Revista Roda de Choro 1997

Page 1

(

)

L

j

~

I

L

l

j 1

J

)

x •

J

CInco )


w

r-.·l ar~o

mesmo tempo come<;a 0 segundo ana da RdC. E comepmos tecta, com 0 Concerto do Centenario, 0 cicio de palestras

"...> -

Desde que 0 Choro

::)

Q

RODA DE CHORO

de 1997, ana do cemenario do Mestre Pixinga. Ao

~

III(

REVISH

FAZER ACONTECER a

e Cho~, e 0 Projeto Choro

tOO Anos Depois, rados no Rio de Janeiro. Acreditamos que a fun<;ao da RdC e nao 56 divulgar como tambem pensar e Fazer acontecer a prodw;ao musical ligada ao Choro.

No momenta que fechamos este nO 5 ja estamos produzindo o pr6x imo numero, especial sabre 0 Pix inguinha, que saira no fim de ab ril, a tempo para as comemorac;6es. 0 nO 6 sera todo

dedicado a ele, numa justa homenagem a quem atravessou

.... quase rada a hiscoria do nosso Choro . No mes de abril pipocarao par todo Brasil espetaculos lembrando Pixinguinha. Na ser;ao Mistura & Manda ha uma

D: C

relaC;ao de alguns dos eventos que irao acomecer. No Rio estaremos promovendo. j unto com a Secreta ria de Cultura do Escado, a Concerto do Centencirio, em que pretendemos leva r urn gran de publico para a Sala Cecilia Meireies. La estarao grandes names do Choro de hoje, com urn reperterio exclusivo de obras de Pixinguinha com arranjos especiais para a ocasiao e direc;ao musical de Mauricio Carrilho. 0 show tern tudo para ser urn verdadeiro espetacu!o: uma das melhores salas do Rio; uma seler;ao de craques do Choro , comandados pelo grupo 0 Trio; ingressos a prec;os po pula res (RS 10.00) - tudo combinando para urn grande evento. As novidades nao param : sao tantos discos lanr;ados que tivemos que aumemar mais uma vez a nO de paginas da revista, e mesmo assim nao esgotamos as lanr;amemos de 96. Alguns excelentes. como a do Guinga (Cheio de dedosl. ainda nao Foram resen hados por Fa lta de espac;o. Brasilia, Florianepoli s e Sao Paulo tam bern lanr;aram discos. Reforr;amos a pedido para que as ass in antes comparec;am as urn as votando nos seus preferidos de 96. Aceitaremos votos ate junho deste ano e a resultado sera divulgado no nO 7. Pretendemos manter a periodicidade trimestral estabelecida no ana passado, quando lanr;amos 4 ed ir;6es, ao mesmo tempo em que continuamos buscando recursos para dar suporte aos projetos em andamento, bern como viab ili zar varios outros que sao inadiaveis: as albuns de part ituras (Pixinguinha inaugurando), os cadernos de depoimentos e tambem, em breve, a produC;ao de urn CD que seja urn paine1 da nova safra de nossos choroes. Conforme disse Luc iana Rabe ll o, em numero anterior "para dar cominuidade ao Choro e preciso compor Choro". Nossos musicos tern seguido risca esse lema. A nossa tare fa e discutir, divulgar e dar suporte a essa produr;ao. Sem recursos nem palrocinadores. so mente com a apoio de nossos lei tares, reafirmamos nosso compromisso com 0 Choro no tempo e no tom de nossa epoca.

IA

V,

Z

1&1

a.

a

Os Editores

MAR~O

Editores: Egeu Laus e Rodrigo Ferrari Conselho Editorial: Ary Vasconcelos, Henrique Cazes, HerminiO Bello de Carvalho. Ilmar Carvalho, jairo Severiano, wciana Rabello, r...lauricio Carrilho. Pedro Amorim e Sergio Cab ral. Colaboradores: Porto Alegre, RS: Carlos Roberto de Campos, zeno Azevedo I Florianopolis, SC: wagner Segura I Curitiba, PR: Fernando Cardoso Nascimento. Selma Baptista, Sergio Albach I Maringa, PR: Paulo Petrini I Sao Paulo, SP: Helton Altman, Capucho, Jose Fernando da Silva I S. jose dos Campos, SP: Carlos Alexandre Wuensche I Santos, SP: Marcelo Laranja I Ribeirao Preto, SP: Marcio Luiz G. Coelho/ Belo Horizonte, MG: Ausier Vinicius I BelE~m, PA: Adamor Ribeiro! Fortaleza, CE: Eduardo Giuseppe I Teresina, PI: Claudia Maria da Silva I Brasilia, OF: Henrique Filho, Wellington 7 (ordas I Sao Luis, MA: Ricarte Almeida Santos I Rio de janeiro, RJ : Luis Filipe de Lima, Conceir;ao Campos, Sergio Prata, Leonardo Miranda, Gisella de Araujo Moura, Luiz Antonio Simas, Luiza Mara Braga Marlins, Mario de Aratanha, Luciana Lopez, Andrea Pedreira, Anna Paes, Carlos Nascimento, Jose de A. Leal, Maria Helena Ferrari, Luiz Antonio de Almeida, Eduardo Coutinho, Andrea Ribeiro Alves, Nei Lopes, Xande I EUA: Tom Garcia I Alemanha: Gilson de Assis I Fran~a: Patrick Regnier. Materias assinadas refletem a opiniao de seus autores Projeto Grafico: Egeu Laus Reda~ao: Rodrigo Ferrari Fotolitos: Sulamerica Estudio Grafico Assinaturas: RS 25.00 Exterior: USS 50.00 Correspondencia para: Rua Ortiz Monteiro, 276/101-C Laranjeiras. Rio de Janeiro, RJ CEP 22245-100 - Telefax (02112853672 APOIO:

R!OARTE - !nstitulO Municipal de Arte e Cultura I Secretaria Municipal de Cultura I Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

'1'······,···" ~ "HI<lI (

e-mail daRdC:choro@rio.com.br

DE 1997. N" 5

Mll l fl>H I I I I " ' "


olUnOU E0 [HORO O Luiz Antonio Simas'

lundu e, cerramente, uma manifesra<;ao musical que intriga os eswdiosos da musica brasileira devido as pa rcas referencias existentes para que seja trac;:ada uma genealogia a partir de sua criac;:ao. Admite-se que 0 termo lundu ou lundum design a um tipO de danc;:a tipica das camad as populares e rambem um genero de canc;:ao urbana brasileira. A pani r dai, temos muitas suposic;:aes e poucas cenezas. A primeira referencia conhecida ao lundu como canc;:ao encontra-se na Viola de Lereno, a colec;:ao de versos musicados pelo mulato Domingos Caldas Barbosa publicada em dois volumes (0 primeiro em 1798 e 0 segundo em 1826). Ja a danc;:a do lundu tem referencias que remontam a 1780. Tal fato pode indicar, segundo Mario de Andrade e Oneida Alvarenga, que 0 lundu canc;:ao origina-se da danc;:a que, a principio, era acompanhada exclusivamente por instrumentoS percussivos 10 batuque, segundo Tinhorao) e depois passou a ser acompanhada por instrumentos de cordas. As relac;:aes entre 0 lundu e 0 Choro podem esciarecer um pouco mais sobre as origens do Choro como uma man ifestac;:ao musical tipicamente brasileira. Em seu magnifico Memorias de um Sargento de Milicias, Manoel Antonio de Almeida rela ta que 0 tocador de viola que acompanhava 0 lundu buscava reproduzir 0 ritmo cadenciado da danc;:a fazendo as cordas "chorarem". Ja Nicolau Tolentino de Almeida, cirado por Tinhorao na Pequena Historia da MIisica Popu lar, refere-se no inicio do seculo XIX a um bandolinista que tocava "por pontos, 0 doce lundu, chorado".

Ja nas decadas finais do seculo XIX, Jose Ramos Tinhorao alena para a semelhanc;:a entre 0 lundu e a polca e para a mistura que se veri fica entao entre 0 ritmo da po lca que invad ia os salaes brasilei ros e 0 nosso lundu. Se considerarmos que 0 Choro origina-se em uma forma de tocar de musicos cariocas que introduziam esquemas modulat6rios na interpretac;:ao de polcas a pani r dos tons rna is graves do violao (a 'baixaria'), e relacionarmos tal fato com as referencias a urn jeito dolente de se tocar 0 lundu e tambem as relac;:aes entre 0 lundu e a polca, poderemos estar diante de um genero que esta na raiz de uma maneira de fazer mtisica que desemboca no nosso Choro. Para final izar, podemos tambem mencionar a presenc;:a do lundu na obra de Pixinguinha, Alem de seus Choros imonais, Pixinguinha foi um belissimo compositor de lu ndus, como Yao (gravac;:ao original de Patricio Teixeira em 1938), Uma Festa de Nana (rambem Patricio Teixeira em 1941), e Benguele Igravada com os Anjos do Inferno em 1946). E para quem ainda acha que nao existe ligac;:ao entre 0 lundu e 0 Choro, basta escmar a gravac;:ao de Ensaboa, lundu de Cartola, e cuni r 0 arranjo de Dino 7 Cordas, utilizando uma formac;:ao instrumental tipicamente chorona, e recheando 0 lundu das baixarias que caracteriza m os choraes. Ouc;:a e conflra: 0 lundu da Choro dos bons.

e

• Luiz Antonio Simas niSloriador. Faz doworado em hiS/Dna da mlisica brasileira na UFRJ.

]


OPINIAO

[HORO fiR TEORIR EfiR PRRTI[R F Mauricio Ca rrilho *

alar de Choro e pra quem quer. Tocar executanres. Detesta qualquer nov idade. um Choro e pra quem sabe. Emender Um aco rde diFereme daq ue le Fe iw na a importanc ia do genero como uma grava~ao do j acob 0 irrita. Um baixo de das ma is Funda menrais ex press6es da pre para~ao di Fereme daquele Feiw pelo cultura do nos so povo e pra quem pensa, e Dino na g rava~ao do Benedi w Lacerda em mu iw. Nao existe Fo nte teorica 1948 0 deixa Furioso. Tem 0 segu ra para pesqui sa deste curioso hab iw de grudar em A importancia da RdC gene ro (a importanc ia da RdC, algum m lisico j ovem e ta lenwso como espa~o de discussao e como espa~o de discussiio pa ra te n ta r rea li zar atraves troca de inFo rma~6es , fica, a deste seus objetivos Frustrados, cada dia, mais evidente), e por e troca de informa~iies, e muitas vezes con segue ex iw, fica, a cada dia, isso e necessario, a quem quisubstiruin do a inquieta <;:ao e ser arriscar qualquer co meneApontane idade de tale nws mais evidente tario sobre 0 Choro, se li vrar do emergenres por wneladas de preconce iw (do propri o e do preconceiw. Predado r pe rigoso o tal de 'bali '. herdado de seus idolos), colocar a capac idade de obse rva~ao a w do vapo r e endo a coluna Op iniao da RdC nlimero Fazer uso de ge nerosa dose de bom se nso. do is fiquei surp reso com a presen<;:a m 35 anos de mlisica, 20 dos quais ideologica do abomi navel 'bali de pirata' como proFi ssional, wquei Choro nos em nossa rev ista. Nao que 0 auwr do texw seja um deles, pelo co ntrario, meu col ega am bienres mais diversos. E bota diversos nisso: barracos em mo rros ca ri ocas, de mlisica e Choro de SP tem trabalhado castelos medievais na Europa, em ci rcos de co m seriedade, enFrentando as diFi culdades lona Furada e em algun s dos mais belos de w do mlis ico na busca de seus obj etivos. teatros do mundo. Cu ri osamenre onde ha o que me espantou Foi a di sta ncia entre os Cho ro sem pre aparece um certo tipo com conceiws defendidos na materia, em nome perFil psicologico bem caracteristico, que de j acob do Bandolim, e 0 legado deste mlisico extraord inario. Nao acho etico se em politica seria denom inado 'papagaio de pi rata'. Devido a grande ad mi ra ~ao que falar, sem procura<;:ao , em nome de alguem nutro por esta sim patica ave YOU chamar a j a falecido, e duvido que jacob nos dias de p e~a de 'bali de pirata'. Este Fenome no da hoj e (30 anos depois do seu depoim enw ao psicologia choristica aparece aos primei ros MI S) defendesse posi<;:6es tao retrogradas aco rdes de uma rod a de Choro em qualque r co mo as atribu idas a ele pelo nosso lugar do mundo. E um teo ri co acima de colaborador. Pra quem nao leu 0 artigo em tudo. Sao varios e de w das as nacioquestao ai vao alguns pOntos: - .... as na lidades, embora 0 seu habitat natural obj e<;:6es que j acob levan tou conrra Bossa sej am as Terras Brasilei ras. E chaw que doi. Nova, ti nham 0 objetivo de assinalar as Toca mal algum instrumenw, e talvez por diFeren<;:as de estru tura entre 0 Choro e a isso nunca 0 leve para as rodas, onde Fica, mes m a, preserva ndo, deste modo, os v ia de regra, bo tand o deFeiw nos lim ites do Choro."

