Tablóide O Beija-Flor nº 01

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Beija-Flor de Nilópolis

A MAIS QUERIDA ganharam vários títulos e revolucionaram o carnaval, atraíram a preferência dos jovens.

Matéria publicada no Jornal do Brasil de domingo, 14 de novembro 2004, Beija-Flor vence duelo popular, confirma o que todo mundo já sabia: a Beija-Flor é a escola de samba mais querida do Estado do Rio de Janeiro. O título é resultado de pesquisa feita pelo Ibope com 1512 pessoas, cujo resultado é incontestável: a Azul e Branco de Nilópolis é a escola do coração de 19% dos entrevistados. Em segundo lugar está a Mangueira, com 15% e em terceiro a Mocidade Independente de Padre Miguel,

Montenegro tem razão. A pesquisa mostra que a Beija-Flor é a favorita em todas as faixas etárias, à exceção do público com 50 anos ou mais. Fernando Pamplona fez coro: "É natural que o público se apegue às agremiações campeãs. No caso da Beija-Flor, isso é nítido". Hiram Araújo, diretor cultural da Liga das Escolas de Samba, também se curvou ao resultado da pesquisa: "A Beija-Flor de Nilópolis é um modelo de perfeição para todas as outras agremiações" .

com 9%. Com todo o respeito às co-irmãs, a azul e branco tem história para isso. A popularidade alcançada é resultado dos belos carnavais apresentados na Marquês de Sapucaí, da Comissão de Carnaval, inovadora idéia da Diretoria, do trabalho fundamental desenvolvido pela escola junto à comunidade e do absoluto compromisso com o povo e com os temas nacionais, históricos ou não - os campeonatos mais recentes da Beija-Flor bem ilustram esta página "O povo conta a sua história: saco vazio não pára em pé a mão que faz a guerra, faz a paz' e "Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa ... Que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz'.

o brilho e a beleza do Carnaval de 2004 contribuíram para fazer da Beija-Flor a Escola de samba mais querida do Rio

A comunidade é em verdade a principal marca da Beija-Flor, como bem frisou o diretor de harmonia e de carnaval da escola, Laíla, na entrevista ao JB, "nossos planos é que todos os 4 mil componentes da escola sejam da comunidade". Sergio Cabral endossa as palavras e

o nascimento do O Beija-Flor, o Veículo Oficial do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

o sonho de Laíla: "Enquanto algumas escolas se descaracterizaram , a Beija-Flor manteve suas raízes", ' enfatizou o mestre. Para o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, o resultado da pesquisa mostra que agremiações mais jovens, que

Para o Carnaval de 2005, já está lançado o desafio à comunidade de Nilópolis, manter a Beija-Flor como a escola de samba de coração da maioria do povo do Estado do Rio de Janeiro. Como sempre, a organização do carnaval já vai adiantada: a Diretoria, a Comissão de Carnaval e os trabalhadores preparam "O vento corta a terra dos Pampas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani... Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor' , que ganhará vida na Marquês de Sapucaí, na madrugada de segunda-feira, dia 7 de fevereiro, entre 3h30 e 5h - a Beija-Flor é a sétima escola a desfilar. Agora, resta confirmar os números da pesquisa e devolver ao povo do Rio de Janeiro o amor pela azul e branco, com um desfile deslumbrante.

O Carnaval 2005 da azul e branco de Nilópolis na visão do diretor geral de harmonia e carnaval, Laíla.


Abram alas para O Beija-Flor Sobre o beija-flor dizem que ele é dono de uma das maiores famílias de pássaros do planeta e que também é comparado a pedras preciosas, por que brilha como diamante. Tudo a ver com a Azul e Branco de Nilópolis, que acaba de ser eleita a escola de samba mais querida do Estado do Rio de Janeiro exatamente pelo brilho e beleza de seus desfiles. Portanto, a família Beija-Flor é muito maior do que todos previam e é para ela e para todos os cariocas que amam o samba e as tradições de nossa cidade que nasce O Beija-Flor. O Beija-Flor surge no momento em que a Azul e Branco de Nilópolis prepara-se para buscar a tricampeonato, com o orgulho lá em cima. Não é para menos, os especialistas em carnaval apontam seguidamente a Beija-Flor como uma das favoritas ao título. Este ano, mais uma vez com um tema que evidencia o sentimento de luta, paixão, patriotismo determinação, fé e crença do povo brasileiro em sua terra, cultura e arte, a escola vem para fazer história.

