Anais VI CBDEH

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Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Copyright © Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Capa: Copyright © Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Editoração e Programação Visual: Organização e Revisão: Alves edeEventos Carvalho Capa: AttitudeAntonio PromoPedro Marketing Editoração e Programação Visual: Attitude Promo Marketing e Eventos Organização e Revisão: Antonio Pedro Alves de Carvalho Nota: Todas as informações incluídas nos textos aqui apresentados, inclusive de ilustrações e autorizações de reprodução, são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

C749

Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (6. : 2014 : Florianópolis, SC). Anais do VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar / Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar ; organização e revisão : Antonio Pedro Alves de Carvalho. Florianópolis, SC : ABDEH, 2014. 138 p. : il. ISBN: 1. Arquitetura de hospitais - Congressos. 2. Hospitais – Arquitetura Congressos. I. Carvalho, Antonio Pedro Alves de. II. Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar. III. Título. CDU - 725.51

CDD - 725.51

Nota: Todas as informações incluídas nos textos aqui apresentados, inclusive de ilustrações e autorizações de reprodução, são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

_____________________________________________________ Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Florianópolis – 2014

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Diretoria

Comissão Científica Nacional

Fábio Oliveira Bitencourt Filho Presidente Gestão 2011 - 2014

Arq. Prof. MSc. Márcio Nascimento de Oliveira Presidente

Márcio Nascimento de Oliveira Presidente Futuro Gestão 2014 - 2017

Flávio de Castro Bicalho Presidente Anterior Gestão 2008 - 2011

José Cleber do Nascimento Costa Vice-Presidente de Gestão Administrativa Carla Vendramini Vice-Presidente de Marketing

Emerson da Silva Vice-Presidente de Relações Institucionais Elisabeth d’Abreu Hirth Vice-Presidente Executivo

Márcio Nascimento de Oliveira Vice-Presidente de Desenvolvimento Técnico-Científico

Comissão Organizadora Emerson da Silva Presidente

Inara Beck Rodrigues Presidente Executiva

Alexandre Borda Ana Claudia Rubi Castro Patrícia Paiva D´Alessandro Pio Borges Roberto Krieger

Arq. Eng. Prof. Dr. Antonio Pedro Alves de Carvalho (UFBA) Arq. Prof. MSc. Augusto Guelli (FGV-SP) Arq. Prof. Dra. Eliete de Pinho Araujo (Uniceub-DF) Arq. Prof. MSc. Elza Maria Alves Costeira (ABDEH) Arq. Prof. Dr. Jorge de Azevedo Castro (UFF) Arq. Prof. Dr. José Gustavo Francis Abdalla (UFJF) Arq. Prof. Dr. Mauro César de Oliveira Santos (UFRJ) Arq. Prof. Dra. Patrícia Biasi Cavalcanti (UFSC) Arq. Prof. Dra. Vera Helena Moro Bins Ely (UFSC)

Comissão Científica Regional Arq. Esp. Bernardo Bello Martins Eng. MSc. Erlon de Rocco Arq. Esp. Jodeli Laurindo Florenço


Diretores Regionais Sul Adriana Sarnelli (PR), Inara Beck Rodrigues (SC), Márcia Martinez de Azevedo Bastian (RS), Sudeste Ana Paula Naffah Perez (SP), Flávia Moura (ES), Regina Coeli Cavalcanti de Brito (RJ)

Centro-Oeste Eliete Araújo (DF), Joice Beatriz Patrocínio (GO) Norte José Freire da Silva (PA), Nazareth França (RO)

Nordeste Fernanda Ventura (PE), Leila Uzeda (BA), Márcia de Sousa Gonçalves (CE), Napoleão Lima Júnior (PI), Teresa Cristina de Assis Lira (PB).

Conselho Editorial

Antônio Pedro Alves de Carvalho Coordenador Fábio Bitencourt, Flávio Bicalho, Flávio Kelner, João Carlos Bross, Luiz Carlos Toledo, Márcio Nascimento de Oliveira e Salim Lamha Neto.

Conselho Consultivo

Flávio Bicalho, Flávio Kelner, Irineu Breitman, Jaime Spínola Castro Neto, João Carlos Bross, Mariluz Gomez, Mário Ferrer, Regina Barcellos.

Conselho Fiscal

Astério Guglielmone Santos, Cléo Pais de Barros, Elza Maria Alves Costeira.


7 Mensagens aos Congressistas 13 Resumos Palestras

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MULTIESPACIOS PARA LA SALUD – CRAC y ATILRA Esteban Urruty SALUD Y ARQUITECTURA EN LA DIVERSIDAD CULTURAL Gabriela Perelló EL HOSPITAL: continuidades y especificidad Mario Corea

NATURAL LIGHT: the hypogeum hospital spaces Mattia Atzeni

UM NOVO OLHAR SOBRE OS EDIFÍCIOS DE SAÚDE NO BRASIL: o caso dos hemocentros coordenadores públicos Humberto Dias Xavier

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43 Comunicações 45

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Como o design de serviços pode aprimorar a experiência do usuário na unidade de diagnóstico por imagem Gabriela Bassols

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Planejamento de unidades de diagnóstico e terapia das neoplasias malignas Aline Andrade, Denise Gatto e Thalita Campelo

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Considerações sobre o projeto de espaços para o cuidado crítico Daniela Tavares, Mauro Santos e Ivani Bursztyn

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Ambiência hospitalar na requalificação do projeto arquitetônico Cristiane Silva

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Análise dos parâmetros de conforto ambiental Renata Lima, Eliomar Lima e Darja Braga

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Ambiente hospitalar e consumo de energia Antônio Pedro Carvalho e Patrícia Farias

A qualidade do ar interior em ambientes hospitalares do ponto de vista do acondicionamento térmico natural Sheila Freire e Francisco Gonçalves Partículas aéreas em salas cirúrgicas Marcelo Pereira, Rogério Vilain e Arlindo Tribess Gestão de recursos físicos e tecnológicos da saúde no Brasil José Guimarães

O processo de projeto de centros de diagnóstico por imagem sob o ponto de vista da análise dos fluxos Andrea Thomazoni e Sheila Ornstein Informações sobre a gestão de equipamentos em serviços de hematologia e hemoterapia públicos do país Fabiano Ferreira Recursos físicos hospitalares no Brasil Patrícia Draganov, Ricardo Vieira e Maria Sanna

Inovações em concepção de resultados para estabelecimentos assistenciais de saúde Otavino Silva

Cenário de transformações arquitetônicas nos hospitais Hermínia Machry Tendencias y estrategias en el diseño y la operación de los edificios para la salud Rita Comando Um hospital para pacientes de longa permanência Sandra Riskalla


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Prezados congressistas,

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pós os congressos realizados em regiões distintas do Brasil: Salvador em 2004, Rio de Janeiro em 2006, Porto Alegre em 2008, Brasília em 2010 e São Paulo em 2012, a escolha de Florianópolis para sediar o VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar consolidou a atuação da ABDEH no exato ano em que completa 20 anos de existência, fortalecendo-a na representação das questões sobre os ambientes de saúde no país. Parabéns à ABDEH e seus associados, que constroem a história dos edifícios para a saúde com atuação responsável e profícua. Fundada em 1994 por um grupo de importantes profissionais brasileiros com atuação nas áreas de arquitetura, engenharia e saúde, a ABDEH chega aos 20 anos coroando-os com a realização deste importante congresso. Encerro também a Gestão ABDEH, iniciada em maio de 2011, com uma particular satisfação em fazer parte desse processo de amadurecimento institucional. Uma oportunidade também para agradecer aos membros da Diretoria Nacional, que me acompanharam neste período, e sem os quais nada poderia ser realizado. Importante destacar também a relevante atuação das Diretorias Regionais no trabalho de promover eventos regulares em seus estados. Alcançamos 16 estados brasileiros, que correspondem a 86,69% da população brasileira. Conseguimos manter os nossos informativos atualizados mensalmente e chegamos ao nº 109, sem nenhuma interrupção desde quando foram concebidos na gestão Flávio Kelner, em 2005, e continuados na gestão Flávio Bicalho, a partir de 2008. Ampliamos também este conceito de divulgação com o informativo Ambiente Saudável, em sua 7ª edição, com tiragem de 2000 exemplares, ao mesmo tempo em que seguimos com a nossa revista Ambiente Hospitalar. Em agosto de 2014, a cidade de Florianópolis destaca-se na história do mais importante evento brasileiro sobre o futuro e a qualidade das edificações hospitalares. A escolha do tema é bastante sugestiva, Excelência em Ambientes de Saúde: experiências e evidências, contextualizado no momento em que o Brasil necessita apresentar uma nova perspectiva para os seus espaços edificados para assistência à saúde. Neste VI Congresso da ABDEH, alguns objetivos claros a serem alcançados estão registrados nestes Anais. Destacamos a integração multiprofissional e a transdisciplinaridade como pressupostos para alcançarmos a excelência nos cuidados de saúde. O VI Congresso da ABDEH em Florianópolis é uma oportunidade de promoção e divulgação do conhecimento sobre as inovações tecnológicas, a organização dos procedimentos e desenvolvimento projetuais, o conforto humano, a segurança e as condições ótimas dos ambientes de saúde necessárias a todos os usuários – profissionais e clientes. No processo maduro e responsável de sucessão, apresento as melhores expectativas para a nova gestão nacional da ABDEH, a iniciar em 29 de agosto, sob a liderança do arquiteto e professor Márcio Oliveira, com a honra de poder continuar contribuindo no desenvolvimento da associação. Arq. Fábio Bitencourt Presidente da ABDEH, Gestão 2011 - 2014

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Florianópolis e o VI CBDEH – uma bela composição!

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s números não mentem... Quase metade da população brasileira (49%) diz que melhorar os serviços de saúde deve ser prioridade para o governo federal em 2014, ano da eleição donovo presidente da República. A informação é da pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira: Problemas e Prioridades para 2014, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria como IBOPE. A mesma pesquisa revela que a saúde é o principal problema do Brasil, na opinião de 58% dos entrevistados. Santa Catarina, estado com economia pujante e diversificada, o sexto PIB do Brasil – girando em torno de R$ 170 bilhões –, possui um ambiente de negócios inversamente proporcional ao seu tamanho geográfico. Este valor equivale, aproximadamente, à soma do PIB do Uruguai, Paraguai e Bolívia.Os catarinenses têm a maior expectativa de vida do país – e a longevidade da população só vem aumentando nos últimos anos. Atualmente, a expectativa de vida média do catarinense é de 77 anos (81,1 para as mulheres e 74,4 para os homens). O Atlas do Desenvolvimento Humano 2013, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD), aponta 10 cidades catarinenses com o maior índice de longevidade do Brasil. Outro dado importante: Santa Catarina possui a menor mortalidade infantil do país. Segundo os dados mais recentes do IBGE, o estado tem taxa de 9,2 óbitos de menores de um ano para cada mil nascidos vivos, enquanto a média nacional é de 16,7 óbitos em cada mil nascidos vivos. Florianópolis, lugar reconhecido pelas belezas naturais, riqueza histórica e vocação empreendedora, é considerada a capital com a mais alta qualidade de vida e a quarta melhor cidade do país para se viver, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Por outro lado, é a cidade brasileira que mais enriqueceu nas últimas três décadas. Seu PIB per capita cresceu, em média, 6% ao ano e, atualmente, atinge US$ 10 mil – quase o dobro da média brasileira. Uma justificativa para todo esse enriquecimento pode estar na inovação tecnológica. Atualmente, somente Florianópolis, sem contar a região metropolitana, possui mais de 600 empresas de base tecnológica que, juntas, faturam cerca de R$1,2 bilhões, empregando mais de6 mil pessoas e se posicionando como o segundo maior gerador de tributos aos cofres municipais. Neste cenário convidativo, a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar promoverá na capital catarinense o VI CBDEH, Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, com o tema Excelência em Ambientes de Saúde: experiências e evidências, que é oportuno e instigante,pondo em debate as expectativas e os resultados das reflexões mais atuais sobre o assunto. Palestrantes de renome internacional, representantes de instituições que definem os marcos regulatórios do setor de saúde no país, profissionais que no seu cotidiano projetam, gerenciam e imprimem inovação nos espaços de saúde, bem como os maiores players do mercado (fabricantes e fornecedores da cadeia produtiva), estarão em Florianópolis nos dias 27, 28 e 29 de agosto, interagindo de várias formas neste fórum, que vem se consolidando como o maior encontro sobre os Ambientes de Saúde do Brasil. Conhecimento, qualidade e inovação! Sejam todos bem vindos à Floripa, a ilha da magia!... Arq. Emerson da Silva Presidente do VI CBDEH

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Sejam bem vindos ao VI CBDEH!

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o completar 20 anos de existência e consolidar sua posição como entidade referencial na busca pela melhoria na qualidade da edificação hospitalar no Brasil, a ABDEH proporciona, a seus associados e ao público em geral, mais uma ótima oportunidade de compartilhar, promover, desenvolver e difundir o conhecimento sobre os edifícios de saúde. A programação do congresso, elaborada após intensas discussões do comitê científico, inclui alguns dos mais renomados profissionais e pesquisadores nacionais e internacionais entre seus palestrantes e conferencistas convidados, prova inequívoca da maturidade e do reconhecimento alcançado pelo CBDEH nas discussões acerca da infraestrutura hospitalar. O tema principal, Excelência em Ambientes de Saúde: experiências e evidências, propõe uma reflexão com alcance multidisciplinar sobre o que caracteriza a excelência em saúde, e convida a um exercício coletivo de identificação dos métodos e práticas para que esta seja atingida. Há que destacar ainda o resultado da chamada de trabalhos, que foi um dos mais expressivos da história do congresso, tendo sido selecionadas contribuições vindas de diversas regiões do país e também da América Latina. Incluindo temas como sustentabilidade, gestão de tecnologia, humanização, experiências projetuais, entre outros, os trabalhos científicos proporcionam um democrático panorama das teorias e práticas mais atuais. Um ótimo congresso a todos! Arq. Márcio Nascimento de Oliveira Vice-Presidente de Desenvolvimento Técnico-Científico – ABDEH Presidente do Comitê Científico do VI CBDEH Presidente Futuro da ABDEH

Prezados Congressistas,

H

ospital: “derivado da forma culta do latim “hospitale”, relativo a hóspede, hospitalidade, “hospitalis (domus) – (casa) que hospeda.” Tal como descrito no dicionário, os ambientes de saúde vem se transformando para melhor atender o seu cliente. Com foco na qualidade destes espaços, tão importantes para a sociedade, a ABDEH vem trabalhando com o objetivo de promover reflexões e aprimorar o conhecimento no setor. O CBDEH é hoje o maior evento da área no país, com conteúdo científico altamente qualificado e participação de profissionais e empresas atuantes no segmento da saúde e infraestrutura. Florianópolis sente-se honrada em receber todos vocês. Desejo uma feliz estada e que aproveitem bem, não somente o conteúdo teórico do Congresso mas a inestimável convivência de amigos e colegas neste maravilhoso cenário. Boas inspirações neste VI CBDEH e bem vindos a Floripa!

Arq. Inara Rodrigues Presidente Executiva do VI CBDEH 11




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MULTIESPACIOS PARA LA SALUD – CRAC y ATILRA Esteban Urruty Arquitecto

1 HOSPITAL: Salud, Deporte y Recreación. El Centro de Salud de Alta Complejidad (CRAC) plantea un nuevo concepto hospitalario a través de un programa que va más allá del uso exclusivamente sanitario: la ciudad se integra en el hospital a través del ocio, el deporte, el cuidado de la salud y la recreación. La idea El nuevo CRAC es un proyecto basado en 4 ejes: • Inclusión familiar • Sinergia entre la alta complejidad y los espacios humanizados. • La prevención y la educación para la salud. • La integración con la comunidad.

Un centro de salud integrado a un polideportivo proporciona un lugar donde continuar realizando actividades físicas, superando la sensación de semiencierro (que a veces tienen los centros de salud) y establecer vínculos sociales (figura 1).

Figura 1: Centro de Salud de Alta Complejidad (CRAC) Fuente: el autor

Asimismo resulta de utilidad tanto para el staff del hospital y para los visitantes. Dichos espacios son integrados como jardines terapéuticos, medicina deportiva, gimnasios de rehabilitación, terapias ocupacionales, socialización, deporte y recuperación. De este modo se posibilita el mejoramiento de la calidad de atención al paciente y su familia, permitiendo mejorar uno de las mayores molestias, que es el tiempo de espera, y las actividades que los acompañantes o visitantes pueden desarrollar. La alta complejidad y los espacios humanizados. Todo el proyecto está basado en esta suerte de dualidad: lograr que los recursos sofisticados converjan con la humanización de los espacios. Este es un rasgo diferencial y se logra colocando al usuario-paciente en el eje de todas las políticas de gestión y también en la constitución proyectual de cada servicio. El partido adoptado es el de un “Hospital Sistémico”, concepto que se desprende de los antiguos “Hospitales Pabellonados”, mejorando y clarificando las circulaciones y los bloques de servicios. La ventaja principal es lograr una clara diferenciación de los sectores de atención y además una contundente separación entre las circulaciones públicas y las técnico-médicas y de servicios. Todo esto facilita la orientación del usuario dentro del hospital y evita los incómodos entrecruzamientos circulatorios, permitiendo al staff trabajar con comodidad y eficiencia. Se adoptó un proyecto con una organización horizontal, con un concepto de “Hospital Evolutivo” que permite una arquitectura flexible que pueda adaptarse a los vertiginosos cambios de la tecnología y de las prácticas médicas. El uso de entrepisos técnicos, 15


Comienzan a aparecer calles y atrios vidriados. Esperas claustrofóbicas se transforman en salas con wi-fi, bares, sectores comerciales. Se le quita dramatismo al Hospital y aparece la experiencia espacial. (TANG, 2014)

Figura 2: Imagen formal hospital evolutivo Fuente: el autor

ubicados sobre las áreas de mayor complejidad, dan una garantía de eficiencia y “vigencia del Hospital” frente a los cambios. En el proyecto se cuidó especialmente de la imagen, a través del estudio de fachadas y cortes, reinterpretando la imagen de las usinas lácteas: tanques, chimeneas y los techos ondulados la recrean. La elección de las formas, los materiales y colores, surge de pensar en forma moderna, con un lenguaje contemporáneo y con materiales y tecnologías de la región. La idea del hospital al fondo del terreno, formando parte de un conjunto de edificios dedicados a actividades deportivas, culturales, comerciales e institucionales, se relaciona a través del boulevard de acceso con la calle que lo conecta directamente con la ciudad y de esa manera forma parte de un todo y no es un edificio aislado en el campo. Durante los últimos 10 años hubo grandes cambios en el ámbito de la salud, con la incorporación de nuevas tecnologías y cambios de paradigmas de la atención médica, lo que incidió en diseño de los espacios hospitalarios Como dice el arquitecto chino-americano Andrew Tang: Hay un interés médico en tener un entorno bien diseñado y en reorganizar los espacios como para crear una situación que también cure y reduzca la ansiedad. Mejorar el entorno del paciente crea un mejor lugar para curar. Estar expuesto física y visualmente a la naturaleza, reduce el estrés.

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Tomando estos conceptos: La idea de la gran calle cubierta como un espacio integrador de actividades y relaciones espaciales, médicas y no médicas. El gran espacio central, aglutina la mayoría de las esperas ambulatorias, sectorizadas por especialidades, con patios interiores que generan una rica relación interior-exterior, verde con el campo. El aporte de la luz y el verde está a lo largo de todo el proyecto en su carácter de elementos integradores y a la vez curativos. Entrepisos, patios internos, dobles alturas, balconeos refuerzan esta idea de integración exteriorverde-interior. En este proyecto se ha cuidado con especial atención la “sustentabilidad” y las condiciones bioclimáticas en su arquitectura. Ya que lo que eran tendencias hace 20 años, hoy son “Premisas de Diseño”.

2 CONDICIONES CONSTRUCTIVAS Y TECNOLÓGICAS Y CUIDADO DEL MEDIO AMBIENTE

Para este objetivo se contrató un estudio de asesoramiento técnico en arquitectura sustentable.

Estructura El módulo estructural adoptado fue de 7,20x7,20m, verificado y con muy buen rendimiento en edificios para la salud. La estructura és convencional metálica en la gran cubierta ondulada y en las cubiertas de los entrepisos técnicos. Materialidad Mampostería exterior de ladrillos huecos, revestimientos y muros interiores en placas de yeso con estructura metálica.

Clima y condiciones de confort En función de las características climáticas de la ciudad de Sunchales, y las variables de temperatura, humedad, precipitaciones, viento y radiación se adoptaron:


Fachadas Ventiladas – para un buen aislamiento térmico de la envolvente. Se estudiaron según cada orientación “los sistemas de parasoles”, para lograr una buena protección solar. Se generan patios interiores con ventilaciones cruzadas. Se generan espacios exteriores semicubiertos y expuestos a las brisas. Energía Solar Térmica – El objetivo de estas instalaciones solares se orientan a reemplazar parte del consumo eléctrico del edificio por una “energía renovable” y en “reducir la emisión de gases de efecto invernadero”, precalentando agua con energía solar térmica. Agua de lluvia y artefactos eficientes – Aprovechamiento del agua de lluvia y de condensado de los equipos de termomecánica, para riego, lavado de exteriores, servicio contra incendios y como “aguas grises” para descarga de artefactos. El sistema será complementado con agua de pozo de perforación, para compensar las faltantes en las estaciones secas. Agua potable”restringida” para el uso exclusivo de aquellos servicios que así lo requieran. Iluminación natural y artificial – Se ha tratado de lograr prácticamente la totalidad de los ambientes con luz natural, lo que permite reducir el consumo energético y mejorar la calidad ambiental. Para la iluminación artificial se han incorporado artefactos de bajo consumo, con la posibilidad de instalar sensores de automatización, como los ocupacionales, fotoeléctricos y horarios. Energía Solar Fotovoltaica – Se utilizará una instalación fotovoltaica que interactuará con el suministro eléctrico tradicional, logrando una mayor eficacia total del sistema. Termomecánica y Energía Geotérmica – Se propone el uso de energía renovable, mediante una bomba de calor geotérmica acoplada al sistema termomecánico tradicional. La geotermia usa la energía almacenada bajo la tierra. Es una tecnología eficiente para calefacción y refrigeración, con un destacado ahorro energético. En la calle pública se incorpora un sistema de última aplicación en el mercado mundial de piso radianterefrescante e inyección de aire por desplazamiento, generando poca turbulencia de aire. En internación se utilizarán recuperadores de calor con una importante sustentabilidad energética. Todos los gases refrigerantes serán ecológicos.

Otros sistemas y tecnologías a aplicar en el edificio El Hospital contará en sus instalaciones con los más modernos sistemas de comunicación, informática y controles. • Redes informáticas; • Redes de información médicas; • Sistemas de digitalización de imágenes médicas; • Sistemas de control de seguridad y cámaras de CCTV; • Controles de acceso biométricos; • Sistema neumático de envíos – tecnología avanzada para las conexiones de áreas claves; • Sistema BMS de enlace, automatización, control y monitoreo de parámetros en el funcionamiento de las instalaciones, equipamiento y sistemas.

REFERENCIA

TANG, Andrew. Andrew Tang. Disponible en: <http:// www.linkedin.com/in/andrewtangarchitect>. Acceso en: jun/2014.

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SALUD Y ARQUITECTURA EN LA DIVERSIDAD CULTURAL Gabriela Perelló Arquitecta

RESUMEN Hoy en día se habla de “reforma” para el mejoramiento del sistema sanitario, en base a cambios demográficos, crecimiento de enfermedades crónicas, pacientes pluripatológicos, avances tecnológicos, participación del paciente, crisis de sostenibilidad, crisis ambiental etc. Así surgen, por parte de la Organización Panamericana de la Salud, como instrumentos de mejoramiento, las recomendaciones (entre otras) de: potenciar el rol regulador del estado, mejorar la articulación de los subsistemas de salud, re-equilibrar en públicoprivado el gasto en salud, reconocer explícitamente las “diferencias regionales”. Aquí vamos a detenernos, en las “diferencias regionales”, partiendo de cuatro conceptos: sociedad, salud, cultura y espacialidad. Entendiendo la salud desde la diversidad cultural y entendiendo la arquitectura (para la salud) desde la diversidad cultural. Reconociendo la importancia de analizar el contexto desde el comienzo, identificando las variables en juego, interpretarlas e incorporarlas en el proceso de diseño, procurando una aceptación social, con edificios que despierten pertenencia y una aceptación ambiental, con edificios pertinentes a su hábitat. La definición previa de pautas nos permite ordenar el pensamiento para abordar cada aspecto. Como una manera de desplegar el problema ante el cual debemos posicionarnos, pensar y optar. Ellas pueden sintetizarse en: Correspondencia económico-social; Eficiencia funcional; Permanencia temporal; Vivencia sensorial y Conciencia ambiental. En definitiva, pautas que sustenten un proyecto, pautas que conduzcan una reforma, pautas que construyan la imagen e identidad de la arquitectura. Palabras clave: Arquitectura hospitalaria, Salud, Diversidad cultural. 18

En un mundo avivado por la globalización, es necesaria, cada vez más, la conceptualización. Hoy en día se habla de “reforma” para el mejoramiento del sistema sanitario. En base a cambios demográficos, crecimiento de enfermedades crónicas, pacientes pluripatológicos, avances tecnológicos, participación del paciente, crisis de sostenibilidad, crisis ambiental etc. Así surgen, por parte de la Organización Panamericana de la Salud (OPS) (BALLADELLI, 2011), como instrumentos de mejoramiento, las recomendaciones (entre otras) de: potenciar el rol regulador del estado, mejorar la articulación de los subsistemas de salud, re-equilibrar en público-privado el gasto en salud, reconocer explícitamente las “diferencias regionales”. Aquí vamos a detenernos, en las “diferencias regionales”, partiendo del análisis de cuatro conceptos: sociedad, salud, cultura y espacialidad. En primer lugar y ante todo debemos reconocer que el hombre vive en sociedad. En segundo lugar y dentro de este marco, se identifica el campo de la salud, al que podemos definir como “[...] campo científico, productor de saberes y conocimientos, interdisciplinario y ámbito de prácticas, en donde se desarrollan e interactúan las acciones de diferentes actores sociales [...]” (BREIHL, 2010). En tercer lugar es importante incorporar el concepto de cultura. Por último, todo lo anterior se desarrolla en un escenario que define la espacialidad, entendiendo que la misma “[…] se refiere a las relaciones de los operadores espaciales (grupos o individuos) con el espacio. […] se trata de conceptualizar el espacio como un recurso con el que trabaja el individuo.” (PISANI, 2010).


Esto nos lleva a reconocer la diversidad natural, social y económica, que hace de nuestro planeta un gran mosaico de distintos colores y tonalidades, y lleva a reconocer, además, que la salud se construye con una serie de factores que se articulan. El lugar, con sus condicionantes ambientales, la población de referencia, con sus prácticas en salud y la identificación de actores de la sociedad civil, políticos y académicos. Entender entonces la salud, desde la diversidad cultural, significa aplicar acciones, estrategias y políticas que busquen incorporar la cultura del usuario en el proceso de atención de la salud. Implica diseñar espacios desde una actitud empática con los diferentes usuarios, implica materializar infraestructuras incorporando criterios de sustentabilidad ante diferentes condiciones ambientales; implica respeto a la diversidad, diálogo e intercambio e involucra la participación social a favor de la integración y convivencia entre culturas. Más allá de la multiplicidad e interacción entre etnias, o las diferencias regionales, tomando otras escalas, puede interpretarse además en cada organización una cultura, con sus costumbres, actividades y comportamientos, llegando a un análisis de interacción entre hombres y mujeres, ancianos y niños, población con más y menos recursos. Entender, además, la arquitectura para la salud desde la diversidad cultural, significa poder analizar el contexto desde el comienzo, identificando las variables en juego, interpretarlas e incorporarlas en el proceso de diseño para generar una respuesta adecuada, procurando una aceptación social, con edificios que despierten pertenencia y una aceptación ambiental, con edificios pertinentes a su hábitat. Entender que los edificios, una vez construidos, no son juzgados por sí mismos, sino en función de su contexto. Para el análisis del contexto, la definición previa de pautas nos permite ordenar el pensamiento para abordar aspectos intervinientes en el diseño, como una manera de desplegar el problema ante el cual debemos posicionarnos, pensar y optar. Éstas pueden resumirse en 5 puntos principales, en función de generalizar y dar mayor utilidad a este análisis, pero necesariamente cada aspecto debe abrirse en el abanico de particularidades propias de cada intervención

La Correspondencia económico-social • Buscar la accesibilidad, continuidad e integralidad de la asistencia, con estrategias para una población determinada. • Definir la demanda e identificar el usuario para cada efector, optimizando así la utilización de los recursos. • Comprobar la efectividad y el rendimiento del recurso a invertir, ubicándolo allí donde sea más eficiente bajo el rol asignado.

La Eficiencia funcional • Encerrar en la geometría de la planta la comprensibilidad y síntesis de la concepción. • Evitar que el espacio físico sea determinante de la atención, ya que ésta debe responder a necesidades cambiantes. • Manejar simultáneamente la función, el espacio y la plástica, componentes indisolubles de la obra de arquitectura.

La Permanencia temporal • Definir un diseño y una materialización lo suficientemente noble que permita la permanencia y el cambio. • Integrar al diseño la red de instalaciones como flujos que permiten ajustar cada espacio a la operación necesaria. • Proporcionar a la población edificios resistentes a terremotos, huracanes y otras amenazas naturales. La Vivencia sensorial • Generar atmósferas y permitir experiencias con el uso intencionado de elementos que provoquen una vivencia. • Manejar el lenguaje de la arquitectura con la escala, proporción, ritmo, conexión con la naturaleza, color, sonido, luz natural et cetera. • Interpretar a cada uno de los diferentes usuarios, anticipar sus vivencias y generar espacios de bienestar para cada caso. 19


La Conciencia ambiental • Promover desde el sector el cuidado de la salud ambiental, dejando de ser una fuente de daño. • Construir un futuro saludable con edificios sustentables en la construcción y en el funcionamiento. • Utilizar recursos puramente arquitectónicos generando un importante vínculo entre la arquitectura y el clima del lugar. Una vez planteada esta acción de búsqueda de aspectos a prestar atención, comienza la actividad dialéctica, operativa, significativa y evaluativa propia del proceso de diseño. Fijando objetivos claros que ayuden a discernir cuáles son las ideas y formas más adecuadas en el marco de la buena arquitectura, que como arte debe conmover – una arquitectura que responda a sus principios genéricos, donde intervengan factores prácticos y artísticos sintetizados en una entidad. Esto permite que el diseño fluya naturalmente, como una expresión de subjetividades que se construyen, enfrentándonos a hechos originales y fundacionales, erigiéndose, entonces, cada edificio con imagen e identidad propia, trabajando con cada realidad y para cada realidad para que estos edificios emerjan de su ser y modo de ser, reflejando su propósito en su lugar, reconociendo la diversidad cultural.

