Revista Porto da Pedra nº 2

Page 1

nho

de ser


Em

suas

justificativas,

05

julgadores bateram sempre na

desenvolver mais que um desfile. o objetivo efazer da Sapucai um

do povo. Para 0 povo e pelo povo. 0 ideal nao e muito diferente

gigantesco palco para que

daquele que motiva as co-irmas.

mesma tecla: criatividade. Se era este 0 caminho a ser seguido, resolvemos ousar.

possamos encenar Os Donas da RlIa, 11m jeitinho brasileiro de ser

Todas querem vencer. Eepor isso, tentando sempre fazer 0 melhor,

Mudamos algumas de nossas

- opereta assinada com

que construfmos

caracterfsticas. Em vez de muito

de Mario Borriello.

pano e requinte, pretendemos levar para a Avenida um guardaroupa que nos possibilite

o

com prom is so

e0

0

talento

0

reencontro

De nossa parte, reiteramos a

com a alegria e 0 jeito despojado de fazer arte, mostrando as coisas

pratica do trabalho desmedido e da responsabilidade de repre-

Uberlan Jorge de Oliveira Presidente

,

Indice Um estjlo ousado e vencedor

pagina 4

Os Donos da Rua A arte-folia de Mario Borriello o poema que emocionou 0 Canecao

pagina 6 pagina 9

o Tigre fez bonito

pagina 10 pagina 12

Os donos da Passarela

pagina 14

o circo vai para a Avenida

pagina 16 pagina 18

Anote na agenda!

melhor

espetaculo do planeta.

CAPA: Grafrte em pilastra do Elevado Paulo de Frontin, Pra~a da Bandeira

sentar com dignidade 0 municipio

de Sao Gon,alo. Desde ja, agradecemos a maozinha do destino, que nos deu a chance de ser a quinta agremia,ao a des filar na SegundaFeira de Carnaval e concentrar nos so elenco no lado da sede dos Correios. Bons ventos comet;aram a soprar.


Investir em criatividade para conseguir uma eoloca~ao bern melhor que 0 I 10 lugar do ultimo des file. Esta e a meta prioritaria do presidente Uberlan Jorge de Oliveira: "Queremos ficar la em cima. Nosso lugar e entre as grandes"- afirma. Anuncia que a Porto da Pedra said urn poueo do estilo que vinha adotando, tornando-se mais leve, alegre e comunicativa. Ressalta que chegou a hora da Escola crescer, ampliando seus limites para toda Sao Gon~alo e alem da Ponte Rio-Niteroi. Qual a sua opiniao sobre 0 desfile de 2002? Uberlan - Fizemos uma belissima apresenta~ao . Foi melhor ate do que eu esperava . Devemos levar em considera~ao que a Porto da Pedra abria a des file de segunda-feira, a parte nobre do espetaculo. E, logo atras dela, vinha a Mangueira , que acabou sendo a campea . Imaginamos que nossa coloca~ao fosse bern melhor. Mas nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente quer. A vida continua e ja estamos nos preparando com todD afinco para 0 proximo carnaval. Bateria, baianas, eriall~as, mestre-sala e porta-bandeira estao ensaiando desde junho.

o que a senhor aehou da avalia~ao dos julgadores?

Uberlan - Houve uma cobran~a sistematica: a criatividade. Ate no quesito Meslre-sala e Porta-bandeira, um julgador afirmou que 0 casal fora tecnicamenle perfeito, mas Ihe faltara eriatividade, Isso e muito subjetivo. Como e que a casal pode eriar? Na fantasia? Na dan~a? Fica difidl erltender, Que provideneias foram adotadas em razao do resultado? Uberlan - Resolvernos partir para um enredo que exigira bast ante criatividade. Partiremos para um tema rnais salta. que. cerlamente, dara subsidios para a feitura de um samba alegre e uma apresenta~ao desconlraida. Analisamos mais de 10 propostas e a apresenlada par Borriello nos pareceu a mais fertil.

"Anallsamos mals de vlnte enredos e o apresentado por Borrlello nos pareceu 0 mais ousado"

o senhor l ambem resolveu mexer no time?

