Revista Samba e Cultura n° 1

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ASSOCI

DDS ESCOLAS DE

DA

,

- AND I - M: 1 - 1968


IRO -POLIZAN-

"0 TECIDO QUE NAo AMARROTA NUNCA"

urn produto de

Industrio e Camercia de recidas S. A. eo@oe

Sao Paulo . Guanabara • Minas Gerais Parana . Rio Grande do Sui COMPRE ERONTEX POLIZAN E CONCORRA TODOS os DOMINGOS, NO PROGRAM A "OLHO VIVO ERONTEX", PELA TV.TUPI • CANAL 6 DAS 17:30 AS 20;00 HS, A 1 GALAXIE E MILHOES EM PR£MIOS. E PELA LOTERIA FEDERAL, CONCORRA A 56 GALAXIES E 150 MILHOES EM PR£MIOS.


ENSAIO Vai longe 0 dia que 0 excelente compositor ISMAEL SILVA, disse numa racta de amigos, sentados num bar, simplesmente isso: - "Vamos a Escola? - Que Escola? adrnirado ingagOll urn dos presentes. - De Samba, retrucou 0 grande ISMAEL",

Daquela indaga~ao e naquele momenta nascia portanto a Escola de Samba "Dcixa FaIar", e dai em diantc as demais. Tuda expontaneo, simples, sem solenidade, oradores, protocol os ... , sem nacla, autentico ! Era alga vinda de gente humilde, do pavo em geral. Era a expresao mais pura dita em forma de canc;6es contagiantes que aqueles jovens entao diziam scr Samba. Era realmente 0 Samba de EscoIn que comec;ava sua trajetoria. La se vai quase meio seculo, e as Escolas ainda nao obtiveram sua independencia. ISMAEL jamais imaginou que Escola de Samba haveria de ser comercio e chamariz aD turismo. a mundo se levantando contra os gananciosos e as press6es; 0 povo de varios palses tomando medidas de precau~6es; enfim, tadas as classes se organizando, procurando solu~6es imediatas. E os sambistas pararam no tempo. E bern verdade que muitos colaboraram para que 0 sambista nao evoluisse. Hoje, a nossa geral;ao de sambistas, quer fazer qualquer coisa em prol das Escolas, mas encontra enorme dificuldade para preservar 0 Samba Tradicional. Foram criados mitos, grupos de Samba. Vieram os pequenos auxHios porem 0 sambista, nao teve os seus problemas solucionados. H.:t os que alnda procuram 0 sambista, e visitam as Escolas de Samba, a cata de alguma coisa. Vao

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como se amigos [ossem, todavia a coisa e bern outra. Apresentam-se como pesquisadores na pior das hi路 p6teses. Nao e nada disso. Depois do que in teres sa ja estar anotado, e gra路 vado, Editado, PubUcado, etc. e os direitos ja tornam para eles exclusivos e garantidos. Enquanto 0 sam路 bista fica a vel' navios, e ainda e chama do de mentiroso. ~les bern que poderiam fazer muita coisa pelas Escolas, porque possuem 0 material ne路 cessario, tem 0 veiculo, a rnontagem, jornal, televisao, radios etc., nas maos. Mas nao fazem POR QUE? - Ora ... estao tam bern integrados na maquina. Existern os que nao estao introduzidos no tal maquinismo. Sao as espertalh6es, 86 querem ser Diretores, entrar na parceria de Samba e ganhar fantasia de graca. Entretanto nao querem pegar no Surdi3.o. Acharn vexat6rio ficar sambando la na avenida. E 0 sarnbista e 0 palha~o que tern prazer de apresentar esse espetaculo. Assim eles VaG vivendo; Contudo 0 culpado e 0 pr6prio sambista que ainda insiste em aUmentar "Farizeu". Ai esta a associa~ao! Passaram tantos dirigentes POI' esta casa e ainda hoje nao se tern urn patrimonio. Nao sabiarn COmo fazer receita para sobreviver. A nao ser entrar no j6go deles, au entao no conchavo. as atuais diretores encontram formidaveis dificuldades para mante-Ia. ETa uma casa que poderia ser totalrnente livre, tel' sua vida pr6pria sem pedir auxilio de ninguem. Caberia aos que criaram mitos, grupas, museus e firmas, ou coisas parecidas, se juntasse ao sambista e nao olhasse os sellS interesses particulares e nada mais. Ai s im a Associal;ao seria hoje uma casa fortalecida e poderia cui dar com mais dedica-;ao e empenho, das Escolas. Porem existem ainda sambistas que nao entendem 0 jogo.


I

E DE REPENTF, UMA

LEI

SURGIU

A T.JC'i 1.620, de autoria do Deputado Carvalho Netto, Lidcl' dOl Al'ena dOl Guanabal'a, sancionada pelo GovCl'lladOl' Negl'iio de Lima, no dia 4 de julho pp., deixou mats 'I1ma vcz as {"scolas de samba ('111 palldemonio. Apesal' do Pt'csidente dOl AESG tel' tom ado a!'i pl'oviden c ias ncccssarias para que as escolas de sa mba nao fosscm pl'l'judicadas, cOllfol'll1C reintamos em )lOSSO 1I11mcl'O anterior, , ' cl'ificmllOs, CO m SUl'pl'csa, que 0 comJ)l'omi-s~o assumido com 0 samba llcJo Secl'ctario Scm Pasta, Dcputad'J Anuu'al Peixoto, em nome do Govel'no, havlO1, OU IlIclhol', POl' I'('c ia haver cardo pOl' teJ'ra. 1sto pOl'qu e, de acol'do com 0 combinado, quando iosse frio fa a l'('gulam c nta~ao dOl Lei, ah'al'cs dos sellS aI'Ugos J6 e 17, o dil'cito das c~('olas 1't'alizat'Clll os seus "ensaios" fical'ia rc!;gllal'dado_ COll'\'idamos 0 antol' da I Jci para dialogar conosco c m nos· sa cntidadc e dCle ou\'imos quc de s ua parte tndo SCl'i;l fdto }lara quc 0 samba nao fOsse I>l'cjndicado. Estu\'amos t.J'anqi.i.i· los. Tfnhamos 0 comlH'omisso do Executivo c do Lcgislativo. Podfamos tl'abalhal' em Jlaz., 11a elabol'a{:ao do carnaval de 1969. I)fas eis quc, dc repenle, mais uma vez fOlllos apanhadofo! de sUI'(Jl'esa. Tomamos conhecimento que 0 Govcl'nador havia , 'e tado exatamcnt.e aquCles dois artigos que seriam a !lossa tabua da salva~ao. Panico gcral. Precisavamos tomar providencias. Os ensaios uao podiam ser IH'ojudicados. Mandado do Se. g'ul'anc;a foi aprcsentado pOI' algu(!m Incoll1odado llclo barulho (los tamborins e 0 Secl'ch'i.l'io d e Justi~a afirmava que a 1..,<.'1 ~l'­ !'ia cumprida com todo rigor. o sambista, apesal' de angu s tiado e amal'gurado pelo n e· "ociI'O da impl'ccisao dos fat os, mantinha·se c3hno, eSlwl'ando a palavra de ol'dem do Pl'csidcntc de Sua enti<ladc. Enquanto iSBO, as outoridadcs p t"' l'mancciam em mutismo absolnlo sob r c (Jucm seria on n50 at,i ngido pc1as gan'us dessa Lei. () l'l'csidente Austcclfnio, ent50, dcpois de csclarccel' a jmfll'CnSa 0 que estava ocol'rendo, IH'oclll'a novamente os I'j' spons avei s pOl' todo @sse caos. Enfim, no dia 23 de julho »p., em l'enniao l'caltza<10 no Gabinete do Sccl't"'h'il'io Scm Pas ta, lH'('se ntes 0 autOl' da Lei, 0 Prcsidcnte da AESG e 0 Editor de Samba e Cultura, l'eCf'IWIllOS com .satisfa{:ao a palan'u i.l'anqiiilizarlora do Gov(:I'no do Estado dc qu e a Lei sCI'a I't"'gulamentada - a pcsar dos "Nos - e nessa l'egulallleJlta\~£io constal'.i um djs;positivo qu e l'esguarda nl, uma -"TC Z pOl' tOdas, 0 funcionamcnto da~ Escolas de Sambu, autes, durante c del'ois do cal'nava1. o bom senso J)l'e<lominou no mundo do samba. Espel'3mos agora (Ju c os rcspolls::h'eis pela c ultura-IJOpulm' (10 110550 E~­ tado nos livrem definith'amente dessc cstado de ex p cctativa, ]ml'a que, com h'anqiiilidadc, p ossa mos rcalizal' os nossos (,llsaioil, llt"'~-a fundamental de urn bom cat'mnral. o Editor