REFERENCIAS

BALLADELLI, Pier Paolo. Mejoramiento del sistema de salud. Aporte de la OPS. In: CONGRESO INTERNACIONAL OPS: Propuestas Sanitarias para el Nuevo Ciclo de Gobierno, 17, Tucumán, 2011 BREILH, J. La epidemiología crítica: una nueva forma de mirar la salud en el espacio urbano. Salud Colectiva, 6 (1):83-101, 2010.

PERELLÓ, Gabriela. Los establecimientos sanitarios y su experiencia sensible. Anuario AADAIH, 2007.

PERELLÓ, Gabriela. Devenir del hospital y demás establecimientos para la salud: Construcciones conceptuales. In: CONGRESO DE INFRAESTRUCTURA HOSPITALARIA, 5. Santiago de Chile, 2012. 20

PISANI, O. La centralidad analítica del espacio.

Revista Posibles 6. El Ágora. 2010. Disponible en: <http://www.elagora.org.ar>. Acceso en: jun/2014.


el hosPital: continuidades y especificidad Mario Corea Arquitecto

Hablar de la arquitectura hospitalaria significa, ante todo, hablar de arquitectura. Para nosotros no hay ningún tema de proyecto que no signifique tener como prioritario los valores arquitectónicos del edificio. Desde el “galpón” mas utilitario a los hospitales mas complejos tienen que ser implantados en lugares que quedan modificados por ellos, construyen el paisaje y si son construidos son para ser usados y deben contemplar el espacio, la forma y la luz en relación al hombre.

Figura 1: Galpón y hospital Fuente: Corea (2014)

Es por esto que siempre nos planteamos que cualquier tema de proyecto es primero un problema de arquitectura y luego un tema específico: vivienda, escuela, hospital, industria, museo etc. En este sentido, al hablar de arquitectura, reconocemos una serie de conceptos que son universales y permanentes, con independencia del tema y que pertenecen a la esencia del hecho arquitectónico.

1 LOS TEMAS PERMANENTES

La arquitectura como toda otra disciplina está en continua evolución. La aparición de nuevas necesidades, reclaman de nuevas respuestas, tanto en lo referente a nuevos programas como a respuestas con respecto al “medio ambiente” nacidas de una mayor concienciación de la necesidad de cuidar y preservar nuestro entorno natural. El desarrollo de nuevas tecnologías constructivas nos va dando nuevas posibilidades de respuestas innovadoras tanto a nivel funcional, formal, como espacial, esto ha sido una constante en el desarrollo de la arquitectura. Decía Louis Khan que cuando apareció la columna se abrió el muro y cambió la arquitectura. Con el desarrollo del acero en la construcción y la aparición del ascensor nació el rascacielos. La mayor concienciación con respecto al ahorro energético y el medio ambiente incentivaron el desarrollo de nuevas tecnologías, como las placas solares y fotovoltaicas, los nuevos materiales de aislamiento térmico o el nuevo planteo de dobles pieles y de fachadas ventiladas. El desarrollo del cristal y del aluminio nos trajo el muro cortina. Todo esto significa la aparición de nuevas expresiones formales, nuevas posibilidades 21


espaciales y nuevos manejos de la luz natural y artificial. Así la arquitectura evoluciona y cambia con el tiempo. Sin embargo, para nosotros, existen una serie de conceptos que son unos principios permanentes para concebir la arquitectura y con ellos nos enfrentamos al proyecto.

2 LA ARQUITECTURA Y EL LUGAR

El primer concepto que queremos plantear es la relación Arquitectura y Lugar. Siempre pensamos que “la arquitectura” está antes de la arquitectura en el lugar. Si leemos el lugar en profundidad, encontramos el proyecto. El lugar como inicio, los proyectos nacen, o ya existían, en el lugar donde se implantan. Somos de esa clase de arquitectos para los que proyectar en el vacío abstracto de la especulación pura resulta prácticamente un imposible. Entendemos “el lugar” como una realidad compleja y multidimensional. “Lugar” que casi siempre es sinónimo de ciudad. A veces ciudad central, ciudad consolidada, en otros casos “borde”, umbral entre ciudad y periferia y, últimamente, periferia o ciudad metropolitana.

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Figura 2: Ciudad central, borde y periferia Fuente: Corea (2014)

De esta manera, la ciudad comienza siendo un dato concreto que especifica la arquitectura. Esa especificidad se manifiesta en medidas, topografía, orientación, geometrías que inevitablemente marcan el proyecto, señalándolo de manera unívoca. Pero además el lugar es – al mismo tiempo – lugar cultural, de memorias y de personas que en cada lugar piensan y sienten de forma diferente. El lugar se convierte en programa para la arquitectura, exigiendo espacios, articulaciones, materiales o formas que no existen en el típico programa funcional. La ciudad es también “objeto” del proyecto y, por tanto, entendemos nuestra tarea como la proyectación arquitectónica del lugar: la arquitectura existe en tanto construye el lugar.


posibilitar una diversidad de funciones en su interior. Dentro de la forma, la planta es la que organiza el programa en el espacio horizontal y, cuando se trata de un edificio de varios niveles, esta organización horizontal de cada planta está relacionada entre si por las circulaciones verticales y/o espaciales (dobles o triples alturas). Para nosotros trabajar la planta significa la elección, transformación o creación de una tipología para la distribución del programa funcional sobre el plano horizontal.

Figura 3: Hospital de Mollet del Vallès Fuente: Corea (2014)

El lugar es siempre el que hace específico un proyecto. Un hospital hoy, en Barcelona, en Santa Fe (Argentina) o en Quevedo (Ecuador) tiene muchísimos puntos y conceptos en común y son las cuestiones derivadas del lugar la que los hace diferentes, únicos. Así planteada la relación entre arquitectura y lugar, resulta una realidad dual, donde el lugar está en el origen de la arquitectura, pero esta, una vez construida, define un nuevo lugar que antes no existía. La aparición de un hospital en un lugar, no solo lo modifica física y paisajísticamente con su presencia, sino que también establece nuevas dimensiones sociales, económicas, nuevos niveles de salud en el lugar donde se implanta.

3 FORMA Y FUNCIÓN

El segundo concepto que nos planteamos es la relación entre forma y función. Cuando decimos forma, estamos usando su acepción más amplia, que en términos arquitectónicos se refiere al espacio, definido en primera instancia por la planta, construido por la sección y calificado por la luz. Siempre hemos invertido los términos de la famosa ecuación “la forma sigue a la función”, porque entendemos que primero la forma debe emerger como arquitectura y convertirse en posibilidad para la función. La función es siempre cambiante, la arquitectura es siempre permanente. Es por eso que entendemos que la función debe encontrar su lugar en la forma y ésta debe

Figura 4: Centro de Atención Primaria Sta Eulàlia des Riu Fuente: Corea (2014)

La tipología es un orden general de la arquitectura, el tipo existe fuera de un proyecto o programa específico. El tipo es conocimiento concentrado de arquitectura. 23


De todos modos, nosotros no partimos del tipo, al tipo (elegido, transformado o creado) llegamos desde el análisis concreto del lugar y del programa. La planta no es todavía arquitectura, es la sección la que construye el espacio. Es ella la que establece el orden vertical de la arquitectura, proponiendo así la organización espacial del programa. Sin embargo, para que planta y sección sean arquitectura necesitan la luz (natural y también artificial), para que esta sea la que califique y defina el espacio arquitectónico.

Figura 5: Hospital General de Mahón Fuente: Corea (2014)

La luz se “proyecta” igual que la planta y la sección. Sus instrumentos para dicha proyectación son las fachadas, las cubiertas, los lucernarios, los patios etc. La luz no es nunca una condición uniforme. Proyectamos la luz como penumbra, como luz puntual, media luz o luz plena, y muchas veces nos protegemos de la luz solar directa tamizándola con partesoles. El tercer concepto de cuestiones que son permanentes en nuestra arquitectura es la tecnología de la construcción. Las técnicas constructivas no son universales y los distintos desarrollos económicos y culturales en distintas partes del mundo hacen de estas otra de las condiciones de especificidad. Definir una postura frente a la tecnología en cada momento y en cada obra, es un problema de la construcción del pensamiento de la arquitectura y no una mera discusión sobre como hacerla. Es decir, no me preocupan tanto las goteras, siempre existen y se 24

resuelven desde un buen hacer, como me preocupa la lógica constructiva de un determinado material y su no trasgresión: el ladrillo, el hormigón, el metal.

4 LAS ESPECIFICIDADES

Ante todas estas continuidades debemos hablar de las especificidades. Si bien nuestra arquitectura presenta todos estos conceptos en continuidad, lo que define cada proyecto son las especificidades del lugar. Toda obra de arquitectura es específica porque cada lugar es único. La primera especificidad que debemos comprender es la del carácter y demandas del programa hospitalario, tanto en relación a su funcionamiento como en sus diferentes escalas y complejidades de resolución. En el edificio de salud se interrelacionan dos grupos usuarios diferenciados, los pacientes internos, o ambulatorios, y el personal médico de enfermería, administrativo y de mantenimiento. La tendencia del hospital del siglo XXI nos plantea un permanente incremento del equipamiento tecnológico, así como el incremento de las actividades ambulatorias y una disminución en el periodo de estada del paciente internado. Esta tendencia reclama del edificio del hospital una gran versatilidad del espacio físico, capaz de cambiar con el menor inconveniente, tanto en su distribución, uso o equipamiento tecnológico. Diría que el primer paradigma fundamental del hospital actual es su capacidad de adaptación al cambio, tanto funcional como tecnológico, su capacidad para evolucionar. El segundo paradigma es, sin duda, sus respuestas al concepto de sostenibilidad, impacto ambiental, ahorro energético y, en general, aprovechamiento de los recursos naturales, que pasaron de ser ideas progresistas a convertirse en requerimientos que han alcanzado estado de ley de obligado cumplimiento. Este hospital del siglo XXI significó plantear el primer nivel de comprensión de lo que llamaremos genéricamente el hospital evolutivo. El hospital evolutivo es el que tiene una gran capacidad para aceptar los cambios, físicos, tecnológicos o médicos, sin que su estructura física necesite modificaciones sustanciales. Poder cambiar su distribución funcional o su equipamiento tecnológico sin tener que alterar la


estructura de soporte, las circulaciones generales o las fachadas son características definitorias de hospital evolutivo. Dentro de este concepto de la evolución de los distintos edificios sanitarios se transforma el antiguo concepto del crecimiento. Anteriormente todos los programas incluían la demanda de que el hospital pudiera crecer. Pero, en este siglo XXI, lo que emerge con mas fuerza y claridad es el hospital red, o red sanitaria como superadora del edificio hospital, e incluso del concepto ciudad sanitaria. La red funciona apoyada fundamentalmente en el desarrollo de la informática. Es por todo esto que el hospital del siglo XXI no se plantea solo en una nueva conceptualización del programa y edificio hospital, sino en profundizar el concepto de red sanitaria. Este concepto se basa en la integración dentro de un territorio determinado de una red con distintos efectores. Estos efectores se diferencian en primer lugar por la complejidad de resolución médica de cada efector, comenzando por los equipamientos mas sencillos – CAP, Centros de Asistencia Sanitaria de cinco consultas y unos 400 m2 – pasando a los centros de asistencia primaria de complejidad media, con consultas de medicina general y consultas especializadas, de 1.500 m2. Luego aparecen los hospitales pequeños, de resolución intermedia, que contemplan cirugía y hospitalización, de 2.000 a 2.500 m2. A partir de aquí se abren dos líneas, por una parte hospitales que van ganando en dimensión y complejidad, por ejemplo el comarcal de 15.000 m2 y 140 camas, mas una alta oferta de servicios ambulatorios, entre los que se pueden citar, servicio de rehabilitación física, servicio de diálisis, servicio de alta complejidad de diagnóstico por la imagen etc. Por otra parte los hospitales regionales de 90.000 a 100.000 m2, con todos los servicios ambulatorios y una capacidad de hospitalización de 400 camas y, en algunos casos, incluyendo servicios socio sanitario para personas crónicas o de larga durada, que requieren atención médica permanente. La otra línea, que recientemente ha cobrado mas desarrollo, es la de centros especializados, centrales de servicio de diagnóstico por la imagen, edificios dedicados exclusivamente a la recuperación física o psicológica, y el hospital ligero, un hospital de alta resolución

y complejidad donde el paciente es diagnosticado, intervenido y recuperado en el día como paciente ambulatorio, siendo esto posible por la utilización de equipos de alta tecnología no invasivos y que permiten estos tratamientos sin estancia hospitalaria. En esta línea también aparecen todos los hospitales monográficos de la red, algunos de los cuales pueden permanecer o prestar servicio a diversas redes territoriales cuando su especialidad, equipamiento tecnológico y profesionales especializados sea tal que no sea posible tener más de uno en un vasto territorio. Dentro de esta categoría se encuentran los hospitales de emergencias – que no tienen servicios de consulta externa, sino que trabajan solo los casos de urgencias, accidentes, heridos, grandes quemados etc –, los hospitales pediátricos, hospitales oncológicos, hospitales materno-infantiles, hospitales para las enfermedades cardiovasculares etc. El crecer un hospital, o parte de el, es siempre muy difícil y termina distorsionando y empeorando el funcionamiento. El crecimiento de un hospital siempre tiene un alto costo y su resultado final casi siempre es disfuncional. Es por esto que planteamos crecer en la red no en los edificios. Hacer crecer el número de efectores y complejidad de la red sanitaria, evita el costoso e inconveniente crecimiento de los equipamientos. En cambio este crecimiento significa ir agregando nuevos efectores de distintos tipos, generales o especializados, según la demanda poblacional lo vaya requiriendo. Siempre es más fácil, más económico y más funcional construir un nuevo centro que agrandar o complejizar uno existente. El hospital del futuro será concebido mas como red de todos estos servicios, que estarán conectados informaticamente y que permitirán acceder a los pacientes a esta red desde donde serán dirigidos a nivel que corresponda. Las redes hospitalarias están dimensionadas según el tamaño de la población a la que sirven y el radio o extensión de la superficie del territorio donde se asientan. El hospital como red sanitaria no solo se nutre de nuevos edificios sino que integra los ya existentes – algunos de los cuales se modernizaran tanto en las concepciones médicas de diagnóstico y tratamiento 25


como en las propias estructuras físicas parcialmente obsoletas. Reciclar y renovar una estructura existente, adecuándola a la demanda de la red según sea el estado y conformación del mismo, puede resultar más económico. La red atiende a otro principio actual de la atención sanitaria. Hoy los hospitales no se miden por el número de camas, que ha perdido importancia ante la reducción de la estancia del paciente en el hospital, sino por la complejidad y diversidad o especialidad de los servicios que presta o la tipología de las enfermedades que atiende. Hoy un hospital de 140 camas no dice nada, sino se especifica el rol que juega en la red sanitaria. La red está compuesta por edificios evolutivos y ella misma tiene que ser evolutiva, capaz de cambiar, complejizarse y, si es necesario, crecer. Las condiciones principales que deben cumplir los hospitales-red y sus edificios evolutivos son: • Reducción del costo de construcción, del costo operativo y del costo de mantenimiento. • Cumplir con el mayor nivel posible de sostenibilidad y ahorro energético para cumplir con la demanda de la preservación del medio ambiente natural. La construcción en red es mucho más eficiente en estos cometidos, porque, al reducir el tamaño de los efectores incrementando el número especializados, es mucho más factible plantearse la sostenibilidad, el ahorro energético y el cuidado del medio ambiente. • La integración de la red en la estructura urbana siempre resulta mas eficiente y posible que la de gran hospital (200.000 m2 o mas). Incluso la red distribuida dentro del tejido urbano existente es mas eficiente, tanto en término de accesibilidad de los pacientes como del uso de las infraestructuras de servicios, vías circulatorias, transporte público, aparcamiento o las infraestructuras de instalaciones de energía, comunicaciones o recogida de residuos. • La red sanitaria es hoy más posible que nunca debido al desarrollo de la informática, que permite que la historia clínica de un paciente esté en toda la red, o que los hospitales y sus profesionales compartan sus experiencias, 26

consultas, investigaciones en toda la red vía internet, como si se tratara de una única institución, en un único edificio. Antes del desarrollo de la informática esto hubiese resultado muy difícil, sino imposible. Hoy el hospital sin papeles es una realidad y es totalmente extensible al hospital red. • Las redes deben responder a las condiciones y características del territorio, la densidad y distribución poblacional, la geografía, el clima, la topografía, el desarrollo socio económico y cultural, la capacitación del personaje médico y de enfermería, las características epidemiológicas del lugar, el desarrollo tecnológico, las características urbanas y de los servicios e infraestructuras para donde se plantee el hospital-red. Son todas variables que deben ser tenidas muy en cuenta, estudiadas en profundidad para determinar la complejidad de la red, a plantear así como se establecerá su capacidad evolutiva en su futuro. Los hospitales que presento nacieron como edificios singulares de salud, pero, en la actualidad, todos están integrados en redes sanitarias y empiezan a ser parte de la transición hacia el hospital red.

5 HOSPITAL GENERAL DE MOLLET DEL VALLÉS

Este hospital representa la construcción del hospital horizontal. Las condiciones de la fuerte pendiente del solar lo coloca en el límite de la tipología horizontal, ya que hay momentos que tiene cuatro niveles. Sin duda pertenece a los hospitales evolutivos, por su capacidad de adaptación al cambio. Al mismo tiempo es una respuesta al planteo de sostenibilidad y ahorro energético, ya que fue elegido por la Generalitat de Catalunya para implementarlo con todos los últimos adelantos en esta materia. Como hechos, podemos destacar el uso de geotermia, concretado por 140 pozos de 180 m de recorrido, para usar la temperatura constante de la tierra (16o centígrados en esta zona de Catalunya) para la producción de frío y calor con el sistema de aire acondicionado. También se han planteado los falsos techos radiantes en lugar del suelo radiante, incrementando el aislamiento en cubiertas y


Figura 6: Hospital de Mollet del Vallès Fuente: Corea (2014)

fachadas. El Hospital General servirá a una población de 150.000 habitantes, correspondientes del municipio de Mollet del Vallés y otras comunidades de la comarca del Vallés Oriental. El solar está ubicado en el barrio de Can Borell, en la Ronda dels Pinetons, frente a un gran parque. El hospital constituye un sistema capaz de organizar los subsistemas de servicio, flexible para adaptarse a futuras exigencias funcionales y con una circulación jerarquizada, que garantice la fluidez de tránsito y la correcta gestión de las actividades profesionales del personal del centro y del tratamiento y estancia de los pacientes. Su superficie es de 26.000 m2, planteado como un volumen horizontal, calado por patios de luz, que se despliega por el terreno procurando acomodarse a la topografía, así como a factores como orientación, favoreciendo una contextualización del edificio con su entorno. Esta preocupación se refleja en tres características principales: en primer lugar, se ha procurado controlar su masiva escala frente a la escala urbana, a tal objeto dada la pendiente del solar, el edificio se escalona, aligerando la volumetría y, consecuentemente, reduciendo su impacto visual. En segundo lugar, los volúmenes se organizan alrededor de patios ajardinados que permiten la iluminación y ventilación natural. Para facilitar las circulaciones de pacientes ambulatorios y visitas, los tres niveles, sótano, planta baja y planta primera, están unidos por escaleras

mecánicas, lo que los convierten en un solo nivel al no tener que subir escaleras o ascensores. En planta baja, donde se ubican el ingreso principal y el ingreso a consulta externas, es donde se plantean los servicios ambulatorios y la dirección y administración del centro. La planta alta concentra la hospitalización de 140 camas, organizadas en cuatro unidades de enfermería de 35 camas cada una y se localizan también los apoyos y los despachos médicos. En la planta sótano-1, iluminada por los patios interiores, se ubican los servicios de urgencia, rayos, laboratorios, cirugía y hospital de día quirúrgico. En la zona central del edificio se ubica un segundo sótano, también iluminado y ventilado por los patios y por la fachada, este aprovechando la topografía del terreno, y dónde se colocan los espacios de servicios, almacenes, talleres de mantenimiento, salas y cuarto de máquinas, aparcamiento de ambulancias etc. Finalmente, el edificio se halla precedido de una plaza pública, donde se ubica el acceso principal al centro hospitalario, preservando un roble anciano existente en el solar. La plaza adquiere un carácter fundamental en el diseño del proyecto al penetrar hasta el interior de éste, integrando una gran rambla de comunicación entre el exterior de la ciudad y el interior del edificio. La construcción de este nuevo hospital significó el abandono del edificio del antiguo hospital en el centro de la ciudad. La necesidad de complementar las actividades 27


del nuevo hospital con un nivel de subagudos y crónicos planteó la posibilidad de convertir el viejo hospital en un sociosanitario, que atendiera estos requerimientos y trabajara en total coordinación con el hospital general. Estos dos nuevos proyectos, complementados con los CAP existentes, consolidaron la red sanitaria del Vallés Occidental, significando la puesta en práctica del hospital red en lugar de concentrar todos los servicios en el hospital general.

6 HOSPITAL SOCIOSANITARIO DE MOLLET

El Hospital Sociosanitario de Mollet del Vallès es un ejemplo de cómo un hospital construido en los años 50 y 60 puede ser reciclado con éxito para afrontar los retos actuales y futuros que surjan en la asistencia sanitaria. A partir de un proyecto basado en ideas de intervención sencillas, pero eficaces y, a su vez, prácticas y funcionales. El resultado es un hospital de alta eficiencia energética y de bajo costo, cuya renovación le permite reasumir un papel activo en la vida cotidiana del barrio y sus alrededores. Hasta no hace mucho tiempo, el destino del edificio hubiera sido probablemente su demolición, para dar paso a una nueva construcción. Sin embargo, dado que la crisis económica se intensificó durante esta época, se hizo evidente que la solución más factible era renovar el edificio. El planteamiento del proyecto fue basado en la necesidad de aprovechar el edificio existente al máximo, aunque un estudio realizado por el equipo de arquitectos reveló importantes deficiencias en su estado general. La primera tarea fue la de fortalecer la estructura en varios puntos específicos. En segundo lugar, dado que las instalaciones eran totalmente obsoletas, las consideraciones de sostenibilidad y de ahorro de energía fueron de suma importancia, resultando en la incorporación de un aislamiento térmico eficaz y paneles solares. En las caras orientadas al este y oeste se montó un parasol de lamas verticales de aluminio, que también sirvió para unificar las fachadas del edificio. En su mayor parte, la organización del hospital original fue conservada y la decisión clave del proyecto fue la de ampliar y revalorizar la zona central, que había sido utilizada anteriormente como entrada 28

secundaria y aparcamiento, para transformarlo en un patio ajardinado al servicio de los pacientes, visitantes y personal del centro. La planta baja acristalada se abre tanto a este patio interior como a la nueva plaza pública al otro lado de la calle, la cual ser convirtió en parte del proyecto durante el desarrollo. La experiencia en Catalunya es simultánea con mi actividad en Santa Fe, Argentina. Desde la oficina de proyectos especiales del Ministerio de Obras Públicas de Santa Fe, juntamente con Silvana Codina, Francisco Quijano y el equipo de arquitectura para la salud, dirigidos por la arquitecta Jorgelina Paniagua desde el Ministerio de Salud Pública y Evangelina Dania, dirigiendo el equipo de la unidad, encaramos la tarea de la construcción de la red sanitaria a nivel provincial, integrando y refuncionalizando edificios existentes, completándola con nuevos hospitales y centros de salud, ocho nuevos hospitales y 80 Centros de Salud de distinta complejidad. Esta red provincial integra redes de menor complejidad para cada región, en que se ha subdividido la provincia – funcionalmente las redes sanitarias de las ciudades principales, Rosario, Santa Fe, y las capitales de regiones, Venado Tuerto, Rafaela, y Reconquista. En estos proyectos volvimos a conjugar el concepto de hospital red con el concepto de hospital evolutivo ya explicado. Como parte de la red sanitaria de esta región se construyó el Hospital de Las Parejas, que desarrollaremos a continuación.

7 HOSPITAL LAS PAREJAS

El hospital se ubica en las Parejas, en un área de fácil acceso para los pobladores de la zona y próxima a la ruta nacional número 178, lo que garantiza su relación con los hospitales de Las Rosas y Cañada de Gómez. Asimismo, Las Parejas se vincula con Rosario – a 100 Km de distancia a través de la ruta nacional número 9, siendo la ciudad más cercana para derivaciones de tratamientos de alta complejidad. El hospital es de segundo nivel de complejidad. Se desarrolla como una estructura horizontal en una sola planta, estableciendo una jerarquía de los diferentes espacios según su función. Así los espacios técnicos, públicos y médicos se conectan mediante circulaciones,


Figura 7: Hospital Las Parejas Fuente: Corea (2014)

que forman una secuencia de accesos a los diferentes ámbitos del edificio. Este hospital tiene la superficie de un centro de salud complejo, pero incorpora un nivel más de resolución, con cirugía e internación. Cumple un papel importante en la red sanitaria de la región Rosario, ya que provee atención sanitaria del segundo nivel de complejidad, aliviando así la demanda a los hospitales de Rosario y dando un servicio de cercanías para el área de Las Parejas. El proyecto en su escala cumple con todos los presupuestos del hospital horizontal evolutivo y es una pieza del hospital red de la región de Rosario. Su construcción se afirma en la idea de construir la red en lugar de hacer crecer los hospitales generales. La iluminación y ventilación natural en todas las zonas de trabajo, así como la calidad espacial, juegan un papel preponderante en el diseño, siendo la luz el elemento principal de la construcción del espacio. El edificio se estructura por sectores. El sector público está compuesto por las circulaciones públicas, hall, salas de espera, salón de usos múltiples, aulas, dirección, cafetería. El sector médico, por un bloque ambulatorio (admisión, farmacia, consultorios, laboratorio, ecografía

y rayos), un bloque de internación (16 camas y 1 aislado) y un bloque de guardia (control, consulta, sala de yeso, enfermería y sala de observaciones, quirófano y sala de partos). Por último, el sector técnico, que incluye el office médico de guardia, esterilización, sala de máquinas, taller de mantenimiento, cocina, lavadero y residuos comunes y patológicos. El hospital está concebido para brindar diagnóstico y tratamiento de patologías de baja y mediana complejidad que requieren internación y con capacidad de rápida derivación de patologías complejas.

8 CENTRO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS AMBULATORIAS DE SANTA FE

Uno de los principales fundamentos del nuevo paradigma en salud pública que promueve el Gobierno de la provincia de Santa Fe es la accesibilidad para la población. Una accesibilidad que no sólo es un concepto de igualdad de oportunidades para el ejercicio de los derechos ciudadanos, sino que también entiende que los edificios de salud deben ubicarse en lugares estratégicos, “accesibles” a todos. Por este motivo, se buscó una de las zonas con mejor 29


conectividad, el punto donde converge y parte todo el sistema de transporte público urbano e interurbano de la ciudad.

Figura 7: Hospital Las Parejas Fuente: Corea (2014)

La construcción del Centro de Especialidades Médicas Ambulatorias de Santa Fe tiene por objeto satisfacer la demanda de diagnóstico y tratamiento oportuno de prácticas de alta complejidad en forma ambulatoria, tanto en la ciudad como en la región. Reunirá las especialidades de distintas disciplinas (médicas, bioquímicas, odontológicas, quirúrgicas y prácticas oncológicas ambulatorias, laboratorio central etc), además de incluir un servicio de diálisis para pacientes crónicos, que no existe actualmente en el ámbito público de la ciudad de Santa Fe. Atenderá sólo con turnos y no por demanda espontánea. Los pacientes llegarán referenciados por un profesional para una consulta con un especialista. Contará con equipamiento de alta tecnología que 30

permitirá brindar un diagnóstico al paciente, realizando el tratamiento que corresponda o derivándolo a otros centros de mayor complejidad o especialización. El CEMAFE se plantea como una estructura horizontal de tres niveles. El interior es regulado por la disposición de patios que proporcionan iluminación y ventilación natural a todas las áreas, siendo el manejo de la luz el elemento principal de la cualificación del espacio. De la serie de edificios para la salud proyectados, se destaca, por su estructura resistente, un esqueleto primario elevado sobre los niveles funcionales, para permitir que estos literalmente “cuelguen” de una estructura superior. Esta estrategia proporciona una modulación estructural de los pisos superiores basada en grandes luces y mínimos componentes, gracias al sistema de tensores y elementos soportantes tridimensionales. Una planta baja novedosa, libre de columnas, extiende esa libertad al desarrollo de los circuitos públicos, la accesibilidad y la disposición flexible de las funciones complementarias propias de este nivel. Esta solución se deriva de las condiciones específicas del suelo y de un análisis comparativo de coste que determinó la solución como la más económica y eficiente para esta localización. Dentro de la actividad diaria del Centro de Especialidades, se establece una jerarquía de los diferentes espacios según su función. Las áreas públicas, médicas y técnicas se conectan mediante circulaciones, que forman una secuencia que impone restricciones sobre las posibilidades de acceso a los diferentes ámbitos. De este modo se incrementa la claridad de los recorridos, se evitan interferencias entre los diferentes usuarios y se facilita el control higiénico del recinto. El sistema generado permite una evacuación rápida en caso de emergencia y está perfectamente capacitado para adaptarse a progresivos cambios tecnológicos y funcionales. El programa funcional del CEMAFE contempla los siguientes sectores y servicios, plantas, secciones y alzados: Sector Público – hall, circulaciones, admisión central y derivada, salas de espera, la biblioteca, auditorio, dirección/administración, cafetería.


Sector Médico – consultorio de especialidades médicas: ginecología, urología, oftalmología, audición, odontología, otorrinolaringología etc. Diagnóstico por imágenes – radiología, ecografía, mamografía, tomografía. Cirugía ambulatoria – 4 quirófanos, 2 consultorios de endoscopia, esterilización. Hospital de día – oncología, diálisis crónica. Laboratorio Central – recepción de muestras de la región, prácticas propias del Centro de Especialidades. Sector Técnico – Apoyos generales (farmacia, enfermería, depósitos, oficinas de usos múltiples) y apoyos técnicos (almacenamiento, mantenimiento, sala de máquinas).

REFERENCIA

COREA, Mario. Mario Corea. Disponible en: www. mariocorea.com. Acceso en: 20 jun/2014.

