista Beija-flor de Nilopolis

www.beija¡flor.com.br


com um amigo que ela fosse internada para 0 parto ser realizado da melhor maneira possivel. Conheci outras historias, em que ele desembolsava algum valor importante para pagar a mensalidade de jovens estudiosas que nao tinham condi"iies financeiras de bancar uma universidade privada. E Anizio ajudou a muita gente boa a se formar doutores. Conheci historias de pessoas que trabalhavam duro, mas que seu dinheiro nao rendia ate 0 final do mes, mas que nao passavam fome porque recebiam mensalmente generosas cestas basicas doadas pelo patrono da BeijaFlor. Foi ficando mais fadl entender porque esse homem e tao respeitado pelas pessoas e em diversos lugares por on de passa so recebe carinho e admira"ao. Eo que ele fez pelo Carnaval Carioca? Ele se impos frente ao Poder Publico e deu inicio a organiza"ao profissional desse espetaculo! Me lembro quando bateu de frente com 0 prefeito da cidade porque esse nao queria corrigir 0 valor do subsidio que deveria repassar as agremia"iies

Fevereiro 2017

87


I

de samba - entidades que promovem a cidade e 0 turismo atraves da festa do carnaval. Anizio nao recuou. Me lembro que ele nao facilitava a vida do prefeito e de sua equipe, a ponto da discussao e negocia~ao entre Anizio e a Prefeitura ter chegado a quase 4 horas de dura~ao. Eu falei! Anizio nao perde uma discussao. o prefeito nao sabia disso! Ele se impos e mostrou para 0 prefeito e para os demais integrantes da reuniao que 0 Desfile das Escolas de Samba era coisa seria. Que as pessoas que faziam aquele espetaculo mereciam ser tratadas com respeito. Nos, que acompanhavamos todas essas historias, sabiamos que Anizio lutava pelo Carnaval e pelo povo do samba, tao sofrido e excluido. Talvez por isso, a reestrutura~ao da Beija-flor de Nilopolis e a conquista do titulo em 1976 tenham sido surpresas esperadas. Ele investiu uma grana alta e muito do seu tempo para montar a melhor equipe de Carnaval, com Viriato, Laila e Joao Trinta. E na Avenida, a escola deu um show! Nessas horas penso no significado de uma

escola de samba forte e em tudo que ela e capaz de fazer e propiciar ao individuo mais simples, aquele que nao pode acessar a "generosidade" do Estado em contratos e oportunidades milionarias. Falo sobre pessoas simples, que geralmente foram abandonadas pelo Estado, incapazes de acessar um servi~o publico de qualidade e eficaz. Anizio ajudou a dar condi~iies a essas pessoas para que tivessem seu trabalho honrado e com um dinheiro justo no bolso. Foi assim com 0 Carnaval e com os autores de sambas enredos, que hoje recebem antecipadamente seus cache e podem olhar de frente para as pessoas, com 0 orgulho de quem nao tem nada a temer, porque tem seu valor reconhecido no mundo do samba. Sim. Sao muitas historias e realiza~iies que Anizio, na sua generosidade, tornou a vida melhor para muita gente. Durante um tempo tentei entender porque ele abria mao do seu tempo e do seu dinheiro para fazer tanto pelos outros - e sem esperar, realmente, nada em troca. Nada alem da satisfa~ao pessoal.

"Eu go'sto de coisas bem feitas e sei identificar quem bbe fazer isso. Tudo do Anizio tem que ser bem feito. De'sde'o ingresso da Beija-Flor "Altruismo, acima de tudo. ncvgrupo das grandes escolas, a evolu~ao da Isso caracteriza 0 homem que dedica sua cr~a~ao e produ~ao da Beija e impressionante. vida as pessoas que dependem de educa~ao, o Anizio e assim. Faz a melhor escola de saude, alimenta~ao e carinho. samba, tem a melhor quadra, tem 0 maior Atraves de suas a~iies, seus trabalhos e 0 mais completo servi~o social que eu beneficentes, esse homem e fundamental conhe~o, caprichou no seu apartamento em para a vida de muita gente. Copacabana e, alem das coisas perfeitas que Vidas, que, de fato, precisam de apoio. ele fez e faz, e 0 amigo mais que perfeito Uma trajetoria de vida impecavel. para todas as horas. Um ser humano raro. Parabens, grande Anizio. Parabens, grande Esse homem e Anizio." amigo." Boni Agna/do TimMeo

Revista 8eija-Flor de Nilopolis

WWiV.beija-flor.com.br


Hoje entendo porque Anizio tanto pelos outros. Ele faz tud isso - e muito mais - porque ele e urn homem de grande sentido altruistico. Rico em espirito. rico em sabedoria. Ele entende que 0 sentido da vida esta em L-_ __ ajudar a construir urn mundo melhor para todos. Como niio admira-Io?

"Eu tenho urn samba que diz que se eu for falar da Portela. eu niio you terminar... Falar sobre 0 Anizio. em urn dia. niio da. Niio da porque 0 Anizio. alem de ser urn companheir.o nosso da antiga. e 0 homem forte da BeijaFlor e do samba. Ele fez muito pelos dois! E por isso. por tudo que 0 Anizio fez para 0 samba. para 0 sambista e para a Beijfl-Flor. ele e urn baluarte. . Eu tenho inveja da Beija-Flor por rtao ter Anizio na minha Portela. porque 0 Anizio sabe tudo .... Ele canta samba de Cabana. de Osorio ... Emeu irmiiozinho. que eu tenho urn amor muito grande por ele... Eu desejo ao Anizio que Deus 0 ilumine e que de a ele muitos anos de vida. para que ele esteja sempre com a gente ... ... E feliz da Beija-Flor em ter urn baluarte. urn bra~o forte, como 0 Anizio." Monarco da Portela