L

E


... OPINIAO

'Sa ntiss ima I

Trindade ',

me lodia

I

uito pre servativa a coloca<;ao, e eu me M pergunto: - quais sao os lim ites do A harmonia ritmo, no m eu entender, e Choro? Sera que jacob teve algum dia a indissoluvel no Choro. Caminham juntas e, se em um ou o utrO caso um desses pretensao de estabelece r limites para um elementos se destaca, nao podemos tomar gene ro de musica centena rio que e tocado a eventua li dade co mo regra. Alem do mais, por milhares de pessoas? j acob era do se existe um elemento que sirva para disIbama e 0 Choro uma especie de Micotinguir nosso Choro de outros generos irLeao-Dourado? Na duvida eu fico com Villamaos (como a milonga argentina, 0 MerenLobos: - " ISto e 0 Choro. E todo mundo tocando co m 0 seu cora<;ao, sua gue e 0 joropo venezuelanos, e tantos outros nascidos nas Ameliberdade, sem regras, sem ricas pel a miscigena<;ao musical nada ... a liberdade da arte". m Sao Paulo, no maior A "Sanlissima Trindade" Indo-Afro-Europeia), este e 0 ritmo. Melodia e harmonias sao festiva l de Choro da histomelodia / harmonia / rilmo universais. 0 ritmo, ao contra¡ ria, 0 Chorando Alto , idealino meu enlender e rio, e inimitavel e intraduzivel. zado por Helton Altman e max ima, porem, da ideolorealizado pelo SESC- Pompeia indissohivel no Choro, gia 'bau' foi a seguinte : - ..... em meados de 96, tivemos a ao conrrario da cosmopolita comprova<;ao do que Villabossa nova, 0 Choro e musica Lobos havia dito 40 anos antes, ti~ica de varanda." quando ouvimos 0 Epoca de Ouro com jim duro ler uma coisa desta depois de ter Hall. A tradi<;ao do nosso Choro em perfeita tocado Choro em centenas de cidades, sinton ia com um dos maiores jazzistas no Brasil e no exterior. E 0 que e mais reamericanos. Quando neste mesmo dia ouvi velador: em quase todos os lugares onde o You Vivendo tocado por jim Hall com 0 estive, conheci musicos das mais diversas b rasileiro Quarteto Livre, cho rei que nem nacional idades tocando Choro . bezerro desmamado. A musica e 0 cora<;ao dos musicos demoliram todas as barreiras, inalizando , meus caros, 0 Choro e pra Fronteiras, diferen<;as culturais, e 0 resultado ser tocado em qualquer lugar e de todas as form as, nas varandas, cozin has, quartos, foi um espetaculo de rara beleza musical. Uma das mil hares de faces ocultas do nosso grandes teatros, casamentos , enterras, maternidades e os cambau. 0 Ari Duarte Choro FOi ali revelada . (pa rceiro do Altamiro em Canarinho carta de jacob a Radames, publicada na RdC numero zero, deixa evidente a Teimoso) gostava de tocar seu cavaquinho em poleirado numa goiabeira la em euforia deste bandolinista pel a experiencia de tocar Retratos, e quando ouvimos 0 disco Bonsucesso , 0 que nao e nada comparado a fa<;anha do grande Raul de Souza, que Vibra<;oes, gravado poucos anos depois, depois de fartas doses de uca foi parar, com percebemos nitidamente 0 que esta expetrombone e rudo , montado no cavalo do riencia trouxe ao trabalho de j acob e seu Marechal Deodoro , num monumento da Epoca de Oura . 0 mestre jacob, na pratica , Pra<;a XV, no Rio de janeiro . 56 foi nao tinha nada de conservador. utra abordagem, a meu ver equivoconvencido a descer de la, numa escada do cada , Feita pelo cOlega: - "ao contrari o Co rpo de Bombeiros, quando terminou 0 solo de Na Gloria. dos compositores de Bossa Nova ... a maioria dos compositores de Choro objetivam lo r ioso, nosso Choro nao to lera em prime iro lugar a elabora<;ao de uma complexo de in ferioridade. melodia ... apenas secundariamente eviden• Mauricio Carrilh o e mlis ico ciaram uma preocupa<;ao com harmonia ."

E

A

E

F

A

O

G

5


OS INSTRUMENTOS

NO

CHORO

saxso ranD Dirceu Leiue •

O

sax soprano e de uma familia de inS(fUmemOS de sopro. orquestrais e de banda mililar, invemada pelo belga Adolph e Sax na decada de 40 do seculo passado. Possuindo um corpo de metal, esses instrumemos sao urn cruzamemo da cla rineta (au c!arinete) com a oboe, tendo a embocadura simples, com apenas uma palher3 do ripo da c]arineta. Seu sistema de dedilhado (combinando com a do oboe) roi criado 10 anos antes pelo aiemao Theobald Boehm, invemor da

nauta transversa moderna, instrumento que Pixi nguinha e Benedito l acerda coca ram com maestria. Dizem que Adolph e Sax e Theobald Boehm eram amigos e rrocaram muitas informac;:6es if respeito do novissimo invemo. Verdade au memira, a fato e que a saxofone criall asas e se transformou numa familia de 14 membros. onde 6 permanecem em atividade: 0 sax sopranino, afinado em Fa ou Mib: sax soprano em 06 ou Sib; sax contralto ou sax alto em Fa au tvlib: sax tenor em 06 au Sib; sax badlOno em Fa ou Mib; e 0 sax baixo afinado em 06 ou Sib. o saxofone foi rapidameme assimilado pelas bandas militares europeias onde exercia a papel, tal como pretendia seu criador, de urn arimo elo sonoro entre os c1arinetes e os metais [en ores. sendo em seguida adotado par grandes mestres europeus como Bizet. Meyerbeer e mais tarde por Prokofiev, Ravel. Debussy e outros. Foi inlroduzido par volta de 1890 nos EUA pelas bandas de John Phillip Souza. 0 inventor do Souzafane. aquelas tubas das bandas de coreto. No Brasil, 0 saxofone ja era conhecido em 1885. tempo em que se acompanhavam com insrrumentos de corda e de metal as Iindas valsas lentas em tom menor que Jose Freire as executava ao saxofone. Naquela epoca ja se com punham musicas especialmente para 0 sax, tais como Tango 8atuque ou 1lIruna, ambas de Luciano Gallet.

"

sax soprano. s.m. Instrumemo de sopro, de metal. com IUbo reulineo. alongado e cOmco. provido de um sistema de chaves semelhame ao oboe, e de embocadura de palheta simples como a clarinete. Afinado em D6 au Sib. "

Mas, desde a sua invent;ao no seculo passado ate quase a decada de 60 ja neste seculo. 0 sax soprano vivia, quando muilO. escondido junto as set;6es de metais das bandas militares, ja que brilhava outro instrumemo de timbre muito parecido, porem mais antigo e estudado, 0 ciracto c1arinele. Pouco a pouco os adepcos do sax alto e tenor foram aumemando e se (Qmando mais populares principalmente pela facilidade de seu dedilhado em rela~ao ao c1arinete. abrindo espac;o tambem para a sax soprano em vi nude das tendencias timbrisricas da era do jazz modema, do rock e dos instrumemos eletr6nicos que faziam prevalecer a sonoridade metalizada do sax soprano em oposiC;ao ao som 'amadeirado', doce e suave da c1arineta. Innuencia marcante exerceu John Coltrane nas decadas de 50 e 60 e no inicio da decada de 70 os discos de Wayne Shorter com Mi lton Nascimento popula ri zaram definitivameme 0 sax soprano entre n6s. Urn bom exemplo da linguagem moderna do instrumemo pode ser ouvida na musica Chorinho pra Ele. composta e executada no sax soprano por Hermeto Paschoal no disco Slave Mass. Apesar disso. nao fossem os grandes clari netistas Severino Rangel. 0 Ratinho (criador do classico SaxoJone. par que choras?)' Nicolina Capia. 0 Copinha, Abel Ferreira, Pedro Silveira Neto, 0 Netinho, Moacir Marques. a Bijti e ~UIroS (amos musicos que acreditaram e investiram seu precioso tempo em estudar esre desafinado, desconfonavel, pequeno e duro saxofone, na~ (eriamos uma linguagem taO diversa. rica e bem defin ida como a que temos hoje no sax soprano. Se hoje existem grandes ins(rumemisras. especialistas neste sax como ze Nogueira, Marcelo Bern ardes, Paulo Sergio Santos, Mario Seve e 0 mestre Paulo Moura, devemos, sem duvida. as obras dessa ge ra~ao de insrrumentistas e composirores que eternizaram uma cultura tao desprestigiada por nossos govern antes porem tao respei tada pel os musicos e adm irada no mundo imeiro. • Dirceu [ewe emusico. tanfOu 0 Cd Voce de LeWe onde executa dil'ersas JalXas no sax soprano

7


RARIDADES

maRIRES E[HOROS

ii,VROS

Jose de A.

Comemorado 0 sen centemirio em 96, a Banda do [orpo de Bombeiros do Rio de Janeiro memia este relan~amento. Maxixes e Choros - Banda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal Odeon (MOFB 30 12), 1957. arlos Alberto Ferreira Braga com-

C

pIela 90 anos neste mes de ma r~o. Pra quem nao sabe este e0 nome de Braguinha, 0 popular Joao de Barro. Sao novema anos de marchinhas. sa mbas,

vers6es em porlugues, fUmes, producao musical. d i re~ao de dublagem. enfim. imimeras arividades de urn multifacetado

Braguinha. E quanta coisa nao lera ele Feito que nem nos passa pela cabeca? Amor de inumeras mU5icas que lodos

8

conhecem e ninguem sabe de quem sao, ouviu certa vez urn comemario jocoso de Ziraldo, presenciado por Sergio Cabral numa roda em que eram camadas musicas suas. La pelas lamas 0 desenhista virou pro JO.3.0 de Barro e exclamou: "Ah, entao voce que e0 famoso Cancioneiro Popular?". De qualquer Forma, quem quiser conhecer de penDa trajetoria do compositor naD precisa ler muito trabalho. Basla ir ale a livraria mais proxi ma e enco· mendar a ob ra de jairo Severiano sobre 0 'tal' cancioneiro. La 0 leilor encomrara delalhes sobre a obra de Braguinha. os concursos que conquislou, seus parcei ros, sua pan ic i pa~o como diretor musical etc. E0 que e mais impOrtame, encomrara um trabalho serio e bem escrilO. de alguem que conhece a fundo 0 assumo e 0 biografado Eo que e melhor. Jalro se concemra especificameme na obra do compositor. sem esmiu.;ar sua vida particular. abrindo mao de urn expedieme rnereadol6gieo lao explorado pelos biografos hoje em dia. )i>s. nos lemos Braguinha e uma obra fundamental para que possamos emender urn poueo mais nossos personagens e nossa hisloria. E faz jus as figuras sensa· cionais de Braguinha e lairo Severiano. Rodrigo Ferrari

m pr6ximo numero da nossa revista Roda de Choro, mestre Nei Lopes focalizara, em artigo sabre Anadeto de Medeiros e a Banda do Corpo de Bombeiros, a c ria ~ao e trajet6ria do glorioso conjumo mUSical da rna is respeitada e querida corporay3.o carioca . que comemorou seu cemenario em novembro do ana passado. No numero an terior Henrique Cazes, no art igo As Gravat;6es Mecanicas. presta valiosas i nro r ma ~6es sobre os primeiros regislros fonogrMicos de Choro pela Banda do Corpo de SOmbeiros. Ao relembrar a existencia do vinil Assim que e... gravado por Pixinguinha e Sua Banda, na se~~10 Raridades, fizemos rapida referencia a sua comemporane idade com 0 disco A·faxixes e Choros. gravado pela entao Banda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Tudo concorre pa ra a oponunidade de relemb rar esta raridade que, juntameme com Marchas de Rancho e 0 compacto Rancho das Flores (memoravel e polemica parceria do poetinha Vinicius co m Johan Sebastian Bach), assinalam talvez os ul timos regisl fOs fonograficos da Banda nos generos da musica popular de nossa cidade. E assirn vai. No disco, nem ludo e Choro e maxixe, se observadas suas design a ~6es e rormas imerprelalivas originais. Sarambd U.Tomas e Duque), Pe/o telejone (Oonga e Mauro de Almeida), ChriSto (SiC) nasceu na Bah ia (Sebastiao Cyrino e Duque) fazem parte do repen6rio dos sambas da chamada Velha Guarda (Pixinguinha e companh ia): Ora vejam s6 e um dos sambas classi cos de Sinha, sobretudo na versejac;ao sempre relembrada de

E

e

Mario Reis. No tabu/eiro da baiana (Ary Barroso) nunca fOi Choro ou maxixe, nem aqui nem na China. Mas uma simples audic;ao destas faixas nos leva, necessariameme, ao tipo de banda de que nos falara mestre Nei. Na realidade. os arranjos do maes tro capilao Antonio Pinto Junior transp6em para a ins t rume ma ~o de metais e palhetas da banda civicomili tar as harmonias. contrapomos e ritmos concebidos para outros formatos instrumentais. Os verdadeiros Choros e max ixes. no entanto, es{~10 mUlto bern representados pelas fa ixas Andre de Sapato Novo (Andre Victor Correia). Odeon (Ernesto Nazare th), Futilidades (Antonio Pinto Junior). Cigana do Carumbi (j. Rezende), Brejeiro e Tenebroso (ainda Nazareth) . Merece destaque ainda 0 surpreendente Choro Riso Faiso, do maestro bombeiro A. P. Junior, que por sua riqueza mel6dica e harmonica bern poderia ser objelO de novas vers6es inslrumemais. Em todos estes registros, feitos em estudio. e perfeitameme idemificado 0 cara.ler de banda de musica, como se locasse em prac;a publica - a perrei la harmonizac;ao dos timbres meta.licos, os graves nas baixarias, as solos de trompas, pistoes e trombones, os con· lraeantos de (ubas e bomba rdinos, 0 f1oreado das palhetas e f1autas, a marca~ao segura e discrela da percussao .. Nao precisa entender de banda de musica : basta ouv ir pTa gostar. • JOSe de It I£ai i arquiteto t tamlxmnisra amadar.


~~

DATAS JANEIRO: 08!jan11906 - 0 compositor Aldr Pires

Vennelho, aUIOT de Dd cd 0 pe. loura (com Lamartine Babo), nasee em Muriae (MG)

1 ISCOTECA "-41BASICA

291jan/1913 - Antonio Cardoso Martins, 0

Russo do Pandeiro, nasee em Sao Paulo (SP). Rilmisla e compositor, fez com BenedilO Lacerda 0 samba Crianra. romajuilo. 3lfjanl1866 - Nasce em sao w is (MA) Catulo cia Paixao Cearense, autor de versos para

obras famosas como Rasgo

corardo (lara, xOlis de Anaclew de Medeiros) e Voce ndo me dd (Bambino, tango de EmeslONazareth) 0

3i1jan1t 908 - Em Santa luzia do None (AL) nasce Otaviano Romero Monteiro, 0 maestro fun-Fon, autor do choro ,Murrnurando.

Leonardo Miranda *

SAUDADES DE UM CLARINETE

K-Ximbinho Eldorado, 1981 Esgotado em LP e jamais lan ~a do em CD

FEVEREIRO: 03lfev/t 935 - 0 violonista pernambucano Quincas Laranjeiras morre aos 61 anos no Rio

de Janeiro (RJ) . Panlcipou da serenata em homenagem a Santos Dumont em 1903 04/fev/1997 - 0 pesquisador carioca Ary Vasconcelos complera setema e urn anos de idade. Autor de, entre outros. Nova Musica da Republica Velha (1985) e Panorama da Musica Popular Brasilelra (1964). 091fevl 1909 - Nasce em Marco de Canaveses. Portugal. Maria do Carma Miranda da Cunha, a Carmen Miranda. que gravou para 0 carnaval de 1930 a marcha laia, ioi6 (Henrique Vogeler. Luis Peixoto e Marques Porto) 27/fev/1900 - Em Aracaju (SE) nasce a compositor e clarinetista luis Americana do Rego. E sua a valsa Ldgrimas de virgem (1931) 281fev/1935 - Mane aos 8i anos, no Rio de Janeiro (Rj), Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. E sua a po1ca Atraente.

MARCO: 131mar/ 1945 - Morre no Rio de Janeiro (RJ). aos 34 anos, compOSitOr e instrumentista Custodio Mesquita de Pinheiro, au{or de, entre ou{ras. Quem e? (choro, com Joraci Camargo). 21/marl l 906 - No Rio de Janeiro (Rj) nasce 0 compositor Antonio Andre de Sa Filho, parceiro de Noel Rosa no samba FllasoJia e autor do hino do Rio. Cidade maravi1hosa (marcha. 1934). 29/mar/1997 - Completa 90 anos a compositOr carioca Carlos Alberto Ferreira Braga, 0 popular Braguinha au Jo3oo de Barro, autor dos versos de Garinhoso (com Pixinguinha) e Seu Lib6rio (choro, com Alberto Ribeiro). 29/mar/1960 - Mane no Rio {RJl. aos 60 anos, Luis Americana do Rego, clarinetista, alllor do sensacional Tocando pra voce (choro, 1931).

