Revista da Beija-Flor 2019

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missao dada ...

Ricardo Oa Fonseca e Hilton Abi-Rihan

Completamos, nesse carnaval, nossa 18' edi~ao da revista da Beija-Flor de Nilopolis - uma escola de vida. Para nos, uma grande vitoria profissional tanto pelo que nos propusemos, como editores, a oferecer a voce leitor, como pelos desafios que superamos tambem para poder manter essa publica~ao viva e disponivel a todos.

Elogico que esses 18 anos ininterruptos de publica~ao

se devem primeiramente ao patrono da Anizio, pel a sua obstina~ao em ana apos ana nao deixar a "peteca cair" e fazer, pessoalmente, questao de que a produ~ao da revista nao tivesse sua regularidade interrompida a despeito de qualquer incidente ou acidente. agremia~ao,

E foi 0 que fizemos. Quando Anizio nos passou esse bastao, tambem nao deixamos a peteca cair e a cada ana fomos buscando nos superar, aproveitando essa privilegiada oportunidade que recebemos de levar ao leitor do Brasil e do mundo inform a~iies sobre nossa cultura, sobre 0 Carnaval e sobre a mais importante escola de samba da atua lid ade.

desafio e que confiou em nossa capacidade de executar essa missao da melhor maneira. Dezoito anos nos parece uma prova indubitavel de que estamos respondendo as expectativas daquele que nos confiou essa missao. Logico que esse reconhecimento nunca nos impediu de ouvir outras opiniiies e buscar melhorar a revista, afinal, 0 primeiro passo para 0 fracasso come~a com a arrogancia de se sentir infalivel. Sentimo-nos orgulhosos, nao ha duvidas, pelo que construimos. Frustrados, as vezes, por nem sempre termos conseguido alcan~ar as nossas proprias expectativas. Nao somos amadores. Carregamos, cada um de nos, editores, mais de tres Mcadas de trabalhos ininterruptos na area da comunica~ao. E e por isso que exigimos muito de nos e continuamos, ano a ano, buscando alcan~ar 0 inatingivel ponto de perfei~ao.

A nosso favor, a alegria de, ao longo desses anos, termos oferecido ao leitor um canal exclusivo de expressao e ensinamentos de pensadores como Boni, 0 mestre da comunica~iio; de Ricardo Azevedo, vencedor do premio Jabuti; de Eduardo NaNunca economizamos esfor~os para produzir e levarro, autor do Metodo Moderno de Tupi Antigo e var aos nossos leitores uma publica~ao diferenciado Dicionario de Tupi Antigo, alem das abordagens da, que ultrapassasse os limites do entretenimento dos especialistas em Carnaval Felipe Ferreira, Hasuperficial. Por essa razao, buscamos auto res roldo Costa e Maria Augusta Rodrigues. Isso sem renomados e premiados, muitas vezes desconhe- falar no regaste da entrevista realizada pelo nosso cidos do grande publico, para levar informa~iies editor Abi-Rihan com 0 cantor Roberto Carlos no e reflexiies mais profundas mesmo que a partir inicio da sua carreira - uma entrevista limpa, on de do universo do Carnaval e da cultura popular. Por o artista trata de questiies que hoje em dia, pelas essa ousadia, muitas vezes fomos acusados, pelos injun~iies do mercado, jamais falaria. incautos, de "uma revista com muito texto" ou Enfim, em um ana de resgate de historias, senuma revista "com textos dificeis de se ler". timo-nos muito felizes de estar aqui com voces, Sabemos como e dificil equilibrar interesses. Mas leitores, em mais essa edi~ao, tentando, da nossa se tem uma coisa que se fortaleceu em nossas con- maneira, mostrar um pouco de como e grande e vic~iies e que quanto nos dao uma missao devemos essencial ao cora~iio essa grande festa chamada responder primeiramente a quem nos confiou esse Carnaval.



beija-flor de nil6polis. uma obra de muitos.

Anizio A. David

No Desfile que se aproxima, vamos resgatar historias e reverenciar momentos construidos pel a Beija-Flor de Nilopolis no Carnaval Carioca. Iremos relembrar enredos maravilhosos e que levantaram 0 publico presente. Desfiles que conquistaram titulos e reconhecimento dos jurados pela sua beleza, criativida de e for~a - alimentada por essa comunidade que pulsa samba e Beija-Flor.

o Desfile

deste ana me enche de alegria e orgulho, porque a cada bailado do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, a cada pirueta dos passistas, a cada batida da bateria, muitas lembran~as brotam da minha memoria. De tempos em que 0 mestre Cabana cantava nossos sambas na quadra ... Dos tempos em que Marlene e as meninas da regiao animavam 0 desfile com a Ala das Ca~ulas ... Das composi~iies de Bira Quininho e Wilson Bombeiro ... Da alegre cria~ao de Joao Trinta - algumas vezes carregada de conflitos, sempre contornaveis. Do sucesso que foi 0 encontro entre Pinah e 0 prin cipe Charles ... Da organiza~ao de Laila e da instala~ao da primeira Comissao de Carnavalescos ... Lembran~as do dia que vencemos 0 Desfile do Grupo 1 com "Sonhar com rei da leao". Historias na minha mente nao faltam. Lembro de todas. Ou quase todas. Mas uma coisa que papai do ceu nunca me fez esquecer e que toda essa historia que a Beija-Flor de Nilopolis construiu nao teve um unico realizador, nem um unico dono. Nossa historia - de derrotas e vitorias - sempre foi construida por todos. Cada componente, cada diretor, cada fa, deram a sua participa~ao para a constru~ao desta grande historia, que agora apresentamos a voce, foliao. Se ha algo que posso agradecer na vida, e ter a familia que tenho e poder ter tido 0 privilegio de viver minha vida ao lado da Beija-Flor de Nilopolis. Obrigado papai do ceu. Obrigado a cada um de voces que, nestes ultimos 70 anos, construiram uma improv<lvel historia de amor e de conquistas. Viva a Beija-Flor de Nilopolis!


CONJUNTO AMERICANO ABSOLUT SPRING o cdcAiio- dM;, ~


OS MELHORES SAMBAS SAO INSPIRADOS PELOS MELHORES SONOS. Uma empresa 100% nacional , que investe cada vez mais para dar o melhor sono para todos os que vivem , apreciam e se emocionam com 0 samba.

COlCHoes

Ol-lol <MI. 1/3 de sua vida

voce passa sobre e/e


13idpl-ftOr de Nilopolls

Arevista Beija- Flor de Nilopolis - uma escola de vi da, ISSN 1678-3611, ~ uma publica~ao oficial do Gremio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Ni16polis e produzida pela Luneta Comunica~ao e Editora ltda, CNPJ 16.611.797/0001-01. As opiniaes emltidas nas entrevistas concedidas e os textos assinados sao de responsabilidade de seus autores, o;io relletindo, necessariamenle, a posi~ao da editora ou da agrem la~ao.

Epermltida a reprodu~ao parcial ou total das materias, desde Que citada a fonte. Mar~o de 2019 - Tiragem: 20 mit exemplares

Produ~ao

LUNETA~~:~,:~~o~EDtTORA e-mail: faleconosco@editoralunela .com Whatsapp: (21) 9 9776-2554

Editores Ricardo Da Fonseca Hilton Abi-Rihan Jornalista Responsavel Ricardo Da Fonseca, MTb RJ23267 JR Conselho Editorial Anizio Abrao David Almir Reis Hilton Abi-Rihan Ricardo Da Fonseca Ubiratan Guedes Reda~ao

Felipe Lucena, Hilton Abi-Rihan , Miro Lopes , Ricardo Da Fonseca e Viviane Biteti. Projeto Grafico R. Gatto Tratamento de imagens Humberto Souza G _R.E .S. BEIJ/I.-FLOR DE NILC>POLIS

Revisao de Texto Viviane Biteti

Presidente de Homa: Anizio AbraMo David Diretoria Execuliva Presidente Executivo Administrativo - Ricardo Martins David Secretario da Presidencia - Raphael da Costa Reis Vice-Presidente de Finan~as - Marcos Reis Fernandes Vice-Presidente Administrativo - Almir Jose dois Reis Vice-Presidente de Patrimonio - Jorge da Cunha Velloso Vice-Presidente de Integra~ao Comunitaria - Abraao David Neto Vice-Presidente de Marketing - Leonardo Durao Uchoa Vice-Presidenle de Comunica~ao e Oivulga~ao - Natalia l.S.l. de Almeida Vice-Presidente Cu~ural e Artistico - Bianca Vaz Behrends Vice-Presidente Social e Recreativo - Nelson Alexandre Sennas David Vice-Presidente Juridico - Carlos Alberto Diogo de Souza Vice-Presidente de Esportes - Elan Pereira Santiago Direlor Administrativo - Jose Renato Granado Ferreira Direlor de Finan~as - Alexandre da Silva Esposito Direlor de Patrimonio - Lenite Honoria Pessoa Direlor Cultural e Arlistico - Hugo Leonardo Ribeiro de Oliveira Direlor Social e Recreativo - Marcelo Lulz Baptista da Rosa Diretor Juridico - Paulo Roberto ferreira de Oliveira

Revista Seija-Flor de Nilopolil

Atendimento Comercial Rosangela Melo Fotogratia Danilo Tavares, Eduardo Hollanda, HenriQue Matos, Humberto Souza, Jocenir Lopes, Luis Leite, Maria Zilda Matos e Ricardo Da Fonseca. Agradecimentos Almir Reis, Anderson Machado, Andre Castro, Bianca Behrends, Christina Leite, Haroldo Costa, Jose Bonifacio de Oliveira Sobrinho (Boni) , Luciana Rabello, Marco Navega, Maria Augusta Rodrigues, Maria de Lourdes Goulart e Pedro Aragao. Esclarecimento A escolha e sele,ao das fotografias Que ilustram a edi,ao 2019 da revista Seija-Flor de Nilopolis - uma escola de vida, seguem criterios estritamente artisticos e jornalisticos (transmissao de uma determinada mensagem), ainda Que de modo subjetivo, e nao indicam, direta ou indiretamente. preferencias especificas do GRES Beija-Flor de Nil6polis (ou de sua diretoria) e/ou da Luneta Comunica,ao e Editora Uda. por pessoas ou alas.

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nossa heran~a: cuidarmos uns dos outros

Ricardo Abrao presidente administrativo

o ana de 2019 chegou e depois do desfile epico do ana passado, pulsa uma vez mais em nossos cora~oes aquela vontade de gritar e campea! A alma da Beija-Flor e a nossa comunidade, que hoje ultrapassa os limites do municipio de Nilopolis, do estado e do Brasil, colocando nossa cidade no cenario cultural do Brasil pelos be!issimos enred os apresentados - sejam .eles campeoes ou nao. Assim e a nossa escola: uma campea nao so nos carnavais, mas na promo~ao da arte e da cultura, ao possuir em cada componente 0 brilho necessario para fazer Nilopolis reluzir no mundo. Nada mais justo, en tao, que celebrar nesse contexto com 0 enredo: "Quem nao viu vai ver ... as fabulas do Beija Flor". Desde pequeno, aprendi por heran~a da minha familia a amar nossa escola. Vivi muitos momentos emocionantes e aprendi que temos que cuidar do nosso Carnaval e tam bern da nossa comunidade, guerreiros que fazem parte da familia Beija-Flor.

Epor isso que a nossa escola mantem projetos sociais desde 0 inicio: porque acredita que o Carnaval urn elemento transformador, capaz de gerar emprego, renda e modificar em definitivo a vida das pessoas, indo muito alem dos quatro dias de folia.

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Esse sucesso alcan~ado tern urn grande !ider. Meu tio e presidente de honra da escola, Anizio Abrahao David - urn entusias-

ta do mundo do samba - que por esse amor incondicional nos orienta constantemente para que a Deusa da passarela fa~a sempre carn avais memoraveis. Seu amor pela escola passou de pai para filh o e hoje temos ao nosso lado meu primo Gabri el David . Nao posso deixar de registrar aqui, com muito orgulho, 0 trabalho realizado pelo meu pai Farid Abrao como presidente administrativo por muitos anos, deixando urn legado de muita s conquistas. A Beija Flor uma f amilia da qual tenho a honra de f azer parte, e ve-Ia con tar sua historia neste Carnaval sera rea lm ente urn momenta extrema mente marcante para todos nos!

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Desejo muito sucesso e tenho convic~ao de qu e vamos buscar 0 bicampeonato.


Quem nao viu vai ver ... As fabulas do 8eija-Flor Samba-en redo composto por Di Menor, Julio Assis, Kirraizinho, Diego Oliveira, Fabinho Ferreira e Diogo Rosa, Dr. Rogerio, Carlinhos Ousadia, Marcio Franla, Kaka Kalmao, Jorge Aila, Serginho Aguiar . . Interprete olicial . Neguinho da Beija-Flor

Oh Deusa! Tem festa no meu cora~ao Desfilo toda gratidao Razao do meu cantar Aluz do meu viver

oque seria de mim sem voce? Nascido feito rei menino Em ninho de amor ehumildade

Meu Pai direcionou 0meu destino Voar nas asas da felicidade Earrisquei um v60 nesse lindo azul Um mundo encantado pude recordar Em fabulas bordei afantasia

Esaudade que mareja 0meu olhar Herdeiro dessa terra me tornei Cantei nossos recantos, tradi~6es Sou eu aquele festival de prata Que na pista arrebata tantos cora~6es

Revista Beija-Flor de Nilopolis


666 Axe que no sangue herdei No meu quilombo, todo negro erei Abre asenzala! Abre asenzala! Nesse terreiro 0 samba eavoz que nao cala Cresci, ouvindo acordes entre doces melodias Abela dama retratada em poesia e0 canto de crista I Asimplicidade no amor, aquele beijo na flor Fez mais um sonho real Patria amada da ganancia Eu pedi socorro pelos filhos teus Algoz da intolerancia Mesmo proibido, fui avoz de Deus Toda essa grandeza, vem da nossa gente Que esquece ador e s6 quer sambar , Epor esse amor Quero meu valor me faz brilhar Comunidade me ensinou Aser apaixonado como eu sou Ontem, hoje, sempre Beija-Flor

Mar,o 2019

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Quem Nao Viu Vai Ver ... As Fabulas do Beija-Flor.

Mira Lopes jornalista e produtor cultural

Ismael Silva, quando nomeou a Deixa Falar, como escola de samba, certamente nao imaginava que tinha acertado ao comparar aquelas reuni6es de sambistas no Largo do Estacio, com a Escola Normal que existia ali perto. Focalizando personagens, fatos historicos e temas politico-socia is, as escolas de samba sempre exerceram, ludicamente, uma atividade academica. Na Beija-Flor, a primeira aula ficou por conta de Cabana com 0 "Dia do Fico". Depois vieram outras 'aulas' mais. Ministradas em ritmo de samba, com percussao e ilustradas com alegorias e fantasias.

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Da Historia fabula, a imagina~ao dos carnavalescos nao encontra abismo. Se uma tem um carater de registro e memoria dos fatos, a outra sustenta sua narrativa numa conclusao moral que sempre define pontos Hicos que sao os pilares da sociedade. A constru~ao do enredo comemorativo dos 70 anos do Gremio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilopolis levou a Comissao de Carnaval a mergulhar fundo nesses dois pontos: a trajetoria da escola, suas glorias e conquistas, e os ensinamentos que fabulosamente possam encerrar cada tema abordado ao longo desse periodo. Quem nao viu, vai veri A concep~ao de um enredo exige "uma extensa pesquisa e um grande trabalho, principalmente no caso do nosso, que retrata os 70 anos dessa jovem senhora, que e a Beija-Flor de Nilopolis. A ideia do enredo e do seu Anizio e coube a nos desenvolver 0 enredo de forma que puMssemos mostrar os momentos de gloria que a nossa agremia~ao construiu na Avenida", afirma 0 carnavalesco Cid Carvalho. "0 principal ponto foi a decisao de agruparmos os enredos por tematicas. Resolvemos

que teriamos um setor so com enredos de temas infantis; outro, enredos regionais, que retrataram cantos e recantos, nossa fauna, nossa flora, enfim. Depois agrupamos todos os que fazem homenagem aos icones da nossa cultura - Margaret Mee, Bidu Sayao e Roberto Carlos - e, no final, os enredos que retrataram as mazelas que pouco a pouco destroem nosso pais e nosso povo. Os enredos sao cronologicamente divididos dentro do setor. Por exemplo, 0 setor afro come~a com primeiro tricampeonato que e 'A cria~ao do mundo na tradi~ao Nago' (1978) e ate Guine Equatorial, campea em 2015. Evidentemente, passando todos os enredos que tiveram a tematica afro como fio condutor. E ai sim, dentro de cada setor, ha cronologia". Um trabalho produzido em grupo deixa sempre uma marca individual do talento dos seus componentes. Esteticamente, e nas fantasias que esta o carimbo de Cid Carvalho, que retornou casa para se fazer novamente campeiio com "Monstro e aquele que nao sabe amar".

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E Cid acrescenta: "a Beija-Flor de Nilopolis e uma escola que tem uma trajetoria magnifica, que revolucionou diversas vezes 0 Carnaval, nos apresentando momentos de luxe extremo e de extrema criatividade. Fazer parte disso tudo, sinceramente, e para mim uma grande honra. E se 0 resultado e sempre consequencia do trabalho que se faz, a gente sabe que 'jogo e jogo" e 'treino e treino'. Entao, podemos dizer que para 0 nosso caso, 'desfile e desfile', e por isso a gente nao pode antecipar muita coisa que vamos levar para a Sapucai, mas se 0 exito de um titulo faz jus ao nosso trabalho enquanto artistas, faz, tambem, jus historia dessa agremia~ao maravilhosa. Por isso, todos

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Fevereiro 2018

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estamos nos empenhando para apresentar ao pub lico um desfile deslumbrante." Con tar 70 anos de historia, 65 anos de desfiles no Carnaval carioca, 14 vitorias, dois tricampeonatos (1976/78 e 2003/2005) e algumas decep~iies num desfile de 75 minutos ao Ion go de 700 metros e sempre um desafio. Diante dessa proposta, 0 carnavalesco Vitor Santos diz que "a dificuldade que nos temos e tentar colocar num Carnaval essa grandeza toda que e a Be ija-Flor de Nilopolis. A gente tem alguns enredos que vao ser retratados no chao, mas a gente sabe que alguns enredos vao ficar de fora - como Ratos e Urubus - pelo fato que nao comporta rem no desenvolvimento que construimos. A dificuldade e essa: a gente nao conseguir colocar todos os enredos, e ao contra rio do que mu ita gente possa achar, nao vamos apresentar novamente 0 que ja foi visto". Ha uma grande novidade que esta sendo trazida neste Carnaval: "as fabu las que serao apresentadas nos carras, que trazem uma mensagem educativa, e ai fortalece a caracteristica de a esco la de samba ser uma verdadeira escola que ensina as pessoas, trazendo uma visao de vida, uma preocupa~ao com a sociedade, atraves das fabu las de Esopo reapresentadas nos ca rros. Sao historias curtas com um fu ndo moral", como sao as f<ibu las.

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Quanto cria~ao, Vitor e um artista que procura sempre se renovar. Carnavalesco campeao e mestre do tra~o e das cores, ele esta sempre buscando estimulos, alem da proposta do enredo, dentro das coisas que gosta e que possa empo lga - Io a fazer um traba lho de qualidade: "e mais uma ca racte ristica pessoa l minha. Espiritual, eu acho. Entao eu tenho que buscar a minha inspira~ao em mim mesmo para realizar um bom trabalho", confessa convicto. Mesmo estando ha 15 anos na Beija-Flor, a cientista social e pesquisadora Bianca Behrends, nao encontrou facilidade pelo fato de, obviamente, nao ter participado de

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Revisla Beija¡Flor de Nilopolis

varios projetos, mas exulta "esse talvez tenha sido um dos trabal hos mais prazerosos e uma oportunidade de eu me aprofundar na historia da escola, pavilhao que eu tenho a honra de representar e defender". A despeito de 0 trabalho ser destin ado ate para 0 acervo interno do que a pesquisa externa, de livros, ou sites oficiais, para Bianca, "0 desafio foi condensar tantas informa~iies cultura is quanta plasticas - ai e parte dos outros meninos da comissao de Carnaval - como e que iamos ajustar isso numa (mica fantasia. E alem de descrever a fantasia, que e 0 material que o jurado precisa para avaliar de acordo com 0 regulamento a concep~ao e execu~ao, no caso, do quesito fantasia. Entao pegamos todos os textos originais, as introdu~iies, as sinopses, as

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justificativas, as letras oficiais dos sambas enredos para que, mesmo aquele componente que nao acompanhou e nao viveu aquele Carnaval, saiba que aquilo ja foi visto em algum lugar e para quem reconhecer e mesmo para mexer com memoria afetiva e tentar reviver essa emo~ao na avenida. E manter viva a memoria e a historia da escola. Este, como ja esta meio intrinseco, nos nao estamos Beija-Flor, nos somos Beija-Flor. Estamos levando para a avenida uma historia que a gente vive. Esta na nossa carne. Entao, quando e um novo, ele sempre e mais desafiador. Este foi com certeza mais prazeroso. E a responsabilidade de contar com precisao, com maestria, uma historia de gloria, de honra, enfim, num ano de celebra~ao tao marcante para a escola". OLeo Midia nao esconde seu contentamento pela comissao ter gostado da baianinha que ele idealizou. Ea participa~ao mais individual do carnavalesco na concep~ao de uma pe~a dessa gigantesca historia. Com um curriculo ancestral, ~ Leo e cria de Nilopo~i lis, neto de uma das "'-.:) baianas mais antigas, Dona Edith Jesus, "esse amor que ela ~ tinha pela Beija-Flor ~ de Nilopolis era dela. Unico. Lindo. E ela, com sua generosidade, transferiu para a familia toda. Desde que voce come~a a saber 0 que quer, eu sempre quis ser Beija-Flor. A vida da nossa familia e a Beija-Flor de Nilopolis", confirma. Empolgado com 0 enredo, Leo ja acostumado com os desafios nao viu dificuldades em executar 0 atual enredo na parte que Ihe cabe. "Sempre achei que a escola

- nao so as outras, como recentemente a Tatuape de Sao Paulo fez - tinha que contar sua historia. A hora e esta. Sou um apaixonado pela Beija-Flor de Nilopolis. Entao, levar para a Avenida a historia da minha agremia~ao de Carnaval - que tanto amo _ para mim

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exultou. "A constru~ao do enredo e um trabalho em conjunto da comissao; cada um propoe uma coisa. Aqui e ali. Algumas ideias ficam boas, outras nao; ficou 0 que interessou a narrativa dos 70 anos da escola. Nao tem nada mais maravilhoso do que exaltar os grandes carnavais e os momentos apresentados ate hoje. Mostrartudo que Beija-Flor de Nilopolis fez e proporcionou ao grande publico num so desfile, tambem representa uma homenagem e uma exalta~ao ao trabalho de todos os que participaram de sua trajetoria desde seu primeiro desfile ate hoje. Fico feliz em participar desse momento", comentou 0 carnavalesco Rodrigo Pacheco, que faz parte da comissao ha quatro anos. Rodrigo e Leo sao aqueles profissionais, que ficam quase sempre no anonimato de sua humildade, mas reconhecidos pelo talento de agregar diferen<;a na execu~ao de protOtipos e na finaliza~ao das alegorias e fantasias, com 0 esmero e paciencia do artesao e a sensibilidade do artista que respeita a cria~ao original e seus autores. Mar\o 2019

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No que se refere a concep~ao e dire~ao artistica do Desfile da agremia~ao, a Beija-Flor conta com a experiencia do ator Anderson Miiller e do coreografo Marcelo Misailidis que, juntos, pretendem levar um pouco da visao que construiram em Mcadas de vida profissional servindo aarte e acultura, para oferecer um espetaculo forte, capaz de mexer com as.emo~iies do grande publico. Segundo Marcelo, "E uma honra muito grande estar a frente de um projeto que vai homenagear os 70 anos da escola. Eum momento historico, um momenta de comemora~ao e essas ocasiiies geram sempre uma responsabilidad e extra porque envolvem, alem da paixao da grande torcida e de tudo que envolve a historia da Beija-Flor, todo esse legado de importantes momentos de grandes desfiles da Beija-Flor que estao guardados na memoria das pessoas. Entao ha uma expectativa de visitar essas emo~iies e ao mesmo tempo renova-Ias. Essa talvez seja a situa~ao que exija mais de nos. Trazer essas emo~iies que estao presentes na memoria e revita Iiza-Ias".

para 0 Carnaval essa concep~ao de espetaculo - acreditamos que 0 Carnaval cada vez mais se aproxima do publico nessa expectativa de espetaculo, que envolve a questiio do canto, da dan~a, da indumentaria e a questiio do proprio interprete diante das questiies cenograficas e como is so se articula de modo unico. Entao, isso e praticamente um musical a ceu aberto. Ao ar livre. Entao, vamos tentar passar para 0 Carnaval essa vivencia que a gente tem de espetaculo, que 0 Carnaval cada vez mais caminha para essa dinamica. Euma coisa que funcionou muito bem no ano passado. De um certa forma, a gente esta potencializando essa dina mica", conciui.