MARIO

Nas Escolas e piol', e dificil a unificac;ao. Existe Escola que tern, urn estatuto 86 para efeito de subven· <;ao.

Ai esW.o os problemas: Salgueiro quase que send a despejado; Manguei· ra se precavendo para 0 futuro em busca de localidade que esteja a venda; S. Carlos, Imperio da Tijuca, as escolas do Estado do Rio, sem lugar apropriado para as seus ensaios. Ha uma gerac;ao nova de sambista dentro da pr6pria Escola de Samba, que quer realmente traba· thar, porem a rna vontade e tamanha e as dificuldades sao tantas que essa mocidade nao encontra animo para realizar seus idea is. Os caminhos todos fechados. Nao plantaram 0 sam· bista de amanhii. Nao fizeram reforrna, nao deixaram uma estrutura 56tida, .tudo p5dre, ' nao planejaram, nao tlveram visao do que s eria 0 futuro das E seolas, e 0 quanto benefica seria para milh6es de Brasileiros. Deixaram-se leva r pela vaidade, e corruPC;;ao, v ieram as d i stor~6es . A

VOCE

PEDRAS

influ~ncia da classe media, os "Baeanas" como 0 sam bis.ta os chama. Ba necessidade radical da mudan~a. Chegou 0 mom en to cIa revira volta e da retomada, cada qual deve procurar uma so lu ~ao. Tel' entendi· menta de sambista para sambista. E facil, basta unifio e vontade de trabalhar e r ealizar 0 ideal de cada urn, Os verdadeiros sambistas t ern POl' obrigac;ao esclarecer as que nao sentem 0 estado ealamitoso em que as escolas se encontram. Por sua vez os dire to res devem mandar para Associac;ao representa ntes esclarecidos e nao "Vacas de Presepio", Se nao sambistas, na o dam os mais de cinco a n os para a exist€!TIcia das h eroinas E scolas de Samba. Do jeito que se encontl'am, n6s nao vemos perspectiva para 0 futuro. E ISMAEL cOitado, que deveria ser lembrado pOl' muitos, em t6das ocasi6es, caira no eterno esqu eeimento,

SABIA? ,]oS(': CARLOS NETTO

Que em 1923 existia em Oswal. do Cruz, urn bloco chamado Val como Pode, transformado em Escola de Samba mais tarde, e que 0 2' Dc· legado, na ~poca, Dulcfdio Gon-;alves, nao gostando do nODlC, impos 0 (Ie Portela. Que 0 nomc Escola de Samba fot derivado da Escola Normal da Rua l\fartz e Barros. Que no Rcgulamcnto de desfi1cs de Escolas de Samba 0 itcm Bateriu, e que desempata as coloca-;oes.

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Que 0 lll'imcil'o samba de tenei· cuntado p cla Esta~ao 1.a de Man· gu cil'a, foi U~[eu hem, PCI'dao" de au· toria de Cartola. Que 0 nome uDeixll Falar", pd· mell'a Escola de Samba, surgida em 18-8·1928 adotou esse nome pOl' screm os sabistas da epoca, muito comba· tidos_ Quc em 1928 nos balcoes dos cnf6s Apolo e do Com padre, no Es· tacio de Sa, c que os salllbistas se I'cuniam. 1'0


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e so piada A bl'iga no llrOXlJlIO carnaval , 'ai muito grande entre a Portela e a l\fangueira. POl' que? Ora, a Portela estii agora com dois Jesus c a l\Iangucira com urn ChangO. SCI'

f.f

Finahnente foi cscolhido 0 cnredo da escola de Samba Vila Isabel. Quem mais gostou foi seu Presi· dente, 0 n0550 amigo Duclef'. POI' que'?

£:le fez em sua casa cento e dezoito jalltarcs 1131'a discutir 0 tema ...

f.f ChegoU' a A.E.S.G. varios oficios de escolas fHiadas, cobrando repat'OS de suas mesas danificadas mts reunioes da Associat;ao em suas sedes. Motivo? o companheh'o Rornao d{a tanto socos nas mesas que elas nao 1'e5i5tj· ranI.

f.f Segundo 110S contam 0 Museu do Cal'ltaval \'ai soJicitar da Neunta da :\langueir3 UUl dicionario seu Imra 0 o arquho do mesmo.

f.f A maior dificu1dade do Editor de

Sam ba e Cultm'a em colocal' 0 FULEIRO lIa capa da revista e ann mar Jugal' para 0 seu bigodc.

o

f.f

COml)anheiro Arnauri J6rio tem andado muito tl"iste: Cle sabe que \'ai voltal' a andar de 6nibus, pois 0 Hit'an vai vender 0 caiTO. Nao fhlue riste nao Amauri, 0 Hiran vai com· ) lI'at' urn Galtixie.