°

Comarnos com a ajuda dos leitores p<!ra enriquecer a eoluna. bern como para nos corrigir quando necessario. Agradecernos a Jorge Roberto Mam~s. da FMIS. RJ: Garlos Roberto de Glmpos. do Clube do Chom de Porto AJegre e Walter N. Ferreira, de Cachoeiras de \tacacu. RJ

F

alar desse disco e falar de K-Ximbinho. Nele. 0 artista se encomra por inteiro: compositor, arranjador e in strumentista. Como compositor, K-Ximbinho no s traz doze Choros, alguns mais conhecidos como Eu quero e sossego e Sempre, ou tros menDs conhec idos ou ineditos, co mo Gilka e To sempre a[. Sao doze pec;:as que primam p ela qual ida de e que nos mos t ram um compOSitor preocupado com a integrac;:ao da rradic;:ao do Choro com as inovac;:6es harmoni cas o riundas do Jazz. Nesse aspecro seu s objetivos foram plenameme alcanc;:ados : os Choros sao saborosamente jazzisticos, permitindo ao interprete ampla libe rdade de imp rovisac;:ao, se m se descaracrer iza rem como Choros. Pelo menos tres deles se rornaram classicos do gene ro: os j a citados Eu quero e sossego, Sempre e a Choro Ternura, magisrralmente regravado p or Paulo Moura em 1983 no disco

Miswra e Manda. Como arranjador, K-Ximbinho nos revela m ais uma vez a r iqueza de possibilidades do Cho ro, ao lanc;:ar mao de varias formac;:6es instrumentais diferentes. do conjunto regional tradicional it orquesrra de Jazz, passando po r forma<;6es incomu ns, como na fai xa Ternura: flauta, oboe, clarin eta, bateria , guitarra, cavaquinho e baixo (1). Em radas as formac;:6es as arranjos do mestre vestem suas co mposi<;6es com indiscutivel elegancia . Par f im , nesse disco estao registrados as Ultimos sop ros do clarinere magico de K-Ximbinho, nessa epoca ja acometido peJa doen<;a que 0 levaria de nos. Ouvir a sua interpretac;:ao unica para su as proprias composic;:6es e um passo fundamental para qualquer instrumentista que se interessa p ela sua obra. Dos musicos que acompanham a m estre merece especial atenc;:ao o saxo fonista Ze Bodega, que divid e varios solos com K-Ximbinho , m ostrando seu in crive l tale nco imp rov isador. Esse d isco fO i gravado pouco ames do falecim enco do mestre KXimbinho, por iniciativa e empe nho do saudoso fagot ista Airton Barbosa, e s6 foi la nc;:ado apcs a morte dos do is. Infelizmente, a in da nao fOi lan<;ado em CD .

e medico e f/autista, solista no grupo Alma Brasileira.

* Leonardo Miranda

Rela~ao das musicas: Eu quem Ii sossego: Sempre: Meiguice: To sempre a": Gilka: Mais uma vez: Velhos companheiros: Penumbra: 5imoninha na Barra: Ternura: Autoplagio: e Catita.

9


DEPOIS DOS HR[OS

RECEITA DE CHORO

AFONSO MACHADO / LUIZ MOURA/ P.C. PINHEIRO rranscri~do

e harmonizariio

MaurIcio carrifho

S F7M

Am7/ E

Am7~~ E~

3

0~7M

07

~W- rrl£~IJJi FW~ r rll~

B~m7

3

A~m7

I ~r r~llr ~Z.jJ d E7

Am7

Am7;E 3

Am7~ \ ~

Ab7 Gm7 6

I; odd r F7M

Gm6

:WyJ Abm7

07

F~7

IJ

Gm6 F7

2¥m@.?J 1JO rW-i dr

j Ci(b 9)

,*SJr

M

I

Em7

Am

E7

r

E7/G~

Am

r Om7

F7M

SU IF r rJ eLf &11

I;

G7

-; l

Gm/ Bb

rr

I

G7(13)

I

1

oj

rr 6

rA.

ir

I •I

F7M

Ir

1['

J Jj

i

j

tU

• e J t

07/F~

J

I 2

F~7M

l7M

J

elM

C7M

Em7

3

A7

oj

f& r

:11

C(~S) aD

SeD


lRBIRIDTO

RECEITA DE CHORO

ROSSINI FERREIRA 7ranscripi o e harmonizafao Mauricio Carrilho S G6

Am7

G/ B

07

Em7

#n9u 1,] ad ler itgtrtTcr ~ [ t' ~it r rMTni ) n jj I J EJI !ijp n-HJ#n 001 @] J J j Jj tcJ [ ~r [lib i:t;Tt~ uri,; Jli& FPlI: : jDJ)lJ Ami

Am7

07(4)

07

G6

01

G/ B

Am7

113

B7

E7

ClM

Om

G

segunda uez 30 trio

Gm7

C7

G7

l

F6

ClM

Am7

C

07

Om7

G7

Bb7

G7

ClM

Am7

Om7

G7

n DlJ JDI J JJ::r pr i j ; r [r n

~~;:]'j Pn IiJ ) r: I C7M

F7M

-

i1l

Eh-.... 07

Bm7(\, S)

E7

r

Ab/Gb

Am7

_

3

CI G

Am7

oj

07

G7

ao S e trio trio

2

C

A7

07

G7

G7

C6

C

07

~allEft rIbr ]" 5r UTE: Q r f r -n r d 51 if1' r ; r r bF I •

G7

~Jo

C7

J 0

F6

Ikty d

-

Om7

ftttobiD*rb l([j tt11fJ)J

~:~J J iJ ndjE 'iiJ;~~rlr#rl1F t >,_ r I,. ; ' i1l~ ~ :t t· 1£ [ r r ] rj 0.

A7

nG; f nrJ:ncq n D

:1/


HISTORIAS DO ANIMAL

R[tIRRR DO RUEnR

Donde se conta como uma banda de maracujti revelou Oi num dia quente no Rio de Janeiro, acho que do mes de oUlubro. Era urn bela salao nas Laranjeiras, as anfitrioes zelosos de

F

lodos delalhes. tudo correndo

as

mi l

maravilhas. A musica eS[3va por conta do Pedro Amorim. sozinho com seu

cavaco na foda com algum pandeiro e

coro.

o repenorio do Amorim e

inesgocavel! A assistencia deliciada ia acumulando pedidos, que 0 cavaquinho respondia sempre com elegancia,

enquanto a Festa ia entrando pela noile e os convidados espalhavam-se pelo

local. 0 pirao esrava sensacional! E as aguas iam rolando, 0 pessoal enter¡

nand o os liquidos com bas lame competencia.

12

Agora que sou um observador privilegiado, nao ca rrego ma is meu instrumenlO nem amigos habit os. Emao fico bern calmo, 56 observando, sem dar pal pile. Mas, de olho, pTa ver se lenho algo pra comar depois. E pode apostar, sempre tern ! E neste dia, logo de cara, vi onde deveria concemrar minhas aten~6es E que neslas fes[as maravilhosas sempre tem alguem que destoa. Geralmente e alguem que bebeu demais, ou mesmo urn chaw de carteirinha que acha que sabe mai s que tOdo mundo. No caso foi birila, ja que a pessoa de que falo era reconhecida por lodos ali como uma grande figura. Voces sabem o que acontece com uma cabeya cheia de uca ... Circulava pela residencia uma cena batida de maracuja que era sorvida pelos presemes como um suco de frulas, tal a sua suavidade, e eSles 56 percebiam a gravidade do fa[o verdadeirameme havia muita cacha~a ali demro - quando ja estavam adernados. E depois de um de!erminado POntO ninguem aguemava mais 0 Mane Luiz, de porre e com uma exacerbada paranoia saudosisla. Era genre muilo boa, inclusive sempre que ficava 'chumbado' dormia logo - nao interessava onde, na cah;ada, na rua, na casa dos outrOS, no meio da sala, em pe, nao havia lugar ruim - 0 problema e que ainda estava naquele momentO presono. ou seja, 0 pior. Eu, ja velho e

0

paradeiro do instrumento

pelos anos de birita: ~essa molecada nao sabe 0 que e bom! "Ce' ve s6. 0 Avena.. Ninguem conhece!11 ". Tinha geme ja suspirando e olhando 0 relogio, achando que a hora do Mane dormir ja estava passando. E, num momenta de descuido. quando dei por mim 0 Mane j.:'l estava frente a frente com 0 Amorim, segurando-o pelo cola rinho e reclamando. agora com absurda raiva : - Valha-me Deus do ceu! Como voce nao conhece 0 Avena de CaSl ro? 0 Avena .. . 0 Avena .. . Eurn absurdo voce nao conhecer 0 Avena .. o Amorim, que ate entao eSlava alheio ao fato. olhou 0 Mane e disse secamente: kMeu amigo, a cilara do Avena esta la em casa, em local de destaque". E dando-Ihe piparOles no ombro. como quem raspa uma imagi~ naria caspa . arremarou: "foi presente )( do Herminio Bello". E sem dizer mais nada, solou em seu instrumento 0 encarquilhado. resolv! ficar do lado do E\'Oca~do a jacob. classico do ci[arisla Mane, urn pouco pra poupar as oUlros em homenagem ao bandolinista. convivas. OUtrO pouco por nao querer Na sala ninguem respirava. s6 se perder 0 que, achava, seria 0 acomeouvia 0 som hmpo do cavaco. 0 silencio cimemo da fesla. durou ale a ultima nota, quandO lodos E 0 Mane puxava meu bra~o e explod iram em aplausos e 0 nosso encrencava: "e urn absurdo voces nao Mane. aos pramos, pendurou-se no saberem quem foi a Avena de Caslror E p esco~o do musico, enchendo-o de escandia as silabas: ¡'I-na-di-mis¡si-vell beijos de mnta emo~o . E con forme Voces. jovens. nao sabem 0 que e born. estava pendurado no musico foi s6 sabem imitar 0 estrangeiro .. .~ - e escorregando, escorregando, ate estender-se no chao. adormecendo imediatapar ai arora, taO bebado que nem percebia que falava com urn mais que mente. cemenario famasma. Eu 0 abra~ava e Em sua volta 0 povo cont inuou a nao discutia, rogava calma e tentava fafes t an~a ate 0 sol ra iar, 0 Mane dormindo uanquilo. com um sorriso zer com que ele nao esuagasse 0 sarau, que ia embalado com 0 Pedrinho desangelical nos labios e a cabec;:a pousada, fiando perolas do repertorio do nosso revere me, aos pes do nosso ilustre cancioneiro - inclusive num deterCavaquinho. minado momento come~ou a enwa r modinhas, minha especialidade, e eu ca Recebemos em nossa redacao, misteriosariquei com a impressao que se tratava mente, envelopes assinados pelo chorao do de uma homenagem a minha pessoa. inicio do s~ulo Animal. Os dados sobre ele ja Mas 0 Mane era insistente, ia ineram obscuros, agora ~ que ninguem entende fernizando as pessoas com seu texto mais nada. Num caso impar de para normamortal. E estava obcecado com 0 pobre lidade, parece Que ele novamente esttl entre do Avena de Castro. que a matoria ali n6s. t nosso dever, entao, abriga.lo em nossa nao devia conhecer mesmo. 0 Amorim rada. Corresponooncla para 0 Animal: envie mio Ihe dava ouvidos, ou por nao eSlar mesmo escutando, au par experiencia. para a Rua ProfV luis Cantanhede, 240/203 De novo parou do meu lado erel aranjeiras -CEP 22245-040 Rio de Janeiro. RJ petiu. com sua voz rouca ja cunida


c::6'

DESDE QUE 0 CHORO

E CHORO

- VI

c::6'

RHDIO ERFIHRrAo DO ffREGIOnRl" Henrique Cazes '"

decada de 30 trouxe um saito qualitativo enos viol6es,

A

0

grupo passaria a atuar com a mais celebre

quanti tativa para a musica popula r no Brasi l. Uma

trio de base de tada a historia dos regionais: Dino-Meira¡

gera<;ao de compos Ito res e camares de altiss imo

Canhoto.

nivel surgiu e ganhou espa<;o tendo a rad io como

principal veiculo de divulgayao. Para uma eSla<;ao de rad io da epoca era indispensavel 0 trabalho de um regional, pais sendo um conjunto que

0 conj unto de Lace rda roi 0 modele seguido por inumeros Qutros, onde alem de desempenho musical era

uma disciplina espartana. Alem do sistema de multas por faltas e atrasos,

exigido do mus ico

naD necessitava de arranjos escritos,

a lideranya de Benedito muitas vezes tinha a agilidade e 0 poder de imera imposta com violencia, norprovisayao pa ra tapar buracos e mal men te aplicada ao ritmista. E. resolver qualquer parada no que se importante desracar que havia outros refer isse ao acompanhamento de bans regionais, mas invariavelmente 0 cantores modelo seguido era 0 mesmo. Em seu Assim, com 2 au 3 viol6es, cavadepoimenro no MIS, Jacob do quinho, um au mais ritrnistas e urn Bandolirn demonstra sua admirayao solista para criar introduyoes em propelo conjunto de Lacerda, tanto na fusao. estava resolvido a problema, com musica quanta na metodologia disuma excente re layao custo-beneficio. ciplinadora de trabalho. e afirma ter Dito assim parece exagero, mas sido este a seu modela. Com 0 ex ito do Conjunta Regional a forma como os regionais de radio trabalhavam era tao funcional e objede Benedito Lacerda - que alem de tiva que a flautista Dante Santoro rinha atuar no radio, gravava muita e com apenas uma introdu~ao que era adap0 Regional de Benediro Lacerda. as maiores names da epaca - em tada a qualquer ritmo e andamento. pouco tempo a Formato dos grupos de mesmo que Fosse no compasso rerna ri o de uma valsa . Choro deixa de ser diversificado para copiar a formula. Os programas de calouros eram outro nicho de Esse fato. que va i se repetir mais tarde com Jacob e a programayao para as quais era indispensavel a presenya Epoca de Duro, embo ra natural, vai tTazer um ceno empobrecimento ao genero em rermos de variedade de do regional. o primeiro desses grupos a te r uma organizayc1o timb res. maior fOi a Gente do Morro. nome dado par Sinha ao Se na decada de 10 e 20 tinhamos Choro gravado grupo farmado em 1930 e que sendo liderado pelo por bandas, trios, quarteros sem base (do tipo clarinete. trompete. bombard ino e tuba), solisra com piano acornflaurisra Benedito Lacerda, rinha ainda Canhoto no cavaquinho e Russo do Pandeiro, entre ourros. E. curioso panhanre e ourras formayoes, aos poucos a Choro passa que neste grupo que gravou diversos discos peJa a ser gravado s6 com regional, num modelo que vai gravadora Brunswick . Lacerda cantava. Com 2i anos de permaneeer quase inalterado par quarro decadas. idade, Benedito ja trazia experieneia de toear flaura em As experiencias realizadas anos ames, gravandocinema mudo e saxofone em orquestras, e ja se Choro salado em tuba (pelo Prof. Jose Antonio), em manifesrava seu agu~ado tina comereial que a levaria ofic leide (pelo Irineu Batina), bombardino (pelo anos mais tarde a possuir um av iao, easo rarfssimo para Candinho) enos mais diversos insrrumentos, vao dar urn musieo e compos itor no Bras il. lugar ao solo de nauta, c1arinere au eventualmente Poueo depois surgiria 0 Conjunto Regional de bandolim com aeompanhamento de regional, crista¡ Benedito Lacerda, com 0 prop rio e mais Canhoto e li zando um resultado que, apesa r de arrist icamente Russo , Gorgulho (Jaci Pere ira) e Ney Orestes nos maravilhoso, afuni lou momentaneamente as possibiviol6es. Mais tarde Gorgulho foi substituido por Carlos lidades do genera. • Henrique cazes emlisico Lentine e a panir de 37. com a entrada de Dino e Meira