Uberlan - Sim, lroeamos algumas pe~as basicas . 0 Arthur Varella assumiu a dire<;ao de Carnaval. para trabalhar diretarnente com a carnavales co Mario Borriello. Trouxemos de volta 0 Jorginho Harmonia, respons;!vel pelos ensaios lecnicos e pelo proprio desfile. Promovemos 0 Rogerio e a AJessandra , que agora formam 0 primeiro casal de mestre-sal a e porta-bandeira . Havera mudan~as no eonjunto? Uberlan - Talvez sejam as mais ollsadas. Fizemos urn convenio com as principais escolas de samba de Sao Gon<;alo para refor~ar a nosso elenco. Sao agremia~oe s situadas em Sacramento, Mangueira, Jardim Miriambi, Boassu, Bairro Antonia, Porlo Novo e outras localidades. Elas cederao oitocentos componentes para integrar as alas da comunidade . Serao oito alas com muita vibra\ao, trazendo gente

que canta e diz no pe durante todo 0 des file . Elas tambem nos cederao sellS melhores ritmistas. passistas e baianas. E 0 que a Porlo da Pedra dara em troca? Uberlan - Ja estamos dando, alias. Todas as eseulturas , adere,os e muitas fantasias do ultimo carnaval. Assim, tambem eSlaremos ajudando de forma democratica a embelezar a des file de Sao Gon<;alo, que e bast ante disputado.

o convenio envolve outras institui~oes?

Uberlan - Sim. Tambem participam associa\oes , radios e jornais comunitarios . Entendemos que a Tigre nao pode ser de Sao Gon<;alo apenas no nome. Tem que ser 0 legitimo representante da cidade em todos os sentidos . Isso requer uma i nt egra~ao total COrll as institui\oes prestadoras de servi,os . A elas abrimos as nossas portas , oferecendo atendimento ao cidadao gon,alense em lodos os programas sociais e assistenciais realizados na quadra. Desde oficinas profissionalizantes, atendimento medico e fisiotenipico, juridico. enfirn , a tudo 0 que os componentes da Escola tern direito. Enquanto isso, as radios e os jornais cornunitarios dao inforrna~6es que sejam do interesse da Escola e das pessoas benefieiadas pelo atendimento.

"As Escolas de Sao Gon~alo cederao 800 componentes para formar as alas da comunldade"

E0 Tigre ampliando os seus limites , Uberlan - literalmente . as ensaios tecnicos de rua cOrlle~arao em novernbro . Atem daqueles que, tradicionahnente , acontecem no Paraiso, estamos programando oulros para a Rodo de Alcantara, 0 Rocha e a Barra Verl11elho. A estralegia de eresdmento da Eseola nao para por ai. Uberlan - Nolo, vai bern rnais alern. Sabemos que para conquistar lUll lugar entre as grandes do samba e necessaria, tambem, que tenhamos um pe no Rio de Janeiro. A Beija-Flor, a Viradouro e a Grande Rio rnostraram Isso. q Rio e a sede do desfite e continua sendo a capital cultural do pais. E la que estao as cabec;as-pensantes do samba , os artistas. os apaixonados pelo desfite. Para intensificar 0 intercambio, abrimos espa<;o para dez alas do Rio e seus respectivos atelies. Sao cent en as de cariocas que, semanalmente, frequent am a nos sa quadra, trazendo parentes e amigos. E, agora, fa zem parte de nossa familia .



Mario BorrieJlo

o palco do nosso teatro e a rua. onde 0

OsDonos da ua Um jeitinho brasileiro de ser

ator principal e 0 povo! 0 enredo pretende expressar 0 fantastico universe das ruas do Rio de Janeiro. suas multiplas facetas . a vitalidade de seus tipos populares I' 0 irreprimivel humor que carregam em si. ate como arma fundamental para a sobrevivencia nesta verdadeira selva urbana. A Cidade Maravilhosa. expressao maior de brasilidade, conhecida mundialmente por suas belezas naturais. carrega consigo. tambem. os graves problemas que caracterizam as grandI's metr6poles. Violencia. exclusao social. desemprego. engarrafamentos . faveliza~ao I' polui~ao ambiental retratam uma dramatica aquarela. Atraves de urn olhar sobre os varios periodos da vida carioca. mostraremos 0 homem em permanentI' adapta~ao ao espirito das ruas . espa~o que pertence a todos e por onde flui 0 fantastico show da vida. P.morama cia Cidade do Rio de Janeiro. vis.o do ttrT~O do Morro dJ Con('ti~jo· 181 7

THOMAS ENDER

1 • ogum e 0 Povo da Rua o homem sempre identifieou-se com as ruas, sinonimo de liberdade e

de possibilidade de eomuniea,ao. A rua, porem, e urn espa,o aberto a toda e qualquer surpresa. Assim, para protege-Io em suas .rduas tarefas, em suas batalhas pela imensidao da eidade, as tradi,6es afrieanas se fazem presentes: Ogum e 0 dono das ruas. avenidas. estradas e tambem o Senhor da Guerra. Nas eneruzilhadas estao as "Povos de Rua", as Exus, juntamente com as pomba-giras e muitos "despaehos", au oferendas.