A imaginar 0 resultado dessa parceria, que ja vem do Desfile de 2018, a expectativa e que a Beija-Flor de Nilopolis leve para a Avenida um desfile performatico e sensivel. "Nossa parceria e uma coisa extremamente motivadora porque a gente esta tentando passar justa mente

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Revis!a Beija-Flor de Nil6polis

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0 BLOCO DQS ANIMAlS

ALA: COMISSAO DE FRENTE © rT~ RESPONSAVEL: MARCELO MISAILIDIS V 11 COMPONENTES: 15 Descri~ao: Era dia de Natal, quando foi fundado, ha 70 anos atras, 0 que viria a se tornar 0 G.R.E.5. Beija-Flor de Nilopolis. Surgia naquela tarde, urn bloco que ainda nao possuia nome, ate que Dona Eulalia, mae dos ritmistas fundadores, ao ver que n n n se aproximavam beija-f1ores de uma arvore, su~ geriu dar 0 nome de "Beija-Flor" ao bloco. A partir da funda~ao da Beija-Flor, nasce a inspira~ao tematica da Comissao de Frente, levando em considera~ao que toda narrativa feita por urn animal ou ser da natureza que ganhe caracterisc;;:::J ticas psicologicas ou comportamentais humanas ~ narra uma fabula, estamos aqui diante de mais uma nova f:ibula. Como pano de fundo, partimos da emblematica obra de Seans Sans, "0 Carnaval dos Animais", c;;:::J que se adapta precisamente a esta recria~ao fa~ bular intitulada aqui de "0 Bloco dos Animais". Em primeiro plano, uma revoada de beija-flores representando a inspira~ao que d:i nome ao bloco; na sequencia, a bicharada invade a Avenida, numa a~ao que remete ao primeiro titulo da Beija-Flor, no ana de 1976, abordando a tematica do jogo do bicho. Varias dessas personagens virao a seguir como protagonistas das f:ibulas ilustradas em alegorias deste enredo: "Quem Nao Viu Vai Ver - As Fabulas do Beija-Flor", que ilustra os 70 anos de Ii:? historia da Agremia~ao, e ao mesmo tempo, recria ~ a cena que da origem ao atual G.R.E.S. Beija-Flor ~ de Nilopolis, numa a~ao que une fatos

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reais uma abstra~ao infantil retratada como as belas Fabula de Esopo.

CASAL DE BEIJA-FLORES ENCANTADOS BAILANDO ERODOPIANDO PELOS ARES ALA: 10 CASAL MS EPB CLAUDINHO SOUZA ESELMINHA SORRISO RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 02 Descri~ao: 0 celestial casal de beija-flores encantados - ele, 0 narrador-personagem, ela, a ave consagrada soberana - cruza a pista bailando e rodopiando pelos ares, conduzindo 0 Pavilhao e apresentando essa viagem fabulosa de exalta~ao aos 70 anos de historia da Agremia~ao nilopolitana.

oJARDIM DAS MARAVILHAS

ALA: ALA DAS CRIAN~AS / COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~iio COMPONENTES: 149 Descri~ao: Urn apanhado de enredos da BeijaFlor que remetem lembran~as ("Vovo e 0 Rei da Saturnalia na Corte Egipciana" - 1977) e tambem tematicas ludicas e infantis ("0 Paraiso da Loucura" - 1979 e "0 Sol da Meia-Noite, uma Viagem ao Pais das Maravilhas" - 1980). Urn mergulho no universo encantado das fabulas no mundo magico de urn Beija-Flor nascido feilo 0 Rei Menino.

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Carro Abre-Alas I Alegoria 01 "0 Vento Norte e 0 Sol"

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RIO QUATRO SECULOS DE GLORIAS (1970) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 70 Descri~ao:

Uma homenagem aos Quatro Seculos de Glorias do Rio de Janeiro, apresentado sua beleza natural exuberante, a qual e retratada tambem pelo olhar e pelas maos singulares do pintor frances Jean-Baptiste Debret; que atraves das suas magnificas obras de arte, registrou, de forma primorosa e preciosa, acontecimentos historicos e de conota~ao etnognifica do Rio colonial.

encantados da Ilha de Marajo, retratando a paje- ~ lan~a cabocla e propagando as cren~as e 0 folclore ~ do Estado do Para, ao difundir sua missao de curar o mundo evocando a energia do povo de Aui. Do Girador nasceu 0 "Patu-Anu", 0 grande misterio do mundo das aguas, 0 utero sagrado; sendo um c::;-;:::;l dos principais Caruanas, 0 Beija-Flor.

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FANTASIA: ARAXA, LUGAR ALTO ONDE PRlMEIRO ~ SE AVISTA 0 SOL (1999)

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BAHIADOS MEUS AMORES (1972) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 70 Descri~iio:

Em 1972,0 Beija-Flor tornou-se trovador para reverenciar as tradi~iies e os encantos da "Bahia dos Meus Amores", terra de Sao Salvador. Bahia, bela e fascinante, das catedrais e romarias, da lavagem das escadarias, da fe, do axe, da mandinga e do patua; das cores e sabores que vao do cacau a pi menta. Como e linda ver as Baianas nas cal~adas, bem arrumad.as, equilibrando seus tabuleiros sobre as cabe~as e cantando para vender: "Olha 0 mungunza! Olha 0 doce ioio, olha 0 doce iaia!"

FANTASIA: 0 GIGANTE EM BER~O ESPLENDIDO (1984) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~i\O COMPONENTES: 70 Descri~ao: Um enredo de exalta~ao ao Brasil, desde quando os portugueses navegavam rumo as indias e, sonhando com riquezas, tiveram uma surpresa do destino ao se deparar com terra a vista: era "0 Gigante em Ber~o Esplendido" (1984), esbanjando beleza! Natureza exuberante, verde selva estonteante, cuja brasilidade presente em flores e bananas fizeram pulsar com al egria 0 cora~ao.

Em 1999, a Beija-Flor cantou Araxa, bela recanto de Minas Gerais, paraiso hospitaleiro onde do alto se avista 0 sol primeiro. A chegada da Familia Real -e a descoberta das propriedades medicinais e curativas das aguas da regiao, fonte de conhecimentos para a ciencia, fomentaram o turismo na regiao, instituindo um novo cicio economico na cidade, 0 qual esta intima mente ligado ao mito de Dona Beija, codinome de Ana Jacintha de Sao Jose.

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FANTASIA: MANOA, MANAUS, AMAZONIA, TERRA SANTA: ALIMENTA 0 CORPO, EQUILIBRA AALMA E~ TRANSMITE APAZ (2004) t>ALA: JOVEM FLU CRIA~i\O ! COMERCIAL RESPONSAvEL: SERGIO AYUB ALA: KARISMA CRIA~AO! COMERCIAL ~ RESPONSAvEL: BRUNO FALCAO THIAGO TELES COMPONENTES: 80 ~ Descri~ao: 0 enredo consagrado blcampeao em t>2004 abordava a lenda do Eldorado - a suposta existencia de uma cidade repleta de ouro perdida em meio a densa floresta - exaltando que a verdadeira riqueza desse paraiso amazonico sao a nossa fauna, as nossas belezas naturais e as nossas riquezas minerais; um canto de fe em homenagem nossa rica biodiversidade, que devemos preservar.

a

FANTASIA: 0 VENTO CORTA AS TERRAS DOS PAMPAS - EM NOME DO PAl, DO FILHO E DO ESPIRITO GUARANI. SETE POVOS NA FE ENA DOR ... FANTASIA: 0 MUNDO MISTICO DOS CARUANAS NAS SETE MISSOES DE AMOR (2005) AG UAS DO PATU·ANU (1998) ALA: COMUNlDADE

ALA: ALA DAS BAIANAS! COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES 80 Descri~ao:

Em 1998, "Mundo Mistico dos Patu-Anu", e mostrou apresentar um enredo

a Beija-Flor viajou pelo Caruanas nas Aguas do a for~a do seu samba ao que exaltou a cultura dos

RESPONSAvEL: DlRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 94

Descri~ao: 0 enredo de 2005 consagrou 0 segundo tricampeonato da Beija-Flor, com uma exalta~ao as missiies dos jesuitas que vieram de alo~ m-mar com a for~a da fe catequisar e civilizar os indios Guarani que habitavam as terras dos Pampas, a

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chamada Yvy Maraey - "terra sem males" - e eram habeis artesaos de pe~as esculpidas em madeira, as quais geralmente retratavam os animais e a natureza da regiao missioneira.

FANTASIA: MACAPABA - EQUINOcrO SOLAR VIAGENS FANTASTlCAS AO MEIO DOMUNDO(2008) ALA: DOS ~EM CRIACAO / COME.RCIAL RESPONSAVEL: TEREZINHA SIMOES SOARES ALA: AMA~ EVIVER CRIACAO / COMERCIAL RESPONSAVEL: TEREZINHA ALVES DA COSTA COMPONENTES: 80 Descri~iio:

Em 2008 a Beija-Flor conquistou seu terceiro bicampeonato e viu brilhar 0 seu valor com 0 enredo "Macapaba - Equinocio Solar Viagens Fantasticas ao Meio do Mundo", onde 0 raro e belissimo Beija-Flor Brilho de Fogo, sob 0 Sol do novo dia, foi talisma e fonte de energ ia ao representar a beleza abundante e a for~a da Mae Natureza da regiao de Macapa.

FA NT~SI A : BRILHANT~

AO SOL DO NOVO MUNDO, BRASILIA: DO SONHO AREALI DADE, ACAPITALDA ES PERAN~A (2010)

ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLUCAO COMPONENTES: 70 • Descri~iio:

0 enredo de 2010, "Brilhante ao Sol do Novo Mundo, Brasilia: Do Sonho Realidade, a Capital da Esperan~a", celebrou os cinquenta anos

Revisla Beija·Flor de Nil6polis

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da constru~iio de Brasilia. No cora~ao do Brasil, candangos vindos de todas as regioes do pais realizaram 0 desejo de construir a nova capital, onde pode-se ver a arte do mestre (0 consagrado arqu iteto Oscar Niemeyer) que fez do tra~o, poema, como a bela Catedral de Brasilia. No Cerrado brasileiro, a miscigena~iio se fez raiz, e hoje os brasilienses sao carinhosamente cha mados de

"calangos".

FANTASIA: SAO LUIS- 0 POEMA ENCANTADO DO MARANHAO (2012) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLUCAO COMPONENTES: 70 Descri~ao: Em 2012, 0 enredo "Sao Luis - 0 Poema Encantado do Maranbao", foi uma ce l ebra~ao aos quatrocentos anos de funda~ao da capital do Estado do Maranhao. Terra da enca ntaria, onde o misticismo santo se revela atraves da magia das cores e da alegria das fitas que enfeitam as tradi~oes. 0 Bumba Meu Boi vem de la, estrela do folclore cujo 0 brilho farto conduz riqueza e ao encanto de suas festas; divinas ce l ebra~oes on de impera a alegria e destacam-se simbolos expoentes, como a mascara da personagem Cazumba.

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Alegoria 02 "A Raposa e as Uvas"

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FABIOLA DAVID BRILHO, BELEZA E SIMPATIA NA AVENIDA

Ricardo Da Fonseca publicitario. jornalista e produtor cultural

sobre a Beija-Flor de Nilopolis e sempre facil. ma escola organizada. disciplinada. com garra e que nunca abre mao da beleza estetica para tornar o Desfile das Escolas de Samba algo inesquecivel para quem a assiste. Fa lar sobre a Destaque principal da agremia~ao. tambem e sempre facil. Fabiola David e sempre essa pessoa carismatica. com um sorriso brilhante que contagia e cativa 0 publico na Avenida.

tambem e um forte motivo para eu estar feliz e segura. Eu e Anizio criamos nossos filhos com muito amor. ensinando 0 respeito ao Carnaval e as pessoas que 0 constroem. E hoje. venda como nossos filhos sao queridos pela comunidade e pelo mundo do Carnaval. me sinto mais realizada ainda. E isso reflete em minha vida de um modo geral". conclui a Destaque principal da campea.

30 AN OS DE DESFILE. LEVANDO 0 QUE HA DE MELHOR PARA A MARQUES DE SAPUCAi

Quem acompanha 0 espetaculo ao longo dos anos percebe que a cada Desfile Fabiola esta mais radiante e madura sobre 0 carro Abre Alas. E ela tem uma explica~ao para isso: "Nao sei bem 0 que acontece. mas acho que 0 passar dos anos vai nos dando a experiencia e a tranquilidade para encarar e fazer as coisas de um modo mais equilibrado e sem extremos. A cada ana sinto que domino mais o ambiente que esta reservado a mim na escola e na Avenida. E acho isso muito bom. porque essa seguran~a a gente passa tanto para 0 componente quanta para 0 publico e. da nossa maneira. ajuda a escola a fazer um desfile de qualidade". declara Fabiola.

basta sse esse momento de plenitude em que vive. este ana a advogada e design de interiores completa 30 anos de carnavais pela Beija-Flor: "Apesar de ter vivido desde cedo esse circuito Rio de Janeiro-Minas Gerais. sempre passei me us carnavais no interior de Minas. Foi em 1988 que participei do meu primeiro Carnaval no Rio. desfilando pelo Salgueiro. No ano seguinte desfilei na minha querida Beija-Flor. Tres anos depois fui para 0 carro abre-alas no enredo 'Ha um Ponto de Luz na Imensidao .. ¡â€˘ relembra Fabiola.

Fortalecida e am parada por essa maturidade que so quem vive a vida com olhar profundo conquista. Fabiola nao neg a que esse momenta de plenitude pessoal tambem tem rela~ao com seus filhos: "Ver Gabriel e Micaela se envolvendo cada vez mais com 0 Carnaval e 0 Desfile das Escolas de Samba e construindo seus caminhos nesse espetaculo

Sua dedica~ao na Sapucai ja rendeu elogios de gente consagrada no Carnaval. como a destaque e figurinista Herminia Paiva. "Tenho certeza de que Fabiola David e a principal representante das Destaques. Sua alegria. sua empolga~ao. sua capacidade de acolher 0 publico com sua dan~a e beleza a tornam realmente unica". comenta.

2019 e um ana simbolico para Fabiola. Se nao

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FANlASIA: ACRIA~AO DO MUNDO NA TRADI~AO NAG9 (1978) _

FANTASIA: CORTEJO DA CINDERELA NEGRA - AS MUSAS CARECAS DA BEIJA-FLOR (1983)

~ ALA: ENESSA QUE EU VOU CRIA~AO / COMERCIAL ALA: COMUNIOADE 2) RESPONSAvEL: HEllO MALVEIRA E LUIZ FERNANDO DA RESPONSAvEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 30 e SILVA Descri~ao: Pinah Ayoub ficou conhecida no Brasil I::::::::::J ALA: ALA ~ABULOSOS CRIA~AO / COMERCIAL e no mundo como "A Cinderela Negra". e se tor~ RESPONSAVEL: LUIZINHO CABULOSOS nou um icone - "a Careca da Beija-Flor". ap6s 0 COMPONENTES: 80

A Descri~ao: "A Cria~ao do Mundo na Tradi~ao Nago" conta mito da do mundo segundo a cu lC01J tura yoruba. trazida para Brasil por tres princesas

e africanas capturadas como escravas - Iya Kala. ~. Iya Deta e Iya Nasso. Bailou no ar ecoar de um r:;::;:?'" canto de alegria. on de a divina senhora Odudua e e Deus Obatala travaram um duelo de amor e I::::::::::J surgiu a vida com seu esplendor. Odudua de cinco

epis6dio inusitado onde dan~ou com 0 Principe Charles ingenuamente. sem saber de fato que se tratava do herdeiro do trono britanico. Se tornou inspira~ao para uma legiao de mulheres corajosas. decididas e de personalidade forte. que em sua homenagem. rasparam a cabe~a para integrar 0 Cortejo da Cinderela Negra - As Musas Carecas da Beija-Flor.

fT t:::\ galinhas d'Angola fez a terra. de pombos brancos V II criou 0 ar; um camaleao dourado transformou

FANTASIA: SOU NEGRO, [}() EGITO AUBERDADE

0

cria~ao

0

0

0

© emiluminada fogo. e carac6is no mar. A fabulosa viagem de prata acerca da fisica da

(1988)

forma~ao

ALA: COMUNIDADE RESPONSAvEL: DlRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~iio COMPONENTES: 85 Descri~ao: Em 1988. ano do centenario da aboli~ao FANTASIA: AGRANDE DAS ESTRELAS da escravatura. 0 enredo "Sou Negro do Egito a Liberdade" veio pra contar os cem anos da liber~ NEGRAS (1983) ta~ao dos negros feitos escravos. atraves de uma ~ ALA: SIGN,US CRI~~iio / COMERCIAL • proposta que identifica paralelos e semelhan~as RESPONSAVEL: DEBORA ROSA SANTOS CRUZ COSTA entre as divindades do Egito antigo e os orixas d ALA: VAMOS NESSA CRIA~AO / COMERCIAL africanos. representa~iies de for~as da natureza ~ RESPONSAvEL: ANTONIO RODRIGUES 'TUNINHO'' refletidas em bi6tipos humanos. animais e outros ~ COMPONENTES: 80 pianos. Atraves de similitudes entre as culturas @ Descri~ao: "A Grande Constela~ao das Estrelas egipcia e nagii. e apresentado um sincretismo Negras" foi uma louva~ao a beleza. ao talento e a ~ntre as divindades. tais como H6rus e Xango. e ~ bravura das raizes negras; uma homenagem a ra~a Isis e lemanja - as grandes maes. negra feita atraves de reluzentes e carismaticas personalidades afro-brasileiras: Clementina de Jesus. Ganga-Zumba. Luana. Pinah. Grande Otelo FANTASIA: AXE QUE NO SANGUE HERDEI ~ e Pele. Quanto amor pelo enredo que. em 1983. ALA: ALA DAS PASSISTAS / COMUNIDADE com todo 0 seu esplendor. conquistou mais um RESPONSAVEL: DlRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 120 titulo no Carnaval para a Beija-Flor! Descri~ao: Passista e 0 termo designado aqueles que dan~am bem 0 Samba. que fazem os passos FANTASIA: PINAH, ~ CINDERELA NEGRA (1983) caracteristicos de maneira diferenciada. com ALA: DESTAQUE DE CHAO maestria. em especial nos desfiles das Escolas de r!:!!:!l RESPONSAvEL: PINAH AYOUB Samba. Carregam no sangue azul e branco 0 axe fT t:::\ COMPONENTES: 01 herdado das raizes e origens de matizes africanas. V II Descri~ao: Pinah Ayoub e uma destaque da BeijaFlor que. com merito e carisma. alcan~ou 0 posto de musa e simbolo da Escola. A imagem marcante FANTASIA: ARAINHA AGOTIME E ETERNA RAINHA daquela mulher negra. linda. de sorriso expressivo SOBERANA DE DAOME e careca. que quebrou protocolos e ao Principe ALA: RAINHA DE BATERIA / RAISSA OLIVEIRA Charles (da Inglaterra) encantou rodou 0 mundo. ALA: DESTAQUE DE CHAO / SONIA CAPETA e fez com que Pinah ficasse internacionalmente COMPONENTES: 02 conhecida como "A Cinderela Negra". Descri~ao: A Rainha Agotime do mistico cia de Daome. era a seg unda esposa do Rei Agongolo.

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Terra perpassa por animais associados aos orixas. cada qual com sua simbologia.

CONSTELA~AO

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Revisla Beija-Flor de Nilopolis

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Ficou conhecida em seu reino pelas hist6rias que contava sobre seus ancestrais e 0 culto aos FANTASIA: 0 SAMBA EAVOZ QUE NAO CALA reis mortos. Guardia de segredos magicos. com ALA: INTERPRETE OFICIAL EEQUIPE DO CARRO DE SOM a morte do rei e sob um novo governo tiranico e RESPONSAVEL: NEGUINHO DA BEIJA-FLOR; cruel por parte de seu enteado. Agotime e isolada Cantores do Carro de Som: Bakaninha. Gilson e escravizada por feiti~aria. Mas seu espirito per- Bacana. Marcelo Guimaraes e Nego Lindo; manecera livre. seguindo 0 seu destino na busca Apoio: Lucas Richard. Igor Pitta. William Santos. por sua ancestralidade. e na luz de seus voduns. Thiago Acacio e Nurynho. simbolizados pela pantera negra. fundou a Casa das Minas. sendo coroada a eterna Rainha SobeFANTASIA: AFRICAS - DO BER~O REAL ACORTE rana de Daome.

BRASILIANA (2007)

FA~TASIA:

ASAGA DE AGOTIME, MARIA MINEIRA

NAE (2001) ALA: BATERIA / COMUNIDADE RESPONSAVEL: MESTRE PLINIO DE MORAES E MESTRE RODNEY FERREIRA

COMPONENTES: 280 Descri~ao: "A Saga de Agotime - Maria Mineira Nae" (2001) contou a hist6ria de uma rainha africana em Daome. feiticeira e redentora dos cultos Mina-Jeje. que chegou ao novo continente escravizada mas com um espirito livre. pronto para rumprir a sua saga e fazer ouvir os tam bores tocados com alma por ogas inspirados por velhos espiritos africanos. que ecoava m por ocasiao das festas e da religiao. Aluz de seus voduns guardi6es panteras negras. viu seu tambor ecoa r em Sao Luiz do Maranhao com energia e vibra~ao.

ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLUCAO COMPONENTES: 70 Descri~ao: Em 2007 0 enredo "Africas - Do Ber~o

Real a Corte foi consagrado campeao. Uma viagem a Africa - 0 ber~o real da humanidade. e como ap6s a diaspora africana. os filhos e filhas da Maj estade Negra. nobreza desembarcada. foram criando novas pequenas Africas de lutas e de g16rias em terras brasileiras; espa~os de resistencia e preserva~ao da cultura e identidade africanas - aqui representadas pelo leao nativo das savanas africanas e simbolo de Xango. 0 orixa da justi~a. repres e nta~ao maxima do poder de Olorum na Casa Nago - de quem sangrou pela hist6ria e constituiu a Corte Brasiliana. Br~siliana"

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FANTASIA: NA GINGA DO BALELE CORES NO AR ALA: 2° CASAL DE MS EPB I DAVID SABIA EFERNANDA LOVE preservando a cultura e a memoria ancestral atraves da oralidade. Na Trilha da Felicidade reRESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLUCiio vela-se expoente 0 despertar da Guine Equatorial, COMPONENTES: 02 refletida nas cores e nas estampas dos tecidos, nas Descri~ao: Urn Olhar Sobre a Africa e 0 Despontar mascaras e esculturas que imprimem aessa gente da Guine Equatorial apontaram para os ideais de uma negritude de tra~os tao marcantes. unidade, paz e justi~a . Na ginga do Baleh~, cores no ar; e dessa mistura fizemos urn Carnaval para resgatar a alma africana onde a negritude se Alegoria 03 "A Galinha dos Ovos de Ouro" congra~a.

FANTASIA: UM GRID CONTA A HISTORIA: UM OLHAR SOBRE AAFRICA EO DESPONTAR DA GUINE EQUATORIAL - CAMINHEMOS SOBRE ATRILHA DE NOSSA FELICIDADE (2015) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLUCAO COMPONENTES: 70 Descri~ao: 0 enredo campeao narrado pelo GriD apresentou 0 olhar do sabio anciao sobre urn peda~o da Africa recente localizado do outro lado do Oceano: a Guine Equatorial; urn pais jovem, cujos nativos e guerreiros de tribos antigas os sao guardi6es dos costumes e dos ritos tradicionais, I

GGlamour nos detalhes

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FOiOs mer.:rTlente ilustrnlivas. 'Pagamento a vista somente para dinheiro, cheque para 0 dia e depOsito em conta. "Pianos em ale 12)( no cartao sao validos para as bandeiras Mastercard, Vtsa, omers e Hipercard no Pre<fO a prazo (valor igual ao plano em cheque com valor minima de R$ 2.000,(0). ··' Planos em ale 18xvalidos para oompras a partir de H S 2.500,00 apenas m pagamento em cheque 00 debrto em conta, vel'lCefldo a 1- em 30 dias (somente pe~ financeira). credltO sUjeito aprovacao da financeira, consulte oondl¢eS com os nosso 't'8f1dedores. 0 caftao Construcard da Caixa EoonOmica Federal, podera soffer altera¢es e ou suspensao par detennin~ sem aviso previo da pr6pria instituiy:¥:>.

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~ FANTASIA: EXALTA~AO AJOSE DE ALENC~R (1968) r?~ "PERI ECECI (1963) / AVIRGEM DOS LA BIOS DE FANT 4SIA: MARGARETH MEE, A DAMA DAS BROMELIAS (1994) ~ MEL - IRACEMA (2017)"

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ALA: ALA BORBOLETA CRIA~AO / COMERCIAL ~ RESPONSAVEL: "NEA" WA~DINEA NOCCIOLLl, ~ ALA: TOM EJERRY CRIA~AO / COMERCIAL ~ RESPONSAVEL: ROGERIO COUTINHO ALA: DA MAIS VIDA CRIA~AO / COMERCIAL ~ RESPONSAVEL: ANA MARIA MASCARENHAS REBOU~AS COMPONENTES: 80

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Descri~iio: Exalta~iio

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fundador do romance indianista de tematica naciona l teve outras duas de suas obras expoentes retratadas nos nossos festejos ca rnavalesco s: as personagens Peri e Ceci (1963), de "0 Guarani", e A Virgem dos Labios de Mel (20 17). de "Iracema".

de Alencar (1968),

~ foi a primeira homenagem ao admirave l escritor n n'n cea rens e feita pel a Beija-Flor. Posteriormente, 0

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~ FANTASIA: SONHAR COM REI, DA LEAO (1976)

@0 ALA: COM~NIDADE _ = RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO

~ COMPONENTES 70

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Descri~ao: Em 1976, a Beija - Flor ousou ap resentar um enredo que tratava 0 jogQ do bicho de forma ludica, em uma hom enage m subliminar ao eterno Natal (Natalino Jose do Nascim ento) - patrono emerito da madrinha Porte la. 0 sam ba anto l6gi co de Neguinho da Beija-Flor co nta qu e, sem conte mpl a~iio, 0 sorte io popular mexeu com 0 imaginario popular, e desta br incadeira, quem tomou conta em Madureira fo i Natal, 0 bom Natal, que na tradi~ao do Carnaval viu a sua alma de aguia branca ser sa ud ada pe la majestade, 0 samba. "Sonhar com Rei da Leao", arreb atou a festa de real valor e mostrou que 0 palpite era ce rto, quebrando a hegemonia das "quatro grandes" (Portela, Mangueira, Imperio Serrano e Sa lgue iro) e consag rando a Beija-Flor de Ni lopolis com seu primeiro campeonato no concurso de elite, hoje chamado Grupo Especial.

