carnaval,
GLt\:U~£" f\. .~
. E.NJ:fl
[bD~~ D[R:AJ[P~~Dffi[L em revista -
SAMBOLj\ SENSACIONAL "GAFIEI RA" TODAS AS 4as. feiras A PARTI R DAS 22 HORAS RODA DE SAMBA AS 6as. FEI RAS SHOW ESPECIAL DAS MULATAS DO BOLE·BOLE GRANDES PARTIDEIROS
Av. Suburbana, 7715 ( Aboli~ao )
I samboa AOEGA
Espetacular bacalhau preparado p~r urn rnestre da cozinha luzitana Vinhos selecionados nacionais e estrangeiros Rua Joao Pinheiro, 666 - PIEDADE
f'NDICE
Glauber Rocha
4
Projeto Glauber Presente Profeta do Nordeste, Cidadao do Mundo Enredo Canto a Glauber Rocha
5 6 B 15
No momenta em que as alas da Lins Imperial pisarem a passarela da Marques de Sapucal, um dos mai s discutidos e controvertidos valores intelectuai s de nosso tempo estara recebendo uma homenagem inedita entre as muitas que recebeu, principalmente apos seu desaparecimento prematuro. De fato, sem que a modestia nos impe~ a de dizer, a festa de samba que a verde-rosa oferece a Glauber Rocha teria para ele um valor maior que qualquer medalha ou cracha recebidos de maos acostumadas a repousar nas sacadas das torres de marfim. E ha, ainda, um toque de requinte no sab~r da homenagem: ela feita quando a Lins Imperial completa meio centenario de existencia, representado pelos 50 anos que decorreram desde a funda<;:ao da Filhos do Deserto, em 1933, uma das muitas que, unindo sua inspira~ao, seu amor ao samba e seu gosto pelo Carnaval, vieram desaguar na atual escola. Com "Glauber, Presente", a Lins tam bern homenageia sua gente, -representada no passado por Cosme Salustiano da Silva, 0 Djo; Candido Marques Pimenta, 0 Candinho; Jose da Silva, 0 Jaguarao; Jones da Silva, 0 Zinco; Antonio Barnabe de Campos; Durval Dlimpio da Silva; Lucfl io Silva; Jorge Carvoeiro; Joao Dureza; Cesar Augusto; Dionlsi.o e Jocelyn de Assis; Alvaro Caxangil; Tiao Papo Roxo; Carobinha; Dona Salome; Dona Dtflia; Dona Maria da Gloria; Dona Floripes; Ceci; 0 mestre-sala Jorge Nogueira; as portas-bandeiras Vone e Doquinha; Atherio Salustiano da Silva; Horacio Pinto da Rocha (fundador de seis escolas com as cores verde e. rosa) e tantos outros companhei ros que ajudaram a dar aos figurantes de hOje a personalidade e a ra<;:a que sempre marcam a passagem da Lins Imperial pela avenida. Hoje os tempos sao outros, bem distantes daquela Pra<;:a Dnze, on de a improvisa<;:ao e 0 sacriflcio substituiam a organiza~ao perfeita que hoje a Riotur implantou nos desfiles, com uma infraestrutura que dil ao sambista conforto e confian~a. Niio importa que, passado 0 carnaval, surjam queixas contra os jurados por esta ou aquela nota julgada imerecida, essas queixas jamais deixariio de existir, mas niio conseguiriio, nunca. apagar a gratidao das escolas para com aqueles que, horas a fio, prestigiam 0 trabalho humilde de todo um ano, pontilhado de renuncias e sacriflcios. Mas todo esse universo de som, cor e harmonia talvez nao fosse tao resplandecente como e, se nao contasse com a cobertura total que a imprensa dedica ao samba e a suas ralzes. E e assim, Glauber, que a Lins Imperial promete desfilar inspirada em tua fibra, presente na avenida neste Carnaval-83.
e
f'NDICE Na Sapueaf. um poueo da hist6ria do Brasil de hoje Cantinho da Saudade G16rias da Lins Imperial
16 17 IB
Diretoria
Nelzinho as ex-presidentes
19
Programar;ao Social Her6is Anonimos
20 21
. fNDICE QlLem
enredo
22
Compositores Samba Enredo Felix Paulinho Bateria, Mestre SoJa e Pona Bandeira Des taques e Baianas
23 24
25 26 27 28 29
Glauber Rocha, em foto gentilmente cedida pela EMBRAFILME.
RENE AMARAL
,
3
LAUBER ROCHA
Cineasta inspirado e exuberante, cabe~a do Cinema Novo, campeao do Terceiro Mundo; fi lmes revoltados, torrencia is, exagerados . flamejantes; e um infindar de defini~5es lapidares sobre Glauber Rocha . No movimento denominado Cin~ma Novo. imprimiu a seus filmes caracterlsticas fu ndamentalmen te naci ona is. conseguindo atingir 0 universe cultural atraves das ralzes sertanejas de nossa cultu ra. divorciando 0 nosso ci nema de formas e conteudos alienlgenos. Os filmes de Glauber sao verdade - grandiloquentes. espasm6dicos. exacerbadamente emocionais. Entretanto ele explora em toda a sua autentici dade temas especificamente serta nejo s como crendices. 0 canga~o e 0 fanatismo religioso. Suas obras retomam a narrativa mltica que e difundida atraves de inumeraveis variantes da literatura de cordel do Nordeste. Empolgam a corrente que percorre. ha s~ku los. 0 serta') na mala e na boca dos cantadores. Ele por sua vez. entoa a epopeia do canga~o. inse re. modifica ou recria poemas muito conhecidos no Nordeste. Na filmografia de Glauber. seus personagens se articlJlam em torno de elabora~5es de carater mrtico. assimilando elementos de uma cultura afro-brasileira . A filia~ao cultural de toda a sua obra nao deixa margem a duvidas. 0 espectador distingue nos filmes do ci neasta brasileiro um tom. um clima. assuntos e ate .personagens que Ihe sao comuns. Glauber Rocha foi. antes de tudo. um poeta louc'). vis ionario. coni uma febre. pessoa em transe. Atrav<ls de filme. escrita. fal a e vida. tornou-se um personagem magi co. Uma for~a bruta da natureza ligada a Vit6ria da Conquista e seus mitos. Um genio brasileiro que a LlNS IMPERIAL homenageia em seu enredo para 0 Carnaval de 1983.
e
Glauber Rocha Filmagens de Deus eo Diabo na Terra do Sol , 1963
1967 -
FILMOGRAFIA 1958 1960 1962 1964 -
1965 1966 -
0 Pitio (curta-metragem) . A Cruz na Pr84j:8 (curta-metragem desaparecido). Barravento Premiado em Karlovy - Vary, Tcheco-Eslovaquia. em 1962 !Aevelaf;ao de Diretor). Deus e 0 Diabo na Terra do Sol Grande Premia do Festival Internacio nal de Porreta-Terme. Itojlia, em 1965 e Premia de Cr(tica Latino-Americana. Mdxico. em 1966. Amazonas, Amazonas (curta-metragem). Maranhao. 66 (curta-metragem)-
Terra em Trans.
Premia Internacional de Cr(tica do Festival de Cannes de 1967. Premia Luis Bruriuel. Premio do Cinema. Arte e Ensaio. Grande Premio do Festival de Lucama , SuiIYa em 1967. 1968 - 0 Oragio da Makfacle Contra 0 Santo Guerreiro Pr4Jmio de melhor direcao em Cannes em 1969. Premia Luis Brunuel. Premia Cinema, Arte e Ensaio Cancer 1970 - Cabe~as Cortadas Leio de Sate Cabe~8I 1fJT2/74 - Hist6ria do Brasil 1975 - Claro Premiado nos Festivais de Cannes e Taormina, 1t~lia 1977 - Oi Cavalcanti (curta-metragem) 1980 - A Idade da Terra
o
4
)
=
Projeto Glauber Presente o enredo da
Lins Imperial para a Car naval de 1983, "Glauber Presente, tern uma historia. Inicialmente 0 Departamen-
to Cultural havia escolhido como tema: "0 Dragao da Mal-
dade contra 0 Santo Guerreiro", homenageando, atraves de urn dos seus filmes mais premiados, 0 cineasta Glauber Rocha, recentemente falecido. E foram iniciados contatos com o mundo cultural em geral e cinematogratico em particular,
a
para as pesquisas destinadas montagem do desfile de Carnaval. Por esta epoca, 0 Cursa de Cinema do Instituto de Arte e Comunica9;;0 Social da Universidade Federal F luminense organizou, sob 0 patracfnio do Instituto Municipal de Arte e Cultura Rio Arte, a mostra "Glauber Presente", com exibi\fao de fi Imes e exposic;ao de fotos e cartazes. 0 progra路
ma do denominado Projeto Glauber Presente, coordenado pelo universitario Joao Luiz Vieira e varios de seus c61egas do Curso de Cinema da UFERJ, Eduardo Bayer, Flavio
Candido, Glaucia Mayrink, Joao Carlos Velho, Marisa Ara路 gao, Monica Frota, Paulo Mattar; Rosa Helena e Teresa An路 drea, foi cumprido entre 23 a 28 de ago,to de 1982, na
Faculdade Jacobina, no Rio de Janeiro. Foi 0 seguinte 0 programa do Projeto Glauber Presente: , 23/08 19:00 horas Oi Cavalcanti Barravento 24/ 08 19:00 horas Patio Deus e 0 Diabo na Terra do Sol 25/08 19:00 horas Amazonas Amazonas Dragoo da Maldade contra
o
0
Santo Guerreiro
27/08 19:00 horas Entrevista de Glauber Cabec;as Cortadas 28/08 17:00 horas A ldade da Terra A Degola Fatal 21 :00 horas Debate: Glauber e 0 Cinema BrasHeiro Ismail Xavier, Raquel Gerber , Alex Viany. Miguel Pereira e Tizuka Yamasaki
o apoio e
0 entusiasmo dos universitarios do Projeto Glauber Presente e dos cineastas que participaram da programa路
9ao, foi de tal forma, e a for9a magica de Glauber Rocha,
impos'se, de maneira a mudar
0
enredo da Escola de Samba.
......" .",
~ tI
"'.