f.f

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Quem tern andado muito 1l'istc e o companhci!'o David. Nao pode mais bl'incar nas assemb16ta!'l de J'cpl'csen· tantes.

f.f 1\Iulto boa esta a Juia entre 0 Jor. na1is1a Anti3nio Lemos e 0 Presiden· te Asteclfllio. Continua a briga" Nao! a luta que me refiro e na churrascal'ia 'l'ijucana nas iiltimas sextas-feiras de cada mes, "nessa 0 Austeclinio ganha".

f.f Na posse de Dh·etoria do Jacarezinho, ap6s sel' sel'vido lUll lanche aos convidados, 0 Pl'esidcnte da Unlao do Jacal'epagua pcrgunt.ou ao sr.u amigo Ney: sera que da tempo de sail' unl prato feito?

f.f

o sambista Austeclfnio ja nao val a tanto tempo ('m Lucas, que a Ala dos Granfinos Ihc mandon num Un· do espclho gra\'udo, uma camisa na COl' Vermelho e Ow·o.

Esta de parab6ns 0 Unidos de Padl'c Migucl: 0 cornpanheiro Leite , 'at (ormar na ala de destaque daque· la co-it'mil.

f.f

Sabemos de fontes flded(gllas que 0 popul31' NATAL este ano nao "at fazer cal'naval. Shnplesmcllte vai em prestaI' cern mil crnzeiros no· "OS paI'a dal' uma fOl'~a it PORTELA.

f.f Pl'a quem llaO sabe: a esposa do companheil'o Aroldo Bonifacio 4S urna gl'ande Modista e pOl' sinal em as· snnto de bandeil'a (; um espetaculo OIAT";RIA PAGA).

f.f Em a titulo Arnaul'i scs, em

assunto de falal', pela ordem d e esclarecimentos, 0 amigo J6l"io falou durante dols meapcnas Beis assemb16ias t 875

,'ozes. Olha 1)1'a quem nao sabe: 0 com· f.f panhei1'o Jorge Zacarias esta sempre lembrando que 0 telcfone da man· Quem rnals val a ~LES 6 0 comgucil'a e 344129. panhelro z..'1.curias da ~langueil'a. NEY DE GASPAR

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Apreensoo ANToNIO LEMOS

EMBORA os nOVDS dirigentes da das Escolas de Samba do Estado da Guanabara jii estejam tn.balhando com objetividade, no sentido de que as subven~6es destinadas as agremia~6es carnavalescas sejam pagas em tempo habil, com a melharia que se faz necessaria, em nossa condi~ao de cronista, nao poderemos deixar 0 assunto ficar no "banho maria", Pelo contra rio. E nos sa obriga~ao, ativa路lo sempre, lembrando as au toridades do Tribunal de Contas c do Poder Legislativo - sem esquecermos 0 Poder Executivo - aue a melhoria tao reclamada e por varias v~zes prometicta, dove SCI" dada em ca rateI' de urgencia. Associa~iio

Viver oa situat;;ao atual, nao e mais passivel. Quem conh ece 0 samba e seus sacriffcios, sabe perfeitamente, que 0 "problema subven~ao", colocado em termos de espera pelas autoridades, com urn pouco de boa vontade, sera solucionado a contento. Na edi~50 passada, demos a ideia para que as agremia~5es cantem com urn mlnimo de 60% no bruto da arrecada~ao das arquibancadas. Sera que aIguma autoriaade ja se interessou em estudar 0 caso? Se tal ocorreu, nada disseram. Tambem, nada fizeram. A inercia continua. E tempo de ser exterminada. 0 samba quer a~ao efetiva. Outro problema que as autoridades, notadamcnte 0 deputado Levy Neves, Secretario de Turismo, esUio na obriga~50 moral de oferecer umil defini~ao concl'ela, prcndc-se a reaEza~ao do III Simp6sio do Samba. que, pelo aprovado ano passado em Santos, devera sel' realizado na Guanabara. Trata路se de uma festa boni-

ta que, para sua efetival;aO, e neces路 sario verba. Verba esta que, segundo nos afirmou durante urn encontra em seu gabinete, 0 Secreta rio Levy Neves, ja estaria destinada. No entanto, como 0 assunto caiu num silencio inexplicavel, ja. estamos ficando apreensivos. 1550 porque, 0 sambista carioca tern prazo fixo para responder afirrnativamente ou nao, ao Departamento de Turismo da Prefeitura de Santos. E, sejamos francos: sera muito vergonhoso para n6s, da Guanabara, nao realizarmos , por culpa do "esquecimento" das autoridades, uma festa cheia de beleza, como tern sido, ate aqui, 0 si mp6s io d e sa mba que os paulistas de Santos idealizararn e promoveram durante dois anos consecutivos, dando li~6es primorosas ao Brasil. Antigamente, as autoridades cia Secreta ria de Turisrno responsabilizavam os dirigentes da AESG, de inoperantes. Dar, nao oferecerem a ajuda necessaria. Muito bern. Isso esta no passado, morto e sepultado. Atualmente, a Associa~ao das Escolas de Samba do Estado da Guanahara esta nas maos de uma Diretoria dinamica, constitufda de sambistas autenticos e homens que sabem o Que querem, como querem e porque querern. Tudo, em beneficio do sa mba. Agora, cabe as autoridades, darem urn pouco de sua vitalidade, clo seu apoio, ao samba que tudo lhes da, em lroca - esta e a verdade crua e triste - de esquecimentos P. ingratidoes. Ternos co nfian~a na Diretoria da AESG. Queremos tel' a mesma con路 fian~a nas autoridades que ate agos6 promeleram. Mas, se quiserem, reaJlzat'iio. A hora e 0 memento Sal) estes.

r. _


LUZES

FANTASIAS CLOVIS BORNAY

Nao e dificil encon trarmos hOje em dia, crfticos acirrados que desenvolvem campanhas, vez pOl' Dutra inescrupulosas, contra as destaques de escola de samba. Peia fidalguia do convite da dides.ta revista nos considerando

re~ao

como expel't, no assunto, e como 0 mais novo membra da Escola de Samba Portela, e nos so intuito orientar aDs le1tore8, atraves dessa cornuniC3!;ao. 0 que mais estrangula uma coletividade e, 8em duvida, a falta de comuniC3t;aO; e, e por ela que 5e transmite cultura. Como urn facho de luz, a cultura, simboliza 0 ressurgimen to da inteligencia. Dentro do melhor e mais sadia espirito carnavalesco, 0 Dcstaque de uma agremia!;50, togo apos divulgado 0 enredo, fica com 0 diffcH e pesado encargo da escolha de sua nova ~antasia. Fantasia para exibiGao, mas 19ualmente digna de citaGao. E a c~mtribuiGao d~ste elemento, num esforGo concentrado de equipe para abler pontos mais altos para a vit6ria final da escola. A Passareia da Presidente Vargas, totalmente tomada pelo povo, ancioso por vel' as maiores do sa m·

