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ODE AO MILHO – Jacyra Carneiro Montanari
Salve! Belo milho tão dourado!
Com rubra madeixa que deleita
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Por sua verde casca é abraçado
Protegido e que também o enfeita.
É por sua polivalência
Que se torna tão apreciado
Poucos pratos têm sua ausência
Seu sabor não se deixa de lado.
Com a espiga pode ser comido
Mas também pode vir amassado
Como pamonha e curau é comido
Ou em flocos com leite tomado.
Como farinha podemos te ver
Para o arroz com feijão complementar
No sorvete és de enlouquecer
E no bolo cremoso espetacular.
Salve! Salve! Milharal
Salve!Salve! Milharal
Terra onde o milho vai florescer
Que a mão do homem seja o sinal
Do respeito que a ele se deve ter.
ODE À INDIVIDUALIDADE Eduardo Henrique
Por natureza, espaçoso
Não me ajeito dividindo lugar
Acho que beira o cúmulo.
Nada me faz mais raivoso
Que o fato de um dia imaginar
Repartindo com outro o meu túmulo.
ODE BANANA Maria de Lourdes
Banana, essa palavra me deixa meio lele da Cuca, Sempre achei qu esta fruta era brasileira.
Seu gosto é saboroso, sacia a fome e a ansiedade. Oiginária do sudeste da Ásia.
Ouvir dizer do boca a boca que no futuro será extinta.
Nós brasileiros consumimos direto e reto
Mas por motivos políticos, inflação, mudanças de temperaturas
Ela não está mais como se dizia antigamente : a preço de banana.
Sua roupa é um charme: de cor amarela ou verde ...Cores desse imenso país.
BANANA d'água, ou banana nanica
Banana da terra, banana ouro banana maçã.
Rica em potassio, regula os batimentos cardíacos.
Garantindo o o funcionamento dos músculos, nervos e coração.
Olha a banana? Olha o Bananeiro?
Ate nossa Carmem Miranda fez muito sucesso
Estrelando filme Banana da Terra.
Que linda fotografia!
E na cozinha: Banana Frita. Crocante. Cozida. Assada.
Lhe acrescentam fragrância com bocado de açúcar.
Cartola no Pernambuco.
Caramelada na China. Flambuada com sorvete.
Ou no Virado a Paulista.
Fruta que nasce em qualquer lugar…
Mas que é tão rica!
ODE A DEMOCRACIA Yara Pinaffo
Democracia
Na Grécia nasceu
Um governo de sábios
Moderação, sapiência sofocracia.
Democracia
Governo do povo
Nação, sociedade
O povo não silencia.
Democracia
Muito tempo a construir
Tantos dolos e intolerância/ Dentro da autocracia.
Democracia
Sobreviveu por milagre
Foram às ruas, avenidas
Recuperar a hegemonia.
ODE AO AÇÚCAR - Márcia Barrozo
Sucre. Sukkar
A doçura sem abelha
No talo da planta verde.
No tacho da rapadura...
Breve socorro
Ao melancólico...
Mas se branco
Outra heroína?
Açúcar. Sarkara...
Caminho pro Nirvana?
Ou só Maya repetindo
Amiúde seus Samsaras.
ODE À BANANA, com início em um verso de F.Gullar – Márcia Barrozo
O queria pêssego
Sumoso. Sibilante
Veludo em drupa
Pubescente.
Porém, Nasalisou-se em enes.
Sementes
Ausentes.
Branda resta assim
A musa mais suprema_
Singela banana!
Cheirosa. Arrebitada. Pequena.
ODE - ReginaMariass
Rosa e amora.
Folha e botão.
Vida e morte.
E no entre, o Presente
hInspiração
Uma estrela do mar que deseja ser artista
STELLA, A ESTRELA DO MAR – Laerte Temple
Stella nasceu Estrela do Mar, mas identifica-se como grande cantora e quer se consagrar nos palcos do mundo inteiro. Compõe, tem voz melodiosa e afinada, mas faltam-lhe músicos e um back vocal, além de acústica amplificada.
O Tubarão Martelo, sabendo de seu desejo, intimou outros seres marinhos a ajuda-la e formou-se a banda com Cação Viola e canto de Sereia, amplificados pela acústica das conchas.
Quis o destino que todo o grupo fosse apanhado numa rede de pesca, mas o capitão de um enorme navio de cruzeiro comprou todos e instalou-os no gigantesco aquário junto ao palco principal. Final feliz para Stella, que se apresenta com seu grupo todas as noites para as mais variadas plateias do mundo enquanto o grande navio singra os 7 mares
A Estrela Cadente Que Era Uma Estrela Do Mar E Queria
BRILHAR NOS PALCOS DO MUNDO – Márcia Moretti
Como meteoro invertido, saiu do mar para o firmamento. E pequena desconhecida, fez se ver em todo o planeta. Teve quinze minutos de fama. Depois voltou para o Oceano. Se apagou até nas lembranças .