';
,
DECORVIDROS
VIDROS, ESPELHOS, CRISTAIS, MOLDURAS, FUMt, NACIONAL E IMPORT ADO, ESOUADRIAS DE ALUM INIO, JANELAS BOX~S, BASCULANTES, PORIAS ETC. (Fobrlco,oo Proprlo) _ ORCAMENTO
SEM
COLOCACAO
COMPROM ISSO A
DOMICILIO
RUA L1NS DE Y.\SCONCELOS. 631 F
COMERCIO DE VIDROS E DECORACOES LTDA,
ESOUINA DE VILELA TAVARES
TEL. 269-0596 RIO DE JANEIRO - 'J
5
f
Profeta do nordeste, cidadao do mundo Glauber esteve sempre profundamente ligado ao Brasil. Sua
criat;ao art/stica, de carater universal, nao perdeu, nunea, sua marea regional. Mesmo sendo urn artista Ncidadao do mun-
do
N
iamais deixou de ser urn baianD, um sertanejo, urn nor-
destino. A Bahia foi permanente presem;a tematiea em suas obras, renovando inteiramente a linguagem do cinema bras;leifo, tanto no nfvel da narrativa como da estetlca. Mais do que nenhum outro intelectual, Glauber Rocha refletiu, pole. micamenre, sabre 0 papel da arte e Os caminhos da cultura, num pal's como a Brasil, em seu gigantesco esf6rt;o de descoloniz8(:ao cultural. Exemp/o maior de liberdade de pensar neste pals, desejou ardentemente, 0 encontro e a definit;ao da nossa identidade
cultural e pol ftica, investindo de maneira revolucionaria neste projeto e legando ao Brasil um rico patrimonio que t! seu valioso acervo cinematogr;ifico. Excepcionalmente talentoso, polemico, contradit6rio, veemente, corda to, convulsivo e conflagrado, amou desesperadamente a sua terra, em meio a incompetencia e a injusti~a e parece que se exauriu nesse amor tempestuoso. Nauseado, pressentiu 0 fim e regressou ainda a tempo de entregar seu corpo terra mae. Por tudo que representa como marco de nossa cultura, a
°
a
LlNS IMPERIAL presta-Ihe homenagem em seu enredopara ¡0
carnaval de 83, fazendo coro com as palavras de personali~
dades da pol ftica".das letras e das artes,
Hugo Carvana latorl Muitas vezes eu nao concordava com Glaube r. Meu cmor por ele incluia momentos nos quais eu a odiava Ele era muito digno, defendia seus pontos de vista com uma firmeza muito grande. E, as vez"es, para defender seus penscmentos, saia distribuindo porrada, que, algumas vezes, pegava em quem estava a seu lado. Sao coisas que eu nao entendia multo bemA Hoje, eu ja as entendo. Ele levava 0 elenco ao paroxismo e eriava um clima de tensao. Quanto mais tenso 0 ator estivesse, melhor. Ele tocava na gente como se toca urn instrumento musical. Destes instrumentos ele extrafa os sons e os gestos que compunham suas operas barrocas.
Origens afrlcanas em Barravento.
Saturnino Braga Ipol ftico) Idiscurso de homenagem postuma no Senado) o que dizer de Glauber Rochal Que foi genio da ra<;al Que foi 0 profeta da cultura brasileira? Que foi 0 grande lider de sua gera9ao, de nossa gerac;:ao? Deve ter side tudo isso, porque poucos como ele contribuiram tanto para afirmar a nossa nacionalidade; deve ter side tudo isso e foi certamente 0 rebento agitado, 0 rebento resplandecente de toda uma gerac;:ao que nossa Nac;:ao esta a produzir e que, certamente, nos aponta as perspectivas, os caminhos e as promessas de todo aquele futuro que almejamos constNi r. Norma Bengell latriz) Mataram 0 corpo, mas a cabec;:a dele vai fiear ai. Domingos de Oliveira (cineasta) Foi urn grande lider da minha gerac;ao. Era muito lcueo e mexeu com a cabe;:a de todes nbs. A visao do mundo de Glauber era uma coisa lindfssima. Ele foi uma lic;:ao para nbs. De liberdade, de que bra de limites. Luiz Carlos Barreto Iprodutor)
Ismail Xavier (pesquisadorl Circunstancias e especulac;oes a parte, sua morte agora parece estar d ize ndo: a cinema brasileiro precisa de herois. E se queremos a exemplo do herbi, 0 que ele nos deixou nao se define em termos de pureza do ideal, nem em termos do herbi-v (tima, figura fragil que se abate sob a peso das circunstancias. Como herbi tragico, Glauber combina a doat;:ao de si mesmo, tipic a de um Quixote, com a vontade titanic a de ver a desejo realizado sem perder a libe rdade e as prerrogativas de criador soberano. Caetano Veloso (compositor)
o que acontece e que Glauber fazendo urn filme e ele que e a pessoa, 0 poeta que quer ter uma participac;ao na sociedade, quer influenciar, quer resolver os problemas da sociedade. Duer enfim, de uma certa forma, salvar 0 mundo. 6
Ele foi vitima da colonizac;:ao cultural, vitima de toda essa tristeza que e 0 subdesenvolvimento cultural brasileiro. A pobreza intelectual nao entendeu a magnanimidade do pens amento profetico de Glauber Rocha. Jorge Amado jil dizia que ele nao era so 0 maior intelectual moderno, mas sim 0 profeta do Nordeste no melhor sentido nordestino. Caca Diegues (cineasta) Para Glauber, nao havia diferenc;:a entre a vida publica e a vida privada Os sentimentos que 0 Glauber senti a eram de ordem pessoal e ao mesmo tempo nacional. Ele sofria pelo Brasi l como sofria por urn filho, uma amante, urn pai, a fam i1 ia toda. Ele foi uma pessoa que conviveu a vida toda com isso, quer dizer, foi isso que 0 matou. Eu acho que Glauber morreu porque a utopia que ele tinha par esse pais nao conseguia se realizar, quer dizer, havia urn conflito entre a que esse pais era e 0 que ele gostaria que fosse.
I
I
Nelson Mota (compositor e jornalistal Ele e 0 maior artista brasileiro desse tempo. As pessoas nem se tocam, s6 daqui a seculos que vao saber disso. Glauber urn artista muito maior do que esse pais merece e que pode-
e
e
r~.
,
-
~
~
ria ter. Eu ocho que uma pessoa como GlaJber jamais morre-
ria de per si sem se deixar, porque ele era uma pessoa muito vital e ha de ser sempre. Ele foi urn genic. Os filmes dele vaa passar daqui a 50 anos e continuarao atuais. Ele foi pol ftieo, poeta, profeta, foi de tudo.
\
Thia90 de Mello (escritorl o que importa para cada urn de nbs que herdamos a vida de Glauber e essa vida que ele viveu, e essa que continuara viva em cada urn de nbs. Que aprendamos com Glauber a naa ter vergonha do arner, do corac;:ao, que saibamos errar, com violencia are, mas sempre, com honestidade, sempre com arner. H~lio Pelegrino (psicanal istal Glauber foi urn dos poucos genios brasileiros, com uma extraordinaria sensibilidade de captar a tumulto e as contradir;:6es do pais. Foi a grande deputado d;.a cultura brasileira, e sua morte abre urn aco no carp a cultural. De importancia fundamental para a cinematografia brasileira. Glauber deu a seu recado.
y
t:I
Sebastiao. beato de Deus e
0
Diabo na Terra do 501,1964
Ferreira Guliar (poeta e jornalistal Glauber se consumiu em seu prbprio fogo. Bern, a gente continua, a gente tern que continuar com todas as dificuldades que estao ai, que antecederam a ele, e continuam depois dele. Mas na verdade a trajetbria dele foi a expressao de urn processo brasileiro desesperado. Ele nao a:reditava nos valores existentes a nlvel polftico-filosbfico. E procurava dentro deles rutros valares. Ele tinha camint)o prbprio. Ele queria fazer a novo do novo e isso vai levar tempo para ser apreendido. Darcy Ribeiro (pol ftico e antropblogol
Urn dia fui procurado par Glauber que me abr~ou e choroo, chorou toda a manha. Chorou a dar que deveriamos chorar, a dar que vivemos diariamente, a dar par este pars que nao deu certo. Ele chorava a brutalidade, a violencia. a estupidez, a mediocridade, a tortura que vivemos diariamente. Voce disse pra mim, Glauber, que nao importava tanto fracasso, tanta dar, porque havia tempo. Nao houve tempo para voce, para nbs sabra urn pouco e vamos usa-Ie com a dignidade imensa que voce usou sempre.
A alegoria da Descoberta do Brasil, em Terra em Tra"nse.
Mauricio do Vale (atorl
Geraldo Del Rey (atorl
o seu trabalhe era born, urn trabalho dificil, um cinema de muita cuca, visao, e nosso povo, inf~izmente, nao esta preparado para essas coisas, quer dizer, internacionalmente, ele e muito mais conhecido. Esta a real idade de nosso pais. Era um di retor fara de serie. Ele era muito humano, muito gente. E essa violencia que ele transportava para a cinema - as filmes dele sao violentos - eram problemas ernocionais dele querer fazer e nao poder. Entao, ele jogava para fora. Extravasava as sentimentos de humildade, C'ITligo desde a tecnico ate a diretor, era sensa::ional.
Glauber significava teda a verdade, que ele deu. Colocou estetica, poetica e pol iticamente verdades que faram ditas nos momentos exatos. Coisas que ninguem teve coragem de dizer e que jamais poderao ser ditas. Ele era humilde, simples, tinha urn carinho muito~grand~ com as pessoas. A necessidade dele foi uma coisa tornada importante para ele, e antes de mais nada ele era urn IIder. Como urn llder ele nao poderia deixar de falar. Entao, ele dizia as coisas as pessoas, mas elas se acomodavam. Nao tinham coragem de enfrentar, cerna nao tern ate hOje. Se a::omoclavam e diziC'lTl : este cara louco. ~ louco, porque eles nao eram capazes de fazer as verdades cEterminadas, Que ele dizia, em que ele a::reditava. E as pessoas sabiam Que era verdade, mas nao tinham coragem de en fren tar.
e
. ......
....
---..: .-~
.....,
...
e
7
Enredo
GL~U~t"
~
8
,E.NTfl ,
A LlNS IMPERIAL tem apresentado enredos carnavalescos enaltecendo obras e figuras da cu ltu ra brasileira. Assim, ja desfilaram "Jorge Amado" e um de seus Ii vros "Dona Flor e seus dois maridos", "Cobra Norato" , poema do Embaixador Raul Bopp, a epoca do Movimento Modernista, "A Guerra do Reino nivino" , do cartunista, .16 de Oliveira, "Meu Padim, Pade Cisso", 0 Padre Cicero de Juazeiro do Norte e, no ultimo Carnaval, a partideira negra: Clementina de Jesus, "Uma Rainha Negra" De aco rdo com nossa filosofia de colaborar com a cultura nacional, popu larizando, divulgando e incentivando nossos artistas e nossas artes, a figura de GLAUBER ROCHA, suas ideias e ideais, aj ustam-se, sob medida, ao espirito dos nossos telT)a5 de Carnaval.
~@WD~~~u@
CIDffiD&[KJ@ o movimento cultural
na Bahia fa; for-
te no juscelinismo e no janismo. As relaedes que existiam entre esse mav;mento e Qutros que apareceram no
Rio. Sao Paulo. Rio Grande do Sui e Minas, as filmes e outras manifestar;:5es
art(sticas desse periodo. estavam mui-
a
to vo ltados propria sociedade baiana, A emergencia do rnovimento baiana magica e intuit iva. Apareceram algumas pessoas com grande genialidade e
e
uma enorme necessidade de expressao. Urn grupo de estudantes costumava Si encontrar na porta da livraria Civilizar;:ao Brasileira. 0 grupo queria se ex-
pressar e nao sabia como. 0 processo comer;:ou no cursa secundar io, Quando as estudantes se reuniam na Biblioteca Publica para escrever contos, numa sala que tinha ~ido .c edida: "a sala dos intelectuais" . Nem bem a grande epoca do teatro baiano, liderado por Martim Gonc;:alves, havia comec,:ado, apareceram uns garotos do Colegio Central fazendo coisas que assombravam a cidade. Em
IOrno de 56/57 as "Jogralescas" !oram urn acontecimento bombastico que mud aram a panorama cultural da
Bahia. Tratava-se de urn espetac ulo de dramatizac;:ao de poemas. As ';Jogralescas" for am urn esdinda lo na sociedade baia¡ na, pelo seu carcher anarquizante dos val ores da moral burguesa. A direc;:ao era d i; Glauber Rocha , herdeiro, junto com outros poetas e escritores, de uma tradic;:ao lite r a ~ :a baiana q~e se man ifestava nos "Cadernos da Bahia". Fundaram entao uma empresa cinematogrilfica, a lemanj a Filmes, que tinha um projeto de fazer urn filme em episadios chamado "Bahia de Todos os Santos", A ideia fracassou, porque
nem todoco do grupo queriam ser cineastas, Eram poetas- e escritores. Tinham uma revista de cultura - Mapa uma d e ciencia socia is e est~hica - Angulos - e tambem uma editora - Edic;c5es Macunaima. Era uma peq uena organizac;:ao cultural que dominava a "provincia" e tinha a direc;:ao dos principais suplementos literarios, programas radiofonicos, etc. E sob os ausp(cios liberais do juscelinismo, via governo Juracy Mag~lhaes, partiu-se para tratlsformar a Bahia no maior centro cultural do pais. a Re itor Edgar Santos tinha investido em program as faraonicos na Universi dade da Bahia e convidara Martim Gonc;:alves para a Escola de T eatro, Keulreutter para a Escola de Musica, lanka Rudska para a Escola de Danc;:a e Lina Bardi para dirigir 0 Museu de Arte Moderna e criar 0 Mu seu de Arte Popular. Essa era a epoca do desenvol virnento da ideologia nacionalista no Brasil, quando surg iram as primeiros conceitos de subdesenvolvirne nto, do ponto de vista de uma analise economica do pars, Glauber Rocha desempenha urn papel de grande mobilizador cultural. Convoca a nova gerac;:ao de intelectu ais baianos para a superac;:ao da falta de prestigio e presenc;:a polltica da Bahia em relac;:ao ao Pa IS, Neste momenta, ja se revelava 0 primeiro movimento de Glauber Rocha em direc;:ao a uma posi c;:ao polltica terceiromundista. E para isso era necessaria romper fronteiras . Qu ando Glauber Roch a resolve opta r pelo cinema. e porque pressente que 0 cinema podia ser urn meio de comunicac;:ao mais poderoso, Sua presen(:a na sociedade ba ia na revestiu -se ao mesma tempo de urn tom escandaloso e de charrr,e.