o enredo em louvor ao nascimento do povo gaúcho é um achado da Comissão de Carnaval liderada por Laíla. "O vento corta a Terra dos Pampas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani... Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor' promete ser um dos grandes momentos do Carnaval de 2005. Uma justa homenagem ao povo do Rio Grande do Sul e a seu espírito de brasilidade.

do Beija-Flor

A diretoria do G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis parabeniza Aílton Guimarães Jorge, Presidente da LIESA, pela passagem do seu aniversário no dia 23 de novembro de 2004.

Programação da Bateria para dezembr o Dia 02/12 - Mogi Dia 04/12 Sapucaí e Rocinha Dia 11/12 Rio Preto - MG Dia 15/12 - Universidade Gama Filho e Marina da Glória Dia 19/12 - Ensaio da Beija-Flor no Riviera Dia 26/12 - Ensaio da Beija-Flor no Riviera Dia 30/12 - Angra Folia Dia 31/12 - Reveillon na Praia de Copacabana, com a presença de Elba Ramalho

Ensaios Técnicos Toda quinta-feira na quadra da Beija-Flor, Pracinha Wallace Paes Leme, 1025 - Nilópolis, a partir das 21 h.

A Comissão de Carnaval trabalha exaustivamente liderando uma equipe de desenhistas, costureiras, montadores, carpinteiros, ferreiros, eletricistas, designers, profissionais de computação etc. para que fantasias, alegorias e toda a representação estética e histórica do enredo estejam harmoniosamente prontas para o grande espetáculo da passarela do samba, quando a Beija-Flor encerrará com chave de ouro o desfile do Grupo Especial, na segunda-feira de carnaval. Mais detalhes no O Beija-Flor .

WII~"''''''''''. Uma Publicação da G.R.E .S. ESCOLA DE SAMBA BEIJA-FLOR DE NILÓPOLlS - Rua Pracinha Wallace Paes Leme , 2510 - Centro -

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Nilópolis - Rio de Janeiro - Tel.: (021) 2791-2866. Presidente de Honra: Anízio Abrahão David ; Presidente Administrativo: Farid Abrão David; Vice-Presidente: Nelson Alexandre Sennas David; Presidente do Conselho Deliberativo: Ari Rodrigues - Editores: Walter Honorato Gomes e Júlio Cesar Rocha ; Jornalista Responsável: Walter Honorato Gomes (RP 20.559); Projeto Gráfico e Diagramação : Marcos Caram; Redação : Miro Lopes; Estagiário: Cesar Mocarzel ; Produção e Marketing: Unità ; Colaboradores: Rachei Teixeira Valença e Aroldo Carlos Silva. Impressão: Gráfica Ediouro; Tiragem : 10.000 exemplares.


A cara da Beija-Flor Ghislaine

.o clássico e o popular no carnaval

o que parecia tabu, como o sagrado e o profano, virou uma arma da Beija-Flor. Ao fundir a técnica do balé clássico com o samba, a bailarina, professora de balé e coreógrafa Ghislaine Cavalcanti, como que por encanto, deu uma das mais importantes contribuições dos últimos anos ao desfile da passarela do samba. Ela comanda um grupo de bailarinas que, a cada ano, surpreende a Marquês de Sapucaí com coreografias e visuais impressionantes. Paralelamente ao trabalho desenvolvido para a Avenida, Ghislaine comanda o Grupo Comunitário de Balé, que atende a centenas de crianças e jovens da comunidade de Nilópolis. Ghislaine é a cara da Beija-Flor.

Selminha Sorriso A arte de bailar com o pavilhão A tarefa não é fácil, mas para ela parece brincadeira. O sorriso que não sai do rosto já deu lugar às lágrimas que derramou quando a vitória que parecia tão perto fugiu à Azul e Branco de Nilópolis. Não há como desvincular a imagem elegante de Selminha do pavilhão da Beija-Flor. São dez anos desfilando e deslumbrando, esbanjando talento e distribuindo sorrisos. Mesmo com toda dedicação ao samba, Selminha ainda é militar do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e estudante do último período do curso de Direito. Ufa! Selminha é a cara da Beija-Flor.