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ba, trouxe maior responsabilidade ao sa mbista. It facil entender que os impulses artisticos, a espontaneidade, desdobraram a sua imagina~ao e 0 born goste, apresentande as suas criaGoes de luxe, no estila da epoca, da autenticidade, de enrWo. Erroneamente, na opinHio desses criticas, as escolas de samba procuram urn exibicionismo a parte, dentro do qual, cada uma deIas, procuram urn destaque maior que 0 dos outros. Nao e verda de. A imaginaQao, luxe e ostentaGao de riqueza, tornau·se a lugar comum nos componentes de destaque desejasos de se mostrarem elegantes e bern vestidos. A maioria deles conseguem 0 seu objetivo e nao sao poucas as exclama~oes de snrpr£!sa e admiraGae a passagem de fantasias ricas e l'1e complicadus criaQoes.

°

A fantasia bonita e todo orgulho do sambista, e, 0 que poderia degenerar em estravagancia au falta de autenticidade, se mant£!m numa linha perfeita, daquilo que, numa linguagem nao muito fiel ao sentido das palavras, teria a nome de "seriedade carnavalesca". Ignoranda a alto custo de vida, desfilam com multo cxplendor e


pompa. E como urn sonho de luz, cores e movirnento. Chama-se a isso Audio-Visual, e a destaque inicia a sua mensagern de hist6ria, de fe, de arte e alegria. Se trage for equilibrado, indica que a pessoa tern as ideias em ordem e planeja muito bern aquilo que vai executar, Se 0 dcstaquc e pessoa decidida, comunicativa, mostra vivacidade ao des filar, e procura realGar 0 personagem que representa, firme, segura e briLhante, 0 povo explode em aplau80S. As evoluGoe8 das pastoras se junta a alcgria dos espectadores. o born pass isla mostra aos sambistas neofitas que 0 seg-redo da bossa nao esta apenas nos pes velozes e na ginga do corpo, 0 samba deve tambem se extender aos olhos, no riso contagiante, no cora~ao desencadean do ao ritmo da bateria, Muito mais que a melodia, 0 samba e urn estado de espirito. Esta e na realidade a res posta aos POll cos criticos, entendidos em samba autentico. Em 1963, as inovac;oes adotadas pelo Salgueiro amea~avam extinguir o samba do morro, diziam eles. Nada dis so aconteceu; ao contra,rio, com lindas fantasias, bern ensaiados, com passistas excepcionais, a E'Scola de Samba Academicos do Solgueiro sagrou·se campea absoluta daquela ana. Visto isso, podemos afirmar, Chica da Silva, ficou como urn marcante exemplo. Nada mais e suficientemente born para uma escola de samba atual. Atingiu a sua fase adulta, sem perder aquele encanto tradicional. Tomemos como exemplo, os costumes, crenc;as, indumentarias, etc" apresentadas pelos carnavales: cos de hoje, na sua- evolw;ao intelectual, baseados em estudos que remontam aos seculos passados mas que sbmente agora, aparecem ~m t6da plenitude dentro desta mesma evoluc;ao, Essa e realmente a outra faceta do ,Samba, n6s assim a julgamos, e, e ISto, que 0 caracteriza como "0

°

MAJOR RA",

ESPETACULO

DA

TER-

LEMA

E TRABALHO Em sens

dois pl'imciros

mescs

de mandato a Dirctol'ia da AESG ja

rcalizou: Seis assemb16ias gerais do consetho de rel)[·csentantes. Dez l'eunioes de Dirctoria, em nossa sede administrativa. Seis aulas de Nota«iics musicais, tambem em nOS8a sede. Duas renniOes com os compositOl'es de escolas de samba. Uma audiCncia com 0 81'. Go,'cr. nadol' Negrao de lAma. Trcs audi@ncias com 0 sr. Secreteirio de Tul'ismo Duas audi@ncias com 0 lSI'. Sccre· tario Scm Pasta. Ent.enedimcntos eom os 1\:(ini8tl'OS do Tribunal de Contas do Es· tado. Particil)OU de veil'ioS !)l'ogl'antas de radio e televisao. Cl'ion a sua l'cvista SAMBA E CULTURA. Reeebeu cinqiienta ofieios e ex· Iledill trinta sete. Cl'iou tl'CS comissoes pal'a cstudo de problemas inel'entes ao samba: COMISSAO DE SUnVENCJi.O, CO~I. DE SIMP6SIO E COM. DE CARNAVAL. Pal'ticipou do val'ias festividades em nossas filiadas. NOSSO LE~'lA l<J: TRAB-"J,HO, TRABALHO E TRABALHO!

agradeci mento A Assoeia~ao das Eseolas de Samba da GB agradece a gentile7Al e compreensao do Dr. Atflio Andreani. Diretor Comercial da Bl'ahma. pelo muito que tern feito pelo cngralldecimento das Escolas de Samba nOSSas fiUadas.

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;

A

quem evoce

Me stre Hilario Iovino

MARILU

Carlos Cachar;a, figura tradicional da Estar;ao Prime ira de Mangueira, adquiriu ~ste apelido em virtu de de

la

pelos idos de 1920 freqiienlar a

casa do Tenente Couto, afieial reformado do Corpo de Bombeiros, que promovia semanalmcnte festas maravil hosas em sua residemcia. Tres Carlos participavam c1essas reuni6es - natural mente de alha nas filhas do tenente. Acontece que 0 nOSSQ Carlos tinha uma particularidade. Durante as refeit;6es, enquanto todos as convidados bebiam de tudo que era servido, ele, 0 Carlos, 56 bebia cachar;a. Assim, quando 0 nos so Car-

los nao comparecia a uma dessas l'eunioes, ao ser notada a sua ausencia, alguem - de preferE!llcia u ma das garotas - perguntava: Onde eSla 0 Carlos? "- Que Carlos? o Carlos da Cacha~a? A partir de entao Carlos Moreira de Castro, sambista dos m ais autenticos, nascido em Mangueira, n o ano de 1901 onde continua ate hoj e, e de onde nao gosta de sair, passou a ser conhecido como Carlos Cacha<;a. POETA DE ~IANGU)jJIRA Aposentado da Central do Brasil, fez as curs os primario, basic a e contahilidade; tornou-se Pocta de ~lan­ gueil'a depois de declam al' a poema de sua au tol'ia "Caminho da Existencia" dUrante uma reunUio - boemicn naturalmente - com Sergio POl'to, Hermino Bello e outros jornalistas, sendo bastante aplaudido e elogiado: ... HA natureza nos deu tanto podcr, tanta riqueza, tudo isso e nosso. Mas queria voltar ao ponto de partida Tenho tanta vontade mas nao posso". CARAMURU Mas nem tudo sao flares na vida do Carlos Cachac;a. Apaixonado pe10 samba nem sempre estava em condicoes de mandar faz er a sua pr6pria fantasia, por falta de recur-