"A maior qualidade do Anizio e a amizade incondicional. Eurn homem muito dedicado II familia. E nesse aspecto, so passa bons exemplos para nos. No lado profissional. e urn empresano competente. que alcan~ou 0 sucesso com muita luta. mesmo vindo de uma familia de poucos recursos - financeiros, porque recursos morais haviam de sobra. Anizio merece destaque, tambem, pela atua~iio como mecenas da arte e da cultura atraves do trabalho que fez e continua fazendo na Beija-Flor de Nilopolis. Ele dirige aquela agremia~iio com uma inteligencia. determina ~iio e disciplina que a tornou conhecida em todo 0 mundo. Por causa de seu cora~iio amoroso, a comunidade da baixada fluminense ganhou uma obra social e esportiva importante, que recebe crian~as cedinho e as entrega aos seus pais no final da tarde, ja bern alimentadas, de banho tornado, e com seus estudos em dia." Antonio Carlos

Fevereiro 2017

189


PROJETOS SOCIAlS DA BEIJA¡FLOR HA MAIS DE 35 AN OS FAZENDO A DIFEREN<;A LORENA MUNIZ

,

Comunidade quer dizer "com unh ao", "qualidade daquilo que e comum". Para o filosofo frances Emile Durkheim, a comunidade depende de uma "solidariedade organica", onde, como em um corpo humano, um depende do outro para sobreviver e restabe lecer a ordem social e bem-estar de todos. Em tempos de instabilidade financeira, como vivenciamos atualmente no Brasil, a uniao popular e a solidariedade refor~am 0 significado defendido por Durkheim enos tornam mais fortes frente as consequencias do descaso governamental, que acabam sendo mais punitivas exatamente aque les qu t mais necessitam de ajuda e suporte. Ante, mesmo de 0 Brasil passar por momentos tao complicados como 0 atual, a BeijaFlor ja desenvolvia a~iies para contribuir com a comunidade da Baixada Fluminense, aux iliando na diminui~ao das desigualdades soc iais ha mais de 35 anos. Em 2003 a Beija-Flor fez ecoar na Marques de Sapucai 0 samba - enredo que seria 0 campeao daquele ana: "0 povo conta a sua historia: Saco vazio nao para em pe. A mao que faz a guerra, faz a paz.". A escola azul e branco cantava sobre as batalhas

90

Rev;sta Beija-flor de Nil6polis

enfrentadas pela popu l a~ao brasileira no passado e exa ltava grandes herois, como Tiradentes e Zumbi dos Palmares. E foi assim, narrando sobre as penosas lutas que acomet iam principal mente a parcela mais pobre da sociedade, que a Beija-Flor uniu a historia do Brasil com a sua propria trajetoria. Um dos trechos mais marcantes dizia: "Nasce entao / Poderosa guerreira / Que desenvolve s.eu trabalho socia l / Cultura aos pobres, apr igou maltrapilhos / Fraternidade, de modo geralj Br~va gente sofr ida da Baixada / Soltando a voz no planeta ca rnaval.". A letra faz referencia tanto a esco la de samba, quanta a popula~ao da Baixada Fluminense, que fizeram florescer em uma das regiiies mais carentes do Rio de Janeiro exemp los de so lidari edade e luta por condi~iies de vida mais dignas. E0 caso dos trabalhos socia is de longa data real izados pela Beija-Flor, como a Creche Julia Abrao David, fundada em 1980 em Nilopolis. Afinal, como dizia o escritor tcheco Franz Kafka, considerado um dos autores mais influentes do secu lo XX, "A sol idari edade e 0 sent im ento que melhor expressa 0 respeito pela dignidade humana.".

www.beija-flor.com.br


A EDUCACAO COMO PRIORIDADE A precariedade do ensino publico oferecido aos jovens brasileiros e, infelizmente, uma realidade em nosso pais. Por isso, e tambem uma das questiies mais emergenciais que possuimos. Confrontado por esta situa<;ao, Anizio Abrao David, presidente de honra da Beija-Flor, resolveu desenvolver projetos sociais que tem como missao promover a solidariedade com foco na educa<;ao, cultura e cidadania de crian<;as e jovens pobres da Baixada Fluminense. A ideia surgiu apos muitas conversas e "troca de figurinhas" com Joao Trinta, carnavalesco da Beija-Flor: "Percebemos que 0 principal seria dar as crian<;as a oportunidade de crescer em uma situa<;ao escolar melhor, mas que associ ado a isso, pudessemos dar condi<;iies aos pais de trabalhar em seus empregos sem a preocupa<;ao de quem ficaria com os filhos.", relembra. Assim, em nove de maio de 1980, foi inaugurada a Creche Julia Abrao David, iniciativa pioneira entre os diversos programas oferecidos ate os dias de hoje gra<;as ao apoio de Anizio - todos de forma gratuita a comunidade. N