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Farid Abrão, um vitorioso Farid Abrão, 60 anos, nascido e criado em Nilópolis, pequeno município da Baixada Fluminense, é um vitorioso. Como cidadão nilopolitano, Farid também é um colecionador de títulos. Bicampeão do Carnaval, o presidente administrativo do GRES Beija-Flor foi reeleito prefeito de Nilópolis.

o presidente-prefeito aprendeu com

Noite de festa e homenagens a Anízio e à Azul e Branco Momentos antes da escolha do samba de enredo para o carnaval de 2005, na grande final que movimentou a super-quadra da Beija-Flor, o Presidente de Honra da Escola de Nilópolis, Anízio Abrahão David, foi agraciado com um troféu pela Rádio Gaúcha, pelo bicampeonato da escola. Como tradição, o troféu é entregue sempre na abertura das transmissões do carnaval, que acontece com a escolha dos sambas de enredo nas quadras. A Gaúcha transmite o carnaval do Rio diretamente do Sambódromo sob o comando do comunicador Cláudio Brito.

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Anízio, juntamente com o presidente Farid Abrão David, promoveu uma autêntica festa gaúcha, que contou com as presenças dos prefeitos de Santo Ângelo, Eduardo Loureiro, São Miguel das Missões, Mario Nascimento, do poeta e publicitário Luiz Coronel e de Edemir Machado, do Grupo Gaúcho Arte, Folclore e Tradição, representando

a colônia gaúcha no Rio de Janeiro. A festa tem sentido, já que a Beija-Flor homenageia o povo gaúcho e todas as suas tradições. Presentes também os amigos Ailton Guimarães Jorge, Elmo José dos Santos, Vicente Dattoli, Antonio Augusto Abreu, Maria Augusta, Ricardo Fonseca, João Estevam e Jéssica Sodré.

seus pais, Abrão David e Júlia Abrão, a ter uma imensa gratidão ao povo que acolheu sua família e a trabalhar para devolver a este povo um pouco do amor que aqui receberam. Na juventude, junto aos irmãos Anízio Abrahão, Jacob Abrahão e Nelson Abrahão David, abraçou a Escola de Samba Beija-Flor. Com o trabalho da família, a pequena agremiação nilopolitana alcançou o Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e ganhou notoriedade internacional pelos diversos títulos (agora já são oito campeonatos) e o município, um símbolo cultural que representa o maior orgulho de sua população. Sempre envolvido nos trabal hos ~ sociais levados à frente pelos irmãos e primos da família Sessim, como a Creche Júlia Abrão e o Educandário Abrão David, não demorou a aflorar sua vocação política. Seguindo os passos do irmão mais velho, Miguel Abrão, que ainda hoje é reconhecido pela população como um dos melhores prefeitos da história do município, foi chefe de gabinete, função a que retornaria quando seu primo, o atual Depwtado Federal Simão Sessim , assumiu a prefeitura. Comprometido com o desenvolvimento do município, representou a comunidade nilopolitana na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro durante quatorze anos consecutivos, de onde se afastou para ser eleito Prefeito de Nilópolis, em 2000. "Hoje reconheço em multas pessoas nas ruas, quando caminhamos, traços de algum parente que acolheu nossos país no município ou até ajudaram a me criar. Só posso mesmo governar esta cidade com o máximo de amor e gratidão que me for possível. É assim que todo nosso grupo de trabalho administra esta cidade, com respeito e com verdade, olhando no olho e dizendo quando não podemos ajudar, mas oferecendo todo o esforço possível se houver a mínima chance de alcançar cada solicitação", declarou o prefeito reeleito.


Beija-Flor História de amor ao samba Rachei Valença*

o in ício foi , como o de tantas outras, como bloco. A inspiração do nome veio de um rancho . Até que se firmasse como escola de samba levou tempo: em coisa de cultura não existe milagre. Do Natal de 1948, data de sua fundação , até hoje são mais de cinqüenta anos, trinta dos quais ininterruptamente desfilando entre as maiores. Em 1974, quando subiu ao que então se denominava primeiro grupo, quase ninguém sabia direito a história da pequena agremiação do município de Nilópolis. A partir dali , a Beija-Flor (ou o Beija-Flor, como dizem os mais tradicionalistas) fez a sua própria história. Tricampeã em 1976, 1978 e 1979 foi mostrando que carnaval não se faz apenas com dinheiro e prestígio político: a adesão apaixonada da comunidade,