Conselhos para a Estrela do Mar que queria ser artista - Sandra Rodrigues
Estrela do Mar, se exponha, saia das profundezas. Não se deixe levar pelas ondas. Faça seu próprio caminho. Procure conhecer a alma dos homens e omodo como vivem. Leia os clássicos. Exercite seu corpo e sua voz.
O palco exige muitas formas de expressão. É possível flutuar? Aos artistas tudo é possível. Ouse !
A estrela que queria ser quente - Regina Mariass
Meu sonho são as profundezas do oceano, onde o colossal colorido das espécies fornecem o clarão que quero brilhar.
Vou sorvendo o cada pedacinho desse furta- cor até me sentir uma baleia azul nesse imenso cosmo aquático. E assim vou cintilando entre os trópicos e as águas polares, feito a estrela mais brilhante na mais escura noite.
hInspiração
Vídeo Buraco Negro
A OCASIÃO FAZ O LADRÃO? – Laerte Temple
Cida e Zé são faxineiros num escritório, após as 19h, depois do expediente. Tudo tem de estar limpo e brilhando porque o pessoal começa cedo no dia seguinte. Eles não conhecem quem trabalha lá, mas sabem que é gente importante.
Conversam o tempo todo imaginando como deve ser a vida dos grã finos. Quando tem reunião até tarde, escutam conversas, mas não sabem do que se trata. Ambos têm apenas o ensino fundamental e não entendem os assuntos do escritório.
-Zé, alguém esqueceu esse molho de chaves sobre a mesa.
-Que chaveiro esquisito!
-Olha, tem um botão preto, uma luz verde e uma vermelha.
-Deve ser controle remoto. O que será que abre?
Apertaram o botão e a porta atras da mesa do chefe destravou. Apertaram de novo e fechou. Luz verde, aberta. Luz vermelha, travada.
-Deviam ter deixado isso com a gente.
-Pra que?
-Assim a gente podia limpar essa sala também.
-Vamos caprichar na limpeza. O pessoal vai ficar surpreso amanhã cedo. Dentro da sala havia faixas, cartazes, xícaras de café e copos sujos, além de garrafas abertas de whisky, vinho e champanhe. Os restos de bebidas e as bitucas de cigarro produziam um cheiro horrível. No chão e no sofá, alguns preservativos e uma calcinha. Recolheram o lixo, limparam e lavaram tudo, inclusive a calcinha. O controle também abriu um depósito com caixas abarrotadas de dinheiro. Na manhã seguinte, o Assessor encontrou a sala secreta limpa, o lixo recolhido e tudo lavado, inclusive a calcinha. O depósito também estava limpo, intacto e arrumado. Chamou imediatamente a Secretária.
-Não sei o que houve, Abílio. Eu não tenho o controle remoto da porta.-O controle do doutor Hamilton estava sobre a mesa dele. Esqueceu de levar para casa, alguém encontrou, abriu a porta e limpou tudo
-Vamos ver o vídeo das câmeras de segurança. Abílio e Jussara assistiram o vídeo atônitos. Mesmo diante de tanto dinheiro, os faxineiros não pegaram nada. Assessor e Secretária se olharam sem trocar uma só palavra, mas não foi preciso. Comunicaram ao líder do Partido Político o furto de R$ 2 milhões, muito pouco perto imensa fortuna guardada. Não houve Boletim de Ocorrência para não terem de explicar a origem do dinheiro. Os faxineiros foram demitidos, por quebra de confiança.
-Bem, querido, pusemos a culpa nos faxineiros e ninguém desconfiou. -É, meu amor, como diz o ditado, a ocasião faz o ladrão.
-Discordo, querido. O ladrão é preexistente. A ocasião faz a oportunidade.
-Mais uma taça?
-Demorou!
Ao ritmo da máquina que copia – Márcia Barrozo
Dia
Após dia
Copio
E copio
Sem apreço
O mesmo
O mesmo.
Mas Súbito
O avesso?
Passagem?
Caminho?
De início
Estremeço
Mas tento
Inda lento...
Repito
E repito
E sorrio.
Meu intento Ladino
Ultrapasso.
Outro passo
E a meta
Amplio
Amplio.
Embaraço?
Sorrio Sorrio
E mais quero
Mais quero
Desatino
E me lanço
E alcanço.
Mas o susto!
Armadilha?
Em revés
O reverso?
E o mesmo
O mesmo
O meu peso
O meu preço
Assim preso
Escureço
Escureço
Escureço...
hInspiração
Vídeo “Mistério no Capinzal
A PROCURA – Laerte Temple
Glorinha aguardava ansiosa e chorando, ao lado da prima e das amigas, todas observando o valente garoto Nicanor tatear a moita procurando algo que não conhecia, mas sabia pertencer à bela garota.
Ele tateia às cegas, tateia novamente e avisa que encontrou algo, mas era apenas o resto de uma câmera de pneu de bicicleta.
-Não é isso, Nicanor. Continue procurando.
-Como se parece?
- Sei lá, mas é pequena.
Ele continua a busca, ouve o trotar de um cavalo e avista o coronel Bento, pai de Glorinha, no assento da charrete. As moças se cala. Glorinha engole o choro. Só Nicanor responde.