CRECHE JULIA ABRAO Fundada em 1980 originalmente sob ~ nome de Creche Beija - Flor, a Creche Julia Abrao David passou a se chamar q)mo hoje a conhecemos em homenagem a ~ona Julia, mae dos irmaos Anizio, Nelson e Farid. Uma das maiores incentivadoras do projeto, Dona Julia e seu marido Abrahao foram a fonte de inspira<;ao de Anizio: "Fui criado por pessoas que sempre tiveram no respeito e amor ao proximo uma regra de viver. Desde a minha infancia via que as portas de nossa casa estavam sempre abertas aos amigos de meus pais para 0 que precisassem. Fui venda isso e aprendendo que essa era a regra que deveria seguir tambem. E fui fazendo 0 que podia, dentro das limita<;iies que tinha, afinal viviamos


tempos dificeis e todos trabalhavam muito para a sobrevivencia da familia. Somente quando consegui alcan"ar um nivel economico melhor e que fui podendo fazer mais pelas pessoas da minha comunidade. Gra"as ao papai-do-ceu fui conseguindo melhorar minha vida e melhorar a vida das pessoas a minha volta que precisavam .... conta 0 presidente de honra da Beija-Flor. Inicialmente. a Creche atendia apenas 60 crian"as. Com 0 passar do tempo e o aumento da demanda por parte da popula"ao. a institui"ao passou a acolher cerca de 280 crian"as. entre seis meses e seis anos de idade. Os pequenos usufruem de dois turnos. fazendo um revezamento entre as aulas e as atividades recreativas. alem de terem direito a quatro refei"oes: cafe da manha. almo"o. lanche e jantar. Localizada em Nilopolis. a Creche Julia , Abr~o tambem aceita crian"as de outras regioes da Baixada Fluminense. Ao completarem sete anos. as meninas e meninos que frequentam a Creche sao transferidos automaticamente para 0 Educandario Abrao David. ,

N

EDUCANDARIO ABRAO DAVID Com 0 objetivo de dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela Creche. em 1987 Anizio fundou 0 Educandario Abrao David. que dispoem dos mesmos beneficios que a institui"ao e atende hoje 60 alunos. entre sete e 16 anos. La. as crian"as tem a oportunidade de receber ensino gratuito e de qualidade equiparada as escolas particulares da regiao ate 0 90 ano do ensino fundamental. 0 coordenador e secreta rio do Educandario. Anderson Machado. ressalta : "Viramos referencia no municipio. Nenhuma outra escola adota um livro didatico antes de nos. Se a gente ainda nao tem a rela"ao dos que vao ser utilizados pelos alunos e professores. nenhuma outra tem ....

Revista Beija¡Flor de Nilopolis


CAC Um dos maiores desafios enfrentados hoje no sistema educacional brasileiro e 0 alto indice de evasiio escolar no ensino medio. Uma pesquisa nacional feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (lBGE), apresentou dados alarmantes: apenas metade dos jovens com idade entre 15 e 17 anos esta matriculada no ensino medio. Pensando em possibilitar melhores condi~iies de vida e trabalho especial mente a essa faixa-etaria, Anizio e seu irmiio Nelson fundaram em 1991 0 Centro de Atendimento Comunitario Nelson Abriio David, popularmente conhecido na regiiio como CAC. 0 Centro oferece cursos profissionalizantes gratuitos para jovens e adultos, contribuindo para uma melhor qualifica~iio profissional e ingresso no mercado de trabalho.

PROJETO SONHO DE UM BEIJA-FLOR o esporte e uma poderosa ferramenta de indusiio social. Tendo em mente esta premissa, a Beija-Flor deu inicio ao projeto "Sonho de um Beija-Flor", que oferece desde 2005 aulas de diversas modalidades esportivas, realizadas em um complex<1 esportivo localizado ao lado da quadra dyI agremia~iio de Nilopolis. La, as crian~as tem acesso a aulas de jiu-jitsu, fu ~ bol, nata~iio, dan~a e futsal, todas gratuit~s. E como niio poderia ser difere rie, 0 programa conta tambem com atividades de bateria, passista, mestre-sala e portabandeira mirins. 0 projeto "Sonho de um Beija-Flor" atende cerca de 220 jovens e crian~as que desde cedo demonstram interesse e paixiio pelo mundo do carnaval e tem a oportunidade de aprender com grandes profissionais do samba, como Rodney Ferreira e Mestre Plinio, mestres de bate ria da Beija-Flor, e 0 casal de mestre-sala e porta-bandeira Selminha _ _ _ Sorriso e Claudinho. 0 mestre-sala

f


ressalta a importaneia do programa para a eomunidade: "Temos um futuro longo de eomunidade, grat;as a esse tipo de iniciativa. o trabalho ja nos rendeu e eontinuara rendendo grandes frutos. Nao somente para a agremiat;ao, mas para as eriant;as, porque adquirem uma eapacitac;ao que sera util a elas tambem no futuro.".

GlNASTICA Na Beija-Flor, todas as idades tem seu espac;o. 0 programa "Vivabem", eriado ha dez anos pela professora de edueac;ao fisica Mari Tania Bedin, orienta atividades fisieas, reereativas e eulturais para adultos e idosos desde 2013 na quadra da agremiac;ao de Nilopolis. Entre as programac;iies eulturais estao a eomemorac;ao de datas festivas e bailes dos anos 60, 70 e 80, alem de eonfraternizados de modo geral.

PROJETO ZICO 10 Em pareeria com 0 projeto "Zieo 10", a Beija-Flor promove desde 0 inieio de 2014 atividades esportivas para eriant;as e adultos com deficieneias inteleetuais. De todos os nucleos do "Zieo 10", 0 de Nilopolis e 0 unieo voltado para as pessoas com deficieneias.

FUTSAl As aulas de futsal oferecidas para meninos e meninas de seis a 17 anos aeonteeem todas as terc;as e quintas-feiras e sao eoordenadas por Gerson Hannas. Muitos alunos sao preparados para 0 torneio "Tac;a das Favelas", eompetic;ao famosa que aeonteee todos os anos e eostuma revelar eraques do futebol. Aulas de Canto para a Tereeira Idade o projeto "Canto de um Beija-Flor" ofereee ha 10 anos aulas de canto para eerea de 20 senhoras, muitas, inclusive, presentes desde 0 inicio do trabalho. Coordenadas por Paulo Cesar Filho, as aulas aeonteeem wvm.beija-flor.com.br


na quadra da escola azul e branco, todas as quartas e sextas-feiras, de 9h as 11 h.