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NATURAL LIGHT: the hypogeum hospital spaces Mattia Atzeni Architect

1 INTRODUCTION This article investigates the matter of natural light in health care facilities, with special attention to the underground spaces of the hospitals. The goal was to give guidelines on how to design with natural light, to illuminate those areas of hospitals that live only with artificial light. The study was developed analyzing natural lighting systems used in six hospitals designed and built in Spain.

2 THE NATURAL LIGHT AND ARCHITECTURE Humanization is a subject of study on which people are placing a lot of attention for a better hospital design. The construction of spaces more comfortable is a goal of many designers and natural light is the biggest player. The light maintains our biological rhythm. For this reason, even if were invented several types of artificial lighting to compensate for the lack of sunlight, radiation, manmade alternatives are lacking tone needed to satisfy our need for frequent exposure to natural light. For proper adjustment of your biorhythms, the man needs natural light. Since the beginning of the architecture, man’s relationship with the light has gone beyond the pure necessity, including the limits of objective reality. In architecture, the light works on three levels. At the material level, the light is a formal element of the spread of light. Aesthetically, however, relates to a refined sense of space that can be influenced by the composition and color of shadow. On an emotional level, finally, the 32

sensations are caused by effects of light targeted and sought. During different periods, each architectural style has paid a relationship with the natural light and the consequent creation of architectural solutions.

3 MATERIALS AND METHODS The relationship with the natural light is defined in each project specifically. Practical experience and a look at the history of architecture made us understand that the amount of light and its regulation are closely related to the intended use. Architecture healthcare design with natural light is essential. Able to illuminate the possible spaces of the hospital in a natural way, avoiding the artificial light which is cold and uncomfortable, as much as possible, it is an objective that the designer must realize. This way of designing the space dedicated to health care and certainly brings many advantages: visual comfort, positive moods, warmer environment, domestication of space, saving on energy costs. Greater attention has to be asked in the underground spaces of healthcare facilities, living spaces strictly only artificial light. How can I improve these areas? Can Technology help us? The answer is definitely positive. There is a market which has different systems to collect natural light, such as: • • • •

holographic film heliostats

fiber optics light pipes


The holographic film is a plastic film. The heliostats are devices able to follow the path of the sun rotating around one or two axes, their movement is driven by automatic processes. The fiber optic elements are cylindrical glass or plastic in the field, their most valuable is the ability to carry light from a distance, even in places not easily accessible, with a footprint of very small space. The light pipes are complex systems, based on multiple specular reflections and diffuse solar radiation. We have seen how the market now boasts a wide range of technology products that enable the uptake of natural light; now arises another question: must we necessarily require the help of technology or the architectural composition is enough? The answer was given by the study that was done on the analysis of some spanish hospitals designed by the architect Albert de Pineda. The study was developed by analyzing the natural lighting systems used in the six hospitals designed and built in Spain. For each hospital was built a tab of the main features and natural lighting system which was adopted. The architect with the architectural composition alone was capable of designing underground spaces brilliantly bright, comfortable and a welcome for visitors, both for patients and for healthcare professionals who work every day in those spaces, giving them an environment more comfortable working. 4 NATURAL LIGHT, THE HYPOGEUM HOSPITAL SPACES: cases of study St. Catherine Hospital, Girona

Figure 1: St. Catherine Hospital in Salt, Girona (Catalunya) Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architect: Albert De Pineda Álvarez, Manuel Brullet Tenas. Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

The new Hospital of St. Catherine with a gross area of 27.387 m2, is located in the town of Salt. The hospital is characterized by low height pavilions in the inner part of the park, to try to maintain a feeling of low density, and also the relationship between trees and the green building hospital, was guaranteed through being short and opening into the building to provide natural light to the interior. The proposed architecture provides the possibility of a direct and obvious understanding of the organization of the building by users, so that, at any time they know the hospital and are oriented within it. Great care has been done to the wise use of natural light, framing careful and intelligent views to the outside, so it is able to give more comfort to medical staff and all hospital users. Respecting the parameters and a good idea to build a modern hospital, the internal paths of the hospital are distinct among themselves, ensuring the proper use of the building according to specific users and facilitating its staff daily work. Light and exterior views help to increase the comfort of health workers and hospital users. The prevalence of horizontal relationships on the ground floor with patio makes this interaction possible. The treatment of light as a qualifier of space could be a wise use of the courts that allow the achievement of natural light even in the underground areas of the hospital, thereby reaching a high level of visual comfort. Quiron Hospital, Madrid

Figure 2: Quiron Hospital, Madrid Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architect: Albert De Pineda Álvarez, Pinearq. Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

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The new hospital with a gross area of 68.065 m2 is located in Pozuelo de Alarcón. The analysis of the structure of the urban population and its characteristic appearance, helped the architects to opt for a building that fits the area open to light and landscape, away from building too high or too big, since it would undermine the balance between buildings and the landscape. The light and view, constant throughout the building, improve the feeling of comfort. For the lighting of underground spaces, conveyors were used with wise design method and it is so managed to light up those spaces that otherwise would live only with artificial light.

by fruit trees. The first factor was the direction of the sun: the building was oriented so that all patient rooms have a good exposure, and that all places of work, the patients and the public can enjoy the natural light. To ensure natural light and heat during the winter there are open courts of different sizes, so that sunlight can enter during all hours of the day. Factors associated with the light and the shape of the patio have specifically required the position of the sun. The underground spaces are naturally lit with the use of patios and skylights. Hospital Quiron, Barcelona

New Hospital in Denia, Alicante

Figure 3: New Hospital in Denia, Alicante Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architect: Albert De Pineda Álvarez – Pinearq, José León Paniagua Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

The project is located in Denia with a gross area of 57.194 m2. The building is on three levels, one above ground and two underground. The clinics have outdoor patios as well as external facades parallel east-west direction, to ensure good environmental conditions in different places, especially in counseling. The project and its construction have been made in accordance with certain principles for the basic architecture necessary for the proper functioning of a hospital, and the construction of a building on a site with excellent nature dominated 34

Figure 4: Hospital Quiron, Barcelona Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architects: Albert De Pineda Álvarez - Pinearq, Manuel Brullet Tenas Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

The Hospital Quiron is located in Barcelona with a gross area of 57.775 m2. The hospital is divided by intensive care: the levels are completely off the ground in the shape of an L. The plants that are located between the input level inpatient and outpatient clinics have been devoted to the external special exams, intensive care and day hospital. The two levels immediately below the hall have been allocated to social services such as emergency room, diagnostic imaging, surgical unit, the lock midwife,


sterilizing and laboratories. Due to the steep slope of the land and its topography, courts have been designed well defined so that arrivals at all levels of natural light and that many are able to access from street level. In the lower floors are general logistics services and plants destined for parking. Quiron Hospital in Barcelona is perhaps the best example of how the architect can see how great the ability of skill and architecture to illuminate underground spaces. The hospital has seven underground levels, and all natural lighting through the use of deep basement well and skylights details but at the same time of great simplicity. All this leads to a perfect lighting in all underground sites, thereby ensuring a high level of visual comfort, and reach an optimal psychological state of general approval. Hospital del Mar, Barcelona

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• •

space and comfort, the new proposal is so that natural light even in the arrivals areas of the old hospital and the undergrounding of courtyards leads in this way to maximize the natural lighting in new buildings . The entry of visitors.

Technical inputs: access, hospital technicians are clearly differentiated.

Precautions: inside the building there is a clear differentiation between the internal paths, so that visitors, staff and bedridden are always separated. Volume built: it sought a balance between pretension to obtain a building extended and the desire to preserve an important area with an area destined to green. Relations with the external environment Underground lighting with skylights.

Hospital Sant Joan Despi, Barcelona

Figure 5: Hospital del Mar, Barcelona. Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.))

The hospital del Mar is located in Barcelona. The main features of the design of this building which are of great importance are: • • •

The definition of the new alignments of the main facades of the hospital with the sea. The merger activity for research, education and health care. The natural light as a defining element of the

Figure 6: Hospital Sant Joan Despi Doctor Moises Broggi Source: (Architects: Albert De Pineda Álvarez Pinearq, (S.L.U.P.) and Manuel Brullet i Tenas Brullet i Associats, (S.L.) Photo: © Fernando Guerra / FG+SG . All rights reserved)

Hospital Sant Joan Despi is a building located in the Baix Llobregat with a gross area of 45.725 m2. Adapting to the place, the conditioning input, tax and the external environment in which the building is located are the 35


motivations of the design solution developed for such construction. The main entrance is the far south-west of the lot, at the highest elevation, from which you can reach inside the outpatient area. Pursuing the idea of differentiating access to the building depending on the functions performed, the entrance to the emergency room is located in the far north-east of the lot, located to the lower portion of the lot and at a lower level compared to main entrance. Finally, the eastern entrance of the building is for loading and unloading of goods. The image is that of a hospital building, easily accessible, barrier free and perfectly integrated into the site. From an architectural point of view you chose a compact building, trying to give technical and functional solutions. The underground areas of the hospital are lit with large skylights in the conical section, and patios, and in so illuminating the underground spaces of course. Even in this case study, the design philosophy of the spanish

Figure 7: The matrix of hospitals and natural light systems Source: the author

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architect Albert Alvarez de Pineda is reflected perfectly in this project, where the natural light and the visual and psychological comfortable to characterize all areas of the hospital including those underground. The skylights and patios used are shown in the images and construct all of the details that follow.

5 MATRIX OF ANALISYS From the analysis of the hospitals above, can be identified the three design features used by the designer to carry the light in different levels of hospitals. It can be seen that there is a higher percentage in the use of patios combined with skylights, surely advantageous choice from so many points of view: more natural light and more comfort due to the relationship between interior and exterior.


Design Guidelines Below are listed some important points that you should follow in order to be able to run a good design of underground spaces hospital. •

• •

Study of the project: views and accessibility potential openings to natural and artificial green spaces.

Study of orientation: respecting the east-west line.

Building exposure: so that its composition matches architectural spaces open towards the outside.

6 CONCLUSIONS The study carried out shows that at the basis of a good hospital there is a good architecture from so many points of view. What more has led me to develop the theme of the research done is the humanization of hospital. Anyone who attends the hospital lives in a completely different way, but there is an important factor that unites them: that of the spacious comfort, visual comfort and emotional comfort. The study thus aimed to propose environments that reflect the domesticity, taking advantage of the natural light as the main protagonist. The analysis of its importance within the underground spaces of the hospital was almost a challenge: to be able to permeate and shape the spaces of the buildings that typically live only thanks to artificial light, cold, anonymous, tiring, and that lowers the level of concentration of those who work daily in those spaces. The technology allows you to bring natural light in underground spaces through computerized systems that solve efficiently the problem of lighting in underground spaces of hospitals, but of course with the much higher costs of construction and operation, considering its necessary maintenance . Prove that the architecture itself, with the composition of spaces and volumes allows us, with clever tricks, to bring natural light into the underground spaces through the use of patios, conical skylights and very large basement window wells to reach deep underground spaces is a major challenge to ensure the welfare of man

in the underground hospitals spaces. Obs: Projects of hospitals made by Albert de Pineda Architect, Architects Raffaella Scorziello and Nicola Paltrinieri, PINEARQ office, Barcelona.

REFERENCES BARCELONA, Generalitat de Catalunya. Arquitectura para la salud. Barcellona: CatSalut, 2010. MOORE, F. Concept and Practice of Architectural Daylighting. New York: Van Nostrand, 1985.

ROGORA, A., Illuminazione naturale zenitale. Ambiente Costruito, n. 3, Rimini, Maggioli Editore, 2000.

TORRICELLI, M. C.; SALA, M., Daylight: la luce del giorno. Tecnologie e strumenti per la progettazione. Firenze: Alinea Editrice, 1995.

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UM NOVO OLHAR SOBRE OS EDIFÍCIOS DE SAÚDE NO BRASIL: o caso dos hemocentros coordenadores públicos Humberto Dias Xavier Arquiteto

1 INTRODUÇÃO A área de sangue e hemoderivados é um segmento da saúde que abrange a coleta, processamento e distribuição de sangue e de seus derivados no âmbito do território brasileiro e compõem o Sistema Nacional de Sangue (SINASAN). A Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH), vinculada ao Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência, da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, é a instância responsável pela coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados. A partir de 2006, a CGSH iniciou estudos visando capacitar profissionais ligados à infraestrutura da Hemorrede, em especial arquitetos e engenheiros. Os edifícios da maioria dos Hemocentros Coordenadores, que a esta altura já somavam mais de 20 anos, começavam a mostrar esgotamento, seja pela forma como foram originalmente pensados, seja pelo descompasso com a evolução das novas tecnologias, incluindo a necessidade de incorporar novas características, em especial no que tange às questões de sustentabilidade. Assim surgiu o Projeto Hemorrede Sustentável, que se estabeleceu com base em uma proposta de avaliação ambiental integrada dos edifícios dos Hemocentros Coordenadores, tratando-os como objetos arquitetônicos que geram, com seu uso, contextos sociais, culturais, econômicos e ambientais diversos. Em 2011, firmou-se uma cooperação técnica entre a CGSH e o LASUS/FAU/UnB, com o objetivo de promover estudo piloto, aplicado sobre o edifício do Hemocentro Coordenador de Brasília, visando desenvolver uma metodologia aplicável nos demais Hemocentros, 38

tomando como base as premissas de Análise PósOcupacional – APO, Retrofit, selo PROCEL e requisitos de Humanização dos Serviços de Saúde.

2 ESTUDO-PILOTO: Hemocentro Coordenador do Distrito Federal

O Hemocentro de Brasília é constituído por vários edifícios de concepção modernista, que foram construídos em duas etapas. O bloco A, em 1985, e o bloco B, em 2002. Os projetos não previram uma flexibilidade de ocupação que atendesse à velocidade e à dinâmica das transformações do conhecimento acadêmico e científico específicos da área de Hemoterapia e Hematologia. Dessa forma, as edificações foram sendo alteradas e ocupadas de forma a se adaptarem às novas demandas e, hoje, apresentam condições físico-ambientais bastante diversificadas e um tanto adversas. Essas adaptações, ao longo de seus mais de vinte anos de existência, aumentaram ainda mais a diversidade de suas condições ambientais e a insatisfação geral dos seus usuários, o que gerou a necessidade de um trabalho de readequação ambiental. Nos relatórios da pesquisa, intitulados “Estudo e Pesquisa para Adequação do Hemocentro Público, DF”, abordando as temáticas de avaliação pós-ocupação, diagnóstico energético e etiquetagem do nível de eficiência energética. Com sua operacionalização acadêmica produzida pelo LASUS/FAU/UnB, podemos observar que o diagnóstico indica vários problemas ambientais, como a excessiva carga térmica sobre a envoltória do edifício, necessidade de revisão dos fluxos internos, ofuscamento em fachadas envidraçadas, baixo nível de humanização dos ambientes, espaços


mal resolvidos para o acolhimento dos usuários, sejam doadores e ou pacientes, elementos arquitetônicos com pouca eficiência, sistema de condicionamento de ar mal dimensionado, além da necessidade de melhoria nos espaços destinados aos funcionários. Para solucionar as deficiências do edifício em estudo,

Solução para as cargas térmicas – Redução dos ganhos de carga térmica pelas fachadas, com proteções solares adequadas às orientações (estudos de ângulo de incidência solar), redução dos ganhos de carga térmica por meio da redução da área de vidro e uso de pele dupla, especificação segundo o Fator Solar e Fator de Luz Visível, redução dos ganhos de carga térmica através da cobertura (alteração de materiais, cobertura dupla, ventilada, vegetação, cores claras), aproveitamento da ventilação natural como estratégia de otimização do conforto higrotérmico dos usuários, estudo de pressão positiva e negativa, entrada e saída do ar e colocação de forros claros e ventilados. Solução para os problemas luminosos – Aumento do aproveitamento da iluminação natural nos ambientes, aumento na uniformidade de distribuição dos níveis de luminância nos ambientes, uso de prateleiras de luz, vidros seletivos (luz visível, sem ofuscamento e calor), iluminação no plano de trabalho, estudo de integração

foi necessário desenvolver diretrizes que garantissem melhor qualidade ambiental, eficiência energética e conforto nos ambientes, com a devida humanização. Foram traçadas estratégias para solucionar os problemas abaixo relacionados:

Figura 01: Ventos predominantes e interferência do entorno construído. Fonte: Lasus (2011)

com a iluminação artificial (posição paralela à janela e controle individualizado) e garantia de manutenção da vista agradável para o exterior. Solução para os problemas sonoros – Redução dos níveis de ruído em ambientes críticos, redução da propagação do ruído externo (alteração dos materiais superficiais), redução dos níveis de ruídos dos equipamentos externos (bombas, ar condicionado etc). Solução para os problemas ambientais – Restringir ganhos solares, promover resfriamento evaporativo (água e vegetação), alteração nos materiais superficiais em vistas a qualidade ambiental, criação de ambientes de convivência, implantação de vegetação nativa do cerrado, captação e reuso de águas pluviais, equipamentos e mobiliário urbano, iluminação, bancos, pérgolas (e outros), condução de brisas resfriadas para o interior da edificação e acessibilidade (especificação de pisos e uso de rampas). 39


Aumento do nível de eficiência energética da envoltória (Rtq-C) – Cumprimento dos pré-requisitos, diminuição da transmitância térmica da cobertura (maior isolamento), diminuição da transmitância térmica de paredes (maior isolamento), redução do percentual de abertura total PAFt (diminuição de área de vidro das fachadas), especificação de vidro ou película com Fator Solar adequado e aumento dos ângulos de sombreamento (verticais e/ou horizontais), com estudo de proteções solares para as aberturas (vidros). Redução do consumo energético atual – Modificação da temperatura de controle dos sistemas de climatização, reforma do sistema de climatização, redução da carga térmica solar incidente nas janelas e reforma do sistema de refrigeração. Alguns itens receberam atenção especial, como a questão da humanização da área externa, através da criação de passeios e locais de permanência protegidos do sol e seguros (antes somente passagem), eliminação

de parte da rua de serviço, criação de rua de pedestre (ligação entre os blocos), o uso de paredes verdes (pergolado vertical) para redução do ganho de calor nas fachadas da edificação, uso de piso permeável, utilização de elementos ambientais (água, solo e vegetação), criação de quiosque de lazer para usuários e funcionários e relocação do depósito de inflamáveis e resíduos sólidos. Nas fachadas, as esquadrias também tiveram tratamento específico, pois foi necessário desenvolver mais de uma tipologia, tendo em vista a diversidade de ambientes e suas necesidades. Foram estabelecidas novas diretrizes, com a elaboração de elemento redutor da incidência de carga térmica nas superfícies envidraçadas, elemento redutor dos níveis de luminância (ofuscamento) próximo a janela, elemento distribuidor da luz natural no interior dos ambientes, elemento que proporcionasse a utilização da ventilação natural nos ambientes e elemento que solucionasse (esteticamente) o posicionamento das evaporadoras (ar condicionado).

Figura 02: Estudo de esquadrias e elementos de fachada. Fonte: Lasus (2011)

A proteção das paredes e a cobertura verde foram abordadas com pesquisa sobre a vegetação típica do cerrado, de forma a minimizar custos, aumentar a vida útil da vegetação e ampliar seus benefícios, como qualidade arquitetônica, alta desempenho termo acústico, redução do efeito “ilha de calor”, da poluição do 40

ar e das enchentes, sequestro de carbono, manutenção fácil e segura, filtragem da água de chuva (retenção de metais pesados e químicos dissolvidos), aumento da área de lazer, não atração de insetos e animais indesejados, plantas resistentes a seca e de baixa manutenção e projeto de paisagismo para cultivos ou outras plantas.


enfim, um espaço que induza às pessoas o sentimento de estarem em um lobby de hotel e não em um ambiente de alvo enquanto ambiente interno, pois, respeitado as saúde – afinal doadores são cidadãos que precisam estar questões técnicas sobre o fluxo de doadores, pacientes muito bem de saúde para praticar o ato da doação. e sangue, promoveu-se significativa mudança, revendo Na figura 3 observa-se a imagem de uma visão e ampliando o conceito de sala de espera. Surge como geral da proposta de readequação do Hemocentro proposta um ambiente lúdico, moderno e atraente, Coordenador do DF e sua inserção no contexto urbano/ introduzindo pontos de leitura, acesso à internet, entorno. 45 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar A área destinada à recepção de doador foi o maior

Proposta de implantação de novos espaços com parede e cobertura verde, priorizando a humanização e promovendo gentileza urbana.

Figura 03:do Maquete do projeto para o Hemocentro Figura 03: Maquete eletrônica projeto eletrônica para o Hemocentro Coordenador do DF Coordenador do DF Fonte: Lasus (2011) Fonte: Lasus (2011)

A partir da expertise adquirida com o estudo piloto sobre o Hemocentro do Distrito Federal, a Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados pactuou mais três estudos, tendo como objeto os edifícios dos Hemocentros Nacional. Com o estabelecimento dasestão diretrizes contidas ACoordenadores partir da expertise adquirida comCeará o estudo piloto do Rio de Janeiro, e Amazonas, que já foram concluídos. Outros dois em andamento, nesses estudos, gestores sobrereferentes o Hemocentro do Distrito Federal, a Coordenação aos edifícios dos Hemocentros Coordenadores dos Estados do Paráose Rio Grande públicos do Sul. da hemorrede passarão a alinhar seus projetos com novos conceitos, Geral de Sangue e Hemoderivados pactuou mais três que muito contribuirão para o desenvolvimento dos estudos, tendo como objeto os edifícios dos Hemocentros 3 CONCLUSÕES edifícios de saúde. As iniciativas em curso vão ao Coordenadores do Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas, que A partir do estudo piloto, é possível afirmar que a iniciativa de readequação ambiental terá grande encontro dos novos rumos ambientais, contribuindo já foram concluídos. Outros dois estão em andamento, repercussão no desenvolvimento e planejamento dos projetos de arquitetura destinados à Hemorrede Nacional. Com o para humanização dos ambientes de saúde, fidelização referentes aos edifícios dos Hemocentros Coordenadores estabelecimento das diretrizes contidas nesses estudos, os gestores públicos da hemorrede passarão a alinhar seus de doadores e eficiência energética de um parque de dos Estados do Pará e Rio Grande do Sul. projetos com novos conceitos, que muito contribuirão para o desenvolvimento dos edifícios de saúde. As iniciativas em edifícios construídos de considerável proporção. curso vão ao encontro dos novos rumos ambientais, contribuindo para humanização dos ambientes deAbresaúde, se, de assim, na visão da Coordenação Geralproporção. de SangueAbree 3 CONCLUSÕES fidelização de doadores e eficiência energética de um parque edifícios construídos de considerável se, assim, na visão da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados, a expectativa de ampliar o acesso dos usuários Hemoderivados, a expectativa de ampliar o acesso dos A partir do estudo piloto, é possível afirmar que do SUS (profissionais, doadores e ou pacientes) a serviçosusuários de qualidade, de melhora constante significativa do SUSatravés (profissionais, doadores e ouepacientes) a iniciativa de readequação ambiental terá grande em suas estruturas físicas. a serviços de qualidade, através de melhora constante e repercussão no desenvolvimento e planejamento significativa em suas estruturas físicas. dos projetos de arquitetura destinados à Hemorrede REFERÊNCIA

LASUS, FAU, UNB. Estudo e Pesquisa para Adequação do Hemocentro Público, DF: Avaliação Pós-Ocupação, Diagnóstico Energético e Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética. Volumes 1 e 2. Brasília: Unb, 2011.

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REFERÊNCIA

LASUS, FAU, UNB. Estudo e Pesquisa para Adequação do Hemocentro Público, DF: Avaliação Pós-Ocupação, Diagnóstico Energético e Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética. Volumes 1 e 2. Brasília: Unb, 2011.


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CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO DE ESPAÇOS PARA O CUIDADO CRÍTICO Daniela Prado Tavares Arquiteta, Mestre

Mauro César de Oliveira Santos Arquiteto, Doutor Ivani Bursztyn Médica, Doutora

RESUMO Os espaços para realização dos cuidados críticos de saúde, as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), terão maior importância na determinação da qualidade da atenção à saúde num futuro próximo, dado o aumento dos casos críticos e maior incidência de doenças crônicodegenerativas. Os hospitais de ensino têm a responsabilidade de formar profissionais para suprir uma demanda crescente nesta especialidade, em que já se constata escassez de mão de obra. Para isso, UTI adequadas espacialmente aos conceitos de arquitetura mais alinhados com modelos de atenção humanizados poderão contribuir de forma significativa. Através de uma revisão bibliográfica, este artigo trata das questões envolvidas na concepção do projeto destes espaços, considerando as inovações e contribuições para o processo projetual originadas nas pesquisas sobre a influência do ambiente construído na qualidade da assistência à saúde e bem estar do usuário. Concluiu-se que os avanços no campo da arquitetura para oferecer espaços de maior eficiência, com qualidade ambiental, são notáveis na área do tratamento intensivo. Há um ganho real em termos de metodologia do processo projetual que confere maior credibilidade e valor ao produto projeto e ao profissional arquiteto, destacandose o projeto baseado em evidências. Palavras-chave: Arquitetura Hospitalar, Unidades de terapia intensiva, Projeto baseado em evidências.

ABSTRACT CONSIDERATIONS ABOUT DESIGN OF SPACES FOR CRITICAL CARE The spaces of performance for critical care, ICUs, will be critical in the quality of health care in the near future, in consequence of increase critical cases and incidence of chronic degenerative diseases. Teaching hospitals have the responsibility to coach professionals to this growing demand, which is a specialty that has shortage of skilled healthcare workers. ICUs spatially appropriate to the concepts of architecture more aligned with models of humanized care, it may contribute significantly for this. By a literature review, this article discusses the issues involved in project design for these spaces. Researches about the way a built environment can influence the quality of health care and wellness user provide contributions to innovations in design process. It has concluded that advances in the field of architecture to provide spaces for greater efficiency with environmental quality to users are notable in the ​​health´s field. There is a real gain in terms of methodology in the design process to give greater credibility and value to the project product and to the professional architect. However, it is necessary that such researches, like international realizations, will be applied more effectively in the local context in order to allow the potential benefits are fully realized. Keywords: Hospital architecture, Intensive care unit, Evidence based design. 45


1 INTRODUÇÃO As tendências no cenário da saúde indicam que os cuidados críticos serão cada vez mais necessários no contexto assistencial do futuro e que hospitais de ensino serão os locais a concentrar serviços dessa natureza. A arquitetura do edifício de saúde está tendo seu conceito arquitetônico reformulado na perspectiva da humanização, para que abarque as necessidades técnicas, funcionais e formais, considerando a qualidade ambiental e o bem estar do usuário – este entendido de forma ampla, desde o funcionário administrativo até o paciente. Em sua colocação crítica, o movimento de humanização na saúde defende uma visão assistencial que reconheça o ser humano de modo pleno, integral, em suas dimensões objetivas e subjetivas; em oposição ao anterior padrão de atendimento, que se baseava numa visão especializada e fragmentada, que desconsidera a relação profissional-paciente, privilegiando a intervenção localizada, buscando agir sobre a doença e não nas suas causas, desconsiderando o contexto e estilo de vida do paciente (FONTES, 2007). A expressão arquitetônica dessa visão de saúde focada na doença foi o edifício hospitalar de grandes extensões internas compartimentadas, em monobloco e verticalizado, que alcançou sua plenitude na segunda metade do século XX. Esta solução espacial, incentivada pelas descobertas da medicina das vias de transmissão de doenças contagiosas e do desenvolvimento de tecnologias construtivas e mecânicas, valorizava os aspectos funcionais e tecnológicos em detrimento da qualidade ambiental. As discussões sobre humanização coincidem com um período em que na arquitetura há uma busca por abordagens diversas ao modernismo, valorizando-se aspectos de contextualização, relações ambientais, históricas e sócio-culturais, considerando aspectos de percepção e relação do homem com o meio construído. O projeto de arquitetura se constitui num processo de resolução de problemas espaciais, que ganhou complexidade na medida em que a sociedade evoluiu em direção a uma grande variabilidade de programas arquitetônicos. Desde meados do século XX, a metodologia do projeto arquitetônico vem sendo objeto de reflexão de vários pensadores (ALEXANDER, 1965, 1977; JONES, 1970, 1977; SCHON, 1983; BUCHANAN, 1992; MAHFUZ, 46

1995; LAWSON, 2011), preocupados em dar ao processo projetual maior eficiência e desempenho através do desenvolvimento de metodologias que agreguem estratégias para se enfrentar os problemas complexos da arquitetura contemporânea. O projeto da arquitetura para ambientes de saúde, especialmente do hospital, é reconhecidamente um processo complexo, em função do seu caráter interdisciplinar e do elevado número de elementos a serem gerenciados. O projeto na arquitetura para ambientes de saúde reúne especificidades que agregam ao seu processo de resolução uma grande quantidade de variáveis, que concorrem para limitar o universo possível de soluções, ao mesmo tempo em que há a necessidade de se repensar os espaços para que a qualidade ambiental seja compatível ao nível de estresse e fragilidade a que os usuários estão expostos. A busca por metodologias capazes de conduzir o profissional na complexidade do processo de concepção arquitetônica na área da saúde encontrou na medicina baseada em evidência a inspiração para se lançar um olhar mais científico sobre a arquitetura e encontrar relações determinantes do papel e da contribuição que a edificação pode dar à assistência à saúde.