ALA: COMUNIDADE RESPONSAvEL DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 70

Descr i ~iio: Margareth Mee foi uma diferenciada artista botan ica inglesa exploradora da floresta trop ical que se tornou especia lista na exuberante Amazonia bra sile ira repleta de lind as borboletas. Lutando pela preserva~iio da natureza e contra a extin~iio da f lora, a "Lady" por bromelias foi sauda da, e da primavera, com amor, foi rainha coroada pel a Beija-Flor.

FANTASIA: BIDU SAYAO E0 CANTO DE CRISTAL (1995) ALA: BAIANINHAS / COMUNTDADE RESPONSIlVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 70 Descri~ao: A cantora lirica Bidu Saya~, bela men ina com voz de crista I, foi hom enag eada em 1995. Deslumbrava multi d6es com se u ca nto divinal, enca ntando cora~6es. Diva internacional , sacud iu a Passare la com seu canto liri co fe liz, tornando-se musa na Sapucai ao exa ltar Bachianas e 0 Guarani.

FANTASIA: ASIMPLICIDADE DO AMOR, AQUELE BEIJO NA FLOR ALA 3' CASAL MS EPB MOSQUITO EEMANUELLE MARTINS RESPONSAVEL DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 02 Descri~iio: Apos ser coroado Rei da Musica Popular Brasi leira por retratar e cantar com emo~ao singular a simplicidade do amor, reverenciando a plateia e se despedindo do publico presente em seus shows com aquele beijo na flor, Roberto Carlos foi hom enagea do com 0 enredo "A Sim plicidade de um Rei" (2011), co nsagra ndo- se tambem campeiio do Carnaval na Avenida Marques de Sap ucai.

FANTASIA: ASIMPLICIDADE DE UM REI (2011) FANTASIA: ABELA DAMA DAS BROMELIAS PINTOU ALA: ALA AMIGOS DO REI AFLOR MULHER COM SUTILEZA RESPONSIIVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO

ALA sA VIA DAVID RESPONSAvEL: DESTAQUE DE CHAO COMPONENTES: 01

Descri~iio: A botanica Margareth Mee, a bela Dama das Bromelias, retratou as riqu ezas naturais brasil eiras e bromelias de rara beleza em suas obras de arte, onde pintou a flor mulh er com sutil eza , sendo prcm iada no Brasil e Corte ingl esa .

Revista Beija-Flor de Nilopolis

COMPONENTES: no Descri~iio : Novamente a saudade vem pra reviver o tempo que passou, l embran~a que ficou de momentos inesq uecive is do Carnaval 2011, quando o amor invadiu a alma e a Beija-Flor levou para a Avenida uma homenagem ao cantor Roberto Ca rlos, idolo consagrado Rei devido ao seu expoen te talento , carisma e humildade indiscutiveis.

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Comandante dos nossos cora~iies e de shows realizados em grandiosos navios, assumidamente apaixonado pelas cores azul e branco, mais uma vez vamos botar pra fora a felicidade de mostrar pro mundo como e grand e 0 nosso amor por voce!

FANTASIA: 0 ASTRO ILUMINADO DA COMUNICA~iio BRASILEIRA (20l4) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DlRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~iio COMPONENTES: 70 Descri~iio: Em 2014 estava no ar a mensa gem de um Beija-Flor: uma via gem no tempo para contar a historia, a trajetoria e a importancia do sonhador Jose Bonifacio de Oliveira Sobrinho, 0 Boni, para a comunica~ao no Brasil. Visionario determinado pred estinado ao sucesso, Boni trabalhou em diferentes midias e foi mais alem, alavancou especialmente a maneira de se fazer televisao no pais, sendo considerado um mago, "0 Astro lIuminado da Comunica~ao Brasileira".

FANTASIA: MINEIRINHQ GENIAL! NQVA LIMA, C!DADE NATAL - MARQUES DE SAPUCAI, 0 POETA IMORTAL! (2016) ALA: 1001,NOITES CRIA~iio / COMERCIAL RESPONSAVEL: LUll FIGUEIRA ALA: TUDq POR ~MOR CRIA~iio / COMERCIAL RESPONSAVEL: ELCIO CHAVES DE ALMEIDA COMPONENTES: 80

Descri~ao: Em 2016 celebramos Candido Jose de Araujo Viana - 0 Marques de Sapucai, nascido em Nova Lima, Minas Gerais, terra do Barroco Mineiro. Homem de real valor chamado Executivo do Imperio, foi responsavel por grandes realiza~iies em beneficio publico, deixando em seu legado a primazia pelo Brasil de Norte a SuI. Poeta, musico, escritor, um mineirinho genial que 0 Rio imortalizou ao nomear a Pas-sarela do Samba - um templo sagrado il luz do Tuar - de Avenida Marques de Sapucai.

Alegoria 04 "A Cigarra e a Formiga"

PISOS A PREC;O DE FAsRICA Matriz: Rua Joaquim Vieira, 13 Marco 11- Nova Iguac;u Tel.: (21) 3764-7590 Filial 1: Av. Getulio de Moura, 2109 Nilopolis Tel.: (21) 3761-8031 Filial 2: Estrada de Adrianopolis, 1800 Santa Rita Tel.: (21) 3767-0122 Filial 3: Rua Dr. Sales Teixeira, 195Antiga Araguaia - Nova Iguac;u Tel.: (21) 2161-0588 Galpao: Rua Apinages, 67 - Moqueta Nova Iguac;u Mar~o

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C02J FANTASIA: ALAPA DE ADAO EEVA (1985)

(0) ALA

COMUNIDADE

IF=:! RESPONSAvEL DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO

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COMPONENTES: 70 Descri~ao: 0 enredo "A Lapa de Adao e Eva",

inspirado no livro "0 Homem e a Guanabara", apresenta 0 Rio de Janeiro enquanto a cidade Babel ber~o do planeta; uma especie de "versao r;::::::::.. tropical da Biblia", onde 0 boemio bairro da Lapa e 0 paraiso do prazer e do pecado, apresentado delirantemente colorido em meio ao caos e a luxuria da vida contemporanea. Cora~ao de serpente .-::::;? - representada por Madame Sata, um malandro ~. travesti visto como personagem emblematica da ~ vida noturna e margi nal carioca - nao se engana, ~ fez Adao provar a ma~a e Eva comer a banana.

RESPONSAvEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 02 Descri~ao: Em "Todo Mundo Nasceu Nu" (1990), nobres selvagens criaram 0 seu aparato e come~a­ ram a cobrir seus corpos nus com peles de animais, vestindo na frente e cobrindo atras.

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C02J 8 Cr:::;)

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@ FANTASIA: RAINHA MEDIEVAL NA IDADE DAS TREVAS

~ ALA: DESTAQUE I CHAO CHARLENE ~

COMPONENTES: 01 Descri~ao:

Em uma alusao ao paradoxal e ex-

C02J pressionista desfile de "Ratos e Urubus, Larguem

~

Minha Fantasia" (1989), 0 caos do Lixo das Trevas e representado por uma luxuosa Rainha da Corte Medieval.

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FANTASIA (1989)

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C02J

Descri~ao: "Todo Mundo Nasceu Nu" (1990) foi um enredo delirante, subjetivo e pol emico; uma via gem que dissertava sobre a existencia e a extin~ao dos dinossauros, cujas mathias orgiinicas originaram 0 petroleo, mgtivo de ganancia a ser solucionado pela esperarT~a trazida nas li~6es deixadas pela natureza. Na ocasiao, a marcante Comissao de Frente apresentou homens das cavernas vestidos com peles de animais e armados com lan~as de pedra.

FANTASIA: ALICE NO BRASIL DAS MARAVILHAS (1991)

ALA: COMUNIDADE RESPONSAvEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVDLU~AO COMPONENTES: 70 FANTASIA: RATOS E URUBUS, LARGUEM MINHA

..:=.lU ALA: COMUNIDADE r;::r-J RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO ~ COMPONENTES: 70 Descri~ao: "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fan-

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FANTASIA: TODO MUNDO NASCEU NU (1990) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 73

tasia", enredo de 1989, foi um dos desfiles mais marcantes da historia do Carnaval; anto logico, por muitos considerado 0 desfile do seculo. A BeijaFlor derramou na Avenida frutos da imagina~ao revolucionaria de Joaozinho Trinta, e fez uma critica social com maestria, apresentando um imprevisivel e desconcertante contraste complemen tar: 0 luxe e a pobreza num mundo de ilusao, onde 0 urubu que revira a xepa do lixo das trevas, na vida e mendigo, mas e 0 rei da folia. A loucura e geral, alegria e manifesta~ao levam 0 publico ao deli rio, mas a Escola acaba conquistando, por criterio de desempate, um polemico vice-campeonato. Segundo alguns estudiosos, foi "a gloria sem triunfo, ou melhor, 0 triunfo sem titulo".

FANTASIA: NOBRES SELVAGENS CRIARAM 0 SEU APARATO ALA: 4' CASAL MS E PB I JOSE ROBERTO E NANINHA FIDELLYS Revista Beija·Flor de Nilopolis

D esc ri~ao: Inspirado no universo prodigioso e magico da obra-prima da literatura infantil de Lewis Caroll, 0 enredo "Alice no Brasil das Maravilhas" (1991) e uma analogia delirante que propos critica social. Brincando com a imagina~ao, a Rainha de Copas com seu Jaguadarte a tiracolo brada "Cortem-Ihes a cabe~a!" de todos aqueles que se dedicam a prejudicar 0 Brasil, enquanto a men ina Alice entra na toca do coelho apressado, cai no abismo e se perde, descobrindo a ardua realidade das crian~as de rua brasileiras e se pergunta: "0 que sera de mim?".

FANTASIA: BRASIL, UM CORA~AO QUE PU~SA FORTE. PATRIA DE TODOS OU TERRA DE NINGUEM? (2000) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: UO Descri~ao: Com a miscigena~ao, 0 Brasil passou a ser considerado a patria de todos os povos, uma na ~ao onde impera a ordem, 0 progresso, 0 perdao. Mas 0 Homem falha nova mente na missao de transformar 0 lugar escolhido para ser a terra

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prometida quando tem seus direitos arrancados pelas maos dos governantes, e 0 Brasil vira uma terra sem dono, sem leis, terra de ninguem, como se tivesse ido parar no lixo. Mesmo assim, 0 fragil, aflito e necessitado povo brasileiro, abandonado e feito de palha~o pelo Poder Publico, busca encontrar for~as para sorrir e fazer a festa ainda que com sua dignidade ferida.

FANTASIA: 0 POVO CONTA ASUA HISTORIA: SACO VAllO NAo pARA EM PE. AMAo QUE FAZ AGUERRA FAZ APAZ (2003) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 70 Descri~ao:

No enredo campeao de 2003, 0 povo, sempre tratado como "palha~o", no sentido pejorativo da palavra, contou a sua historia e alertou: "Sa co Vazio Nao Para em PH'. Um clamor divina luz que nos conduz para clarear 0 nosso caminhar, trazendo uma overdose de amor e paz para com bater as diversas mazelas socia is, e para que a cultura desse pais nao seja tratada como lixo, como algo que possa ser "descartavel".

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FANTASIA: MONSTRO E AQUELE QUE NAo SABE AMAR! OS FILHOS ABANDONADOS DA pATRIA QUE OS PARIU (2018) ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 70 Descri~ao : 0 enredo "Monstro e Aquele que Nao Sa be Amar - Os Filhos Abandonados da Patria que os Pariu" e uma analogia contemporanea suscitada atraves da perspectiva de espelhamento da obra "Frankenstein ou 0 Prometeu Moderno" (escrita pela jovem inglesa Mary Shelley); onde 0 monstro, carente de amor e de ternura, foi criado a partir de peda~os costurados que ganham vida atraves de descargas eletricas. Retalhos da ambi~ao, da ganancia, do abandono e da intoleriincia do proprio Criador, tal qual ocorre com os filhos abandonados da patria que os pariu, alvos da mira do desprezo e da segrega~ao, viti mas das mazelas sociais mais gritantes que assolam 0 Brasil.

FANTASIA: BEIJA-FLOR, GUERREIRA DO POVO, GUARDIA DA FOLIA (1948)

RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO ALA: COMUNIDADE COMPONENTES: 70

Descri~iio: A logomarca do G.R.E.S. Beija-Flor de Nilopolis apresenta uma flor multicolorida, com-


posta por petalas em formato de cora~iies, onde pulsa 0 amor ao proximo, sendo que cada cor tem um significado especifico: 0 verde representa a vida, a natureza, a nossa fauna e flora tao ricas, e a nossa preocupa~ao com a questao da sustentabilidade e para com 0 meio ambiente; 0 vermelho representa a nossa garra, a nossa paixao, a nossa for~a; 0 laranja, a energia, 0 entusiasmo, a criatividade; 0 roxo simboliza transforma~ao, sabedoria e educa~ao; e 0 amarelo, a alegria, a anima~ao e entretenimento. Por que a Beija-Flor e uma Escola que por essencia, agrega as pessoas respeitando as suas individualidades, defendendo valores como a igualdade e a diversidade.

FANTASIA: BLOCO DOS SUJOS ALA: COMUNIDADE RESPONSAvEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 70 Descri~ao: Os denominados Blocos dos Sujos sao manifesta~iies populares tipicas do Carnaval de Rua no Brasil, onde um grupo de foliiies, com fantasias diversas, esquece a dor e so quer sambar e se divertir pelas ruas da cidade, embalados por marchinhas carnavalescas e sambas-en redo das Escolas de Samba.

FANTASIA: GRUPO DOS BONECOES ALA: COMUNIDADE RESPONSAVEL: DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO Descri~ao: Personagens tradicionais dos antigos carnavais caracterizadas por um tamanho des36

Revista Beija¡Flor de Nilopolis

proporcional fazem uma analogia il grandeza do Carnaval, que supera crises, preconceitos, menosprezo, e se mantem solido enquanto a maior festa popular il ceu aberto do Planeta, 0 maior espetaculo da Terra, a expressao da identidade cultural genuinamente brasileira.

FANTASIA: ONTEM, HOJE, SEMPRE BEIJA-FLOR! ALA: VELHA GUARDA DIRETORIA DE HARMONIA EEVOLU~AO COMPONENTES: 100 Descri~ao: A Velha Guarda, composta por um elegante grupo de sambistas mais experientes, e a guardia da nossa historia, da nossa memoria, da nossa identidade cultural enquanto Escola de Samba, e das nossas mais caras tradi~iies. Ea ponte entre as nossas origens desde a nossa funda~ao ate 0 legado que queremos deixar para as futuras gera~iies nilopolitanas. Desfilam toda a gratidao pelo nosso amado Pavilhao azul e branco tambem carinhosamente chamado de Festival de Prata.

FANTASIA: DESFILO TODA GRATIDAO ALA: DESTAQUE DE CHAO PRESIDENTE: CASSIO DIAS COMPONENTES: 01 Componentes: 6 Alegoria 05 "Assembleia dos Ratos"

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CARIVAROO A EOUIPE QUE oA VIDA As ALEGORIAS Ha cinco anos. a equipe liderada pelo patriarca Carivardo. assumiu a execu~ao dos efeitos visuais dos carros alegoricos da Beija-Flor. Carivardo conta que foi para Parintins concluir 0 en sino fundamental nos anos 80 e desde entao as familias se reunem em torno do telao para ver os desfiles das escolas de samba cariocas. A admira~ao e 0 interesse de conhecer e trabalhar na Beija-Flor nasceu assim. Carivardo e o apelido do paraense Joao Ferdinando Vieira. em homenagem ao conhecido radialista parintinense. codinome que adotou com 0 mesmo orgulho com que declara ser de origem da 'tribo guerreira' Mundurucus. de Juruti Novo/PA. e com 0 mesmo entusiasmo que exalta as festas nativas: "E linda 0 triballa em Juruti! Tao linda quanto a Festa Folclorica de Parintins e 0 Carnaval carioca". completa. Dar vida as alegorias e como Caricardo define sua atividade. a qual somou experiencia. conhecimento e novas praticas desenvolvidas ao longo de 20 anos de atividade. Eo¡resultado do exercicio da curiosidade por meciinica automotiva. inicialmente elHrica. com 0 aprofundamento das descobertas e urn aperfei~oamento constante de urn aprendizado em que se profissionalizou. A especializa~ao se consolidou. quando Joao de Souza. conceituado artista-plastico amazonense. o levou para trabalhar na prepara~ao do bumbameu-boi vermelho. 0 Garantido. para a Festa de Parintins. onde ficou por 11 anos. A repercussao do trabalho dos "Jooes" resultou em propostas de trabalho de todos os lados. Carivardo acabou se mudando para 0 azul. 0 bumbum-meu-boi Caprichosos. onde esta desde 2007. Foi a hora de preparar. juntos e misturados. 0 futuro dos filhos Marcel e Hrcio. e formar uma equipe familiar. Acertou! Desembarcar esse aprendizado todo no Rio nao demorou. E a oportunidade veio quando Hrcio foi convidado para trabalhar na Beija-Flor. Como familia que trabalha unida permanece unida. em 2015. veio toda e se radicou na Gamboa. Carivardo. a mulher Leda. filhos. noras e quatro netos. Agora. a equipe de Parintins. ou melhor. a familia Carivardo. vive por terra. mar ear. na ponte aerea Rio-Manaus. e pelas aguas doces do Amazonas. via fluvial Parintins-Jurutis. viajando e realizando 0 permanente sonho de 'dar vida as alegorias" da escola carioca e das festas tribais e do festival de bumba-meu-boi.

o MAGICO OAS ESPUMAS Orlando Sergio Junior come~ou suas atividades profissionais em artes plasticas em Petropolis. criando ambienta~oes tematicas para festas. Sua determina~ao em se tornar um profissional das artes e cenografia 0 levou a participar de diversos cursos. seminarios e interdimbios culturais para aprender tecnicas inovadoras. que adaptou ao seu estilo e aplicou em especial na arte em espuma. que consiste na modelagem de projetos com motivos organicos. aos quais 0 uso desse material da maior realismo e beleza. Aliada a essa persistencia. a voca~ao. inspira~ao. dedica~ao e 0 talento Ihe garantiram um lugar especial no mundo do Carnaval. Orlando buscou. em 2006. uma oportunidade profissional na Beija-Flor onde come~ou a trabalhar na confec~ao de alegorias. fantasias e adere~os. Desde entao vern se destacando na agremia~ao pelos seus trabalhos. Em 2009. sua equipe recebeu o premio PlumasftPaetes de melhor aderecista; em 2013. foi escolhido 0 melhor artesao do Carnaval carioca. por seu trabalho de arte em espuma para as alegorias do enredo do Mangalarga Marchador. Entretanto. Orlando considera urn dos seus melhores trabalhos 0 que produziu para 0 enredo sobre a Guine Equatorial. Atualmente. alem de desenvolver grandes trabaIhos de cenografia para teatro. televisao e exposi~ao. Orlando pretende colocar toda sua capacidade de criar para atingir metas rna is ousadas. buscando novas tecnicas de trabalho e desenvolvendo cada vez mais seu potencial para atingir a excelencia. E finaliza. "a Beija-Flor e a grande academia de arte onde me formei'".

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70 anos de samba ecarnaval

Ricardo Da Fonseca publicitilrio, jornalista e produtor cultural Felipe Lucena jornalista e roteirista

Quando a Beija-Flor passou a fazer parte da elite em sua varanda haviam muitos bebedouros para Carnaval carioca, suas principa is concorrentes beija-flores. Ha quem diga que 0 batismo pode ter tinham uma hi storia conso lidada. Contudo, vindo por conta da referencia a um rancho que como quem confia na sua for~a e no seu talento, ex istia em Valencia, Min as Gerais, ou ate mesmo e entra na briga sabendo ao nde quer chegar, a a tambem um rancho de Mesquita, Rio de Janeiagremia~ao de Nilopolis se preparou e foi a lu ta: ro. Outra versao diz que apareceu um beija-flor trabalhou, persistiu, avan~ou e conquistou por enquanto os homens discuti am sobre a funda~ao Stus meritos 0 direito de entrar e se manter no do bloco. Independ ente mente do motivo do nome, rol das gigantes do Carnaval. nasceu a Associa~ao Carnava lesca Be ij a-Flor. E nesses anos de Desfiles de Carnaval, a BeijaAor de Nilopolis fez e contou a sua historia, que relembramos aqui, no ana em que a agremia~ao leva para a Aven ida 0 enredo comemorando 70 anos de sua existencia, nesse palco, agora pequeno para ela, chamado Carnaval.

Tudo come~ou em dezembro de 1948 em uma das esquinas da Rua Mirandela, ponto de encontro de sambistas no municipio de Nilopolis. Negao da Cuica, Edinho do Ferro-Velho, Hell es Ferreira, Walter da Silva, Hamilton Floriano, Jose Fernandes, entreoutros, batucavam quando tiveram a ideia de criarum bloco de carnaval para suprir as ausencias dos blocos Irin eu Perna-de-Pau e Dos Teixeiras, que eram famosos no municipio mas que haviam acabado. Nasceu, assim, a Associa~ao Carnava lesca 8eija-Flor, novo bloco da Baixada Fluminense. Em volta do marcante nome pairam algumas versiies. A maior parte dos relatos apontam que a escolha se deu por influencia da mae de Negao da Cuica, Dona Eulalia. Ela adorava passaros e

o bloco desfilou pela prim eira vez em 1949, em Nilopolis. Sem fantasias e com in strum entos que eram dos blocos que havia m acabado, cerca de 40 pessoas desfilaram pe las ruas do muni cipio, agradando os fo liiies. No ana segu inte, usando as cores azu l e branca, o bloco foi para a rua outra vez e teve um a adesao ainda maior por parte do pub li co . As ruas de Nilopolis pararam para ve r 0 Beija-Flor passaro Muita gente queria sa ir na Associa~ao Carnavalesca Beija-Flor, mas nao era tao simpl es assim : "56 podia des filar quem era de familia eonhecida dos fundadores do bloeo. Os meninos tinham que ter moraf', contou Lindalva Teixe ira, a Ca~ulinha,

atuante na esco la desde os primeiros tempos.

UMA ESCOLA DE SAMBA SIM SENHOR No ano de 1953, por inieiativa do sa mbista Cabana, da ala dos compositores do Beija-Flor, 0 bloeo foi inscrito no desfile de escolas de samba da Cidade do Rio de Janeiro no Grupo II, e com 0 nome Grem io Recreativo Eseo la de Samba BeijaFlor se preparou para seu primeiro grande desafio.

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Mostrando sua voca~ao para as vitorias, em sua estreia, com 0 camaval "Ca~ador de Esmera ldas", a agremia~ao nil opolitana sagrou-se campea e conquistou 0 direito de desfi lar no Grupo I no ano segu inte.

para a Av. Presidente Anton io Car los 0 enredo "Brasi l ano 2000".

Os anos foram passando e a Beija-Flor, em meio as gigantes do Camava l carioca , foi se mantendo ate 1963 no Grupo I. Em 1962 chegou a ser segunda colocada com 0 enredo "D ia do Fico", em desfi le na Av. Presidente Vargas. Mas como toda trajetoria de sucesso tem seus momentos de baixa, no desfile do ano seguinte (1963), com 0 enredo "0 Guarani" a agremia~ao so obteve 0 10' lugar e ca iu para ~

2000", ja nos anos 1970, Anizio e seu irmao Nel s?n,o Nelsinho, assumiram definitivamente a gestao da escola e a Beija - Flor de Nil opo lis nao saiu mais do convivio das tradicionais agremia~iies do Camaval. Mais ainda, a Beija-Flor se tomou uma das grandes agremia~iies, sem medo de encarar as tradicionais escolas que durant e muito tempo se revezavam na conquista do titu lo de campea

Grupo II. Ta lvez a surpresa com a triste situa~ao tenha aba lado a agrem i a~ao e seus integrantes. Fato e que no ano seguinte, com 0 camava l "Cafe,

UM LUGAR DE DIRE ITO Passados alguns anos do enredo "Brasil

do Carnaval. Mas as glorias vem co m os titu los. E 0 primeiro titu lo de impacto da Be ija-Flor nao poderia ter sido

u -:1I"''''':'''-''''i''rs=:P!1r~-:::;;:i-:-:~-' Ri q u eza do Brasi I" a Be ij a- FI0 r' 'c~a~i~ para 0 Grupo "'" III, onde permaneceu ate o Camava l de 1967. Durante esses com plicados anos 60, Anizio Abrao David, atua l pres i dente de honra da Beija-Flor, se aproximou da esco l a e a presidiu entre

1967 e 1968.

ano

m a ism a rca n te e simbolico . A escola da Baixada Flum inense, considerada epoca uma

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agremia~ao

inexpressiva, pequena, bateu as gi9antes do Rio de Janeiro com u m enredo que entrou para a hist6ria dos des-

-....__1;:1:::::...::ÂŁ:.::::.....;~;:~'-..------... ficom les: "Sonhar rei da

;.