9
---"
Isto, na verdade, porque os acontecimentos acabaram envolvendo a alta burguesia baiana. Glauber se transforrna num "enfant terrible" da sociedade baiana, ao mesmo tempo em que e 0 menino adorado, 0 novo Castro Alves. A Bahia sempre viveu seus {dol as e Glauber foi urn deles. E naquilo que se chamou depois de Gera9ao Mapa grupo de intelectuais que parte da poesia para a proposta de urn novo comportamento - usando todos os melos de comunica9ao disponiveis, ate a contribui9ao do cicio do cinema, e que aconteceu, pela ultima vez, urn fenemeno provinciano cultural na Bahia. Glauber atua como uma especie de galvanizador, imantando as pessoas e as coisas. Ja existia na Bahia urn nucleo de cinema profissional - a Iglu Filmes Ltda. - que ja havia realizado "Reden(fiio". Dentro da oP980 industrializada nacional, Glauber Rocn~a acreditava na instala930 de uma industria cinematogrMica da Bahia. Como a Universidade e 0 Estado nao tomavam isso a seu cargo, convoca abertamente, atraves dos jornais, capitais particulares. Investindo-se em grandes produ90es, do meIhor padrao de acabamento, uma industria de cinema da Bahia estaria certamente fad ada a se converter no maior centro produtor da America do SuI. Quando foi lan~ado 0 projeto do filme em epis6dios "Bahia de Todos os Santos", a lemanja Filmes imprimiu 2.000 panfletos: "Voce Acredita em Cinema na Bahia? ". E publicou um manifesto com 0 seu programa te6rico. Depois de uma fase de trabalho jornaifstico e critico, escrevendo na Bahia, para jor-
10
nais e semanarios e ap6s uma experiencia teatral, Glauber assim justifica sua entrada para 0 cinema : liEu resolvi fazer cinema porque 0 meio mais avan9ado de expressao e 0 cinema". Entao. uma forma de sair do gueto cultural era abandonar as letras e 0 palco, pela tela, porque era sintonizada com 0 de senvolvimento da linguagem do homem contemporaneo. Depois da realiza9ao dos projetos de longa metragem da Iglu Filmes, nos periodos juscelinista e janista, 0 movimento cinematografico na Bahia come.;:a a se esgotar por falta de apoio of icia!. "Deus eo Diabo na Terra do Sol" sera 0 filme que encerra 0 cicio baiana. A compreensao do cicio baiano pade revelar-se esclarecedora dos principais matizes do pensamento e personal idade glauberianas e do surgimento de seu conceito de cinema como instrumento politico. Para se che9ar ao Cinema No¡ vo, a compreensao da sociedade baiana da epoca e um ponto essencial. o Cinema Novo nao e um movimento que se completou. Ele e uma experiencia inacabada para 0 grupo de pessoas que 0 gerou e para a pr6pria sociedade, um movimento pol(tico, atraves da cria.;:ao de urna Iinguagem alternativa a linguagem do cinema tradicional. A cria9ao de novas tecnicas que geraram uma nova estetica foi urn processo de descobertas progressivas e de urna constante indaga9ao, pesquisa e adaptac;ao as transforma90es estruturais da sociedade baiana. Para Glauber Rocha nao se resolverao cornpletamente os problemas desse cinema a nao ser que se resolvam os con¡ flitos reais dessa sociedade.
I
=
o
Cinema Novo foi urn movimento cultural que, apesar de surgido na segunda metade da decada de 50 no Brasil, estende ate hoje sua significa!;ao e influencia cultura brasileira. Ele nasceu ligado ao processo de desenvolvimento industrial do Pais. Em torna da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro reuniam-se jovens que se entusiasmaram com 0 filme "Rio, 40 Graus", A proibit;:ao do filme provocou urn movimento nacional; estudantes e intelectuais influenciaram 0 pensamento de jovens pretendentes a cineastas. Nessa epoca, tambem surgiram artigos e reportagens denunciando 0 imperialismo cinematog"lIico. A informac;ao sabre a cultura cinematogratica mundial estava, naquele mo¡ mento, estreitemente vinculada a atlvidade cineclubista. Foi em torno da linha cr(tica, que se estruturou 0 nuclee do Cinema Novo, que se definiu como claramente pol (tico. o Cinema Novo teve n (tida vinculac;ao com 0 pensamento da gerac;ao anterior, como resultado hist6rico de outras manifestac;oes culturais brasileiras, seja no cinema mesmo, como 0 ease da influencia de Humberto Mauro e da experieneia vanguardista de Mario Peixoto; da presenc;a de Cavaleante, da aventura de Lima Barreto ou do trabaIho de Ademar Gonzaga; seja no terreno da musica popular brasileira, atrayeS da Bossa Nova; do pensamento literario, atraves, por exemplo, do coneretismo ou da literatura de 30 e da literatura social -do Brasil, de Greg6rio de Matos, Eucl ides da Cunha, Castro Alves, Jorge Amado, Graeiliano Ramos e Oswald de Andrade.
a
e
o Cinema Novo foi tambem fruto do desenvolvimento da ideologia nacionalista no Brasil. Em 57 e 58 ja se faziam os primeiros curtas metragens e se estabeleciam os primeiros v(nculos entre 0 nucleo baiano e 0 carioca, onde Glauber Rocha tem urn paf:\p.1 fundamental. Em 1960, tinha-se associ ado a ideia de uma cultura nacional a necessidade de realiza-Ia do ponto de vista das massas e de uma visao popular.
o
Cinema Novo, na sua origem, tam¡ bem pode ser definido como urn movimente da juventude que misturou na¡ ciona lismo com internacionalismo. ~ por isso que tiveram grande significaC;ae os premios recebidos por " Arraial do Cabo" (Paulo Cesar Saraceni!, no
11
r
Festival de Santa Margherita Ligure e "Barravento "
(Glauber Rocha), em
Karlovy-Vary . Esses filmes lanc;:aram internacionalmente
0
Cinema Novo. 0
cinema como forma de pensar e cornu-
nicar a realidade social. Como movimenta de juventude,
0
Ci·
nema Novo teve vinculac;:c3es com a efervescencia estudantil dos primeiros an os da decada de 60. 0 jornal "0 Me· tropolitano " , que era editado semanalmente pela UME (Uniao Metropolitana de Estudantes), entre 1959 e 1962, discute as principais problemas nacionais de entao (reforma agraria, reform a universitaria, nacionalismo) e se transforma nO 6r9ao semi-oficial do Cinema Novo. Os filmes de longa metragem, que enceTram 0 primeiro capitulo do Cinema Novo, foram realizados jll no governo Joao Goulart Nesse perlodo, 62 a 64, realizam-se "Vldas Secas" (Nelson Pereira dos Santos) ainda presQ a uma tradic;ao realista; e "Deus e 0 Diabo na Terra do Sol" (Glauber Rocha), que se define como uma metilfora revolucionaria brasileira totalizante sobre 0 inconsciente do campones brasileiro e do Terceiro Mundo. A esses filmes juntou-se "Os Cafajestes" (Rui Guerra) que lan~u 0 Cinema Novo nacionalmente, por ser 0 primeiro longa metragem e pelo escanda10 moral que provocou. Foram realizados tambem nesse perlodo, "Ganga Zumba" (Caca Diegues), "Os Fuzis" (Rui Guerra), "Maioria Absoluta" (Leon Hirszman), "Garrincha, Alegria do Povo" (Joaquim Pedro de Andrade) e "Assalto ao Trem Pagador" (Roberto Farias). Quando caiu 0 janguismo, em 1964,0 Cinema Novo p6de sobreviver grac;as a repercussao internacional dos filmes "Vrdas Secas" e "Deus e 0 Diabo na Terra do Sol" o Cinema Novo teve a caracterfstica de exprimir-se dentro das contradic;oes sociais de cada momento da hist6ria brasileira. o cinema feito depois de 1969, no pedodo do castelismo, e que se inaugurou com "0 Desafio" (Paulo Cesar Saraceni) fol talvez, consequentemente, uma reflexao sabre 0 cadlter das relac;:i5es do liberallsmo de esquerda com a burguesia nacional, que continuou ate "Terra em Transe", quando 0 Cinema
12
FaX Novo entra em sua fase tecnol6gica, no perfodo do Presidente Costa e Silva. Ainda no castelismo, tem-se as seguin· tes fitas: "A Hora e a Vez de Augusto Matraga" (Roberto Santos). "0 Padre e a M09a" (Joaquim Pedro de Andrade) e "Menino de Engenho" (Walter Lima Jr.l. Funda·se, entao, a DIFILM, uma especie de distribuidora e produtora para a qual as pequenas produtoras do grupo forneciam filmes. 0 Cinema Novo tinha se organizado e enfrentava 0 surgimento do INC (Instituto Nacional do Cinema). Surge.m nessa epoca: "A Falecida" (Leon Hirszman). "A Grande Cidade" (Caca Diegues), "0 Bravo Guerreiro" (Gustavo Dahl), "Fome de Amor" (Nelson Pereira dos Santos), "Vida Provis6ria" (Maudcio Gomes Leite), "Desesperato" (Sergio Bernardes) e "Terra em Transe" (Glauber Rocha). Atraves dos filmes desse perfodo pode-se fazer uma leitura de muitas questoes polfticas do Brasil no castelismo. Em pleno perfodo do Presidente Costa e Silva, produzem-se: "Brasil, ano 2.000 (Walter Lima Jr). "Os Herdei· ros" (Caca Diegues), "Macunalma" (Joaquim Pedro de Andrade) e "ODragao da Maldade contra 0 Santo Guerreiro" (Glauber Rocha). De 69 a 74, surgiram en15o: "Os Deuses e os Mitos" (Rui Guerra), "0
Profeta da Fome" (Mauricio Capovilla). "A Casa Assassinada" (Paulo Cesar Saraceni), "Como Era Gostoso 0 meu F ranees" e "Quem e Beta" (Nelson Pereira dos Santos), "Ouando 0 Carnavat Chegar" e "Joana, a francesa" (Cacii Diegues). "Sao Bernardo" (Leon Hirszman), "Os Inconfidentes" (Joaquim Pedro de Andrade), "Uira" (Gustavo Dahl), "Hist6ria do Brasil", "0 Leao de 7 Cabe9as" e "Cabe9as Cortadas" (Glauber Rocha. no exterior) . Com a sub ida de Ernesto Geisel ao po-. der e 0 desenvelvimento da Embrafilme, se estrutura uma nova fase para o cinema brasileira, ja dentra do inlcio de urn processo de estatizac;ao da ecanamia brasileira. Mas a sobrevivencia do Cinema Novo deveu-se a Iinguagem que criou a partir da incorporac;ao de autenticos valores culturais populares. Pode-se afirmar que 0 Cinema Novo brasileiro influenciou teda a cinematografia latino-americana, porque colocou claramente uma opc;:ao para a futuro de um cinema descolonizado. Para Glauber Rocha, um de seus principais te6ricos: "0 cinema moderno e uma rutura com a narrativa imposta pela industria aos cineastas e aD publi00. Esta rutura e para lela tomada do cinema pelos intelectuais".