13


DE SAO CRISTOV AO A

z

DE COMO 0 CHORO, uma visao esquematiCa das con di<;6es gerais da sociedade brasi leira nos seculos XV I e XV II . vamos observa r. dominando a paisagem da casa-grande da fazenda e ao redor dela. a senzala dos escravos, a capela e, raramence, uma escola. Nesse quadro, 0 lazer dos abastados era cencrado na [greja e proporcionado pelos escravos, inclusive a musica. Porque, durance codo 0 tempo que durou a ordem escravista, a atividade de instrumencista musical fOi, no Brasi l, atribui<;ao exclusiva dos negros, escravos ou libertos, E ate os anos sessenca deste seculo XX, fo ram os afro-brasileiros os arqui tecos do som e do ritmo deste pais, Inclusive e principal mente do Choro, esta " flor amorosa". De repence, os negros foram sum indo, Notadamence dos grupos instrumencais, como os de Choro, Por que'

1(j

I

MUSICOS EXECUTANTES

De repente, os negros foram sumindo. Notadamente dos grupos instrumentais, como os de Choro. Por que?

Em [6 [ 0, um fazendeiro do Rec6ncavo ba iano brindou e pasmou 0 viajance frances Pyrard de Laval com a audi<;ao de uma banda de musica compos ta por cerca de trinta escravos, regidos por um maesero eu ropeu. rl..c;J~~~411~;;;;;~;JJf1.IF=i Algum tempo depois, no Rio, padres jesuitas criavam uma escola de musica onde trabaIhadores escravizados aprendiam no<;:6es rud imencares de teo ria e execu<;:ao geral de ins¡ (rumentos.

De principios a meados do seculo XV III se in icia, em Ol inda, Pernambuco, a fabr ica<;ao de instrumencos de sopro e corda. E, na Bahia, a Irmandade de Sanca Cecilia obtem 0 "monopol io do exercicio da arte musical", fundando , la, varios cen eros de cultura artistica, Na esreira desses acontecimemos, em

1745, no Recife, 0 frei Manoel de Deus assistia, na capela da Se, uma exib i<;:ao de um grupo de musicos negros que bri(}!.tlnee. urn do, IfIltIs 8"t'l0'

'",ffll~nlOS

mus.c"" dll WI/h.


ONA SUL ...

l

I

NEI LOPES

MUDOU DE CARA Ihavam na execUl;:ao de instrumentos europeus. E, no Rio , em 1748, outro religioso , 0 padre frances Courte de La Branchardie re, expressava sua curiosidade em rela,ao ao som das rabecas, tocadas por negros. Na virada do seculo XVIII pa ra 0 XIX, os membros da familia de Joao Alves Feitosa, 0 mais ri co prop rietario agricola do Ceara, em suas vis itas a capi tal, faziam-se sempre acompanhar por uma banda de escravos. Da m esma fo rma que 0 1mperado r Pedro I manteve, na Quinta da Boa Vis ta, a chamada "O rquestra dos Pretos de Sao Cris t6vao". E, na Bahia, em Feira de Santana, por vo lta de 1865, a fazenda Raimunda Po rcina de Jesus mantinha, com fi ns lucrativos, uma banda de mus ica na qual ate

mesmo

0

maestro era seu escravo .

Dessas bandas ru rais as fam osas " bandas de barbeiros" das gran des cidades, e chegando ate as bandas m ili tares como a do ;;;;;;:_;;;;;;;Jlii;;;;;;;;;;;.~ Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, organizada em 1896, a musica do povo bras ile iro conheceu, sempre, gran des negros e mulatos instrumentistas. E, a partir da virada deste seculo (e aqui nao nos referimos aos mus icos negros Iigados a Igrej a, que tambem sao numerosos), reve lou, tambem, grandes compositores, arranjadores e regentes, entre os quais os fixadores daquilo que yiria a ser 0 Cho ro.

~ l l1 a

CRIADORES MUSICAlS Organizador da Banda do Corpo de Bombeiros do RJ e co ntemporaneo dos eruditos afro-brasileiros Henrique Alves de Mesquita (1830-1906) e Adelelmo Nascimento (1852- 1898), 0 negro Anadeto de Medeiros (1866-1907) foi, alem de executante de varios instrumentos de sopro, com positor e orques trador, sendo unanimemente cons iderado 0 criador do xote brasileiro . Quinze anos mais m o,o que Anacieto , ourro grande expoente da cria,ao musical afro-brasileira na vi rada do seculo e Patapio Silva (188 H 907) que, em 1903, recebia diploma e medalha de Cn,na , UI /lit a IlIIm/n8s de perir9 sonoras .

15 Das bandas rurais as bandas militares, a musica do povo brasileiro conheceu, sempre, grandes negros e mulatos instrumentistas,


DE SAO cRlsTovAo

ouro do Instituto Nacional de Musica. Legiti mo sucessor do g rande fi autista mulato Joaquim Antonio Callado (1848- 1880), que int roduziu nos sal6es

0

lundu das senzalas -

no m esmo m om ento em que

Chiquinha Gonzaga (1847- 1935) . fil ha de mae solteira e mesti ya, abrasilei rava a polka eu ropeia e dela fazia nasce r 0 maxixe - Patapio representa a fronteira entre a m tisica do pavo brasileiro e a musica

15 Com a mudan~a da ordem econiimica no pais, a partir de 1888, 0 mercado para 0 miisico essencialmente popular ficou restrito.

erudita , de extrayaO europeia. Mas, entre todos, 0 mais festejado criador musical afro-brasileiro e Pixinguinha ( 1897- 19 73), no tavel co mposito r. orquestrador e regente, musico absolutame nte origi nal. E de seu tempo sao. entre outros, os nao menos notaveis Candinho do Tro mbone (18 79-1960), Sebastiao Cyrino ( 1902-1968), Donga (1889- 197 4), Moleque Diabo (m . 1938), Bo nfiglio de Oliveira ( 1894- 1940), Quincas Laranjeiras ( 1873- 1935), Paulino Sacramento ( 1880- 1926) e Sinho (1 888- 193 0). Depois desses, 0 Choro conheceu Claudionor Cruz, Astor Silva, Porfirio Costa, K-Ximbinho, Arlindo Fe rreira, Moacyr Silva , Moad r Santos, Raul de Barros, Norato, Carioca, Manuel da Con ce i ~ao , Toco Preto, Darly Louzada , Neco, Ze Me nezes, Paulo Moura, Juarez Araujo - e inume ros outros que se to rnaram responsaveis pela linguagem que domino u a vida musical brasilei ra, dos anos 30 aos anos 60. no d isco, no ract io, no ci nema, nos bai les, nos shows e na nascente televisao. Ate que a bossa-nova, primeiro, de pois 0 re na scimento do Choro nos anos 70 , "digni fica ra m" a profi ssao de musico, antes uma ati vid ade predominante mente exercida por negros e pobres, desce nde ntes dos escravos das faze ndas e dos musicos-barbeiros de antanho.

OUTRAS MAOS, OUTRA CARA

Com a mudanya da ordem econ6mica no pais, a pan ir de 1888, 0 mercado pa ra 0 musico essencialmente popular ficou restri to. Vive r de musica, 56 como organista de igreja ou nas orques tras de teatro ou dando aulas para as filhas das familias mais abastadas. Entao. a musica a base de flauta, violao e cavaquinho -

a mais caracrerisrica do Choro carioca

- que nao reque ria conhecime ntos teoricos elaborados, passou a ser 0 lazer dos musicos d iletantes, dos funcionarios publicos, dos que tocava m so "a bem da boia", como se dizia nos tempos do Alexandre Gon ~ alves Pinto, 0 A nima l. Esse quadro so comeya ria a se revener a panir do sucesso do Pelo Tete/one, em 1917 , e com a co nsequente

•


A

ZONA SUL

desvinculayao do direito autoral do amb ito da arrecadayao teatral. controlada pela SBAT, 0 que viria a ocorrer apenas nos anos 30. A partir dai, 0 rad io comeya a absorver boa parte dos musicos de extrayaO popular. E e nessa chamada fase aurea da musica popular brasileira, que vao brilh ar aq ueles nom es acima referidos como K-Ximb in ho, Claud ionor Cruz, etc. Porem , muito mais que os instrum ent istas, vao sobressai r os canto res, jii que nessa epoca 0 pri mado e da CanyaO, em $uas ma is va riadas formas. A questao cent ral deste arti go , entao, e aqui que se coloca. No momento que, no Brasil, a atividade musica l, antes exercida pri mordial mente por negros e mestiyos, passa a ser, em termos industria is, uma das mais rentaveis do mundo, por que quase nao se ve mais instrumentistas negros nem nos regionais do Choro? Um principio de resposta parece ser 0 fato de que, no Brasil, a massa negra, em termos de merca do de trabalho, ainda esta na base da piram ide. Assim , a um musico afro-brasileiro, de um modo geral, 0 exercicio da atividade musical por mero lazer, como nos tem pos de outrora, nao faz nenhum sentido . 0 que conta e a musica como veiculo

de ascensao econ6m ica e social.

•

Mas ai surge 0 im passe e 0 dilema . Os filhos das classes ma is abastadas que vieram para a musica depois que a bossa-nova colocou em suas maos 0 vi olao (e depois a gui tarra, e mais tard e 0 cavaquinho) , dispuseram de te mpo e dinheiro para frequentar escolas de musica e paga r professo res, 0 que nao ocorreu na mes ma medida com os da base da pi ra mide. Desta form a, 'dignificada' a profi ssao de musico, eles entrara m no mercado de trabalho melho r equipados e, sem querer, fecharam aos afro-brasileiros um dos seus historicos canais de ascensao social. Pois foi assim , a partir basicamente da Zona Sui carioca primeiro de Copacaba na e Ipanema e, depois, da regiao de Laranjei ras, Botafogo e adjacencias - que a musica instrumental brasileira fo i mudando de maos e de ca ra. Muito mais Tom Jobim que Johnny Alf, por exemplo. Com relayaO ao Choro, ela continua sendo otima, uma das melhores do mundo, principal mente po rque se alimenta da tradi,ao. Mas, quer quei ram, quer nao, 0 Choro hoje tem tambem outra cara. E mais, num outro exemplo, a do Luis Filipe de Lima que a do Carlinhos 7 Cordas - esses dois j ovens talentosissimos a quem eu dedico, se m di stinyao, 0 meIhor da m inha afei,ao e da minha sincera ami zade. • Nel Wpes. 54 ano$. e sa mbis/(J

Esle art/go tem como re[erencia blbliogrdfica principal 0

ll l'ro

e escnlor.

de Jos~ Ramos Tin hordo.

Mus/ell popula r 6rasileira : de indl 05. negros e mesri~ (ferropoll s, \.bZts. 1971).

17 A partir da decada de 30 0 radio come~a a absorver boa parte dos musicos de extra~ao popular.


UMA CHORADA NA CASA DO SIX

CARLOS POYARES

SaM DE B.A.NDOU M JORGE CARDOSO

ALDEIA BANDA MANTIQUEIRA

arlos Poyares. unico musico do mundo a C ainda tocar flaUla de lata. na qual aprendeu seu oficio. grava pela vez um CD,

uvir um 'som de bandolrm' tacado com maJicia e Olima sonondade e algo que O emociona qualquer cristao. ainda mals se esse

mes que palre qualquer duvida. vou logo Adizendo: pra mim e urn des melhores discos em 96 e considero a Banda Mantiqueira

ele que ja panicipou de rpais de 80 discos e tem 60 anos de carreira E Choro do inicio ao fim em homenagem ao conhecido Dr. Assis. um dos fundadores do Clube do Choro de Brasilia, cavaquiS!a apelidado de Six por lef seis dedos em cada mao. promotor de rodas homericas. as vezes pra 300, 400 pessoas. Logo no inicio Poyares pega urn aviao e deco!a pa ra mais uma dessas reumOes gigantescas na Capilal Federal. Em seu reperIorio. muito Altami ro, Roberto Barbosa (0 cavaco Canhotinho, que participa especialmente do disco por quatro vezes) e composi¢es proprias. al«!m de Ze Toledo, Nazareth , o am igo Orlando Silvei ra, Esmeraldin o Salles, Jacob, Pixinga. Dante Santoro e a Maestro Cari oca. Na rada com dois vio l ~es de 1 cordas (Clovis Carvalho e Edson Masson), cavaquinho (Miltinho), pandeiro (Dacio Vechier), surdo (Ditinho) e acordeon (Cidao), os destaques fi cam por conta de Culdado vio/do Toledo!, lembrand o 0 tempo em que 0 solisla nao dava boa vida ao acompanhante, a belissima Sentimental, de Allamiro; \-bItei ao meu lugar. do Maestro Carioca. e Cidaddo ,ooulrsrano. onde 0 flautisla parece adOiar a cidade em que reside atualmente. Pra fin ahzar, 56 uma constatat;ao; como pega bern um acordeon numa roda de Choro1JJ

bandolim vem acompanhado de uma 'selet;ao' de choroes imegrada por Mauri cio Carrilho, Luciana Rabello, Tony, j orgi nho do Pandeiro, Paulo sergio SantOS e j 0<10 Lyra. Ai meu ~migo, e pura covamla. E assirn 0 primeiro disco de Jorge Cardoso, que nos seus vince e POlleOS anos impressiona pela qualidade como ins\rumenlisla e. peJa origlnalidade como compositor E um diSCO que se ouve com 0 ma ior prazer. torcendo pra nao acabar. e que merece especial atem;ao em Modu/ando e Uma rosa para ela. choros maduros, do tipo daqueles que se elermzam nas radas de Choro, e JmpressOes digilais. valsa imperd ivelment e acompanhada pelo violao do Mauricio, todas de aUlori a do Jorge Alem da · r egionaliza~ao· do MaIO Perperuo. de Paganini. l em ainda Para eu ser jelit. valsa do excelente e pouco lembrado Amador Pinho, e Quando me lembro, valsa de Luperce Miranda que tern como caracteris!ica o efeito no final. sugerindo dois bandolins. A presenca da musica nordes!ina vern com Lembranras do ReCIfe. de Jorge. ambientada com Viola de dez. cOCo, Iriangulo e tudo mais. j orge cardoso faz pane dessa nO\'a safra de bandolinistas. amadurecida nos an05 90 e que jumamente com HamIlton (OF), AdIl/berto Cava/canle e Marco Cesar (PEl e Brono Rian (RJ). demre QUIros, nos deixam coofiames de que 0 Choro continuara em boas maos

0

18

ae

5&glo Prata

wo: jOCt<u

CltOlVoo.\ M

o.So\

00 SIX.

PIIOOUllOO PQft o.uos P OVAI\fS.