conquista de um trabalho social sério e constante, é fundamental para o sucesso dessa escola que conquistou adeptos e torcedores pelo Brasil e pelo mundo afora. A sensação de que essa trajetória precisa ser recuperada através de depoimentos e coleta de documentos está no ar. Tem muita gente com coisas a contar sobre a Beija-Flor e é preciso ouvir o que elas têm a dizer, pois a reconstituição de sua história servirá para aumentar ainda mais o orgulho e a auto-estima de uma comunidade que foi capaz de fazer respeitar sua cultura e para mostrar ao mundo mais este belo exemplo do que é capaz o amor ao samba.

*Pesquisadora de carnaval

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da

Aos 61 anos, a absoluta maioria deles vivendo dentro do mundo do samba, Laíla ou Luiz Fernando Ribeiro do Carmo colhe os frutos de seu trabalho na Beija-Flor de Nilópolis, escola bicampeã do Carnaval do Rio e séria candidata a mais um título em 2005. Laíla não economiza. Ele espera um grande carnaval da Azul e Branco na manhã de segunda-feira de carnaval , sem medo de ser feliz. Nesta entrevista ao O Beija-Flor, ele fala um pouco de seu trabalho e do carnaval de 2005. Com vocês, o diretor de harmonia e carnaval do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

OBJF - Como nasceu a idéia da Comissão de Carnaval, vista por muitos como uma grande inovação?

Entrevista

LAíLA - Na verdade, eu sempre trabalhei com comissão. Comecei no Salgueiro, com uma grande Comissão, formada pelo Fernando Pamplona, o Arlindo Rodrigues, Rosa Magalhães, Nícia Lacerda e outros. Todos com sua função. O Carnaval só funciona com uma grande Comissão. O Carnavalesco não é Deus para executar tudo sozinho. É lógico que as idéias partem do Carnavalesco, mas por exemplo, dentro daquela Comissão, todo mundo opinava. Quando houve o problema da saída do Milton (Milton Cunha) após ter fechado com o Anízio, e a gente até hoje não sabe a razão, nós pensamos no Renato Lage. Na época, o intermediário do Renato disse que custaria 150 mil reais . A Escola não tinha condições de pagar. Então falei para o Anízio: vamos fazer uma Comissão de Carnaval e eu sei a maneira de conduzir. Ele ficou meio assustado. Buscamos então nos nossos funcionários, que participavam da grande Comissão e só não tinham os nomes citados, e formamos esta Comissão. Então, para mim, não é inovador. É uma coisa que eu já tinha trabalhado. Agora é necessário ter conhecimento. Por isso, busco sempre estar atualizado. OBJF - Depois do Campeonato, o que vai acontecer na madrugada de 2ª feira quando a Beija-Flor entrar na Avenida?

LAíLA - A Beija-Flor mudou seu estilo de alegoria. Mesmo sendo Bicampeões,vínhamos tomando pancada em alegoria. No carnaval de 2004, quase

que a gente perde, exatamente no quesito alegoria. Houve mudanças, os carros são bem mais leves, mas do mesmo tamanho. Tiramos o excesso.

OBJF - O que esperar do desfile da Beija-Flor?

LAíLA - Um grande carnaval. A BeijaFlor é uma escola grande, que se encontrou junto à sua comunidade. Um trabalho de comunidade muito sério que nós fazemos. Eu dou preferência à comunidade ao barracão, que para mim é uma coisa que você elabora e tem tempo de executar. A comunidade você trabalha para que ela lhe dê a resposta no domingo ou na segunda-feira de carnaval. Então, eu sou muito mais comunidade do que o trabalho no barracão. Podem esperar, com o dia raiando, o grande Carnaval que a BeijaFlor vai fazer. Estamos esperando entrar de manhã mesmo, com o sol raiando e vamos ver o bicho que vai dar.

OBJF - Com o desfile pela manhã, os efeitos de luz saem prejudicados. Como compensar esta perda?

LAíLA - Nós sabemos como fazer. Durante o dia a gente precisa de iluminação. É uma outra história. OBJF - Os temas nacionais , a busca da brasilidade nos enredos da BeijaFlor são resultado de uma estratégia?