BALE o programa

"Aprendendo com 0 Bale", coordenado pela professora Gislaine Cavalcanti atende aproximadamente 200 alunos e alunas desde 2001, e inclui aulas de bale classico, jazz e sapateado. As professoras Fabiane, Tatiane e Kelly ensinam jovens e crian~as de cinco a 17 anos, que se apresentam em eventos e mostras de dan~a, como 0 Festival de Dan~a de Joinville, que acontece em Santa Catarina.

JIU-JITSU Tendo em media 100 alunos matriculados sob a coordena~ao do professor Elan Santiago, a iniciativa oferece aulas de jiu-jitsu para jovens da comunidade e vem colhendo frutos promissores desde 2000, quando foi fundada. Em 2009, a equipe da Beija-Flor chegou a disputar os campeonatos brasileiro e estadual , alem de uma competi~ao organizada pelo atleta faixa-preta Raphael Abi-Rihan. Na competi~ao nacional, a equipe foi representada por 24 atletas e conquistou sete meda lhas de ouro, 12 de prata e uma de bronze, alc~ m do 3' lugar por equipe. Ja no estadual, 26 atletas participaram e levaram para casa nove meda l has de ouro, tres ,de prata e tres de bronze, tambem conquistando o 3' lugar por equipe.

diversidade de atividades existentes hoje, nao ser ia exagero dizer que Anizio conseguiu chegar ao seu objetivo inicial. Ele desabafa, com orgulho: "Sou uma pessoa simples. Quem me conhece bem sabe disso. Por ter vivido (e ainda viver) no meio do samba e do carnava l, dois ambientes onde as pessoas geralmente nao possuem riquezas, fui aprendendo aver que os valores mais importantes na vida eram os relacionados ao 'quem somos' e ao 'que fazemos'. Me sinto feliz em conviver com pessoas boas, alegres e batalhadoras. Nao me prendo a aparencia nem a situa~ao financeira de ninguem. Por isso, entendo que os projetos soc iais da Beija-Flor tem um significado unico na minha vida. Nao seria quem sou se nao est ivesse contribuind o com essa causa e com 0 futuro desses meninos e meninas, hoje muitos ja pais e maes de familia. Entendo que um homem tem que ter um objetivo na vida que de a ele um significado para tudo que faz. Nao tenho nenhuma dLJvida de que os trabalhos que ajudo a manter dao esse significado a minha vida. Somente quem faz pelo seu semelhante e capaz de saber 0 que um homem pode sentir quando dedica parte do seu tempo e dinheiro para construir estradas que levam crian~as e jovens a liberdade e a felicidade. Eu tenho 0 privilegio de saber. E isso me faz muito feliz ....

DEVER CUMPRIDO Responsavel por manter os projetos sociais aqu i citados, Anizio Abrao conta 0 que motivou suas in iciativas: "Ta lvez, para resumir a minha resposta, acho que 0 me que motivou a dar inicio a esse importante projeto de educa~ao foi 0 desejo de ver a minha Nilopolis e suas crian"as vivendo dias melhores.... Cons id erando a

Fevereiro 20 17

I 95


BEI..JA-FL[]FI

cA SEU SANGUE CENTRC E FCRA CA AVENICA

I

Uma agremlac;ao de carnaval e feita por pessoas. Mais do que na maioria dos lugares, nos quais a tecnologia da 0 rumo das ac;oes, em uma escola de samba as ac;oes, as decisoes e os procedimentos do dia a dia partem da mente e do corac;ao de pessoas de "carne e 0550" - individuos que participam de corpo e alma da realidade humana e que estao em contato direto com pessoas. Esse tipo de vivencia permite que quem administra seja capaz de perceber nao so a alegria que vem de boas noticias - como a da conqu ista de um titulo de carnaval -, mas de identificar 0 imperceptivel pedido de socorro de quem sofre em silencio. Perceber as necessidades das pessoas e se colocar a disposic;ao para auxilia-Ias, fazendo-se entender que somente pessoas podem aliviar a dor de pessoas. E que " somente pessoas podem salvar pessoas. . Norteado por essa forma humana de' perceber 0 mundo e de interagir com ele e com as pessoas, 0 conselheiro da Beija-Flor de Nilopolis, Gabriel David, 0 administrador do barracao, Almir Reis e 0 editor da revista Beija-Flor de Nilopolis - uma escola de vida, Ricardo Da Fonseca, reuniram-se recentemente para discutir uma importante ac;ao de solidariedade e cidadania a ser promovida pela agremiac;ao: 0 inicio de uma parceria regular e permanente com 0 Instituto Nacional do Cancer - 0 INCA. Atraves dessa parceria, a agremlac;ao nilopolitana se compromete junto ao INCA Revista Beija-Flor de Nilopotis

planejar e desenvolver uma ac;ao regular capaz de motivar os seus componentes e os simpatizantes da agremiac;ao a doarem regularmente sangue ou plaquetas para o Instituto Nacional, que desenvolve um importante trabalho na educac;ao, prevenc;ao e tratamento do cancer. De acordo com a medica e Dra. lara de Jesus Motta, Chefe da Hemoterapia do INCA, a importanCia da parceria que a Beija-Flor de Nilopolis inicia com a instituic;ao e que apesar de serem essenciais as campanhas de doac;oes pontuais, elas sao limitadas porque 0 sangue doado tem validade e 0 doador , um periodo de carencia para uma nova doa'c;ao. "Doac;oes organizadas a partir de um m~pa de planejamento, agendadas de modo organizado sao ~empre importantes, porque asseguram ao INCA e aos nos 50S pacientes 0 sangue que precisam, em qualquer momento". Dra. lara esciarece, ainda, que 0 sangue doado e utilizado de diversas maneiras em favor do paciente com cancer que e atendido no INCA: "temos diversos usos do sangue recebido na hemoterapia: ele pode ser utilizado para compensar perdas de sangue de pacientes que sao submetidos as intervenc;oes cirurgicas como podem ser utilizados em pacientes que estao em tratamento de quimioterapia ou radioterapia e que, devido ao tratamento, vem suas medulas osseas impossibilitadas, temporariamente, de produzir sangue para seu organismo. Seja em qual caso for, 0 sangue doado e oportunidade de esse YNffl.beija-flor.com.br