2 ESTRATÉGIA PARA O PROJETO DE ARQUITETURA NA SAÚDE

O projeto baseado em evidências consiste numa abordagem da arquitetura que considera os resultados alcançados em pesquisas de resultados comprovados como elementos capazes de guiar as decisões de projeto para soluções com maior grau de certeza da eficiência de desempenho. Sendo ampla a abrangência de aspectos do edifício em que uma interferência de decisão baseada em evidências pode acontecer, é possível inferir que, nesse processo, as características do edifício possam ser exploradas sob dois aspectos básicos: nas relações estabelecidas entre seus elementos físicos e nas estabelecidas entre usuários e espaços. Pesquisas relacionando características físicas do espaço arquitetônico hospitalar a resultados do processo de recuperação de pacientes e no desempenho da equipe de saúde já produziram uma significativa base de evi-


dências das potencialidades interdisciplinares entre os campos da arquitetura e da saúde, indicando não apenas que existe um amplo corpo de estudos e evidências para dar diretrizes ao projeto de arquitetura hospitalar, mas, também, que essa questão é bastante relevante. Alguns benefícios já identificados: redução de erros médicos, a redução de infecções hospitalares, a redução do estresse do paciente e equipe, a melhora do sono, o aprimoramento dos resultados clínicos e a prevenção de quedas (MALKIN, 2008). Segundo Hamilton e Watkins (2009), o projeto baseado em evidências não pretende ser um manual de respostas prontas para problemas de projeto, mas um processo em que diretrizes são estabelecidas em conhecimento obtido na investigação e experiência de projetos finalizados e construídos. Uma evidência não levará a uma única solução sempre, nem mesmo quando utilizada em projetos similares. O contexto de projeto, profissionais envolvidos, situação do problema, tempo e usuários do espaço, são alguns dos itens que interferirão para a variabilidade da definição de uma solução de projeto. As próprias evidências estão sujeitas a transformação em função da pesquisa realizada, ou seja, existe a possibilidade de surgir novas informações que interferirão no panorama do contexto em que a decisão do projeto está sendo tomada. A evidência apresentada, portanto, não deve ser tomada como solução única, fixa e estática, pois seria imprudente e comprometedor para os responsáveis pelo projeto e os usuários do edifício. Não há intenção de se estimular qualquer tipo de padronização mas, ao contrário, levar à diversidade de conceitos e soluções. As experiências na área da arquitetura para ambientes de saúde tem se beneficiado da aplicação desse método, sobretudo nos Estados Unidos. As evidências que, particularmente, tem interessado a essa área são as provenientes das relações entre usuários e espaços que podem resultar em efeitos “terapêuticos”. Alguns estudos da arquitetura de ambientes de saúde possuem conceitos específicos para o projeto baseado em evidências associados à ideia de que os edifícios influenciam a saúde humana e o bem-estar. Na área, é um fato amplamente reconhecido a relevância das características físicas dos espaços em ambientes hospitalares,

tornando-os mais seguros e menos estressantes, promovendo mais conforto para os pacientes e oferecendo melhores ambientes de trabalho para a equipe (ULRICH, 2006). O projeto baseado em evidências pode ser definido como o estudo sistemático das necessidades funcionais dos espaços de saúde com o objetivo de melhoria do bem -estar e do estado físico e mental do paciente através do efeito terapêutico do projeto de arquitetura. A credibilidade desses argumentos passa necessariamente pelo estabelecimento de uma base de conhecimento factual sólida. A adoção da base em evidências na metodologia do projeto arquitetônico implica em uma mudança de postura por parte do arquiteto (VERDERBER, 2005). A literatura sobre projetos baseados em evidências já permite afirmar o vínculo entre determinadas características do ambiente e a melhoria de desempenho nas atividades humanas. Do universo de elementos arquitetônicos assinalados, pode-se destacar o benefício proporcionado pela iluminação natural, a definição apropriada de iluminação dos ambientes, seja natural ou artificial, a possibilidade de visuais da natureza e previsão de espaço para uso da família no quarto do paciente (ULRICH et al, 2008).

3 ESPAÇOS PARA O FUTURO

Uma série de características do cenário contemporâneo na atenção à saúde confere aos hospitais de ensino uma posição estratégica para o desenvolvimento da excelência na área. São cada vez mais rápidas as inovações tecnológicas na medicina, tanto em relação aos equipamentos e dispositivos médicos (próteses, por exemplo) quanto em relação aos procedimentos e técnicas terapêuticas da assistência. Isso provoca o aumento da complexidade técnica do exercício da assistência à saúde em razão de fatores como a especialização profissional e o surgimento de novas especialidades, a crescente multidisplinaridade dos profissionais envolvidos no cuidado a saúde e as implicações operativas da sofisticação progressiva de equipamentos e das inovações biomédicas (NORD, 2011). Os hospitais de ensino são estruturas que combinam as atividades de ensino e pesquisa científica com assistência à saúde, desenvolvendo ações em diversas espe47


cialidades profissionais. Estão vinculados às instituições de ensino e têm como objetivo a formação de futuros profissionais da saúde, além do treinamento dos atuantes. A capacidade profissional presente nestes hospitais os habilitam a oferecer assistência de referência através de técnicas e tecnologias de vanguarda, alto desempenho e capacidade de investigação. Enquanto relacionados às universidades, o Ministério da Educação os define como [...] centros de formação de recursos humanos e de desenvolvimento de tecnologia para a área de saúde. A efetiva prestação de serviços à população possibilita o aprimoramento constante do atendimento e a elaboração de protocolos técnicos para as diversas patologias. Isso garante melhores padrões de eficiência, à disposição da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, os programas de educação continuada oferecem oportunidade de atualização técnica aos profissionais de todo o sistema de saúde. (BRASIL, 2014). Embora os hospitais de ensino (ou universitários) enfrentem diversos problemas nos níveis operacional, econômico e estrutural, e ainda estejam no centro de uma ampla discussão a respeito da concepção do ensino na saúde, é fato reconhecido a relevância da sua atuação na assistência à população. Nesse sentido, para potencializar sua capacidade e obter retorno de seu alto custo, há um consenso na área de que o papel destes hospitais é o de atendimento de alta complexidade (MÉDICI, 2001). Sendo assim, os espaços para cirurgias e cuidados intensivos são de particular importância para hospitais de ensino. Estes possuem a responsabilidade de desenvolver capacidade de atendimento para um futuro que já é possível se antever nas tendências de atenção à saúde. Situações já conhecidas, como o aumento da expectativa de vida (com consequente ampliação do número de casos críticos e doenças crônico-degenerativas), a mudança do perfil de mortalidade e morbidade, a escassez de profissionais qualificados, a valorização do profissional intensivista, o uso de monitoramento remoto, a enfermagem descentralizada, a proliferação de mídia eletrônica, a miniaturização de equipamentos, a dependência tecnológica da medicina, o cuidado centrado no paciente e a ampliação da presença da família no espaço de atendi48

mento, produzem um impacto significativo na configuração física dos espaços de cuidado crítico (HAMILTON; SHEPLEY, 2010).

3.1 O cuidado crítico e a arquitetura de unidades de terapia intensiva Unidades de terapia intensiva (UTI) são espaços “[...] destinados a pacientes em estado crítico, que necessitam de cuidados altamente complexos e controle restritos.” (GÓES, 2011, p.124). Em sua configuração espacial clássica são ambientes impessoais e agressivos, onde os pacientes, quando conscientes, se encontram em estado de grande fragilidade emocional e a equipe sob alto nível de estresse. São características destes espaços campos visuais abertos para observação próxima e constante do paciente e o uso intensivo de recursos tecnológicos. Há elevada quantidade de equipamentos próximos ao leito, além de sistemas de monitoramento sonoro, o que mantém o ambiente sob elevado e constante ruído. A origem dos espaços para cuidados intensivos está no conhecimento obtido com as atividades de cuidados pós-cirúrgicos, necessários durante as guerras do século XIX, e sua concepção está intimamente atrelada ao conceito de medicina desenvolvido no período. Florence Nightingale, durante seu trabalho na guerra observou a necessidade de pacientes de cuidado crítico estarem posicionados em frente à mesa da enfermagem, assim como Louisa May Alcott alojava pacientes de maior necessidade de cuidado em quartos separados (HAMILTON; SHEPLEY, 2010). No século XX, a realização mais frequente de cirurgias, possibilitadas pelo avanço técnico da medicina, tornou necessária uma estrutura que permitisse disponibilidade de equipamentos e o monitoramento do processo de recuperação pós-cirúrgico. Os quartos de recuperação onde os pacientes podiam ser proximamente observados são os precursores das UTI. Inicialmente o atendimento era geral, mas hospitais de ensino na década de 1920 já configuravam incipientes unidades de tratamento intensivo por especialidade. O desenvolvimento tecnológico de sistemas de ventilação e condicionamento do ar, ocorrido nos anos 1950 e 1960, permitiu a expansão das UTI por todo o sistema de saúde da América do Norte e de lá para outras partes


do mundo. O modelo de UTI especializada foi construído nos hospitais de ensino e difundido durante a década de 1970. Os anos 1990 foram de investimento em modelos práticos e procedimentos clínicos para cuidados críticos especializados, surgindo a figura do especialista em cuidado intensivo. Nos anos 2000, a insatisfação com o alto custo e a baixa qualidade da assistência motivou estudos para melhoria da performance das equipes, focando-se na adequação dos fluxos de deslocamento e características do espaço em geral (HAMILTON; SHEPLEY, 2010). O projeto para esses espaços sempre se baseou na necessidade do monitoramento contínuo dos pacientes, primeiramente pela observação direta e, mais tarde, através de imagens transmitidas por vídeos. Sua concepção espacial, portanto, nasce da busca por organizar o espaço de modo que a equipe de enfermagem possa ter amplo domínio visual dos leitos, priorizando o fluxo de trabalho em detrimento das questões de conforto e bem -estar dos usuários. A formulação do seu leiaute mais tradicional se apóia nas premissas funcionalistas típicas da arquitetura da época de sua origem. A complexidade de resolução dos projetos, a ainda incipiente consciência e uso efetivo de estratégias metodológicas de forma ampla no processo de concepção dos edifícios, deixam espaço para que a referência do modelo espacial funcionalista ainda seja muito forte. A estratégia de se apoiar decisões de projeto em evidências pode ser libertadora, no sentido de transformar a referência projetual num conceito ou característica espacial mais próxima de novas experimentações formais e de leiaute. 3.2 O projeto para unidades de terapia intensiva As questões colocadas pela busca de maior humanização da atenção à saúde provocam mudanças significativas nos espaços para o cuidado crítico. As pesquisas que identificam evidências de melhoria de desempenho ou qualidade ambiental relacionadas à arquitetura contribuem para que o desenvolvimento do projeto se aproxime de soluções mais eficientes. Hamilton e Shepley (2010) defendem que para se planejar uma UTI é necessário considerar questões de projeto antes mesmo de se finalizar o programa arquitetônico. Fatores tais como a geometria e configuração

da unidade, a adoção do modelo centralizado ou descentralizado, unidades gerais ou especializadas, o fluxo dos pacientes e do cuidado crítico, as transferências e deslocamentos junto aos leitos, a padronização e segurança, a definição do tipo de monitoramento a ser utilizado são de definição essencial no início dos trabalhos. As recomendações quanto à qualidade do ambiente em UTI estão baseadas no conceito de Arquitetura Terapêutica, na qual é reconhecido que o espaço físico tem influência no processo de recuperação do paciente e em seus resultados clínicos. O objetivo destas diretrizes é o de reduzir o estresse de pacientes e equipe. Os fatores psicológicos relacionados à experiência com o ambiente que devem ser considerados no projeto são: opções de escolha e controle do desenho do espaço, possibilidades de privacidade, formas que permitam o estabelecimento de limites para o espaço pessoal e a territorialidade, assim como tornar possível o suporte social. Deve-se considerar como elementos estratégicos de projeto as distrações positivas, a luz solar, a amenização de ruídos e a música.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aporte técnico trazido pelas evidências de pesquisa na área das relações homem/ambiente construído contribuem de maneira significativa para que o processo de concepção do projeto, em geral e, mais especificamente, no de ambientes de saúde. Tais pesquisas, no entanto, se concentram em contextos distantes da realidade nacional. Apesar de vários resultados transcenderem limites geográficos, é importante produzir pesquisas locais que reflitam nuances culturais próprias. As evidências provenientes de pesquisas fundamentadas no campo da psicologia ambiental, sobretudo, precisam ser contextualizadas, pois abrangem aspectos subjetivos, com grande influência cultural. A concepção de edifícios desenvolvida segundo esta metodologia de projeto, adotando-se uma base de conhecimento científico que proporcione credibilidade aos argumentos para as soluções propostas, redefine a imagem e papel social da arquitetura. É uma mudança cultural que significa, para o arquiteto, a ampliação de horizontes profissionais, adotando-se hábitos de investigação mais eficientes, assumindo-se um comprometi49


mento maior com o que é recomendado. Significa uma adaptação da própria educação arquitetônica.

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COMO O DESIGN DE SERVIÇOS PODE APRIMORAR A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO EM UMA UNIDADE DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Gabriela Siqueira Bassols Arquiteta, Especialista

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho analisa o serviço prestado pela Unidade de Diagnóstico por Imagem do Hospital Moinhos de Vento (UDI-HMV), localizado em Porto Alegre, RS, através da ótica do design estratégico. Este projeto pretendeu mapear a atual oferta e identificar como os usuários experienciam a unidade, desvendando sua jornada emocional através do serviço ofertado. A partir desta análise foi projetado um novo sistema-produto de orientação visual, com o fim de que a UDI proporcionasse melhores experiências aos seus usuários, aprimorando a qualidade percebida neste atendimento. Palavras-chave: Design de serviços, Jornada emocional, Design estratégico.

Segundo Pinheiro (2011), A maioria das pessoas vê o Design como uma disciplina meramente responsável pelo embelezamento das coisas e com uma tímida importância na geração de valor para o negócio. Ainda, com passar dos anos, o Design também ganhou uma conotação elitista, como se fosse um dom divino exclusivo de pessoas dotadas de uma mente criativa privilegiada. (PINHEIRO, 2011, p.25) Em um mundo onde a informação perdeu a sua materialidade, transformando-se num recurso grátis, farto, diverso e inesgotável, o design de serviços visa o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos atendimentos ofertados, buscando a geração de valor e a criação de um diferencial competitivo para as organizações. Sendo assim, vai além das questões tangíveis, como estética e funcionalidade, contemplando aspectos imateriais, como a experiência. Nesta metodologia, o serviço é medido de forma qualitativa, considerando que é grande a sua variedade, de acordo com a percepção de cada indivíduo. Outra característica da prestação de um serviço é a incapacidade de ser estocado, já que se tratam de elementos intangíveis, que ocorrem no decorrer do tempo. No design de serviços, os produtos são considerados suportes, sendo responsáveis pela relação entre prestadores e usuários. A boa experiência do cliente é fundamental para o seu retorno e, consequentemente, para a saúde financeira da

ABSTRACT HOW SERVICE DESIGN CAN IMPROVE THE USER EXPERIENCE IN THE IMAGING DEPARTMENT This paper analyzes the service provided by the Diagnostic Imaging Unit (IDU) of Hospital Moinhos de Vento (HMV), in Porto Alegre, RS. Through the lens of strategic design and in accordance with the objectives of this study, this project aims to map the supply and identify how users experience the services of the unit, revealing the user’s emotional journey through the service offered, thus enabling the IDU provides a better experience to its users, improving the perceived quality in service. Keywords: Design services, Emotional journey, Strategic design.

51


empresa (PINHEIRO, 2011).

No presente estudo, aborda-se a temática do

design de serviços aplicada ao ambiente hospitalar, utili-

zando-se a metodologia do Design Estratégico, através de um projeto voltado para a oferta de serviços de diagnóstico por imagem na Unidade de Diagnóstico por Imagem

do Hospital Moinhos de Vento (UDI-HMV). Por meio de diferentes ferramentas, este trabalho buscou apresentar soluções inovadoras diante das dificuldades apresenta-

das. Cabe ressaltar que, apesar de fazer parte do grupo de colaboradores do HMV, a pesquisadora propôs-se a apresentar um olhar externo ao seu campo de atuação, buscando, assim, soluções e alternativas diferenciadas.

2 OBJETIVOS

O objetivo principal do trabalho foi estabelecer uma

melhoria qualitativa na oferta de um serviço de saúde prestado pelo HMV, voltado para a o diagnóstico de do-

enças, focando na jornada do cliente dentro de uma UDI. Como objetivos secundários, podem ser citados: •

Mapear a jornada dos usuários dentro da UDI

-HMV sob diferentes pontos de vista (usuário/

colaborador), observando comportamentos,

analisando os pontos de contato e as emoções • • • •

envolvidas em cada etapa através da realização de entrevistas e de pesquisa quantitativa;

Identificar os principais pontos de contato do serviço com o usuário;

Compreender a experiência do usuário ao longo da jornada do serviço;

Compreender a experiência dos técnicos e enfermeiros em relação à prestação do serviço;

Identificar as possíveis barreiras (pontos fa-

lhos), à experiência emocional positiva do usuário do serviço;

A nova proposta de design certamente ajudará a me-

lhorar os fluxos dos pacientes, os ambientes e o confor-

to proporcionado para a equipe e para o atendimento. A melhor percepção do cliente proporcionará melhoria na qualidade do atendimento. O design deverá auxiliar na

humanização do acolhimento, aliando qualidade e privacidade ao atendimento de cada um dos usuários da UDI. 52

3 METODOLOGIA Utilizou-se métodos qualitativos de pesquisa, como o blue sky, construção de cenários, estabelecimento de personas para apresentar um concept para o novo serviço por meio das ferramentas storyboard e mapa do sistema. O referencial teórico é do Design Estratégico, apoiada pela visão dos autores Celaschi e Deserti (2008), Franzato (2008), Meroni (2008) e Reyes (2010). Utilizou-se pesquisa semiestruturada, validada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HMV, com aceite e assinatura de Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE). Incluiu-se também pesquisa etnográfica para o desenvolvimento do quadro de estímulos blue sky, dos cenários, das personas, do storyboard e do mapa do sistema. Realizaram-se encontros organizados na forma de uma série de atividades em grupo com o objetivo de estimular a criatividade e a colaboração, fomentando a criação de soluções inovadoras. Foi ainda aplicado questionário de avaliação do serviço com 37 questões. Dos 7060 e-mails enviados para pacientes do HMV, com prazo para respostas de cinco dias, obtivemos 382 respostas. A projeção de cenários permite ter uma visão de todo o processo de desenvolvimento da experiência do usuário no serviço. Os cenários são representações hipotéticas que buscam solucionar problemas que possam surgir no processo de projetação. As ferramentas utilizadas na criação do cenário são identificadas como sendo um moodboard que, segundo Marques e Remus (2008), caracteriza-se como “[...] um quadro de imagens que simbolizam as características daquilo que se descreve.” Personas são arquétipos ou personagens fictícios, concebidos a partir da síntese de comportamentos observados entre consumidores com perfis extremos. Representam as motivações, desejos, expectativas e necessidades dos usuários, reunindo características significativas de um grupo mais abrangente (Anastassakis, 2010). Todo o projeto foi, desde o início, centrado no usuário, colocando-o numa imersão total na experiência projetada, seguindo a proposta de Moritz (2005). Este instrumento foi primeiramente utilizado na área do cinema para a visualização do processo de desenvolvimento

de ações e cenas, sendo posteriormente adotado como estratégia de projetação de design. É executada uma re-


presentação visual de uma história através de quadros estáticos, compostos por desenhos, colagens, fotografias ou qualquer outra técnica disponível (VIANNA, 2012). No mapa da oferta e da jornada identificam-se as pessoas que deverão fazer parte de cada etapa para que as ações desejadas ocorram conforme o projetado. O pensamento holístico precisa ser visualizado para entendermos e designarmos as estratégias em que todos os envolvidos na experiência devem se posicionar (MO-

RITZ, 2005).

4 PROJETO A partir das pesquisas semiestruturadas e da utilização das ferramentas mencionadas, observou-se que as associações negativas permeavam os exames de diagnóstico, principalmente os de ressonância magnética, pela claustrofobia provocada em algumas pessoas ao serem colocadas em um “tubo” e/ou, ainda, pela situação do desconhecido, de possível descoberta de uma doença.

Figura 1 - Associações negativas e positivas em relação ao exame de RNM Fonte: Bassols (2012)

Através do projeto, com a utilização do design estratégico, conseguiu-se reverter esta situação, transformando associações negativas em positivas. O passo-a-passo das ações de projeto realizadas foram: • Análise do contexto sociodemográfico, para definição do perfil do usuário; • Análise da empresa, para entendimento do contexto; • Análise do usuário, para identificação dos deta-

• •

lhes do perfil de maior prevalência no serviço; Mapeamento da jornada atual do serviço, para entendimento dos pontos de contato do cliente com a marca; Workshop com colaboradores do serviço, analisando cada etapa da jornada atual sob a ótica das pessoas que fazem parte do processo; Criação de cenários de projeto e personas, para escolha do cenário ideal; Elaboração de moodboards do cenário escolhi53


• •

do, para auxílio na definição dos elementos que constituirão o novo conceito; Definição do conceito e de um novo sistema -produto-serviço, para oferta do novo serviço reestruturado; Elaboração de mapa da oferta, mostrando como será a nova oferta do serviço; Elaboração de storyboard, contando o passo-a -passo desta nova jornada, comunicando como será ofertado o serviço final; Aplicação de benchmarking, entendendo outros

Figura 2: Cenários de projeto Fonte: Bassols (2012)

54

• •

• •

setores que prestam o mesmo serviço; Aplicação de blue sky, utilizando referências de serviços diferentes para insights de projeto; Estabelecimento de nova jornada e seus elementos, identificando todos os recursos que serão necessários, listados fase a fase; Elaboração de novos produtos, reafirmando o novo conceito; Reformulação dos ambientes, repensando a relação da arquitetura na tradução do novo conceito.


Figura 3: Moodboard do cenรกrio escolhido Fonte: Bassols (2012)

Figura 4: Novo sistema-produto-serviรงo Fonte: Bassols (2012)

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Figura 5: Mapa da oferta Fonte: Bassols (2012)

Figura 6: Storyboard Fonte: Bassols (2012)

56


Figura 7: Ambientação proposta Fonte: Bassols (2012)

5 RESULTADOS A análise da pesquisa e demais ferramentas apresentadas anteriormente evidenciaram o perfil do usuário da UDI: predomínio do sexo feminino, idade entre 31 e 50 anos, usuários de novas tecnologias de informação e redes sociais, já realizaram exame de ressonância magnética e escolhem o serviço a partir de indicação médica, com agendamento por telefone. Gostariam de receber orientações sobre o exame do callcenter, além de confirmação por email. Além disso, foram mapeadas outras 30 características dos clientes/serviço, permitindo que se projetassem novas alternativas.

6 CONCLUSÃO

O projeto descrito teve como principal resultado apontar caminhos para que a UDI proporcione melhores experiências aos seus usuários, traduzindo o padrão de qualidade e de excelência no atendimento do HMV aos que utilizam os recursos diagnósticos da UDI-HMV. Este projeto agrega valor à instituição e comprova que é possível realizar uma comunicação visual com foco em inovação, orientada pelo design.

A proposta efetuada para este serviço despertou mudanças na percepção de valor por parte dos usuários, podendo ser estendida para as demais áreas do hospital.

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AMBIÊNCIA HOSPITALAR NA REQUALIFICAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO: o novo setor de emergência do Hospital Federal do Andaraí, RJ Cristiane N. Silva Arquiteta, Mestre

RESUMO

ABSTRACT

Este artigo apresenta a experiência de requalifica-

HOSPITAL’S AMBIENCE IN THE REQUALIFICATION OF THE ARCHITECTURAL PROJECT: The New Emergency Department of the Federal Hospital Andaraí in Rio de Janeiro.

raí, RJ. Nesta intervenção, efetuada segundo as diretrizes

This article will describe the experience of the redevelopment project for the building that will receive the new Emergency Department (E.D) at the Federal Hospital Andaraí in Rio de Janeiro. In this intervention to rehabilitation --performed according to the Ministry of Health – HumanizaSUS guidelines of hospitals ambiances-several groups, including professionals involved in the work processes of the hospital’s E.D, have discussed and reviewed its architectural design issues. These discussions have provided significant changes that will make the E.R suitable for its future purposes; not only in terms of placement of professionals, but also to make these changes compatible with the concepts of humanization, the RDC 050/2002, and other regulations. The process of redevelopment was an extremely interesting experience. I had the opportunity to assimilate new concepts of the design process, and incorporate these concepts into a group that was not certain about voicing their opinions. Consequently, I was able to observe the effectiveness of the process, and it resulted in one of the most interesting pieces of work that was implemented and that is being advanced in the time coming. Keywords: Ambiance, Humanization, Emergency.

ção do projeto para construção do prédio que abrigará o novo setor de emergência, no Hospital Federal do Andadeterminadas pela ambiência hospitalar estabelecidas

pelo Ministério da Saúde no programa HumanizaSus, o

projeto arquitetônico foi reavaliado em várias sessões de discussão com os diversos profissionais envolvidos nos processos de trabalho da emergência do hospital. Esta

prática proporcionou a execução de alterações impor-

tantes nos espaços projetados e sua melhor adequação aos serviços que nele serão prestados, não somente em

função das colocações dos profissionais, mas compatibilizando-as com os conceitos da humanização, da RDC

050/2002 e demais normativas. Vivenciar o processo de requalificação foi uma experiência extremamente in-

teressante. A oportunidade de assimilar novos conceitos de como exercitar o processo projetual, exercer estes conceitos na prática com um grupo, inicialmente extre-

mamente desconfiado da abertura de espaço às suas opi-

niões, e poder observar o resultado, foi uma das partes mais interessantes do trabalho já executado e do que está em planejamento.

Palavras-chave: Ambiência, Humanização, Emergência.

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1 INTRODUÇÃO No ano de 2013, foi oferecido pelo Ministério da Saúde/Qualisus um curso para formação-intervenção de apoiadores temáticos em ambiência na saúde, que apontava como objetivo principal Formar arquitetos e engenheiros para a discussão da ambiência, instrumentalizando-os para a análise e elaboração de projetos arquitetônicos e para a orientação das intervenções nos espaços físicos do SUS a partir do referencial da Ambiência, de modo que possam qualificar suas práticas na análise e elaboração de projetos arquitetônicos na saúde e atuar como apoiadores de Ambiência no SUS. (BRASIL, 2014) A ideia que a maior parte das pessoas tem de “ambiência” é a de organização arquitetônica dos espaços constituindo um meio físico e, ao mesmo tempo, estético ou psicológico, especialmente preparado para o exercício de atividades específicas. As discussões sobre ambiência proporcionadas pelo curso citado, propiciaram verificar que um equívoco de entendimento sobre o assunto é comum na maior parte dos profissionais de arquitetura e engenharia envolvidos na área de saúde, desconhecendo-se grande parte do que ditam as políticas do SUS. A adoção do conceito de ambiência, conforme apresentado pelo HumanizaSUS, proporciona a compreensão do processo de projetar como um ato “[...] além da mera composição técnica, simples e formal dos ambientes [...]” (BRASIL, 2013), como um processo de apreender meios, hábitos, espaços, processos e valores. Tratando-se especificamente de Unidades de Emergência, a orientação da ambiência deve considerar não somente o acolhimento com classificação de risco e priorização do atendimento pelo nível de gravidade do paciente, mas “[...] as práticas, os processos de trabalho e os modos de viver e conviver nesse espaço.” (PESSATI, 2012). Este artigo apresenta a experiência de intervenção na requalificação do projeto para construção do prédio que abrigará o novo setor de emergência no Hospital Federal do Andaraí, RJ (HFA). O projeto arquitetônico, atualmente sob a responsabilidade do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH-RJ/MS), foi discutido e avaliado 60

em várias reuniões com os profissionais envolvidos nos processos de trabalho da unidade, proporcionando uma melhor adequação dos espaços aos serviços que nele serão prestados.

2 SOS EMERGÊNCIAS, HUMANIZAÇÃO E AMBIÊNCIA

2.1 O Programa SOS Emergências O programa SOS Emergências é uma ação estratégica prioritária do Ministério da Saúde para a qualificação do Componente de Atenção Hospitalar da RUE (Rede de Urgência e Emergência), realizada em conjunto com os estados, o Distrito Federal e os municípios para a melhoria da gestão e do atendimento de usuários do SUS nas maiores e mais complexas portas de entrada hospitalares de urgência do SUS. De acordo com a Portaria MS/GM nº 1.663, de 6 de agosto de 2012 (BRASIL, 2012), os objetivos do programa SOS Emergências são: • estimular a organização e a implantação da RUE, buscando um pacto cooperativo entre as instâncias de gestão do SUS; • intervir de forma organizada, ágil e efetiva sobre a oferta do cuidado nas grandes emergências hospitalares do SUS; • assessorar tecnicamente a equipe dos hospitais participantes do programa e oferecer capacitação; • apoiar as unidades hospitalares para a melhoria da gestão e da qualidade assistencial por meio da implantação de dispositivos como a classificação de risco, gestão de leitos, implantação de protocolos clínico-assistenciais e administrativos, adequação da estrutura e ambiência hospitalar, regulação e articulação com o sistema de saúde e • possibilitar a readequação física e tecnológica dos serviços de urgência e emergência. 2.2 Humanização e a Ambiência em Saúde A Política Nacional de Humanização (PNH) foi criada em 2003 e, desde a sua criação, atua em vários âmbitos de intervenção, expandindo-se e aprofundando a abertura de frentes de ação e atuação (BRASIL, 2012). Pode-se dizer que a Rede de Humanização em Saúde é um proces-


so de construção permanente e solidária de cidadania, considerando cada sujeito em sua especificidade – em sua história de vida mas, também, como sujeito de um coletivo. A PNH se baseia em conceitos que facilitam a orientação dos usuários e trabalhadores para concretizar a humanização da atenção e gestão da saúde, tais como: acolhimento, cogestão, clínica ampliada, equipes de referência e ambiência hospitalar. A compreensão de ambiência como diretriz da PNH é norteada por três eixos principais: • O espaço que visa a confortabilidade; • O espaço como ferramenta facilitadora do processo de trabalho e • A ambiência como espaço de encontros entre os sujeitos. A ambiência discutida isoladamente não muda o processo de trabalho, já que este está muito mais relacionado com a postura e entendimento de processos e práticas já instituídos e adotados rotineiramente pelos trabalhadores e gestores do setor de saúde. Segundo a Cartilha de Ambiência do Ministério da Saúde, “[...] a construção do espaço deve propiciar a possibilidade do processo reflexivo [...]”, contribuindo para a construção de novas situações e transformação de paradigmas. No âmbito dos prontos socorros e serviços de atendimento à urgência e emergência, o Atendimento com Classificação de Risco (ACCR) é uma das principais ferramentas para viabilizar a segregação por nível de gravidade. A distribuição das áreas/eixos de atendimento nas emergências direciona esse atendimento, sendo de grande importância que as propostas arquitetônicas auxiliem na sua resolutividade (BRASIL, 2013). Ao executar um projeto deste tipo, o arquiteto não pode considerar somente as normas vigentes, mas estabelecer o diálogo com profissionais de saúde e usuários, a fim de verificar a adequação dos fluxos estabelecidos, o modo de executar o trabalho e as reais necessidades do setor.