As ruas semple fOlsm palco da vida carioca: 0 camfnho do lazer, 0 centro de comere/o e a pla~a

do plotesto

.&.reos cia t apa t Mono de

Santa Teren f m 1875 CAM6ES

2 • Rio Colonial: Uma Cidade Negra

Igreja da Lapa · ISI8 THO'AAS ENDfR

Ruas estreitas, poucos recursos, poeira e pe no chao. Sob 0 atento olhar dos feitores e soldados. as via s se fa zem negras. No burburinho de escra VQS, 0 trabalho e pesado para os ve ndedores de parea s mereadorias . Aguadeiro s e lavadeiras buscam, nas (antes publieas, atender a seus patroes . o bra, o negro fa z tambem 0 transporte , ad equado aos abonado s senh ores: redes e cadeirinhas vao e vern ... Os capoeiras assustam a lodos e a

cidade. assim. e sombria . negra . nas ruas sem horizonte .

o Rio cresceu entre a vila e a Igle/a. a senzala e 0 Pa~o. Casas se mu/t/pl/cafam e lnvadlTam

.,

ate os Afcos. 0 mOflo do Castelo fo; deflubado e avenfdas abrilam 0

cora~ao

da cldade .


3 • Rio Imperial: Um toque europeu no ar Novos lempos. nova era! D. loao VI , EI-Rei em pessoa. desembarca no Rio: urn toque europeu no ar. A cidade, anles pacala , cresce da noite para 0 dia e se transforma. As ruas (jearn ruidosas e os arnbulan tes apregoarn novas mercadorias. A nobreza irnpoe seus costumes e os navios estrangeiros passarn a descarregar as novidades: lecidos, cande labros. lalheres, l ou~as, porcelanas. chapeus. perfumes, especiarias, livros .. . Surgem tambern cornerciantes artistas. cientislas. aventureiros, viajantes fascinados com a nova terra . Cal,amenlo nas ruas, gas para a ilumina~ao . Azulejos nas fachadas , predios publicos ... A rua do Ouvidor e a moda de Paris. 0 progresso. agora, reluz sob as doces maos da monarquia.

4 • A Republica sonha com uma Paris dos tr6picos Acabou-se a monarquia! 0 Rio aspira 0 progresso. Paris sera 0 modelo da mais {ina sociedade. Bota-se abaixo 0 velho (asario e os corti~os ... As vielas escuras e mal-cheirosas dao lugar a largas avenidas. que

5 • Rio, cidade plural

modernizam a paisagem. Saneamenta e saude sao prioridades. as ratas e a febre agora infeslam a cidade. Torna·se urgente enfrenlar a calamidade. 0 Irem, 0 bonde, a biciclela e os poucos aUlomoveis cruzam as ruas e a presen\a feminina Sf faz mais constante, atraindo os olhares dos alinhados rapazes. 0 Cenlro do Rio e 0 cenario perfeilo da burguesia. A popula,ao mais humilde. as Iradi,6es populares. eslas sao exclufdas da nova cidade. Os quiosques e ambulanles passam a ser vistas como atraso. selvageria. Mas a cultura do povo sempre resiste! as tipos populares e sells costumes sobreviveram. apesar da discrimina\ao. Tia Gata, velha baiana quituteira,. . comercializa roupas e comemora as festas dos orixas na pequena Africa. ande 0 samba nasceu.

Seculo XX, mais e rnais Iransforma,6es! Arranha-ceus, grandes avenidas de norle a sui. Milhares de 6nibus e laxis percorrem a superffeie da cidade, e, por debaixo, 0 melro. 0 Iransilo se Iransforma num grande caleidoscopio, com congeslionamenlos quilomelricos. Guardas ambulanles, pedintes e transeun tes tent am acertar 0 passo numa confusa coreografia. Pivetes, menores abandonados, meretrizes, travestis, desempregados, lixeiros, gatos e cachorros desempenham , com talento, os seus papeis. A rua e neg6cio e moradia ... CameJos e carrocinhas vendem d,e tudo, de CDs a compuladores, de cigarros a brinquedos, de pipoca a bebidas e sorveles. Arlesaos e hippies espalham lambem sells produlos. A noile, os jovens ocupam a velha Lapa boemia, difundindo novas tendencias. Artistas, intelectuais, prostitutas e desocupados cllrtem todos os ritmos, sob a eterna imagem de Madame Sata. Pelas ruas da cidade grafiteiros irn primem sua marca. Nos dias de (utebol, os cariocas ostentam, orgulhosos, a camisa de suas paixOes ...