paciente permanecer vivo. E essa a nossa missao : oferecer condi~iies para que essas pessoas que nos procuram alcancem urn melhor nfvel de qualidade de vida. E contar com essa legiao de pessoas do bern que amam e se dedicam iI Beija-Flor sera, com certeza, urn grande refor~a para nos e para essas pessoas. Nos do INCA, estamos muito felizes com a notfcia que recebemos da Bcija-Flor, e agradecemos a todos seus componentes, como seus diretores e administradores, por terem percebido nossa necessidade e por terem safdo da zona de conforto para ajudar essas pessoas que por aqui passam."

Pela Beija-Flor de Nilopolis, e 0 administrador Almir que se manifesta a respeito da parceria: "Quando pensamos no bern que 0 INCA faz iI essas pessoas e seus familiares em urn momenta tao sofrido, quando lembramos que o nosso Neguinho da Beija-Flor aqui esteve e tambem foi envolvido com carinho e aten~ao por essa maravilhosa equipe, me emociono, porque sei que papai-do-ceu tern uma missao de solidariedade para cada urn de nos. A tribo Beija-Flor e guerreira! Ela da seu sangue na avenida, em nome da escola que tanto ama. Dara, seu sangue, tambem, com toda a satisfa~ao, aos nossos amigos aqui do INCA':

Waleria Vi ll ela, Karl a Savedra e a Dra. lara Motta, junto com dai s doadores de plaquetas.

Campanha de carnaval em parceria com a Beija-Flor de Nil6polis (2011), realizada na estac;ao do metro.

Fevereiro 2017

197


EXPFlEssAc DC SAMBA MIRO LOPES

A cada edir;iio da revista "8eija-Flor de Nil6polis - uma escola de vida"

realizamos uma homenagem aos bam bas do samba, personagens essenciais na construr;iio e afirmar;iio da nossa cultura. Mestres das letras, do ritmo e da me/odia. Expressiies do samba.

, PINAH, A CINDERELA NEGRA PINAH, a cinderela negra Se para a mineirinha de Muriae era impossivel imaginar ser atraida para uma contradan~a por um principe de verdade, de po is daquele 10 de mar~o de 1978, dia em que Pinah Maria Ferreira Ayoub, a modelo negra careca de sorriso escancarado que dan~ou com 0 Charles - filho da Rainha da Inglaterra - . em uma recep~ao na quadra da Mangueira,f se tornou e ainda e, improvavel que qualquer sudito tenha acesso Cinderela Negra, que completa 40 anos na Beija-Flor de Nilopolis. Pinah tem postura de rainha africana, embora 0 visual careca era para compor uma escrava de Xango, a personagem Odeta, mulher exotica e provocativa. "A ideia de raspar a cabe~a foi um desafio que me propos 0 estilista Luis Carlos Ribeiro. Ele fez uma fantasia e perguntou seu eu tinha coragem de raspar a cabe~a para 0 desfile. Deu tao certo que nunca mais deixei 0 cabelo crescer", contou ao reporter Nelson Nunes.

a

Revista Beija-Flor de Nil6polis

o

titulo de "Cinderela Negra" tem aver com a visita monarquica. Nos bastidores as passistas e destaques em tom de brincadeira perguntavam quem seria a eleita da noite. protocolo proibia qualquer aproxima~ao, mas tao logo a bateria come~ou a tocar, um branquelo, alto, de smoking, dan~ando desengon~ado apareceu na sua frente. Pinah pensou que era algum seguran~a. Era 0 principe Charles, herdeiro do trono britanico. Dia seguinte, foi acordada pelo alarido de reporteres e fotografos sua porta, causou susto sua mae, que Ihe questionou 0 que ela tinha aprontado. "Tinha, nell" Ha dois

o

a

a

www.beija-flor.com .br


,

f

anos, Pinah foi convidada para um jantar com 0 Principe Harry, filho do desengonc;ado Charles com 'a idolatrada' Diana, em uma recepc;ao diplomatica no Brasil. Cria de Joaozinho Trinta, Pinah, mesmo sendo filha de um mestre-sala (0 pai desfilava pela Tupi de Bras de Pina, no Rio) jamais imaginou virar um icone do Carnaval. Na adolescencia, escolheu ser modelo e manequim e fez seu primeiro desfile pela escola Em Cima da Hora. Porem, formada em Contabilidade acabou em um escritorio. Nessa epoca, foi apresentada a Joaozinho Trinta, entao carnavalesco do Salgueiro. "Ai minha vida mudou!" proclama. Juntos, ganharam 0 bicampeonato de 1974 e 75. Joaozinho foi para a Beija-Flor e ela ficou para tentar 0 tri, mas quem levou 0 titulo, emplacando 0 enredo "Sonhar com o Rei Da Leao", foi 0 carnavalesco. Ano seguinte, Pinah migrou para Beija-Flor, on de foi homenageada pelo refrao bolado por Neguinho - "Pinah eee, a Cinderela Negra que ao principe encantou no Carnaval com seu esplendor"- para 0 enredo "A Grande Constelac;ao de Estrelas Negras". A trajetoria de Pinah foi lembrada pela Academicos de Tatuape, na homenagem Beija-Flor. Pinah respira carnaval 0 ano inteiro. Vive entre plumas, paetes, brilhos, adornos, cordoes e brocados do estoque do Palacio das Plumas, a loja que ela e 0 marido libanes Elias Ayoub, mantem em Sao Paulo ha decada~. Na entrada da loja, um manequim osterita a fantasia usada pela filha deles, Clauti1a, no desfile da Beija-Flor do ano passado. A jovem tambem e destaque e ama a esqtJla de Nilopolis. Pinah e celebridade dentro ¡ e fora da Beija-Flor, onde atualmente desfil! na ala da diretoria