a
A
, \
u~~Š~D~@ ~C1D[KJ[Q)@ Na concep<;iio de Glauber Rocha: "0 Brasil e urna colonia como qualquer colonia. uma colonia do Terceiro Mun¡ do, como outra qualquer e 0 colonialismo comec;:ou a seculos, desde quando Alexandre invadiu a Oriente e muito antes ainda quando as primeiras tribos lutavam entre si. D Brasil colonia foi despertando lentamente. Suponha que esse processo de consciencia urn processo ler:1to, que voce pode focalizar nas primeiras rebelioes mineiras do Setecento, da Inconfidencia Mineira; e urn processo con-
e
t(nuo; teve rebel ices antes, inclusive
outras que nao se sabe, nos seculos anteriores, 1600, e 1500. EntaD, e urn processo de consciencia. .. voce va a hist6ria do Brasil, voce va 0 seguinte: chegaram aqui 05 colonizadores portugueses, se instalaram no Brasil, mataram (ndio, trouxeram crioulo para plantar ac;ucar, se instalou nos litorais uma burguesia ligada a pirataria internacional, aos ingleses, franceses, holandeses e espanh6is e tudo isso. E a hist6ria do Brasil decorreu ... Depois a ar;:ucar acabou . Nego fai buscar 0 aura. D aura acabou, nega foi buscar a cafe. Acabou; foi buscar petr6leo.
13
Em suma, a hist6ria do Brasil tern side a hist6ria de cap ita Ii stas europeU5 associados com capitalistas nativos - a chamada burguesia crioula - com as burguesias internacionais e a pirataria e as banqueiros internacionais e escrav;-
zando Indio e preto, pra poder exportar mate ria-prima e depois exportar
produtos industriais, que e agora 0 modelo. Essa â&#x20AC;˘ a hist6ria do pais, enten. deu? Quer dizer, daf as civilizacaes Iitoraneas e essas massas de marginais
semi-escravizados em todo
0
pars. Es-
ses escravos descem para a cidade, como as caras de Vidas Secas, as retirantes, e acumula marginalismo n a cidade em favelas, uma parte vai para as fAbricas, 0 operariado em seguida . .. ooperario que depois se rebela e preso. E entao fica uma situavao tremendamente angustiante. Quer dizer, aquele grande campo de concentra~ao colonial com fortes apaches instalados no litora l. Voce compara 0 Brasil, 0 seguinte: tern urn forte de luxe no litoral, e desertos cheios de fndios e pretos e marginais querendo invadir e tal. E nego bota a pol (cia na frente. Nego entra na cidade e amea9a. .. porque a h ist6ria se repe¡ te at. hoje, est. cheia disso. Este fenD¡ meno se veri fica na sociedade de forma9ao ocidental europ~ia, quer dizer, num fenomeno afro-asiatico se passa de OUtrO jeito. Sao os chefes das tribes que se rebelam, mas porque tern um outro sistema social, uma outra estrutura. Entao estao mais atrasados ... o tribalismo nao urn aval14:fO, urn atraso, quer dizer essas sociedades sao mais atrasadas, 0 tribalismo esta ma is evidente. Na sociedade capitallsta 0 tribalismo se transfonna em empresas privadas e em empregos publicos que se dissolvem e se transformam em outras coisas. Entao 0 capitalismo gera a burguesia, quer d ize r, depo is que a burguesia botou para baixo a aristrocracia francesa e tomou 0 poder. .. a burgu es ia, a classe m~dia e 0 proletariado e os marg inais. . Nos pafses do Terceiro Mundo tern os marginais que sao tambem camp oneses, pretos e rndios. E 0 Brasil. uma sociedade euro-afro-asiatica, qu er di zer tern de tudo. Entao 0 que n6s do Cinema No\(o propunhamos, era 0 seguinte: vamos tentar. dentro dos instrumentos que nos temos. quer dizer, COm 0 conhecimento que n6s temos no Brasil, que existe ai, que era urn pouco de Ciencias Sociais, urn pouco de literatura, urn pou00 de informa90es internacionais, ver como e que funciona esta colonia Esta colonia, como outras todas da America Latina, e tarnbem urn problema de (ndios, de pretos, de marginais, de burguesia cafajeste. Eu prove; isto em Terra em Transe, quando eu fi z Terra em Transe ambientado na America Latina,
e
14
e
quer dizer muda 0 nome dos personagens e 0 cenario e a ordem de certos fatos, mas quando voce faz a articula~ao da sempre a mesmo resu ltado , parque 0 mooelo e 0 mesmo. As varia~oes culturais, a cor da roupa, a maneira de comer, de falar, de samba aqui, samba ali, sao rna is flores do estilo, levanta-se t udo isso, vai -se encontrar a mesmo oss a , 0 mesma tutano. Nao tern muito dife ren ~a. En tao dal se pode dizer que 0 Vida. Secas pode ser os componeses da India, pode ser os componeses do Terceiro Mundo, dar os filmes terem se ligado, dar 0 Ganga Zumba e 0 Barravento serem filmes africanos. quer dizer, Iigau porque falava a ve rdade. Entao tratando da verdade , mostranda 0 6bvio, que era a coloniza93o, 0 racism a, 0 subdesenvolvimento, o marginalismo. - A cria9aO de uma civilizBl;:ao nova A cultura - (as culturasl sao estilos das civiliza~6es : o objetivo do ser e a felicidade A planificacao da materia oposto aos desejos da ideia produz a morte do Carnaval porque A ilusoo E mascara do diabo Alvorada Deus Abre Liberdade sua vida Sobre as tribos terr"queas unidas pelo arnor na divina Cria9ao do nada que nos eterniza no extase da beleza parida pela Justi9a."
~e5qU15a5 Glauber Rocha Cole9ao Cinema, volume I Editora Paz e Terra Rio de J aneiro, 1977
o Mito da Civiliza~ao Atlantica Glauber Rocha, Carreira, Polftica e a Estetica do Incon sciente R aquel Gerber Editora Vozes Petr6polis, 19B2 Luz & A900 Glauber Rocha Especial Cooperativa Brasileira de Cinema ano I, n9 3, out/nov/81 Rio de J aneiro R iverao Sussuarana Glauber Rocha Editora Civiliza~iio Brasileira Rio de Janeiro, 1978
Canto a Glauber Rocha
Vejo-te no horizonte da Bahia
nascendo na cidade que seria sem saberes teu lema : a conquista d a vit6ria. Nao a at ingiste
mas conhecias a ve rdooe impl ac3vel: marte ,
onde esta tua vit6ria? Oiga ao ceu
o que recebeste de volt a
nes ta orac;:ao da terra Queimada com as santos pereg rinando
entre espinhos de cactus,
r
as sandtllias suadas esmagando pedras sob 0 causticQ sol. Teus her6is se al u cinam na circunstAncia ,
o pais as supera e, jograis, debatem -5e
na terra em lranse naa consegu indo dormir no mundo
de Canaa. Por isso
procuraste o en tend imen to
naa na cidade
mas no sertao, fabricaste seus famulO$,
5eus herOis frageis se us guerreiros se n siveis seus matadores en louquecid os. e abriste o friso da grandeza da terra esquecida e vil ipend iad a.
Care la 12808 1980
• • • • • • •
PENAS BROCAL RAFIA PAETES PLUMAS EN FE lTES LANTEJOULAS
ARTIGOS I'AHA'-== BAL£ - TELEVISAO E SHOWS EM GERAL
Fitavas 0 Brasil o olhar duro e denunciante. os cabelas soUos no barravento . Querias registr ll·lo cruelmente para compreende·lo e salvll·lo. Foste Castro Alves abrindo as asas do seu condor de poesia no horizonte do filme ; foste Euctides arrastando teu Ant6nio das Martes pel as caatingas inde vass~ is ;
taste 0 Rosa e penetraste tuas inacess(veis veredas.
No Dragoo da Maldade contra 0 Santo Guerreiro arran caste Antonio das Mortes do ce rrado selvagem eo atiraste numa rua urbana engarrafada de carras. Querias distinguir o Brasil sertanejo do Brasil urbano e proclamar a existencia de dois Conselheiros: o Conselheiro Rui Barbosa eo Antonio Conselheiro. Os espinhos do mandacaru e do xique·xique lanh am as carnes e as tuas foram lan cetadas pelos acu leos da incompreensao . Levas para 0 jazigo nao a "coroa de frade" que margeia os caminhos mas a pr6pria "Coroa de Cristo" o diadema dos incompreendidos. a tiara dos injustic;aclos. Niio estas em Canudos que jaz sumersa sob as aguas. nem no Vasa·Barris. talvez no Monte Santo no cruzeiro da M que erigiste com teu her6i s6frego e ansiado . Nosso menino baiano de pes descalc;:os na terra do sol. o o lh ar de soslaio sobrance lhudo fu rando a parede do pais para ver 0 drama do homem na terra linda e triste na idade da terra. Niio pudeste sacudir em tua terra o pO de tuss sandalias de pegureiro . mas agora repousas e repousarlls rom leu burel de penitente ate 0 dia em que 0 sertao virar mar eo mar virar sertao.
F rancisco Lui l de Almeida Sa lles
15
Artisticamente, 0 universo . glauberiano foi certamen te muito mais complexo do que possivel esperar de uma escola de samba. Mas, politicamente, estes mundos se encontram - quase se confundemo Mesmo que um utilize um vasto material de reflexi5es e 0 outro se ap6ie numa intui~iio que prescinde de arg umen tos. Havia em Glauber uma preocupa~iio vital com os val ores brasileiros, com as formas singulares de nossa cultu ra . Niio foi acaso 0 fato de parte de seu ultimo filme, "A Id ade da Terra", se passar ju stamente durante 0 desfi le das grandes esco las, no domingo de Carnaval . Da mesma forma que havera mesmo entre os brasileiros mais simples, cedo ou tarde, 0 exato reconhecimen to sua lorma corajosa de enlrentar, sempre, com as armas d ispon iveis, a toda tentativa de co lon'i za~iio cultural, domina~ao intelectual ou 0 imperi alismo de diversos modismos, em purrados garganta abaixo da nossa gente. Este papel, que <GIauberencarnava com convic~iio, vem a ser 0 mesm issimo papel representado pela existencia, coerenda e desenvolvimento das esco las de samba entre n6s. Glauber e a Lins Imperial, como se ve, estiveram sempre pr6ximos. Sao simbolos de resistencia, emb lemas nacionais. resto, sao as eternas contradi~i5es entre Deus e 0 Diabo na terra do sol.
e
Na Sapucai,um pouco da historia do Brasil de hoje Roberto M. Moura
especial para Lins Imperial em Revista
Quando a Lins Imperial pisar a Marques de Sapucai, na segun¡ da-feira de Carnaval, certamente havera em meus olhos um brilho diferente. Seu desfile vai procu¡ rar con tar em forma de samba, 6pe ra de rua, 0 que foi a vida e a ob ra de um dos maio res brasileiros da minha gera~iio: Glauber Rocha. La estariio, transformadas em alegorias, as alegorias de seus filmeso T ransformados em estandartes, os estandartes de sua vida. Transformada em abre-a las, a furia indomavel de seu temperamento. T ransformada em alegria, a tristeza da sua ausen cia.