Pa~o

e Ministerio dt- VIJ't;io ~ Obras Publ icas, Prap de N(lwmbr(l ' 19 10

xv

Ot-rrub.Jda 00 Morr<l 00 ustelo · 191 I AROUIVO GERAl DA CIDADE 00 RIO DE JAN EIRO


_. ...

6 • Purgatorio da Beleza e do caos

•

Num desfile de camaval todo 0 sonho e permitido. Neste teatro. cujo pako e0 proprio asfalto. revivemos dia a dia a nossa divina comedia,' misturando 0

purgatOrio e 'I inferno. na esperan~a de urn 'Paraiso. Nesse novo Eden, quem sabe. as crian~as de rua passam ser os querubins e serafins e todos nos 0 I

pavo. os donas da ruat possamos nos transforrnar nurna grande legiao de anjos e aKanjos.

i

I


Desde os dias em que catava

retalhos de tecidos sob a maquina de costura de sua mae para vestir os personagens que frequentavam a imagina~ao. Mario Borriello construia urn

tipo de arte que demoraria a en tender. Mais tarde, na ado lese end a . criando fantasias para os concursos de grupos carnavalescos do Teatro

Municipal, a duvida ja era inquietante. E foi maior ainda,

quando, ja adulto, tornou-se artista plastico, estudando nos centros mais avan~ados da

Europa e dos Estados Unidos. Urn dia, quando ja realizava trabalhos para escolas de samba, numa conversa com a pro(essora

e doutora em Arte, Nilza de Oliveira. Borriello encontrou a res posta para as suas indaga~6es.

Na verdade,

0

que

fazia era arte¡folia - a escola de

samba em desfile transforma-se num gigantesco objeto de arte, a (mica genuinamente brasileira,

formatada pelas maos do povo. A arle-folia fornece a leitura politica e social do pais em toda a sua plenitude. o encontro com a Dra Nilza foi esclarecedor. Desde entao.

Borriello pode desenvolver seu talento com maior seguran~a e

objetividade; e ela

pode

prosseguir na pesquisa inidada com Fernando Pinto, carna -

valesco da Mocidade, interrompida com a morte do mais irreverente artista da folia

carioca. Ela convidou Borriello a fazer uma exposi~ao de artefolia na Finlandia. Descendente de familia italiana, Borriello nasceu em Botafogo. num 30 de outubro - Dia das Bruxas. Considera-se urn "Iouco manso" e gosta de recordar os primeiros contatos com 0 carnaval. "Criava fantasias para nao pagar ingresso nos bailes do

Municipal." Naquele tempo, os concursos tinham outro nivel.

Vendo as cria<;6es de Evandro Castro Lima, Clovis Bornay e Zacarias do Rego Monteiro aprendeu a viajar na fantasia das fantasias.

Mais tarde , substituiu Arlindo Rodrigues na criac.;ao de cenarios

e fig uri nos para 0 Sitio do Picapau Amarelo, na TV Globo. Como carnavalesco estreou no

Salgueiro. Foi campeao, em 93. 0 en redo Peguei urn Ita 110 Norte. Depois. passou pelas

com

Estacio. Imperio Serrano e Uniao

da IIha. E agora empresta toda a fon;a de sua arte-folia a Porto da Pedra.

I

•

deMario •


.•

ma

"As ruas sao mesmo arterias Por o'Jfie corre 0 sangue da cidade, onde pulsa a vida, de se expressam 0 bern e 0 mal Onde se chora e se ri avontade ...

Diante desse labirinto de caminhos, Pe~o licen~a aos povos de rua A Ogun , Senhor da Estrada Aos donos da encruzilhada Para minha prote~ao Eu sou 0 dono da rua Destas ruas do meu Rio de Janeiro Onde vivi e me criei por sf-culos inteiros .. . Ja fui escravo na era colonial Vi a abertura dos portos Com a chegada da Familia Imperial Fui mascate. vendedor e pregoeiro

Na Republica, vi meu Rio crescer e largas avenidas vi nascer...

Pra~as

lambem vi muita sujeira Eu ja vendi ratos. armei ratoeiras Pra limpar a cidade da febre ... Enquanto na Rua do ouvidor, quem diria, A moda de Paris deslumbrava a burguesia ... Essa historia de bancar 0 europeu Massacrou a nossa genie Empurrou nossa cultura Pra periferia , pros becos ... Mas a resistencia prevaleceu Tia Ciata, lembram? Melhor exemplo que a historia forneceu: Na casa da quituteira 0 nosso samba nasceu!