a

Ala, PAULINHO MOCIDADE! Chegouuuu ... a hora! E preciso ser uma verdadeira expressao do samba para carregar no nome uma agremiac;ao: a Mocidade Independente de Padre Miguel, claro! E com 0 nome atrelado ao seu talento levar 0 samba pelo mundo todo. Atualmente, 0 sambista e compositor comanda 0 Samba do Paulinho, aos os saba dos, no Renascenc;a, 0 primeiro, unico e mais antigo clube social carioca aberto negritude. Cada semana, um convidado especial faz a diferenc;a na programac;ao comandada por Paulinho Mocidade. Por la ja passou muita gente boa. Paulinho foi a voz oficial da Mocidade Independente por muitos anos, contabilizados em idas e vindas. Na estreia, como interprete titular, em 1990, a escola foi campea com seu samba "Vira, Virou a Mocidade". Ja era integrante da Ala dos Compositores e classificou tambem os sambas-enredos ''Como era verde meu Xingu" e "Sonhar nao custa nada ... ou quase nada", este 0 mais votado no "Domingao do Faustao", como um dos melhores sambas de' enredo de todos os tempos, em 2007, escolhido entao para integrar 0 repertorio do CD de Dudu Nobre. Nos anos 2000/2001, foi titular do carro de som da Imperatriz Leopoldinense quando recebeu 0 Estandarte de Ouro, como melhor puxador de 2001. Paulinho Mocidade e 0 nome artistico de Paulo Costa Alves. Carioca de Bangu, jogador disputado por times do exterior e ex-fuzileiro naval ; Paolinho foi raptado pelo samba. Sem resgate!

a

NENEO, gratidao sempre renovada Aos 14 anos, Nelson de ~!. :; ;¡dis rilho e seus seis irmaos fica ram orfaos de pai - fundador da Unidos da Tijuca - e mae, e de luto pelo irmao cac;ula. Todos falecidos em menos de dois meses. A familia deixou Miguel, de oito anos, com Neneo. Moravam no Morro do Borel, na Zona Norte do Rio. Para sustentar os dois, Neneo engraxava sapatos, limpava um bar e lavava a escadaria de um predio. Nos intervalos, "fazia minhas musicas". E desnecessario que 0 compositor sinta inspirac;ao flor da pele, quando a vida Ihe cravou motivos no fundo de sua alma para

a

Fevereiro 20 17


extravasa-Ios em muslca. Neneo, porem, tinha inspira"ao menos doloridas e suas can"iies tambem acompanhavam 0 sabor da epoca. Ter suas composi"iies registradas por quem ele as imaginava cantando produziu um segundo cliche: a historia de bastidores de cada musica. Ate porque eles eram cantores famosos, tanto quanto, Sandy e Junior, Zeze di Camargo e Luciano, Alcione

,

samba do Cacique de Ramos, onde chegou levado por Beto Sem Bra"o. Como bom sambista de alma boemia, Toninho Geraes disputou sambas-enredo em algumas escolas. A consagra"ao veio com os sucessos de "Seu Balance", por Zeca Pagodinho e "Mulheres", gravado por Martinho da Vila - mais de um 1,5 milhao de CDs vendidos. o tema da can"ao chegou inesperadamente, assim que seu autor encostou 0 violao em um canto para resolver a vida. Toninho Geraes conta: "Foi 0 seguinte. Estava mais apertado que Sao Jorge em Lua Minguante, precisando fazer shows. So tinha conta para pagar, mas quando a gente pensa positivo, o universo conspira a favor. Comecei a procurar 0 cartao do empresario em uma gaveta on de so encontrei fotos de ex-namoradas! A pretinha, a loirinha, a moreninha ... Umas mais vel has, outras 1iIIi• • mais novinhas. Ai pensei: 'Caramba, ja tive mulheres de todas as cores e de etc. No livro "Can"iies, Compositores e varias idades'. Ai deu samba, ne (risos)?!". Cantores que marcaram 0 Brasil", Hilton Abi- Para quem teve mulheres de todas as cores, Rihan conta sua ousada perseveran"a para de todas as idades e muitos amores ... "Se a chegar ate Roberto Carlos e mostrar 'Quero fila andar" sugere um contraponto iI alma ter Voce perto de mim', tambem gravada por boemia do sambista mineiro. Das Geraes. Sergio Endrigo. Mais recentemente, Neneo apareceu com tudo, atraves da parceria com Paulinho Rezende na musica "Meu ebano", gravada por Alcione. Virou trilha da novela America, de Gloria Perez. Perseveran"a, talento e gratidao permitiram a Neneo retomar sua toda a familia. E assim seus tres filhos formaram-se em Medicina. TONINHO GERAES, 0 boemio voltou o sucesso que esta na boca do povo e "Alma boemia", de Toninho Geraes e Paulinho Rezende. A carreira artistica de Antonio Eustaquio Trindade Ribeiro, nascido nas 'Geraes', tem dois capitulos: um antes e, outro, depois de "Me leva" gravado por Agepe em1986. Foi batizado artisticamente como Toninho Geraes por Zeca Pagodinho, que conheceu no Pagode da Tamarineira, como os peladeiros chamavam a roda de