LAíLA - O regulamel1to era bem claro quanto à necessidade da Brasilidade dos enredos, que deveriam ser supernacionais. Depois abriram algumas brechas e as pessoas passaram a buscar outros caminhos. Nosso caminho é a brasilidade. Nós queremos mostrar a Cultura do nosso povo, as histórias que o povo não conhece. Através desse trabalho, que


"O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor ... Sete missões de amor"

vai para o mundo inteiro, mostramos como o Brasil é grande, fantástico e cheio de histórias magníficas.

OBJF - O investimento financeiro este ano é maior que o do Bicampeonato?

Autores: J.C. Coelho, Ribeirinho, Adilson China, Serginho Sumaré, Domingos PS, R. Alves, Sidney de Pilares, Zequinha do Cavaco, Jorginho Moreira, Wanderlei Novidade, Walnei Rocha, Paulinho Rocha.

LAíLA - Estamos no mesmo patamar de despesa. Não acredito que se gaste mais. OBJF - A Comunidade cresce neste Carnaval de 2005? LAíLA - Passamos de 2.000 para 2.200 componentes da comunidade. Podemos chegar a 2.500. Com a nova administração do barracão correndo atrás do menor custo, a gente arrisca falar que o Carnaval está mais barato. OBJF - O fato de a Beija-Flor ser escolhida a escola mais querida do Estado do Rio era esperado? LAíLA - Há oito anos, quando assumimos e criamos a Comissão, tínhamos duas metas. Uma das metas principais era dar à BeijaFlor a grande popularidade que ela sempre teve nos anos 70. O resultado foi alcançado. A gente sabe perfeitamente que se a BeijaFlor tivesse ganhado todos os títulos que ela teve para ganhar, nós seríamos pentacampeões do Carnaval e não teríamos angariado essa grande simpatia. Qualquer jovem hoje, que está começando no samba, automaticamente é Beija-Flor.

A tradicional Ala das Baianas muito contribuiu para o título da Escola Mais querida do Rio

do Carnaval da Beija-Flor no barracão?

LAíLA - Está bem administrado, não há mais dificuldades. O barracão está sendo tocado normalmente, sem atritos, tudo na calma. Já estamos entrando no último carro. Coisa que nunca aconteceu nos anos anteriores. Com as peças em seus devidos lugares, a gente não tem dúvida que vamos fazer um grande trabalho. OBJF - Além de ser escolhida a mais querida do Rio, a Beija-Flor viu seu samba ser eleito o melhor da safra de 2005. A junção dos sambas ajudou? LAíLA - Eu tive a felicidade de em todas as escolas onde passei, ter juntado sambas? à exceção de

uma. O Macobeba, por exemplo, é junção. Agora estou mais livre para fazer, desde que obedecendo a melodia e a harmonia. Samba bom, é aquele que chega na Avenida e acontece para um grande desfile da escola. Sempre temos um grande samba porque a comunidade se envolve com entusiasmo.

Como se não bastasse ser eleita a escola mais querida do carnaval do Rio de Janeiro, a Beija-Flor viu seu samba ser escolhido por uma comissão de notáveis, a convite do Jornal Extra, o melhor da safra de 2005. A família Beija-Flor agradece e comemora, mas como já disse Laíla, é na avenida que se confere.

Veja a seguir a letra do melhor samba do carnaval de 2005.

Clareou ... Anunciando um novo dia Clareou .. . Abençoada estrela guia Traz do céu a luz menino Em mensagem do divino Unir as raças pelo amor fraternizar A companhia de jesus Restaura a fé e a paz faz semear Os jesuítas vieram de além mar Com a força da fé catequizar ... E civilizar Na liberdade dos campos e aldeias Em lua cheia, canta e dança o guarani Com tubichá e o feitiço de crué Na "yvy maraey" aiê ... povo de fé Surgiu Nas mãos da redução a evolução Oásis para a vida em comunhão O paraíso Santuário de riquezas naturais Onde ergueram monumentos Imensas catedrais Mas a ganância Alimentada nos palácios de Madri Com o tratado assinado A traição estava ali Oh , pai , olhai por nós! Ouvi a voz desse missioneiro O vento cortando os pampas Bordando a esperança Nesse rincão brasileiro Em nome do pai, do filho A beija-flor é guarani Sete povos na fé e na dor Sete missões de amor

OBJF - Como está o cronograma Não perca: No próximo número do Jornal O BEIJA-FLOR, entrevista exclusiva com Aílton Guimarães Jorge, Presidente da LlESA.