"Me lembro bem daqueles tempos. Apesar de ter mu i ta gente boa e querida fazendo parte da BeijaFlor, havia um pessoal que nao trabalhava com vontade que dever ia para manter a escola nas melhores posi~6es. Viam a Beija-Flor como um c/ub i nho, um espa~o para tomar cerveja e Jogar con versa fora. Quando assumi a dire~;'jo da escola em 67 cheguei ja avisando que muita coisa t i nha que mudar e que quem quisesse ficar sentado tomando cerveja sem trabalhar pe/a escola devia beber em outro lugar. Estavamos ali para dar um novo animo escola e fazer ela subir". Esse espirito de lideran~a foi essenclal para a apresenta~ao de um desfile melhor, e com 0 en redo "A queda da monarquia" a agrem i a~ao n il opolitana conquistou 0 vice-campeonato e 0 passaporte para 0 Grupo II, no qua l permaneceu ate 1974, quando levou

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Revista Seija-Flor de Nilopolis

leao". "Depois do camaval de 1975, 0 Joao Trinta, que t inha sido campeao com o Salgueiro no ano anterior, me disse que queria trabalhar em uma escola menor. Ele ja conhecia 0 traba lho que estavamos desenvolvendo na BeijaFlor e achei que de poderia dar uma importante ajuda para chegarmos aonde queriamos. Mas eu ja tinha um enredo para a escola, falando sabre a Natal da Portela - "0 homem de um bra~o 56': E quando chamei ele para traba lhar conosco, Joao perguntou se poderia acrescentar alga. Entramos em um acordo e ficou tudo certo. A Beija-Flor levou para a des file um en redo diferente, com um samba forte escrito par Neguinho e com a criativida de do Joao Trinta chegamos aonde queriamos: fomos campe6es do Camaval carioca. Daque/e dia em diante, marcamos a nome da Beija- Flor de Nil6polis no Camava l. Quem nao se lembra do refrao: 'Sonhar com filharada a coelhinho. Com gente teimosa na cabe~a, da burrinho. E com rapaz

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todo enfeitado 0 resultado, pessoal, paviio ou veado'?", relembra com orgulho, Anizio.

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UMA VITRINE DE VALORES

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mesmo carnaval de 1976, que consagrou a Beija-Flor como uma grande escola de samba, mostrou ao mundo do Carnaval a voz e 0 ritmo de Luis Antonio Feliciano Marcondes, 0 Neguinho da Beija-Flor, que ate hoje e a voz da agremia~ao de Nilopolis. Durante os anos 1970, com Joaozinho Trinta como carnavalesco da escola, a Beija-Flor, com titulos e carnavais historicos e criativos, foi se firmando como uma das grandes escolas de samba do Carnaval. E nao e exag.ero dizer que foi uma decada das mais marcantes da historia da agremia~ao. Assim, 0 que era sonho em 1976 se tornou uma doce realidade. Nao bastasse 0 feito historico de vencer um Carnaval, a agremia~ao de Nilopolis, levando para a Avenida um enredo considerado na opiniao de analistas da epoca improvavel para titulos, alcan~ou 0 bicampeonato. Anizio, Joaozinho Trinta, Laila, Neguinho da Beija-Flor e companhia, na ra~a, levantaram mais um trofeu. 0 enredo, "Vovo e 0 rei da Saturnalia na corte egipciana", cita grandes festas passadas e os primordios do Carnaval no Egito e avan~a mais um pouco na consolida~ao do projeto pensado por Anizio e Nelsinho: tornar a Beija-Flor de Nilopolis uma grande escola de samba. E e com muito trabalho, alimentada pel a for~a de um bicampeonato, que a Beija-Flor partiu para a brig a de mais um titulo, que veio em 1978 com "A cria~ao do mundo na tradi~ao Nago", com 0 bela samba escrito por Neguinho da Beija-Flor, Mazinho e Gilson Dr. e que, apesar da lama e dos detritos resultantes da chuva que nao dava tregua, levantou 0 publico na Avenida com 0 refrao "Ierere, iere, iere. 0 0 O. Travam um duelo de amor, e surge a vida com seu esplendor". No desfile, ainda na Avenida Presidente Vargas, a Beija-Flor tambem contagiou o publico pelo belissimo carro com negras, uma bateria composta por 3000 componentes e sua sempre animada comunidade, que cantou 0 samba a plenos pulmiies, garantindo pelo terceiro ana seguido 0 titulo de campeii do Carnaval.

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Surpreendendo a todos a Beija-Flor de Nilopolis completava 0 projeto planejado: havia conquistado o Carnaval do Rio de Janeiro e se tornara uma escola de samba presente em todo 0 planeta. Uma das maiores.

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o bicampeonato

que logo se tornou tri nao so consolidou a for~a da agremia~ao nilopolitana no cenario do Carnaval como despertou a ate n ~ao de importantes lid eran~as no ambito politico: "0 tricampeonato de 1976/77/78 foi muito importante para a 8eija -Flor porque demonstrou que nossas conquistas nao foram obra da sorte ou do acaso, mas que eramos merecedores desses titulos pe/o trabalho que desenvolvemos dentro e fora da Avenida. Mas e/e tambem foi muito importante para 0 desenvolvimento do municipio de Nilopolis, funcionando como uma vitrine de nossa regiiio e da for~a do nosso povo. Lembro-me que a partir desses anos muitos governos e governantes das

esferas estaduais e federais passaram a olhar com mais aten~ao para a nossa regiao, 0 que antes nao acontecia. 1550, naturalmente, resultou em melhorias na vida do cidadao nilopolitano e do proprio municipio", destaca Farid Abrao David, que alem de irmao de Anizio exerceu 0 cargo de prefeito de Nilopolis por diversas vezes e de deputado estadual.

MARCA INDELEVEL NA HISTORIA DO CARNAVAL Os anos 1980 chegaram e, com eles, apenas dois titulos com tonicas diferentes e de grande impacto epoca. Um primeiro desfile mais ludico, infantil, motivado pela resposta de uma crian~a

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Revisla 8eija-Flor de Nilopolis

aJoaozinho Trinta, que perguntou 0 que ela faria se pudesse realizar todos seus sonhos. A respostal "Faria 0 so l brilhar a meia-noite". Trazendo a poesia para um contexto ludi co, a Beija-Flor brincou 0 Carnaval em 1980 e sagrou-se campea mais uma vez, com 0 enredo "0 Sol da meia-noite, uma viagem ao pais das maravilhas". 0 desfile foi aberto com um belissimo ca rro sse l, que teve um impacto muito grande. Seguiram-se alas e fantasias igualmente encantadoras. 0 publico entrou na festa, 0 que incend iou ainda mais 0 desfile da azu l e branco. 0 titulo, que fo i dividido com a Im peratriz e a Portela, nao perdeu 0 brilho nas maos da agrem i a~iio de Nil opolis.

Mas como Carnava l e tambem uma competi~ao, na qual os concorrentes se preparam para uma forte disputa, a Beija-Flor nao repetiu 0 sucesso do tricampeonato de 76/77/78 e so voltou levantar 0 caneco em 1983.

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Foi assim que em grande estilo, e fazendo 0 que foi sem duvida "um dos maiores desfiles de Carnaval de todos os tempos", a Beija-Flor de Nilopolis leyou para a Avenida 0 enredo "A grande conste l a~ao das estre las negras", um desfile aclamado pela critica especializada e que emocionou 0 publico presente ao homenagear a for~a dos negros brasileiros, simbo li zados na Figura de Pinah Ayoub, Clementina de Jesus e Grande Otelo, icones da cultura afro-brasileira. Ao som da voz de Negui-

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nho da Beija-Flor, a cultura negra foi elevada ao volume maximo e 0 publico cantou junto. Ainda canta "0 0 0 Yaos ... Quanto amor, quanta amor. As pretas vel has Yaos vem cantando em seu louvor." Mais um longo periodo sem titulos ate que a agremia~ao deu um dos mais importantes passos para a consolida«;ao definitiva dessa sua historia, marcada pela vanguarda e pel a cria~ao de tendencias para 0 Carnaval. Joaozinho Trinta, autor da celebre frase "0 povo gosta de luxo, quem gosta de miseria I' intelectual", em resposta as criticas que Ihe eram feitas em rela~ao ao estilo luxuoso que imprimia aos desfiles da agremia~ao, ousou mais uma vez e, no Carnaval de 1989, em conjunto com Laila,levou para Avenida um desfile valorizando 0 lixo - e nao 0 luxo -, com uso recorrente de produtos reciclados e reaproveitados. Segundo Anizio, "Joaozinho pensava as coisas e sempre tinha meu apoio. Quando fizemos 0 Carnaval 'Ratos e Urubus', toda a diretoria da escola foi contra as ideias que eram lan~adas na reuniao de apresenta~ao do en redo. Sabia que era um en redo polemico, mas acreditava nas ideias do Joao Trinta, do Laila e do Viriato. E levei 0 Carnaval no peito". Foi tambem nesse Carnaval que a Beija-Flor promoveu uma das maiores polemicas do Car~aval, ao anunciar

que levaria para a Avenida um carro alegorico com a imagens de um Cristo em andrajos - 0 CristoMendigo. Essa iniciativa despertou a rea~ao da Igreja Catolica, que entendendo ser a imagem do Cristo-Mendigo um desrespeito a imagem do Messias, entrou com uma a~ao na Justi~a solicitando a proibi~ao da entrada dessa escultura no desfile. Entre idas e vindas da Justi«;a, Joaozinho Trinta e Laila decidiram cobrir a alegoria no desfile sob um manto plastico com uma faixa onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nos". Ainda assim, tanto pela composi~ao do carro alegorico - repleto de mendigos rea is, moradores de rua - como pela solu~ao criativa e provocativa que deu a situa«;ao, como pelo desfile impactante e cheio de energia, a apresenta~ao da Beija-Flor teve tmra enorme repercussao e a agremia«;ao, ao som de "Xepa de la pra ca xepei Sou na vida um mendigo da folia eu sou rei", mais uma vez levantou 0 publico presente. Emocionado, um dos mais importantes nomes do Carnaval carioca, Fernando Pamplona, durante os comentarios do desfile que fazia ao vivo nao se manteve e explodindo em emo~ao bradou: "Esse um momento glorioso! Glorioso! Glorioso, gente! povo aplaude e tem coragem tirando 0 manto

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negro de cima de Cristo. Acompanhem pelo amor de Deus. Acompanhem 0 povo em extase!' Toda essa emo~ao e euforia do carnava lesco, cenografo, professor, produtor e maior icone do Carnaval foi 0 auge do reconhecimento de um desfile unico, que marcou a historia do Carnaval. Infelizmente, a agremia~ao nilopolitana conquistou apenas a 2' coloca~ao. Apesar do resultado, escreveu, definitivamente, a mais emocionante pagina da historia do Carnava l - nao pelo numero de titulos, mas pel a ousadia, criatividade e coragem de fazer arte livre. Na Mcada de 1990, apesar das glorias de sempre, uma grande perda. Nelson Abrao David, que apos alguns anos fora da presidencia da escola, voltou em 1991, faleceu no mesmo ano. No ano seguinte, em 1992, apos um amargo setimo lugar, Joaozinho Trinta deixou a escola. Para seu lugar, Maria Augusta Rodrigues seria a convidada. E no saba do das cam peas Anizio faz carnavalesca. Maria Augusta o convite direto recorda que foi criada uma situa~ao curiosa pois apos 0 convite de Anizio, ela respondeu: "Anizio, antes de eu responder a voce, preciso ir Beijavoce que tenho uma Flor. Mas preciso dizer forma propria de criar meus enredos. Eles surgem a partir de sonhos que tenho." Fato I' que Maria Augusta assume 0 posto e, trazel1do novas ideias agremia~ao, leva para a Avenida um Carnaval mais ludico e brincalhao. Eo carnaval "Uni-duniteo A Beija-Flor esco lheu voce. "Foi um Camaval magico. a Anizio ficou muito satisfeito com 0 des file, especialmente porque com a saida do

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loao Trinta a escola estava em busca de uma nova lingua gem, para inclusive marcar essa nova fase pos-Joao. Me lembro que a escolha do enredo se deu em forma de reve/a~ao : acordada, sonhei com o enredo de uma forma tao clara e completa como nunca havia acontecido, na qual ouvia e via coisas que fui escrevendo e desenhando. Uma revela~ao que durou praticamente duas horas e meia. Tinha certeza de que 0 desfile seria especial e que ajudaria a Beija-Flor a se reencontrar', confidencia Maria Augusta. Nos quatro anos seguintes quem assume a fun~ao de carnavalesco da agrem i a~ao I' 0 paraense Milton Cunha, que assina dois importantes enredos - "Margaret Mee - a dama das bromelias" e Bidu Sayao e 0 canto de cristal" - ate a institucionaliza~ao da Comissao de Carnavalescos, criada por Lai la em 1997, e que tinha como principal objetivo retirar de cena a figl,jra' do carnava lesco unico e abrir espa~o para as mentes criativas de um grupo multifacetado, sob 0 seu comando. A iniciativa deu ce rto, e no dia em que Neguinho da Beija-Flor completou 23 anos de Avenida, a Comissao de carnavalescos da agremia~iio, formada por Cid Carvalho, Anderson MUlier, Amarildo Melo, Victos Santos, Paulo Fuhro, Fran Sergio, Bira, Nelson Ricardo e Joao Sorriso, sob a batuta de Laila, deu agremia~ao mais um titulo de campea, com o enredo "Para - 0 mundo mistico dos Caruanas nas aguas do Patu Anu".

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Com a virada do seculo, novos ares e a realiza~ao de mais desfiles importantes. Utilizando essa nova carnavais - com uma Coforma de produzir missao de Carnavalescos -, a agrem i a~ao conquistou mais cinco titulos de campea e tres vice-campeonatos. (2000, 2001 e 2002) e com "0 povo conta a sua historia: saco vazio nao para em pI' (2003)", em mais um enredo historico, levantou um mais que merecido titulo. Falando de lutas e supera~iies de problemas socia is, a esco la, seguindo sua voca~ao para carnavais criticos, fez toda a Sapucai cantar : "Chega de ganhar tao pouco/ T6 no sufoco, YOU desabafar/ Pare com essa

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ganiincia, pois a toleriincia pode se acaba r ... ". Embalada por mais um titulo, a Beija-Flor, mais uma vez, surpreendeu . De acordo co m os comentaristas de Carnaval, a agremia~iio de Nil opo lis tinha sem duvida 0 meIhor samba . Ma is u ma vez, a disputa foi co m a Mangueira, que sagrouse vice-campea. Joaozinho Trinta, na Grande Rio, tambem foi vencido pe l a Azul e Branco de Nil opo li s, e com 0 enredo "Manoa, Manaus, Amazonia, Terra Santa: Alimenta o corpo, equilibra a alma e transmi te a paz" a agremia~ao azu l e branco preparava seu cam inho para um novo tricampeonato. Foi assim que em 2005, com 0 enredo "0 vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espirito Guarani, sete povos na fe e na dor... Sete missiies de amor", tendo a regiao das Missoes como cemirio para seu carnaval, a BeijaFlor de Nilopolis levou para a -avenida mais um enredo que, apoiado por um samba emocionante e a sempre pulsante comun idade, conqu istou mais um titu lo para Nil opo li s. Era 0 segundo tricampeonato da historia da escola e a certeza de que para vencer 0 Carnava l, as demais agrem i a~oes deveriam primeiro, vencer a Be ija-Flor. Beija-Flor de Ni lopolis. E em um Carnaval antologico, dois anos apos 0 tri, a Beija-Flor, com 0 enredo "Africas - Do ber<;o real corte brasiliana" chama a aten~ao de todos ao entrar na Avenida com carros modernissimos, grandiosos e engenhosos, capazes de arrancar ap lausos ate dos adversarios. Apesar deja ter mais de uma decada, esse desfile ainda e lembrado com muito carinho pelos amantes dessa festa.

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Depois de um mergulho nas culturas e t radi~oes africanas, a Be ija-Flor de Nilopolis desbravou 0 Brasil para, com isso, conquistar mais um bicampeonato. Falando sobre Macapa, com "Maca paba: equinocio solar, viagens fantasticas ao meio do mundo" a agremia~ao fez bonito na Avenida e levantou 0 titu lo, mostrando mais uma vez 0 Brasil dos brasileiros. De 2010 ate os dias atuais, tres titulos de campea, um vice, um terceiro lugar e desfiles memoraveis,

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carimbando uma identidade un ica de se fazer Carnaval. Roberto Carlos, um dos maiores nomes da musica brasileira, foi tema de Carnaval. E nao poderia ter sido em outra escola. 0 Rei ja havia declarado admira~ao pela agremia~ao de Ni lopo lis. Em um desfile cheio de emo~oes, nao poderia ter dado outra coisa: Beij a-Flor ca mpea, "A simplicidade de um Rei". Um deta lhe deste ano e que a partir dele, a base da bater ia da Beija - Flor passou a ser composta por meninos oriundos do projeto social que a esco la rea liza em Nilopolis. Todos os anos, no especial do Roberto Ca rl os na Globo, a bateria da Beija-Flor e convidada." Roberto Carlos

se tornou urn amigo da 8eija-Flor. E todos nos, aqui da bateria, temos 0 maior carinho pelo Rei, por tudo que ele representa na musica brasi/eira e tambem como pessoa, que apesar de introvertida, tern urn enorme cora,ao e urn grande respeito pelas pessoas", destaca Rodney Ferreira, mestre de bateria com Plinio. Mais uma vez falando de Afr ica, em 2015 a conqu istou, com "Um gri6 conta a historia: um olhar sobre a Africa e 0 despontar da Guine Equatorial", seu decimo terceiro titulo de camp,ea, Lan~ando um olhar mais especifico sobre a Africa, desta vez destacando 0 verde das florestas africanas e as belezas das riquezas naturais do continente. agremia~ao

Atualmente, comemorando 70 anos de funda~ao, e com um invejavel curriculo de 14 titulos carimbados e 12 vice-campeonatos, a Beija-Flor de Nilopolis - maior vencedora do sambodromo nao tem mais que provar nada a ninguem . Nada mesmo.

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Somos eternamente Mangalarga Marchador. cavalo 0 nosso am igo fi el, sua docilidade nos aproxima de Deus e a marcha faz nosso cora~ao bater mais forte.

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carnaval eturismo: uma receita de desenvolvimento

Ricardo Oa Fonseca publicitario, jornalista e produtor cultural Felipe Lucena jornalista e roteirista

A rela~ao entre Carnaval e politica - como organiza~ao da vida social - parece obvia. E, de fato, existe uma linha direta entre os dois pontos. Contudo, muitas vezes, precisamos frisar 0 que e evidente para que a evidencia se mantenha na pauta das discussiies e das a~iies da sociedade. Ha momentos em que somos for~ados a sair em defesa do obvio. lodes os anos, durante 0 Carnaval, 0 Rio de Janeiro e outras cidades que tem tradi~ao carnavalesca recebem milhiies de turistas, 0 que movimenta, de forma imediata, a economia das regiiies. 0 Carnaval com todos os seus aspectos somados ao forte turismo e certeza de crescimento e desenvolvimento para 0 pais como um todo e para as pessoas, individual mente. Em 2018, 0 Carnaval do Rio de Janeiro atraiu 6,5 milhiies de pessoas. A festa teve beneficios para muito mais gente: toda a popula~ao do estado. Foram injetados R$ 3,02 bilhiies na economia. A receita gerada foi 6,8% maior do que a do Carnaval de 2017. A folia tambem gerou R$ 179 milhiies em tributos. Sao numeros do Ministerio da Cultura. lodes os anos, milh5es de turistas vem ao Brasil para 0 Carnaval. Somente em 2018, 0 Estado Brasileiro arrecadou mais de 11 bilhiies com a festa. Numero superior ao PIB anual de muitas capitais do pais. Nao e de hoje que 0 Carnaval deixou de ser uma festa popular para se tornar um megaevento.

Nao e de hoje, tambem, que gestores publicos e associa~iies empresariais ligadas ao turismo (ver materia CVBx) se interessam em coloca-Io na agenda mundial para estimular, ainda mais, a gera~ao de emprego e renda atraves de sua profi ssional iza~ao. Desenvolver ainda mais 0 ja rentavel e poderoso Carnaval brasileiro e certamente uma maneira de dinamizar a economia nacional e regional. A manifesta~ao popular pode e deve ser mais bem explorada, com sustentabilidade, tanto pelo setor privado quanto pelo publico para aumentar seu potencial de produ~ao de riquezas. No Brasil que ainda vive uma crise de desemprego, em 2018, 0 Carnaval gerou mais de 20 mil postos de trabalho, de acordo com Confedera~ao Nacional do Comercio de Bens, Servi~os e lurismo (CNC). No estado do Rio de Janeiro, no mesmo ano, 0 numero de desempregados era de 1,2 milhiies de pessoas, tendo sido gerados, na regiao fluminense, 72 mil empregos durante os dias de folia. E nao se pode falar de Carnaval sem pontuar a importancia dos Blocos de Rua e das Agremia~iies de Carnaval, com os desfiles que realizam na Av. Marques de Sapucai e na Av. Intendente Magalhaes. A Beija-Flor, por exemplo, gra~as ao Carnaval e desde que conquistou 0 seu primeiro titulo no Desfile das Escolas de Samba pelo Grupo 1, em 1976, promoveu um impacto tao grande no municipio de Nilopolis que ela deixou de ser um

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municipio dormitorio. no qual as pessoas moram mas trabalham em outros municipios. para se transformar em um vetor de gera~ao de pequenos e medias empregos. No auge dos trabalhos. a Beija-Flor. direta e indiretamente. gera cerca de 2.000 oportunidades de emprego ou renda. Considere que. no Carnaval do Rio de Janeiro. temos atualmente 14 escolas de samba do Grupo Especial. 13 da Serie A e 52 agremia~oes nas Series B a E.

Pais. das Crian~as e 0 Reveillon. Essa discordancia se da. segundo a economista Camila Costa. porque 0 Carnaval movimenta muitas frentes de comercio informal. que. muitas vezes. nao entram nas analises de mercado consideradas oficiais. Muitos dos trabalhadores do Carnaval nao tem carteira assinada e nao sao contribuintes. Contudo. com a arrecada~ao que essas pessoas tem. elas movimentam a economia atraves do consumo. 0 que acaba entrando em outras estatisticas. Nilopolis e Barra Mansa sao duas localidades no estado do Rio que serCARNAVAL. PREPARA«;:AO . . . P6S-CARNAVAl vem como exemplo do peso da for~a econ6mica do Carnaval. 0 municio da LJnpezii Baixada. como e sabido. gira em torno da Beija-Flor. e Barra Mansa tem como grande vetor as bordadeiras. con hecidas em todo-u pais e que tem como principais clientes as escolas de samba - do Rio e de outros estados. Por muito tempo. foi a principal fonte de renda de boa parte do local. o trabalho das bordadeiras de Barra Q Mansa existe ha mais de 30 anos e ~ ja foi citado em diversos estudos que falam sobre Carnaval. 0 mais aclamado deles foi 0 livro "Artesaos da Sapucai". L.._ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _... de Carlos Feijo e Andre Nazareth. A

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obra tambem retrata 0 trabalho de carpinteiros. Mas a for~a do Carnaval como gera~ao de renda aramistas. peruqueiras. chapeleiros. iluminadores nao para por ai. Nao sao apenas costureiras. e outros operarios que dependem da festa para aderecistas. marceneiros. eletricistas que sao trabalhar em suas areas de atua~ao. incluidos e reincluidos no mercado de trabalho Boni. comunicador. empresario brasileiro do ramo em razao das festas de Momo. Para ser claro. a das telecomunica~oes e amante do Carnaval. economia gira para 0 setor varejista. quando uma ja se pronunciou diversas vezes a respeito da escola de samba compra materiais para fazer 0 potencia turistica. econ6mica. social e cultural seu desfile. Quando um vendedor ambulante que e 0 carnaval. frisando que a festa pode [e refor~a seu estoque para suportar a eleva~ao na devel ficar ainda maior se houver. por parte de demanda. quando grandes empresas montam todos os players envolvidos no espetaculo. mais camarotes na Avenida para receber seus con- organiza~ao e adequa~ao aos novos tempos. E vidados. quando turistas deixam suas cidades ele tem razao. Se os representantes do Poder para acompanhar os desfiles ou participar dos publico no ambito Federal. Estadual e Municipal blocos. tambem participam desse giro econ6mi- e as entidades privadas que representam setoco. ativando servi~os de hospedagem em hoWs. res do Turismo e do Carnaval sentarem a mesa pousadas e hostels. alem de reaquecer 0 setor para discutir meios de aprimorar 0 espetaculo. de bebidas e alimentos. transporte. confec~ao. identificando fontes estaveis de financiamento. entretenimento e de outros setores da sociedade. meios de divulga~ao amplo e global. aperfei~o­ notando-se. com facilidade. nesses quatro dias ando a sua logistica e seguran~a. entre outras de folia. a for~a da cadeia produtiva do Car- questoes que envolvem 0 Carnaval. certamente naval. que alavanca esse verdadeiro fen6meno esse espetaculo conhecido mundialmente como econ6mico. o "maior espetaculo popular do planeta" sera 0 De acordo com alguns analistas. apesar de haver mais potente vetor de desenvolvimento social opinioes discordantes. 0 Carnaval e a data co- do pais. 0 que em ultima instancia e 0 que todos memorativa mais lucrativa do Brasil. superando queremos: desenvolvimento econ6mico. social e - alem do Natal - a pascoa. 0 Dia das Maes. dos cultural para todos. Revisla Beija·Flor de Nilopolis

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o Iraballlo do, eVBl permite que 0 potencial tunsUco das cldades sela potencializado atraves de a~iies de comunic a~ao e promo~ao, As cidades do Rio de Janeiro e de Niter6i possuem escrilorios de eva, que aluam promovendo os atrallvos turfsticos de ambas as cidades, com suas belissimas plain e trilhas ecological, alem da hospitalidade do seu povo.