100

I

Revista Beija-Flor de Nilopolis

MARQUINHOS DE OSWALDO CRUZ, um dom plural Marquinhos de Oswaldo Cruz e 0 cara que nao deixa 0 samba morrer. Revitaliza as origens e tradi"iies de um canto suburbano carioca de rica cultura onde 0 jongo fez moradia e samba criou raizes: Madureira (Serrinha) e Oswaldo Cruz, bairro que homenageia com 0 sobrenome. 0 que Manacea e Argemiro da

www. beij~flor.(om . br


Portela ensinaram, tocaram e cantaram para 0 menino Marcos Sampaio de Alcantara, entao caixa da loja de materia is de constrUl;ao do seu pai, foi lapidado pelo dom do sambista, e 0 compositor e cantor Marquinhos de Oswaldo Cruz colocou na nossa linha do tempo, reavivando as memorias daquela dupla geogratica que virou 0 mapa da mina de sua arte, com a essencia 0 samba, 0 partido alto, samba de terreiro, samba de roda e samba enredo e, claro, 0 samba de raiz. Enfim, como ja disseram, Marquinhos refon;a a memoria e os valores do samba, abrindo assim um mercado as manifesta~iies populares, como agitador cultural. A viagem de trem feita por Paulo da Portela e outros negros sambistas que, no inicio do seculo, cantavam

para fugir da repressao policial, ganha status de programa~ao cultural oficial da Cidade Maravilhosa. 0 Trem do Samba, que faz parte das comemora~iies do dia nacional do Samba, tem Marquinhos como um dos motores. Artista de muitos dons e agitador de muitas manifesta~iies populares, como se pode ouvir ever, Marquinhos e plural.


[lUESITC GESTAC

,

CEZ. NCTA CEZ. HILTON ABI-RIHAN

,

Completando dez anos na presidencia da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), Jorge Castanheira esta mais do que inserido no Carnaval Carioca. Trabalhando na institui~ao desde os primeiros anos em diversas fun~iies, Jorge se tornou uma autoridade em carnaval.

e sera todo exibido pela lV, acabando umas 5h30, 6h da manha, que julgamos ser um bom horario, pois a transporte publico ja esta funcionando normal mente. E, alem disso, teremos a amplia~ao do corpo julgador. Serao seis cabines, teremos seis jurados para cada um dos nove quesitos", destacou Castanheira.

Sao decadas de trabalho para que a Maior Show da Terra mantenha a mesmo nivel de excelencia. 1550 56 se fez possivel com muito foco e apoio das escolas de samba, sobretudo .as que ajudaram a fundar a Liesa, em meados dos anos 1980.

Jurados. Um assunto que sempre causa debates nas rodas de conversa dos apaixonados por Carnaval. Sempre ponderado e reflexivo, Jorge comentou sobre essa polemica questao: "Estamos em constantes conversas com prefeitos (atuais e antigos). presidentes da Liesa (atuais e antigos) para que possamos sempre trabalhar da melhor forma, com as melhores profissionais. Os presidentes das escolas de samba delegam ao presidente da Liesa para escolher as jurados. Nos escolhemos pela capacidade tecnica, ligada ao assunto que vao julgar, e, evidentemente, a honra, a honestidade e 0 cqreter dessas pessoas sao importantissimos p,\ra que elas sejam escolhidas. A lisura e base do jul.9a~ento, nao tenham duvida disso. Ninguem estaria disposto a participar de um julgamento desses se nao fosse alga serio, pois Carnaval e coisa seria para muitas pessoas, uma grande responsabilidade". Entradas mais populares para assistir a desfile tambem e uma questao constante no universo do Carnaval. Esse debate vem com ainda mais for~a se considerarmos 0 momenta economico que 0 Brasil vive. Sem se abster do assunto, Jorge comentou a situa~ao. "Temos 0 Setor Zero, na Avenida Presidente Vargas, que comporta cerca de quatro mil pessoas. Eo um sucesso. No outro lado dessa questao, tem os camarotes que esse ano estao em um contexto diferente, depois de dais anos de

Nesses dez anos de presidencia, Jorge Castanheira esteve a frente de um periodo ainda mais profissional no Carnaval, liderando uma competente gestao. Diversas mudan~as no Carnaval foram presenciadas por Jorge Castanheira, quando nao implementadas pela sua administra~ao. Entre tantas, algumas recentes: "As escolas estavam fazendo quatro paradas tecnicas par desfile. Essas paradas estavam causando um desgaste na dinamica da passagem da escola na Avenida. Entao, nos unificamos dua s" cabines de jurados para que essas paradal se reduzissem e melhorasse a passagem da escola pelo Sambodromo. 0 outro ponto e que o tempo de desfile (que era de 82 minutos) foi diminuido para 75. 0 tempo minima e 65 e 0 maximo e 75. N6s da Liesa, junto com as escolas, entendemos que seria muito melhor para a Carnaval essa modifica~ao no tempo. Tambem, ao inves de 5 a 7 alegorias, teremos ate 6 alegorias, mas com uma acoplada, alem de um tripe, que pode vir com uma au duas pessoas em cima. Eo um laborat6rio, uma experiencia. Come~aremos os desfiles as 22h