16
Tudo come~ou assim: a Lins Imperial prep arava-se para trabaIhar 0 enredo "0 Dragiio da Maldade Contra 0 Santo Guerreiro", mas .apesar do nome de um filme de Glauber, a hi st6ria versava mais sobre Sao Jorge, 0 santo da Capad6cia e seu fiel ginete. ProIixo e tendendo a abstra~ao, como infel izmente vi rou moda, 0 enredo seria mais um entre as centenas de temas selecionados pelos carnavalescos em ativ idade. Conversei com membros da diretoria e do Departamento Cultural. A Lins Imperial, altura de suas tradi~i5es, mudou 0 enredo quando alguns sambas ja se preparavam para a disputa interna. Come~ou do zero e trocou ate 0 titulo. Viria com "Glauber Presente!" e ponto final. Ha quem duvide das afinidades de Glauber Rocha com os integrantes de uma escola de samba. Ha ate quem assegure que os samb istas niio assistiram os filmes dele, e, se assistiram, nao en tenderam. Dessas duvidas, duvido eu.
a
a
o
ICANTINHO
DA SAUDADE
\
1 )
Agnelo Campos,
0 Guin~,
exibe com orgJlho
0
Estandarte de
0.1r0, premia que recebeu de "0 Globa", pelo melhor samba
enredo do Carnaval de 80: ~' Guarda Velha, Velha Guarda", composto em parceria com Valdir Sargento. (foto 0 Globo)
Nossa homenagem a Jose Baptista Ribeiro, falecido 0 ano passado. Fai Diretor de Bateria e Presidente da Ala dos
Compositores da Lins Imperial.
~arnavalLTDA, (~
CAS'
~TUDO
PARA 0
eARNAVAL
ADERECOS, METALOIDES, LAMINADOS, ACETATO, ENFElTES, PL UMAS, PENAS, MISANGAS, LANTEJOULAS, PEDRARIAS, ~INGENTES , LAME , BROCAL, TULES, PAETES, BROCADOS, CETlM, RAFIA , ISOPOR, ETC.
INSTRUMENTOS MUSICAlS (iOP£ Rue Alexandre Mackenzie, 40 -
Tel.: (021) 263-2996 Rio de Janeiro -
R.J.
Cenlro -
o compositor Horacia Pinto da Rocha Filho, a Zico, orienta as meninos da Cachoei ra, par ocasiao das filmagens do documentario " Guerra Santa na Avenida", baseado no en-
redo do carnaval de 79. 17
GI6rias da Lins Imperial o Morro da Cachoei ra . no L ins de Vasconcelos. assim denominado devido grande queda d'~gua que existia em sua encosta. era um s6. Mas em 1933. com a constru~ao do Hospital Naval Marcilio Dias. 0 morro foi divid ido em duas partes. 0 lado direito ficou con hecido como Cachoe ira Grande eo esquerdo como Cachoe irinh a. Nesta epoca. os samb istas do Li ns Imper ial pertenc iam a Esco la de Samba Fil h os do Deserto. que teve origem num clube de futebo l - As Ba ianas da Cachoeira Futebo l Cl ube - com sede na Cachoei ra Grande e f undado por Cosme Salustiano da Silva. 0 Djo, um sambista de trad i ~ao no local. Posteriormente 0 clube passou a chamar-se Cachoeira F.C. Vizinha da Esta~ao Primeira de Mangueira. de quem herdou as cores. ju nto com Porte la. Prazer da Serrin ha. atualmente Imperio Serrano. Depois Eu .oigo e tantas ou t ras. a Filhos do Deserto fundou a Un iao Geral das Esco las de Samba. entidade que dirigia 0 samba no Rio de Janeiro. Nesta epoca a escola j~ fazia de suas baianas uma tradi~ao. Eram preparadas carinhosamente por Ojo, que conseguiu formar um grupo bastante garboso. Em 1946. um grupo d iss idente li derado por T ancredo e Horacio Pinto da Rocha fun dou a Esco la de Samba Flo r do Li ns. no Morro da Cachoeiri nh a. Em homenagem a Fi lhos do Deserto. a Fl or do L ins adotou as mesmas cores - verde e rosa. o aparecimento dessa nova escola originou uma rixa carnavalesca entre as duas escolas. Cada uma pretendia ser me lhor do que a outra. Mari nho Lelis, componente da Fi lhos do Deserto. em 1949 in trod uz iu 0 reco reco nas baterias. Tratava-se de uma lata pregada a uma t~bua. tendo ao centro uma mola de onde se t irava 0 som. A bateri a da Flor de L ins sag rou-se campea de um torneio' ent re as bater i<ls das escolas. real izado no Maracana. Percebendo que a div isao constitula um fa tor de enfraquecimen to da ap resenta~ao sa mbista do Lins. Dan iel Fernandes. na epoca p res idente da Filh os do Deserto e Agnelo Ca mp os. presidente da Fl or do Lins un iram as duas esco las. Surg ia entao. a LlN S IMP ERI A L. q ue hoje e 0 orgu lho do Ll ns de Vasconcelos. bem como dos ba irros v iz inhos. Seus componentes sao dos morros da Cachoei ra. Cachoeiri nh a. Urubu. da Gamb~ e ainda de Manguin hos. Meier. I tarare. Boca do Mato. etc. Eis uma peq uena parcela do grande passado da LI NS IMpE R A L. uma h ist6ria que sem duvida. est~ estritamente ligada as origens do .samba e que muitos samb istas daquela epoca ainda desf ilam hoje. na passarela da Marques de Sapucal.
a
fundada em
07.03.1963
CONSELHO DE FUNDADORES Altair A'.Jg usto Marques Alberto Alves dos Santos Filho A ntonio Di as de Castro Filho
Agn elo Campos Arl inda Perei ra (Presidente) Ascanio da Silva Antonio Carlos Esteineker Francisco
Carlos Tavares Darc y Knuth Machado
Daniel Fernandes Fidel is dos Santos Flavi ano Pinheiro da Sil va Helvet ia Antonio de Lima Hom ero Fonseca Requenha
Jose Lu is dos Santo ~ Maur(ci o Simeao da Silva Octac ilic Ac ac ia dos Santos Sebastiao Co rre ia Neto Sebastiao Al ves do Nascimento Walda ir da Silva Georgi na Amorim Joao de Oliveira Juvenil Gomes da Silva Nilto n Barbosa
HOMENAGEM POSTUMA Ath eri o Salustiano da Silva Jo nes da Silva (Zincol Jose da Sil va (Jaguariiol Durval Olimpio da Silva Pau lo Areal Francisco Xavier
SOCIEDADE RECREATIVA ESCOLA DE SAMBA LlNS IMPERIAL
aUADRA DE ENSAIOS
Sede Administrativa: Rua Lins de Vasconcelos - 520 - RJ
Escola Municipal Bento Ribeiro Rua COnego Tobias. 112 Meier - Rio de Janeiro
Considerada de utilidade publica pelo Decreto Estadual nO 349 de 04.09.80 Filiada a Associa~o das Escolas de Samba da cidade do Rio de Janeiro - AESCRJ
ESCOLA-COMUNIDADE-SAMBA
lB
GI6rias da Lins Imperial fundada em
07.03.1963
CONSELHO DE FUNDADORES Altair A'.Jgusto Marques
Alberto Alves dos Santos Filho Antonio Dias de Castro Filho
Agnelo Campos Arlinda Pereira (Presidente)
Ascanio da Silva Antonio Carlos Esteineker Francisco Carlos Tavares Darcy Knuth Machado Daniel Fernandes Fidel is dos Santos Flaviano Pinheiro da Silva Helvecia Antonio de Lima Hom~ro
Fonseca Requenha
Jose Lu is dos Santo!> Maudcio Simeao da Silva Octac Ilia Acac ia dos Santos Sebastiao Correia Neto Sebastiao Alves do Nascimento Waldair da Silva Georgina Amorim
Joao de Oliveira Juvenil Gomes da Silva Nilton Barbosa
HOMENAGEM POSTUMA Atherio Salustiano da Silva Jones da Silva (Zincol Jose da Silva (Jaguariiol Durval Olimpio da Silva Paulo Areal Francisco Xavier
o Morro da Cachoeira, no Lins de Vasconcelos, assi m de· nomi nado devido a grande queda d 'agua que exi st ia em sua encosta, era um s6. Mas em 1933, com a constru~ao do Hospi tal Naval Marc ili o D ias, 0 morr o f oi d ivid ido em duas partes. 0 lado direito ficou conhecido co mo Cachoe ira Grande eo esque r· do como Cachoe irinha. Nesta epoca, os sambistas do Lins Imperial pertenciam a Esco la de Samba Fil h os do Deserto, que teve origem num cl ube de futebol - As Ba ianas da Cachoeira Fu tebo l Cl ube - co m sede na Cachoei ra Grande e f undado por Cosme Salustiano da Silva, 0 Djo, um samb ista de t rad i ~ao no local. Poste ri ormen te 0 cl ube passou a cham ar·se Cachoe ira F .C. Vizinha da Est a<;:ao Pr imeira de Manguei ra, de quem her· dou as cores, j unto com Portela, Prazer da Serrin ha, atualmente Imperi o Serr ano, Dep ois Eu .o igo e tantas outras, a Filhos do Deserto f undo u a Un iao Geral das Esco las de Samba, enti dade que dirigia 0 samba no Rio de Janeiro. Nesta epoca a escola ja fazia de suas baia nas uma trad i ~ao. Eram preparadas cari nhosa· mente por Ojo, que consegui u fo rmar um grupo bastante garbo· so. Em 19 46, um grup o di ss idente liderado por T ancredo e Horacio Pin to da Ro cha fun dou a Esco la de Sa mba Fl or do Lins, no Morro da Cach oe irinh a. Em homenagem a Fi lhos do Deser to , a Fl or do Lin s adotou as mesmas co res - verde e rosa. o aparecimento dessa nova esco la o rig inou um a rixa carnava les· ca entre as duas esco las. Cad a uma pretend ia ser me lhor do que a outra . Mari nho Lelis, componente da Fi lhos do Deserto, em 19 49 in troduziu 0 reco reco nas baterias. Tratava·se de uma la ta pre· gada a uma tabu a, tend o ao centro uma mol a de onde se t irava 0 som . A bateri a da Flo r de Lins sag rou·se campea de um torn eio' entre as baterias das escolas, real izado no Maracana. Percebendo que a div isao co nst it ula um fa tor de enfraq ue· cimento da apresenta~ao sa mbi sta do Li ns, Dani el Fernan des, na epoca pres idente da Filh os do Dese rto e A gnelo Campos, pres i· dente da Flor do Lins uniram as duas esco las. Surgi a entao, a LlN S IMPERIAL, que hoje e 0 o rgulh o do Llns de V asconce los, bem co mo dos bairros v izinh os. Seus co mponentes sao dos mo r· ros da Cachoe ira, Cachoe irinh a, Urubu, da Gamba e ainda de Manguin hos, Meier, I tarare, Boca do Mato, etc. Eis um a pequen a parcela do grande passado da LI NS 1M· PERI A L, uma h ist6ria que sem duvid a, esta est ritamente l igada as origens do .samba e que mu itos sa mbistas daq uela epoca ainda desf ilam h oje, na passarela da Marq ues de Sapu cai.