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Com jogo de cena, cadencia sapatcada, I'itmo de ranchos c cortejos galantes (num rodopio ulnlante). HiUirio Jovino, '" entao da antiga Guarda Nacional, intl'oduziu 0 pcrsollagem "mestrc-sala" no earnaval_ 0 !-:ientido carnavalesco 0 fez jogar gentilcza a mnltidao, levando ]encinho branco nas pa]mas da mao ... cra 0 pr6prio HHadio dando costume, que, hoje. dcslnmbra tres dias de carna, 'ai _ Com catcgoria abosluta, rouba"a as Portas Bandeiras de b]oeos, ranchos, onde pOl' ncaso est.hressem; chegava dc mansinho, Ill'O)lUnha um desafio, sapateando na ponta dos pes c pronto: estava formado (vez I'rimeil'a) 0 casal Mestre Sala e porf Bandeira. nai em diante, se torn vinculo cOl'cografico da festa maxima, E s6 multidao exe]amando u e 0 lIlcstre sa]a". Cheio de gra<;a em evoIn<.;oes, cnga]allado, 0 mestre corteja exatamente a mulher Porta¡Bandcira, ai, rcpl'esentant.e legHima e {mica da corte carnava]csca, Sen do cia soberana, lira proveitos e transmite amor ao Principe Mestre. vigilante, amoroso e eoordClladol' dos ensejos. E 0 mestre sa]a voltado ao encantamento feminino! :Maos delicadas contornam a cintura e poem taI)ctes na avenida para a passagem da sobel'ana, Melo milhao de gente bate palmas c 0 mestre , 'ai de um ]ado ao outl'O, mostrando educa<.;ao com manuseios dos ]H~S, 0 passo solsos. Na epoca , existia uma figura tradicional - 0 CABOCLO CARkMU¡ RU. Caramuru e a personagem mais mal vestido dos carnavais de entao, e sua fantasia con sistia de uma tanga, au melhor urn saiote, que era fornecicIo pelos pr6prios blocos aqueles que n ao tinham nenhuma condic;ao de poder fazer uma fantasia adequada ou desejada. Pois bern, durante varios carnavais 0 nosso Carlos Cachac;a teve de sail' fantasiado de CARAMURU, no Bloco GUerreiros cIa Montanha", unicamente por nao dispor de meios de confeccionar uma fantasia mais decente.


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bembolado clovis carpmo

Agora espero que tu me mandes [embora Amor tao rude, meu cora~50 nao faz [fe.

"Cesteiro quem faz urn cesto faz urn cento" Carlos Cacha~a seguiu 0 ditado e dezenas sao os sambas que ele compos de entao ate hoje, muitos, alias, para n'a o fugir it regra, sem leva!' a sua assinatura. Participou de varios sambas-en redo, sendo o lit deles "Patria Querida", la pelos idos de 1934. Em 1939 e classificado em 11' lugar no concurso de sambapopular, realizado durante a II Feira Internacional de Amostra, representando magnliicamente a sua querida Mangueira_ SAiUBA NO SANGUE

to, llisa fit-me, fiel, congestionando it orquestl'a-bateria, que usa, como t1'a(li~iio, a cuica puxando 0 samba-ell 1'8do. MESTRE SMA )ll'ccisa nota dez! COMPOSITOR

"I-ravia urn casal de ami go s meus - afirma Carlos Cacha(:aArthurzinho e Esmeraldina que brigavam constantemente por que 0 Arthur era urn assiduo freqlientador de Mangueira e desfilava no CANDOBLE, mas naa permitia por nenhum meio que a Esmeraldina sequer assistisse aDS ensaios da Mangueira'¡. Carlos CachaQa en tao aproveitando aquela situacao faz 0 seu primeiro samba de terreiro, no Bloeo do BuraeD Quente, cujo titulo e: CRUELDADE

Nao me deixastes if ao samba em [Mangueira E tu saiste p'ra brincar no Candoble

Garoto ainda, precisamente em 1916, residia com uma tia, e cursava, durante a noite, a E'Scola de Humanidade. Querendo assistir a urn samba em Mangueira, pediu a urn colega que escrevesse urn bilhete ao Diretor do Colegio, como se f6ra 0 seu responsavel, pedindo-Ihe que dispensasse 0 Carlos de assistir a aula naquela naite. 0 Diretor enguliu a pilula e 0 Carlos foi assistir ao ensaio de Mangueira. Acabado 0 samba nao teve coragem de voltar para casa. Partiu para "Dona Clara" - Atual Bairro de Madureira - ficando por la durante varios elias, ate que urn seu irmao o encontrou com varios colegas numa roda boemia, levando-o para casa. CARLOS CACHACA

Quem ouve falar de Carlos Ca(;ha~a tern a impressao que se trata de urn beberrao, abrutalhado, mas, ao conhece-Io, tem-se uma g rat a decep~ao, pOis 0 Carlos Cacha~a e uma das figuras mais simpaticas que se pode desejar conhecer. Grande papo inteligente, am ante do samba com~ cultura-popular, como for1;a autEmtica do folclore carioca. Apesar de ter ticlo varios amores durante sua vida de boemia, urn deles conseguiu prende-Io, dandb-Ihe a carinho, a tranqliilidade, a repouso da volta do boemio. Trata-se de Dona ClotHde - uma grande pra~a -irma da Zica, mulher do Cartola, conhecida em Mangueira como Dona Menina e que segundo 0 pr6prio Carlos Cacha~a. e a sua companheira certa das horas incertas.