De la pra ca muita coisa aconteceu

As ruas se transformaram no grande palco Do show da vida ... o transito louco, onibus, taxis, metro, Mendigos, pivetes, senhores engravatados, Travestis e desocupados Meretrizes. gatos e cachorros, Camelo vendendo ate computador, Nas pistas, crian~as malabaristas, A policia atras dos bandidos e vice-versa ... Uma louca coreografia, Um espetaculo desnorteante e insane .. . Mas ainda assim, humano ...

Pela cidade, os paineis dos grafiteiros Cenario perfeito a definir a selva urbana ... Mas, a noite, na velha lapa boemia J

*="

Dao 0 tom de bazar da irrealidade. , Mas, afinal. tudo istl) Ii carnaval. Fantasia? Fic~aol Em todo caso, etta e a nossa Divina Comedia Onde, quem sabe, As crian~as de rua possam ser pequenos querubins E nos, a povo, os donos da rua Possamos nos transformar numa legiao De anjos e arcanjos Numa futura cidade de paz ... Sou a Tigre de Sao Gon~alo, Sou a Porto da Pedra Evos ofere~o a nossa hist6ria Os donas da rua, Urn jeitinho brasileiro de ser."


" fJJill~b

Urn hornern de teatro no Carnaval

t'vr.0 clJ

Quem nao conhecia 0 talento de Arthur Varella se surpreendeu. Os que convivem

COI11

ele. no

entanto, sabem de sua capacidade e revelam que a performance no Canecao poderia ser ate mais ousada. Na verdade , Varella pretende, nos pr6ximos anas ,

trazer para a Porto da Pedra sua vivencia nos palcos, para ajudar a enriquecer 0 carnaval e propor novos rumos para os des files do Tigre. Este petropolitano de 54 anos dedicou 36 deles ao teatro , atuando como ator, diretor e

-

cenografo em quase 30 produ~6es _ Entre diversas premia~6es, destaca-se a de melhor ator do Festival Brasileiro de Teatro, em Recife , em 1984 . Participou de duas novelas da TV Globo: "Uma rosa com amar" e

"as assos do

bordo" _ Artista plastico desde os I 7 anos, Varella tern realizado diversas exposi~6es

coletivas e individuais e acabou engajando-se no carnaval de sua cidade, conquistando 15 campeonatos pela Independentes de Petropolis . Ano passado, foi 0 autor do enredo que 0 Tigre levou para a Sapucai, homenageando a Cidade Imperial. Atualmente, acumula os cargos de vice-presidente Cultural e de Carnaval. Pretende dar irrestrito

apoio ao carnavalesco Mario Borriello para a execu~ao de Os Donos da Rua, en redo pelo qual se apaixonou desde 0 inicio do ane.


¡0

ez

As not as que avaliaram 0 desfile da Porto da Pedra no Carnaval 1001 poderiam ser melhores - e a opiniao geral. Se nao foram 0 que se esperava. porem. serviram de parametros para que a dire<;ao da Escola tra<;asse uma nova linha de trabalho. mais arrojada e

especializada os maiores elogios. Houve quem se surpreendesse ate, com a qualidade do carnaval que homenageou a cidade de Petropolis . Fica a certeza de que 0 Tigre esta no caminho eerto para reconquistar o seu espa<;o entre as grandes fo,,;as do Maior Espetaculo da Terra .

e tarde para matar as saudades. nem relembrar 0

criativa.

Nunca

do samba de Sao Gon<;alo e arrancou do publico e da midia

dos julgadores. A evolu<;ao e uma responsabilidade conjunta. fruto do esfor<;o coletivo.

o intportante eque, mais uma vez. 0 Tigre soube honrar as tradi~6es

conceito

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o sonho de entrar na Avenida com

a responsabifidade de defender a bandeira do Tigre aconteeera, ao mesmo tempo, para dois jovens de Niteroi. 0 mestre路sala Rogerio Benedito Rosa e a porta路bandeira Alessandra das Chagas farae a sua grande estreia como primeiro casal da Porto da Pedra. Eles fizeram um pacto: a partir do momento que pisarem na Passarela, incorporados ao enredo. serao os verdadeiros donos da rua. , Alessandra tem apenas 18 anos. E

I'

a porta-bandeira mais javern do

Grupo Especial. Ano que vem, logo depois do batismo de fogo na Sapucai. come~ara a construir urn outro sooho. Em mar<;o, ingressara na Faculdade de Direito para , (uturamente, tornar-se uma

criminalista. Come~ou na Esco路 linha de Mestre Manoel Dionisio, no Samb6dromo , e deu seus primeiros passos na Viradouro.