-O que está acontecendo aqui?
-Dia coroné. Tô procurando o que a Glorinha perdeu.
-E que diabos a menina perdeu atrás dessa moita?
-Parece que é a ter de virgindade.
DESFECHO - ReginaMariass
Noca foi chamada às pressas para ir até a moita salvar Mariinha que havia caído na buraço, depois que se desiquilibrou na bicicl eta. Ao tentar puxar, veio a alça de um vestido. Cadê Mariinha?
hInspiração
Um objeto mágico
A CHAVE – Jacyra Carneiro Montanari
Peguei a chave e me encaminhei para aquela porta que sempre via nos meus sonhos. Dei duas voltas na chave e a porta se abriu. Na hora me vi envolvida por uma música. Foi ela que me fez entrar naquele recinto do qual eu sentia um certo medo. Era desconhecido para mim.
Gostei da tranqüilidade que o ambiente passava e, com a chave na mão, me pus a dançar. Eram as músicas de Chopin que me envolviam.
A chave queimava minha mão com a energia que emitia. Eu dançava, dançava muito. Meu vestido azul me fazia flutuar. Mas a chave continuava a energizar a minha mão, me conduzindo para o local de onde vinha a música. Era de um piano que produzia um som gostoso e suave das músicas de Chopin. Vi minha mãe tocando o piano. Fui chegando perto dela e me vendo, ela falou: “Você dança bem. Vai atrás disso”. A chave caiu da minha mão e eu acordei.
O CHARUTO CUBANO – Laerte Temple
Fulgêncio é um cara muito estranho. Detesta o convívio social mas, por ser forte, belo e rico, atrai pessoas e vive rodeado de conhecidos e também estranhos. Seja na praia, no condomínio, no cinema, todos querem se aproximar dele.
Um belo dia encontrou uma caixa de charutos cubanos que era de seu avô. Acendeu um, saiu para espairecer, e reparou que as pessoas que passavam por perto ou vinham em sua direção, imediatamente se afastavam. Creditou o fato inusitado ao charuto e resolveu testa-lo em locais diferentes. Graças ao charuto, ficou mais fácil estender a esteira na praia, esvaziar a fila do cinema, assistir sossegado o futebol no estádio, pegar sozinho o elevador etc. Sua vida melhorou muito, mas aí os charutos se acabarem.
Mas os pulmões estavam tão impregnados que os efeitos persistiram e as pessoas continuaram mantendo distância. Viveu dias de glória até que um AVC o fez cair desmaiado no Shopping. Ninguém, populares, segurança, paramédicos, polícia ou resgate, conseguiu se aproximar e Fulgêncio morreu só, sem socorro. Foi cremado em seu sítio, a fumaça se espalhou, as pessoas fugiram e toda a região tornou-se desértica. Vários anos depois, um agricultou que soube da terra abandonada, quis conhecer o lugar e lá encontrou uma imensa plantação de fumo. Apossou-se da terra de ninguém e pensou: Estou rico. Vou fabricar charutos!
Caneta que escreve poesia - Eurídice Carvalho
" ...é ferida que dói e não se sente/ é um contentamento descontente/ é dor que desatina sem doer..."
"Tem dias que a gente se sente/ como quem partiu ou morreu"...
"Vou-me embora pra Passárgada/ la sou amigo do rei"…
"Eu que andava nessa escuridão/ De repente foi me acontecer"...
" No meio do caminho/ tinha uma pedra"
De todos os objetos mágicos, veio parar nas minhas mãos O que desde a infância perseguia
A magia da Poesia.
Reflexões sobre um objeto: um fone de ouvido, que dependendo da forma como é colocado, você só ouve coisas boas, ou só coisas ruins.. Lígia Lucchesi
Quando coloquei aquele estranho fone de ouvido, comecei a ouvir canções maravilhosas de minha infância e a minha mãe me dizendo, como sempre carinhosamente: “ cutututinha, ela sempre foi a cututinha de minha vida, tão bravinha as vezes que parece uma abelha africana (e merece esse nome) e outras vezes tão meiguinha”...
Depois mudei a frequência desse fone e apareceram sons ruins, tristes e por vezes terríveis. Saí correndo, com medo e mergulhei em um sono profundo.
Quando acordei o fone de ouvido havia desaparecido, Todas as coisas boas ouvidas ficaram num canto claro e colorido de minha mente e todos as coisas ruins se esfumaçaram, esfumaçaram e pluff, desapareceram... Foi um sono e se desfez…
SOBRE A LASCA DO LEVY - Regina Mariass
De repente uma lasca rodopiou naquele vagão de metrô o rapaz que já tinha propaganda pronta para vender sua fábrica de chocolates, começou a expressar através do corpo, sons, ritmos e notas musicais.
As tatuagens de borboletas nos braços da menina começaram a voar e pousou na mão da mulher bonita, que começou a dançar.
A lasca continuou a girar e um clarão de luzes espalhou e não se souber de ninguém que não quisesse cantar, potencializando a vida daquele lugar.