3 OS PROJETOS NOS HOSPITAIS FEDERAIS DO RIO DE JANEIRO

Cada um dos Hospitais Federais, bem como o DGH -RJ/MS, possui setores próprios de infraestrutura, com-

postos de equipes de engenharia e arquitetura exíguas, nem sempre tecnicamente preparadas para o desenvolvimento de todas as tarefas que lhe são solicitadas. Os projetos são solicitados e executados sob diretrizes extremamente verticalizadas, sendo em poucos momentos considerados todos os atores intervenientes na utilização/operação dos espaços. As intervenções são executadas, na maior parte das vezes, em prazos tecnicamente inadequados, com conteúdo incompleto, desconsiderando a opinião do técnico que atua no setor, bem como a dos usuários a quem se destinam. A escolha do projeto da emergência do HFA para ser objeto de requalificação segundo o conceito da ambiência ocorreu em função da necessidade de se atuar na investigação da adequação dos processos de trabalho. O maior desafio para este projeto foi, efetivamente, conseguir mostrar a necessidade da discussão para obtenção de um diagnóstico, mapeando a relação do setor de atendimento de emergência com os demais do hospital. Foi necessário estabelecer uma abordagem extremamente cuidadosa, a fim de propiciar as discussões fundamentais, abrangendo o maior número de pessoas vinculadas aos setores projetados no pouco tempo disponível.

4 A EMERGÊNCIA DO HFA E A AMBIÊNCIA APLICADA AO PROJETO

Atualmente a emergência do HFA funciona provisoriamente em dois locais: o atendimento do trauma, a UPG e a observação estão situados em dois pavimentos da UPE. O atendimento dos pacientes do eixo azul se dá em uma edificação de divisórias, apelidada de “tenda”, onde é feita a classificação de risco e o primeiro atendimento por clínico geral, direcionando-os para outros setores, medicação e/ou liberação. A tenda foi criada como solução provisória, para atender à desmobilização da emergência anterior, assimilar este atendimento e liberar o espaço para demolição. Esta situação, que permanece há, aproximadamente, três anos, gerou uma dissociação entre os profissionais que atendem/trabalham nas áreas hoje separadas fisicamente, uma vez que na tenda funcionam os serviços relativos ao eixo azul e, em ambientes adaptados na UPE e emergência pediátrica, funcionam o setor de trauma, a observação e a UPG. A separação física das áreas de trabalho fez com que 61


os profissionais passassem a pensar seus espaços como setores isolados, não pertencentes à mesma emergência do hospital. Este fato fez aumentar as exigências particulares de cada setor, ou ainda somente para o conforto dos próprios profissionais, colocando-se em segundo plano a assistência como um todo. Os usuários, infelizmente, não fizeram parte do processo de definição das áreas, em função do pouco tempo disponível para a realização de reuniões. Quanto à intervenção mais especificamente, logo nas primeiras conversas com a apoiadora local do SOS Emergência e a apresentação do projeto de arquitetura existente, conseguimos verificar diversos problemas relacionados aos fluxos de trabalho do setor. Em função desta verificação, e com a idéia da intervenção sobre a ambiência para o projeto da emergência, foi iniciada a articulação para que pudéssemos levar o projeto até os demais trabalhadores do setor, rever e discutir a adequação dos ambientes aos fluxos e processos de trabalho, de forma a alcançar os resultados desejados sem ferir suscetibilidades. No início das conversas com alguns médicos chefes de equipes, o coordenador de planejamento, a chefia de assistência e a chefia da emergência do HFA, mostramos os problemas já identificados e iniciamos outra discussão sobre a adequação dos espaços assistenciais – que foram afetados minimamente para atender a questões técnicas na alteração anterior à efetuada na intervenção. Este processo trouxe para a discussão do projeto as lideranças das equipes médicas ligadas à emergência e fez com que o assunto fosse exposto à Direção de Assistência do DGH de uma forma mais específica. Atualmente são realizadas reuniões periódicas com a empresa construtora, a chefia de infraestrutura e a coordenação da emergência para alinhar questões técnicas pertinentes à interferência das etapas futuras da obra no funcionamento dos prédios existentes, bem como para elaborar planos de contingência para as situações criadas por estas interferências. São realizadas também reuniões periódicas para discussão e levantamento dos equipamentos necessários, para quantificação e o dimensionamento de recursos humanos, o estabelecimento de protocolos de trabalho e interação da emergência com os demais setores do hospital. 62

Ainda há um longo caminho a ser percorrido até a fi-

nalização da obra e inauguração do novo setor e, durante

este período, serão feitas outras discussões sobre todas as intercorrências que surjam com o desdobramento e o andamento dos serviços. Essas novas reuniões serão fundamentais para a reavaliação dos processos de trabalho,

conscientização dos funcionários sobre as alterações e adequações necessárias e, principalmente, para propiciar a interação entre estes profissionais, atualmente prejudicada pela distância física entre os setores.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A gestão executada no HFA não difere da que é en-

contrada nos demais Hospitais Federais no Rio de Janeiro, com um diretor médico (diretor do hospital) e um diretor administrativo. Este tipo de organização ocasiona

diversos problemas quando se colocam questões técni-

cas em discussão e o máximo que se consegue é discutir novos projetos com as chefias médicas dos setores solicitantes.

As direções normalmente são movidas por pressões

internas e é extremamente difícil colocar as razões técnicas para definições, prioridades e prazos de execução

de serviços ligados à arquitetura. Esse tipo de posicionamento é o principal causador de obras mal planejadas,

projetos inadequados e paralisações para readequação, que acabam demandando mais tempo do que o realmente necessário.

As discussões amplas, mesmo limitadas, foram ex-

tremamente proveitosas. A parte dos trabalhadores que

pôde ser consultada, recebeu muito bem a sugestão de

repensar os espaços de acordo com seus processos de trabalho e de repensar os processos de trabalho em função da limitação espacial. A ideia de que, uma vez esta-

belecido um meio de execução de alguma tarefa, este se torna imutável, mesmo sendo derivado de situações ina-

dequadas no atendimento, é uma constante. Explicar e mostrar a estes trabalhadores que existem outros meios

de executar as tarefas e, desta forma, melhorar os processos para todos é gratificante, principalmente quando eles mesmos começam a questionar e oferecer soluções.


REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual Instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização, Ambiência, 2. Brasília, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações programáticas e Estratégicas. Cadernos HumanizaSUS, v. 3, Atenção Hospitalar. Brasília, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.663. Brasília, 2012 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS, Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência. Brasília, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS, Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília, 2004a. BRASIL. Ministério da Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: a clínica ampliada. Brasília, 2004b.

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PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE DIAGNÓSTICO E TERAPIA DAS NEOPLASIAS MALIGNAS: a experiência do Centro de Diagnóstico e Terapia do Câncer do Noroeste Mineiro Aline Christiane Bezerra Lopes de Andrade Arquiteta, Especialista Denise Regina Frees Gatto Arquiteta, Especialista

RESUMO Tendo em vista o aumento da quantidade de casos de câncer em todo o mundo, surge a necessidade de se disponibilizar novos serviços de diagnóstico e tratamento nos estabelecimentos assistenciais de saúde especializados em oncologia. Na região do Noroeste Mineiro, a entidade filantrópica Associação Noroeste Mineiro de Estudos e Combate ao Câncer se propôs a instalar um estabelecimento voltado ao diagnóstico e tratamento do câncer, cuja edificação está sendo executada no município de Unaí. Este artigo relaciona a metodologia de programação físico-funcional da RDC 50/2002 ao processo de planejamento de unidades voltadas ao diagnóstico e terapia de câncer, por meio de uma revisão de aspectos da norma, com enfoque em sua parte II – programação físico-funcional dos estabelecimentos assistenciais de saúde. Para tanto, apresenta, de maneira breve, o exemplo do projeto arquitetônico do Centro de Diagnóstico e Terapia do Câncer do Noroeste Mineiro. O projeto foi desenvolvido de maneira voluntária e é voltado a um equipamento de saúde destinado a atender a população de dezessete municípios. Com este trabalho, pretende-se contribuir na produção de conhecimento sobre projetos arquitetônicos de estabelecimentos especializados em oncologia, uma vez que há uma crescente demanda por estes serviços. Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Oncologia, Centro de diagnóstico do câncer. 64

Thalita Lellice Morais Campelo Arquiteta, Especialista

ABSTRACT

PLANNING OF DIAGNOSTICS AND THERAPY UNITS OF MALIGNANT NEOPLASMS: the experience of the Center for Cancer Prevention and Therapy of Northwest of Minas Gerais Given the increasing number of cancer cases worldwide, as well as the prediction by the World Health Organization (WHO) of the increase in cases of the disease in the next two decades, comes the need to provide diagnosis and treatment by specialized health care facilities. In the northwestern region of the state of Minas Gerais, the charity ANMECC (Association of the Northwestern of Minas Gerais for the Study and Fight against Cancer) proposed to install a hospital for the diagnosis and treatment of cancer, which construction is being performed at Unai. This paper relates the methodology of physical and functional programming of RDC 50/2002 to the process of planning units devoted to the diagnosis and therapy of cancer, through a review of some aspects of the regulation, focusing on its Part II - Physical and Functional Programming of health care facilities. Moreover, presents, briefly, the architectural project of the Center for Cancer Diagnosis and Therapy of the Northwest of Minas Gerais as a way to exemplify the application of the methodology. The project was developed on a voluntary basis and is intended to serve populations of a total of seventeen cities. This work aims to contribute to the production of knowledge about physical projects of establishments specialized in


oncology, since there is a growing demand for related services. Keywords: Hospital architecture, Oncology, Center for Cancer Diagnosis.

1 INTRODUÇÃO

O incremento da ocorrência de neoplasias malignas é uma realidade em todo o mundo. O número de casos de câncer vem aumentando nos últimos anos e a previsão da Organização Mundial da Saúde é que haja um acréscimo de 50% nas ocorrências, nas próximas duas décadas. Dentre as causas para tal fenômeno, pode-se apontar os hábitos e costumes sociais e culturais que induzem a estilos de vida não saudáveis. A obesidade, o tabagismo e o sedentarismo são apontados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) como fatores de risco para a doença. Além disso, o aumento da expectativa de vida faz crescer o número de pessoas que compõem a faixa etária de risco para desenvolvimento da doença. Essa situação tem estimulado a construção de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) especializados no tratamento da doença em diversas regiões do país, a exemplo do Hospital de Câncer de Barretos, no estado de São Paulo, dos Hospitais do Câncer I e II, vinculados ao INCA, no estado do Rio de Janeiro, e dos hospitais vinculados à Liga Contra o Câncer, no estado do Rio Grande do Norte. A dificuldade de acesso ao tratamento na região do Noroeste Mineiro estimulou a Associação Noroeste Mineiro de Estudos e Combate ao Câncer (ANMECC), sediada em Unaí, Minas Gerais, a idealizar a construção, na própria região, de um EAS especializado em oncologia. O apoio de lideranças políticas e da comunidade em geral, que se mobilizou para obter recursos por meio de campanhas e doações, tem possibilitado a concretização do plano de construção do EAS. O projeto arquitetônico foi idealizado, assim como todas as demais ações da associação, sem qualquer fim lucrativo e de maneira voluntária, em todas as etapas de desenvolvimento. O presente trabalho visa a relacionar a metodologia de programação físico-funcional da RDC 50/2002 (BRASIL, 2004) ao processo de planejamento físico de unidades voltadas ao diagnóstico e terapia de câncer, por meio de uma revisão de aspectos da norma, com enfoque em

sua parte II, programação físico-funcional dos estabelecimentos assistenciais de saúde, item 2, organização físico-funcional e item 3, dimensionamento, quantificação e instalações prediais dos ambientes. Por fim será apresentado, de maneira breve, o caso do projeto arquitetônico do Centro de Diagnóstico e Terapia do Câncer do Noroeste Mineiro, exemplificando a aplicação da metodologia no resultado do projeto.

2 PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE DIAGNÓSTICO E TERAPIA DAS NEOPLASIAS MALIGNAS

A principal referência no planejamento de qualquer edificação que se destine a um EAS é a Resolução da Diretoria Colegiada nº 50, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), datada de 21 de fevereiro de 2002 (BRASIL, 2004). De acordo com a norma, o programa de necessidades é o ponto de partida para o desenvolvimento do projeto de EAS. Esse programa físico-funcional define as características dos ambientes necessários ao desenvolvimento das atividades previstas na edificação. Após consolidado o programa é que se deve partir para as etapas seguintes de estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo. A metodologia de programação físico-funcional proposta pela RDC 50/2002 exclui a ideia de programas e projetos pré-estabelecidos, orientando a elaboração de um programa vinculado a cada realidade loco-regional. O rol de atribuições e a vasta listagem de atividades disponível no regulamento admitem diversas composições, que resultam em várias tipologias (modelos funcionais) de EAS. É a composição de atribuições proposta que definirá a tipologia própria a ser implantada. A listagem contém as atribuições e atividades, com a qual se pode montar o estabelecimento desejado, ou seja, reunindo-se determinado grupo de atribuições-fim, associadas às atribuições de apoio necessárias ao pleno desenvolvimento das primeiras, define-se um estabelecimento específico. Para tanto se deve selecionar as atribuições que participarão do programa de atividades do estabelecimento, de acordo com as necessidades da instituição, do município, da região e 65


do estado, baseadas na proposta assistencial a ser adotada. Desta forma a decisão do tipo de estabelecimento a ser implantado será dos gestores, dos técnicos e da comunidade envolvida [...]. (BRASIL, 2004, p.22). De acordo com o INCA (2014), a base para o diagnóstico clínico do câncer é constituída pela anamnese e pelo exame físico. A partir desses métodos, pode-se encaminhar o paciente em investigação para exames complementares, que também são indicados para detecção de recidivas, controle da terapêutica e rastreamento de grupos de risco. O Instituto aponta os exames laboratoriais, de registros gráficos, endoscópicos e radiológicos, inclusive ultra-sonográficos e de medicina nuclear, como meios para se obter avaliação anatômica e funcional do paciente, avaliação do tumor e suas complicações. Passada a etapa de diagnóstico, e sendo confirmada a presença do tumor maligno, o paciente é encaminhado para a fase de tratamento. O INCA (2014) aponta como métodos de tratamento: a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia e o transplante de medula óssea. Esses métodos podem ser indicados de maneira isolada ou combinados entre si, a depender do tipo de tumor. Tomando como base os métodos anteriormente citados, definidos pelo INCA como aqueles mais importantes no diagnóstico do câncer, identifica-se que o programa de necessidades de um EAS com tal finalidade deve considerar a disponibilização dos ambientes correspondentes às seguintes unidades funcionais: • Unidade Funcional de Atendimento Ambulatorial (para etapa de anamnese e exames físicos); • Unidade Funcional de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, com os serviços: o Patologia Clínica (Laboratório de Análises Clínicas, onde se realizem os exames laboratoriais); o Imagenologia (exames complementares de endoscopia, radiologia e ultrassonografia, dentre outros); o Medicina Nuclear (para os métodos de diagnóstico correspondentes). Com relação aos ambientes destinados aos processos de tratamento, todos a serem relacionados encontram-se na Unidade Funcional de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, devendo corresponder às atividades dos setores: Centro Cirúrgico, Radioterapia e Quimioterapia. 66

O fato de todas essas unidades destinarem-se a atividades voltadas ao diagnóstico e tratamento de câncer não significa que qualquer estabelecimento com essa finalidade, obrigatoriamente, deva dispor de todas elas, uma vez que, a depender do perfil assistencial de cada EAS, pode-se optar por disponibilizar apenas algumas destas atividades. Deve-se considerar, ainda, que, ao optar por determinado método de diagnóstico e tratamento, é imprescindível verificar a necessidade de se disponibilizar outras atividades complementares e atribuições relacionadas, como internação de pacientes, apoio técnico, logístico e de infraestrutura, a exemplo de Centro de Material e Esterilização, Unidade de Nutrição e Dietética, Farmácia, Unidade de Processamento de Roupas, assim como Unidade de Apoio Administrativo e Unidade de Ensino e Pesquisa. A depender do programa definido pelo estabelecimento, os processos de diagnóstico e terapia podem ser realizados integralmente no próprio estabelecimento, como se pode firmar parcerias, convênios e terceirizações, de modo que se disponha dos serviços e atividades em estabelecimentos distintos, que integrem a rede de saúde da região. Definidas as unidades que constarão no programa do estabelecimento, as tabelas de ambientes disponíveis na norma são decisivas para a determinação dos espaços necessários em cada unidade funcional, bem como sua quantificação, dimensões e instalações prediais imprescindíveis, com base em cada atividade que se realizará no estabelecimento. A disposição das unidades e ambientes deverá refletir as relações de fluxos e acessos que se deve manter entre eles. A relação funcional necessária pode ser consultada por meio do sistema SOMASUS, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014). Em geral, os requisitos físicos a serem contemplados no planejamento de tais unidades dentro do EAS devem ser obedecidos conforme preconiza a RDC 50/2002, não somente sob o aspecto de programação físico-funcional, mas com relação às instalações prediais, materiais de acabamento etc. Além dessa norma, também devem ser consultadas e obedecidas outras normas específicas, tais como: portaria 453/1998 (BRASIL, 1998), que trata de uso e proteção radiológica em radiodiagnóstico; RDC nº 220/2004 (BRASIL, 2004), que regulamenta o funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica; RDC nº


06/2013 (BRASIL, 2013), sobre serviços de endoscopia; assim como NBR 9050 (ABNT, 2004), que define critérios de acessibilidade e NBR 7256 (ABNT, 2005), sobre tratamento de ar em EAS.

3 O CENTRO DE DIAGNÓSTICO E TERAPIA DO CÂNCER DO NOROESTE MINEIRO

O terreno disponível para intervenção foi doado à ANMECC pela Prefeitura Municipal de Unaí, com área total de 17.000m2. Seu acesso é permitido pela rodovia Brasília-Unaí, no bairro Riviera Parque, próximo ao aeroporto da cidade, o que o torna acessível às populações dos demais 16 municípios que o estabelecimento se propõe a atender. A pretensão inicial de se construir um estabelecimento completo, em que se dispusesse de todos as unidades necessárias aos processos de diagnóstico e terapia, em todas as modalidades, esbarrou, de imediato, na limitação de recursos financeiros. Por esse motivo, ao longo do processo de planejamento, o programa foi sendo sintetizado de modo a se chegar a uma proposta de edificação que fosse possível dispor, inicialmente, das seguintes atribuições, conforme listagem da RDC 50/2002: • Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia; • Prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia, com atividades de patologia clínica, imagenologia, procedimentos endoscópicos e quimioterapia; • Prestação de serviços de apoio técnico, por meio de assistência farmacêutica e diluição de quimioterápicos,

Formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa; • Prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa; • Prestação de serviços de apoio logístico, tais como: manutenção, conforto e higiene, limpeza, zeladoria e infraestrutura predial. A partir da definição dessas atribuições, a distribuição dos ambientes, suas quantificações e dimensões foram determinadas de acordo com as tabelas da RDC 50/2002. A configuração e as dimensões do terreno direcionaram à adoção de um partido pavilhonar, concebendo-se uma edificação formada, inicialmente, por três blocos interligados entre si, com reserva de área para futuras ampliações. A primeira etapa do Hospital do Câncer do Noroeste Mineiro totalizou uma área de 7.532m², com previsão de ampliações futuras de aproximadamente 18.000m², onde será possível disponibilizar unidades como: Internação, inclusive intensiva, Centro Cirúrgico, Radioterapia, Nutrição e Dietética e Processamento de Roupas. Os blocos foram distribuídos da seguinte maneira: • Bloco 01 – No térreo: Unidade de Recepção e Consultórios. No pavimento superior: Administração e Unidade de Ensino e Pesquisa. • Bloco 02 – Unidade de Imagenologia. • Bloco 03 – No térreo e pavimento superior: Unidade de Quimioterapia. No subsolo: Manutenção, Conforto e Higiene. Na figura 1 é possível visualizar a implantação dos três primeiros blocos a serem construídos e as projeções das ampliações futuras.

Figura 1: Implantação da edificação e indicação de acessos. Fonte: os autores

67


No bloco 01, que contém o acesso principal e a recepção geral do EAS, buscou-se localizar os consultórios, de modo que sejam facilmente acessados pelos pacientes externos, como pode ser observado na figura 2. Por outro lado, a disposição proposta não permite que os

usuários tenham acesso às demais dependências do estabelecimento sem autorização. Esta unidade é próxima do diagnóstico e da terapia, que poderão ser acessados a partir do bloco 01 por meio de circulações horizontais ou verticais (escadas e elevadores).

Figura 2: Planta baixa da unidade de Atendimento Ambulatorial. Fonte: os autores.

Para a unidade de Imagenologia foi proposto um fluxo que proporcionasse a seguinte sequência: recepção, espera, realização do exame, análise da imagem, liberação do paciente. Embora o acesso de pacientes a essa unidade seja através do bloco 01, foram disponibilizadas salas de recepção e espera independentes. Os laudos de 68

resultados podem ser entregues imediatamente após o exame ou em data posterior. Em uma área restrita desse

bloco, os pacientes dispõem de vestiários para os casos

em que seja necessária a troca de roupas. A planta dessa unidade é mostrada na figura 3.


Figura 3: Planta baixa da Unidade de Imagenologia. Fonte: os autores.

A unidade de Quimioterapia receberรก o paciente jรก diagnosticado e encaminhado ao tratamento. O acesso

exclusivo evita o cruzamento de pacientes em terapia com os ambulatoriais (ver figura 4).

Figura 4: Unidade de Quimioterapia. Destaque para o acesso independente das demais unidades. Fonte: os autores.

69


A assistência deste estabelecimento de saúde será em regime ambulatorial e de hospital-dia. Estima-se que na unidade Ambulatorial serão atendidos, em média, 640 pacientes por dia. Na unidade de Imagenologia serão realizados 196 exames diários e na unidade da Quimioterapia serão atendidos, em média, 180 pacientes por dia. O centro de diagnóstico e terapia atenderá, aproximadamente, 1016 pessoas por dia. Procurou-se conceber uma edificação com aberturas posicionadas para melhor entrada de iluminação e ventilação, permitindo a integração entre os blocos, com espaços onde os usuários pudessem sentar e contemplar jardins e obra de arte. A especificação de materiais de acabamento observou a classificação dos ambientes em áreas críticas, semi-críticas e não críticas, a fim de atender aos requisitos de limpeza e sanitização de superfícies. Buscou-se adequar os espaços às atividades definidas após elaboração do programa de necessidades. Priorizou-se a compatibilização da proposta às normas vigentes, o conforto ambiental e a humanização, possibilitando a incorporação de novas tecnologias aliadas a uma arquitetura funcional, que atenda às condições necessárias ao adequado uso de um estabelecimento assistencial de saúde.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caso de projeto apresentado foi analisado e aprovado pelas autoridades locais competentes, exemplificando a aplicação das orientações normativas e funcionais, uma vez que o projeto passou por todas as etapas necessárias à autorização de sua execução. Acredita-se que o presente trabalho contribui como uma orientação à prática projetual desse tipo de estabelecimento, cujos serviços apresentam crescente demanda para os próximos anos e, portanto, devem integrar de maneira significativa a rede de saúde em diversas regiões do país.

REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7256: 2005. Tratamento de ar em unidades médico assistenciais. Rio de Janeiro, 2005. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-

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NICAS. NBR 9050: 2004. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. SomaSUS: Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos. Disponível em: <www. saude.gov.br/somasus>. Acesso em: jan. 2014. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. 2. Ed. Brasília, 2004.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 220/2004. Disponível em: http://portal.anvisa. gov.br/wps/wcm/connect/a5d8d680474597419facdf3fbc4c6735/RDC+N%C2%BA+220-2004.pdf ?MOD=AJPERES. Acesso em: jan. 2014.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 06/2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov. br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0006_10_03_2013. html> . Acesso em: jan. 2014. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria MS/SVS nº 453, de 1998. Disponível em: <http://www.conter.gov.br/uploads/legislativo/portaria_453.pdf>. Acesso em: 09 mai. 2011. INCA – INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. O que é o câncer. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/ conteudo_view.asp?id=322>. Acesso em: 19 mar. 2014.


ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE CONFORTO AMBIENTAL: estudo de caso da unidade de pronto atendimento de Samambaia no Distrito Federal Renata Rosa Bernardes Lima Arquiteta

Eliomar Araújo de Lima Engenheiro Eletricista, Doutorando Darja Kos Braga Arquiteta, Mestre

RESUMO O presente trabalho procura avaliar as condições de conforto ambiental em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) implantada no Distrito Federal. Para investigar as características higrotérmica, acústica, luminosa e visual do espaço foi escolhida a UPA de Samambaia como objeto de estudo. A investigação foi feita a partir de uma concepção qualitativa, de caráter exploratório, utilizando-se de pesquisa bibliográfica, normas, resoluções vigentes para a implantação de estabelecimentos assistenciais de saúde, observações visuais e fotográficas, além da aplicação de entrevistas. Após a análise dos dados obtidos, confrontando-os com os requisitos preconizados na literatura que trata do conforto ambiental, verificou-se que a referida UPA não apresenta condições adequadas e satisfatórias em termos de infraestrutura ambiental. Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Unidade de pronto atendimento, Conforto ambiental.

ABSTRACT

ENVIRONMENTAL COMFORT PARAMETERS ANALYSIS: a case study in federal district Samambaia’s emergency care unit This study evaluates the conditions of environmental comfort in the Emergency Care Unit (UPA) located in the Federal District, in the light of a theoretical framework based heavily on the contributions of recent years.

To investigate the hygrothermal, sound, light and visual space characteristics, we chose the UPA Samambaia, as the object of study. The investigation was taken from the qualitative design, exploratory, using bibliographic research, standards and resolutions in force for the implementation of health care facilities and visual and photographic observations and interview. After data analysis, comparing them with the requirements recommended by the literature on environmental comfort, it was found that the UPA does not have adequate and satisfactory condition in terms of infrastructure. Keywords: Hospital Architecture, Emergency care unit, Environmental Comfort.

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) tem o propósito de organizar o sistema de saúde no Brasil, desempenhando importante papel para o atendimento assistencial de saúde à população, especialmente a mais carente. De acordo com a portaria nº 1.601, de 2011, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), as UPA são estruturadas de forma a cumprir o papel de atendimento secundário de média complexidade, tendo como base uma série de serviços médicos prestados pela rede organizada do Sistema Único de Saúde (SUS). Este trabalho foi desenvolvido a partir das análises da UPA implantada na Região Administrativa de Samambaia, no Distrito Federal, consubstanciada pelo levanta71


mento da literatura especializada. Consiste de um estudo investigativo sobre as condições de conforto ambiental, permitindo identificar situações e problemas que impactam no nível de planejamento arquitetônico. Para tanto, consultaram-se normas, resoluções e portarias vigentes para a implantação de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), além de um breve histórico da implantação de serviços assistências à saúde no Brasil e a criação da portaria GM/MS 2.048, de 2002 (BRASIL, 2002), que implanta as Unidades de Pronto Atendimento em todo território nacional. Além do aspecto do atendimento, uma unidade hospitalar deve contar com uma organização arquitetônica que atenda todos os parâmetros de conforto acústico, lumínico, higrotérmico e visual para a boa qualidade de serviços prestados, tanto para seus funcionários como para os pacientes (GÓES, 2011). Problemas arquitetônicos, como ventilação e luminosidade, devem ser cuidadosamente estudados na implantação de um EAS, podendo influenciar a recuperação de pacientes (GÓES, 2004). Com o crescimento da população do Distrito Federal e cidades do entorno, a infraestrutura dos EAS locais não suportam a demanda. Não obstante a existência de hospitais regionais e de referência, como o Hospital de Base, localizado no Plano Piloto, a demanda de serviços assistenciais de saúde, muitas das vezes de baixa complexidade, gera superlotações no atendimento. A implantação das UPA pretende complementar a atuação dos hospitais, resolvendo problemas de baixa e média complexidade, que não precisam ser levados para hospitais de referência. As unidades hospitalares, independentemente do porte e das condições infraestruturais, devem observar condições arquitetônicas como a adequada ventilação, iluminação e isolamento acústico para evitar quebras de procedimento que levem à ocorrência de patologias respiratórias, infectocontagiosas e psicológicas, podendo expor funcionários e pacientes. Nesse sentido, é de suma importância que as UPAs observem os requisitos de conforto ambiental preconizadas na literatura. O objetivo principal do presente estudo foi avaliar as condições de conforto ambiental em uma Unidade de Pronto Atendimento. As etapas efetuadas para empreender esse objetivo, consistiram em: 72

• • •

Efetuar levantamento bibliográfico; Identificar as principais referências técnicas que regulam o setor; Promover levantamento de dados na UPA selecionada por meio de observações visuais, fotográficas e questionários; Conduzir análise de dados, confrontando os achados da pesquisa empírica com a base conceitual e Desenvolver as conclusões sobre o estudo, considerando as questões chaves que nortearam o trabalho.

2 UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO NO CONTEXTO DO SUS

O SUS é o resultado não apenas da evolução do modelo de saúde no país, como também de uma nova formulação das políticas assistenciais em saúde. O SUS foi criado pela constituição de 1988 e regulado posteriormente pela Lei nº 8.080 e Lei nº 8.142, de 1990 (BRASIL, 1990a; 1990b). Suas principais diretrizes apontadas no artigo 198 são: • atendimento integral, com prioridade para ações preventivas sem prejuízos às ações assistenciais; • participação da comunidade e • descentralização, com direção única em cada esfera do governo. Diante desse novo modelo, são propostas estratégias de implantação do SUS nos Estados e municípios do país. O sistema foi organizado de acordo com o nível de complexidade dos serviços prestados aos pacientes, sendo eles de: • Nível Primário: Procedimentos simplificados e de baixa complexidade, praticados em ambulatórios. Neste nível estão as Unidades Básicas de Saúde (UBS). • Nível Secundário: Procedimentos de maior complexidade, praticados em hospitais, ambulatórios de especialidades e Unidades de Pronto Atendimento. • Nível Terciário: Constituído por hospitais de referência, com procedimentos de média e grande complexidade, servindo de apoio para os demais níveis.


Nesse contexto, as UPA são posicionadas no nível de complexidade secundário, com atendimento a pacientes agudos ou crônicos sem risco imediato de vida. Sua localização deve ser privilegiada em relação à malha viária e circulação de transportes coletivos. Para o crescente melhoramento do SUS, foi lançado o programa HumanizaSUS, instituído em 2001 (BRASIL, 2001), cuja principal proposta é disponibilizar ferramentas e dispositivos para consolidar redes, vínculos e a corresponsabilização entre usuários, gestores e trabalhadores. Ao direcionar estratégicas e métodos de articulação de ações, saberes e sujeitos, pode-se efetivamente potencializar a garantia de atenção integral, resolutiva e humanizada. O Programa HumanizaSUS não envolve apenas questões relacionadas a assistência, engloba também aspectos que dizem respeito às estruturas físicas do edifício, concebidas a partir de projetos de arquitetura (MEDEIROS, 2004).