SOCIEDADE RECREATIVA ESCOLA DE SAMBA LlNS IMPERIAL Sede Administrativa: Rua Lins de Vasconcelos - 520 - RJ
aUADRA DE ENSAIOS Escola Municipal Bento Ribeiro
Rua COnego Tobias, 112 Meier - Rio de Janeiro
Considerada de utilidade publica pelo Decreto Estadual nO 349 de 04.09.80 Filiada a Associa~o das Escolas de Samba da cidade do Rio de Janeiro - AESCRJ 1B
ESCOLA-COMUNIDADE-SAMBA
I
Diretoria
Presidente
Vice Presidente Administrativo 19 Secretario 29 Secretario Vice-Pres idente Financeiro
19 Tesoureiro 29 Tesoure iro
'\
Diretor de Patrimonio
o Iretor de Patrim6nio
Diretor de Patrim6nio
{
Diretor de Patrimonio Vice Presidente Social Diretor Social Diretor Social
Vice Presidente Feminina Diretora Feminina v
iretora Femin ina Diretora Feminina Diretora Feminina Diretor de Harmonia O:retor de Harmoni a Direto r de Bateria Vice Presidente Juridico Vice Presidente Cultural Vice Presidente Divulgac;:ao Diretor de Di vulgac;ao Diretor de D ivulga t;:ao Diretor de Divulgac;:ao
Representantes na AESCRJ Assessores da Presidencia
Daniel Fernandes Antonio Dias de Castro Fe:> Ger6ncio Dias de Castro
Jeronimo Dias de Castro Jul io Cesar Gomes de 01 iveira Ailson Campos Correa Euclides Ramos Filho Amauri da Costa Tadeu Sergio de 01 iveira Dantas Luiz Carlos de Assis Oliveira Vicente Silva Guilherme Simoes Waldir Augusto Dias Alvaro Jose Duarte Georgina Amorim Odalea Lucia da Silva Cezario Dalva Maria Sa da Paz JuditA Vieira Coelho Marta Goncalves Ramos Helvecio Anto nio de Lima Joao de Oliveira Paulo Cesar Barboza Dr. Antero Marques Carlos Manoel de Carvalho Jose Carlos Ferreira Bareto Paulo da Silva F irmino Jorge Lopes Jose Quirino S. Re zende Antonio Dias de Castro F<? Carlos Manoel de Carvalho Adilson Craveiro dos Santos Aroldo Bonifacio Diogo Jose Martins Ferranti Gustavo da Costa D iamante F ilho Jose Felix Garcez Neto
Os Ex-presidentes Um colegiado _. 0 Conselho de Fundadores - tem a incumbencia de eleger 0 presidente da Lins Imperial. Compos· to inicialmente por 30 fundadores que assinaram a ata de cons· tituir;ao da escola em marr;o de 63, a Conselho de Fundadores, tern, a tualmente, 24 componenres. Antonio Dias de Castro Fi/ho, urn dos mais antigos sambistas da escola, e seu presiden· teo 'A Uns Imperial, desde sua fundBf;ao, teve oito presiden· tes. Um deles, foi reeleito tres vezes. Ate 0 momento, a Uns Imperial teve os seguintes pres;· dentes :
63/64 - Atherio Salustiano da Silva 65/66, - J050 Gabriel dos Santos 67/68 - Sebastiao Alves do Nascimento Carlos Tavares 69110, - Iva Paes de Aguiar Iva Paes de Aguiar 71/72 Paulo de Souza Barros Ivo Paes Aguiar 73/74 75/76 Ivo Paes Aguiar 77118 Wilson Gont;alves Alves 79/80 Daniel Fernandes 81/82 Daniel Fernandes
Nelzinho
----
A Lins Imperial e dirigida por Daniel Fernandes, 0 Nelzinho, como todos a conhecem no cenario do samba. Nascido em 17 de outubro de 32, teve 0 morro da Cachoei· ra como berc;:o. Naquele morro, seus tios Ather io Salustiano da Silva e Georg ina Amoriam, com a ajuda de outros sambistas, fundaram a E.S. F ilhos do Deserto. Nelzinho e sambista mesmo. Alem de dizer no pe, toca qualquer instrumento de percussao sendo, tambem, excelente compositor. Comec;:ou a desfilar com seis anos de idade. Eo fez na Filhos de Deserto, onde passou logo para a bateria. o presidente da Lins Impe ria l, foi fundador das alas dos Malandrinho e dos Trovadores, alem de Diretor de Bateria, Diretor Social e Vice-Presidente da Filhos do Deserto. Em 63, quando ocorreu a fusao entre a F lor do Lins e Filhos do Deserto, dando origem a Lins Imperial , ele era 0 presidente da escola fundada par seus tios. Por mu itos anos representou a escola junto a Associac;:ao das Escolas de Samba. Foi, entre outras coisas, Secretario do II Simposio do Samba, realizado na sede do Automovel Clube do Brasil , no Rio. Ganhou os trofeus de meIhor diretor de bateria e de autor do melhor samba enredo, dois anos seguidos, em desf iles oficiais. Seu trabalho como presidente da Lins Imperial tem sido aitamente merit6rio. Por isto, ele e merecedor do respeito e da admiracao de todos que militam na verde e rosa do Lins de Vasconcelos.
19
Programa~ao
Social a905to
21
Festa da Vitoria
28
Laf19amento dos Sambas-
Enredo setembro
4
Abertura do Festival Glauber
11 18
Rocha com v conjunto " Grupo Abertura'" Noire da Camenda Imperial Npite do Cinema Novo
25
Noire dos Seresteiros com o conjunto "Olha NOs Ai" outubro
2 9
23 30
Noire dos Compos;tores Noire dos Professores
homenagem aD 12~ Distrito Educacional Sele(:ao de Sambas-En redo Festival do Refrigerante com "0; TrapalhiJes" e 0 conjun-
to Sony Discoteque
novembro 6 13
20 27
Sele(:ao de Sambas-En redo Noite do Folclore com Geny, a Rainha Sex do Forro exibit;:50 do grupo folelorieo da Escata Municipal Ministro Gama Filflo Final de Sambas-Enredo VI Festival de Chopp
com os conjuntos Peter Thomas e Samba Sam Sere dezembro
4
Noire dos Campeiies
homenagem aos compositores vencedores do samba-en redo 11 IB
19
Noire das Raizes
Noite da Bahia exibit;:50 do Afoxe "Filhos de Gandhi" "A Hara da Verdade"
Exib~§o
19
Churrasco de confrarernizat;ao Furebol de SalaD Radio Nacia.. nal x Lins Imperial Furebol feminino: Magnaras x Lins Imperial
janeiro
8 15
Noite da Comunicat;ao Homenagem a Imprensa: jomal, radio e TV.
Cinema de Glauber Rocha homenagem aDs universitarios do Curso de Cinema da
UFRRJ exibi9ao do fi/me "Terra em Transe"
20
20
22
do grupo folclbrico da cscola Gama Filho.
Palestra no Lions Clube da 8arra~' Escola de samba: cultura popular exibi~ao do conjunto de samba-sho~ passisras, mestrf7sala e porrabandeira, destaques e baianas Pagode da Comissao de Frente com as mulatas da Lins. do Noire das Fon;as Vivas
Samba
as
29
1~ Festival do Sorvete 8alet In fan til Jura, Indios dos
" Filhos de Gandhi" e Belauck Discoteque
Noite da Bahia Exibi9ao do Afoxe "Filhos de Gandhi" e Balet Africano feverei ro
5
Homenagem 8aianas, 8ateria, Mestrf7sala, Porta-Ban~ dei ra, Velha Guarda e Comis¡ sao de Fren re
Convoca,:ao Geral Homenagem aos Destaques,
Alas, Passistas, Puxador, Conjunto Samb;rShow 11
Ensaio Geral
c
Herois Anonimos Entre as dezenas de milhares de pessoas que assistem
COMISSAO OE CARNAVAL
aos des files do samba no carnaval, poucas sao as que conhe-
Antonio Oi .. de Castro Filho Afonso Celso S. Bello Aroldo BoniUcio Attila Andaja; de Souza Carlos ~~anoel de Carvalho Carlos Tavares Dalva Maria sa da paz Daniel Fernandes Geronimo Dias de Castro Guilh·e rme SimOes Jair Marques
Jeronimo Dias de Casb'o Joao de Oliveira
Jos<! Felix Garcez Neto Julio Cesar Gomes de Oliveira Juscelino Dias de Castro Marta Gon~alves Ramos Odalea Lucia da Silva Cezario Osmar Gon~alves Fernandes R~rio
Correa Montenegro
Paulo Evandro Magario e Silva
{
cem todos as detalhes dos preparativos para a carnaval ser co/acado na rua. S50 bern poucas mesmo, as pessaas que
rem
conhecimento de que tudo
e feito
por urn grupo de
homens, denominado Comissao de Carnaval. Estes homens, traba/ham a ana inteiro; ista 8, dias ap6s a divulgat;ao do resultado dos desfiles, eles dao inrcio as sUas reunioes, com vistas ao carnava/ do ano seguinte. E/es, entretanto, nao chegam a ser conhecidos do publico. 0 povo so conhece 0 presidente, 0 carnava/esco e a/guns sambistas mais destaca· dos.
Os membros da Comissao de Carnaval, sao verdadei· ros herdis anonimos, que traba/ham desde a escolha do teo ma aft! a esco/a encerrar 0 desfile. Fiscalizam conlec~ao de fantasias, isto apos distribuirem os figurinos; organizam a disputa do samba--enredo; acompanham os traba/hos no bar· racao; comandam a escola durante 0 desfile, enfim, fazem tudo para que a apresent~io da escola seja perfeita. Quan· do a escola f! vitoriosa, as gl6rias sao do presidente e do carnava/esco. Mas em caso de derrota, a Comissao do Car· naval e a culpada e as acusa90es partem dos componentes da propria escola, principa/mente daqueles que tiveram al· gum interesse ferido e que ja haviam dado suas broncas por an tecipa98o. Mas, mesmo assim, a Comissiio de Carnaval continua trabalhando. Sempre muito unidos, seus membros aceitam as crfticas passivamente. Para eles, tanto na vitOria como na derrota, 0 premia maior t! a certeza de que fizeram tudo da melhor maneira pelo bom nome da escola ...
DEBRET
l NOS ESPORTES E NA MOCA'. A MELHOR JOGACA I
Membros da Comissao de Car naval em plena atividade. Da esque.-da para a direita: Martinha, Dalva, Odal~a, Guilherme, Carlos Tavares, Jair· zinho, Julio, Jusceli no, Atila, Joao Banana e Carlos Manoel de Carva· Iho.
21
Quem Fez 0 Samba Enredo Antero Marques, Joao de 01 ivei ra.. 0 Joao Banana e Altair Marques, sao os autores do samba enredo da Lins Imperial para 0 carnaval de B3. Os dois prim e iros, jil foram vencedores de samba enredo na escola em carnavais anteriores, com outros parceiros. Altair, embora jil tenha tentado em outras ocasioes, e a primeira vez que sente 0 prazer de ter seu samba escol hido pela escola para ser ca ntado no desfile ofic ial.