CVBx: UM MODELO DE SU CESSO

Efato

in di scutive l que 0 Ca rn ava l e out ras macult urais sao um importa nte ve tor de negocios e dese nvolvim en to para 0 Rio de Janeiro. que muitos nao co mp reende m e por que, entao, o Poder publico nas tres esfe ras nao t rat a dessa questao com mais vigo r e organiza~ao. Seg undo Marco Navega , preside nte da Federa~ao dos Convent ions Et Visito rs Burea ux do Estado, uma ent idade fo rm ada por empresarios qu e atuam no seg mento do turi smo, "existe uma questao cult ura l por tras de tudo isso. Aind a est amos acostumados a espera r que 0 Es tado tome as decisoes poli t icas e ad mi nistrativas nos mais di ve rsos segmentos, inclus ive no Tur ismo . Aco ntece q ue por u ma serie de fatores que extrapo lam esta ou aq uela adm i n i stra~ao, 0 Estado pe rdeu a capacidade de gerenciar co m efi cacia as de mandas da sociedade e do empresa ri ado. M uitas vezes nem e fa lta de boa vontade e empenh o do gestor e sua eq ui pe. fato e qu e esta mos numa transi~ao entre um Estado engessado, inclusive pela l e gi s l a~ao , para uma gest ao pa rt icipativa, na qua l os seg mentos, inc lusive pri vados, se posicionam e lideram a~oes e estrateg ias", esclarece Navega. n i festa~oes

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No caso do Tu ris l11o, 0 que tem se mostrado bastante eficiente no desenvolvimento do setor e a pa rt i cipa~ao de assoc i a~oes empresa ria is pri vadas de ambito muni cipa l que, ao lado do gestor de

cada cid ade. ap resenta l11 pro postas, negociam cami nhos e executa m a~oes co ncretas. Esse mode lo, criado nos Estados Unidos e rep licado no Brasil, tem dado bons res ultados ao mercado do turismo e soc iedade loca l. Sao os chamados Convention Et Visito rs Burea u que exercem , hoje, um papel f un da mental na politica pll blica de alguns municip ios ao redor do mu ndo. Sobre a re levancia dos CVBx e ainda 0 presidente da entidade estadual que ana li sa: "As cida des possuem suas v.oc3fioes, eo Brasi l tem co mo voca~ao 0 Turismo. E preciso que uma entidade que nao 0 Estado - sujeito a politicas menos republi ca nas - lidere esse processo, in cen ti va ndo e ex igin do do Poder publico a~oes estrateg icas e eficazes. Essa entidade e 0 Convent ion Et Visitors Bureau, formado por experientes profissionais do setor do turismo e da comun i ca~ao e que t em rea lizado um importante trabalho em suas ci dades. Nos anos que te nho pres idido a Federa~ao - que co ngrega todos os CVBx do Rio de Ja neiro - ten ho co nstatado a for~a dessa entidade na d i na mi za~ao do Turismo local e regional, 0 que e para todos nos motivo de org ul ho e alegria, afinal. temos um tesouro em cima de nossas mesas, que sao os atrat ivos tu ri sticos de nosso Estado, e que precisa m ser t ratados com profissionalismo, com a ex igencia de te r metas a cumprir e de alavancar, co m sustentabi lidade, ma is esse instrumento de desenvolvimento e inclusiio do cidadiio."

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Para saber mais, acesse: www.fcvbrj.org.br


Beija-Flor de Nilopolis - a missao Haroldo Costa jornalista, salgueirense e admirador incondicional da Beija-Flor de Nilopolis

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Nilopolis e a capital da area denominada Baixada Fluminense. Claro que existem outras cidades de importancia comercial e industrial. mas 0 fen6meno da sua ascensao revela um aspecto no minima curioso: seu crescimento e desenvolvimento se devem sua atua~ao cultural num contexto que e muito pouco afeito inser~ao das artes em suas diversas instancias. onde 0 Estado se beneficia dos resultados. mas pouco colabora para incrementar 0 desenrolar de talentos que mal se contem dentro dos seus proprios contornos fisicos e espirituais.

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A Beija-Flor de Nilopolis criou seu estilo e adquiriu sua fama alken,ada na vi sao da familia liderada pelo Anizio. que compreendeu que atraves de sua agremia~ao. nascida de um modesto bloco na casa humilde de dona Eulalia e que subindo degrau por degrau. transformou-se numa escola de samba que ganhou 0 mundo. Quando principe Charles. herdeiro do trono da Inglaterra aceitou 0 desafio da passista Pinah e misturou Charleston com samba. daquele momento em diante 0 mundo nao seria mais 0 mesmo. Nao houve jornal ou revista estrangeira que nao desse a noticia. com foto. do inedito Pas de Deux. Era. sem duvida. a materializa~ao do conhecido jargao: a Europa curvou-se ante 0 Brasil. Espalhando alfabetiza~ao. conhecimento tecnico e profissionalizante. estimulando voca~iies. tudo

sob 0 olhar critico e exigente do "seu" Anizio. a Beija-Flor tornou-se um celeiro de novas talentos. resultado do trabalho instigante de um artista tambem vindo do povo. chamado Joao Jorge Trinta. Joaozinho Trinta. para sempre. que nao so deu varios campeonatos escola. como tornouse a for~a motriz da agremia~ao. como injetou na comunidade 0 orgulho pel a sua cidade. 0 portico. representado por um esvoa~ante beija-flor. indica que ali come~a um local diferenciado.

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Nos dias de hoje a porta-bandeira mais prestigiada do pais. Selminha Sorriso. cujo estranho sobrenome foi criado pela imprensa e pelo assim chamado "mundo do samba". recordista na sua categoria pelo Estandarte de Ouro. 0 premio mais cobi~ado por todos os sambistas do Rio de Janeiro. ja ha ate quem queira transforma-Io em nacional. Selminha. com desvelo maternal. cuida da escola mirim. 0 mini componente tem que tirar boas notas. passar de ano e saber sambar. Forma-se assim uma nova gera~ao de sambistas que passa a valorizar a educa~ao. a cultura e 0 nosso bem maior. que e 0 samba. A Beija-Flor de Nilopolis chega aos 70 anos bela e fagueira. Tambem pudera. com a obstina~ao do Anizio. a garganta do Neguinho. os rodeios infindaveis da Selminha e do Claudinho. e a consciencia dos seus componentes. seria dificil ser diferente. A missao continua.


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uma."nova . expenencla no Carnaval da SaRoYÂŁ~L radialista e apresentador de TV Ricardo Da Fonseca jornalista, publicitiirio e produtor cultural

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o Desfile das Escolas de Samba, atraves dos anos,

atrativos e servi~os que 0 "Nosso Camarote" levou para 0 Carnaval da Sapucai. Segundo Carol Sampaio, uma das idealizadoras do projeto, "durante muito tempo tinhamos os camarotes voltados para turistas e empresarios, que apesar de serem atraentes, nao ofereciam nenhum atrativo afinado ao gosto e interesses do jovem. Tanto eu quanto o Gabriel sentiamos essa frustra~iio de niio pasEntre os primeiros Desfiles e as apresenta~iies de sarmos 0 Carnaval com alguns de nossos amigos hoje, muita coisa boa aconteceu, com importantes queridos porque eles niio tinham interesse em ir transforma~iies sendo criadas: os carros alegoricos ao Desfile de Carnaval. E porque pensamos mais ganharam volume, as fantasias mais cor e brilho, ou menos parecido, pensamos em criar um evento as comunidades mais espa~o para manifestar sua de entretenimento que Fosse agradavel para nos cultura e arte. e nossos amigos. Um camarote que so tivesse Para 0 publico presente, as ofertas de entreteni- coisas boas dentro dele. Coisas que nos curtimos mento e lazer tambem evoluiram, fazendo com que e que fossem sintonizadas a nossa forma jovem camarotes se tornassem bem mais do que espa~os de ser e de nos divertir. Quando decidimos fazer para 0 foliiio assistir aos desfiles das agremia~iies o 'Nosso Camarote', per.cebemos que estavamos, de Carnaval. Eles se tornaram espa~os para a re- finalmente, criando na S-apucai um espa~o unico aliza~iio de festas a parte, com ofertas de shows e inedito para 0 jovem". e apresenta~iies artisticas variadas - muito alem Gabriel David, socia de Carol nesse empreendido samba e do Carnaval. mento, revel a um dos grandes motivadores para Dentre os diversos camarotes - com suas ofer- o desenvolvimento do projeto "Nosso Camarote": tas especificas de entretenimento - um deles "Eu e Carol conhecemos muita gente bacana, se destacou no ano de 201 B pelo ineditismo da que gosta do Desfile das Escolas de Samba. Mas proposta. Foi 0 "Nosso Camarote", que abriu um e uma galera jovem, que apesar de gostar dessa importante espa~o para 0 jovem f~liiio, que niio festa, nao tem muita paciencia para assistir um encontrava nos demais camarotes alguns dos unico desfile por 60 ou 70 minutos. Enatural esse tipo de comportamento, afinal, nossa gera~ao aprendeu a agir rapido, a buscar resultados a curto prazo e a aproveitar 0 tempo de um modo mais objetivo. Eu posso me considerar uma ex-

se tornou a festa popular mais importante do planeta, movimentando em um curto espa~o de tempo um enorme fluxo de pessoas - locais e de fora do Estado e do pais - que consolidaram a essa festa 0 titulo de "Maior espetaculo popular da Terra".

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Revista Beija-Flor de Nil6polis


ce~ao

porque fui criado no Carnaval. Conhe~o as seus diretores e componentes. Fa~o parte de uma grande familia que e 0 Carnaval carioca. Mas isso nao faz parte da realidade da maioria dos jovens do Rio de Janeiro e do pais. Me lembro que, mais jovem, lamentava que enquanto eu ia Sapucai para assistir aos desfiles das escolas de samba, meus amigos iam para outros lugares, porque nao queriam passar dois dias em um camarote assistindo desfiles longos e, na visao de alguns deles, cansativos pela dura~ao. E foi exatamente pensando em criar uma op~ao atraente para jovens que pensassem como meus amigos e os amigos da Carol e que montamos 0 projeto", destaca Gabriel. agremia~iies,

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Quem visitou 0 "Nosso Camarote" na sua edi~ao 2018 entende bem 0 que Carol e Gabriel disseram. espa~o estava animadissimo, com uma galera jovem, bonita, de alto astral e pronta sempre para se divertir ao som de samba, funk, sertanejo e outros sons nao tao faceis de serem enquadrados - em mais de 70 horas de festa e anima~ao.

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Um espa~o novo como esse, com essa nova visao de entretenimento na Sapucai, naturalmente desperta criticas - especial mente dos mais puristas. Mas e importante que se perceba que 0 Desfile das Escolas de Samba e um espetacu'lo que tem decadas, e que durante esse tempo sofreu pequenas mudan~as no formato. Houve como ja foi citado no inicio dessa materia, importantes mudan~as, mas muito mais na estetica e na produ~ao artistica das agremia~iies do que no formato do espetacu10. Alem disso, nao se pode ignorar que as mais novas gera~iies possuem uma outra forma de se relacionar com a cultura e com 0 entretenimento. Eo Carnaval da Sapucai nao atualizou seu formato para isso. Basta observar os shows que a gera~ao dos 20 aos 40 anos assistem: sao diversos palcos,

cada um com a bandas de estilos e generos diferentes, onde rolam outras atividades, como corte de cabelo, pista de skate, jogos e outras atra~iies. Isto porque quando essa tribo vai a um evento, vai para se divertir e, na visao deles, diversao nao pode estar restrita a um unico tipo de atra~ao. As ofertas de entretenimento do "Nosso Camarote" tem referencias conceituais solidas em outros eventos de sucesso, como a NBA e 0 Rock' in Rio. funcionamento do Rock' in Rio e emblematico: uma empresa principal organiza um grande evento, com diversas varia~iies e outras empresas entram com atividades paralelas - e suas marcas - oferecendo novas e diferentes experiencias para o publico presente. "E disso que estamos falando: o Rock' in Rio e uma dessas experiencias recentes, voltadas para 0 jov~1lL Imagina que colocaram nesse festival, que e de musica, uma roda gigante, teliies para exibi~ao de disputas de games e talk shows, acesso a videogames, brinquedos como 0 mega drop e a tirolesa e diversas outras formas de experiencias. Entendemos que 0 que 0 jovem esta sempre em busca de novas experiencias, enos, do 'Nosso Camarote' queremos levar essas novas experiencias para dentro do sambodromo. Entao, teremos atra~iies musicais especia is, open bar so de drinks premium e um open food com servi~o de buffet completo", revela Gabriel.

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Alem de um mega espa~o reservado para oferecer as melhores experiencias aos seus convidados, 0 "Nosso Camarote" esta localizado em uma area privilegiada - 0 Setor 10 -, bem proximo cabine dos jurados, onde 0 Desfile das agremia~iies costuma ser ainda mais emocionante.

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novos caminhos para 0 maior

Entrevista c~msPo~et~~i~~~ ÂŁ~~V~i~~[O~~hr ~~r~

Hilton Abi-Rihan radialista e apresentador de TV

Ricardo Da Fonseca jornalista, publicitario e produtor cultural

Ricardo Da Fonseca - Durante 0 ana de 2018, diversas vezes se falou que 0 "espetaculo "Carnaval Carioca", aqui se referindo ao Desfile das Escolas de Samba, estava correndo 0 risco de nao alcan~ar o esperado sucesso. a que voce pensa disso, Boni? Boni - a Desfile das Escolas de Samba passa sim, por um momenta de defini~ao. au se mantem como esta - frio e distante do publico - ou se reinventa e volta a ser 0 maior espetaculo popular da Terra. Como um espetaculo complexo, 0 Carnaval precisa ser constantemente avaliado e analisado nos seus minimos aspectos e, a partir dai, receber ajustes e corre~iies para a sua evolu~ao. A Liesa fez um trabalho maravilhoso na profissionaliza~ao dos Desfiles das Escolas de Samba. Agora e preciso olhar com isen~ao e dar um passo maior para promover as transforma~iies que 0 espetaculo precisa, capazes de despertar nova mente 0 interesse do publico e recuperar a procura por ingressos e a audiencia na televisao. Nao vejo os representantes da televisao, do poder publico e das escolas de samba buscando de forma urgente uma solu~ao para fazer 0 Carnaval voltar ao seu auge, nem os vejo preocupados em construir solu~oes para 0 problema dos minguados recursos que chegam as escolas de samba, que precisam de dinheiro e recursos em caixa para, com tranquilidade, concentrarem sua aten~ao na produ~ao artistica dos seus desfiles. Tenho insistentemente me reunido

com essas lideran~as e levados propostas, ideias e alternativas, sempre embasadas em analises profissionais. Infelizmente 0 que percebo e que tenho malhado em ferro-frio. Existem situa~oes tao obvias e nada e feito, de fato, para uma total ruptura do modelo de negocio do desfile e da transmissao pela televisao. Abi-Rihan - Imagino como deve se sentir, Boni, uma vez que 0 Carnaval e uma das suas grandes paixiies. Boni - E triste ver uma festa tao importante como 0 Carnaval carioca, com escolas com tanta qualidade artistica, construida ao longo do ana com tanto sacrificio dos componentes, com tanto empenho dos patron os das escolas para manter as contas em dia e nao recuar nos investimentos basicos que garantem 0 nivel do espetaculo, passar pelo que passa. Elamentavel ver as escolas passando de pires na mao para poder manter a qualidade do espetaculo. Assim como acho um absurdo, tambem, que parte dos recursos que as escolas de samba se utilizam para fazer 0 seu desfile tenham que vir da venda de ingressos. 1550 seria valido se as escolas tivessem 0 seu proprio Sambodromo e assumissem 0 Carnaval por inteiro com todos os onus e todas as receitas pode otimizar 0 conteudo e valorizar a comercializa~ao de direitos, merchandising, patrocinios e tambem dos ingressos

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com outra configura~ao do local dos desfiles. Atualmente, a Liesa acaba tendo qu e focar parte das suas preocupa~6es no que nao sua atividade-fim, como por exemplo no relacionamento com 0 poder publico. Como esta, 0 correto seria a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro contratar a Liesa para produzir 0 espetacu lo e pagar a ela 0 justo valor para que remunerassem as escolas de samba, adequadamente. Nao sei os valores. Isso teria que ser estudado e a Liesa, representando as agremia~6es, definiria os va lores para acabar com essa historia de ajuda mesqu inh a apelidada de "subven~ao". Qualquer adm inistrador de boteco sabe 0 quanto a Prefeitura ganha co m 0 Carnaval e 0 que poderia ganhar a mais se investisse no principal produto qu e sao os Desfi les das Escola s de Samba. Sem um passo dessa importimcia, so resta a primeira op~ao, com a sa id a dos desfiles do atual sambodromo e a privatiza~ao total do even to.

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RDF - Os desafios para a revital i za~ao do Carnava l passam inad iavelmente pela cria~ao de um Grupo de Trabalho multidiscipl inar que possa ana lisar 0 espetaculo e propor novos caminhos? Boni - Sim. Eimportante que as esco las de samba, a televisao e 0 poder pub lico sentem para tratar com mais car inho e profissionalismo 0 Desfile de Carnaval. Nos ultimos anos, gestao do Carnava l tem se valido da questao empirica: "Ano que vem vamos repetir com sucesso 0

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que fo i esse ano ...", "Esse ana foi bom. Ano que vem sera melh or" e outras afirma~6es que nao te m 0 poder de fazer, real mente, 0 Carnaval ser melhor. Esta faltando olhar critico das lid eran~as . Esta faltando planejamento. Esta faltando ousadia. A grand iosidade do Desfile das Escolas de Samba ex ige isso. Nao se pode mais ficar vivendo de afirma~6es otimistas sem que elas sejam embasadas no planejamento e em a~6es coordenadas em favor do espetacu lo. RDF - Em um evento como 0 Desfile das Escolas de Samba, que possui dezenas de for~as e interesses difusos, voce nao acha que esta faltando, en tao, um !ider com for~a para unir todos em dire~ao de um objetivo comu m e maior do que os interesses individuais? Boni - Sim. Esta fa ltando. Nao necessaria mente um !ider, mas uma lid eran~a capaz de unir todas essas for~as. Acho-que a Liesa poderia enfrentar esse novo desafio.-5air do lugar com um e realmente redesenhar 0 Desfile de Carnaval do Rio de Jane iro. Se voce olhar a historia do Carnaval, vera que houve homens que foram capazes de exercer esse papel de !ider na co ndu ~ao desse espetacu lo. Eram homens inteligentes e sagazes, con hecedo res do assunto e qu e era m respeitados por todos - como foram os fundadores da Liesa,

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o Anizio Abrahao David, 0 Capitao Guimaraes, 0 Luizinho Drummond e 0 Castor de Andrade. 0 Anizio Abrahao David, um homem sensivel, sempre teve um enorme vigor para lutar pelos interesses das agremia~6es, pela implanta~ao da Liesa e pela grandiosidade do Desfile de Carnaval. Basta ver 0 que fez, ao longo das decadas, em favor dos sambistas e 0 que fez pel a Beija-Flor, pela Liesa e por todo 0 Carnaval. 0 Capitao Guimariies, com sua vi sao estrategica, conseguiu 0 prodigio de manter os desfiles vivos ate hoje, apesar de todas as dificuldades. Seu bra~o direito Jorginho Castanheira sempre foi incansavel. RDF - Quando voce fala em "Iideran~as" ha para lideran~as de novas institui~iies?

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Boni - Sob a egide e a experiencia desses lideres que eu citei e que uma nova gera~iio de lideran~as no Carnaval precisa eclodir. Lideran~as mais jovens e conectadas com as mudan~as do novo seculo e busquem as solu~iies inovadoras e definitivas para 0 amado e encantador Desfile das Escolas de Samba. Abi-Rihan - Boni. Voce e um homem de televisao, que revolucionou a TV no Brasil. Ee um apaixonado pelo CarnavaI. Queria, por isso, que fizesse um paralelo entre a evolu~ao da televisiio e do Carnaval. Boni - Abi-Rihan, se analisarmos bem, a evolu~ao da TV foi grandiosa. No aspecto tecnologico, que da suporte a questao artistica da programa~ao, nos saimos dos slides de propaganda e dos GTs, estaticos, para comerciais dinamicos, de bom gosto e que atraem 0 consumidor para os produtos que anunciam. Saimos do sinal analogico para 0 sinal digital, com uma qualidade de som e de imagem jamais imaginada. Saimos do video-tape para as transmissiies ao vivo realizadas nos mais variados lugares do planeta. Tornamo-nos capazes de editar som e imagem, selecionando e recortando cenas melhores para atender aos interesses dos telespectadores. Eja avan~amos para a interatividade do teiespectador na programa~ao atraves do controle remoto ou dos aplicativos moveis. E novas conquistas virao. No quesito evol u~ao artistica, a televisiio brasileira tambem deu um enorme saito, oferecendo, hoje, uma das melhores programa~iies do mundo - ambicionadas e comercializadas, inclusive, em mais de cem paises. E ambas as evolu~iies - tecnologicas e artisticas - fizeram com que houvesse uma evolu~ao economica no universo da televisao. Com melhores produtos artisticos e com uma melhor forma de apresenta-Ios, o telespectador se chegou e a audiencia cresceu. Com audiencia em ascensao, os anunciantes

chegaram e promoveram com mais regularidades seus produtos e servi~os na televisao. Com mais dinheiro em caixa, as emissoras de TV investiram mais em tecnologia e produ~iio artistica. Formouse, assim, um cicio quase que perfeito. 0 Desfile de Carnaval, ao contra rio, protagoniza uma lenta e pequena transforma~iio, apesar das mudan~as que teve. E para compreender melhor 0 que digo, e preciso fazer uma distin~iio entre 0 modelo de negocios do Desfile de Carnaval e a produ~iio artistica das agremia~6es. Sao duas coisas paralelas e distintas. No que se refere a produ~iio artistica, e inegavel que houve evolu~iies que precisam ser reconhecidas. E aqui registro 0 importante papel que a Beija-Flor de Nilopolis exerceu nessa evolu~iio, que come~a com 0 espetacular desfile de 1976, "Sonhar com rei da leao". No entanto, no que trata de "modelo de negocios" 0 Desfile das Escolas de Samba amargiUm fracasso: tem sido incapaz de oferecer solu~6es aos desafios atuais, inclusive o relacionado a mudan~a de comportamento do publico e do telespectador e ao alinhamento as novas e modernas tecnologias disponiveis. RDF - Entao, Boni, me parece que no caso da televisao, os elementos tecnologicos de ponta estavam no mercado, assim como 0 potencial artistico da programa~ao dentro da propria emissora, mas que foi preciso um olhar atento ao mercado para identificar esses elementos tecnologicos e utiliza-Ios em favor da televisiio. Seria isso que 0 Carnaval precisa? Olhar mais para fora para ver o que 0 mercado da tecnologia tem a oferecer na potencializa~iio do que tem de bom dentro, que e o potencial artistico? Boni - Esse olhar atento ao que e de fora e importantissimo. Assim como A GLOBO liderou a transforma~iio da televisiio no Brasil, a Beija-Flor de Nilopolis liderou uma revolu~iio dentro das escolas de samba. E uma questiio importante que se voce consultar os videos antigos do Desfile das Escolas de Samba daquele ana de 1976 vera a distancia que a Beija-Flor de Nilopolis estava das demais escolas. Depois ever 0 saito que a Beija-Flor dava a cada ano. Deu um banho com do is tricampeonatos. Eclaro que outras escolas trouxeram grandes inova~iies, mas a Beija-Flor deu 0 tom da grandiosidade. A Beija Flor nasceu em 25 de dezembro de 1948 em pleno Natal. Uma "deusa" tinha mesmo que nascer no Natal. Inicialmente, era apenas um bloco e tornou-se depois a Soberana, a Rainha da Passarela. Nascida no Natal e claro qu e a Beija-Flor, tinha 0 direito de ter reis Magos. E niio apenas tres, mas muitos. Mas, sem duvida, 0 mais importante deles foi


Anizio Abrahao David, que chegou carregado de presentes: a sensibilidade pelo espetaculo, 0 carinho pela comunidade 0 amor pela Beija-Flor. Que a chegada desses gloriosos 70 anos da Beija-Flor traga tambem para todas as Escolas de Samba do Rio Janeiro um futuro iluminado e com 0 sucesso. Abi-Rihan - Quais os pontos que voce condena no samb6dromo e no Desfile das Escolas de Samba? Boni - Eu reclamei do samb6dromo desde 0 inicio.

o genio Oscar Niemeyer errou feio. 0 Brizola, com

sua habitual demagogia, tinha pressa em construir 0 samb6dromo. Fez em concreto 0 que era exatamente 0 precario samb6dromo de madeira na Sapucai. Para come~ar 0 local e inadequado, de dificil acesso para 0 publico e uma tragedia para a montagem das escolas de samba, com 0 lado do edificio Balan~a Mais nao Cai impr6prio para a concentra~ao de carros aleg6ricos. A escola que e sorteada para ficar la tem que se virar para encontrar solu~iies. E a dispersao continua com os mesmos problemas do passado. Eum engarrafamento continuo que amea~a a fluencia do espetaculo. Os recuos de bateria sao cavernas horrorosas. Alem do mais 0 querido, mas muito pouco realista Darcy Ribeiro colocou no projeto a famigerada "pra~a da apoteose" para que as escolas dessem uma volta no final, como se fosse possivel uma escola passar

por dentro del a mesma. Ridiculo. 0 samb6dromo, alem de nao atrair publico pela localiza~ao, ficou velho e superado. A luz e de mais de trinta anos. Nao pode ser programada e nem colorida. Atrapalha as agremia~iies, quando luz um elemento especial para valorizar qualquer espetaculo. Osom foi resolvido apenas em parte. Falta muito para ter o impacto desejado. Nem 0 poder publico e nem a Liesa conseguiram usar os recursos de tecnologia atualmente disponiveis como teliies com um sistema de capta~ao e corte de imagens diferentes da televisao. Parodiando Vinicius de Morais, chama 0 samb6dromo de "SarcOfago do Samba", pela geladeira, mal projeto e velhice. Quanto aos desfiles a analise nao pode ser simplista e nao caberia no espa~o de uma entrevista, mas precisam ser revistas coisas como a escolha de jurados que e feita sem transparenCia e sem grandiosidade, 0 absurdo de fazer paradas em diversos pontos para julgamento de Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Comissao de frente. Esses jurados poderiam ser varios, mas deveriam estar em um ponto unico de julgamento se recursos tecnol6gicos fossem usados para mostrar a apresenta~ao para todo o publico presente sem parar tanto 0 ritmo do desfile e levar ao tedio e aborrecimento quem ve e quem esta desfilando, cortando 0 elan das Escolas. Admito que para outros quesitos ha a necessidade de os jurados serem instalados ao longo do desfile. regulamento tambem precisa ser revisto pela Liesa, com especialistas e todas as escolas de samba discutindo mudan~as radicais. Ha muitos pontos que precisam ser modernizados - mais do que daqueles que ficariam. 0 espetaculo precisa ser mais dinamico e muito mais variado para evitar que 0 publico se afaste ou nem compare~a, enfastiado com a lentidao e a mesmice do desfile e que, na televisao, a audiencia nao va para 0 brejo como esta indo. Mudar minha gente! Mudar.