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MANIFESTACAO ARTrSTICA DE UM POVO ARNALDO PEDERNEIRAS Nos primordios da mUSlca de origem africana, em nosso pais, eram

as mesmas executadas e cantadas 50mente por negros escJ;'avos, em suas se nzalas, como manifestac;;ao de tris-

teza, nostalgia, alegria e revolta. Considerados seres inferiores, com idiorna exdruxulo e primario, ficaram durante seculos marginalizactos do proceSSQ cultural brasileiro. Entretanto, devido a sua grande sensi· bilidade, conseguiram perpertuar ate os nossos dias sua urte que eneontrava na danc;;a e no canto a sua exaltuc;;ao. Face ao tlesenvolvimento econ6mico e a necessidadc de mao de obra barata, os negros foram en viados para v a ria s regioes do Brasil. Nao se mantiveram, parem, estaticos e hermetic os, pais, ao mesmo tempo que assimilavam conhecimentos, transmitiarn seus costumes, festas, dan~as, cren~as, comidas e temperos. Suas danc;as e canto~, de acordo com a continente etnico, tinham for· rna variada de regiao para regiao: assim e que na Bahia temos 0 samba de roda e bate-bau; tambor de criou10 no Maranhao; samba de rod a e partido alto na Guanabara; samba de roda, rural, lenc;o e batuque em Sao Paulo; jongo no Rio de Janeiro e em Sao Paulo; a caxambu no Rio de Janeiro e Minas Gerais; e, finalmente, 0 coco, que com formas variadas, mas .t6das descendentes do samba, abrange as Estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco, Ceara e Paraiba. Os Estados acima foram onde se fizeram se ntiI' com mais inLensidade as manifestac;6es artisticas da rac;a negra, citando-se especHicamente I) Estado da Guanabara. Foi, e e nele, que a dan<;a e a canto negro conseguiram penetrar e se afirmar na so-

ciedade branca como meio de cornunica~ao. Porem ate chegar ao estado atual, 0 processo foi lento. Socialmente negados e culturalmente marginalizados, s6 com a fim da monarquia os negros puderam da expansao as suas manifestac;6es fora do seu meio ambiente. Nao podendo parti· cipar das polcas e quadrilhas, vez que esta cram consideradas, mesmo com a implantac;ao da Republica, danc;as de branco, e devido aos preconceitos raciais e economicos, os negros e brancos situados naquelas con· di~6es reuniam-se em suas casas para comemorarem aniversarios, santos padroeiros e datas nacionais. Mesmo assim nao eram bern vistas. Sob qualquer pretexto as autoridades proibiam as reuni6es e seus par· ticipantes eram consiclerados marginais. Havendo quase uma necessidade" fisica de se manifestarem artisti· camente e de se perpetuarem no que lhes era mais caro, varios grupos fundaram associac;6es recreativasCord6es Carnavalescos - de sorte que, assim constituidos e juridicamente organizados, puclessem pacificamente realizar seus objetivos. Com 0 passar dos anos foram evoluindo, acabando por se transformarem em RANCHOS. Na decada de 20, componentes oriundos dos Ranchos, na procura natural de sua evoluc;ao, sabedores que exisLiam outros grupos que se utilizavam tambem da danc;;a e do canto, de uma forma menos rigida e sofisticada, musicalmente mais livre e desta simbiose nasceu a Escola de Samba. A partir de entao e que po· demos dizer que 0 samba evoluiu co par isso com maior possibilidade de criac;;6es, a eles se uniram e firmou-se como autentica musica popular brasileira.

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LETRA EPROBLEMA MARCO AURELIO

o verdadeiro compositor popular e aquele que procura nas experi@n· das do povo plasmar as suas composi<;oes, seja atraves da forma , seja atraves da motivacao. E, acima da va lidade de qualquer experiencia em termos de musica p(,.pular, no sentido de comunicac;ao, as escolas de samba sao uma amostra que nao pode sel' deixada de lado, pais e valida no mais alto sentido, ja que 0 samba flue e feita par set!s compositores outra finalidade nao tern que ser can· tado pelo povo. .Iii antes do carnaval deste ano partirnos para uma tomada de posi<;50 bern clara, de inteiro apoio ao samba, sem qualquer sentido de paternalismo, posiCao que nao foi entendida par muitos. Nossa tinieD compromissD foi com 0 samba. Sem olhar amizades, mas conscientes de que era necessario alguem criticar em profundidade os sambas que as escolas iriam cantar, partimos para a exame frio de cada letra. Sem emocionalismos, mas determinados a mostrar aos compositores das Escolas a necessidacle de verdadeiramente fazerem musica para todo 0 povo cantar, sambas de letras pequenas, bem rimadas, justamente para facilitar a memoriza~50 de seu s versos. Pais ha uma necessidade imediata de que os compositores das Escolas partam para ultrapassar 0 ambito da pr6pria escoia, de que fa~am urn samba capaz de ser cantaclo POl' todos, de letra facil e escorreita. Abrimos urn parentesis para lernbrar Que nao e originaHda de nao saber falar a sua pr6pria Hngua, e sim 0 reo sultado vivo do subdesenvolvimento, situaQao que se exprime na falta de escolas, na incapacida de de os pais poderem pagar a escola para as fiIhos. Sem letras faceis, certas, os compositores das escolas continuarao as eternos ignorados da musica popular. Todo 0 problema se resume a que no instante em que as escolas se apresentam para seu maior p(tbli-

co - no des file de domingo de car. na val - nao cantam a verdadeiro samba de terreiro, que para inicio de con versa e rnuito rna is jogado que a sarnba·enredo. Mas este tern outro defeito fundamental: seu enorme tamanho. Urn samba com 40 ou mais versos teria que ser verdadeiramente genial para que 0 povo a guardasse na mem6ria - e 0 cantasse. Como os nossos compositores populares entenda-se a1 todos aqueles que tern acesso as companhias gravadoras - nao procuram estudar as experiencias do povo, com raras e· honrosas excec;ocs con1eQam a incidir nos erros dos com· positores das escolas de samba, erros que no passado eram muito mais contundentes, principalmente no Que se ref ere 0.0 tamanho das letras . o que tern acontecido nos inumeros festivais de musica realizado:3 par ai deve servir como exemplo po.. ra as compositores das escolas. 0 que se ve e a vit6ria desla au daquela musica, rnuita promoQao atraves das estaQoes que patrocinam 0 festival em que tais composh;;6es se sagraram vencedoras - mas nenhu ma repercussao popular. E par que isto acontece? Porque as nossos compositores populares, como ainda ocorre com os compositores das esclas de samba, partiram para as letras quilometri· cas. Queiram ou nao os muitos en· tendidos em musica popular que andam por a1 a dizer besteiras, um samba, uma march a-rancho ou outro qualquer rilmo popular 56 tern urn c3minho para 0 sucesso: a capac idade que trouxerem consigo de facil· m ente serem assimilados pel a memoria do povo. Mllsica popular e fei · ta para ser cantada e nao para sel' ouvida. Discutir fora disso e conver· sa fiada. o exemplo esta ai na cara de todo mundo. 0 compOSitor de escola de samba deve aproveita·lo para se Ii vrar de urna vez dos erros do passado. No carnaval do ano que vern precisamos repetir 0 exito de "Mundo Enca.ntado de Monteiro Lobato", um samba pequeno, que tornou conta do Brasil. Qual 0 samba-en redo ca ntado este ana no asfalto da Pre· sidente Vargas que ficou?