AII!TERO "ARGIlES - Possoa sobejamente conhecida no cenario do sam ba. e advogado militante no foro do Rio. ~ fo ll ao de verdade e costumava frequentar a sede do Atlas A.C., onde a escola ensaiava. Oaf a sua aproximac;ao com as compos ito res da esco la, em cu ja ala ingressQu em 70. Jil parti¡ cipou de inumeros concursos e festivais de samba, laureando-se vencedor de alguns. An tero. que sempre se revelou born sambista, e, ainda, vice-presidente do Departamento Juddico da Lins Imperial. JOAO DE OLIVEIRA , 0 Joiio Banana - TamtJem e fundador da Lins Imperial. Carioca nascido no Engenho da
Rainha, e casado e pai de quatro filhos. Como sambista autentico que e, comec;ou a desfilar na E.S. Filhos do Deserto aos quatro anos de idade. Tocava reco-reco na bateria . Com parceiros diferentes, inc lusive Nelzinho, atua l preside nte da esco la, foi campeao de samba enredo em varios carnavais, tanto na Filhos do Oeserto, como na Flor do Lins e mais recentemente na Lins Imperial.
ALTAI R " ARGUES - Em junho de 49, ingressou na E.S. Filhos do Deser to, atendendo convite de Lucilio Alves levando seus compan heiros ja falecidos Valdema r Bexiga, Zinco e Joao Banguela. ~ irmao de Caxa mbU, compositor tambem de nomeada, atua lmente afastado do samba e tam¡ bem de J air da Cuica, outro grande sambista. De seu curriculum co nstam numerosos sambas de sucesso. Sempre participo u das disputas de samba enredo, mas esta e a primeira vez Que consegue sair vi torioso.
22
Samba Enredo
Compositores
"GLAUBER PRESENTE" de Antero Marques, Joao Banana e Altair Marques, da Ala dos Com¡ positores da Lins Imperial
Jonas da Sil va, 0 fabu loso Zineo, ja faleei do, 8 um dos grandes nomes do mundo do samba, revelado pela Ala dos Co mposito res da Lins Imperial. A proposito, semp re bo m lembrar que a ala em questao, sempre fo i composta por pagodei ros famosos e, alem de Zinco, devem ser citados, ainda, seu parceiro Caxambu, Jaguarao , Carobinha e muitos ou tros, sempre revereneiados pel os estud iosos da Musica Popular Brasileira. Dutro detal he que mui to enobrece a Ala dos composi tores da verde e ro sa do Lins de Vasconcelos, e 0 fato de que varios de seus integrantes tem sido convidad os para compor em outras agremiacoes, princip almente blocos. Neste parti cular, eita-se, como exemplo, Ed ivaldo Jos8 da Conceiciio Messias, 0 Sargento, seu ex-presidente; Agnelo Campos, Altair Marques, Carlinhos Melodia.
e
Agnelo Campos Alcenir de Souza Rodrigues Altair Marques Antero Marques Antonio Placido T . Neto (Toninho) Antonio Carlos dos Santos Jesus (Carlinhos Mercelia) Attila Andaja( de Souza
Avltan N . Guimaraes Carlos Alberto Rodrigues de Abreu (Carlinhos Mustang) Darcy Knuth M achado (Cax ambu) Edivaldo Jose da Conceicao Messias Fernando Luiz Felicia
Helvecio Antonio de Lima (Tiburcio) Homera Fonseca Requenha Horario Pinto da Rocha Filho (Zico) Joio de Oliveira (Joao Banana) Presidente de Ala Jorge de Araujo Jorge Luiz M ercadante Jose Antonio Mendes Pereira (Zeca)
Jose Carlos Lemos Jose Carlos de Souza (Caneco) de Paula (Zf! da Rita) Luiz Celestino Herdy Luiz Felipe lu iz Santiago Mauricio Simeao da Sil va (Me stre Simeao) Paulo Cesar lPaulinho P.C .) Paulo Roberto de Oliveira (Paulinho Folia) Ricardo lourenc;:o (Pele) Sebastiao Alves do Nascimento lTioo P.M . ) Sebastioo Co rreia Neto (Tiaoz inho d a V iol a) Serg io Guedes Valdir da Sil va Santos (Sargento) Velanci Bile Velanci de Andrade Bile Waldir Augusto Dias
Jose
Glauber Rocha aqui deixou saudade chegou a ser maldade o que 0 destino fez nos privar de sua intel igencia, de tanta competencia e grande lucidez. Menino destemido da Bahia,
lilho de Vit6ria da Conquista, que na cinematografia mostrou seu talento altruista Revolucionou 0 cinema nacional o projetando no cenario mundial, um poeta inspirado, (lrrojado, genial.
Cabeca do Cinema Novo que levou ao povo seus ideais, mostrando sua exuberancia atrav~s de filmes sensacionais : Deus e 0 Diabo na Terra do Sol, Dragoo da Maldade contra 0 Santo Guerreiro. Terra em Transe, Barravento e outros mais sao obras lindas que ficaram imortais.
o
Ainda era muito jovem e tinha muito pra mostrar ate a cultura ficou a lamentar, ai , que vontade de chorar . No jardim da arte ele era uma flor que pereceu. mas seu perfume fi cou . Ele esta presente neste carnaval. homenageado pela Lins Imperial.
BIS
\
Gravado por Fernando da Lins do LP das Escolas de Samta / Carna-
val / t983 editado pela Top-Tape.
Em disco ou fit8. os sambas de enredo que 8S Escolas cantam no desfil e A venda nas lojas de discos
23
,-
"
FELIX Todo 0 material plastico apresentado pela Lins Imperial no desfile, e criac;:ao do maranhense Jose F~lix Garcez Neto. Felix. como e mais conhecido, nasceu em 23 de dezembro de 1941, mas s6 chegou ao Rio em 1960, logo ingressando no Liceu de Artes e OHdas. Com Flavia Barredo e Gilberta Mandarino, aprimorou-se em pintura e escul-
tura. Entusiasta do carnaval carioca, ele se ligou a blocos e escolas de samba em 66 e desde entao jamais conseguiu deixar 0 samba. Trabalhando sempre por arnor aDs desfiles, Felix nao ficou rico com 0 carnaval, 0 que nao ocorre com a maioria
dos artistas plasticos que estao ligados ao samba. Mas granjeou vasto cfrculo de amigos e fez extraordinario relacionamento com todas as categorias de sambistas. T ais fat05 deixam claro que Felix e um artista popular completo, que tern 0 carnaval corno salao para expor sua obra em condic;i5es de ser melhor compreendida pelas camadas populares. E sendo artista ~ autentico, ele da, com sua arte, grande parcela para a valorizac;:ao do carnaval carioca.
Fantasias H PARTE: MOVIMENTO BAIANO
2~
ALAS estudantes jograis poetas coroneis jornalistas operarios camponeses comerciantes tropical istas pescadores
DESTAOUES BAHIA DE TODOS OS SANTOS o DIABO o SOL IEMANJA VERDE / AMARELO
COMPONENTES Com issao de F rente Bateria Ala dos Compositores Diretoria 10 Mestre-Sala 1<? Porta- Bandei ra
24
PARTE: CINEMA NOVO ALAS
demonios fa lange do Divino vaqueiros vol antes cangaceiros fi~is
cantadores de viola jagun90s cordellstas cine.astas
DESTAOUES o DR AGAO DA MALDADE SANTO-GUERREIRO BEATO LAMPIAo A SECA
COMPmJENTES Passistas Baianas. Estilizadas Nobres Damas 20 Mestre-Sala 2'? Porta-Bandeira
3~
PARTE: TERCEIRO MUNDO ALAS
guerreiros africanos negros escravos quimbotos danl;arinos africanos amazonas babalorixas alabes congos colonizadores cortejo de bandeiras
DESTAOUES ARVORE DA VIDA ZUMBIDOSPALMARES o LEAo AFRICA A FOME Cm~PONENTES
Aderecistas Mestre-Sala Infantil Porta-Bandeira Infantil Conjunto e Puxador Baianas T radicionais Velha Guarda
Paulinho Para 0 desfile do carnav/:JI de 83,0 barracao da Lins Imperia! fo entregue habilidade do Paulo Evandro Magarao e SJ1va, que 'no cen~rio art/stieo conhecido como Paulinho. Nascido no Rio, mais precisamente no L ins de Vasconcelos, estudou desenho e pin"tura na Sociedade Brasi/eira de Be/as Arres, tendo side a/uno do cenbgrafo e carnavalesco Carolo.
a
e
SUBS atividades em carnaval foram iniciadas no Sa/gueiro, onde, por rer grande habitidade manual, fazla acabamentos em aderer;os de" mao com Joaozinho Trinta. Depois fo; para a Portela, aprendendo cenografia e escultura com Armando Passos, Bira e Seu Augusto. J;j trabalhou com Yarema Ostrog, Joaozinho Trinta, Arlindo' Rodrigues, Ucia Lacerda e Rosa Magalhaes, e na TV Globa com as irmaos Mario e Mauro Monteiro, cendgrafos globais. Decorou as sa/oes de varios clubes e tamMm trabaIhou na decor~ao do Canecio, tanto para shows como para
o Carnaval.
a jovem e talentaso Paulinho e oriundo do prOprio
ambiente das escolas de samba. Portanto, urn art;sta popular.
Alegorias
AOERECOS:
ABRE - ALAS: CINEMA NOVO 1 a parte: Movimento Baiano
Apresent"l:ao da
Escola e do enredo.
"Glauber Presente". Motiva~ao cinematognifica: fitas e rolas de filmes. refletares. claquete. Em escultura. Glauber Rocha, em cr;:ao com camara.
'a.
ALEGORIA: 0 ORAGAO OA MALOAOE CONTRA 0 SANTO GUERREIRO
Estandarte de Abertura Mov imento Cultural Tropicalia
o Oiabo
lemanja Verde I Amarelo
2a. parte: Cinema Novo Estandarte de Abertura
Concepc;:ao alegbrica: a pomba representando 0 Santo Guerreiro - a bern - em luta contra a Dragao - 0 mal. Em escultura, ninfas . simbol izando as artes. numa alusaa a celebre frase de Glauber Rocha: "uma ideiat na cabec;:a e uma camara na mao."
2a ALEGORIA:il.FRICA Leoes e zebras simbolizando a fauna africana. encimadas par um abutre representando a miseria, a fame e 0 subdesenvolvimento daquela regiao do Terceiro - Mundo.
Sertao Lampi ao
A Seca 3a. parte: Terceiro Mundo Estandarte de Abertura
Arvore da Vida Zum bi dos Pal mares
o Ex lIio -
Africa
A Revista Rio, Samba Il< Carnaval , edi~iio 83, color ida, fartamente il ustrada e com exce lente aprese n ta~ao gratica, presta inesti mave l servi~o de ,.ji v ulga~ao do carnava l car ioca e, parlicularmente das escolas de samba . Ao seu editor Mauricio Mattos e equipe, os pa rabens da L ins Imper ial em Revista.
25
Bateria A bateria de urna escota de samba t!
que sustenta com caddncia 0 rltm a in· dispensavel ao desenvolvimento do canto eda bai/ado doconiunto~ A bare-
ria da LlNS IMPERIAL possui urn rit· rna caracterfstiCO. Mais urna vez urna
prata da casa assume
0
eomanda. Tra-
ta·se de Paulinh o Batata (Paulo Cesar Barbosa), Carioca, naseido no Morro da Cachoeirinha ja tfaz urna tradir;ao de familia. ~ filho de Mestre Waldomi· fO da Mangueira. I niciou sua carreira na Flor do Lins, onde aperfeir;oou seus
conhecimentos sobre musica e instru-
mentos. Toea todos as instrumentos da bateria, alt!m de conhecer afinar;ao e diapasio. Paulinho foi a primeiro di-
retor de bateria da LlNS IMPERIAL , onde ficou de 63 a 72. Este ano ele volta ao comando da bateria.