U~

or:

PAS5~:

A I'l10(111.... SE:s NO CHORO: CAAI'fHOSO; ClIMNGO; f IuofJA

""OOUZlOO POll R oooiffl STIWEftII

Co\lI'ONtNm> ()Io RoINOoI MANTlQUflM: NAVLOI'I " P N)'/E"IA" AUVEOO. SAX AlJO E CIMJ'i~E; CN:}' M AIJIQUIA,. SoU HNOtl f!'lJo<lR. V lOR DE A!.CAt. SAX "'UoOl\. SoU SOflVJo,O ~ IlAlilA:

D~ ElLlivm:

T~~~MOSO: SE'(fIIolEHUU.: PRES 0t:NTt fSPEAAHy\: MOSIcos f AIoIIGOS: EI'OCr.(Ao A NAZ .....£TH: VKlI.AO W.~HOSO: MISTUlIOSO: VOIJ!I NJ \~£U U.IGoIA: Ol)lOAo FW..US'WOO : EQUlll~IV.NOO: H OIolENAGE M A PUSIDEH ! PI\lOENTE : PfIOUAS 00 SoI.O~: Pt H T~&Wo: Doc! O! coco: ~ UMA

RaoElJOJlro: tt6U<Sl.':1'.l.

Rodrigo Ferran

Ml~HA 'l.-.c.E\\, CUIl)IOO ....

Ian~ados

urn dos melhores acontecimenlos na ml.isica instrumemal nos rilllmes anos. E desconfio que va se tornar na maior banda de samba. Chore. samba-dlora e Choro de gafieira do Brasil Na Iradir;ao das bIg-bands segue 0 caminho trilhado por Sevenno ArouJO e sua Orquestro Tabajara eva! mais adiante: 0 espat;o para solo e improviso de seus componentes ocupa lugar de destaque, por isso as faixas sao longas. a swing geral elmpressionante. a banda e afinadissima e o 'alaque' dos metais euma coisa de louco, Oucam a primeira faixa. Linha de Passe (sucesso de Joao BoSCO). pra terem uma amostra do que digo. Com arranJO do lider da banda Naylor Azevedo, 0 Proveta, Lmha de Passe deixa qualquer um pulando scm parar! a solo de trombone de pisto lacado por Frant;OiS de LIma e born demais! 0 'medley' SeIS no Choro traz urn solo belfsslmo do clarinele de Proveta e jUnlo com Carinhoso na faixa seguinte moma 0 que pede ser 0 Choro numa grande banda. E pra completar. a produ~ao de Rodolfo Stroeter eSla uma beleza - pede botar 0 CD no ultimo e mais aho volume que 0 sam continua seguro. Nao deixem de comprar esse diSCO: Aldeia. com a Banda Manliqueiral

GI >IC.\~OO '10 CI!O!IO; MODUlJ\~DO: ~NOO

5.!.LCI\DE; OE

M~lJ\-'::OUA CI(.,O,~A:

!>ACAlH-.r.,:

PARA

EU

00r

iJloIA

UIoI A PDS.\ .......... fI.A. EsPlNHA

SE!O. HLIZ;

T~AOllHA~OO;

IM~~SSOt:.s DICITAIS. Mom P~MPtT\lO; Q'JANOO IoI E L1!~'Bro.o;

PERM DE AllCAH; I.l.MBIV.'I{AS 00 R EClr~. E MIMIA TEllllA. PflOOUl lOO 1'01\ J OIIG t CAIlOO:SO.

M Iol.~:Cro Of

'Nt'.

SOuzA.

SAX MRiTO~. FWJT~ f PICCOLO;

FIlANr;o:s DE UMA. Tft0\1 !1ON~ OE \'~I.'I1.IlJ\: VAWlR FEIt'.EJM, TOOMOO'iE : NAIIO~ Go:'WES. TIlO"f'E1~ f f'1.OGEL; WMNJR G.L. T1lOfotPET'E ~ FlCCEL: OoEsIO jEI\JCO. T!'.OiotPETE E FlI)(;F.L: j A~B.l5 RoIRBO"A , GUITM\IIA ! vloLlo; EDW~ josE ALV ES . BAIXO E GUll'RI'Jo: Lno YZA/O. B.lTEPJA. ~ FREO PPJNCE. l"E!'.C\.ISSAo


- - - -- - - - -- - - - - - -

ces

-\N(:AMENTOS

TONINHO CARRASQUEIRA TOCA P1XINGUINHA E PATTAplO SILVA

ono de uma sonoridade extraorctinaria-

Dmente linda. Toninho Carrasqueira da rnais urn passo em direo;:ao ao Choro. genera

que sempre ouviu em casa, tacado pelo pat 0 lambem grande flautista loao Oias Carrasqueira, que tinha entre seus admi rado res nomes como jacob do Bar.dollm e Pixi"9uinha o CD se divide em duas partes bern distintas. Na primeira Toninho reeria sele musicas de Pixinguinha com as participao;:6es de Marco Pereira, Benjamin Tauhkin, Edmil-

son e Haralda Capelupi, Toninho Ferraguti e Qutros, inclusive este que vas escreve

Na segunda. nove musicas de Pattapio $H\'a rnais a Serel1ata Oriental de Ernesto Koe ller ganham versiio orqueslrada pela Maestro Adhemar de Campos filho para a Cine-Orqueslra Finarmoma. sob a regencia do competente Maestro Gi l Jardim. De quebra Alvorada das Rosas de julio Reis apresenlada na interpreta.;;io sabia do velho Carrasqueira. Pela qualidade do repertorio. dos arran· JOs. e prinCipal mente pela rara sensibilidade das interpre!ao;:6es de Toninho, este e um CD imperdivel, pOis deixa claro as tantas dife· rentes faces que 0 Choro possui.

e

Henrique cazes

RErE~T61\Jo: DESP~EZ~DO;

1....,£MIO:

I xo:

C~EGUEI:

Roy. : (rlO REI:

SEMTA O '.'.MG R' ; ZINH~.

MI(H: SoN~O : !\M OR

ORI E 'IT~L;

PERDIDO ; E','OC,~o;:.~o:

P/.GAo ; PRIM EI"!)

\\ '.ll(,.\ PJ CII:

b V:JJo: SE~EMTA ORIE NTAL : E .A,r..oAAD.~ (),I,S f\O&\S PI\OOU';:~O DE

,'It\R IA

Jost CNlFlASQUEIM E TO~INHO o.RMSQUfJlIA

P~F\TICIf'!LC~E! f.SPE:I~'S DE BE~ ~ '.1 1 ~ t~U~K N.

JORCE O SGIR. GL£Ll.O, E[)I.1 I.50~ C~PEWP I, W~Tm~ C lIS.

T.

F lRR.'(,IJ1"TI. H~~~I~)E C'.:lES , D R ~;: 0 CH.IUS. P RO"'H....

Is.\i.~s

B.

CEAw Ol :),; . jS!l~E~

DE Al',I<'I(),I" Do~.I\i~ l

\1.~l"",..sJ, HAW'-IX) (APWJPI , MA RCO p·P.l: M. M ~ESTW A,OIIEM~~ OE (A 'M'OS F lll1O, \\ ' ,EST"D Gl ljA KDlM . M MiM

ESTEll BM~D.\O. M ~Y M M ol\.~t:S. JU l 0 CE:<£.ZO, S.'ORCIO Buo.c.••t.I . RON'.wo P,\CHECO. WBR IEl BMUS. Sll',' ~ f\J CAI\DiNO £ M ~~I,~ JOSE C~~MSQUEIP.,\.

HENRIQUE ANNES &. OFICINA DE CORDAS DE PERNAMBUCO

EpOCA DE OURO E ARMANDINHO

o MELHOR DO CHORINHO AO VIVO

REPERT()RIO:

ravado ao VIVO no Jazzmania e, no minima, uma pfl)du~ao musical instigante que induz a uma discussao sempre presente na eyoiu~o da musica popular brasileira: sua capaCidade de c<lp tar e incorporar novas formas de expressao Armandinho bandolinista desde criam;;a, com raizes no trio eie[rico de Dodo e Osmar. mas foi com a cria~ao e lideran~a do A Cor do $om que exercitou tecnica e talento - sua hlstoria e a de um musico verdadeiramente brasileiro. D conjunto Epoca de Ouro, fundado em 64 por jacob do Bandolim. tem um nome emblema[iCO, sem ser nostalglCo. Volta·se para a revaloriza~o do Choro em seu principio mais legitimo a liberdade de expressao me16dica - guardadas as diretrizes, par Sl mesmas criativas, de suas estru· turas harmonicas. A mais recente forma~ao do [ pow de Duro (Dino, violao sele cordas: Cesar Farias e Toni, seis cordas: Jorge Filho, cavaquinh o; Ronaldo do Bandolim e jorginho do Pandeiro) nada perdeu da estru!ura iniciai - a permanencia de Dino e Cesar Farias SUSlenta 0 c<lrater musical eSlabelecido em sua origem Armandinho a ele se incorpora. Nas inOVJo;: 6es harmonicas e de ri[mos. eSla perfei!ameme clara a manut en~ o do c<lrater essencial do Choro Oas 12 faixas que compOem 0 CD, quatro Choros - Cabuloso, Assanhado, Diabmho Maluco e 0 classico NOlles Cariocas - um inusitado fre\o'o pernambucano - Sal de Baixo - e uma adaptao;:ao do Choro Aguenra Seu Fulgenclo, de L Lamanine. sao de aUloria de Jacob. Alem do classicisslmo Lamenro.l, de Pixinguinha. e da polca Siri la no pau, de Miguel Vasconcelos, 0 repertOrio se completa com 0 bis do sho'..., - 0 pianeiro Apanhel-te Ca.'aqUinho (Emesto Nazareth) e 0 performii[lco Braslieirmho IWaldir Azevedo). I\mes. uma brincadeira diveI1ida e criaril'a: a manjadissima Czardas, de Momi. a fei~ii o de tango. conc1uida como frel'o

GOSTOS ~HO ; PESQUW\.O.: j ~rE~~OCA~oo; E STMC~ DO SEIIT.\O; ,., VI(),I, ~ LM c.',1I~""~L: CAM~I~~; R EI 00 C ONG.\: R.'.ST[:A~X1 ; F~ EIO A 6:.w; M ESClAOO: C '.R I~E.A~,', ~. 3 : C HOW PA'" GUIN :;.I: C '"IOW l'JS-E; ,,"05.'1C0. \\ ~ ~ I'A CE

REPllITilRlo:

ago no come\-o do (eXlO que fez pra contracapa desse CD. Herminio Bello de Can'alho usou palavras como real . luxo e nobreza pTa explicar 0 que cabe dentro da Oficina de Cordas de Pernambuco. Padrinho de titulo, sabe 0 que diz . Denuo dessa Oficina acomece uma constante produ~ao de riquezas. lapida~o de pectras. polimento de materias·primas per nambucanas, recria~ilO brasileira de grande for~a musICal cada vez que as cordas se retesam. Sendo uma OflCina, Esses muslcos tern muitas ferramentas nas maos, cada instrumento guar· dando recursos em suas gavctas cheias de pe<;as sallaS - andamemos. dinamicas, frases - que eles van adequadamente Juntando em cada faixa ate que 0 disco esteJa scm arestas, feito em lorna repertOrio [ faZ principal mente Charos e frevos, com deslaque para 0 delicioso frevo-<iebleeo A Vida urn CGrnam/, que coma com 0 apilO decidido de Raimundo Batista chamando pra Festa na ma. Na introdw;:ao do Choro Irlterrogando. de joao Pernambuco, a Oficina de (ordas eila 0 Luar do Serlao - talvez dando ai seu parecer sobre aquela antiga polemica aUloral entre joao Pernambuco e Catulo da Paix;io Cearense - mas isso Dutra com..ersa Entre a for~ do maracatu (Rei do Conga , de Edgar Morais), a animao;ao do baiao (Pesqueira, de Marco cesar e Marco Silva A.raujo) e 0 lirismo da toada (Eslrada do serrao, de joao Pernambuco). ha ainda dais momentos espeCiais na valsa Canbearw n' J, de Henrique Annes, toca.da s6 ao violao, e no arranjo de Fernando Rangel para Manha de cama~'at tantas vezes gravada e dessa vez lindamente. com aquele monte de cordas har· monizando em tremolo, estremffendo quem ouve. Concei~do Campos

L

o

e

Ja e

C~~M·.'~L: f

DLI),I,

S,~I\.~ (c.~,.lCO) . ,A,D'J JERTO c.",~;.c.~~TI I BA~DOL~) : CLAUDIO

[110ll\

SE·A N [J ~):

e

jose de A Leal U MENTOS ; S.~I 00 U.'.'INHO: 5 RI T,~ NO

~() AS"-IlTG

OIRE~Ao MUSlUl: H U.RIQUE A~NES E MAIICO CEsAA. H. AN~ t:S [110LJ,01; \\.~~co ns.lR (BANool: M); L::DJ.'L~E

M OL M

G

FERNA NCO

R.\NG!Ol

f'!LU:

C~su.oso ,

N;u::'IT~ SEJ FlL.:;~'I(lo: "'5S.I~11'00_ C ~~~D'.S : S.'.M M DO ~',I.~O :

DIAI> NI IO ~\.~W<o: r>o TES C~RIOC""". AOA ~IIEI'TE C~':\Qu ~ HO: E Bp.... SILLIH ~ HO_

Il,~Rv.c.~O

(B.'Llxol:

R.\1'~l~ OO B mST~ (PE".ClssAo) PARTie fIO.o:;i'lf.S DE JORCE CA RDOSO (0.'11£0) EJ r.M FM~(OIS (MI.'<.O)

PROOUlIOO POR VINICIU~ s~, FuVIO Sr.r..·A E REri~ro Lull. ARRANJOS D£ O UIIO E AllMA,(DlhHO.

EPOCA

19


[

~"Nf;AMENTOS

CRISTOVAO BASTOS AVENIDA BRASil mpeca'lel!