Depois, passou pela Academicos do Dende, Sao Clemente e, ha tres anos, era a segunda porta-bandeira da Porto da Pedra. Rogerio tem 18 anos e e cozinheiro. Ja atuou na Acade路 micos do Sossego, Sao Clemente e foi segundo mestre-sala do Tigre durante sete anos - e em um deles dan~ou ao lado de Alessandra. Desde entao, os diretores passaram a prestar aten<;ao no entrosamento do casal. E, agora, quando 0 publico espera criatividade e ousadia em lodos os niveis no

desfile do Especial, a dire~ao da Porto da Pedra nao pensou duas vezes para promover as duas revela~6es . Sera a primeira vez que Rogerio e Alessandra terao a missao de defender as notas do quesito. Estao

Analista em desfile Para guardar todos os detalhes de um desfile na memoria, so mesmo sendo analista de sistemas. Esta, alias, e a profissao de Jorge Teixeira da Silva, 55 anos, 0 J,orginho Harmonia - que retorna para assumir a Dire~ao de Carnaval. E0 responsavel pelos ensaios de todo 0 segmento da Escola e urn dos principais articuladores do Departamento de

Carnaval, trabalhando em conjunto com 0 vice.presidente Arthur Varella e

0

carnavalesco Mario Borriello.

Jorginho e funcionario do Serpro ha 31 anos e nao esconde que utiliza sua metodologia de trabalho nas atividades do samba. Conta que 0 apelido foi dado pelos colegas do Serpro, que quando 0 procuravam numa quadra. perguntavam pelo Jorginho, "0 da harmonia" . Acabou pegando. A coordena~ao geral de harmonia da Porto da Pedra tambem estara sob 0 seu comando. Ela e composta por sete diretores: Marlucia, Dalmir, Niltinho, Merica, Preto Velho, Baloeiro e Bola.

ensaiando exaustivamente para

conseguir as quatro nata s maximas . Nao falta confjan~a. Rogerio fez uma promessa, ate: "Vou fazer 10 mil salgadinhos para festejar" - esta registrado.


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Artigos etecidos para ocarnaval

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www.cacula.com


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Apos oilo meses de funcionamenlo, 0 Projeto Escola de Circo Pequeno Tigre come~a a atingir seus objetivos: colocara 30 de seus 85 alunos a disposi~ao da Dire~ao de Carnaval para que os jovens fa~ am performances na Sapucai, no desme da Porlo da Pedra. Sao 30 arlistas em forma~ao. que iii estao aptos para reallzar numeros de cama-elastica. pernas·de·pau, malabarismo. monocidos e lecidos. Dependera, agora, de uma avalia<;ao da diretoria para delinir de que forma 0 lalenlo dessa garolada sera aproveilado. A Pequeno Tigre e um dos xodos da Porto da Pedra. Criada em janeiro e contando com 0 palrocinio da Telemar. que investiu R$ 250 mil no primeiro ano de conlralO, e aponlada como urn Merencial entre os projelos sociais desenvolvidos pelas Escolas de Samba. Alias. a Porlo da Pedra e a unica que disp6e desse lipo de ensino prolissionalizante e pretende, sempre que passlvel, introduzir nUl1leros circenses dentro do

espetaculo cada vez mais lealTal. As alividades do Projelo eslao cadastradas na Rede Mundo do Circo· Brasil, acompanhadas de perlO por "olheiros" do melhor circo do planela - 0 Le Solei I . Alem das modalidades ja mencionadas. professores formados pela Escola Nacional do Circo tambem ensinam os segredos de contor~6es. trapezio. lira (area). acrobacia de solo e parada de mao.

-

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Sonhos sob a Ion a colorida Nao tardara para que os Pequenos Tigres apresentem seus primeiros espetaculos. Conviles e que nao faltam. Escolas, hospilais e enlidades filantropicas . de Sao Gon<;alo. principalmenle -. ja iniciaram entendimentos com 0 vice-presidente de Projetos Socials e Especiais. Sergio Perim Junior. Mas as caisas naD sao tao simples como parecem: "Precisamos do apoio de outras empresas para que possamos arear

com as despesas de transporle e alimenla<;ao de loda a trupe"· esdarece o difetor.