Mestre Sala e Porta Bandeira t na dan~a do mestre sala e da porta bandeira que a arte do sambista se manifesta de forma mais legitima. Eles sao os guardi6es do oavilhiio da escola. E no momenta em que exibem·se com seu incompaflivel bailado, estiio prestan· do uma grande homenagem aos amigos e ao publico em gerai. A Lins Imperial apresenta nos desfiles de carnaval de 83, um casal de mestre sala e porta bandeira em cada parte do desenvolvimento do enredo . Na primeira parte do desfi le, 0 mestre sa la Bebeto e a porta bandeira Ana Atice, conhecidos sambistas e que ja des· filaram em outras agremia~6es carnavalescas. o par juvenil , que vira na seg unda parte, tem como mestre sala IItam ar, ao lado da porta bandeira Maria Auxi· tiadora. Este e0 quinto desfile da dupla que iniciou a carrei ra em 79, quando tinham 13 e 12 anos, respectivamente. Ilta· mar e cria da casa. Nasceu no· Morro da Cachoeiri nha, aqui no Rio de Janeiro. Ma ri a Auxil iadora, carioca e estuda nte, desfi· lou na Lins Imperial pela primeira vez em 79. Nessa epoca, era componente da Ala das Baianas. E como a Lins Imperial mantem viva a tradi~ao de fazer seus samb istas dentro da propria escola, uma nova duo pia come~a a despontar. Andre e Vera estiio sendo prepara· dos. Este ano, eles se ex ibem pela segu nda vez como mestre sa la e porta bandeira infantis e virao na terceira parte do desfile. lltamar e Maria Auxiliadora conduzindo rosa da lins Imperial, no carnaval de 82.
26
0
pavilhao verde e
C~_D_e_s_ta----,q_u_es_~) Bahia de Todos os Santos o Diabo
o Sol lemanja Verde/Amarelo Jogralesca Dragiio da Mal dade
o
Santo Guerreiro Beato ASeca Arvore da Vida Africa A Fome
Gilda I nacio Vieira Paulo Americo Motta de Aguiar Geroncio Dias de Castro Maria das Gra<;:as Farias de Castro Rosangela Abrahiio Maria Paz Marques Elma Barbosa Figueiredo da Silva Fel ix Cardoso Carlos Vitor S. Maia Regina Lucia Freire de Mendon~a Judith Vieira Coelho Guilza Ribeiro Gomes R ita Motta de Aguiar
Paulo Americo Motta de Aguiar, na fantasia de Re i do Ran· cho, destaque do en redo "Clementina: urna R ai nha Negra".
no carnaval de 82.
Baianas Inegavelmente, a Ala das Baianas Ii urna das principais tradi90es das escolas de samba. Sem elas, as escolas perderiam parte de sua original/dade, pois
e na
Ala das Baianas que 0 povo
ve
senhoras de idade avam;ada, em perfeitas evolU90es, mostrando 0 samba aumntico. A beleza das fantasias, com babados, co/ares, turbantes, panos da costa, figas, etc.,
e
Dutro ponto caracterfstico da ala. Na Lins Imperial, as
baianas sao comandadas por Tita e DonaPenha.
§IIIIIIIIIU"IIIIUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII 11111 11111111111111111 111111111111 11111 11111111111111 II 11111 II II 111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111;: Garagem Privativa Suites de Lu xo
TV a cores Cozinha Internaciona l MOTEL
Av. Arenopolis, 4726 - tel. 3.426565 · Jacarepagu';· Rio de Janeiro
27
Desfile la. parte
Estandarte Destaques Aderec;os
Movimento Baiana ABRE-ALAS
Cinema Novo
Comissao de Frente
Garatas Imperiais
Movimento Balana
Estud antes Jogralesca Movimento Cultural
Bateria Coromiis Adere~ / Destaque
Ala das Criancas Maria Paz Marques
o Diabo
Ala da Bateria Ala Quem Culzer Pode Vir Paulo A~rico Motta
de Aguiar Adereco/Destaque Aderec;o! Destaque
Jarnal istas Verde/Amare lo
Ala das Cobicadas
lemania
Rosangela Abrahao Maria das Gracas F arias de Castro
Comerciantes
Ala Mocidade Unida
de Realengo Aderecos
Tropicalia T rop ieal istas
Ala Acabamos de Chegar
Aderec;o /Destaque
Bahia de Todos as Santos Gilda Inaeia Vie ira Pescadores Ala do Soul Passistas Ala do Poder
2a. parte Estandarte
Cinema Novo Cinema Novo DemOnio
Aderecos
Destaque s
Fal ange do Divino Sertao Vaqueiros Volante l a. ALEGORIA
Santo Guerreiro Beato o Dragao da Maldade
Aderec;oJDestaque
Cangacei ros Cordelistas Passistas A Seca
AderecoJDestaque
OSoI
3a. parte Estandarte
Aderecos AderefVO JOestaque
Cineastas Terceiro; Mundo Terceiro Mundo Ouimbotos Oancarinas Africanas Arvores da Vida Arvore da Vida Amazonas Babalorids Gongos 2._ ALEGOR IA
Destaque Destaque
AderefVOs
Africa A Fome Colonizadores Nobres Passistas Cartejo das Bandeiras Africa/O Exllio Baianas Tradicionais A fricanos Ala dos Compositores Diretoria
28
Ala Perdidas na Noite Ala das Bacanas Ala da Amizade Ala Sacode a Corda o Dragao da Maldade contra 0 Santo Gue rreiro Felis Cardoso Carlos Vitor S. Maia Elma Barbosa Figueiredo da Si lva Ala da Bica Ala das Gatas Ala Soul-do Lins Regina Lucia Freire de Mendonca GerOncio Dias de Castro Ala dos F ildagos
Ala das Comodistas Ala As de Ouro Judith Vieira Coelho Ala das Idans Ala da Matriz Ala Juventude Pra Frente Africa Ouilza Ribeiro Gomes Rita Motta de Aguiar Ala Oepois eu Oigo Ala dos Aliados Ala Em Cima da Hora Ala "a Amanhecer" Ala das Baianas da Uns Imperial Ala Filhos de Gandhi
· ( ""Quesitos em Cestile ) BATERIA
I~
250 ritmistas sob ta.
0
comando de Paulinho Bat..
HARMONIA
~ ~::~ :::~~,~ ~ 8
Sl
~
1. • •
f ((
l)
Puxador do samba: Fernando da Lins Oir""iio de Harmonia: Mestre Jaburu e Ala dos Compositores
de Antero Marques Joio de Oliveira (Joio Banana) e Altair Marques
EVOLUCAO
Oir""iio de desfile a cargo de Mestre Jaburu, Oiretor de Harmonia
FANTASIAS Cria<;iio de Jose Felix e tes.
confec~ao
dos desfilan-
EN REDO I'Ghl,lber Presente", pes"",isa do Departamento Cultural da Lins Imperial
COMiSSAo DE FRENTE Ala "Garotas Imperiais", em fantasia alegoria ao Cinema Novo.
ALEGORIAS Ideal iza<;ao de Jose Felix. e arte final de Paulo Magario
Confec~ao
MESTRE SALA e PORTA BANDEIRA Sebato e Ana Alice, na primeira parte do desfile, lltamar e Maria Auxiliador .. na segunda e encerrando a espetaculo a par infantil Andre e Vera.
A Lins Imperial conquistou a Copa River 83, disputada pel .. equipes de futebol society das escolas de samba, na quadra do Aterro do Flamengo. Partie iparam da Copa os times da Perte! a, Salguei ro, Imperio da Tijuca, Imperio Serrano, Tupi de Bras de Pin .. Viradouro, Branco no Samb.. Cubango, Bola Pret.. Caprichosos de Pilares, Em Cima da Hora.
Os resultados das partidas eliminatbrias disputadas pela Lins foram os seguintes: Lins Imperial 3 x 2 Tupi de Bras de Pina Lins Imperial 2 x 0 Salgueiro Lins Imperial 1 x 0 Imperio da Tijuca A partida final, com 0 Cubango, tenninou em empate de dois tentos e foi decidida por penaltis, vencendo a Lins por 4 x 2. o time ccmpeao teve a seguinte escala;ao: Wagner, Irineu, Amaury, Bahi .. Alberto, Oanilo, Be e Iram e como reservas Luiz Carlos, Carlinhos, Tic .. BHoc .. Artur, Ailson e Euclides. o tecnico Ze Carlos e tambem 0 Vice Presidente do Departamento de Oivulga<;ao da Lins Imperial. A Copa River 83 foi para a galeria de troreus da escoIa.
CONJUNTO Organiza<;iio de desfile elaborada pela Comissao de Camallal
ALA DAS BAIANAS Cern baianas tradicionais, sob a comanda de Dona Penh a e Tita (este quesito naD entra em ~Igamento)
ALA DAS CRIANCAS Cern Criany8S fantasiadas de est-Jdantes. (tambem as crian~as naD representam quesito para julgamento)
29
• EXPEDIENTE
Os Carnavais da Lins LlNS
I~.~PERIAL
em revista
ana IX
fevereiro .83
ANO
ENREDO
1964
o Sonho das Esmeraldas
1965
Rio atravesda Hist6ria
1966
Ch iquinha Gonzaga e sua epoca A Condessa de Barral
1967 Red8l'iio e Admi nistr8l'iio:
1968
Rua Lins de Vasconcelos, 520
1969
Lins de Vasconcelos - RJ
1970 1971
Editor: Carlos Manoel de Carvalho RedatoroChefe " Aroldo Bonifacio Colabaradores: Ines Valadao Rene Amaral Roberto M. Moura Rubens Marques
Entradas & Bandeiras A Imperatriz das Rosas Mem6rias da R ua do Ouvidor Casa Grande &. Senzala
1972
Salve, Salve Independencia!
1973
Bahia de Jorge Amado
1974
Cobra-Norato
1975
Dona Flor e seus dois maridos
1976
Folias de Reis
1977
Cruz Credo, Eta Diabol
1978
Viagem do Tio Benjamin pelo Vale da Esperan~a
Fotografia: Gama
1979
A Guerra do Reina Divino
1980
Guarda Velha, Velha Guarda
1981
Meu Padim, Pade Cisso
1982
Clementina: Uma Rainha Negra
Arte: Jose Felix Diagramaf;ao:
Alvaro Alberto da Silva Gomes Arte Final:
SIMBOLO DO ENREDO
Paulo Valentin Tiragem:
Glauber Rocha em figura estili-
Impressao e Composif;:ao:
zada. simbolizado por urn Cristo nordestino cruxificado, envolto pelo Sol, representativo da seea, da miseria e da vida. Criac;ao do
30.000 exemplares
z.
Valentin Gri3fica P. Editora Rua Barao de Sao Felix, 138-A Tel. 253-3291 Rio de Janeiro . .. RJ
f/U"~MONZA ~ ~H
HOTEL
artista popular Jos<! Felix.
• Luxuosas suites • TV a cores
Organizac;:iio do grupo Scaffura Aven ida Embaixador Abelardo Bueno, 1.000 - Jacarepagua Tel. 3.423885 - Rio de Janeiro - RJ 30
• Estacionamento proprio • Ar condicionado • Bar e Restaurante (Em frente ao Autbdromol
.. .