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A Batalha da

Apura~ao

HIRAN ARAUJO Todos os anos, as cenas sc rcpetcl11: lamiirias, imprcca~ <;oes, catilinarJas. Palavras aSI)CraS aqui cali, corrc· corre c d iscussoes cis um retrato, paJido " verdade DA BATALHA DA APU. RAI;AO.

Nao se justifica, de forma nenhurna, a continuaf:;ao de ambientes desta natureza. 0 grau de evolw;ao ja atingido pelas Escolas de Samba estii em contradic;ao com 0 que vern ocorrenda. Compreendc-se, e mesma sc justifica, que as vencidos ten ham sempre alguma coisa a rcclamar. Mas a ferocidade com que alguns reo cebem 0 resultado final. nos leva a concluir que ha muita coisa crrada em tuda isto. Urn dos fatos respons:J.veis por esta situac;ao ~c chama COMISSAO JULGA DORA . Hci juizes Que, Deus

me livre, julgam tao mau que somente se pode culpar os seus pessimos vereditos a insuficiencia de conhecimentos. Urn ponto que nao concordarnos de forma alguma e que os sambistas c1evem obrigatoriamente desconhecer os juizes ate 0 dia do julgamento. Nao vejo razao para isto c muito menDs aceito 0 argumento (0 unico, alias ) de que e preciso preserva r os juizes do asseclio corruptor dos integrandes lIas E scolas. E precise aca· bar com es te pre-julgamento dos sambistas, antes de t udo afensivo.e injusto. Podemos garantir que as E::icolas de samba estao tao civilizadas como, par exemplo, os clubes de fu· tebol, que tem, inclusive, a poder de veta r este ou aquele juiz. SUGESTAO Que s e forme uma comissao geraJ de carnaval, em que todos os presidentes de Entidades Representativas (Escolas de Samba, Ranchos, Blocas e elubes) participem, juntamente com a See:re·

Laria de Turisma, de urn esludo desles e de outros assuntos. Esta comissao geral nomearia sub-comissoes para as Escolas de Samba, para os Ranchos, etc. - que entre outras fun~6es indicariam as comissoes julgadoras. E stas sub-comissoes teriam, obrigaturiarnente, representantes das entidades carnavalescas que, desta maneira, participariam efetivamente, aceitando ou vetanda as jufzes. A competil;ao deve estimular e nao crial' areas de atritos e brigas. o samba ja esta em fase de rnaturidade, exige diiilogo e nao mon6logo, firmeza e nao subserviencia. o assunto comissao julgadora e muito importante e c!eve ser resolvi do com a participal;ao efeti va do sambista. Nao padernos mais ficar na depend en cia de sOluc;oes de gabinetes. Quem faz 0 espetaculo sao as Escolas de Samba. Elas devem ser ouvidas. Elas tern muito a dizer. ~ste ana escolheram urn palco ramoso - a maracanazinho - embalado por urn enorme aparato policia!. Quem como n6s teve a oportu· nidade de penetrar no "campo de batal ha" pode sentir, na pele, 0 clima apriorlsticamente formada. Pareciamos urn ban do, guardados cuidadosamente, prestes a explodir em arruac;as e desordens. Ningu~m confiava em ninguem, muito menos as autoridades encarregadas de salvaguardar a ordem publica. 0' que se viu, todos ainda estao lembrados, as mesmas cenas e lugal'es·comum dos anos anteriores.

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associar para melhorar AXToNJO BARROSO l\Iat·ginali~.ados durante tanto tempo, os compositores das Escolas de Samba do Estado da Guanabal';t come<;am a (lespcl'tm' para a .. calidade da socicdadc em que milltam. Individnlistas 1)01' exceMncia, cada urn cuidava dC' sens intcl'esses de urna forma fragil, facilitando a 81;5.0 das aves de rapina, das quais os Il'maos Vitale sao 0 grande exemplo.

(I) - assistencia medica c social; e) JH'orno~ao c grawl~ao de discos com as musicas dos fHiadosj f) Cadastro e oficlaUza~ao dos cornpositol'cs das escolas de samba, atraves da compctente cartci!'a; g) l'cgistro das composi~oes dos fiIiados para melbor garantia lip sens direftos;

Felizmcntc, ganba C01'()O 0 mo"imento para se formal' nrna 80cie(lade l'euniO(10 todos os composito· res das Escolas de Samba, 0 qual ja

h) - cnidar dos int.eresses epatl'imonio do samba e dos eomposito"{'s em todos os setlh'cs.

,'cccbcu a adesao dos g.'andes nome!'!

Os dctalhes e a fOl'ma pela qual s('rao prestados 8sses sCl'vif,,:os surgi..ao no Estatuto final.

dessas escolas, alguns, illc1ustve, responsaveis POI' im1meros sncessos da 1108SB musica popular. RenniOes pl'climinares jti foram l'ealizadas num climn de lwi'feito cntrosamcnto, que demonstl'aram 0 de· sejo fll'Dle tie concl'etizaf,,~ao do mo'd · mento. A comissao l'espousavcl pela clabora~ao do Estatuto csta em pic· na ativi<lade, todo fazendo C1'el' quc, clcutl'o de poucos dias, a "minuta" final do ante-pl'ojeto podera sel' sub· metida a As~cmbMia GCl'al, COUVOC;I<la especificamente para @sse fim. Em sfntesc, segundo 0 pensamento tla maio)'ia, a novel uSSOCla(:ao dCVCI'R SCI' nutonoma e scra dirigida pelos pr6prios compositorcs atraves de uma dirctol'ln e]elta na meucionada Assembleia. Os objctivos, delineados nas reunfoes preIiminares, devc)'ao girar em tOrno de asscgural' nos comllOsitores os seguintes heneficios:

as

a) - asslst@ncin jurfdlca junto sociedades gl'a,'adol'8s, rditol'as,

Tendo em vistas as altas finalidades da assoclac;ao e de Se IH'esumil' que reccbera 0 apoio de todos os compositol'es das Eseolas de Samba.

NOTAS A Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense ja deu a arrancada para 0 carnaval de 1969 com 0 gran· dioso Baile da Vit6ria da Bateria - nota 10 - em sua Quadra a Rua Prof. Lace, 225 - Ramos. Dia 31 do corrente ten\ lugar grandiosa festa Afro-Portuguesa, que devera servir de base para 0 en redo do pr6ximo carnaval.

('tc.;

b) - assist@ncia tecole;) junt.o as sociedades 81'rccadador8s, promotot'es de espetacnlos, etc.; c) ol'icnta~iio didlitica nlelhor produ~iio das musieasj

para

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Grandes pianos tern 0 nossa companheiro Hiran Araujo, responsavel pelo Departamento Cultural do GRESIL, agora com 0 ref6rco do Arnalda Santos e Arnauri J6rio aque· Ie Departamento.