~o

seu primeiro CD solo,

ICrislo\'ao nos bnnda com urn repenorio

fino. inslrume nta~6es imeressantes e arranJOS da mais alta ca!egoria. E mesmo quem ja

achav3

ism previsivel

por conhecer a

capacidade deste rnusico, e surpreendido com o resuhado alcan~do pela ousadl3 e 0 born

20

goslO de um anista (uJa inquietude nos revela experiencias como a interpret3((tlo de 'Round midnight numa rorma~o tipica de regior111i (que delicia ). ou a sonoridade rica e emo'

cioname de Mandacaru - Serrao de Caieo. E 0

requinte de Todo senCimenro, e 0 suingue de Os /res chor6es e Mistura e manda. Bravo, Maestro! FlOalmente. na A\'e nida Brasil tcmos 0 planista. 0 compositor e 0 arranjador. rooos

Sao Crist6vao -

aquele que conhece os

caminhos!

Pedro Amorim REPElIrO!tlo: Tu oo 51! TAANi,ORl.'OI,.;

OS

I~~S cooilOE.S:

f>1~~·MIO.

AI"E.~'o,o.

SO.AS.L; MA'QICA1lU - SiJIT,I,o Of CAlc6; UI'I Ct<O".O FI\IO \'~IDR; RullO lOM OlSlE. 'Roo'!D MIDNIGi1: MISruFIJ. E 101 ....1)\. Tooo SUIllIolE'ITO PmDUZlOO lOR A.UII 9I Cl/!DIA N.

Pl.Yio. AIIAA'IJOS [ D~Ao MUSICAL: CalSTOYAo &s1"o5. f>AIUlOf'O.(6ES DE ROflOiIO f jo'lj-W M 'XO : LucI~NA R~~~110 E Po\Uu~f1O n~

VIOl.'.

CM1IQ(j IN~O.

Zi: HOGUE II./. SAX SOP!\M;(): AM'A'IOO M"-~~l. FIR.I'I"IO. ZEfIO, ~11"60 ARAUJO E

10'" ~~o 00 PMOCIIIO: 1'£.".o.'ssAo: MAI'£O P£wu:

ClIIl.OS R"lJI: RK.~IIOO

~lOlAo

MIKE M ARSHALL BRASIL DUETS

conJunto Comoersa de Cordas, que no ano passado reve[Oll'se um dos mais originais grupos instrumentais com Btscuif, volta agora a nos deliciar neste \kill vil't'ndo de folia. Mais que urn disco de Choro. Marcello Lessa (viola. viol.'lo e voz). Marcos Souza (pianO), Paulo Heleno (cavaquinho) e Queca Vieira (vlollno) farem um passeio pelos ritmos brasileiros. indo da can~ao. da modinha e da toada ao samba de roda. ao samba·Choro e ao sambao. chegando ate a marcha-frevo. Yai·se vivendo de fol ia Brasil a dentro, por Gerais. Centroestes e Nordestes. mas passando sempre e naturalmente pelo Rio de JaneIro. onde o Choro marca presen~a em 4 fatxas, Entre elas. a obra-prima de PLxinguinha, Sofres porque queres, recebe um arranjo primoroso em que viohno. cavaquinho e pandelro comp6em uma terceira parte admir;lve! Mas a viagem atnda sera ampliada: 0 tango. 0 bolero e ate a cueca chilena (numa homenagem a Victor lara) tambem se apresentam - mas com sotaque sem duvida brasileiro. Novamente com as participac6es de Dom Chacal (percusslto). Mauro Sen ise (saxsoprano), Adriano Giffoni (baixo·acustico). e Lulu Pereira (trombone baixo), que ja tinham estado em BIscuit. 0 grupo traz agora malS con· vidados Afonso Machado (bandotim). Marcio Zen (fagote) e Marcio Mallard (celiol. alem das vozes de Regina Sposito e Marina Machado, A \'ariedade ritmica do COm'ersa de Cordas contirma a tendenCla que vem sendo aSSInalada no repen6rio de varios conjuntos de Choro que pretendem a renovacao do genero: a de buscar novos efeitos e sonoridades a partir de combina~6es instrumentais e da possibilidade inesgotavel de nossa tradit;~O musical.

choro soou no corat;ao dos americanos: Brasil Duets e fru!O hibrido e saboroso Em 1981, ainda no David Grisman QUintet. Mike Marshall, bandolinista , durante exOJrsao, ouviu um tipo de musica. em suas palavras. ·uma das mais ricas que qualquer um de nos havia escu!ado". "Man, IS there anyone playing this music today?" Indagaram "Who was thts guy?" Insisliram em saber 0 que Mike e seus colegas de quinte!O tanto apreciavam era 0 Choro brasileiro e aquele sUJeito era Jacob do Bandolim Qua!OT!e anos depots. em visita ao pais. \1lke descobriu que 0 Choro estava vi\'o e bem de saude. Brasil e uma co!~o de duetos com musi· cos escolhidos entre seils favo ri tOs, ainda segun· do ele. "tnsplrada em meu novo amor. as melo· dias e rilmos da musica brasileira de Choro". com a segumte ad\'ertencia ~e da.ro que a culpa nao e mtnha se nos desviamos urn pouco do Brasil" Estes novos caminhos sao justamente seu maior encanto: usam tude que sahem. do jazz ao dassico. o melhor momento e IxO. de Pb:inguinha. Sob 0 solo de Marshall. passeia 0 piano jazzistlco de Andy Narrell, II vontade. com uma puisayao gostosissima que da urn aroma diferenle a um ciassicQ, Creio que Radames Gnattali goslaria de ou\'i-Ios. Dulro destaque Fla-Flu. di\'idido com Edgar Meyer, baixista de conceno: os contra· pontOS por ele desenhados mlsturam 0 estilo barroco com 0 de Pixinguinha. "Mlisica nao conhece fronteiras". pondera Mike Marshall. Fronteiras terri toriaJS, nflo: permanecem. contudo. legitimamente demarcadas, as de origem espirituaL Para ele, "esta elegante forma musical nasceu quando europeus miSIUraram sua musica tradlcional com os ritmos afd· canos e indigenas". Pequeno tropec;o que nada significa, peno da deltcadeza e do talento com que MIke Marshall homenageia 0 Choro. Benvindos, ·guys·. ao nosso cora~ao Carlos Didier

O

Mana Helena Ferrari

! ~:o~ CttIPI'lA;

Po\TER.I~,

Po ....m: fUtUTA:

R fPEIIT6'-10:

MoII"l\O SENISE: SN<. AIJO. FLAUTA E F;.AJTlIoI: CllII.OS ,'IotAllA FLJ.Ut-'lS! SAX SOP')''IO;

JoAo tyM: '{ruo E I,ou. CA."R.o,; R.CAI\OO 11.1'.... 00: '1'00'10;

JOIIGf HEWEll: M!XO ILCUSTI(O: Mo.ulllOO

(O NVERSA DE (ORDAS You V[VENDO DE FOLIA

C~M.!um:

,1OtJ"O DE

7,

VITtOfI SMIDS: TMIoIwt.[. V~IS DE A"CLA IV.BEL.LO. AM OllIS. LlOA'I.', RA~UlO.

I\oRoA6 [ zt "l.1JOt;

'.'.CA ~CI PRO ~REJO: AooM '·~I. r-.~1oI0M~D O. DESE~OI>T1I(); CHKO \\MIIO: 0 fA..:;Q QU~ Et QUE."-~, R'II'fC"-DE M [),\S CO'lll-'lS 00 (()t;'1ts 00 M\'O COlo! U\\ loIi\1\11<I'(;1\O SOlIIAI\.oI\lMl.~HE 110 s6iPt XI~IIOS 00 "'.... '1.; SOf'llfS PORQLE QJEI'.ES. TA!VJ'I cON. VE~Ut.OOS; V(IoJ \Wi:~OO DE FOU~; T~OM!I~~~ E I'OP.CO-E.SP1NIIO; Esr'-'lf:O.S EUCoIL.OL; PI~A\''''' DE ~o.\: POOl! ~.o.; f AfIM..... OO EI-CM.NC.O.

O

e

II

PJI(loU!;Ao COAL:

Co~~

DE COIIDI\S.

RIl'D.TOOO: UIoiA l~lIO:

Fv.·FlL; L :lABlO SUllO: Luts A"'!IIlCA'IO ""

PR. E . J: IV,IVIrt: NAQUElf TOII'O; t~ OIFFERE~n. DESCEN OO A SE!\I\A. DE coM,Ao I. COtW;I.O; UI' CH()RJNHO Elol ~LDE~: GOlDE~ Eo.r.u: HO/\NI1PE. GosTOSIN~O: Sf1X~ 'I.', ESCADI: [ PAZ ~ ....LEc..IUA NO !.AA.

PIIDDUZIIlO POfI

,~t

M....I\SHo\u-


urn FRnTRsrnR nos 800 KH~ Car/os lIese/rad' i pelos idos de 43-44 eu era considerado muim cr ian<;a: nao me era permitido mexer no radio. Era um daqueles Capelinha (me lembrava a cabec;a do Bol.3.o da revisra 0 Tico-tico) que meu pa i ligava tada noite depois de apagar as

A

[uzes da casa. 0 que ele ouvia, em ondas curtas, era uma tal de Radio Moscou, que transmitia noticias sab re a gue rra contra as alemaes. Ai nda era a ditadura do Getulio, censura, pri s6es, suspeitas e denuncias. La na vila do Catete - fora um bicheiro e umas costureiras pretas - habicava o proprio Eixo: fei rantes portugueses, chaferes de ÂŤix i italianos, lavadeiras espanholas .. eis porque

meu pai, judeu russo e, portanto, suspeitiss imo, apagava as luzes pa ra ouv ir. baixi nh o, as derrotas do naz ismo escamoteadas pelo governo. Co m 0 fim da guer ra, a euforia democratica que se espalhou pelo m undo chegou tamb em ao Catete e sob rou pra mim: ja podia li gar 0 radio. Oescorti nou-se encao urn vasto leque de alternatlvas atribuidas pelas var ias esta<;6es, mas nad a propr iame nce de entusias m ar: super-her6 is LOdos melD bregas meio babacas (tinha 0 Homempassaro que. evidence, voava; 0 Sombra, que era inv isivel; 0 Anjo, espec ie de ban dido justiceiro); calouros (tal de Ary Barroso, cara meio ancipatico); novelas (aquelas distances Al ices de Montem6r revelando a Dom Alfredo de Castelar que Isabel era, na verdade, filha de Carlora); entre os engra<;ados. Piadas do Manduca era ob rigat6rio e PRK-JO era religiao. No entanto, nada barrava 0 lncrivel, jantdstico, extraordindrio do Alm irance, na Rad io Club e do Brasi l. Era mul a-sem-cabe<;a, morto-vivo, alma-do-outro- m undo , tudo isso as onze da noire, todos vindo de encontro a estranha necessidade infantil de se proporcionar emo<;6es ate rrado ras. Pois foi procurando a Radio Clube que, um a noire, esbarrei na freq uencia ao lado, que me chamou a arenC;ao quando ouvi 0 locuto r anunciar : Ouvem a PRA-3, Rddio Cemi(erio da Educa(Go, Rio de Janeiro. Cem irerio? Opal Olha 56 0 que eu descobrl1 [sso deve ser melh or que 0 Almi ra nte! Anregozei a perspecciva de ouvi r, todas as no ites, 0 ranger das tampas das sepulturas e os fancasmas voando e os esqueletos a chacoalha r, ja pe n so u? Enquanto mio co m e<;ava, tocavam la um a musica. Fui ouvindo. Incerminavel. A tal musica era ate boazinha, mas

as cave iras? Queremos cavei ral Fui ficando. Neris de fantasma. Jama is urn lumulo, nunca uma s6 mumia . Fo i ass im que, gra<;as ao malentendido proporcionado pela pessima em issao da Radio Mee, descobri e me vieie i em musiea classica . Passados uns dez anos, fu i para r na orquestra da Radio Nacional onde me vejo a tocar - veja voce - arranjos de Pixinguin ha sob regeneia de Radames. E mole? Covard ia!. . Foi assim que m e rornei dependence de Choro e samba. Na busca desenfreada e compulsiva pela droga e que vou esbarrar de novo no velho radio, mesma frequencia de 880 Khz, com a ago ra chamada Radio MEC-AM, que toea samba e choro ate duas da manha, e rem Paulo Tapaj6s fazendo Ant%gia do Choro, e 0 mio menos Tapaj6s l'v1auricia entrev istando Guinga e Concertos MEC 56 com Noel e Lamart ine e Orestes ... chegaram a me ocorrer lugares co muns ripo 'nem tudo esta perdido' e tal.. E verdade que tudo isto chega as orelhas do prezado ouv ime com a mesma chancela de qualidade so no ra de cinquenta anos atras: ch iados, zumbidos, silvos longos e breves, metra lhas e brltadei ras, m ones subitas e surpreendentes "estive m os fora do ar .. " s6 no dia seguinte. Nao duvido que urn novo candida to a ouvinte entend esse Radio Cem iterio da Educac;ao como eu naquele tempo . Mas, ainda ass im. vale (embora me ocorra, aqui, mais aque le lugar comum do 'nao tem tu .. .'). Pois bern. O ur;o, agora, uns estranhos rumores sabre im inente muda n<;a do nome da estac;ao para Radio Sociedade, 0 mesmo que Ihe deu Roquete Pinto ao funda-Ia. Percebe~se no ar vago perfume de sacanagem neo-l iberal privat izar;ao? Simples extin<;ao? Nao sei, mas ja ouc;o - deve ser alucin a<;ao - ao inves de Nazareth tocado pelo Jacob, u m presbitero promerendo a cura de toda enfermidade pelo sabonete da ben<;ao a ve nda aqui em nos so temp lo ou quem sabe urn locutor t ipo FM urrando "ai galeral pra voces curti r um a legal vou detonar a ulti m a do Ratos do Po rao!!!" Devo constatar que a noticia e alarmante, e confesso: fiquei muito - para parece r 'muderno' como a nos sa cultura - tiririca da v id al "'Carlos Acselnid

e musico

21


ISTURA & MANDA!