3 CONFORTO AMBIENTAL NO EAS

O conforto ambiental, segundo Schmid (apud GEMELLI, 2009, p.26), é entendido como uma sensação de aconchego, proteção e bem-estar. Essa sensação vai além de simples medições de variáveis climáticas da edificação, abrange a harmonia do ambiente construído. Para Corbella e Yannas (2003), uma pessoa está confortável em um ambiente quando se sente em neutralidade com relação a ele. No caso dos EAS, o conforto ambiental é um forte aliado na arquitetura, contribuindo para o bem-estar de pacientes e funcionários. O conforto ambiental está vinculado diretamente à dimensão bioclimática, em que os principais parâmetros de investigação são o conforto higrotérmico, acústico, lumínico e a qualidade do ar (KOHLSDORF, 2004). Os estudos sobre conforto ambiental vêm impactando na área da arquitetura, especialmente quando se trata da assistência hospitalar. Nos últimos anos, o tema ganhou maior destaque devido às políticas de atenção à saúde promovida pelo Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde de Estados. A política de humanização do atendimento, implantada pelo Ministério da Saúde, prescreve a promoção de uma “ambiência acolhedora e confortável”, englobando aspectos que dizem respeito à estrutura

física dos edifícios e vinculados ao conforto ambiental. Segundo a RDC/ANVISA n° 50, de 2002 (BRASIL, 2004), as condições ambientais de conforto devem considerar os seguintes aspectos: Os sistemas de controle ambiental nos EAS abrangem duas dimensões: a endógena, que considera o edifício em sua finalidade de criar condições desejáveis de salubridade através do distanciamento das pessoas das variáveis ambientais externas, e a exógena, que observa os impactos causados pelas construções no meio ambiente externo, alterando, de forma positiva ou negativa, suas condições climáticas naturais. (BRASIL, 2004, p.105)

3.1 Conforto Higrotérmico A sensação de conforto higrotérmico varia de acordo com a região. Seus principais determinantes são as condicionantes de temperatura, umidade relativa, velocidade e qualidade do ar. Segundo a RDC n°50/2002: Os diversos ambientes funcionais dos EAS solicitam sistemas de Condições de Conforto higrotérmico e de qualidade do ar diferentes em função dos grupos populacionais que os frequentam, das atividades que nelas se desenvolvem e das características de seus equipamentos. (BRASIL, 2004, p.106) A baixa qualidade do ar dos EAS é problema frequente, que pode afetar diretamente a saúde dos trabalhadores e, sobretudo, dos pacientes, que podem apresentar baixa imunidade. No Brasil, uma das regulamentações que tratam sobre o assunto é a Resolução RE n°9, de 2003, da ANVISA (BRASIL, 2003), que estabelece padrões 73


referenciais de qualidade do ar interior para ambientes internos de uso público e coletivo, e a norma NBR-7256 (ABNT, 2005) que discorre sobre o tratamento de ar em unidades Médico-Assistenciais. Segundo Corbella e Yannas (2003), o conforto higrotérmico está ligado diretamente aos princípios bioclimáticos, e as principais estratégias para o seu estabelecimento são: • controlar o acúmulo de calor; • procurar dissipar a energia térmica do ambiente e • retirar toda umidade em excesso, promovendo o movimento e troca do ar.

3.2 Conforto Acústico O Conselho Internacional de Ruído tem recomendado que o nível de ruídos não ultrapasse 45dB(A) durante o dia, 40dB(A) durante a noite e 20dB(A) durante a madrugada. Tem-se observado que o nível de ruído na maioria dos hospitais está entre 50 e 70dB(A) e, em algumas situações, acima dessa faixa. Em estabelecimentos de saúde, os pacientes normalmente encontram-se com sensibilidade acústica e sistema de alerta mais apurado. A compreensão, pelo projetista de arquitetura, da percepção humana do som é de suma importância na definição do programa do edifício. A transmissão do som em um ambiente é necessária, podendo trazer efeitos negativos ou positivos dependendo da sua utilização, como, por exemplo, o barulho de uma cascata em um jardim interno ou a trepidação de macas ou carrinhos em um corredor do EAS. Segundo Goés (2011), as condições de conforto acústico pressupõem estudos relativos a: • localização e orientação do edifício em relação às fontes externas de ruído (tráfego, indústrias, oficinas etc); • dimensão e posição das aberturas; • isolamento das paredes e características acústicas dos materiais e • redução das fontes internas de produção de ruídos. Segundo a RDC n° 50/2002, o controle acústico deve ser observado em todos os EAS e seguirem a norma da ABNT, NBR 10152 (ABNT, 1992a), que trata de níveis de 74

ruídos para o conforto acústico, e a NBR 12179, (ABNT,1992b), que indica parâmetros para o tratamento acústico em recintos fechados. Tais normas tratam também da importância do controle de níveis de ruídos em EAS.

3.3 Conforto Lumínico A iluminação natural deve estar presente no ambiente do EAS para diminuir o estresse do paciente, da equipe e dos acompanhantes e possibilitar a orientação sensorial. Já a iluminação artificial deve propiciar à equipe de trabalho condições adequadas aos procedimentos a serem realizados (OLIVEIRA; RIBAS, 1995). Ela deve ser vista sempre como uma complementação e nunca como uma substituição da iluminação natural.

3.4 Conforto Visual De acordo com Góes (2011), a imagem da instituição de saúde pressupõe um projeto de comunicação visual que contemple a logomarca, que a identifica, a padronização da sinalização externa e interna, identificação de veículos, impressos, uniformes do staff, entre outros. Um importante elemento de contribuição para o conforto visual dos EAS são as cores. Além de funcionarem como elemento de melhoria para a condição visual, a cor possui influência no comportamento do ocupante do espaço, incluindo funções terapêuticas. A sua utilização é um item essencial na composição arquitetônica, tanto interna como externamente, trazendo efeitos positivos ou negativos de acordo com a sua escolha (COSTI, 2002). A sua implantação deve estar relacionada com o tempo de permanência no ambiente e com a situação de saúde do usuário.

4 METODOLOGIA

A concepção de pesquisa empregada é de caráter exploratório e descritivo, operacionalizada na forma de um estudo de caso simples. Os métodos utilizados para coleta de dados basearam-se em levantamentos secundários, incluindo publicações da área da arquitetura hospitalar, artigos e trabalhos acadêmicos, bem como o acesso a fontes primárias, como entrevistas com os usuários da unidade em análise, além de levantamento fotográfico. Os pesquisadores conduziram atividades de preparação, validação e aplicação do instrumento de coleta de


dados baseado em entrevistas semi-estruturadas. Os sujeitos da pesquisa foram definidos de maneira aleatória, procurando obter impressões e percepções de pacientes, usuários, servidores, gestores e prestadores de serviço.

5 ESTUDO DE CASO

5.1 Unidade de Pronto Atendimento de Samambaia A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) escolhida para o estudo de caso foi a de Samambaia, localizada na QS 107, Conjunto 04, Área Especial 05, Região Administrativa de Samambaia, no Distrito Federal. Na figura 1 é apresentada uma fachada da unidade.

Figura 1: Fachada Lateral da UPA de Saramandaia Fonte: os autores

A UPA de Samambaia foi inaugurada no dia 15 de fevereiro de 2011, com área construída de 1,3 mil metros quadrados. Está inserida no modelo de porte III, beneficiando uma população de até 300.000 habitantes. A classificação das UPAs pelo Ministério da Saúde está disposta na Portaria 1.601, de 2011 (BRASIL, 2011). Para o projeto de implantação da UPA de Samambaia e das demais do Distrito Federal, incluindo a UPA do Núcleo Bandeirante, Recanto das Emas e São Sebastião, o Governo do Distrito Federal baseou-se em um projeto padrão. Segundo Karman (2001), projetos padrão são desaconselhados, pois para cada caso existem condições diversas de definição dos espaços: clientela, perfil epidemiológico, topografia, condições climáticas e outros fatores específicos. O sistema construtivo adotado pela UPA de Samambaia é compatível com o sistema modular denominado steel framing, produzido industrialmente. Os perfis me-

tálicos são fabricados em chapa galvanizada com vedações em painéis revestidos internamente em isopor. O edifício é apoiado em uma plataforma construída com perfis em chapas dobradas, sendo todo o piso flutuante, construído em chapas de compensado revestidas com manta vinílica. A seguir serão analisados e avaliados os parâmetros que influenciam o conforto ambiental da unidade, conforme variáveis adotadas neste estudo.

5.2 Conforto Higrotérmico O clima no Distrito Federal é caracterizado como tropical de altitude, com estações do ano bem definidas, sendo o verão úmido e chuvoso e o inverno seco e frio. A edificação possui um desempenho insatisfatório nos parâmetros de conforto higrotérmico. Como pode ser observado na figura 2, os ventos predominantes se deslocam no sentido leste-oeste. A falta de aberturas na fachada onde há predominância dos ventos dificulta a entrada e troca de ar na edificação, pois esta foi implantada com aberturas principais no sentido sudeste-noroeste. A unidade está localizada em um terreno com topografia de declividade baixa, implantada em uma região onde não há presença de vegetação e áreas aquíferas, que possam melhorar o nível de umidade da edificação em épocas secas. Observa-se que sua entrada principal está localizada no sudoeste, recebendo ventos secos e quentes. O vento seco do sul permeia a edificação, trazendo poeira e poluentes, prejudicando a qualidade do ar.

Figura 2: Situação relativa a ventos e sol na UPA de Saramandaia Fonte: os autores, com base em imagem do GoogleEarth

75


Em relação à ventilação, observou-se que ambientes como consultórios, sala de observação e recepção não possuem circulação de ar devido à falta de aberturas de janelas. A ausência de aberturas pode ser prejudicial à saúde, uma vez que o ar não pode circular livremente, ficando viciado e podendo proporcionar a contaminação por aerossóis. Os únicos ambientes que possuem pequenas aberturas na unidade são os banheiros e os vestiários. O sistema de condicionamento de ar na unidade é constituído por condicionadores de ar individuais, do tipo janela. Segundos funcionários do estabelecimento, os sistemas de ar condicionado e de iluminação artificial funcionam vinte quatro horas por dia. Segundo a RE n°09/2003 (BRASIL, 2003), a avaliação da qualidade do ar é obrigatória para edificações cujo sistema de climatização tenha capacidade igual ou superior a 5,0 TR, condição que não está sendo respeitada na unidade.

5.3 Conforto Acústico A procura por tratamento médico, a internação e o trabalho por parte dos profissionais de saúde, são fatores que geram estímulos desagradáveis, como o excesso de ruído ocasionado por fatores externos (como equipamentos e vozes), por elementos de reverberação (em piso, parede e teto), e por elementos receptores (pessoas que ocupam o espaço). Observou-se que um dos agravantes encontrados é a forma de implantação e o material usado no piso. Devido à trepidação das macas, cadeiras de rodas e o intenso fluxo de pessoas, o piso da unidade, por ser flutuante e utilizar material inadequado, apresenta ruído e sensação de afundamento. De acordo com Goés (2011), o ideal ao se projetar um EAS é a utilização de materiais isolantes acústicos, levando-se em consideração os aspectos de manutenção, do controle das infecções hospitalares e da movimentação de equipamentos. Pisos em mantas acústicas e anti -impactantes, forros de gesso acartonado isolado, paredes construídas com materiais de alta absorção acústica são indicados. 5.4 Conforto Lumínico Grande parte da iluminação da unidade é feita artifi76

cialmente, com lâmpadas que ficam acesas durante todo o dia. A falta de iluminação natural em alguns ambientes faz com que os que pacientes e profissionais de saúde e demais funcionários percam a noção do tempo, criando desconforto (ver figura 3).

Figura 3: Sala de recuperação Fonte: os autores

5.5 Conforto Visual O conforto visual na unidade é insatisfatório, sendo a cor predominante o branco. A cor branca provoca excesso de claridade, principalmente ocasionado pelo reflexo da iluminação artificial, fazendo com que o ambiente gere cansaço visual para pacientes e funcionários (ver figura 4).

Figura 4: Corredor de circulação Fonte: os autores


6 OPINIÃO DOS USUÁRIOS Com a finalidade de obter a impressão e percepção dos usuários da UPA de Samambaia, aplicou-se um instrumento de coleta de dados por meio de entrevistas individuais. O roteiro das entrevistas foi estruturado com questões objetivas relacionadas aos parâmetros de conforto ambiental, por meio de uma escala que varia de ótimo, bom, regular e ruim. As atividades de campo aconteceram no mês de abril de 2014, totalizando vinte entrevistados. Destes, onze são servidores, um é gestor e os demais são pacientes. De um modo geral, e corroborando com as observações diretas realizadas quanto aos parâmetros de conforto ambiental, as impressões dos entrevistados comprovam a insatisfação a respeito da avaliação de conforto ambiental da unidade. Relatos dos servidores dão conta que alguns ambientes possuem a renovação de ar prejudicada pela falta de manutenção dos aparelhos condicionadores de ar. As salas denominadas de Amarela e Vermelha, que correspondem a ambientes de observação, sofrem com a falta de ventilação e iluminação natural. Os servidores relatam que, em alguns momentos do dia, há exalação de odor proveniente do ar viciado, prejudicando a permanência das pessoas nos ambientes. No quesito conforto acústico, foi enfatizada a falta de privacidade que os fechamentos das paredes proporcionam. Segundo pacientes e servidores, ao caminhar pelas dependências da unidade a sensação de afundamento é notada. Além desses relatos, os servidores lembraram que evitam usar sapatos de salto alto, devido a grande trepidação do piso.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A moderna arquitetura hospitalar possui diversas alternativas, em termos de conforto ambiental, para tornar o ambiente agradável e confortável. O conforto ambiental é um forte aliado na implementação do bem-estar. Ao mesmo tempo em que colabora com o processo terapêutico, contribui para a qualidade dos serviços de saúde prestados pelos profissionais. Durante o desenvolvimento da pesquisa, constatouse que a UPA de Samambaia não atende aos requisitos mínimos de condições de conforto ambiental preconiza-

das na literatura, normas e resoluções vigentes, implicando em ambientes desconfortáveis e sujeitos ao desgaste de todos os usuários. Como sugestão para estudos futuros, os pesquisadores acreditam que uma investigação abrangente, cobrindo outros Estados e Regiões do Brasil, podem demonstrar o quanto as UPA estão preparadas para contemplar os parâmetros de conforto ambiental.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 50/2002. Dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de saúde. Brasília, 2002.

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<http://200.214.130.90:9443/somasus_producao>. Acesso em: jan/2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei 8080/1990a. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/legislacao/arquivo/04_lei_8080.pdf>. Acesso em: jan/2014.

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GEMELLI, C. B. Avaliação de Conforto Térmico, Acústico e Lumínico de Edificação Escolar com Estratégias Sustentáveis e Bioclimáticas: o caso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Frei Pacífico. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre, 2009.

GOÉS, Ronald. Manual Prático de arquitetura Hospitalar. São Paulo: Blucher, 2ª edição, 2011. GOÉS, Ronald. Manual Prático de arquitetura Hospitalar. São Paulo: Blucher, 1ª edição, 2004.

KARMAN, Jarbas. Manutenção Hospitalar Prediativa. São Paulo: PINI, 2001

KOHLSDORF, Maria Elaine. A dimensão Bioclimática (Apostila de aulas). Brasília, 2004. MEDEIROS, Luciana de. Humanização Hospitalar, ambiente físico e relações assistenciais: a percepção de arquitetos especialistas. Dissertação (Mestrado) Psicologia, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004.

OLIVEIRA, T. A.; RIBAS, O. T. Sistemas de Controle das Condições Ambientais de Conforto. Brasília: ANVISA, 1995.

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AMBIENTE HOSPITALAR E CONSUMO DE ENERGIA Antonio Pedro Alves de Carvalho Arquiteto, Doutor Patrícia Marins Farias Arquiteta, Mestre

RESUMO O hospital é uma edificação complexa, com utilização intensa e diversificada do espaço, requerendo o funcionamento durante as vinte e quatro horas do dia, em todos os dias do ano, consumindo grande quantidade de insumos de diversos tipos, destacando-se a energia elétrica. O presente estudo indica os principais procedimentos para a racionalização e a economia da demanda energética de estabelecimentos hospitalares, ilustrados com base em pesquisa exploratória nas instituições da cidade de Salvador, Bahia, demonstrando o estado atual das medidas adotadas com este objetivo na região. Além de pesquisa bibliográfica, foram efetuadas visitas a hospitais escolhidos, observando-se seu porte e a variedade administrativa e gerencial, constatando-se as formas de economia de energia utilizadas, traçando-se um quadro de grande interesse sobre os perfis de adoção destas medidas na região estudada. Trata-se de uma importante contribuição para o controle de custos de manutenção das ações de saúde, apontando técnicas para o posicionamento desse tipo de edificação de alto consumo energético dentro de padrões mais econômicos. A realidade das instituições pesquisadas na cidade de Salvador demonstrou a necessidade de consideração, por parte da administração hospitalar, da importância que a economia de energia possui para a manutenção e sustentabilidade das edificações de saúde. Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Sustentabilidade, Consumo energético.

ABSTRACT HOSPITAL ENVIRONMENT AND ENERGY CONSUMPTION A hospital is a complex structure, with a high and

diverse demand for space, requiring twenty-four-hour operation, every day of the year, consuming large quan-

tities of various kinds of consumables, especially energy

consumption. This study presents the main procedures

for the optimization and reduction of energy demand in hospitals, using institutions in Salvador, BA, Brasil, as examples, showing the current status of measures adop-

ted for this purpose in the region. In addition to a lite-

rature search, hospital visits were conducted, observing their size and administrative and managerial differences,

taking note of energy saving measures, with main inte-

rest about the types of measures adopted in the region studied. This study presents an important contribution to the control of maintenance costs of health services fa-

cilities, citing techniques to allow this type of high energy

consumption facility to become more cost-effective. The state of the institutions studied in the city of Salvador demonstrated a need for attention, on the part of hospital

administrations, to the importance of energy consumption, reduction on the maintenance and sustainability of health care facilities.

Keywords: Hospital architecture, Sustainability,

Energy consumption.

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1 INTRODUÇÃO Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), notadamente os de grande porte, como os hospitais, abrigam atividades que provocam sensível impacto ambiental em seu entorno, sendo alvo de cuidados especiais relacionadas a essa questão. A análise cuidadosa desses impactos é necessária para minimizar os efeitos negativos no meio ambiente e, consequentemente, na saúde pública. O consumo de água elevado se deve, primordialmente, à necesidade de higienização constante de todos os ambientes. A obrigatória lavagem das mãos, como norma para a prevenção de infecções, implica na colocação de muitos lavatórios, com consequente dispêndio de água. Serviços como cozinha, lavanderia e a geração de vapor para os mais diversos fins, completam um quadro de consideração econômica e ambiental obrigatória (BICALHO, 2010). Os edifícios de saúde possuem, ainda, a característica de sofrerem reformas e ampliações frequentes. As obras civis acontecem não somente pela necessidade de adaptação aos novos procedimentos de saúde e mudanças administrativas mas, principalmente, para o acompanhamento da evolução tecnológica. Tratase de uma questão de sobrevivência dessas instituições. Outra característica de forte impacto ambiental dos estabelecimentos de saúde é o notável consumo de combustíveis e energia. Os combustíveis, como óleo e gás, são utilizados em geradores, caldeiras, equipamentos de cozinha, oficinas, entre outros setores, provocando a geração de gases de efeito estufa e poluição. Em relação ao consumo de energia elétrica, os estabelecimentos de saúde possuem uma grande dependência, tanto que são obrigados a disporem de geradores e no breaks à disposição para suprir a demanda de circuitos críticos em caso de falhas. Aconselha-se, ainda, o fornecimento elétrico por duas linhas independentes da concessionária para a minimização desses riscos (LAMHA NETO, 1995). Diversas unidades devem estar inteiramente livres da possibilidade da falta de energia por cuidarem de pacientes em estado crítico, com a vida a depender de equipamentos médicos, como em unidades de terapia intensiva (UTI), centros cirúrgicos e emergências. Alguns setores necessitam manter sob refrigeração, sem possibilidade de interrupção, vacinas, 80

medicamentos, sangue, resíduos, corpos em necrotérios e diversos produtos em laboratórios. Muitos ambientes de saúde são totalmente dependentes da climatização artificial, como em centro cirúrgico, UTI e isolamentos. Existem equipamentos, como a ressonância magnética, o acelerador linear e a hemodinâmica, que provocariam grande prejuízo em caso de falta da conservação da temperatura ideal ambiente. Além disso, hospitais de grande porte demandam um consumo de energia relevante para aquecimento de água, controle de temperatura e umidade do ar, iluminação, ventilação e diversos processos clínicos. O uso racional da energia, portanto, em edificações para saúde, não deve ser considerado como uma opção ou apenas por necessidade de contribuição à sustentabilidade do planeta, mas uma obrigação administrativa. Esta racionalização do consumo passa por medidas como sua diminuição e a busca de alternativas de geração. Ações simples, como o controle de termostatos em ambientes climatizados, podem gerar uma economia significativa de energia. A diminuição do consumo pode ser conseguida pela adoção de medidas como uso de lâmpadas econômicas e sensores de presença ou pela existência de sistemas automáticos de gerenciamento de temperatura e iluminação de cada ambiente pela quantidade de pessoas e atividades desenvolvidas. Segundo Shepers e Decome (2013), mais da metade da economia de energia de um hospital pode ser atribuída ao impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), através da utilização de equipamento de detecção de presença, por exemplo. Além disso, todos os equipamentos devem passar por calibração e manutenção constante, relacionada ao consumo energético. Insufladores de ar condicionado com filtros sujos, bombas trabalhando com frequência indevida, refrigeradores ou congeladores com controle de temperatura não otimizado, ambientes com o ar muito resfriado, são verdadeiros sugadores de energia, que custam demasiado caro para os edifícios de saúde (CARRAMENHA, 2010). As soluções arquitetônicas têm importância decisiva na diminuição do consumo energético. Esse cuidado se inicia nos estudos de implantação do edifício. Uma correta orientação dos cômodos leva à economia por toda vida útil da edificação, além do maior conforto dos usuá-


rios. Outra providência essencial é o isolamento térmico das fachadas e tetos. Este objetivo pode ser atingido pelo uso criterioso dos mais diversos tipos de materiais e técnicas. Existem elementos construtivos, como vedações, revestimentos ou coberturas, que assumem a qualidade isolante térmica, proporcionando mais fácil climatização interna dos ambientes. O emprego de brises, fachadas ventiladas, vidros especiais e vegetação podem complementar, de forma esteticamente agradável e eficiente, os projetos arquitetônicos, proporcionando o bom aproveitamento de iluminação e ventilação natural, mesmo em unidades de saúde que dependem em grande escala do condicionamento do ar. Algumas técnicas, como o teto verde, o tubo solar, o uso de fibras óticas, a iluminação zenital, os túneis de ventilação forçada (tão bem empregados nos hospitais da rede Sarah), o direcionamento interno dos ventos, podem ser criteriosamente aproveitadas, constituindo-se em poderosos aliados na diminuição do consumo de energia (VILAS-BOAS, 2011). Todos os projetos de engenharia devem considerar a intenção de economia energética. No caso das instalações hidrossanitárias, por exemplo, é comum a previsão de aproveitamento da água de chuva e, mesmo, as servidas, para funções que não necessitam de potabilidade, como em descargas de vasos sanitários, lavagem de pisos, rega de jardins e outros. Nesse caso, o correto posicionamento dos reservatórios pode implicar em sensível economia no uso de bombas. A adoção do sistema de aspersão de água em jardins por gotejamento também representa grande economia de utilização do insumo (KARMAN, 2011). A escolha do correto sistema de condicionamento de ar deve ser alvo de análise cuidadosa, pois este é o maior consumidor isolado de energia em hospitais. Não se pode apontar um determinado sistema como ideal para todos os casos, pois as variedades de condições climáticas, de manutenção, fornecimento dos equipamentos e de tipos de uso, podem apontar soluções particulares. Deve-se atentar, no entanto, para as especificidades dos ambientes a serem climatizados no EAS, que podem exigir grande número de trocas, filtragem absoluta, estabelecimento de diferentes pressões de insuflamento de ar, obrigando a adoção de equipamentos caros e sofisticados (BRASIL, 2004).

As diversas alternativas de cogeração de energia elétrica têm experimentado importante evolução tecnológica. Segundo Shepers e Decome (2013), o potencial de economia ​​por meio de investimentos que têm um tempo de retorno de menos de sete anos pode chegar a até 40%, dependendo da condição do hospital, onde o ar condicionado e a iluminação são os principais contribuintes. Hoje existem sistemas relativamente baratos de geração por energia eólica, fotovoltaica, hidroelétrica compacta e geradores a gás. Segundo Guenther e Karliner (2011), a utilização do gás natural como matriz energética traz ganhos diretos (redução de custos) e indiretos (continuidade operacional, melhor aproveitamento energético e aumento de mais uma fonte de energia). Entre as finalidades da utilização do gás natural estão: climatização/cogeração, aquecimento de água e preparo de alimentos. Existem, ainda, outras vantagens interessantes na utilização do gás natural como combustível: permite a geração de dois tipos de energia (elétrica e térmica) e não necessita de estoque, pois seu fornecimento é contínuo. Outras tecnologias, como a célula de hidrogênio, termoacumulação e estocagem por baterias vêm experimentando rápido avanço. Nesse campo, tudo se resume em se efetivar cuidadosos cálculos de custos e benefícios. Existem, no Brasil, depois de diversas crises energéticas, hospitais que dispõem de turbinas geradoras que abastecem todo o edifício no horário de maior consumo das cidades, fugindo das tarifas mais caras. A instalação que se processa atualmente, pelas concessionárias de eletricidade, do chamado contador inteligente (smart grid) irá facilitar inclusive a venda de energia elétrica por parte do consumidor. Nesse caso, os hospitais serão um tipo de edificação dos mais beneficiados, por necessitar de grande segurança de fornecimento, o que implica em reserva de geração não utilizada que pode ser comercializada. As fontes alternativas de energia, como a solar, eólica e biocombustíveis, podem ser utilizadas para aquecimento de água, iluminação, geração de calor e bombeamento. Estas fontes renováveis e limpas possibilitam melhorar a acessibilidade ao serviço básico de saúde, quando acontecer da localização do EAS não disponibilizar de fornecimento de eletricidade em quantidade e qualidade suficiente. 81


O presente estudo se adéqua ao atual momento de consciência ambiental, fornecendo um relato de casos concretos sobre as ações relacionadas à economia de energia que têm sido realizadas em unidades hospitalares da cidade de Salvador, Bahia. O caráter abrangente do uso da energia elétrica leva a interessantes ganhos de escala no consumo energético total da edificação. Uma vez assimilada a cultura da economia energética, toda instituição será beneficiada, bem como a área urbana onde está localizada.

2 METODOLOGIA

O objetivo principal da presente pesquisa foi o levantamento das ações de economia de energia em unidades hospitalares e a análise do atual estágio de aplicação des-

tas medidas na cidade de Salvador, Bahia. Como Salvador possui 34 hospitais gerais, foi efetivada seleção que permitisse dar uma imagem o mais próxima da situação relativa ao tema na região. Para tanto, foram realizadas visitas exploratórias a quatro hospitais de grande porte da cidade, considerando ser este o perfil que mais se beneficiaria por estas medidas. Como há predominância da matriz hospitalar com gerência estatal, escolheram-se os dois maiores hospitais gerais públicos da cidade, sendo um de responsabilidade federal e outro estadual. Em relação aos hospitais filantrópicos e privados, foram escolhidos um de cada tipo de gerência dentre os maiores e mais modernos. Na figura 1 pode-se observar a distribuição total dos hospitais gerais de Salvador, por número de leitos, sem identificação para que se preserve o sigilo da pesquisa.

Figura 1: Distribuição dos hospitais por leitos, Salvador, Bahia, 2013 Fonte: os autores a partir de dados do DATASUS (BRASIL, 2013)

O trabalho se desenvolveu a partir da realização de visitas, com observação estruturada e aplicação de questionário com profissionais responsáveis pela área de manutenção. O profissional entrevistado em cada unidade foi o engenheiro de manutenção ou engenheiro clínico. Foi realizado levantamento fotográfico das ações desenvolvidas para possibilitar a economia de energia no edifício. O questionário aplicado com o profissional indicado pelo hospital, abordava questões gerais do edifício (bloco 1) e questões ambientais específicas (bloco 2). No bloco 01 foram abordadas questões sobre o perfil e características físicas da unidade, como número de pavimentos e área construída. No bloco 2 foram tratadas questões relativas ao consumo de energia e sobre as ações já implementadas ou planejadas para a diminuição 82

ou racionalização deste consumo. Em relação ao consumo, observaram-se com maior atenção os itens relativos aos sistemas de ar condicionado e iluminação, acrescentando-se, quando necessário, questões relacionadas a outros equipamentos.

3 RESULTADOS

3.1 Hospital Público 1 (HP01) Perfil – O HP01 tem cinco blocos, uma média de quatro pavimentos e 28.000m² de área construída. Possui 192 leitos e de 4000 a 5000 ocupantes/dia. Consumo – O equipamento ou sistema listado como principal consumidor de energia é a central de ar. Todos os novos aparelhos de ar são etiquetados pelo selo A da PROCEL.


Ar condicionado – O sistema indicado como principal consumidor de energia foi a central de ar condicionado, que não atende todo o complexo. Este serviço é complementado por aparelhos de janela e tipo split. A equipe do hospital não tem controle sobre a compra destes equipamentos, que são adquiridos de forma centralizada pelo estado. Foram observadas situações onde são utilizados dois sistemas simultaneamente no mesmo ambiente, como central de ar e aparelho de janela. Esta prática possivelmente se deve ao subdimensionamento da central, que não atende ao conforto térmico adequado para o ambiente em todas as estações do ano. Iluminação – Existe instalação de comandos independentes para o acionamento de luminárias de um mesmo ambiente (luminárias próximas às janelas e luminárias próximas do acesso). Isto possibilita um aproveitamento melhor da luz natural e economia de energia. O tipo de lâmpadas utilizadas no edifício é fluorescente. Outros equipamentos – Este EAS não possui sistema de caldeira para aquecimento de água. Os equipamentos utilizados para para este fim são chuveiros e aquecedores elétricos. Ações de economia de energia – A ação identificada, neste hospital, para a economia de energia foi a substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes. Para aperfeiçoar a utilização do ar condicionado foram colocadas películas protetoras nos vidros das janelas que recebem incidência solar direta.