102

Revista Beija-Flor de Ni lopolis

www.beija¡flor.com.br


crises agudas. Sem duvida, esse Carnaval vai ser um Carnaval desafiador por tudo 0 que o pais passa ou passou nos ultimos anos", frisou Castanheira. Carnaval e inovaÂŤ;iio. A Beija-Flor, escola que constantemente pro move novidades na Avenida, vem com mais ideias criativas para este ano. Jorge Castanheira elogia a postura da agremiaÂŤ;ao e pontua que a Liesa nao interfere na criatividade dos artistas de forma alguma - muito pelo contra rio. "Nao sei como vai ser 0 desfile da Beija-Flor. No ensaio tecnico nao tem fantasia, entao fica dificil de ter essa ideia. Contudo, os jurados tendem a avaliar e valorizar a criatividade do artista. As escolas seguem as regras do desfile. A Liesa nao interfere no processo criativo de ninguem. Nos damos a possibilidade para que eles sejam ainda mais inovadores. Isso que mantem 0 carnaval vivo. 0 jurado se baseia no manual do julgador e cada escola faz seu desfile usando sua criatividade", finalizou.

(

o presidente da liesa, Jorge Castanh eira .

A BEIJA-FLOR FESTEJA OCARNAVALSEMPRECOM ALEGRIA E MUlTO AMOR. POR ISSO ESTAMOS JUNTOS NESTA GRANDE FESTA, SEJA NA AVENIDA OU POR ONDE ELA FOR.

omundopira.com.br


" ~~~~~;~a~r~~

,

e-mail: ricardo@widebrasiLcom

Produ~ao

WID£BRASIL COMUNICAc;:1..0 INT£GRADA www.widebrasil.com Editores Ricardo Oa Fonseca Hilton Abi-Rihan Felipe Lucena Jornalista Respons3vel Ricardo Oa Fonseca, MTb RJ23267 JR Conselho Editorial Anizio Abrao Oavid Almir Reis Hilton Abi-Rihan Ricardo Oa Fonseca Ubiratan Guedes

,

·Reda~ao

Felipe Lucena, Hilton Abi-Rihan, Lorena Muniz, Mira Lopes e Ricardo Oa Fonseca. Projeto Grafieo R. Gatto Edi~ao e Tratamenfo de imagens Humberto Souza / Widebrasil Fotografia

Comereial Rosangela Melo Agradeeimentos Almir FranGa, Almir Reis, Andrea Dias, Bianca Behrends, Christina Leite, Claudia Raia, Edson Celulari, Eduardo Navarro, Haraldo Costa, lara Motta, Jorge Castanheira, Karla Savedra, Laila, Maria de Lourdes Goulart Pedro Reis, Raphael Reis, Waleria Villela. Grupo Arco-Iris, Instituto.,. Nacional do Cancer, Liga Independente das Escolas de Samba. , Revisao de Texto Adriana Oac Fotografia Henrique Matos, Humberto Souza, Luis Leite, Maria Zilda Matos e Ricardo Oa Fonseca. Eselareeimento A escolha e seleGao das fotografias que ilustram a ediGao 2017 da revista Beija-Flor de Nil6polis - uma eseola de vida, seguem criterios estritamente artisticos ejornalisticos (transmissao de uma determinada mensagem), ainda que de modo subjetivo, e nao indicam, direta ou indiretamente, preferencias especificas do GRES Beija-Flor de Nil6polis (ou de sua diretoria) e/ou da WideBrasil Comunica,ao Integrada par pessoas ou alas.

Revista Beija-Flor de Nilopolis

104 1

G.RE.S. BEIJA-FLOR DE. NILC>POLIS

Presidente de Honra: Anizio Abrahao David Diretoria Exeeutiva: Presidente Executivo Administrativo - Ricardo Martins David Secretaria da Presidencia - Raphael da Costa Reis Vice-presidente Administrativo - Almir Jose dos Reis Diretor Administrativo - Jose Renata Granado Ferreira Vice-presidente de Marketing - Renata Adalberto de Oliveira Diretor de Marketing - Leonardo Durao Uchoa Vice-presidente de Finan,as - Jose Antonio Gon,alves Pinto Diretor de Finan,as - Marcos Reis Fernandes Vice-presidente de Patrimonio - Jorge da Cunha Veloso Diretor de Patrimonio - Alexandre da Silva Esposito Vice-presidente Social e Recreativo - Nelson Alexandre Senna David Diretor Social e Recreativo - Fabiano Lucio Campos Lima Vice-presidente Juridico - Carlos Alberto Diogo de Souza Diretor Juridico - Paulo Roberto Ferreira de Oliveira Vice-presidente de Esportes - Elan Pereira Santiago

Vic,.e-presidente de Comunica,ao e Divulga,ao - Natalia Louise Sa~tos Lima de Almeida • Vice-presidente Cultural e Artistico - Fran Sergio de Oliveira Santos Diretor Cultural e Artistico - Cristiano Claudio Gon,alves Vice-presidente de Carnaval- Luiz Fernando Ribeiro do Carma Vice-presidente de Integra,ao Comunitaria - Abraao David Neto A revista Reiia-Flor de Nilopolis \ - "rna escola de vida, ISSN 1678-3611, e uma publica,ao oficial do Gremio Recreativo Escola de Samba Seija-Flor de Nil6polis e produzida pela WideSrasil Comunica,ao Integrada Uda. As opini6es emitidas nas entrevistas concedidas e as textos assinados sao de responsabilidade de seus autores, nao refletindo, necessariamente, a posi,ao dos editores nem da agremia,ao. Epermitida a reprodu,ao parcial ou total das materias, des de que citada a fonte. Fevereiro de 2017 - Tiragem: 60 mil exemplares

www.beija-flor.com.br


-

CONSTRUCAO Av. Ooulor Mario Guimaraes 428 sala 1018 Nova Iguayu - CEP: 26.255-230 e-mail: xangelacosla@gmail.com

,..

,



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.