Enquanlo 0 circo nao sai dos limiles da quadra da Rua Joao Silva. os arlislas conlinuam se esmerando. Rodrigo Barbosa de Holanda. 14 anos, e um deles. Aluno do Colegio Nilo Pe<;anha, na Pra,a de Ze Garoto. jamais imaginou que 0 seu futuro pudesse sinalizar para a lona

colorida. Estuda para ser advogado mas. aos poucos, foi licando enfeili<;ado pelo monocido. A principio. seus pais - 0 vendedor Carlos Alberlo e a secretaria Mara Lucia - licararn apavorados, lemendo que ele pudesse levar um lombo serio. Hoje. depois de varias provas de talenlo e habilidade de Rodrigo, os dois sao seus maiores incenlivadores. 0 rapaz, porem. esta indeciso. Nao sa be se 0 vestibular da vida Ihe reservara um escrilorio ou as luzes do picadeiro. Se depender da vonlade dele. assinalara a segunda alternativa.

Marcelle Figueiredo Balista, 10 anos. aluna do Colegio Mericia Quaresma de Melo, lem uma boa justilicaliva para se empenhar nos ensinamentos de mala bares. monociclo. acrobacia de solo. perna-de· pau e conlor<;6es - modalidades nas quais se reveza <;om uma facilidade incrivel. ·'Aqui. temos sempre uma coisa pra fazer. E muito melhor do que ficar em casa, de bobeira." - comenta enquanto passa os pes sobre a cabe~a . 0 seu maior sonho e tornar-se professora primaria.

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Nada acontece por acaso Aos 87 anos, George Savalla Gomes lembra de quando tinha 12 e fora promovido acondi~ao de pa l ha~o oficial do Circo Ocidental. corn prado recentemente pela familia. 0 padras to colocou-Ihe lima careca post i~a

e batizou·lhe com 0 apelido que iria consagra·lo para sempre: "A partir de hoje voce sera 0 Carequi nha."

o circo vinha de urna exaustiva excursao pelo pa's. "Depois, pararnos aqui, em Sao

Gon ~al o,

de onde nunca mais sa,"· recorda

0 pa lha~o

que, ao conlrari o do que sligere 0 apelido. ainda pas sui vasta cabeleira.

Pintada. Do casamento nascerarn qualro fil hos . que geraram cinco netos e dois bisnetos - todos de Sao Gon~al o. Filho de urna aramista que sentiu as primeiras con tra~6es do parto quando desfil ava sobre a corda bamba, Carequinha carrega no peito medalhas que so ele tem. Foi 0 primeiro pa lha~o a fazer sucesso na TV e 0 unico a alingir a espantosa marca ,de 26 discos gravados, COIll mais de dois milh6es de copias vendidas. E a figura mais popular da cidade e destaque de honra da Porto da Pedra. Ana passa do. quando 0 Tigre bu scava um ca ll1inho diferellte para orient ar sell pfoielo social, inspiroll·se na experit?ncia de Vinfci us

Daumas, 28 anos , atual coordenador da Escolinha. Ex·artista circense, Vinfcius apostou lodas as slIas fichas na ideia, que acaboll sendo lIIll slicesso. E. cu riosamente. mais lima vez Sao Gon ~a l o serve de pla taforma para os ideals do circa.


DESFILES DO GRUPO ESPECIAL Carnaval 2003

As 21

h I - Campea do Grupo A

Enlre 22h05 e 22h20 2 - Salgueiro Entre 23hl0 e 23h40 3 - Grande Rio Enlre Oh I 5 e I h 4 - Viradouro Enlre Ih20 e 2h20 5 - Imperio Serrano Enlre 2h25 e 3h40 6 - Caprichosos de Pilares Enlre 3h30 e 5h 7 - Portela

Anote na

U ~IOOS

Agenda!

04 de ootubro - sext.-feira - 22 h S,mifinal do concurso d, sambas-d,-,nredo II de ootubro - sext.-feir. - 22 h Final do concurso de sambas-de-'nredo 18 de ootubro - sext.-feir. - 22 h Apres,nla,ao dos PrOIOlipos 24 de novembro - domingo - 14 h Fesla da V,lha Guarda OS de dezembro - quint •.feira - 20 h lan,amenlo do CD doGrupo Check Mall

Todas as quartas-I,ira,. a partir das 20 h. ,"saios ternko! para a Batena. Alas das Baianas. Baianinhas. Passistas . Crian,as , Comunidade Todos os ,abados . • partir das 13 h. Discolec. Ca,telo das Mas