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Bom sensa e coragem nao fazem mal a ninguem.

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RDF - Voce falou diversas vezes sobre a renova~ao. Que mensa gem deixaria para essa garotada para a qual pode estar reservada a missao de construir um novo e melhor Rio de Janeiro e um novo e melhor Brasil? Boni - A trilha sonora para essa garotada tem que ser a trilha da "esperan~a" e da "a~ao". A trilha sonora do "acreditar". A palavra de ordem "coragem". Esta na letra do samba da Beija-Flor de 2018: "Meu canto resistencia". Se quisermos agir, temos que agir rapido e sem medo. Ha espa~o para 0 novo. Precisamos aprovar as reformas: da Previdencia, Politica, Econ6mica e a da Justi~a. Para come~ar, a proposta do Moro excelente. Na pratica acredito que 0 mundo sera melhor do que agora, porque os conformados perderao espa~o e realizadores ditarao as regras do jogo. E essencial a nova gera~ao nao se intimidar e nem se conformar com 0 estabelecido. E eu confio nos jovens. Eles terao a coragem e a cultura para seguir em frente e mudar a realidade da nossa cidade, do nosso estado, do Brasil e do mundinho complicado no qual vivemos.

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Samba e Fado: filhos dos mesmos ed~iA~g?a bandolinista e professor do Instituto Villa Lobos na Unirio. Desenvolve atualmente pesquisa sobre acervos sonoros e transitos musicais lus6fonos na Universidade de Aveiro, Portugal

Aparentemente, nao poderia haver dois generos musicais mais distintos: pensar em samba e pensar em alegria, informalidade, rodas regadas cerveja, pandeiro, tamborim, musica sincQpada; pensar em fade e pensar em saudade, melancolia, guitarra portuguesa, vinho do Porto, dores do amor, musica sentida e triste. Apesar das aparentes diferen~as, samba e fade tem muitas historias em comum: historias que refletem seculos de trocas, dialogos, lutas, disputas entre as diversas etnias e povos que circularam a partir de diferentes pontos do Atlantico desde 0 seculo XVI.

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Antes de embarcarmos nestas historias, cabe um aviso aos navegantes: e sempre complicado falar de generos musicais sem tomarmos algumas

precau~oes. Tal como os hom ens, as musicas sao caprichosas e quase nunca cabem em rotulos fechados. Normalmente um genero musical, tal como uma pessoa, pode mudar de caracteristicas ao longo da historia e do lugar onde esta associado.

o fade e entao um Mimo exemplo para demonstrar como estes sign ificados associados a musica variam com 0 tempo e com 0 lugar. Apesar de ser normalmente identificada como a musica portuguesa por excelencia, existem muitas evidencias historicas que comprovam que 0 termo "fado" foi utilizado no seculo XIX para designar uma dan~a e musica tipicas do Brasil, e nao de Portugal. Um dos mais importantes romances brasileiros do secu lo XIX, Memorias de um sargento de milicias de Manuel Antonio de Almeida, publicado em 1854, mas com uma trama passada no "tempo do Rei" D. Joao VI no Brasil (entre 1808 e 1826), descreve uma festa de batizado onde "os convidados do dono da casa que eram todos d'alem mar [ou seja, portuguesesl cantavam ao desafio, segundo os seus costumes; os convidados da comadre, que eram todos da terra [brasi leiros, portantoj, dan~avam o fado". Esta nao e a unica fonte que descreve 0 fade como uma dan~a brasileira no seculo XIX. 0 musicologo portu-

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gues Rui Vieira Neri, em seu classico livro Para uma historia do fado, dedica todo um capitulo para "0 fado como dan.;a no Brasil". Nele, apresenta varios relatos de viajantes que associam 0 fado a uma dan~a essencialmente negra: 0 oficial alemao Carl Schlichthorst. por exemplo, que esteve no Rio de janeiro entre 1825 e 1826, registra a seguinte anota~ao em seu diario: "A dan~a favorita dos pretos chama-se Fado. Consiste num movimento que faz ondular suavemente e tremer 0 corpo, e que exprime os sentimentos mais voluptuosos da pessoa de uma maneira tao natural como indecente. As posi~iies desta dan~a sao tao fascinantes que nao e raro ve-Ia ser dan~ada por bailarinos

Ora, mas on de fica 0 fado tristonho e melancolico que associamos as ruas de Alfama e as tascas portuguesas? Como afirma Rui Vieira Nery, 0 fado brasileiro do periodo colonial ainda esta longe de ser 0 que entendemos hoje como fado portugues, mas "constitui inequivocamente 0 nucleo duro de sua origem". Ao que tudo indica, portanto, 0 fado foi transplantado do Brasil para Portugal ainda no seculo XIX, e, talvez premido pelas saudades dos ares tropicais, foi perdendo progressivamente seus requebros e remelexos, trocando a cacha~a pelo vinho do Porto, a viola pela guitarra portu-

europeus, com sonoro aplauso, no Teatro de Sao Pedro de Alcantara"

guesa, ate se transformar na musica que canta "os solu~os da desesperan~a, a tristeza dolente da saudade", como descreve 0 portugues Pinto de Carvalho, autor de uma das primeiras historias do fado em Portugal. Enquanto isso, 0 fado que ficou no Brasil, 0 fado requebrado e negro, 0 fado sinonimo de lundu, vai passar por diversas transforma~iies, se misturar com diversos outros generos como a habanera, a polca e 0 maxixe ate desembocar no ... samba! Portanto, da proxima vez que voce, leitor, ouvir um tipico fado cantado por Amalia Rodrigues, saiba que ele traz na alma algo da heran~a dos batuques africanos deste lado do Atlantico. Tal como muitos portugueses e brasileiros, as musicas dos dois paises tambem compartilham la~os de familia.

Varios periodicos brasileiros do mesmo periodo tambem apresentam 0 fado (ou "fadinho", como muitas vezes era chamado) como uma dan~a "requebrada", que fazia dan~ar toda a gente. Assim, o jornal "Marmota da Corte" de 1852 afirma "Nos nossos bailes, quem nao dan~a dorme; mas no fadinho, tudo acorda e se remexe; meninos, mo~os, velhos, sabios, autoridades, ignorantes, bispos, frades e beatas, ninguem sossega". Muitas vezes 0 termo fado ou fadinho era associado ao lundu, genero que e entendido como um dos antecessores do samba. Assim, 0 jornal "0 Caboclo" de 1869 traz a letra de um Lundu-Fado brasileiro, que traz 0 seguinte refrao: "Quebra quebra, bem quebrado/O fadinho brasileiro/N'uma roda deste fado/Tudo fica prisioneiro".

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Do fado ao samba

Hilton Abi-Rihan radialista e jornalista

Discute-se muito sobre a for~a do Desfile das Escolas de Samba, seu papel cultural e economico - aqu i nao apenas como for~a geradora de emprego e renda para 0 morador da cidade e do Estado, mas tambem como fonte de recursos para os governos federal, estadual e municipal atraves de taxas e impostos. No entanto, nem sempre se fala da importancia de se fortalecer as agremia~6es desde quando ainda participam dos desfiles de base, como nos da Intend ente Magalhaes, em Madureira, onde se apresentam as escolas de samba dos grupos B, C, DeE. Pode parecer surpreendente para muitos, mas as grandes agremia~6es de Carnaval, que hoje emocionam 0 mundo com seus belissimos e radiantes desfiles na Marques de Sapucai, sao institui~6es culturais e recreativas que surgiram ha decadas, de origens humildes e que foram crescendo gradualmente, gra~as ao empenho de seus integrantes e a lideran~a de seus patronos.

um imigrante: "Eu nao me considero um imigranteo Meus pais me trouxeram para ca porque eles resolveram vir para 0 Brasil. Nao foi uma escolha minha. Inclusive, me considero carioca. Para mim o que importa nao aonde a pessoa nasceu, mas aonde voce passou a sua vida e aonde construiu seus afetos e sua vida profissional. E isso, quem me deu foi a cidade do Rio de Janeiro", rebate. Fato que Fernando passou sua juventude entre 0 afeto da familia e a malandragem da Lapa, bairro proximo ao bairro de Fatima, on de conheceu 0 samba - era assiduo frequentador dos bailes do Bola Preta e do Democraticos, clubes tradicionais de musica e encontros socia is.

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Eo casu da Beija-Flor de Nilopolis, que leva para a Avenida 0 enredo em homenagem a sua trajetoria no Carnaval desde a sua funda~ao. E e 0 casu da Unidos da Tijuca, uma escola de samba que nas ultimas decadas tem conquistado 0 espa~o reservado as grandes agremia~6es de Carnaval gra~as aos esfor~os do seu presidente Fernando Horta, portugues do Porto criado nas ruas do bairro de Fatima, no centro do Rio de Janeiro.

Dos bailes dos clubes socia is ate a presidencia da campeii do Carnaval de 2010 com 0 enredo "E Segredo!" houve uma longa trajetoria. Seu pai, que trabalhou por muitos anos como sapateiro na Av. Marechal Floriano e na Av. Frei Caneca, mudou para 0 ramo dos restaurantes. Depois de ter alcan~ado sucesso no empreendimento e aberto diversos estabelecimentos, contratou Fernando para trabalhar com ele - era uma forma de ganhar responsabilidade a ter um dinheirinho disponivel para se divertir. Mas desde 0 come~o Fernando sabia que 0 ramo da gastronomia nao era 0 negocio dele. Um dia, apos um aborrecimento com um cliente de um dos restaurantes de seu pai, e que era gerente de uma grande empresa de vidros do pais, seu pai, para preserva-Io de complica~6es, 0 afastou do negocio.

Filho de portugueses, Fernando chegou ao Rio com apenas 11 anos de ida de, mas nao se considera

Foi entao que Fernando foi a luta e arrumou um emp rego nessa mesma grande empresa de vidros.

agremia~ao


Trabalhador, em oito meses Fernando ja havia conquistado 0 cargo de gerente da empresa. E com apenas 17 anos de idade. "Trabalhei par 4 anos", relembra. "Eu aprendia rapido. E nesses quatro anos de fabrica percebi que a mercado de vidro ofere cia muitas oportunidades para quem fosse esperto a suficiente para trabalhar com dedica\ao. Foi assim que sai da empresa para abrir meu proprio negocio de vidros. Me estabeleci, comercialmente, na Tijuca com uma vidra\aria varejista de coloca\ao de vidro na Conde de Bonfim, perto da Usina. Eram as anos 70, e naquela epoca muitos dos funcionarios da empresa eram moradores da . comunidade da Formiga e do Borel e componentes . da Unidos da Tijuca. Pessoas que se tornaram, com a tempo, minhas amigas". E dessa amizade, que envolve tambem solidariedade e disponibilidade em ser util, foram surgindo oportunidades de Fernando ajudar a agremia\ao tijucana com material que a escola precisava para preparar seus carnavais. ''Como eu sempre fui uma pessoa proxima e acessivel aos funcionarios, era comum que urn au outro, daqueles que eram tambem da agremia\ao, depois do experiente me procurarem para contar que a escola estava precisando de madeira, de ferro ... Eu, entao, providenciava e dava esse material par... a escola.", revela Fernando. Naquele tempo, idos dos anos 80, Fernando tinha urn casarao na Tijuca que cedeu para a agremia\ao usar. Com toda essa sua ajuda, seu envolvimento com Unidos da Tijuca foi se tornando cada vez mais intenso e ela entrando no seu sangue ate que em 1988 assumiu pela primeira vez, a presidencia da Unidos da Tijuca. "Entrei jovem na presidencia da Unidos da Tijuca - uns trinta e poucos anos. Muito pel a brincadeira e empolga\ao que a escola me proporcionava - e para ajudar a escola, logico. Na Unidos da Tijuca fiz grandes amigos, e me divertia muito. Mas esse carinho que tinha - e tenho - pela escola, fez com que eu quisesse ajuda-Ia a crescer. A ideia era ajudar a escola a crescer e entregar para alguem dar continuidade ao meu trabalho. Mas a gente vai se apega ndo a escola ... A gente vai se apegando as pessoas e elas a nos. E a gente vai percebendo que ajudar a escola a ser grande e, tambem, uma maneira de retribuir a carinho e a respeito que essas pessoas me deram. 0 resultado disso e que estou aqui ha 36 anos". Segundo Fernando, conhecido como a "Rei do Vidro", a tarefa de levantar uma escola de samba, com seus componentes pensando cada um da sua maneira, nao e facil. "As pessoas pensam que liderar a Carnaval e as escolas de samba sao

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Revista Beija¡Flor de Nilopolis

tarefas simples. Nao e. Trabalhamos muito. Todos nos, eu, Anizio, Guimaraes, Drummond e tantos outros, perdemos muitas horas de sana, deixamas nossas casas, deixamos de atender nossas familias, negociamos com pessoas, discutimos, nos aborrecemos, trabalhamos muito para fazer a espetaculo do modo como ele ficou conhecido e reconhecido internacionalmente como a maior espetaculo da terra", desabafa a empresario. Apesar disso, Fernando se considera urn homem realizado: "Hoje me sinto urn homem realizado. Pelo que pude ajudar a construir dentro da escola: fui capaz de liderar essa meninada toda para que chegassemos na Sapucai e renovassemos a forma de fazer Carnaval com as enredos que nos deu a titulo de campea, me sinto real mente realizado. Alem disso, junto com Anizjo, Guimaraes, Drummond, Castor e Maracan iL dei minha colabora\ao ao Carnaval. Cada urn da sua maneira, elevamos a Carnaval ao nivel que esta. bpero que, a partir de agora, as novas gera\oes peguem a que construimos e transformem em alga melhor. Nosso povo merece isso.

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"NESSA EPOCA HOUVE NA BAHIA A DECADENCIA DO CACAU E DO CAFE, E OS NEGROS BAIANOS (ESCRAVOS OU FORROS) QUE CARREGAVAM OS SACOS DE CACAU E CAFE VIERAM PARA 0 RIO DE JANEIRO TRABALHAR NO QUE ESTAVAM ACOSTUMADOS: CARREGAR SACOS NOS ARMAZENS, ELES CARREGAVAM E DESCARREGAVAM OS SACOS DE SAL NOS TRAPICHES AQUI DO CAIS DO PORTO",

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HIRAM ARAUJO


aqui nasceu 0 samba carioca

Ricardo Da Fonseca publicitario, jornalista e produtor cultural

A historia da humanidade e a historia do homem na busca pela sobrevivencia e de seus encontros com a domina~ao e 0 poder - seja de que lade estiver. As epocas, as armas e os .cenarios variam. E as justificativas tambem. E nesse cenario de confronto, sonhos e opressao surgem, na historia oficial, vencedores e vencidos. Aos vencedores, 0 direito as terras, a moradia e a manuten~ao de seus habitos, de sua cultura e de seus valores. Aos vencidos, a orfandade, a desagrega~iio e 0 esfacelamento pessoal e cultural. .. No entanto, 0 receio de uma definitiva e desnorteante ruptura das conex6es dos vencidos com sua historia e com sua identidade seja urn dos principais ingredientes de uma rea~ao de lideran~as e comunidades derrotadas. Sao nesses momentos que vemos surgir a "for~a do guerreiro" - que a Beija-Flor ja retratou diversas vezes em seus desfiles - agarrando-se as suas origens, as suas cren~as e buscando integralizar a sua identidade. Um caso importante que deve ser registrado vern sendo protagonizado pel os quilombolas da Pedra do Sal, que vivem em sua maioria na regiao da Pra~a Maua, aqui na cidade do Rio de Janeiro. Seus ancestrais, expatriados contra a sua vontade de sua terra natal, eram negros africanos trazidos para 0 Brasil para servirem de escravos. Com 0 passar do tempo, muitos deles receberam a liberdade atraves das cartas de alforria. Vindos do Rio de Janeiro ou mesmo da Bahia, esses negros passaram a ter que bancar a sua sobrevivencia. Buscaram,

entao, trabalho na regiao do cais do porto, onde, devido ao seu porte e for~a fisica, trabalharam como estivadores. Mal remunerados, esses negros forros (alforriados) buscaram moradias coletivas e em regi6es baratas proximas do cais. Nao demorou muito para que a regiao se tornasse 0 ponto de moradia e referencia para a comunidade negra, inclusive para escravos fugitiv~s que encontravam nos labirintos da-regiao e na solidariedade dos negros forros acolhida e prote~ao. A regiao da Pedra do Sal, entao, se consolidou como uma regiao de negros que podiam, livres do controle do Imperio, manifestar suas cren~as, seus habitos e sua cultura. Foi na regiao da Pedra do Sal que negras alforriadas e livres preparavam o alimento de sua familia - especialmente 0 Angu - instituindo urn importante elemento de resistencia cultural. Foi na regiao da Pedra do Sal que negros alforriados e livres relembravam suas raizes, evocando canticos ritmicos encharcados de dor e saudade, mas tambem de esperan~a e alegria. E foi na regiao da Pedra do Sal que negros e negras, distantes da sua Terra-mae, construiram a sua segunda na~ao, onde puderam, sem medo, realizar seus cantos, canticos e evocar seus guias e orixas atraves do Candomble. Hoje, a regiao e reconhecidamente urn dos mais importantes nucleos de resistencia pacifica dos negros no Rio de Janeiro, sendo 0 simbolo da regiao chamada pelo musico Heitor dos Prazeres de "Pequena Africa". Mas 0 reconhecimento publico nao e um presente dos homens. Ele e 0 resultado de uma a~ao organizada e coordenada promovida pelos descendentes da comunidade quilombola que se instalou e fez a

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A lalorixii Obi Toja taz a lavagem simb61ica da pedra do sal.


sua historia na regiao, formada atualmente por 25 familias, num total de 150 descendentes. Segundo relata 0 presidente do conselho da Associa~ao da Comunidade Remanescente do Guilombo Pedra do Sal, Damiao Braga: "0 que ocorre aqui na regiao da Pedra do Sal e uma historia de luta pelo reconhecimento dos nossos direitos, como remanescentes quilombolas que somos. 50mos herdeiros dessa terra e nao queremos nenhuma regalia ou privilegio. So queremos 0 que e nosso: a garantia permanente de que ninguem, nenhuma corpora~ao ou agente publico podera nos intimidar ou nos tirar daqui.", esclarece Damiiio. E para compreender 0 significado dessa luta, e importante entender que a comunidade quilombola possui peculiaridades que niio sao as mesmas da civiliza~iio europeia, nem da popula~iio brasileira em geral, possuidora de fortes influencias europeias e norte-americanas. Segundo apuramos em diversas conversas com integrantes da comunidade quilombola da Pedra do Sal, ser quilombola significa, alem da hereditariedade sanguinea, ter uma forma propria de ver e se relacionar com 0 universo ao seu red or. Existem pressupostos que identificam a forma deles de ser, que passam por

um tripe formado pela valoriza~iio e reconhecimento do territorio, da religiao e da cultura, especialmente a musica e a culinaria. 5e entendermos que para 0 povo quilombola niio e possivel dissociar da identidade deles as referencias territoriais, religiosas e culturais, vamos entender melhor 0 merito da questiio. Segundo Dr. Hiram Araujo, um dos principais simpatizantes e colaboradores da causa dos quilombolas da Pedra do Sal, "essas pessoas nao podem abrir mao do que e delas. Eaqui na Pedra do Sal que a comunidade quilombola realiza seus rituais religiosos e culturais. Aqui eles reverenciam seus antepassados. Enessa regiiio que seus ancestrais marcaram a historia: aqui surgiu 0 samba. E ha muitos anos ele vem realizando um trabalho muito importante de conserva~ao das suas tradi~6es. No dia 2 de dezembro, inclusive, as baianas da comunidade realizam um importante ritual, que e a lavagem da Pedra do Sal, onde conservam e difundem a sua tradi~iio. Por tudo isso, por toda legitimidade que possuem em rela~iio a essa questiio, eles tem todo 0 direito de permanecerem aqui", concluiu 0 pesquisador em depoimento para a revista Beija-Flor de Nilopolis.

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esta beleza infinita acontece na avenida

(samba enredo "As magicas Iuzes da Ribalta") Ricardo Da Fonseca publicitario, jornalista e produtor cultural

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Quema ve na Avenida, sambando como se fosse 0 seu ultimo dia na Sapucai ou 0 primeiro - nao imagina que ela e ¡ uma das mais lea is e constantes folias da Beija-Flor de Nil6polis, tendo desfilado na agremia~ao nilopolitana por 31 anos ininterruptos. Nascida em Aquidauana (MS), Christina Leite e uma apaixonada pelo Carnaval e pelo Desfile das Escolas de Samba. Secreta ria Executiva de uma das mais importantes lideran~as da comunica~ao - 0 Boni - ela conta que 0 Carnaval entrou na sua vida ainda na sua infancia. "Desde pequena amo 0 Carnaval. Gostava daquela movimenta~ao no bairro, da anima~ao, das fantasias. Adorava me fantasiar. E a primeira vez que vi uma escola de samba, ainda menina, fiquei maravilhada. Achava aquilo tudo lindo, as pessoas desfilando juntas, cantando quase que em unissono aqueles sambas ... Ate que um dia assisti o desfile da Beija-Flor, ja adolescente. Achei ela linda: gostei do nome da escola - Beija-Flor -, das suas cores, de tudo. E fiquei apaixonada! Pensei comigo que um dia eu ia desfilar naquela escola."

o tempo

passou e essa paixao pela agremia~ao foi s6 fortalecendo, ate 0 dia em que Kika - como e conhecida pela familia Beija-Flor - tomou a decisao de sua vida: ia desfilar no Carnaval. E na Beija-Flor. Talvez por ingenuidade, sua decisao nao estava embasada da realidade, afinal nao conhecia

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Revista 8eija-Flor de Nikipolis

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ninguem da escola - ou fora dela - que pudesse Ihe ajudar a realizar 0 desejo de desfilar na escola de samba mais importante daqueles tempos. "Nao sou de recuar. Quando quero uma coisa you atras dela", comenta. Entao, como nao ia recuar, Christina fez a unica coisa que Ihe parecia, na epoca, razoavel: "Descobri aonde era 0 Barracao da Beija-Flor e fui la. Cheguei na portaria e pedi para falar com 0 carnavalesco da escola. 0 homem que estava na porta ria me olhou meio estranho mas, pediu para eu aguardar que 0 chama ria. Esperei uns poucos minutos e de repente, chega na recep~ao 0 Joao Trinta, carnavalesco da escola.lsso era 1986. Eu 0 cumprimentei com um 'oi' meio timido, mas falei

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para ele: 'eu queria desfilar aqui'. Ele, primeiramente com lim olhar de surpresa, me respondeu um monossilabico: 'E?'. Mas eu estava na pilha, empo lgada com a possibilidade de desfilar e disse a ele: "E. E eu queria desfilar aqui na Beija-Flor, mas queria no carro alegorico" (rs) . Ele me olhou de ponta a cabe~a com aquele olhar analitico e, talvez pela atitude ousada de ir procura-Io e tambem pela minha aparencia - uma morena bonita e com um corpao - disse: Ta bom. Vou te colocar no Abre Alas da escola'. Segundo Kika, desfilar em 1987 no carro alegorico defendendo a Beija-Flor com 0 enredo "As magicas luzes da Ribalta" foi um momenta mag ico daquela jovem de 30 anos: "a minha fantasia era linda, e quando 0 desfile come~ou, com aquele pub lico imenso, todo envo lvido e em polg ado recebendo a Beija-Flor na Avenida .... Fiquei engessada, ex tasiada. Por instantes, nem cantar 0 samba, que tanto havia ensaiado, eu conseguia. Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida. Naquela hora soube que era realmente um caso de amor que ia durar para sempre", relembra emocionada e orgulhosa . De la pra ca, na agenda pessoal e profissional de Christina tudo pode acontecer, menDs marcar compromissos fora do Rio de Janeiro no periodo do Carnava l - periodo em que Kika nao mede esfor~os para estar na Avenida defendendo 0 pavilhao nilopolitano. A prova extrema dessa sua

lea ldade il Beija-Flor na Avenida se deu em 2012, quando viveu a terrive l exper iencia de ter seu rosto deformado apos um procedimento estetico desastroso com uma marca de acido hialuriinico: "E isso h<i 18 dias do Carnaval. Imagina 0 desespero que tomou conta de mim. Fiquei uma pilha. Fiz os procedimentos que podia para reverter 0 problema, tomando milhoes de remedios e fazendo um monte de coisa para amenizar os efeitos da contamina~ao do produto no meu rosto. Mas era muito pouco tempo para uma recupera~ao. Resolvi, en tao, devo lver a minha fantasia e desfilar no chao, de camisa de diretoria para nao prejudicar a esco la - e a minha saude - ja que na~ sabia o que poderia aco ntecer durante 0 Desfile. Seja como for, jama is deixaria de desfilar pel a escola, mesmo que com cam isa . E 0 Desfile foi lindo".

o envolvimento de Kika pelo desfile da Beija-Flor e tao intenso que em 2018 ela levou il reboque seu marido - 0 DJ Bernard de Casteja -, que desfilou pela l ' vez e ja foi campeao. Bernard se empolgou tanto com 0 momenta que viveu ao lado de Kika na Avenida que, se considerando urn pe quente, decidiu desfilar nova mente em 2019, aproveitando esse priviJegio que desfilar na Beija-Flor de Nilopolis - priviJegio que Kika, ha 31 anos atras, chamou para si e nunca mais abriu mao dele.

e

Valeu, Kika!