PIXINGUINHA DE BOLSO NO ARCO DA VELHA, RJ Nos dias 11 e 12 de abri l 0 Duo Henflque Cazes &. Marcello Gono;a lves estara estreando 0 show Pixinguinha de bolso no Espao;o Cultural Area da Velha (PO; Cardeal Camara 132, junto aos Arcos da Lapa. Rio). Alem de traze r urn seleto

w o

z

~

repertorio de c1assicos do ivlesue do (horo,

<

Pixingwnha de bolsa mos(ra raridades como 0 gen ial maxixe Os dOis se goswm e a \'a lsa Rosa em sua melodia originaL

~

g

e historias (uriosas se intercalam aos 14 numeros do programa In fo r ma~6es

~ <

z

<

o z X

PIXINGA :1.00 ANOS EM PETROPOLIS Dia 23 de abril.

as

10 e as 14 horas,

com entrada Franca, 0 SESC·Petropolis comemora a data com seu leauc de bonecos na peo;a Pixinguinha no Tea/fo Rio Brarlco, lextO de Paulo Sa com musica ao vivo do Regional Imperial. No dia seguin te. as 20h, apresentayao do 1° grupo formado a partir das rodas de Choro do SESC - Pelropolis, interpretando obras de mesue Pixinga_0 grupo vern com Paulo Sa (bandolimJ. Eduardo Lucena (f1aUlaJ. Henrique Drach (... ioloncello). Daniel Miranda (... ioUio). Flavia Melo (percussao) e Clay Prota,sio (contrabaixo acustico). e 0 espetaculo conta com a di reyao do bandoli nista. Informayoes as 3" feiras. de I 3 as 19 horas pelo lei (0242) 31.1488.

PIXINGA :1.00 ANOS NO MEMORIAL EM SAO PAULO Dia 27 de abril. no Memorial da America Lati na. urn conceno reuni ra a Banda SinfOnica Juvenil do Estado de Sao Paulo e Isaias e Choroes, sob regencia de Monica Giardini, em homenagem a Pixin· guinha. A en trada e franca e come~a as [9h. 0 Memorial fica na A.... Mario de Andrade. 664 - metro Barra Funda. Informa<;:oes pelo telefone (011) 8239611

PIXINGA :1.00 ANOS NO PARA Chamar-se-j Tributo a Pixi nguinha 0 show que 0 Grupo Gente do Choro fara realizar no Teatro Margarida Schiwazzappa, dentro do ProjelO 114 de Musica (quamfei ra), no proxi mo dia 23 de abril. quando sera lembrada a data de nasci mento de Pixinguinha. Mamor de BandoUm. PA

" PIXINGA :1.00 ANOS NA TRAVESSA DO OUVIDOR, RJ No ano passado. 23 de abril. a inauguravao da estatua de Pix inguinha Feila por Ono Dumovich abriu as comemora<;:6es do cemenMio do musico. A estacua estj na Travessa do OU\'idor. no Centro do Rio. lugar onde era 0 Bar Gouvea. local de predilec;ao de Pixinga. NeSle mes de abril os festejos continuam . Dias 22 e 23. das 12 as 14 horas. um Regional estarj se apresentando aos pes da estjtua . preparando os choroes para a missa que acontecera as 18:00h do dia 23. na ant iga Catedral que fica na esquina da Rua 7 de Setembro com lO de MaryO_ Na ocasiao sera apresentada ao publico a musica que Pixinguinha fez para 0 sa lmo 28 da Bib lia. ainda ined ita Logo em seguida a cerimoma se transfere para 0 Espatyo Cultural dos Correios, onde SeTaO l an~ados um selo e uma medalha comemorativos do evento. Na ocasiao acontecera uma exposi<;:ao de selos e medalhas e mui ta roda de Choro

PIXINGA :1.00 ANOS NO IBAM, RJ

o IBAM do Rio de Ja neiro promove atividades musicais homenageando Pixinguinha em seu centenario: Dia 1° de abril com entrada franca. as 21 horas acontece 0 recital Choros de Pixinguinha e lnventyoes de Bach - Dois Mestres do Contraponto. Com Mario Seve no sax e fl auta e Marcelo Fagerlande no cravo em pe~as que foram especialmente transcri tas para 0 cravo por Mario Seve. No dia 8 de abril Seve retorna ao IBAM de~ta vez com 0 seu grupo No em Pingo d'Agua lambem homenageando 0 mestre Pixinguinha

Ja no dia 15 de ab ril. 0 IBAM apresenta as 21 horas Marco de Pinna e 0 Sexteto Vibratyoes homenageando Plxingui nha num recital com 16 de suas obras. Tudo isso no Auditorio da Funda~ao Cultural do Inst ilulO de Mm inistra¢lO Musical. RJ o Sextelo V i bra~oes e composlO por Marco de Pinna (ba ndolim. violao tenor). Luiz Fernando Zamith (violoncello) . Yuri Popoff (ba ixo). Mauricio Verde (cavaquinho). Darly (percussao). Sergio de Pinna (violao) e a convidada Lena Horta na flauta

o CHORO AGORA VAl - ANO DOIS: RIOARTE HOMENAGEIA PIXINGA Durante todo a mes de abril , recordando a Pixinguinha. a Rioarte apresenta a 2" edi~ao anual do seu mini-festival de choro Eis as datas e os names das feras que vao partlclpar. Dias 3 e 4, quinta e sexta-feira: Henrique Gazes e Marcelia Gon~alves qias 5 e 6, sabado e domingo: Agua de ,\tlorirlga Dias 10 e II, quinta e sexta-feira: Pagode Jazz Sardinhas Club I?ias 12 e 13, sabado e domingo: Epoca de Ouro Dias 17 e 18, quinta e sexta-feira: N6 em Pingo D'Agua Dias 19 e 20, sabado e domingo: Madeira Brasil Dias 25 e 26, sexta e sabado: Gala Preto Dia 27, domingo: encerramento com Daniela Spielmann. Sheila lagwy e como convidada .I"eli Spielmann.

" A BEN~AO PIXINGUINHA" NO SESC POMPEIA DE SAO PAULO De 23 a 27 de abril, as 21h e no domingo as 20h 0 SESe Pompeia marca as comemora~oes do centenii rio com instrumemistas executando a obra de Pixinga: Dia 23, quarta-feira: Paulo Moum revivendo Os Oito Batul3S com a participat;ao do Com'eTSQ de Cordas: Dia 24, quinta-felra: Solo in Quarteto (Alcamiro Garn/ho. Mauricio Einhorn, Sebasrido Tapaj6s e Gilson Peranzzerra) com Aleh Ferreira. Regional e Quar/elO de Cordas Paulistano: Dia 25, sexta·feira: Solo in Quaneto com Toninho CarrasquelrG e Trinca de Azes: Dia 26 sabado: Solo in Quaneto com &JcalO & Banda. e dia 27, domingo, Paulo A10urG e a participa<;:ao de Larreio de Freitas.


TRA'<O DE XANDE VAl DE CAMPOS A PARIS

AGENDA DO AGUA DE MORINGA NO RIO

o endere~o do Choro em Toulouse na Fran(a e 0 bar Le Bouchon ('A Rolha'), onde

o Agua de Moringa tambem trabalhando sem descanso: dias 5 e 6 no Espa~o Sergio Porto. no dia 25 abrem 0 Conceno do Centenario produzido pela RdC na Sala Cecilia Meireles enos dias 25 e 26 se apresemam no Arco da Velha.

Dominique Chatain e seu conjunto Chororo se apresentam periodicamente.

No canaz que anuncia 0 programa apareeem personagens de desenhos do Xande. nosso jovem cartunista, Seus trabalhos tern chamado aten\ao de muila gente, e n a~ foi s6 na Fran\a que foram parar: jii. tinha sido feito urn cenario para palco com uma caricatura de Pixinguinha no Clube do Choro

de Campos (RJ) e 0 canaz do concerto no Memorial da America Lati na. da Banda Sinf6nica Juvenil com Isaias e Choroes Ed Motta, nOl6rio ap reciador de hist6rias em quadrinhos, ligou pra reda!;ao da revista 56 pra elogi<Ho. Xande esta

preparando uma galeria dos nossos cho·

roes que muito breve vai virar uma baira exposi~.iIO. Enquanto isso as assinames da Roda de Choro podem ir se deleitando com 0 tra~o do rapaz

Rodngo Ferrari. RJ

INSTRUMENTAL, ORQUESTRAL, COISA E TAL SO PARA QUEM GOSTA A partir de 7 de abril vai rolar toda 2· feira. no Cordao da Bola Preta no Rio. 0 Projelo Instrum ental , Orquestral, coisa e tal, sob a d i re~ao de Darcy da Cruz. 0 homem do trOmpele. e os conjumos Ases de Duro e Chorando no Rio, com a parti· c i pa~ao de inslrumenlislas e camores convidados. No Choro. Bira do Bandol1m, lider do Chorando no Rio. ja coma com a flautista Carlos Schroerer para a estreia. Darcy da Cruz afirrna: "este prOJeto e so para quem gosla. Com menos de R$ tO.OO um casal rem direilO a mesa das 17 as 22h e os conjuntos se revezam, sem intervalo". Bola Preta fica na i\v. 13 de maio. 13/3° andar (ao lado do TealfO Municipal).

o

AGENDA DO NO EM PINGO D'AGUA NO RIO Agenda cheia do No no mes de abril: dia 14 no Planetario as 21 h: dias 17 e 18 no Sergio Porto 2 1 h: e saem correndo para 0 Areo da Velha para se apresentarem as 22 h do dia t 8. repelindo a dose dia 19. Vale deslacar 0 grand~ sucesso que 0 disco do No em Pingo d'Agua, Receita de Samba, vem oblendo, sendo um dos mais \'endidos da gravadora Vison. Em maio eles come~am a preparar a proximo disco a ser gravado em junho pela Velas com produ~ao de Paulo Albuquerque.

as

REVE!-A,<Ao DE BRASiLIA ESTREIA EM CD Esta saindo do forno Destro~ando a Macaxeira. 0 primeiro disco do grupo brasiliense Dais de Ouro, que tern como base os irmaos Hamilton de Holanda (bandoli m) e Fernando Cesar (violao de 7 cordas). Depois de varios anos em alividade. com diversos premios obtidos, inclusive a 2° lugar no Festival do Choro do Rio em 95 e o premia de melhor interprete. dado a Hamilton. considerado hoj e uma das maiores revelao:;oes da nova ge ra~ao de bandolinistas. 0 grupo amadureceu e alcan<;ou a maiaridade anistica. lan<;ando agora esse tao esperado CD, que contou com 0 apoio da Funda~ao Cult ural do Distrita Federal. e que tern previsao de shows de lan<;amenlo nas principais cidades do pais. Ah~m de Hamilton e Cesar, compoem hoje 0 grupo Jose America (violao). Chico de Assis (cavaco). Beto (pandeiro) e Cunca (percussao) o telefone do Dois de Ouro para cantatas e (061) 224.0109.

sergiO Prara, RJ

GANHADORES DOS CDs SORTEADOS PELA RdC Os ganhadores dos CD's de Choro que a RdC oferece a cada no\'a edi~ilO. numa cones ia das gra\'adoras EMf Music e Kuarup, sao os seguintes Claudio Menandro de Oliveira, Resende, RJ; Al essandro dos Santos Penezzi, Piracicaba. SP; Raul Coimbra Storino, Brasil ia, DF: Simone Rocha V. Pinto, Rio, RJ; Osvaldo Justiniano Moura, Sao Paulo, SP; Mareoni Pinto, Niteroi. RJ; Claudio Oliveira da Silva. Rio. Rj: Fernando Mora, Petropolis. RJ; Edson Correa Porto, Brasilia, DF; Marlen e Maciel Barbosa, Sao Paulo, SP; Jose Slikta Filho, Saa Paulo, SP; Sebastiao de Araujo, Campina Grande, PB; Jose Carl os Moura, Piracicaba. SP: Mauro de Salles Villar, Rio. RJ: Cezar Gomes Carneiro, Belo Horizonte. MG; Ivan Moura Botelho. Belo Horizonte, MG: Guido Ivan de Carvalh o, Campinas , SP; Marce lo Villon Cleto da Silva, Campinas. SP: Edyr Paiva Proe n ~a , Belem, PA: Joao Cl audio Mattos MacDowell , Rio, RJ.

TOME NOTA: PRODU~OES DA

RODA DE CHORO DIA 25 DE ABRIL:

CONCERTO DO CENTENARIO em homenagem a Pixinguinha na Sala Cecilia Meireles a partir de 21:30 horas apresentando

o TRIO

Paulo Sergio Santos , clarinete, Mauricio Carrilho, violao , Ped ro Amorim, bandolim

e convidados: Maria Teresa Madeira , Ronaldo do Bandolim, Luiz Otavio Braga, Luciana Rabello, Leonardo Miranda, Marcia Gomes e conjunto Agua de Mori nga MEs DE MAIO: CICLO DE PALESTRAS

OESOE QUE 0 CHORO ECHORO NA CASA DE RU I BARBOSA SEMPRE As 19 HORAS

Palestras musicadas com Henrique Cazes , Jairo Severiano, Sergio Cabral, Joao Maximo e Zuza Homem de Meli a. SERlE DE SHOWS

CHORO 100 AN OS OEPOIS NA CASA DE RUI BARBOSA SEMPRE As 19 HORAS

22 de malo: Cristovao Bastos 26 de junho: 0 Trio 31 de julho: Madeira BraSil 28 de agosto: Agua de Moringa

23


o CHORO NAO PODE PARAR ••.

FENAB COMPLETA 20 ANOS COM NOVOS PROJETOS

Por anos consecu(ivQS, fregueses ass iduos do saudoso Vou Vivendo Bar.

Boas noticias chegando do Plana I· to Central. A FENAB (Federacyao Nadonal das Associacy6es Ath~t icas do Banco do Brasil), que comemora eSl e ano seu 200 aniversario. pretende relomar 0 projelo Disco Cultural , por meio do qual foram registrados alguns dos melhores momentos de nossa memoria musical Inic iado em 79, a projeto lancyou 12 obras·primas. a maioria em albuns duplos hoje praticamente esgotados. lodos frutOs de ampla pesquisa e com levantamentos detalhados sobre a obra dos homenageados. A FENAB fica no SeWr de Divers6es Sui - Ed. Conic, 30 andar. Brasflia. OF. Tel. (061) 226.5661. e vale a pen a se informar sobre os discos ainda disponivei s em vin il ou CD. Sao da FENAB. por exemplo. os dois volumes de Chorando Gal/ado. 0 10 de 81 eo outro de dez anos depois.

.•. E 0 CHORO CONTINUAl

como Wladimi r Camargo (0 Mizinho),

se acoslUmaram a passar as noites de sexta e sabado ouvindo

0

Choro de

Jane do Bandolim e 0 Miado do Gato. entre QUi roS. Sem indo tanto a falta de Sao Pixinguinha recepcionando 0 publico em sua mesa - Ja que 0 Vou Vivendo nao esta mais funcionando o r...lizinho reso)veu levar a Jane e 0

Miado para 0 Espac;:o Cultural Guto, na cidade de Maua. no ABC paulisra. A casa abriu suas porras no dia 19/02/97 com muito Choro, MPB. teatro. danl;a. samba e poesia. E 0 mais importante:

com uma calorosa recepr;ao de boas vindas ao Choro em Maua. 0 tel. do Espayo Guto e (01 1) 747.3839.