As 21

GRES

h I - Tradi, ao

Inform.,6es n. Secret.n. d. Escola T,I,.: 1605-1984 , 1714-0555

Entre 22h05 e 22h20 2 - Mangueira

PROGRAMA SOCIALCRESCER EVIVER Escolinha de Circo - S'gundas. quarta,

" , xlas das 13 h as 17 h ArIes Marciais - Tenias e quinlas das 8 h as I I h. das Ilh as 15 h. ,das 15 has l7 h CaY. quinho - S'gundas, quarlas, sexlas das 9 h a, 11h; , quintas, das 15 h as 17 h Bateri. Mirim - Quinlas, das 13 h a, 16 h Teatro - Ter,as , quintas (Grupo I). , segundas, quartas (Grupo 1). das 9 h as I Ih30 Capoeira - Ter,as , quinlas. das 9 h as II h, das 15 has 17 h PROJETO SAMBANDO COM 0 PE NO FUTURO 8.re Infantil - Ter,as. da, 13 h a, 16 h Cartonagem- T,r,as, das 9 h as 11 h Patina - S'gundas. das 9 h as 11 h Vel.s Decorativ.s - Sexl.S. das 13 h as 16 h Camaval - Quarlas. das 9 as 11 h , das l4 h as l6h

Prmknlt Ubtrlan Jorge de O~\'ua Vice·l'rtsKlfnlt \\-ilson Franc6co dol Sih.'a

\rKt·Prtlldtnlt lucia Helena

AdmlnistraTivo Ribti ro de n-ritJs Vkt·Prtlidt'nlt do

Nil ~a

SMlp.1io dos Santos

Departamento Feminmo

VlCt·Prt5idrnlr Soci.ll Huga Jorgr (ootia I"ache<:a VlCr·Prrsidentr Anlu Jasi (ul tlJ'aI t Arhstieo Vartlla GJrdes Vicr·Prrsident, Anlu JOsf de (amml VMellv~ Guedes

VlCe-Prunkntr Oswaldo dos Santos Nelo de Patrrmonio VlCr-Prtsidtnte de Espartts Wilson StIerTa !It mlua VlCt·Pttsultntt Juridico Fernando Gsar Rodrigues da Conc~ao \'ict·Prtsdtnttdr Strgio Pmn Jinor

PtorrtM SocialS t Esptcl.lis Primtll'O

Sterrtario Alnui Moreira !if

m""eH"d

Segundo Semtario Moisis da Costa Carvalll:J (onuuc~.io

Social JOsf Carlos Mach.xlo

Rua JeW 5il\oa. 8~ - Pofto da f\odra. Sao Goo;aIo. RJ CEP 14436-080 - TeIe(Ont: (02 1) 16(6-1984 ~\\\I,'. grtstJpol lodapedra .com .br FlIldad.J tm 9 dt mar~o de 1978

Entre 2 3h I0 e 23h40 3 - Beija-Flor EntreOhl5e I h 4 - Unidos da Tijuca

~t.!.iDVcfk-.

Lr\Q;J Ut9JI~

Enlre Ih20 e 2h20 5 - POrlO da Pedra

Aoo 1- n" 2 - Stolmhro do.> 2002

Entre 2h25 e 3h40 6 - Mocidade Independente

EditOf Oaudio Vieira

Entre 3h30 e 5h 7 - Imperatri! Leopoldinens.

OBS:

00 POlIO DA PEDRA

FotOlr~ fia

Henrique Malos e Ptlrr Wcdev

o;~110

COIMrtial Marta OLlt'ir01. t Marbline

As a8remia~6es de ordem

impar se ooncmtrarao do lado dos Correias: as de ordem par, do lado do Balan~a

Tratlllltnio cAe kn.1etl'lS A60mar Garwlra t Jost Ft-rrtira Cr~io t

Produc;ao Editorial

@ iRIS EDtTQRA

ATENDIMENTO MEDICO E JURiDICO Fisiolerapia - Ora Isabelle Segundas. ler,as e quinlas , das 14 h as 18 h Fonoaudiologa - Ora Maria da Gloria len;as. das 13 as 16 h Orienta~ao Juridica - Ora Adriane ! Dr. Carlos Auguslo Quinlas. das 14 as 16 h Informa,6es sobre programa, sociais e assistenciais - Tel.: 3614-0428

Imprtssio ORO Grarlea t Editora Rio do.> Jalll'Uo FOIOhlOS

AI:t Digital

Tiragtm I:' mit extmplares Oistribuil;ao Graluit ~ marktting@iristdilora.com.br www.iristditora.com.hr




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