3.2 Hospital Público 2 (HP02) Perfil – O HP02 possui sete pavimentos, 32.000m² de área construída e 28.000m² de área climatizada. Possui 544 leitos e acima de 5000 ocupantes por dia. Consumo – Os equipamentos ou sistemas listados como maiores consumidores de energia são os fogões, caldeiras, estufas, central de bomba de vácuo e sistema de ar condicionado. Ar condicionado – Não existe padronização do sistema de ar condicionado. Diversos sistemas funcionam paralelamente, como aparelhos de janela, splits, self-container (somente na ressonância por exigências específicas deste ambiente) e ar condicionado central. Existem situações de ambientes onde são utilizados dois sistemas simultaneamente, como central de ar e split. Esta situa-

ção pode ser atribuída ao subdimensionamento do sistema central e à questão de segurança, considerando a necessidade de refrigeração sem interrupção. Iluminação – Os tipos de lâmpadas utilizadas no edifício são fluorescentes. Existe instalação de comandos independentes para o acionamento de luminárias de um mesmo ambiente, possibilitando melhor aproveitamento da luz natural e economia de energia. Outros equipamentos – Este hospital possui sistema de caldeira a óleo diesel para aquecimento de água e o programa de manutenção é periódico – semanal, mensal e anual. Ações de economia de energia – Substituição do combustível atual das caldeiras (óleo diesel) por gás natural. Substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes. Para otimizar a utilização do ar condicionado foram colocadas películas nos vidros das janelas que recebem incidência solar direta. O hospital promoveu, também, a retirada de algumas lâmpadas próximas aos vãos de iluminação dos ambientes. Esta ação gerou uma redução de consumo de energia de iluminação de quase 20%, segundo relato.

3.3 Hospital Filantrópico (HF) O hospital filantrópico visitado se destaca na cidade por ser pioneiro na utilização de equipamentos médicos de tecnologia avançada. Possui uma área construída de 44.600m² e dez pavimentos em seu bloco principal. A área climatizada estimada é de 40.000m². Com 229 leitos, o número de ocupantes estimado por dia está entre 4000 e 5000. Consumo – O principal sistema ou equipamento consumidor de energia é a central de ar condicionado. Ar condicionado – Os equipamentos de ar condicionado não são padronizados, sendo utilizados sistema central e aparelhos de janela e splits. Iluminação – Não existe padronização na utilização de lâmpadas no edifício. Foram instalados sensores de presença em alguns ambientes, mas as luminárias não possuem comandos independentes para acionamento da iluminação em todos eles. Outros equipamentos – Existe programa de manutenção periódica das caldeiras que ocorre anualmente. 83


Há preocupação quanto ao uso racional da água e estação de tratamento de efluentes. Ações de economia de energia – Este hospital possui ações formais de planejamento e gestão voltadas para a economia de energia. Foi disponibilizada planilha de controle que apresenta a evolução de consumo de energia de 1995 a 2009. A partir da planilha, é possível destacar o ano de 2006 como um marco na redução do consumo de energia no edifício. Após a implantação de um novo sistema de condicionamento do ar por água gelada, o consumo de energia elétrica passou de 1.088.001,00 kW para 772.429,00 kW. De acordo com a tabela, no ano de

2012 houve uma média de consumo de 811.466,17kW

por mês. No mês de janeiro de 2013 houve um acréscimo de 130kW por hora em relação ao mês de dezembro de 2012. A causa deste aumento está sendo analisada, mas

possivelmente está associado ao consumo energético da obra de um novo bloco.

Foi contratada empresa de consultoria para sugerir

soluções de eficiência do consumo de energia. Em relação à utilização de equipamentos para redução de con-

sumo, foram implantados painéis solares para pré-aquecimento de água (ver figura 2).

Figura 2: Painéis solares instalados na cobertura do Hospital Filantrópico para pré-aquecimento de água Fonte: os autores

O hospital é acreditado pelo IQG (Instituto Qualisa de Gestão), que é uma empresa de certificação e implementação de programas de gestão de qualidade do segmento saúde. Esta certificação é implantada por meio da metodologia da ONA (Organização Nacional de Acreditação) e o hospital foi avaliado em nível 3 (Acreditação com Excelência). Esta metodologia de gestão de qualidade identifica os fatores críticos, a fim de contribuir para a melhoria da eficiência e eficácia da organização e, portanto, racionaliza a prática de procedimentos que estão 84

associados ao consumo de energia elétrica.

3.4 Hospital Privado (HP) Perfil – Este hospital possui uma área construída estimada de 17.520m² e uma capacidade de climatização de 970TR. Com 147 leitos, o número de ocupantes estimado é de até 2000 por dia. Consumo – O hospital compra energia diretamente da geradora e só utiliza a linha de transmissão da concessionária distribuidora local. Em relação aos principais


consumidores de energia, o sistema de ar condicionado é o de maior importância, representando 70% do consumo do hospital. Outros sistemas e equipamentos de consumo elevado relatados foram: aquecimento de água, principalmente da cozinha, e equipamentos de radiologia, como tomógrafo e raio x. Ar condicionado – Praticamente todos os ambientes do hospital são refrigerados por sistema de condicionamento de ar central. Apenas instalações de obras, de manutenção e recursos humanos são refrigerados por aparelhos de ar condicionado tipo split. Iluminação – A maioria das lâmpadas utilizadas no edifício é do tipo fluorescente, entretanto, em algumas situações, a lâmpada incandescente é usada para favorecer maior conforto aos usuários. Os apartamentos, por exemplo, possuem lâmpadas incandescentes para possibilitar a regulação do fluxo luminoso. Existe a instalação de comandos para acionamento de luminárias de forma independente, possibilitando a otimização do seu uso. Outros equipamentos – O hospital não possui caldeira. Os equipamentos utilizados para o aquecimento de água são a gás e elétricos, que passam por manutenção uma vez por ano. Ações de economia de energia – A unidade está sob a implantação da ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental) e esta certificação assegura um uso racional de energia e de recursos, contribuindo com a redução de custos a longo prazo. O hospital realiza (por meio de ações da ISO 14001) treinamentos e palestras na utilização de equipamentos e práticas de comportamentos voltadas para a cultura da economia de energia. Existe estudo prévio comparativo na compra de equipamentos hospitalares energeticamente mais eficientes mas, em alguns momentos, a exigências e demandas de especificidades médicas são prioritárias. Algumas fachadas possuem elementos de regulação da incidência solar por brises, além de persianas embutidas em esquadrias. Há medidas para uso racional de água no edifício, como torneiras de fechamento automático. O hospital utiliza a água de poço (tratada) para jardinagem e torres de refrigeração.

4 DISCUSSÃO

No quadro 01, pode ser visto um resumo dos itens

anteriormente relatados, facilitando a comparação entre

as instituições visitadas. De forma geral, não se obser-

vou uma política atualizada e coerente de economia de energia em nenhum dos hospitais visitados. Algumas

medidas tímidas são tomadas – como a troca de lâmpadas – sem planejamento a médio e longo prazo. Nenhum

hospital demonstrou possuir preocupação com a adoção

de programas de certificação específicos da área, como o LEED, o PROCEL, o AQUA ou o SELO CASA AZUL. Não

houve relato de ações de melhorias das características construtivas dos edifícios para redução do consumo energético.

O Hospital Filantrópico se destaca como o único que

efetua avaliações e controle do consumo energético, realizando, inclusive, ação para reduzir o gasto através de

captação do calor solar (instalação de painéis solares para pré-aquecimento de água).

O sistema de ar condicionado é abordado por todas

as unidades de saúde visitadas como o maior consumidor

de energia, mas apenas o Hospital Filantrópico se dispôs a efetuar um investimento alto para diminuição do con-

sumo através da instalação de moderno sistema centra-

lizado. Os hospitais públicos não possuem padronização

na adoção de um tipo de sistema, tendo, inclusive, casos de operação dupla num mesmo ambiente, com visível

acréscimo do dispêndio energético. O Hospital Privado, por ser mais moderno (construído há 25 anos), já pos-

sui sistema centralizado, que foi planejado para suportar

as expansões executadas. A implantação da ISO 14.001 deve ser ressaltada como importante medida ambiental.

Quanto à iluminação, pode-se observar que os hospi-

tais Filantrópico e Privado apresentam o uso de lâmpadas incandescentes. O Hospital Filantrópico não implantou ainda (mas possui projeto para esta ação) a padroni-

zação de lâmpadas fluorescentes para toda a unidade e o Hospital Privado justifica a utilização das lâmpadas incandescentes para melhor controle e conforto dos clientes. Em relação aos comandos, no entanto, o Hospital Fi-

lantrópico é o único que não apresentou independência para acionamento de luminárias para alguns ambientes, apesar de também ser o único a possuir sistema de sensor de presença com apagamento automático.

85


8

Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Quadro 1 – Resumo das características físicas e de consumo de energia dos hospitais visitados Área Const. Total (m2) Hospital Público 01

Hospital Público 02

28.000

32.000

N.

Tipo de Consumo

Leitos

Ar Condicionado

Iluminação

Outros

de Energia

Misto: Central+Janela +Split

Fluorescentes

Sem aquecimento central de água

Colocação de películas em vidros.

Misto: Central+Janela +Split

Fluorescentes

Aquecimento central de água por caldeira a óleo diesel

Colocação de películas em vidros.

192

544

Ações de Economia

Comandos independentes para acionamento de luminárias.

Comandos independentes para acionamento de luminárias. Substituição de combustível das caldeiras por gás natural.

Hospital Filantrópic o

44.600

229

Misto: Central+Janela +Split

Fluorescentes+ incandescentes

Préaquecimento central de água por painéis solares

Implantação de sistema de ar condicionado central. Contratação de empresa consultora. Controle de consumo. Painéis solares para pré-aquecimento de água. Sensor de presença.

Hospital Privado

Central 17.520

147

Fluorescentes+ incandescentes

aquecimento central de água por boiler (duas fontes: elétrica e GLP)

Comandos independentes para acionamento de luminárias. Brises em fachadas. Venezianas embutidas em esquadrias. Implantação da ISO 14.001

Fonte: os autores

86

Quadro 1 – Resumo das características físicas e de consumo de energia dos hospitais visitados Fonte: os autores

5 CONCLUSÃO

_____________________________________________________ Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Florianópolis – 2014


5 CONCLUSÃO A pesquisa exploratória efetuada demonstrou a preocupação incipiente das maiores edificações hospitalares da cidade de Salvador com a racionalização e diminuição do consumo de energia – estando os hospitais públicos em situação menos favorável. As razões que podem ser apontadas vão da falta de recursos para investimento até o simples desconhecimento da importância do tema. Esta falta de conscientização provoca claro prejuízo relativamente à boa gestão dos recursos de saúde, que sempre afetam à sociedade como um todo. O ponto de partida para a adoção destas medidas será, necessariamente, a educação continuada de gestores e funcionários das instituições. Trabalhos de diagnóstico sobre o consumo de energia da unidade hospitalar, como o presente estudo, certamente contribuirão para este objetivo, além da implantação de programas de conscientização, educação ambiental e cultura organizacional voltados ao uso racional dos recursos naturais.

VILAS-BOAS, Doris. Sustentabilidade em estabelecimentos assistenciais de saúde: soluções de projeto arquitetônico. Ambiente Hospitalar. v. 5, n. 8, São Paulo: ABDEH, 2011. p. 9-17. SCHEPERS, Henk; DECOME, Regis. Cost effective energy savings in healthcare. IFHE Digest. Step Communications, Reino Unido, 2013. p. 21-3.

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BRASIL. DATASUS. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Disponível em: <http://cnes.datasus.gov.br/>. Acesso em: 01 mar. 2013. CARRAMENHA, Márcia M. L. Sustentabilidade em edifícios de saúde. In: CONGRESSO BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR, 4, 2010, Brasília. Anais... Brasília, 2010, p. 71-82.

GUENTHER, Robin; KARLINER, Joshua. Agenda Global de Hospitais Verdes e Saudáveis, 2011. Disponível em: <http://greenhospitals.net/wp-content/uploads/2012/03/GGHHA-Portugese.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2013.

KARMAN, Jarbas. Manutenção e Segurança Hospitalar Preditivas. São Paulo: IPH, 2011. LAMHA NETO, Salim. Instalações prediais ordinárias e especiais. Brasília: Ministério da Saúde, 1995.

87


A QUALIDADE DO AR INTERIOR EM AMBIENTES HOSPITALARES DO PONTO DE VISTA DO ACONDICIONAMENTO TÉRMICO NATURAL Sheila Freire Arquiteta, Doutoranda

Francisco A. Gonçalves Arquiteto, Doutor

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

Considerando as variáveis termoambientais determinadas pelas condições climáticas externas locais e as variáveis de projeto para controle do microclima, avaliouse a qualidade do ar interior, do ponto de vista biológico, do edifício hospitalar Complexo de Doenças Infectocontagiosas Dr. Clementino Fraga, localizado na cidade de João Pessoa. Para tanto, utilizou-se do método de amostragem de ar por impactação com acelerador linear e de séries de dados de temperatura e de umidade do ar, de velocidades e de direção dos ventos interna e externamente à edificação, coletadas in loco, cujos resultados apresentaram níveis inaceitáveis de contaminação. Palavras-chave: Qualidade do ar interior, Ventilação natural, Arquitetura hospitalar.

Um dos principais problemas encontrados para a melhoria da qualidade do ar no interior dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) se deve ao fato de que sua importância não é reconhecida pelas pessoas responsáveis por sua definição. Nos últimos anos, a qualidade do ar em EAS entrou na lista dos mitos da infecção hospitalar, onde a maior preocupação tem se dado em como resolver os problemas de instalações contaminantes, sem o mesmo rigor de normalização e controle dos processos construtivos. A World Health Organization (WHO, 1998), dispondo sobre a qualidade do ar em ambiente interior, relata que alguns fatores referentes à arquitetura das edificações, ao número de pessoas no ambiente e à recirculação do ar podem promover a disseminação de microrganismos. Do ponto de vista das soluções arquitetônicas, o tratamento das variáveis termoambientais, decorrentes das condições climáticas inerentes ao clima quente-úmido, permite alternativas de projeto que contemplem o acondicionamento natural do edifício, considerando os diferentes graus de exigências das atividades desenvolvidas nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Neste sentido, a ventilação natural é uma entre as técnicas que deve interagir na concepção do projeto arquitetônico, adaptando-o às características climáticas e microclimáticas do sítio onde está inserido, levando em consideração o potencial de ventilação. O desprezo a estudos que priorizam o uso de técnicas naturais de climatização para estabelecimentos assistenciais de saúde, tem reproduzido uma tipologia hospitalar não condizente com o clima quente-úmido, contribuindo para o aumento do recurso à climatização artificial que,

ABSTRACT

INDOOR AIR QUALITY IN A HOSPITAL ENVIRONMENT RELATED TO NATURAL THERMAL CONDITIONING The Being considered the variable termoambientais determined by the local external climatic conditions and the project variables for control of the interior microclima, the quality of the interior air wasevaluated, of the biological point of view regarding the building Complex hospitalar of Infect-contagious Diseases Dr. Clementino Fraga, located in the city of João Pessoa, capital of the state of Paraíba/Brasil. For so much it was used, of the method of sampling of air for impactação with lineal accelerator and of series of temperature data and of humidity of the air, of speeds and of direction of the internal winds and externamente to the construction, collected in loco, whose results presented unacceptable levels of contamination of the air. Keywords: Indoor air quality, Natural ventilation, Hospital architecture. 88


além de gerar fontes de calor para o meio urbano, contribui para o aumento do consumo de energia. Este trabalho investigou o papel da ventilação natural como agente veiculador de microrganismos, através de estudo do caso do Complexo de Doenças Infecto-contagiosas Dr. Clementino Fraga, situado na cidade de João Pessoa, considerando sua posição referencial no tratamento especializado no estado da Paraíba.

2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para avaliação da qualidade do ar interior foi composta por quatro etapas: • Investigação das condições termoambientais no edifício – para o que foram feitas medições das variáveis físicas do hospital, temperatura, umidade relativa do ar, velocidade, direção dos ventos e a verificação das condições de ventilação interna e externa, visando caracterizar as condições microclimáticas do sítio onde o edifício está inserido e a interferência das variáveis de conforto na qualidade do ar interior do edifício. Para isso foram instaladas três estações metereológicas. Essas estações possibilitaram observações simultâneas em três pontos distintos, sendo o ponto P1 na área externa ao edifício; o P2 na espera do ambulatório, no lado norte do edifício, e o P3 na circulação de acesso à internação, lado sul do edifício. As medições foram realizadas em dois períodos representativos do clima da região, inverno e verão, nos meses de julho/agosto e dezembro/janeiro, respectivamente. • Verificação da distribuição do fluxo do ar no interior do edifício – objetivando traçar uma provável rota de contaminação, a partir da suspensão de partículas no ar. Dessa forma foram feitas observações da diferença de coeficiente de pressão entre o interior e o exterior e da canalização das correntes de ar no interior do edifício. • Investigação da presença de material particulado em suspensão – a fim de qualificar e quantificar o número de partículas viáveis por m³ de ar. Para isso, foram feitas 5 amostragens,

realizadas nas áreas de espera e de circulação do hospital. A primeira (PA1), ponto externo ao edifício; a segunda (PA2) correspondente à recepção e espera do ambulatório; a terceira (PA3) na circulação de acesso à internação; a quarta (PA4) na espera do laboratório e a quinta (PA5) na espera do DORT. Para análise microbiológica do ar foi aplicado o método de coleta ativa com impactador linear de baixa vazão em meio de cultura específico ao estudo, utilizando-se o equipamento Thermo Andersen Microbial Sampler Operating Manual, Smyma, GA, USA. Nas análises físico-químicas do ar, o método utilizado foi o de leitura direta em triplicata através dos equipamentos: gasômetro marca Equimeter, modelo MR-5, NS 8767379 e do cronômetro digital Mondaine, CRON-004, com resolução de 1/100s. Para quantificar as partículas totais em suspensão foi realizada uma leitura em triplicata com contador de partículas AEROCET 531.

3 LOCALIZAÇÃO

O Complexo de Doenças Infecto-contagiosas Dr. Clementino Fraga localiza-se na cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. Esta cidade está situada nas coordenadas 7o 08’ S e 34o 53’ W. Em conseqüência da sua localização geográfica, a cidade se caracteriza por temperaturas médias anuais elevadas (27°C), sem estações térmicas, mas com estação úmida definida (80%) e com regime de ventos diário com velocidade média de 3,6m/s.

4 OBJETO

No hospital em estudo, dentre os ambientes que merecem especial atenção, destacam-se as áreas de atendimento da pneumologia e dermatologia sanitária, que cuidam dos programas de “Controle e acompanhamento de doenças transmissíveis” através do diagnóstico e tratamento ambulatorial de doenças, como a tuberculose, que necessita de especial controle da qualidade interna do ar. Nestes ambientes, não é permitido o uso de sistemas de condicionadores de ar e as condições especiais de controle da qualidade do ar ficam a cargo de uma efetiva ventilação cruzada de ar natural ou provocada por sistemas mecânicos de ventiladores e exaustores. Nesse 89


caso, o risco biológico de transmissão de algumas doenças deve ser avaliado em todo o estabelecimento e em todas as áreas em que os pacientes são atendidos ou circulem. Pelo caráter experimental investigativo da pesquisa, o presente trabalho limitou-se a analisar a qualidade do ar nos ambientes de espera da unidade de ambulatório e da circulação de acesso às unidades de internação, considerando-se as exigências de ventilação e de exaustão e as estratégias do projeto de arquitetura utilizadas na implantação do edifício.

5 O VENTO E A SUA DISTRIBUIÇÃO NA CIDADE DE JOÃO PESSOA

No caso da cidade de João Pessoa, sua proximidade ao Equador impede que o clima tenha variações significativas durante o ano, com regime de ventos diário predominantemente característico de zonas costeiras. Dessa forma, permanece durante todo o ano com ventos alísios de sudeste, nos meses menos quentes com maior frequência e velocidade. Nos meses mais quentes, sua frequência é alterada através dos ventos leste e nordeste, vindos das áreas equatoriais na corrente de deslocamento, em direção sul da Zona de Convergência Tropical Interna (SILVA, 1999). Segundo dados medidos na estação metereológica do aeroporto de João Pessoa (SILVA, 1999), a frequência das direções e das velocidades dos ventos se concentram no quadrante sudeste, rumos 150° e 180°, com velocidades variando no intervalo de 0 a 9 m/s e velocidade média de 3,6 m/s.

postos a vários agentes químicos e microbiológicos (Flatheim apud AQUINO NETO; GIODA, 2003). A qualidade do ar interno é hoje uma preocupação a ser considerada nos projetos e na manutenção dos edifícios hospitalares. O controle do ar ambiente e a prevenção da SED requerem medidas preditivas em todas as etapas do hospital, ou seja, no pré-planejamento, planejamento, construção e operacionalização (KARMAN, 1994). No que se refere à estrutura física, devido à necessidade quase constante por atualizar e expandir os serviços médicos, reformas e construção são ocorrências comuns em estabelecimentos de saúde, quando são lançadas partículas portadoras de esporos de fungos e bactérias. Os esporos ficam durante muito tempo em suspensão, sendo aerotransportados e podendo atingir longas distâncias (MILLS, 2003). A exposição a esporos se constitui em uma ameaça muito séria para os pacientes imunocomprometidos. O Center for Disease Control and Prevention (CDC, 1994) aponta frequentes pneumonias hospitalares, causadas por Aspergillus spp que foram isolados do ar não filtrado, na poeira em suspensão causada por reformas ou construção de edifícios, em superfícies horizontais e no sistema de ventilação, causando danos a pacientes imunodeprimidos. Casos de aspergilose têm sido relatados como produtos de infecção hospitalar. São evidenciados três principais elementos que contribuem para a doença: a presença de paciente imunodeprimido, a insuficiência dos equipamentos de tratamento de ar e a presença de construção ou reforma em áreas adjacentes (CORNETT et al, 1999).

6 QAI DO EDIFÍCIO HOSPITALAR

7 RESULTADOS

Hospitais e outros Estabelecimentos Assistenciais de Saúde são ambientes complexos que requerem ventilação adequada para conforto e controle de emissões que possam ser prejudiciais aos pacientes, funcionários e visitantes. A qualidade do ar nesse tipo de ambiente é mais crítica do que em outros ambientes fechados, devido a vários agentes microbiológicos e químicos presentes e do aumento da suscetibilidade dos pacientes (HEALTHY BUILDINGS, 2000). Sintomas da Síndrome do Edifício Doente (SED) têm sido diagnosticados em funcionários de hospitais e centros de saúde em função de estarem ex-

7.1 Avaliação das variáveis termoambientais Comparando os resultados obtidos das medições das variáveis termoambientais do hospital, temperatura e umidade relativa do ar, velocidade e direção dos ventos, externa e internamente, realizadas durante o período de inverno e verão, observa-se que a temperatura interna, no inverno, variou no máximo 3,5°C, em relação à externa, onde esta diferença se reduz para o intervalo de 0,3°C a 2,0°C nos dias de chuva. No verão, esse valor eleva-se para 3,6°C a 5,2°C. A amplitude da temperatura externa no inverno atinge 8,5° C, enquanto no interior do edifício

90


no ponto P2 registra 9,8° C e no ponto P3, 7,5°C. No verão, a amplitude térmica no exterior elevou-se para 10,8°C e,

no interior, 3,1°C no P2 e 2,9°C no P3. Estes resultados

Quanto ao comportamento das curvas de tempera-

turas internas, pode-se notar que são semelhantes nos

pontos P2, orientação sul, e P3, norte, nos períodos de

demonstram a falta de inércia térmica do edifício. inverno e de verão. Associação Associação Brasileira Brasileira para para o o Desenvolvimento Desenvolvimento do do Edifício Edifício Hospitalar Hospitalar

4 4

Figura 1: Medições de temperatura no verão. Figura 1: Medições de temperatura no verão. Figura 1: Medições de temperatura no verão. Fonte: os autores

Fonte: os autores Fonte: os autores

Figura 2: Velocidade dos ventosFigura no inverno. 2: Velocidade dos ventos no inverno. Figura 2: Velocidade dos ventos no inverno. Fonte: os autores Fonte: os autores

Fonte: os autores

Quanto Quanto àà velocidade velocidade dos dos ventos, ventos, pôde pôde constatar-se constatar-se que, que, embora embora aa sua sua velocidade velocidade seja seja considerável considerável91no no ambiente exterior ao edifício, no seu interior ela se mantém, no inverno, no P2 (ambulatório), entre 0,0 ambiente exterior ao edifício, no seu interior ela se mantém, no inverno, no P2 (ambulatório), entre 0,0 m/s m/s ee 0,6 0,6 m/s m/s ee no no P3, P3, entre entre 0,0 0,0 m/s m/s ee 0,9 0,9 m/s. m/s. No No verão, verão, permanece permanece nula nula no no P2, P2, e, e, no no P3, P3, entre entre 0,0 0,0 m/s m/s ee 2,6 2,6 m/s. m/s. Quanto Quanto àà direção direção dos dos ventos ventos no no período período de de inverno inverno observou-se observou-se que que aa maior maior incidência incidência dos dos ventos ventos ocorre ocorre dos dos rumos leste/sudeste, sul, e sul/sudoeste, seguida dos sul/sudoeste, com velocidade predominante entre os rumos leste/sudeste, sul, e sul/sudoeste, seguida dos sul/sudoeste, com velocidade predominante entre os intervalos intervalos de 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s. Constatou-se, ainda, com menor frequência, atingindo 1% e com velocidades entre 1 a 2,9


Quanto à velocidade dos ventos, pôde constatar-se que, embora a sua velocidade seja considerável no ambiente exterior ao edifício, no seu interior ela se mantém, no inverno, no P2 (ambulatório), entre 0,0 m/s e 0,6 m/s e no P3, entre 0,0 m/s e 0,9 m/s. No verão, permanece nula no P2, e, no P3, entre 0,0 m/s e 2,6 m/s. Quanto à direção dos ventos no período de inverno observou-se que a maior incidência dos ventos ocorre dos rumos leste/sudeste, sul, e sul/sudoeste, seguida dos sul/sudoeste, com velocidade predominante entre os intervalos de 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s. Constatou-se, ainda, com menor frequência, atingindo 1% e com velocidades entre 1 a 2,9 m/s, a presença dos ventos sudoeste. A calmaria, representada pelos ventos com velocidades que variam entre 0 a 0,9 m/s, ocorreu com maior frequência, atingindo um percentual de 40%. Para o período de verão, a maior incidência dos ventos dá-se dos rumos leste, leste/sudeste e sudeste, seguida dos quadrantes sul e sul/sudeste, com velocidade predominante entre os intervalos de 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s. Constatou-se ainda, com menor frequência, atingindo 2% e com velocidades entre 1 a 2,9 m/s e 3 a 4,9 m/s, a presença dos ventos sul/sudoeste, leste/nordeste e, com 1% e velocidade baixa, a presença dos ventos dos rumos oeste/sudoeste. Os ventos com maiores velocidades, entre 5 a 7,3 m/s e 7 a 9 m/s, foram registrados nos rumos sul e sudeste, com um percentual de 1%. A calmaria ocorreu com uma frequência de 20%. A baixa velocidade do vento no interior do edifício pode-se atribuir a sua arquitetura, embora o eixo longitudinal do edifício esteja orientado no sentido leste-oeste, o que favorece as trajetórias solares, além das aberturas estarem localizadas na direção dos ventos dominantes, sul e sudeste, a existência de árvores, localizadas próxima à fachada sul do edifício, redireciona o vento, reduzindo a sua penetração no edifício e, consequentemente, a sua velocidade no P2 (fachada sul). Outro fato que contribui para a redução da velocidade do ar no ponto P2 (sul) é a localização de todas as aberturas para a orientação sul, a uma altura de 5 metros, próximas a laje. As aberturas estão equivocadamente locadas, não promovendo a ventilação necessária. O vento escoa-se ao longo da circulação com baixa velocidade devido ao tipo de fechamento das aberturas (venezianas 92

fixas) e pela distância entre a entrada e a saída, somada à obstrução causada por móveis e pela concentração de pessoas. Quanto à umidade relativa do ar, comparando os percentuais medidos internamente no ponto 2 (ambulatório) e ponto 3 (internação), foi possível notar que existe pequena variação. No P2 mantêm-se elevados na maior parte do tempo – entre 58% e 98%, no inverno, e 51% e 73%, no verão. Estes percentuais não são adequados, principalmente em se tratando de ambiente hospitalar, conforme estudos que recomendam manter-se a umidade relativa do ar abaixo de 60% e não inferior a 30% (Holcatoca e Holcat apud HEALTHY BUILDINGS, 2000). Comparando-se as curvas relativas às medições internas e externas, percebe-se uma relação maior entre as umidades mais baixas, enquanto nas mais altas os intervalos entre os percentuais se alteram significativamente no inverno. Já no período de verão, existe claramente uma tendência à retenção de umidade pela edificação.

7.2 Microbiologia das amostras do ar Quanto à avaliação microbiológica do ar, as pesquisas de ocorrência de fungos demonstram uma concentração elevada de microrganismos patogênicos no ambiente interior. Quatro gêneros de fungos foram isolados do ar nos ambientes internos amostrados: Aspergillus spp, Penicillium spp, Mycelia sterilia spp e, no exterior, além dos citados, o do gênero Alternaria spp. Embora não haja um padrão de avaliação, para a concentração de fungos em serviços de saúde, estudos demonstram que a concentração de fungos no interior do ambiente não deve exceder a 15% da concentração encontrada no ambiente exterior (Morey, B.A.,1989 apud KULCSAR NETO; SIQUEIRA, 1998). A concentração de fungos Penicillium spp no interior do edifício está com valores abaixo, nos pontos PA3 e PA5, do encontrado no ambiente externo e, no PA4, na faixa recomendada pelos estudos, inferior a 15%. Quanto aos gêneros Aspergillus spp e Micellia sterilia spp, as concentrações no interior estão bastante elevadas. Quanto ao Aspergillus spp, no ponto PA3 o valor foi 1197,45%, maior do que a encontrada no ambiente exterior. No ponto PA4 foi de 399,15 % e no PA5 chegou a 698,30%. Já o Micellia sterilia spp foi detectada nos pontos PA4 e


PA5, com valores superiores ao do exterior, de 199,15% e 299,15%, respectivamente. Esses valores corroboram o que afirmam alguns pesquisadores, podendo-se considerar aí a existência de fatores que favorecem o resultado, como lugares úmidos e a presença de construção dentro da área do próprio lote do hospital no período da pesquisa. Quanto à avaliação da concentração de fungos no ar do hospital em estudo, adotou-se como parâmetro quantitativo o indicado para a classificação de risco de ocorrência de eventos adversos à saúde por exposição ao ar ambiental de nível 2. Embora a CP RE 109 10/12/2003, no Apêndice I (variáveis físicas, químicas e níveis de risco), não selecionem os ambientes amostrados como potencialmente responsáveis pela aquisição e/ou transmissão de eventos adversos de nível 2, considerou-se que nessas áreas existem fortes evidências de risco de ocorrência de eventos adversos relacionados à qualidade do ar. Reunem-se grande quantidade de pacientes portadores de diferentes doenças infecto-contagiosas e com baixa capacidade imunológica, aliado à presença de vários agentes microbiológicos no ambiente, detectada nas amostras microbiológicas da superfície do piso. Considerando as condições microclimáticas existentes no edifício em termos de temperatura e umidade relativa do ar, velocidades e direções do vento, percebe-se que são condições que propiciam o desenvolvimento dos microorganismos.