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ra es tes dias. Sambas lindos van acont.ecel'. A EscoJa de Samba Unidos do ,Ta cal'ezinho escolheu seu en redo pa)'a 1968: VILA RICA DO PILAR. Tambem a Unidos de Vila Isabel estil com 0 enredo programado: IAIA DO CATS J)OURADO, de auto.-ia ,Ie Gabriel e Dario.

Sambamba AB FERNANDF:S Tao logo scja l'csolvido 0 problema d e local, voltal'a a funcionar 0 1\Iuseu do Carnaval, organizado pclo lUnseu da Ilmagcm e do Som. Segundo informacoes do sr. Ricardo era"0 Albiu, a primeira escula a grav8r para a post.eddade nesta segunda fase do l\:(useu sera a "Em Clma da Hora", campefi do 2' grupo e grande atl'a~ao para 0 desfile da Avcnida Pl'csidente Vargas.

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U In sucesso a festa da amizade promovida 1)01' Carlos Alves da Es. cola de Samba Imperio Serrano no dia 21 de julho pr6ximo passad~.

***

E il scguillte a pl'ogl'ama'.:ao so. cial da Socicdade Recl'eativa Escola de Samba "Lins Imperial", ate 0 inf_ cio dos cnsaios 1)r6-cal'navalescos: sabados - festas promovidus pclas alas filiadas (bailes, sambas, seres. tas, "shows" radiofOnicos, etc.); domingos - "Noites da Jovem Gual'da", com 0 conjunto "Seculo XX". I .. ocal: Rua Maria Luiza, n 'l 112 _ Lins de Vusconcelos.

***

Grande sucesso vern alcaul;{ando o curso de Anotaciio Musical promovido pela Associacao das Escolas de Samba do Estado da Guanabal'a. COl1lpositorcs de renome se inscreveram e vern participando (las aulas com grande interesse, objetivando a forma~ao musical indispens3vel para a ]H'oduc;:ao de boa musica. Excelente a *** festa ])l'omovida pela

passista da l\1angueira Teresa Santos no saHio da "Estudantina Musical". A fina flor do samba autentico IH'estigioll 0 acontecimcnt.o, que se prolongou madrugada adentl'o.

***

Falando em festa. muito saborosa a feijoada oferecida pelo naiano da Unidos de Lucas. Entre os preselltes Austeclinio - (president.e da Associa~ao das Escolas de Samba da Guanabara), Romao de Lima e Vitor Passos.

***

Alguns "shows" de samba esta1'800 acontecendo neste mes de agosto. "Nem Todo Crioulo e Doido" e "Samba na l\Iadrugada" sao os nomeso Participantes certos: l\Iartinho da Vila, Darcy da l\Iangueira, Trio ABC ~ Portela, Abflio l\-Iartins, 11'mas l\1arinho, Analia. Conjunto Brasil Ritmo 67. Walter Rosa, Sinval Silva e outras atra~oes.

***

Alias, '.l\lartinho, Noel Rosa de Oliveira, Darcy, Walter Rosa e outros estao em franca atividade no preparo das mtisicas que integrarao "elepes" de Jancamento previsto pa路

***

Em illiciati va inedita no Brasil sera realizado 0 1'.' SALAO DE ARTE DO SAl\IBA, promovido pela Associa~ao das Escolas de Sambas do Estado da Guanabara. Poderao particillar artistas de pintnra, desenho, arte decol'ativa gr3.vura, modelagem, N;cultura, colagem e xilogravura, d esde que pel'tencelltes as escolas filiadas. Inscrh;oes e maiores informa~oes na sede da Associa~ao: Rua Joaquim Palharcs n' 289.

*** Samba

A Escola de

Unidos de Nil6polis aprescntou em pl'omo~ao de sen Departament.o Feminino, no dia 11 do corrcnte, a pe~ "Urn Ra路 mo para Lufza", com a presen~a de gl'ande publico. A lll'omo~ao mer'ece louvores de muito que ela demonstl'a em t~rmos de evolu~ao das nossas F.scolas de Samba.

***

Tambem a Unidos de Padre 1\Ii路 guel movimentou 0 seu Departamen' to Teatral com urn espetiicul0 ence路 uado pelo Grupo -l\10CA de Cam]JO Grande. Tendo em vista a grande accita~ao pOl' parte dos sambistas de Padre l\liguel, 0 grupo se propoe a realizar espetacnlos semelhantcs nas dcmais escolas. Nota 10.

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A Voz do Morro o pl'ogram3 "A Voz do Mono", que a Radio Tupi leva ao ar dial'iamente ,acaba de preenchel' urn claro nas ja escassas aprescntac;oes de radio d edicadas ao samb~, COlli a cl'la~1io das i\l:l!:SAS REDONDAS DO SAMBA. A iniciath'H deve-se it visao e inteligBncia de Salvadot' Batista, que comprecndcu a neccssidade de leva" a sens iniimel'os ullvintes, espalhados POl' t.odo 0 BllasU opiniOes de (lessoas vivenciadas nas escolas de samba, a l'cspeito de questoes, as lnais sC l'ias, que vem ~en(10 df~· cutidas com a aten~ao que mCl'cccm. Voce sambista cstii convidado a sintonizar 0 sen receptor ludus os domingos, a!'l 19 horas, 113 R.'idio Tupi, quando sCl'au debatidos tudos os problemas ilU"l'cntes as escolas de sam bu. SAMBA E CULTURA au-guru continuidade C "ida tonga a tal em)ll'ccndimento que n6s sambistas juIgamos justo e oport,u no.

Samba e Cultura EXPEDIENTE

EDITOR Romito de Lima

SECRETARIO Arnaldo Pederneiras

ARTE )Illton D'AvUa

e

Orgao oficial da Associa· <;ao das E scolas de Samba da Guanabara - Rua J oaquim Palhares, n q - - - - - - 282.

Distl'ibui~ao

intern.--

e gratuita A t6das as Escolas filiadas . Elaborado pel a assessoria da Presidenci •.

A. B. Fernandes. CAND:i!:IA - s3mbista cmerito da POl'tela - desd'e a ida(1e de 11 anOS que freqiicnta escola de samba. Compositor aos 15 anos, e autor dc val'ios sambas enredos - 1.951, 53, 54, 56, 57 e 65. Dh-etol' da Ala dos Tmpossfveis e Pre· s idente (eleito) da AJa dos Compositot'cs, no perfodo 1957/1959. Vitimado pOl" unta iatalldade, se encont..a i'tI· timamente afastndo dos tCrt'cit-os de samba. )';: merecida e justa a homcnagem que SAMBA E CULTURA, intel"' JlI'ctando 0 pensamento do SA'MBA em nosso Estado, lhe pl'esta nestc seu lll"imeh'o numel'o.

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