Ma r~o

20 19

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afor~a da comunidade beija-flor

Mira Lopes jornalista e pradutor cultural

E¡ impossivel dissociar os moradores que vivem presidente da Tuiuti mostrou interesse em montar no entorno das quadras da ideia de serem eles os uma creche. tudo espelhado no modelo da azul-e integrantes de primeira hora das escolas de samba. -branco. 1550 mostra 0 quantQ. as coirmas tomam As batucadas realizadas pelos escravos. as rodas de nossa escola como exemplo_Devemos convir que jongo. os encontros de sambistas na Pedra do Sal. grande parte das crian~as que hoje estao nos proate as rodas de samba da Tia Ciata. enfim. essas jetos socia is. tanto no educandario como na creche. pequenas tertulias. que sempre tiveram for~a por ou nos programas esportivos e culturais. como no monopolizar familiares. amigos e a vizinhan~a em bale. jiu-jitsu. dan~a. percussiio e capoeira. amageral. foram responsaveis pela comunhao do povo nha faraD parte da nossa escola de samba como com sua cultura. integrantes de algum segmento. seja como profissionais trabalhando na quadra ou no barracao. seja Saiu 0 entrudo com sua atua~ao individualista desfilando. cantando. integrando uma ala. para dar e vieram os blocos carnavalescos; saiu 0 rancho e entraram as escolas de samba. tendo sempre continuidade a essa potencia. esse rolo compressor presente a essas manifesta~f>es a comunidade. - como somos chamados no meio. Porque a maioria que acabou por dar uma carateristica impar as dos que estao aqui sao pessoas de raiz. pessoas que sao Beija-Flor mesmo. que corre no sangue deles 0 escolas de samba cariocas. amor verdadeiro a essa escola." Ea forte participa~ao da comunidade que faz da escola de samba uma institui~ao indissoluvel. "A E e essa. inegavelmente. a grande for~a da BeijaFlor na Avenida. uma vez que 0 componente chega atua~ao dos moradores do municipio e de outras regiiies na constru~ao do desfile das escolas. es- a Sapucai motivado. com "fome de titulo" para pecialmente da nossa Beija-Flor. e total". declara seu pavilhao e com 0 samba na ponta da lingua Almir Reis. vice-presidente da agremia~iio nilopo- - atributos essenciais para entrar na Marques de litana. "Tanto em termos de desfile. como de mao Sapucai lutando pelo titulo. "A escola que nao de obra. Cem por cento da nossa mao de obra e tem comunidade nao e escola. A comunidade e executada pela comunidade. Toda Beija-Flor gira a for~a. e a uniao. e 0 amor. e 0 alicerce de toda em torno de sua comunidade e do pessoal da Bai- a escola. Ea comunidade que embeleza. anima. xada Fluminense - praticamente 900/0 da escola gira envolve e trabalha para que qualquer agremia~iio em torno dessa realidade. A politica de inclusao de Carnaval chegue a um resultado positivo com da comunidade atraves dos projetos sociais tem luta e honra". declara em alto e bom som Debora sido um exemplo. Muitas coirmas hoje tem seus Rosa Cruz. presidente da Galeria da Velha Guarda projetos inspirados na Beija-Flor. Recentemente. 0 da Beija-Flor. Revista Beija¡Flor de Nilopolis

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o efeito da inclusao da comun idade na diniimica do Carnaval da Beija-Flor e demais escolas e de uma for~a inquestionavel. opina Walber da Silva Frutuoso. diretor geral de Harmonia. "A gente pode dizer que a Beija-Flor e precursora dessa inclusao da comunidade nas escolas. Ealtamente positiva a participa~ao dos moradores do municipio e mesmo de outras cidades. Sao participes que torcem pela escola. que amam a escola. E isso tem se refletido nas outras escolas tambem. As comunidades tem

Beija-Flor ainda nao era tao famosa e querida por todos. quem segurava a bateria eram os moradores da vizinhan~a. ritmistas natos que eram. E nao tem conversinha nao. Eles arrepiavam. Com os anos. essa tradi~ao se manteve. e sempre a gente prestigiou os ritmistas que eram da nossa comunidade. Hoje. posso afirmar que a nossa bateria e feita 99.9% da comunidade. Pessoas que moram no nosso municipio. Eessa proximidade. de morarmos

um papel fundamental. Entao. hoje. a grande maioria das escolas tem um trabaltro de comunidade muito forte. fazendo com que as pessoas se integrem afetivamente avida da escola. enquanto componente. e com isso vai sendo fortalecido 0 canto. a evolu~ao e a harmonia. Porque essas pessoas estao presentes e a gente que faz um dedicado trabalho de harmonia e evolu~ao junto perto. e importante porque alguns vinculos mais a eles - que estao sem pre mu ito receptivos e fortes de amizade e companheirismo sao criados com vontade de acertar -. podemos garantir uma e mantidos. fazendo com que nos apoiemos uns comunidade bem preparada para 0 Desfile. que a aos outros. Realmente n6s somos uma familia". gente chama de 'um chao muito forte .. ¡. Essas breves abordagens e relatos s6 revelam e "A importiincia da comunidade para a bateria e refor~am a for~a do ser humano na constru~ao e total! Total. ampla. geral e irrestrita". reafirma realiza~ao de idea is. desde que Ihe sejam dados orgulhoso do seu segmento. Rodney Ferreira. mes- os instrumentos e as oportunidades. Aqui na tre soberano da bateria. que divide com 0 mestre Beija-Flor a comunidade nao 56 trabalha pela Plinio Moraes a responsabilidade de rege-Ia nos agremia~ao. mas com sua for~a criadora faz a extenuantes ensaios e na Sapucai. Rodney destaca escola campea. que "nao ede hoje que a bateria da nossa escola e formada por ritmistas da comunidade. Quando a Parabens. comunidade! Revista Beija¡Flor de Nilopolis

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I

expressao do samba

Mira Lopes jornalista e produtor cultural

A Beija-Flor completa 70 anos de fabulas gloriosas, lImas premiadas por desfiles inesqueciveis, outras pelo reconhecimento do juri e aclamadas pelo publico. Ela e a mais vitoriosa escola de samba da era Sambodromo. Sabei-Io, um Beija-Flor sozinho nao faz um espetaculo grandioso como 0 da Passarela do Samba. Baseado nessa certeza, que a Revista da Beija-Flor de Nilopolis, com 0 beneplacito do presidente de honra da Beija-Flor (PdH). Anizio Abrahao David, instituiu homenagens as expressiies do samba e do Carnaval brasileiro.

2004 - PRIMEIROS LAUREADOS Este ano, a Beija-Flor de Nilopolis completava 50 anos de desfiles levando para a Avenida "0 povo conta sua historia, sa co vazio nao para em pe - a mao que faz guerra, faz a- paz", levando para a Sapucai um desfile emocionante e memoravel,

A inteno;ao sempre foi a de fortalecer a fraternidade entre as escolas coirmiis; colocando esse sentimento acima da disputa e do resultado do desfile, homenageando todos aqueles que botam 0 Carnaval na avenida com garra, rao;a, talento e devoo;ao. A comenda e entregue durante 0 lano;amento de cada edio;ao da revista e acontece no Clube Monte Ubano, onde 0 PdH recepciona os homenageados e seus convidados muito especiais. A cerimonia e apresentada pelo comunicador Hilton Abi-Rihan e a festa e ilustrada pelo talento dos proprios laureados, acompanhados pel a bateria da Azule-branco, regida pel os mestres Plinio Moraes e Rodney Ferreira. Todos conduzidos ao palco por Sonia Capeta e Neide Tamborim. E, claro, Neguinho da Beija-Flor tambem e destaque da festa. Tudo sacramentado com muito samba e um coquetel super apreciado.

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tao inesquecivel quanto a estreia dos desfiles, em 1954, quando "0 Ca~ador de Esmeralda" (de Cabana e Osorio lima) al~ou a escola ao Grupo 1. No "Expressao do Samba" que se iniciava, os laureados foram 0 compositor Cabana (Silvestre David dos Santos), personalidade definitiva na funda~ao do GRES Beija-Flor de Nilopolis; alinharam-se com ele, Aroldo Melodia, da Uniao da IIha, que tambem completava 50 anos de carreira; Walter Pereira, 0 Gibi, campeao do Carnaval com "So d:i Lal:i" pela Imperatriz Leopoldinense; 0 pesquisador Hiram Araujo, autor do livro "Seis Milenios de Historia"; Darcy da Mangueira coautor de "0 Mundo Encantado de Monteiro Lobato" (1967). "Samba festa de um povo"(1968) e "Mercadores e suas tradi~iies' (1969), que deram o tricampeonato 11 Esta~ao Primeira de Mangueira; Roberto Silva, 0 primeiro cantor a gravar um samba - enredo - "Tiradentes" - de Mano Decio da Viola para 0 Imperio Serrano, e Bala, Joao Nicolau Carneiro Firmino, que deu dois campeonatos ao Salgueiro: "Bahia de todos os deuses" (1974) e "Explode cora~ao".

2005 - SOLIDIFICA~AO ETRICAMPEONATO A repercussao do primeiro evento se solidificou com a segunda cerimiinia de premia~ao e a escola conquista 0 tricampeonato com "0 Vento corta as Terras dos Pampas, em nome do Pai, do Filho do Espirito Guarani, Sete Povos na Fe e na Dor, Sete Missiies de Amor'.

o grande anfitriao da festa, Anizio Abrahao David, presidente de honra da Beija-Flor de Nilopolis, por motivos de saude nao recebeu pessoalmente seus convidados, amigos e laureados. 0 comunicador Hilton Abi-Rihan, editor e mestre-de-cerimiinias, ligou para 0 hospital e, de viva vOZ, Anizio agradeceu a todos.

2006 - UM SHOW INESPERADO EINEDITO Neste ano, a nata das escolas de samba estava sendo homenageada. Nelson Sargento, de pintar de paredes a artista-pl:istico e consagrado como a maior patente do samba; cria do Salgueiro, Laila, trouxe para a Beija-Flor a garra e a experiencia para contabilizar titulos para a Azul-e-Branco; Monarco, presidente de honra da Portela e lider da Velha Guarda Musical, patrimiinio da Portela, do samba e da cultura popular brasileira; Mestre Paulinho Botelho comandou a bateria da Beija-Flor durante os anos dourados; 0 capixaba Zuzuca dava nova dina mica ao ritmo e melodia dos desfiles com seu "Peg:i no ganze, pega no ganz:i", no Salgueiro. E Neguinho, Luiz Fernando Beija-Flor Marcondes Ferreira, 0 porta-voz oficial da escola nilopolitana e autor do hino da19-remia~ao: "E ela, Maravilhosa e Soberana." Esta noite um show inedito foi protagonizado por Monarco, Neguinho da Beija-Flor e Anizio cantando sambas de quadra de Cabana, muitos ate entao desconhecidos dos presentes, e que continuam desconhecidos do grande publico. Um registro historico que so ficou gravado na memoria dos que foram presenteados essa

Os homenageados foram: Edeor de Paula, autor unico do antologico "Os sertiles", da Em Cima da Hora (1976); Ze Katimba, campeao pela Imperatriz Leopoldinense e autor de Martim Cerere, 0 primeiro samba - enredo tema de telenovela ("Bandeira branca"); Wilson (Candido de Souza) Bombeiro, o mais antigo integrante da Ala de Compositores da Beija-Flor, emplacou um campeonato com a escola com "0 Sol da meia-noite, uma viagem ao Pais das Maravilhas" (1980); EI:idio Gomes dos Santos - 0 Baianinho -, autor do "0 saber pot'tico da literatura de Cordel", para a Em Cima da Hora, que ascendeu 11 elite do Carnaval em 1974 e finalmente 0 poeta mangueirense Guilherme de Brito. 0 verso "lira seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor", de "A flor e 0 espinho" (dele, Nelson Cavaquinho - . . . e Alcides Caminha) entrou definitivamente na lista dos 10 mais belos da Literatura Portuguesa.


apresenta<;ao espontanea, que varou a madrugada como uma verdadeira roda de terreiro.

com composi<;iies identificadas com no lP "Feiti<;o do Rio".

Na Passarela do Samba, a escola mostrou "Po<;os de Caldas derrama sobre a terra suas aguas milagrosas. Do caos inicial iJ explosao da vida, agua ... a nave mae da existencia".

A Beija-Flor e bicampea com "Maca pabaEquinocio solar - Via gens Fantasticas ao Meio do Mundo".

2007 -AAFRICA EAQUI o continente africa no sempre motivou, com

sua cultura e religiosidade, enraigadas na historia do Brasil desde a Colonia, grandes desfiles. 0 enredo "Africas, do ber<;o real a corte brasiliana" se refere iJ comunidade africana radicada na regiao se denominou Pequena Africa e 0 tema resgata a coragem com que enfrentaram iJ escravidao e implantaram na nossa terra suas tradi<;iies. 0 desfile impecavel da Beija-Flor chega, nova mente, em primeiro lugar. A revista elegeu como "Expressiies do Samba", luiz Carlos da Vila, uma trajetoria de emo<;iies, presen<;a historica na historia, seu samba foi 0 hino das "Diretas Ja"; Doris Monteiro, mocinha bonita de Copacabana que cantava samba para a gra-finagem; Miltinho, que tinha 0 samba sincopado como marca; Niltinho 'Tristeza', expressao do samba dentro e fora do Pais. Colado no nome, seu maior sucesso e sua identidade artistica mundial; Carlos Madrugada, ra<;a e raiz do samba, sem perder nunca a garra de um grande compositor.

2008- UMANOlTE DE SURPRESAS

o "Expressao

do Samba" surpreendeu nomeando sambistas que ficaram popularmente famosos por compor e cantar outros generos musicais.

o primeiro

elepe de luiz Ayrao e dedicado

iJ Portela com "Porta Aberta"; Evaldo Gouveia carimbou seu passaporte no samba, com "0 mundo melhor de Pixinguinha"; 0 bem-nascido Joao Roberto Kelly se sobressaiu com marchinhas que atravessam o tempo, colocou na boca do povo sambas geniais como Boato e Morma<;o; 0 lugar de Arlindo Cruz e no samba, seja no Imperio Serrano, no Fundo de Guintal e na Vila Isabel e 0 mineiro Agnaldo Timoteo exaltou 0 Rio,

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Revis!a Beija-Flor de Nilopolis

0

Carnaval,

2009 - ANOlTE QUE NAO ACONTECEU Em solidariedade ao anfitriao-mor do festa, Anizio Abrahao da David em tratamento de saude, nao houve lan<;amento formal da revista. E a Soberana levou na avenida 0 enredo "No chuveiro da alegria, quem banha 0 corpo, lava a alma na folia".

2010 - UMA NOlTE EXPRESSIVA Com suspensao da cerimonia de 2009, a homenagem aos laureados foi mantida para 2010. Uma rapida referencia a eles: Jorge Goulart, o gogo de ouro; ze Di, um sa lgueirense diferente; Deicio Carva lho, primeiro samba ainda inedito; Dona Ivone lara, um Concerto em Sol Maior; Jorge Aragao, 0 poeta do samba; Alcione, a for<;a de uma grande sambista.

o cinquentenario de Brasilia e 0 tema do enredo: "Brilhante ao Sol do novo mundo, Brasilia, do sonho iJ realidade, a capital da espera n<;a".

2011 - NOlTE DE 'REIS ', ESTREIAS E VITORIAS Deusa da Passarela completava 35 anos do seu primeiro titulo do grupo I, com 0 enredo "Sonhar com rei da leao" e a estreia de Neguinho da Beija-Flor como interprete e autor. Era tambem a estreia vitoriosa de Joaozinho :.-......' 1 Trinta na Azul-e-Branco. A locomotiva do Carnaval levou ao Sambodromo nesse ano, "Roberto Carlos, a simplicidade de um rei", emplacando mais uma vitoria. Os homenageados do ano, Paulinho Rezende, que recolocou 0 samba na fita com "0 surdo"; Marcos Moran que fechou uma fase aurea da Portela defendendo

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"Lendas e Misterios da Amazonia"; Moacyr Luz criou um novo hino para 0 extinto Estado carioca: "Saudades da Guanabara"; Dominguinhos do Estacio, participou da vitoria da Estacio de Sa em 1972, cantando "Pauliceia desvairada"; e Elza Soares, eleita a melhor cantora do sec. xx pela BBC (British Broadcasting Campany).

2012 - BEIJA-FLOR EUMA FESTA! De volta ao um passado glorioso. Ha 35 anos, a escola contabilizava mais um importante titulo com "Vovo e 0 rei da Saturnalia na Corte Egipcia": seu primeiro bicampeonato. Os indicados como Expressao do Samba foram Carlos Cola, que tambem navegou nas ondas do samba como compositor e produtor; Nonato Buzar que inventou com Carlos Imperial o "samba jovem"; Jorginho do Imperio, antes de dizer no gogo, dizia no pe, como passista - 0 Pele do samba; Antonio Carlos .e Jocafi adicionaram dende e pimenta no samba em homenagem a Jorge Amado para a Lins Imperial (1975). Na Avenida, em 2012, a Beija-Flor festejou Sao Luis na Passarela do Samba com 0 "Poem a encantado do Maranhao".

2013 - 65 ANOS DE GLORIAS "A cria~ao do mundo na tradi~ao Nago" fecha com chave de ouro os 35 anos do memoravel primeiro tricampeonato que revelou Pinah, a mulata que fez 0 principe sambar. Tambem ha 10 anos, a Maravilhosa e Soberana dava 0 ponta pe inicial para 0 segundo tricampeonato, com "0 povo conta sua historia ... "

o

enredo deste anD foi "Amigo fiel, do Cavalo do Amanhecer ao Manga Larga Marchador", e por motivos que suplantaram 0 desejo do conselho editorial da revista, nao houve indica~ao para homenagem e nem 0 lan~amento formal da revista.

2014 - ANO For ESPECIALISSIMO Nao houve indicados e a escola veio com 0 inspirador do enredo "Boni, 0 astro iluminado da Comunica~ao". Nada menos nem mais do que Jose Bonifacio de Oliveira Sobrinho, um dos mais fervorosos beija-florenses em vida eo profissional que revolucionou a 1V brasileira, hoje uma das mais premiadas do mundo.

2015 - 0 CISNE DA PASSARELA De volta aAfrica. Precisamente aGuine Equatorial. o enredo foi "Um Grio conta a historia: um olhar sobre a Africa eo despontar da Guine Equatorial". De volta ao "Expressao do samba': Aluisio Machado ensina a 'chegar e ~isar no chao que 0 consagrou, o Imperio Serrano. Cisne da Passarela, Vilma Nascimento recebeu reverencias de Selminha Sorriso; Rubem Confete come~ou na Unidos da Dona Clara, bandeira enrolada pelo tempo. Sabei10, Confete e a enciciopedia do samba e do Carnaval. Jorginho do Imperio e de simplicidade nobre, de soberania e alto astral, como impoem sua alegria, simpatia e cantoria. Marcos Sacramento juntase aos homenageados como um artista plural. Athaulfo Alves Junior herdou 0 tradicional len~o branco que 0 pai usava em suas apresenta~6es e vem ao longo do tempo defendendo 0 que e nosso: o samba. Tiberio Gaspar, exemplo de diversidade musical, e um dos que levaram a MPB para 0 mundo.

BASTIDORES Compositor vitorioso que teve seu momento de mestre-sala, Aluisio Machado fez uma bela demonstra~ao de como realmente proteger a portadora do pavilhao da escola, dividindo a exibi~ao com 0 "Cisne da passarela", Vilma Nascimento, reconhecidamente uma expressao como porta-bandeira da Portela e do Carnaval carioca.

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Mas deve homenagens tambem a prata da casa, Debora Rosa, presidente da Galeria da Velha Guarda; Rodney Ferreira e Plinio Moraes, mestres da bateria Soberana; dona Gedalva Moura Silvino, a baiana mais idosa, e Hilton Abi-Rihan, nosso editor, que completava 50 anos de ca rreira jornalistica. Tambem fazem as honra s das casa personalidades da escola como a primeira dama Fabiola David, destaque do carro abre-alas, 0 herd eiro Gabriel David, a comissao de carnava lescos e Almir Reis, diretor administrativo.

2016 -HOMENAGEM AOS BAM BAS DO SAMBA A Beija-Flor tinha muito a comemorar: os 40 anos da conq uista do titulo com "Sonhar com Rei da Leao", os 25 anos da Creche Julia Abrao David e a vitoria de 2015 com "Um GriD conta a Historia". Novos personagens essenc iai s co nstru ~ao e afirma~ao da cultura atraves das suas letras, do ritmo e melodia pontificaram no Expressao do .samba.

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A saber, 0 campeo nis simo Marquinho Lessa, hexacampeao pela Caprichosos de Pilares e tetracampeao pela Imperatri z Leopo ldin ense. Noca da Portela autor de Recordar e Viver samba que deu a vitoria Portela em 1985. Marcelo Guimaraes, prata da casa, e coautor de "Min eir inho Genial, Marques de Sapucai, 0 poeta imortal", desse ano. Legenda viva de Madureira, Tia Surica e pastora de Velha Guarda da Portela e defendeu "Memo rias de Um Sargento de Milicias", de Paulinho da Viola, para a campea de 1966.

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2017 - COMEMORAR EVIVER

o Educandario

Abrao David completava 30 anos e a Escola estava pronta para uma ousada tran sforma~ao com 0 Desfile de Ira cema, a Lenda do Ceara. Nao e, porem, lenda, 0 que se co nta da Cindere la Negra, a passista Pinah, tambem nossa Expressao do Samba. A noite tambem foi de Paulinho Mocidade, a Ind epe nd ente de Padre Miguel, e claro! Do Morro do Borel, veio Neneo coautor de "Meu Ebano". Toninho Geraes, afilhado de Zeca Pagodinho e Beto Sem Bra~o, presen~a em todos os repertorios de sa mba e pagode da cid ade . E Marquinhos de Oswaldo Cruz, que reativou 0 Trem do Samba, cr iado por Paulo Portela, e hoje programa~ao oficial do Dia Nacional do Samba.

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Revis!a Beija¡Flor de Nilopolis

2018 - ESSA Nom SE IMPROVISA

o

conteudo da revista e 0 en redo que a Maravilhosa e Soberana leva para a pista a cada ano . Os indicados como Expressao do Samba tambem en riqu ece m a pauta. E ilu stram a festa. Em 2018, Aurea Martins, 50 anos d~ carre ira , ilu minou a noite. Seu primeiro CD foi produzido por Joao de Aquino e teve participa~ao especial de Nelson Sa rg ento. Wilson Moreira, autor do antologico "Senhora Liberdade" , deixou um legado que inclui "A arte de neg ra de Wilson Moreira e Ney Lopes" e 0 inedito "Ta com medo, tabareu?" 0 jovem Gabrielzinho do Iraja retribui as homenagens improvisando para seu xara Gabriel Abrahao. Mauro Diniz criou institui~ao familiar do samba - a Familia Diniz, formada, e claro, pelo idolo e patriarca Monarco, 0 irma o Marco e a filha Juliana.