UMA RODA DE CHORO COM MAIS DE 48 ANOS Antigameme era na Tua Felicia, em Cascadura. que os irmaos Mira do Cavaco. Rodrigo 7 Co rdas e 0 1avo do Bandolim se reuniam lOdos os do· mingos, sempre as 16:00h. Hoje a turma se reline na casa do Miro, em Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro. E este encontro de gente taO musical - a ponlo de seus nomes se miSlUrarem com os dos ins(rumen tos - ocorre hi! quase meio seculo, sem interru p~ao. E daquelas rodas que jumam imimeros instrumentos e feras sem hora nem data pra terminar. Nosso correspondente, 0 Animal. ja esra marutando um j ei(o de comparecer a casa do Mi ro pra ver se cava novidade pra sua coluna ..

o LUAR DA CIDADE o simpatico restaurante Luar da Cidade, no bairro da Gavea no Rio, arranj ou um jeito de ficar ainda mais agradavel: agora todos os sabados tem Choro com 0 clarinetisca Mario Pereira, sempre as 17h. Uma goslosa varanda, chopp gel ado, e agora com Chorinho vai ficar irresistivel ... Fica na R. Marques de Sao Vicente. 86. tel. (021 ) 239. 11 02 .

~c~

Aw:o

Of t ' EL~A

o CHORO VOLTA AVELHA

LAPA

Muiras atrac;:oes eStaO enchendo as noites cariocas do bairro da Lapa de bastante Choro, como nos velhos tempos. 0 Espa~o Cultural Areo da Velha apresenta todas as quartas Ze da Velha e Silverio Pontes com seus Choroes. que todo mundo sabe que sao os excelentes Vatter 7 Cordas, Marcio Hulk (cavaco) e Celsinho Silva (pandeiro). Aos domingos. sempre a partir das 21 :OOh. as atra.;Oes sao Juarez Araujo (sax e clarinete) e 0 conjunto Rio Choro - Luis Filipe de Lima (7 cordas), ManoeJa Marinho (cavaco). Daniela Spielmann (saxofone) e Zizinh o (pandeiro). A entrada e pelo vao do ullimo Areo da Lapa. e 0 telefone e (021) 509.2 101.

REVISTA CAVACO No numero anterior 0 telefone da Cavaco acabou nao saindo. Os imeressados devem ligar (011) 263 .5400.

PROJETO DE CHORO COM MENINOS DE RUA EM CABO FRIO Esta sendo desenvolvido em Cabo Frio. RJ, com apo io da Prefeitura e da Camara Municipal. 0 projeto Apanheite Cavaquinho. sob a coordena~ao do professor Ange lo Budega. 0 projeto conta atualmente com aproximadamente 12 crian~as, a maior parte me· ninos de rua entre I! e 15 anos, que tern se apresentado em teatfOS e pra.;as da cidade com bastante sucesso. o prof 0 Budega espera conseguir expandir para outros estados este trabalho. e ate buscar patrocinio para poder alingir mais crian.;as. Ele ja conseguiu uma sede provis6ria onde eSla instalado 0 to Ce ntro de Estudos do Cavaquinho e pretende em breve mon lar a prime ira Orquestra de Cavaquinhos do Brasil. Quem quiser manter contato pode escrever para rua Prof - Amelia Ferreira dos Santos. nO 27 - P. Itajuru - Cabo Frio. RJ . CEP 28.9[0-440.

GRAVACOES DE JACOB NA RADIO MEC FINALMENTE EM CD Um plano antigo - roi noticia no Mistura e Manda do nosso nO Zero que estava na gaveta esta saindo do pape!. 0 proj eto Arquivo Vivo pretende resgatar 0 acervo de grava<;oes da RadiO MEC. repleto de fonogramas exclusivos e ineditos em disco. A ideia ja l inha conseguido editar urn CD. dos irmaos Gnattali tocando Nazareth, e agora esta finalizando a produ~o de uma caixa com mais cinco discos: Carlos Gomes. ViIla·Lobos, Francisco Mignone, Radames Gnattali e Jacob do Bando li m. Jacob gravou em 1959 dez fitas para a Radio MEC. das quais 5 ainda fazem parte do acervo da radio e foram uti lizadas na prepara.;Ao deste CD. Em companhia de Cesar Faria e Carlinhos (violoes), Tieo-Tico (cavaco com afina~o de bandolim) e Chico (percussao), Jacob gravou composi<;oes suas e de OUtfOS mestres, como Pixin guinh a e Joao Pernambuco, alem do rira poeira. de Saliro Bilhar. e de Coralina. do trompetista da Banda do Corpo de Bombeiros Alberti no Pimen· tel, 0 Carram ona, entre outras. Em breve estaremos abordando a se rie com mais detalhes na sec;:ao de Lan.;amentos.

25


SAIDEIRA

PRO RlDIR Rica rdo Dias •

s artes bras ileiras li ve ram grandes no mes, mas nen hum, com (eneza, ma ior que este:

A

Maximiliano Vasconce ll os Albuquerque. 34 lerras bem contadas, a maior injusti<;ado de sua epoca. Urn mimiCO que nao ficava nada a dever a Marceau, jamais teve seu nome reconhecido pelo publico. Apresentava-se no radio, Durante seu show,

a

milha res de ouvintes giravam desesperados seus baloes de vo lume, tentando descobrir 0 que diabos

estava acomecendo. Sua carreira durou exatos 2 programas. No segundo, resolveu se Fazer acom panhar por urn conjunto de Choro, Foi demi t ida, mas a conjunto Fieall, A partir daf, a grupo fez algum sucesso, mas como ruda, foi mUTchando, murchando, e acabou.

Cada um seguiu seu cam inho. Urn deles, dos da am iga, morava pra la do suburb ia. Ate que acon teceu co m ele a traged ia max ima da vida de todo ser humano: a aposentadori a. Se j a ganhava pouco, imaginem ago ra. Ele dizia, filos6fico: Hoje e di a de reeeber meus pe rdimentos. Que, a cad a mes, eram menores. Chegou 0 di a em que teve que tama r a decisao defi nitiva: sair daquela casa , em que ha tantos anos morava e ja considerava sua. alugue l subi a muito , nesses tempos de infla<;ao zero . 0 jeito: abandonar suas manguei ras, seu pe de abiu, a portaO que rangia e ir para 0 fatal dest ina dos que mO Tam em cidades: um apartamento. Pi or que urn apartamento : um apartamento novo. A claustrofobia que sentiu s6 perdia para a que urn dia senti ria no caixao. Sem se r alto, ele podia trocar a lampada se m escada .

o

Viuvo ha mui to tem po, achou que ja era hora de reencomrar sua Adelaide. Nada de tiros ou formicida. Para um chorao, basta 0 silencio. E morrendo aos poucos, ia levando seu dia-a-dia. 0 cavaquinho pegando poeira, pela prime ira vez com cordas faltando. Ja nao tiTava 0 pijama, j anela quase nao ia mais. Mas urn di a, foi. E viu : Zulmira, examante, relaciona men to de 20 an as ha 20 anos. 0 cora<;ao, ha tempos rallentando. explodiu num staccato rapidissimo. Teve fm petos de grita r, mas pensou: a esta disrancia, fico roueo e nada. Pegou a cavaco, mesmo banguela, e desferiu urn acorde lancin ante, violento. Oa cal<;ada, Zulmira pa rou. como que petrificada. Outro acorde e ela olhou pa ra cima. E, ao ver, sorriu. Urn sor riso 20 anos atrasado, mas que di abos, urn sorriso! Oesceu os 5 anda res de dais em dais degraus, desfiando todo 0 seu repe rt6rio. E as porras dos apartame ntos iam se abr in do, medi da em que ele passava. E, ao para r na cal<;ada diante do unieo, melhor dizendo. um dos un icos amores da sua vida, olhou para tras, e viu varios dos se us viz inhos diante do pred io, es tupefaros. Tocou urn peq ueno improv iso, e, quando seus viz in has fi zeram menr;ao de ap laudi r, brandiu 0 cavaco como uma cl ava e parrill p'Ta cima deles. Nao ficou um 56. Vingado, virou-se para Zulm ira, beija ndo-a longamenre. Do 20 andar, um sen hor ca reca e ba rbudo ol hava a cena. Com urn sorriso no canto da boca, fechou a j anela, en quanto camarolava baixinho: - Oi que foi s6 pegar no cavaquinho ..

Sem ser alto, nao poderia se deitar ao comprido no quan o de empregada (nao que ele tivesse uma , e se rivesse, prete ndesse por la del tar) . E, sem se r alto, ele nao conseguia toca r seu cavaqui nho. Tocar ba ixinho? Inimaginavell Vai dai .. PrimeiTO foram as batidas. Enquanto nosso bravo Benevides tocava, ouviu uma estran ha percussao. Demorou a perceber que era a proverbia l vizinha de bai xo cutucando 0 tero com uma vassoura. Depois, 0 sindico, que cheio de circunl 6qui os e salamaleques pedi u que ele tocasse baix inho, e antes das 10 da noite. Vesperal de choro? Nem pensar. Ate que urn dia a policia bareu em sua porra. E e1e, que nos tem pos de rapaz borava um bata lhaa pra correr 56 levanrando a mao, teve que engolir em seco e se desculpar com 0 guarda. Borou a vi ola, digo , 0 cavaco no saco , e reso lveu esperar a morte.

a

• Ricardo Dias e lwhirr (ricardodias@pobox.com)


ALBUM DE FIGURINHAS

iDOLOS DO CHORO - -.:,

,,,-----,

r--------- -- ----

,,, , , , ,

,, ,

,

, ,

L ______________________

~

L ___________________ _

J

L

K·XI MBINHO

VIR IATO

BENEDITO LAC ERDA

Oi na cidade de Thipu. RN, que a 20 de janeiro de 1917 nasceu Sebastiiio Barros, mais tarde (onhecido como K-Xim binho. Frequentava 05 ensaios da banda de sua cidade na epoca em que come!;ou os estudos de clarinele. mudando-se mais larde com a familia para a capital do eslado. Chegou a panicipar junto com outros

em que com certeza possamos precisar 0 dla eo meso Viriato Figueira da Silva nasceu em Macae (RJ), no ano de 1851 Estudou no Conser· vatorio de Musica (RJ) junto com Joaqurm Antonro da Sjf~-a Cl.Jllado, de quem se lornou amIgo imimo. Viriato fOi urn dos primeiros mu. sicos brasileiros a sobressair como solista de saxofone. Como flautista. excursionou pelo Nor· deste com grande sucesso e chegou a integrar a orquestra do Teatro Fenix Dramatica IRJI. diri· gida pelo maestro Henrique ANes de MesqUIta. numa apresenta~o em sao Paulo em 1866. Sua polca Caiu! Nao dlsse? um classico que encarna a primeira fase do Choro, composta no clima de fixa~;io do conJunto Choro Carioca. como denomina Baptista Siqueira. Esse upo de conjunlo Sf popularizou muito na segunda memde do sec. XIX. composto por flauta, cavaquinho e dois violoes. Callado foi 0 grande mentor destes conJuntos. Caiu! Ndo dtsse? e a resposta de Emesto Nazareth com ,lido caio n'ourra refletem 0 espiflto dos chorOes da epoca. habeis improvisadores que ftcavam se provocando e desaftando alraves de seus instru· mentos e habilidades mUSlcais Qutros sucessos de Viriato: 56 para moe!. Macro. t segredo, entre outras. Com a motte prematura de Collado. Viriato passou a ser 0 maior nome do Choro Carioca, embora mio tenha tido muito tempo para desfrutar desta condi~o. pois morreria tambem mUito j01.'em tres anos depots do amigo. no Rio de JaneIro, no dia 24 de abrit de 1883

enedito Lacerda na5CeU em Macae, estado do Rio. a 14 de ma r~o de J 903. Aos 17 anos transferiu-se para 0 Rio j<i com algumas n~6es basicas de musica, aprofundando-se nas liCOes de nauta com Be/armino de Souza. pai do compositor CrTO de Souza. MOTava no Estacio. berw de bambas, e em 1922 entrou para a Policia Militar. onde poderia continuar exercen· do a musica nas bandas dos batalhOes. Tornou-se solista e deu barxa em 1927. integrancto no ano seguime 0 grupo regional &emios do Cidl1de. Depois de tocar em algumas orquestras de Jazz. resolveu organizar um grupo realmente fiel ao ritmo brasileiro. que foi batizado pOT Sinh!) como Genre do Morro. 0 grupo durou pouco, mas foi 0 embriAo de urn regional que fez escola. mais caracteriz.ado pelos efeitos dos instrumentos de sopro e de corda que dos de percussilD: eTa 0 Conjunto Regional de Benedito Lacerda. Nolo podemos deixar de comentar a famosa dupla que formou com Ptxingwnha no inicio da decada de 40. Conta·se que Benedito tena page a hlpoteca da casa de Pixingumha e este. em sinal de gratidao, 0 teria Iransformado em parceiro de perolas como Sojres por que queres, Naque/e tempo e JxO (esta feita muito ames por ocasiao do gol de Friedenreich no Sul-amencano de 19), Mas 0 que importa e destacar os arranjos e contrapomos executados pela dupla, que re-.1llucionaram a inSirumenta~o brasilelra e influenciam ate hoje os novos ralemos musicais. Morreu no Rio de Janeiro, no dia 16 de fevereiro de 1958, ames de completar 55 anos.

F

esludames secundariStas de urn conjunto de Jazz, 0 Pan Jazz. ParllClpOU tambem, quando servia 0 excrcito, da banda de sua corpora¥1o. Em 1938, anc em que Severino ArauJo assumiu a dlr~o da famasa Orquesrra Taba)ora.

K-Ximbinho en(rao para 0 grupo. ficando ate 1942. quando mudou·se para 0 Rio. Imegrou

neste ana a Orquesrra do Maestro Fon-Fon e

depois a de Napoledo Tavares. Em 1945, quando

a OrqueSlnl Tabajara ja eSlav3 no Rio de Janeiro. voltou a integrar 0 grupe, ficando ate 49. Seu primelro Choro gravado foi SOlWroso (com Del Loro), pela Continental em 1946. Panicipou. jUntO com a malOria dos instrumemistas brasileiros da epoca. dos anos de ouro do radio. acompanhando os nomes em evldencia, e tambem teve muila imponimcia no circuilO de orqueslras e boates, tendo panicipado em 1955 do grupo da famosa boate Sacha's. Tambem participou da incipiente televisao brasilelra, sendo orquestrador da TV GIobo na decada de 60 Seus maiores sucessos. alem de SonoTOSO. sao Eu quero If sossego. Sonhando e Sempre. entre outras. Faleceu no Rio de Janeiro em 261611980 depois de gravar 0 disco citado na DlSCOleca Bcisrca deste numero.

S

e

B

ASSINATURA DE RODA DE CHORO ( 6 Edicroes) Envie seu nome e endereco , com cheque cruzado. no va lor de R$ 25,00 nominal a TARANTULA DESIGN LTDA.

para a R. Ortiz Monteiro, 276jl01-C • CEP 22.245 -100 Rio de Janeiro, RJ


,

GRAFICA

MINISTER

RUA BELA, 434 - SAO CRISTOVAO CEP. 20930-380 - RIO DE JANEIRO TEL./FAX. (021) 580.8040


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.