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Creche Júlia Abrão,

E

m 9 de maio de 1978, a família Abrão David inaugurava a Creche Júlia Abrão - o nome é uma homenagem à matriarca. Pres idente de Honra da escola de Nilópolis, Anízio empenhou todos os esforços para oferecer melhores condições de a grande família Beija-Flor criar seus filhosconsiderando que a maioria são pais de famílias, que tentam sobreviver à custa de muito trabalho e suor. O primeiro passo foi a criação de uma creche que oferecesse aos pais um pouco de tranqüilidade com relação aos seus filhos, enquanto estivessem trabalhando . A semente foi lançada e o

semente de cidadania serviço logo estendido a toda a comunidade nilopolitana. Ao longo dos seus 26 anos de existência, a instituição atendeu milhares de crianças . Localizada próximo à quadra de Nilópolis, a creche tem capacidade para atender 450 crianças, de ambos os sexos e na fa ixa etária de seis meses a seis anos de idade. Elas recebem quatro refeições diárias, assistência médica e a atenção de uma equipe de professores , recreadores, babás e pessoal de serviços gerais. Todos sob a direçãoadministrativa de Maria de Lourdes Goulart. Durante os seis anos que ficam sob a égide da creche, em regime de semi-internato , as crianças

passam pelo maternal, jardim de infância (I e 11) até o "prezinho", do qual saem completamente alfabetizadas. O critério de seleção para ingresso de qualquer criança na creche tem por base a renda familiar , que não pode ser superior a três salários mínimos. As mães desempregadas têm um prazo de 60 dias para conseguir trabalho fora do lar e contam, para isso, com a colaboração da creche que, além de representar uma referência , as encaminha, conforme as aptidões profissionais de cada uma , à indústria e comércio da região. A diretora Maria de Lourdes imprimiu - como pr ioridade

básica - a noção de brasilidade na formação desse futuro cidadão. Tão logo a criança ingressa na creche , aprende a cantar o Hino Nacional. É uma demonstração do respe it o e amor ao Brasi l, que cada criança manifesta com sincera espontaneidade quando canta e que se reflete no orgulho com que a diretora fala dos meninos e meninas da creche que dirige . Para Anízio, é dessa maneira que a criança aprende a respeitar suas ordens , sua escola e , gradativamen te, se conscientizar da Importâ ncia e , principalmente , do valor desse aprendilzado.

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Em sentido amplo e irrestrito, o Centro de Atendimento Comunitário Nelson Abrahão David (CAC/NAD) encerra a essência da máxima que diz "não se deve dar o peixe , mas sim ensinar a pescar". Além dos conhecimentos adquiridos e valores assimilados na Creche Júlia Abrão e no Educandário Abrão David, os alunos precisariam de um arremate nessa preparação básica que lhes permita fechar esse ciclo com chave de ouro, para poderem enfrentar a vida, enfim à custa do próprio talento e suor. O benemérito Anízio Abrahão David já havia pensado nisso e deu o terceiro passo tornando possível a realização de um ideal de Nelson Abrahão David , a criação de centro de fo rmação profissional , com o objetivo de qualificar profissionalmente adolescentes e adultos de Nilópolis e municípios adjacentes, na atividade que eles mesmos escolhessem , entre os cursos oferecidos pela instituição. Desde sua fundação , há 13 anos, o CAC/NAD já contemplou cerca de 35 mil alunos , preparados profissionalmente para atender a vários segmentos da indústria, com aproveitamento significativo dos formados em refrigeração, mecânica de motos , eletricista, marcenaria, hidráulica e gráfica. No comércio, os alunos recebem formação em informática, técnica de vendas , telemarketing, turismo e atividades que exijam conhecimento de idiomas (inglês

com uma nova mentalidade, que lhes dá segurança diante da competitividade imposta pelo progresso. Eles saem se sentindo pessoas úteis à sociedade", destaca um dos professores. Os alunos são encaminhados ao mercado de trabalho através de parcerias que o CAC/NAD mantém com o Senai, Senac, centrais sindicais, empresas privadas e diversas universidades.