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Beija-Flor de Nilopolis 70 anos de historias. Vamos, juntos, resgatar a historia da Beija-Flor de Nilopolis! Se voce tem fotografias, filmagens, documentos antigos ou atuais ou qualquer material que ajude a documentar a historia da agremia\ao, colabore com a revista da Beija-Flor de Nilopolis fazendo contato conosco. wapp: (21) 9 9776-2554 e-mail: historia@revistabeija-flordenilopolis.com


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expressao do samba 2019

Mira Lopes jornalista

CABANA Silvestre David da Silva, 0 Cabana, e personagem historica do mundo do samba. Niio so participou da funda~iio Beija-Flor de Nilopolis e como tambem colaborou para a constru~iio do moderno Carnaval carioca. Em 1953, inscreveu 0 entao bloco Associa~iio Carnavalesca Beija Flor, que so desfilava em Nilopolis e adjacencias, para 0 desfile oficial carioca de 1954. Em seu primeiro Carnaval na Avenida, a Beija Flor venceu 0 campeonato do segundo grupo com seu samba enredo "Ca~ador de Esmeraldas" e Cabana transformouse em simbolo da Ala de Compositores. da escola nilopo litana. Hoje, sua filha Jurema relembra, nos redutos de samba mais tradicionais e seletos, as inumeras composi~i'ies do pai, como "0 pre~o da trai~iio," "0 Tal Batizado", "Voce morava _ _ _ _ _ _--.:~.....:;L._ __ la no morro", entre outras em parceira com Martinho da Vila e Vava da Portela. De sua autoria, "lIu Aye", gravado por Clara Nunes e Elza Soares, e considerado um dos mais belos sambas -enredos de todos os tempos. Para 0 compositor Ary Carobinha, "as musicas que ele fazia leyavam o nome dele longe!" Tereza Gallera da Silva, viuva de Cabana, desfilara na Galeria da Velha Guarda da Beija-Flor.

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MARQUINHOS DINIZ Marquinhos Diniz come~ou a colecionar campeonatos como autor de sambas enredo dos blocos carnavalescos Un idos de Oswaldo Cruz e Rosa de Ouro, ambos do bairro de Oswaldo Cruz, seu reduto natalino . Marquinho e filho cac;ula de Monarco e integra com 0 pai, 0 irmiio Mauro Diniz e a sobrinha Juliana Diniz, a unica entidade familiar do samba: a Familia Diniz. Filiado Ala de Compositores do Samba da Portela e da Unidos do Jacarezinho, que desfilou samba-enredo de

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Revista Beija-Fler de Nilopelis

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sua autoria em homenagem ao comunicador de TV Abelardo "Chacrinha" Barbosa. Em 2010, Marquinhos defendeu em Joinville-SC 0 samba que compos em homenagem aos 70 anos da fundi~ao Tupy a convite da Escola de Samba Principes do Samba. Formou com Luiz Grande e Barbeirinho do Jacarezinho, 0 Trio Calafrio, tambem parceiros em composi~iies marcantes, que serao relembradas, assim como seus saudosos parceiros, em sua serie de tres CDs que Marquinhos ja come~ou a gravar.

DAVID CORREA David (Antonio) Correa e detentor de tres Estandartes de Ouro na categoria melhor samba-enredo: 0 primeiro por "Macunaima" (1975); depois "Incrivel, Fantastico, Extraordinario", com J. Rodri-

BIRA PRESIDENTE Ubirajara Felix do Nascimento e fundador com familiares do maior bloco carnavalesco do Brasil, o Cacique de Ramos, do qual e presidente vitalicio. Cantor, compositor e percussionista, Bira Presidente criou no Cacique, 0 Pagode da Tamarineira, ber~o do Fundo de Quintal, que revelou sambistas como Arlindo Cruz, Jorge Aragao, Almir Guineto, Neoci, Sereno, Sombrinha, Ubirany, Valter Sete Cordas e Bira, da primeira composi~ao do grupo, que originou de urn trio entao formado por Bira Presidente - eximio pandeirista e dono absoluto do samba no pe, - Sereno, inventor do Tantan e Ubirany, 0 criador do repique de mao. 0 grupo detem 17 premios da Musica Popular Brasileira, alem do Grammy Latino 2015. Na feijoada de aniversario do Cacique, 20 de janeiro, dia de Sao Sebastiao, padroeiro do bloco, aconteceu 0 lan~amento do livro "0 Patua Tamarindo", urn romance literario inspirado na vida de Bira Presidente, de autoria do jornalista Paulo Guimaraes. Carioca, Bira Presidente completa 82 anos em mar~o proximo.

gues e Tiao Nascimento (1979), e "Das maravilhas do mar, fez-se 0 esplendor de uma noite" (1981), com Jorge Macedo. Como compositor da Portela e autor ainda de "Passargada, 0 amigo do rei" (1973) e "Amazonas, esse desconhecido!" (2002). parceria com Grillo e Naldo. Nem tudo e Carnaval, dai compos para 0 primeiro LP de Renata Lu "Sandalia de Prata", fez "De Palmares ao tamborim" para Roberto Ribeiro e homenageou a Aguia de Madureira com "Bom Dia, Portela" gravada por Elza Soares. Definitivamente "Mel na Boca" gravado por Almir Guineto e obrigatorio no repertorio de todo 0 sambista que se preze.

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Yes! N6s temos turistas Cri se semp re ating e cru el mente as escola s de sa mba, como se est as nao fo ssem indi spensaveis il so brevivencia hum ana. Am arg o eng ano ! Sao milh ares de profissionais - responsaveis pela montage m do desfi le, 0 gra nd e atra t ivo do Carn ava l - que preci sa m da continu idade do seu traba lh o para vi ve rem com di gnidad e. Para a Be ij a-Fl or de NJl6poli s, manter as oportunidad es de rend a desses profiss ionais e ga rantir um belo es p~tac u10 na Avenida e mais do qu e um desafi o. E uma ex igencia et ica co m um a p o pu l a ~ii o de artifices qu e se mpre es ti vem disponive is para faze r, pela Beija -Fl or, esse belo espetaculo de Carn aval qu e tanto co nqui sta ti tul os.

Nessa busca de ca pitalizar a escol a para manter sua es trutura ca mpea , nao fa lta m a~6es de qualid ade, entre elas a rea li za ~ao da fe ijoada , que ja virou tra di ~ao na regi ao , dos eve ntos socia is privados em f esta s, ca samentos, bail es - sempre com o ritmo de qua lidade da bateria dos mestres Plini o e Rodney e 0 brilh o das belissim as e si mpaticas passistas da escola. A tradicional f eijo ada da Beija-flor, assim como shows arti sticos em geral, ago,! estao sob a responsabilidade dos principais produ tores e promoto res de eventos da cid ade, e 0 ita no e os

M as essa preoc upa ~ao e co mpromi sso da a dmini stra ~a o em nao deixar ningu em na mao exigiu um a ree ngenh aria de gestao. 0 vice-presid ente Almir Reis, entao , acresce ntou il equipe fo rm ada por Raphae l (secretario da pres id encia), Pedro Felipe (d a area de eventos) e pela re la~6 es publi cas Ro sa ng ela, que t am bem atua na area co mercial, os conh ecim entos especiali za dos do atu al diretor de mark etin g Sandro de Macedo e do engenheiro de produ ~ao Fernando M eli o, todos ca pacitados para rever estrategias, reinventar proj etos e busca r parceri as. "Primeiramente, surgi u um a parce ira nos proje tos socia is, qu e nao t inh amos. E importante porqu e essas ades6e s fo mentam a escola em to dos os se ntido s. Quando os nossos novos parce iro s vao il quadra, al em de enxergarem inum eras possibilid ades de p a rti c ip a~ao , in clusive co mercial, eles se aproximam mais da co mu nid ade, cri and o um a troca muito positiva. Acontece u co m 0 Grupo Petra Go ld, padrinho 0 Proj eto Ba le, qu e estend eu sua parceri a fa zendo a reform a do told o do parqu e aq uatico. Depo is, patrocin ou as cam isas do ensaio tecni co", con ta Rosa ngela.

Revista Beija¡Flor de Nilopolis

moradores da baixa da flumin ense es tao ca da vez mais prest igiando a prog ra ma ~ao social e artis tica na qu adra, alem dos ensa ios das qu intas-fe iras, qu e agora tambem acontece m aos sa bados. Este ano, a Beij a-Flor fo i 0 te ma da d ecora~ao , com motivos e person alid ades da esco la, da Feijoada Pre-Carn avalesca do Wind sor Hote l, e teve

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e higiene pessoal que necessita, como se estivesse num camarote", revela Rosangela. Duas agencias de viagens - a Corcovado e Travel - levam uma media de 150 turistas por noite. Como grande atrativo, alem de todD 0 espetaculo que presenciam e vivenciam, os turistas sao recepcionados por passistas, que fazem urn aquecimento ate o ensaio come~ar. Os visitantes ficam encantados. Com pram lembrancinhas na lojinha, bebem sua cerveja e curtem a prepara~ao da escola como se estivem venda urn show pronto. A area VI P fica aD lado do palco e 0 turista po de interagir com os ritmistas, passistas, componentes, antes e durante os ensaios, e e por isso que e comunfvermos turistas emocionados ao encontrarem e interagirem com personagens de reconhecido valor cultural da agremia~ao nilopolitana, como Raissa, a rainha da bateria, Claudinho e Selminha Sorriso, Sonia Capeta, Neide Tamborim e Cassio. Feras que daD "aquele show" que s6 eles sabem dar.

a trilha sonora animada pela bateria Soberana, regida pelo mestre Rodney Ferreira. Uma parceria que incluiu comercializa~ao das camisas oficiais e das fantasias para 0 desfile comemorativo dos 70 anos da escola. A Beija-Flor com sua bateria e passistas tambem animara 0 Baile Carnavalesco do Windsor Hotel. Dentro da reengenharia adotada, criou-se na quadra, em Nil6polis, uma area VIP exclusiva para Turistas na pista da quadra, com os servi~os de bar, gar~ons e ate banheiro proprios. Tudo isso para receber melhor os turistas que visitam 0 Rio de Janeiro em busca de experimentar a magia de participar de uma noite numa tradicional e campea escola de samba. "E urn espa~o que vinhamos buscando ha algum tempo, pois oferece aD turista o conforto de estar em uma area reservada, tendo sua disposi~ao os servi~os de bar, alimenta~ao

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Revista Beija-Flor de Nilopolis

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PROJETOS SOCIAlS DA BEIJA-FLOR HA MAIS DE 35 ANOS EM NILOPOLIS Viviane Biteti jornalista e assessora de imprensa

Este ano, a Marques de Sapucai sera pequena para que a campea do Carnaval do Rio mostre sua devoc;ao

a comunidade.

"Quem nao viu vai ver....

quanta II popula"iio da Baixada Fluminense, que fizeram florescer em uma das regioes mais carentes do Rio de Janeiro exemplos de solidariedade e luta por condi"oes!le vida mais dignas. Eo primeiro passo que precisava ser tornado, alem das inumeras reflexoes, cren"as e ideologias, era agir de forma concreta e contundente, de forma a transformar 0 cotidiano das pessoas. Foi pensando em inclusao social, valoriza"iio das ra"as, direitos socia is, autoestima e crescimento pessoal. as obras sociais da agremia<;iio come~aram a tomar forma e hoje ja transformaram a vida de centenas de crian~as e adolescentes.

As fabulas do Beija-Flor". A azul e branca cantara as sete decadas em que brilhou na avenida, completadas no ultimo dia 25 de dezembro. Desde que surgiu como bloco, a Beija Flor nao coleciona apenas os 14 titulos, medalhas e trofeus, mas tambem a preocupa~ao em construir uma sociedade mais humana, solidaria e inclusiv3. Os diversos enredos e reflexoes que levaram para a avenida ao longo dessas sete Mcadas destacaram a busca pelas formas de construir uma pais melhor para se viver. Com erros e acertos, foram percebendo que para se chegar a essa sociedade mais humana e evoluida, 0 processo deve ser diario e EDUCA~AO permanente. Em 2003 a Beija-Flor fez ecoar na Marques de Sapucai 0 samba-enredo que seria 0 campeao daCRECHE JULIA ABRAAo DAVID quele ano: "0 povo conta a sua hist6ria: Sa co vazio Fundada nove de maio de 1980, original mennao para em pe. A mao que faz a guerra, faz a paz:: te com 0 nome de Creche Beija-Flor e depois A escola azul e branco cantava sobre as batalhas enfrentadas pela popula~ao brasileira no passado e transformada em Creche Julia Abraao David (em exaltava grandes herois, como Tiradentes e Zumbi homenagem II Dona Julia, mae dos irmaos Anizio, dos Palmares. E foi assim, narrando sobre as peno- Nelson e Farid) foi a pioneira no quesito respeito sas lutas que acometiam principalmente a parcela II dignidade humana. Preocupado com a qualimais pobre da sociedade, que a Beija-Flor uniu a dade do ensino publico oferecido aos jovens de historia do Brasil com a sua propria trajetoria. Urn todo 0 pais, 0 presidente de honra da Beija-Flor dos trechos mais marcantes dizia: "Nosce entao; de Nilopolis, Anizio David, resolveu entao desenPoderoso guerreira ; Que desenvolve seu trabolho volver projetos sociais com a missao de promover social; Cultura oos pobres, obrigou moltrapilhos ; a solidariedade com foco na educa<;ao, cultura e Fraternidade, de modo geral; Bravo gente sofrido cidadania de crian"as e jovens pobres da Baixada do Boixodo; Soltondo a voz no ploneto carnovol.". Fluminense. "Percebemos que 0 principal seria A letra faz referencia tanto II escola de samba, oferecer a essas crian<;as a oportunidade de crescer

COMO PRIORIDADE

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em uma situa~ao escolar melhor e que, alem disso, pudessemos dar condi~6es de os pais trabalharem sem a preocupa~ao de com quem deixariam seus filhos," relembra. Assim, foi inaugurada a Creche Julia Abrao David, iniciativa pioneira entre os diversos programas oferecidos ate hoje, todos de forma gratuita. Uma das maiores incentivadoras do projeto, Dona Julia e seu marido Abrahao foram a fonte de inspira~ao de Anizio: "Fui criado por pessoas que sempre tiveram no respeito e amor ao proximo uma regra de viver. Desde a minha infiincia via que as portas de nossa casa estavam sempre abertas aos amigos de meus pais para 0 que precisassem. Fui venda is so e aprendendo que essa era a regra que deveria seguir tambem. E fui fazendo 0 que podia, dentro das Iimita~6es que tinha afinal, viviamos tempos dificeis e todos trabalhavam muito para a sobrevivencia da familia. Somente quando consegui alcan~ar um nivel economico melhor e que fui podendo fazer mais pelas pessoas da minha comunidade. Gra~as ao papai-do-ceu fui conseguindo melhorar minha vida e melhorar a vida das pessoas a minha volta", conta 0 presidente de honra da Beija-Flor. Incialmente, a creche atendia apenas 60 crian~as. Com 0 passar do tempo e 0 aumento da demanda por parte da popula~ao, a institui~ao passou a acolher cerca de 280 crian~as, entre seis meses e seis anos de idade. Atualmente, os pequenos usufruem de do is turnos, revezando entre aulas e atividades recreativas, alem de terem direito a quatro refei~oes: cafe da manha, almo~o, lanche e jantar. Localizada em Nilopolis, a .Creche Julia Abrao tambem aceita crian~as de outras regioes da Baixada Fluminense. Ao completarem sete anos, as meninas e meninos que frequentam a unidade sao transferidos automaticamente para 0 Educandario Abrao David.

EDUCANDARIO ABRAO DAVID Com 0 objetivo de dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela creche, e venda a importiincia da continuidade de um ensino de qualidade, em 1987 Anizio fundou 0 Educandario Abrao David, que dispoem dos mesmos beneficios que a institui~ao e atende atualmente 60 alunos, entre sete e 16 anos. La, as crian~as tem a oportunidade de receber ensino gratuito e de qualidade equiparada as escolas particulares da regiao ate 0 9' ano do ensino fundamental.

Nos primeiros anos de existencia da Creche, percebeu-se que todo 0 trabalho de educa~ao desenvolvido para as crian~as estaria comprometido se na~ fosse dada sequencia ao mesmo nivel de educa~ao de qualidade, dada a precariedade do ensino publico oferecido na epoca. Pensando nisso, Anizio decidiu custear a cria~ao e manuten~ao do Educandario: "toda crian~a assistida no ensino infantil tem a sua vaga garantida no Educandario. Assim, e oferecida uma contribui~ao maior para essas crian~as e esses jovens para que possam lutar pelo seu futuro, quando a hora chegar". No Educandario os professores dao aulas das materias tradicionais das escolas, como matematica, portugues, geografia, alem de cursos de espanhol, ingles e aulas de Laboratorio. Buscando dar melhor suporte familiar as crian~as, sao realizadas mensalmente reunioes com os pais, nas quais a equipe do Educandario busca 0 dialogo e a discussao de eventuais deficiencias e 0 melhor caminhos para 0 desenvolvimento deste jovem aluno. Segundo Anderson, diretor pedagogico do Educandario, "E um espa~o muito importante para as crian~as e jovens, principalmente as aulas de laboratorio, na qual elas entram em contato com o mundo das experiencias e acabam despertando voca~oes e preferencias que antes nem sabiam existir. Para atender nossos objetivos educacionais, possuimos uma infraestrutura composta de 21 professoras, nutricionistas, cozinheira, auxiliares de cozinha, lavadeiras, faxineiras, auxiliares de servi~os gerais, secretiJrias e vigia, que atendem aproximadamente mil alunos - 0 que significa que colocamos sob 0 nosso guarda-chuva um universo de mais de 600 familias. Ele ainda destacou um trabalho essen cia I desenvolvido ali: "em razao do nosso carinho e dedica~ao, nossos alunos confiam muito em nos. E isso e essencial para que possam abrir seus cora~oes enos contar a respeito dos problemas e dificuldades que vivem na sociedade e em casa. Com essas informa~oes nos, como educadores, temos condi~oes de ajuda-Ios, seja indicando caminhos e comportamentos mais adequados a cada situa~ao, seja apenas sendo uma presen~a atenta e disponivel para ouvi-Ios. Sabemos que na~ e facil ser crian~a nem jovem, e que muitas vezes pequenos problemas tomam vulto pela simples inexperiencia deles ou mesmo por eles nao exporem essas questoes aos pais, com receio de reprimenda dos mesmos. Estamos todos unidos por um mesmo ideal que e alimentado pelo amor e respeito que todos sentimos por essas crian~as e esses jovens.

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Trabalhamos para dar a eles melhores condi~iies de vida e de serem felizes", conclui Anderson. Ouestionado sobre como ele analisa as atividades sociais da Beija-Flor, Anizio resume em forma de convite: "digo sempre que as atividades da Beija-Flor sao um modelo e um exemplo a serem seguidos pelo mundo. E nao I' exagero. Oueria que as autoridades do nos so estado e do nosso pais viessem aqui ver 0 que fazemos. Nao tem horario, nao tem dia, nao precisa marcar data, I' so chegar e dizer que quer conhecer ambas as institui~6es de ensino pois as portas estarao sempre abertas. Sao obras muito bonitas de se ver. E deixo 0 convite a todos que queiram conhecer esse lado social desenvolvido ao redor da Beija-Flor de Nilopolis".

CENTRO DE ATENDIMENTO COMUNITARIO (CAC) Pensando em possibilitar melhores condi~6es de vida e trabalho especialmente faixa etaria que atualmente possui a maior evasao escolar (a do Ensino Medio, de jovens entre 15 e 17 anos), Anizio e seu irmao Nelson fundaram em 1991 0 Centro de Atendimento Comunitario Nelson Abrao David, popularmente conhecido na regiao como CAe. 0 Centro oferece cursos profissionalizantes gratuitos para jovens e adultos, contribuindo para uma melhor qualifica~ao profissional e ingresso no mercado de trabalho. "Um dos maiores desafios enfrentados hoje no sistema educacional brasileiro I' 0 alto indice de evasao escolar no ensino medio. Uma pesquisa nacional feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (iBGE), apresentou dados alarmantes: apenas metade dos jovens com idade entre 15 e 17 anos esta matriculada no ensino medio", destacou Anizio.

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o programa

BALE

"Aprendendo com 0 Bale" atende aproximadamente 200 alunos e alunas desde 2001, e inclui aulas de bale classico, jazz e sapateado. As professoras ensinam jovens e crian~as de cinco a 17 anos, que se apresentam em eventos e mostras de dan~a, como 0 Festival de Dan~a de Joinville, que acontece em Santa Catarina.

PROJETO SONHO DE UM BEIJA-FLOR o esporte I' uma poderosa ferramenta de inclusao

que oferece desde 2005 aulas de diversas modalidades esportivas, realizadas em um complexo esportivo localizado ao lado da quadra da agremia~ao de Nilopolis. La, as crian~as tem acesso, de forma gratuita, a aulas de jiu-jitsu, futebol, nata~ao, dan~a e futsal. Atualmente com 220 jovens inscritos, 0 projeto "Sonho de um Beija-Flor" conta tambem com atividades de bateria, passista, mestre-sala e porta-bandeira mirins a crian~as que desde cedo demonstram interesse e paixao pelo mundo do carnaval. La, eles tem a oportunidade de aprender com grandes profissionais do samba, como Rodney Ferreira e Mestre Plinio, mestres de bateria da Beija-Flor, eo casal de mestre-sala e porta-bandeira Selminha Sorriso e Claudinho. "Temos um futuro longo de comunidade, gra~as a esse tipo de iniciativa. 0 trabalho ja nos rendeu e continuara rendendo grandes frutos. Nao somente para a agremia~ao, mas para as crian~as, porque adquirem uma capacita~ao que sera util a elas tambem no futuro," explica Claudinho.

JIU-JITSU Tendo em media- ldo alunos matriculados a iniciativa oferece aulas de jiu-jitsu para jovens da comunidade e vem colhendo frutos promissores desde 2000, quando foi fundada. Em 2009, a equipe da Beij a-Flor chegou a disputar os campeonatos brasileiro e estadual, alem de uma competi~ao organizada pelo atleta faixa-preta Raphael Abi-Rihan. Na competi~ao nacional, a equipe foi representada por 24 atletas e conquistou sete medalhas de ~Uro, 12 de prata e uma de bronze, aiI'm do 3' lugar por equipe. Ja no estadual, 26 atletas participaram e leva ram para casa nove medalhas de ouro, tres de prata e tres de bronze, tambem conquistando 0 3' lugar por equipe.

GINASTICA Na Beija-Flor, todas as idades tem seu espa0 programa "Vivabem", criado ha dez anos, orienta atividades fisicas, recreativas e culturais para adultos e idosos desde 2013 na quadra da agremia~ao de Nilopolis. Entre as programa~6es culturais estao a comemora~ao de datas festivas e bailes dos anos 60, 70 e 80, aiI'm de confraternizados de modo geral. ~o.

social. Tendo em mente esta premissa, a Beija-Flor deu inicio ao projeto "Sonho de um Beija-Flor",

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PROJETO lICO 10

DEVER CUMPRIDO

Em parceria com a projeto "Zico 10", a Beija-Flor promove desde a inicio de 2014 atividades esportivas para crian~as e adultos com deficiencias intelectuais. De todos as nucleos do "Zico 10",0 de Nilopolis e 0 unico voltado para as pessoas com deficiencias.

Responsavel por manter os projetos socia is aqui citados, Anizio conta 0 que motivou suas iniciativas: "Talvez, para resumir a minha resposta, acho que 0 me que motivou a dar inicio a esse importante projeto de educa~ao foi 0 desejo de ver a minha Nilopolis e suas crian~as vivendo dias melhores.". Considerando a diversidade de atividades existentes hOje, nao seria exagero dizer que Anizio conseguiu chegar ao seu objetivo inicial. Ele desabafa, com orgulho: "Sou uma pessoa simples. Quem me conhece bem sa be disso. Por ter vivido (e ainda viver) no meio do samba e do carnaval, do is ambientes onde as pessoas geralmente nao possuem riquezas, fui aprendendo a ver que os valores mais importantes na vida eram os relacionados ao 'quem somos' e ao 'que fazemos'. Me sinto feliz em conviver com pessoas boas, alegres e batalhadoras. Nao me prendo aparencia nem situa~ao financeira de ninguem. Por isso, entendo que os projetos socia is da Beija-Flor tem um significado unico na minha vida. Nao seria quem sou se nao estivesse contribuindo com essa causa e com o futuro desses .!!It;.ninos e meninas, hoje muitos ja pais e maes deIamilia. Entendo que um hom em tem que ter um objetivo na vida que de a ele um significado para tudo que faz. Nao tenho nenhuma duvida de que os trabalhos que ajudo a manter dao esse significado minha vida. Somente quem faz pelo seu semelhante e capaz de saber 0 que um homem pode sentir quando dedica parte do seu tempo e dinheiro para construir estradas que levam cr i an~as e jovens liberdade e felicidade. Eu tenho 0 privilegio de saber. E isso me faz muito feliz, concluiu".

FUTSAL As aulas de futsal oferecidas para meninos e men inas de seis a 17 anos acontecem todas as ter~as e quintas-feiras. Muitos alunos sao preparados para o torneio "Ta~a das Favelas", competi~ao famosa que acontece todos os anos e costuma revelar craques do futebol.

CANTO PARA ATERCEIRA IDADE o projeto "Canto de um Beija-Flor" oferece ha 10 anos aulas de canto para cerca de 20 senhoras, muitas, inclusive, presentes desde 0 inicio do trabalho. As aulas acontecem na quadra da esco la azul e branco.

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Vem um e diz que e da mangueira Outro diz que e do Estacio de Sa Finalmente todos querem Exaltar 0 seu lugar.

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Eu sou de Nil6polis Terra que tem gente bamba E tem macumba e tem samba Nil6polis terra da magia. Quem e Nil6polis e a mesma coisa Que ser da Bahia Em Nil6polis tem sol, jogo bom Que e futebol , terra de gente de ra~a Temos parques e cinemas, negras, loiras E morenas desfilando em nossas pra~as. E alem de tudo isso tem nego bom no fe iti~o E no samba e professor E. de la a escola de samba Beija-Flor

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