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Centro de Atendimento Comunitário Nelson Ahrahão David e espanhol) ; como também a inclusão em prestação de serviços, que podem ser desenvolvidos autonomamente , como os cursos de artesanato, modelo, manequim, fotografia, corte e costura, tricô e crochê , estética (cabeleireiro, manicure, maquilagem) , culinária (decoração de bolos , salgados e doces finos para festas) , profissionais de bar e restaurante. Viabilizando o aspecto humano, o CAC/NAD oferece também cursos de ginástica para a terceira idade, dança de salão, aerodança, dança do ventre, caratê e capoeira .

O professor Aroldo Carlos Silva, que se dedica ao CAC/NAD desde sua implantação, é responsável pela administração, coordenação e execução dos cursos. "Aqui chegam pessoas com pouca ou sem instrução alguma . Em pouco tempo, além da profissão em si, elas aprendem a se posicionar. Orientamos como falar, como se vestir e sobretudo a ter amor pela profissão que escolhem e aprendem, a respeitar o local onde vão trabalhar e a valorizar as relações profissionais e sociais. Os alunos saem daqui

A média de duração dos cursos é de 180 horas (ou três meses de aprendizado) e os alunos têm quatro horas de aula por dia, de segunda a sexta-feira. É importante destacar que para minimizar as dificuldades financeiras que a maioria enfrenta, o CAC/NAD oferece alimentação completa (almoço e lanche) e vale-transporte, além de custear o atendimento médico e, na maioria dos casos, os remédios prescritos. A parte social do CAC/NAD é mais ampla. Além dos alunos, é extensivo à população mais carente. Oferece serviços laboratoriais, atendimento médico , odontológico, oftalmológico, ginecológico e psicológico, e ainda prestação de atendimento jurídico. Ao manter o CAC/NAD ao longo de mais de uma década, a iniciativa de Anízio coroa a atuação do seu irmão , Nelson Abrahão David, como presidente da Beija-Flor (de 1973 a 1975 e de 1977/1983).

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Educandário Abrão David formando cidadãos

O

segundo passo no caminho da educação foi dar segmento ao projeto da creche, que é apenas a base de uma ação social que a presidência de honra da Beija-Flor começou a desenvolver há 26 anos . A criação do Educandário Abrão David, inaugurado em 1987, é a continuidade desse trabalho. Para o mantenedor do projeto, An ízio Abrahão David, "todos os cuidados e carinho dispensados às crianças ficariam comprometidos se , após os seis anos na creche, elas tivessem que se confrontar com a falta de vagas no ensino fundamental, que não consegue atender a todos , porque a

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demanda cresce cada vez mais, de ano para ano". Para que o ensino não sofra descontinuidade, toda criança assistida pela Creche Júlia Abrão tem acesso direto ao educandário. Lá, pode cursar do CA até a 8º série do primeiro grau. Atualmente, são atendidos cerca de 900 alunos, inclusive dos municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, São João de Meriti e Belford Roxo. Também diretora do educandário, Maria de Lourdes Goulart ressalta o envolvimento dos alunos com a escola. A preocupação de trabalhar o caráter desse indivíduo é responsável por essa

aproximação cada vez mais estreita. A consciência familiar, moral e cívica e de convivência em sociedade, semeada na creche, é apurada e estimulada no educandário. A fórmula encontra resposta no comportamento dos alunos, em gestos que não passam despercebidos Interna e externamente. "Os alunos aprendem a dar valor ao que eles recebem. Eles têm cuidado com o patrimônio que encontram e, mesmo depois de passarem pelas salas de aula do educandário, não perdem o contato com esse universo indispensável à formação de qualquer indivíduo", atesta Maria de Lourdes.

O presidente Anízio acred ita tanto que pequenas in iciativas na educação são Importantes para melho ria da formação do cidadão , que preparou um terceiro passo para que os projetos Creche Júl ia Abrão e Educandário Abrão David possam se r complementados com novas oportunidades à família BeijaFlor e a toda comunidad e nilopolitana. Portanto , se depender do preside nte de honra da Azul e Branco , as in iciativas de divid ir conhecimento , somar va lores e multiplicar ações afirmat ivas vão permitir às crianças de hoje serem cidadãos se mpre dignos.



Babadão da Folia e Beija-Flor, • urna parceria que dá, Sarn a. ~~ J"

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Artigos para: Carnaval (especializado em Penas) Noivas· Festas· Passamanarias Armarinhos • Tecidos em Geral

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