8 CONCLUSÕES

Embora, do ponto de vista das soluções arquitetônicas, os registros das variáveis termoambientais de inverno e verão para a cidade de João Pessoa permitam alternativas de projeto que contemplem o acondicionamento natural do edifício, observaram-se exemplos de arquitetura incompatíveis com a realidade climática local. Os altos níveis encontrados de contaminação do ar podem ser atribuídos, mais do que à temperatura e à umidade existentes nos locais medidos, à má ventilação, o que demonstra ser necessária a consideração das velocidades assumidas pelo ar interior. Este fator é de suma importância na disseminação de particulados aéreos e microorganismos aerotransportados, podendose atribuir a esse fato os altos níveis de Aspergillus ssp

encontrados nos pontos PA3 e PA5, advindos da obra de ampliação do hospital.

REFERÊNCIAS

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94


PARTÍCULAS AÉREAS EM SALAS CIRÚRGICAS: aspectos gerais Marcelo Luiz Pereira Engenheiro Mecânico, Doutor Rogério Vilain Engenheiro Mecânico, Mestre

Arlindo Tribess Engenheiro Mecânico, Doutor

RESUMO O precedimento cirúrgico mais cuidadoso pode ocasionar uma infecção subsequente. O processo de prevenção de infecções em pacientes submetidos a cirurgias é constituído por medidas complexas e de difícil aplicação, envolvendo diferentes fatores. O problema da contaminação por partículas aéreas na ferida cirúrgica continua, ainda hoje, levantando debates. O sucesso dos métodos assépticos e a utilização de medicamentos para o combate à infecção leva a maioria dos cirurgiões a desconsiderar o risco das partículas aéreas contaminadas atingirem a ferida cirúrgica. O objetivo do presente trabalho foi descrever os principais fatores que afetam a concentração das partículas aéreas no interior de uma sala cirúrgica. Foram descritas em detalhes as principais fontes internas (pessoas no interior da sala, procedimento cirúrgico e ressuspensão das partículas das superfícies) e as fontes externas (infiltrações de áreas adjacentes e o sistema de condicionamento de ar). Palavras-chave: Partículas aéreas, Infecção, Salas cirúrgicas.

ABSTRACT

AIRBORN PARTICLES IN A SURGERY ROOM: general aspects The most careful surgery can be invalidated by a subsequent infection. The process of infection prevention in patients undergoing surgery usually consists of complex

and difficult to apply measures involving different factors . The problem of contamination by airborne particles in surgical infection continues up today, raising many debates. The success of aseptic methods and the use of drugs to combat the infection, leads most surgeons to disregard the danger of airborn contaminated particles that can hit the wound. The objective of this paper is to describe the main factors that affect the concentration of airborne particles inside an operating room. It will be described, in details, the main internal sources of airborne contamination, i.e., people inside the room, the surgery procedure and resuspension of particles from surfaces and sources: infiltration of adjacent areas and air conditioning system. Keywords: Airborne particles, Infection, Operating room.

1 INTRODUÇÃO

As intervenções cirúrgicas complexas e demora­das, que se fazem hoje, exigem atividades intensas, uma grande equipe de pessoas e o uso de muitos tipos de equipamentos. Esta situação torna importante o controle eficaz das variáveis que interferem na saúde, conforto e bem -estar do paciente e da equipe cirúrgica. Assim, para o controle preciso das condições ambientais e a diluição e remoção de agentes nocivos a saúde, tais como partículas aéreas, alguns requisitos devem ser considerados, tais como: a restrição do movimento do ar internamente 95


e entre setores, necessidades específicas de ventilação e filtragem e a necessidade de controle de temperatura e umidade. As partículas no interior de uma sala cirúrgica têm basicamente três origens: • aquelas geradas no interior da sala de cirurgia; • as provindas de áreas adjacentes; • as introduzidas na sala cirúrgica pelo sistema de condicionamento de ar. Essas partículas, quando dispersas no ar, tendem a se depositar com variada velocidade sobre as superfícies por efeito da gravidade e/ou por atração eletrostática. As partículas menores podem permanecer em suspensão durante várias horas.

2 FONTES E TRAJETÓRIAS DE INFECÇÃO

Qualquer controle sobre o processo de infecção em uma ferida cirúrgica deve estar baseado na compreensão da forma como a infecção inicia. Em uma sala cirúrgica há vários fatores relacionados à infecção. Entre eles incluem-se: o tipo de procedimento cirúrgico; a susceptibilidade do paciente à infecção; a profilaxia antibiótica; a fragilidade da técnica ou do padrão de assepsia da equipe cirúrgica; descamações da pele; gotículas geradas; número de pessoas na sala cirúrgica e suas condições de saúde e higiene; auto-contaminação do paciente pela pele e fluidos; campos cirúrgicos, luvas, vestimentas, máscaras, respiradores ou sistemas de exaustão da equipe cirúrgica (se houver); atividade e nível de conforto na sala cirúrgica; localização e quantidade de calor produzido pelas luzes e equipamentos; luz ultravioleta (se houver); sistema de condicionamento de ar (projeto, operação e manutenção); instrumentos contaminados, entre outros.

3 FATORES QUE AFETAM A GERAÇÃO DE PARTÍCULAS

A concentração de partículas no interior de uma sala cirúrgica, pode variar amplamente. Os níveis de contaminação dependem das fontes geradoras de partículas e dos processos de remoção. As fontes geradoras de contaminação podem ser externas ou internas. 3.1 Fontes internas As fontes internas contribuem com a maior parcela 96

da contaminação gerada no interior de uma sala cirúrgica. As pessoas As pessoas representam uma fonte muito importante de geração de partículas e a taxa de geração depende do número de pessoas presentes na sala, do grau de atividade destas pessoas e da eficiência da vestimenta no controle destas partículas. A pele humana, por exemplo, libera cerca de um bilhão de microfragmentos diariamente. Somente com a descamação perdemos cerca de 10% de nosso peso anualmente, o que corresponde a mais ou menos 20g diárias de pele descamada (ASHRAE, 2013). A maioria das partículas geradas é proveniente da pele e fibras de algodão das roupas, estando na faixa de 5 a 10 μm de diâmetro (PEREIRA, 2008). Em uma sala de cirurgia a dispersão de fragmentos de pele ocorre a partir da pele desnuda e também pelos interstícios entre os fios dos tecidos, como o algodão. Mesmo trajando roupas esterilizadas, cada membro da equipe cirúrgica representa uma fonte potencial de contaminação, emitindo entre 1.500 e 50.000 partículas por minuto (ASHRAE, 2013). É comprovado que o traje comum estéril utilizado pela equipe cirúrgica pouco faz para evitar a passagem de fragmentos de pele. De fato, o tecido de algodão usado normalmente nos hospitais possui tamanho de poros entre 80 μm e 100 μm, enquanto as células da superfície da pele se fragmentam em partículas de tamanho médio de 5 a 10 μm (PEREIRA, 2008).

O procedimento cirúrgico O tipo de procedimento cirúrgico também é um fator que contribui para a geração de partículas no interior da sala. Os limitados dados da literatura sobre a distribuição e tamanho de partículas em ambientes hospitalares indicam que alguns procedimentos resultam em geração de aerossóis em uma faixa de tamanho muito específico (MORAWSKA; JAMRISKA; FRANCIS, 1998). O conhecimento das fontes de geração de partículas durante as cirurgias é de fundamental importância, especialmente em cirurgias ortopédicas, devido à formação de fumaças e aerossóis produzidos pelo uso de ferramentas como serras ósseas, brocas e outras. Tais partículas podem estar contaminadas por potenciais agentes patogênicos e


serem espalhados por toda a sala de cirurgia, contaminando superfícies (PEREIRA et al, 2012).

A ressuspensão A ressuspensão é um importante fator na concentração de partículas no interior de uma sala cirúrgica. Pode ser definida como o destacamento de uma partícula de uma superfície e o seu transporte. Existem vários fatores que afetam na ressuspensão das partículas: a movimentação dos ocupantes, a formação de gradientes de temperatura, que podem provocar movimentos de convecção, e os fluxos turbulentos criados por correntes de ar. Quanto maior a partícula e maior a velocidade do ar, maior a probabilidade de ocorrer a sua ressuspensão (WILEY, 2001).

3.2 Fontes externas As partículas provenientes das fontes externas podem penetrar na sala através de infiltrações de áreas adjacentes e/ou pelo sistema de condicionamento de ar. A contaminação proveniente das áreas adjacentes pode ser combatida por meio da manutenção de gradiente de pressão positivo no interior da sala. A contaminação proveniente do sistema de condicionamento de ar, por sua vez, é função da eficiência do sistema de filtragem.

Sistema de condicionamento de ar Uma parcela da concentração de partículas existentes no interior de uma sala cirúrgica é proveniente do sistema de ar condicionado. O insuflamento dessas partículas pode ser controlado pelo sistema de filtragem, ou seja, em uma sala cirúrgica o sistema de filtragem possui um papel fundamental no sentido de eliminar as partículas provenientes do ar externo e do ar de recirculação. É importante destacar que os sistemas de ar condicionado podem albergar bactérias, vírus e fungos, que são capazes de sobreviver em ambientes secos por longos períodos (AFONSO et al., 2004). Quando o sistema de filtragem não retém os poluentes, eles tendem a se acumular em diversas partes do sistema de condicionamento de ar, como em aletas e bandejas de condensado. Assim, quando não ocorre a limpeza adequada desses componentes, pode haver a formação de lodo, que se constitui em um excelente meio de cultura de vírus, fungos e bactérias, os quais serão arrastados pelo ar e

introduzidos no ambiente condicionado. É preciso levar em conta, além do projeto, a manutenção do sistema, que inclui, entre outras coisas, a limpeza periódica dos componentes. Da mesma forma, a utilização incorreta do sistema de condicionamento de ar pode provocar o aumento da concentração de partículas no interior de uma sala cirúrgica. É de fundamental importância destacar que a utilização de equipamentos de condicionamento de ar inadequados em salas cirúrgicas, como splits ou ar condicionado de janela, ainda persiste no Brasil, constituindo-se em sério problema de controle da infecção hospitalar. Quando se usam estes equipamentos, os riscos de contaminação por partículas aéreas se amplificam. Eles não possuem renovação de ar e, além disso, o fluxo turbulento criado contribui para a dispersão das partículas de outros pontos da sala, podendo projetá-las sobre o campo cirúrgico, contaminando-o (PEREIRA, 2008).

Infiltrações de áreas adjacentes O conhecimento do fluxo de ar que passa através de uma abertura tem importante aplicação no controle do transporte poluente que pode penetrar no interior de uma sala contaminado por patógenos, especialmente quando a sala localiza-se nas proximidades de áreas contaminadas. O mecanismo de escoamento do ar é geralmente influenciado pela diferença de densidade, pelo diferencial de pressão produzido pelo sistema de condicionamento de ar e pelos efeitos cinemáticos, tais como o movimento de pessoas através da abertura ou o movimento da própria porta (FAVAROLO; MANZ, 2005; WOLOSZYN; RUSAOUËN, 2004). O diferencial de pressão pode, frequentemente, ser o mecanismo dominante no escoamento do ar através de aberturas, mas em muitas circunstâncias variações de temperatura têm uma grande influência nos padrões de movimentação do ar dentro do espaço e na natureza de troca. A diferença de temperatura entre o interior e as áreas adjacentes dentro de um edifício produz forças que dirigem o fluxo de ar (PEREIRA, 2008).

4 CONCLUSÕES

Nas infecções exógenas, microorganismos presentes 97


no ambiente hospitalar conseguem atingir o paciente. Um dos meios importantes de infecção exógena é por meio da contaminação da ferida por partículas. A concentração de partículas no interior de uma sala cirúrgica pode variar amplamente. Os níveis de contaminação dependem das fontes geradoras de partículas e dos processos de remoção. As fontes geradoras de contaminação podem ser externas ou internas. Com relação às fontes internas, as pessoas representam uma fonte importante de geração de partículas. Da mesma forma o sistema de condicionamento do ar é uma importante fonte de geração proveniente do meio externo. Embora o problema da contaminação por partículas aéreas na infecção cirúrgica permaneça levantando muitos debates, o seu controle é de fundamental importância para a manutenção da assepsia das salas de procedimentos invasivos, diminuindo os riscos.

REFERÊNCIAS

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GESTÃO DE RECURSOS FÍSICOS E TECNOLÓGICOS DA SAÚDE NO BRASIL José Mauro Carrilho Guimarães Arquiteto, Mestre

RESUMO A gestão dos Recursos Físicos e Tecnológicos da Saúde

(REFIT) trata da infraestrutura dos serviços de saúde, dos equipamentos médicos, dos parques tecnológicos, das manu-

tenções (preventivas, corretivas e preditivas), da terceirização, treinamento e capacitação de profissionais, do planejamento, do controle e fiscalização. O seu gestor deve ter habilidade (sa-

ber fazer), atitude (saber ser) e conhecimento (saber), pois são atributos fundamentais em sua ação. Deve conhecer e viver a

rede de saúde (da básica aos grandes hospitais), a hierarqui-

zação da rede, as políticas e burocracia do processo, incluindo as realidades locais. Deve ser agregador dos profissionais que

compõem o processo de construção e manutenção das estruturas físicas de estabelecimentos de saúde, conhecer normas e leis, além de técnicas de planejamento, ter capacidade de de-

cisão, administrar recursos físicos, financeiros e humanos com eficiência, eficácia e ter compromisso com o SUS.

Palavras-chave: Recursos físicos e tecnológicos da saúde,

Gestão em saúde, Tecnologia em saúde.

ABSTRACT

TECHNICAL RESOURCES FOR HEALTH IN BRAZIL So-called Physical and Technological Resources for Health

Management deals with the infrastructure of health resourc-

es, resources of medical equipment, inventories and diagnos-

tic technology parks, maintenance (preventive, corrective and predictive), outsourcing, training and development profession-

als planning, control and monitoring, software as a tool to create and maintain indicators, think about future technological

developments, incorporating human resources (architects, civil engineers, electrical, electronic, mechanical, clinical, biomed-

ical, technologists and technicians), contracts, documentation and standards, such as activities and assignments. The man-

ager must have skills (know-how), attitude (how to be) and

knowledge (know). Know and live the health network (basic to

large hospitals), hierarchical network, politics and bureaucra-

cy of the process, micro and macro situations and interdependencies of local realities (every case is different), be aggregator of professionals that make up the process, meet regulations and laws, of the planning, decision-making capacity, managing

physical, financial and human resources effectively and efficiently, and commitment to the SUS.

Keywords: Physical and Technological Resources for

Health, Health administration, Technological Developments in Health.

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos séculos vários foram os estudiosos que buscaram entender a lógica do funcionamento das organizações, conformando-se, nesse processo, novas “formas de pensar e compreender” que deram suporte às diferentes correntes (ou escolas) que compõem as Teorias da Administração. As exigências impostas às empresas contemporâneas, no sentido de adaptação às contingências, sejam elas internas ou externas, de modo a adequar suas partes constituintes às necessidades intrínsecas dos processos de produção, possibilita a organização de cada uma destas partes segundo os princípios norteadores de cada escola anteriormente referida. Em se tratando de otimizar recursos numa organização profissional, dá-se destaque às intervenções nas áreas administrativas e de apoio logístico. Face ao alto custo de operação destas organizações, é fundamental que estas áreas tenham bom desempenho gerencial. O sistema de saúde vigente em nosso país foi modelado há relativamente pouco tempo, culminando um processo de mudanças que remonta à década de 1970, 99


acelera-se ao longo dos anos 1980 e adquire estatuto institucional no fim dessa década. Fruto de um processo interno de forte densidade política e social, mas também influenciado por diversos modelos externos, em particular por aqueles vigentes nos welfare states, nosso sistema foi estabelecido pela Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, estando reguladas pelas leis 8.080 e 8.142, ambas de 1990. É conhecido como Sistema Único de Saúde (SUS) justamente porque sua formulação correspondeu a uma unificação de vários subsistemas existentes até então, superando a fragmentação institucional que prevalecia tanto no interior da esfera federal (saúde previdenciária, saúde pública etc) quanto entre as diferentes esferas governamentais (federal, estadual e municipal), e também separando o setor estatal do setor privado. Ao estabelecer princípios como a universalidade, a equidade e a integralidade da atenção, bem como as diretrizes organizacionais da descentralização e da participação da sociedade, o SUS rompeu com o sistema anterior, fundou novas bases institucionais, gerenciais e assistenciais para o provimento das ações e dos serviços de saúde no país, então considerados como direito universal da cidadania e dever do Estado. É importante destacar que os repasses federais aquém das necessidades dos sistemas locais induzem a ajustes na agenda da saúde por meio de inovações organizacionais relacionadas à contenção de custos, ao uso de recursos próprios, ao orçamento prospectivo, ao teto orçamentário, a contratos de gestão e à flexibilidade da gestão pública. A Rede SUS do século XXI conta com 5.881 unidades hospitalares, 36.512 unidades básicas e 5.218 unidades de SADT (Serviço de Apoio à Diagnose e Terapia ou Serviço Auxiliar de Diagnóstico e Terapia), totalizando 47.611 estabelecimentos de saúde. Entretanto, deste total, 4.351(9,1%) se localizam na região Norte; 15.322 (32,1%) na região Nordeste; 15.458 (31,2%) na região Sudeste; 8.963 (18,8%) na região Sul e 3.517 (7,4%) na região Centro-Oeste (BRASIL, 2002) Embora os números expressem desaceleração no incremento de novas unidades hospitalares, isso não significa que se investirá menos nesse tipo de unidade, muito pelo contrário, pois as tabelas e gráficos editados podem 100

estar mostrando que apenas estamos iniciando um novo modelo de investimento na Rede Hospitalar do SUS, que será voltado à transformação das unidades hospitalares existentes, de modo que estas possam incorporar novas tecnologias. Nesse contesto, a palavra chave é reorganizar.

2 INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS NA SAÚDE

É indiscutível que o processo de incorporação de tecnologias na assistência médico-hospitalar ocorre de modo acelerado, irreversível e implacável. Tal processo é marcado por quatro dimensões estruturantes, que lhe imprimem maior grau de complexidade: • A incorporação de máquinas e equipamentos biomédicos não substitui a mão de obra existente; • A incorporação de tecnologias para o apoio ao diagnóstico é cumulativa – uma nova tecnologia não prescinde da anterior; • A incorporação de tecnologias na saúde pressupõe a formação/capacitação constante de operadores; • As incorporações de tecnologias na saúde pressupõem cuidados redobrados com “a saúde” do parque tecnológico, com vistas a sua confiabilidade. Se levarmos em conta o aporte das novas e complexas tecnologias das últimas décadas, expressas pelo incremento de serviços de alto custo e alta complexidade, como as Unidades de Terapia Intensiva, e a difusão significativa de serviços de média complexidade (como os serviços de imagem, de métodos gráficos e métodos óticos), veremos que existem grandes lacunas, quantitativa e qualitativamente falando, em relação à mão de obra técnica capacitada para operar e manter estes serviços, tais como: Técnicos de Enfermagem, Técnicos de Biodiagnósticos, Técnicos de Raios-X, Técnicos de Manutenção de Equipamentos Biomédicos, entre outros, que necessitam ser incorporados à força de trabalho do SUS. Planejar neste contexto passa a ser uma necessidade cotidiana. Planejar precisa ser um processo permanente, para que possa garantir a direcionalidade das ações desenvolvidas, corrigindo rumos, enfrentando imprevistos e buscando caminhar em direção aos objetivos que se


quer alcançar. Planejar é pensar antes, durante e depois de agir. Envolve o raciocínio (a razão) e, portanto, podese entender que o planejamento é um cálculo (racional) que precede (antes) e preside (durante e depois) a ação. É um cálculo sistemático que articula a situação imediata e o futuro, apoiado por teorias e métodos. O ator que planeja não pode se apropriar de todas as complexidades situacionais. Portanto, deve considerar tanto as propostas dos especialistas (ou o ponto de vista técnico-científico), como as diferentes visões ou pontos de vistas dos políticos, que captam a realidade buscando realizar seus projetos ou compromissos. Propõe-se aqui o desenvolvimento do planejamento como processo participativo, possibilitando a incorporação dos pontos de vista dos vários setores sociais, inclusive da população. Nesse processo, vários atores sociais explicitam suas demandas, propostas e estratégias de solução, numa perspectiva de negociação dos diversos interesses em jogo. Essa participação enriquece o processo de planejamento criando uma co-responsabilidade dos atores com a efetivação do plano de ação, dando mais legitimidade e, mesmo, viabilidade política ao plano.

3 O GESTOR DE REFIT

No ano de 2006, tendo como cenário a saúde e o SUS, nasce o ator social com a denominação de Gestor de Recursos Físicos e Tecnológicos da Saúde (REFIT). Seu surgimento ocorre a partir da formação em Especialista em Recursos Físicos e Tecnológicos, curso sob a tutela da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) em conjunto com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP). O curso contou com a participação de profissionais das áreas de arquitetura, engenharia e engenharia clínica oriundos de Secretarias Estaduais e Municipais, Vigilância Sanitária, Hospitais Universitários e do próprio Ministério da Saúde, vindos do Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e do próprio Rio de Janeiro. Estes profissionais foram reunidos mensalmente com o desafio de implementar a Gestão de REFIT no Sistema Único de Saúde. O objetivo seria que, após a conclusão do curso, no decorrer do ano de 2006, fossem formados tutores, replicadores de conhecimentos para, inicialmente, um número estimado em 600 profissionais espalhados em todo território na-

cional – tarefa não implementada. Na área da infraestrutura das edificações e das instalações hospitalares observamos a carência de profissionais na gerência e manutenção da infraestrutura física em saúde, uma vez que a vida útil de uma edificação, principalmente na área hospitalar, está diretamente relacionada com a qualidade e regularidade da sua manutenção adequada, com a efetiva ação de rotinas e procedimentos preventivos e corretivos. Podemos ainda observar que as ocorrências nos contratos de manutenção, seu acompanhamento técnico quanto à qualidade do que é feito, deve-se à inexistência, em muita das unidades hospitalares, de especialistas em gestão de manutenção (engenheiros clínicos, engenheiros de manutenção, engenheiros biomédicos etc), limitando-se as organizações à prática de um acompanhamento burocrático dos contratos feitos por profissionais que, em vários casos, carecem de conhecimentos técnicos nessa área específica.

4 CONCLUSÃO

O desafio posto pela realidade é o de adequar à incorporação tecnológica à estrutura de necessidades de saúde, pois não existe no mundo, e muito menos num país como o Brasil, recursos financeiros suficientes para suportar a lógica dos diagnósticos e exames complementares, baseados na tecnologia dos equipamentos de custo altíssimo e de rápida obsolescência. É preciso redefinir o papel dos EAS na organização da atenção, mediante a valorização do atendimento ambulatorial e domiciliar, da articulação da demanda variável a uma oferta organizada de serviços e da utilização do saber epidemiológico e social na realização das práticas de saúde. O uso do conhecimento epidemiológico, a tecnologia da informação e o monitoramento permanente e qualificado dos clientes/pacientes podem ser aspectos de um novo modelo de atenção voltado para a qualidade de vida, em que as políticas de saúde visarão a promoção da saúde, a prevenção de doenças, a recuperação dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida. Além disso, a adoção desse modelo pode representar uma saída não apenas de baixo custo, mas, principalmente, de maior resolutividade. 101


O reconhecimento da integralidade como princípio ou diretriz, que contemple as dimensões biológicas, psicológicas e sociais do processo saúde-doença mediante a promoção, proteção, recuperação e reabilitação, visando à integralidade do ser humano, deve ser difundido como uma nova cultura da saúde na educação profissional.

REFERÊNCIAS

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AZEVEDO NETO, F. P. B. Desenvolvimento de tecnologia de gestão para ambientes hospitalares: o caso do Instituto Fernandes Figueira. Dissertação (Mestrado), Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2004.

BRASIL. Microdados MAS/IBGE/DATASUS. Distribuição das unidades de Saúde da Rede SUS segundo década de criação, natureza jurídica e tipo de unidade. Rio de Janeiro, 2002. GUIMARÃES, J. M. C. Nasce o gestor de Refit. Revista Notícias Hospitalares, São Paulo, n. 51, Ano 5, p. 24, julho/agosto/setembro, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Participativa. Reorganizando o SUS no Município do Rio de Janeiro. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005.

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O PROCESSO DE PROJETO DE CENTROS DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM SOB O PONTO DE VISTA DA ANÁLISE DOS FLUXOS Andrea D. Leitner Thomazoni Arquiteta, Doutoranda Sheila Walbe Ornstein Arquiteta, Doutora

RESUMO Equipamentos urbanos como edifícios da saúde apresentam uma dinâmica de renovação espacial acelerada, requerendo revisões e ampliações constantes. A operação diária de vazão dos diversos fluxos ali existentes é bastante complexa sob vários aspectos e sua organização passa pela competência da gerência destas instituições. A questão fundamental é eleger os aspectos notáveis que emergem da análise da arquitetura de edifícios da saúde quanto ao aspecto dos diversos fluxos ali existentes, objetivando subsidiar eventuais rearranjos de configurações internas. O presente artigo está centrado na comprovação de que o estudo dos fluxos pode transformar os ambientes do edifício da saúde em mais humanos para com seus usuários. Para tanto, analisaram-se os fluxos tomando-se como exemplo um centro de diagnóstico por imagem em unidade autônoma, utilizando alguns instrumentos da Avaliação Pós-Ocupação (APO). Demonstrou-se como o estudo dos fluxos pode contribuir em diversos temas na elaboração de projetos de requalificação espacial. Palavras-chave: Centros de diagnósticos por imagem, Avaliação pós-ocupação, Arquitetura hospitalar.

ABSTRACT

THE DESIGN PROCESS OF IMAGE CENTERS OF DIAGNOSIS FROM THE POINT OF VIEW OF THE ANALYSIS OF THEIR WORKFLOWS Urban healthcare facilities have a dynamic physical renovation requiring constant revisions and expansions. Its daily operational flows are quite complex and its organization goes through the competence of its

institutions. The key issue is to elect the notable aspects that emerge from the analysis of the architecture of healthcare buildings taken as example, through the Post-Occupancy Evaluation (POE) approach, from the point of view of the different flows, aiming at to collaborate with internal rearrangements, with the development of architectural programming and to meet user requirements of complex buildings of such nature. This paper is focused through a case study, if there is or if there is not enough evidence to ensure that the study of flows in the design can make building environments more friendly to its users. It is intend to discuss about flows taking as example image centers of diagnosis in autonomous unit using some tools of Post-Occupancy Evaluation (POE). It is intend to demonstrate how the study of flows can contribute in many aspects in the development of architectural design processes and be adopted for its quality management. Keywords: Image center of diagnosis, Postoccupancy evaluation, Hospital architecture.

1 A AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) EM CENTROS DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

A questão das contribuições das metodologias projetuais para os edifícios da saúde revela sua importância em relação à amplitude da demanda por esses equipamentos urbanos, ao montante de recursos envolvidos e ao alcance social que possuem. Para Bitencourt (2006), ao se projetar um edifício da saúde, o programa de necessidades físico-funcionais arquitetônicas deve contemplar as atividades a serem ali realizadas. O edifício, portanto, deve se ajustar ao pro103


grama e aos parâmetros construtivos de engenharia e arquitetura. As edificações, no entanto, em uma época de intensa dinâmica social e tecnológica, tendem a perder rapidamente sua função original, exigindo adequações, seja porque mudam as expectativas sociais ou econômicas, seja porque novas tecnologias as fazem obsoletas. Considerando-se que a falta de estudo prévio e de planejamento dos fluxos em centros de diagnóstico por imagem geram relevantes problemas funcionais e físicos na ocupação, é possível questionar se as ocupações espontâneas e se o crescimento sem planejamento comprometem a gestão de edifícios da saúde a partir de seu estágio inicial, no decorrer do seu processo de crescimento e durante a sua modernização. Nesse sentido, a questão do estudo dos fluxos frente às sucessivas readequações espaciais a que são continuamente submetidos é relevante na medida em que deve preservar o conceito de humanização e eleger os processos de execução do projeto arquitetônico mais adequados. A presente pesquisa apresenta o estudo dos conflitos de fluxos de usuários de um estabelecimento de saúde por meio de um estudo de caso. Para o arquiteto, a humanização do edifício da saúde significa tornar o ambiente construído facilitador de práticas que contribuam para garantir o bem-estar físico e psicológico dos usuários e que estimulem a incorporação de novos procedimentos às práticas médicas. Devem-se aliar os princípios gerais que regem uma boa arquitetura à elaboração de ambientes que favoreçam a recuperação da saúde do paciente e que garantam o seu bem-estar, dispondo os espaços internamente de modo a atender às demandas tecnológicas da medicina, isto é, propiciar áreas flexíveis para os tipos de serviços que serão demandados. Para Bross (2013), sendo o edifício da saúde organizado espacialmente em setores físicos, para a compreensão das interfaces setoriais e dos fluxos é necessário saber a origem e o destino dos usuários, equipamentos e materiais. Este trabalho apresenta os resultados decorrentes da aplicação dos procedimentos metodológicos da APO funcional num complexo horizontal, o Centro de Diagnósticos β (CD β), situado em Campinas, São Paulo, do qual foi analisado o projeto e o seu desempenho em uso 104

segundo os fluxos de pacientes, funcionários e equipamentos.

OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos da APO funcional aplicados no CDβ foram realizados baseados em observações, percepções e medições, contemplaram visitas exploratórias, análise de documentação, elaboração e aplicação de checklist, registros fotográficos, observações comportamentais, entrevistas com usuários chaves e grupos focais. Para o grupo de pacientes, o contato se deu apenas por meio das observações comportamentais. A compreensão do centro de diagnóstico por imagem estudado se deu por meio do conhecimento de normas específicas, da bibliografia disponível, da análise de um benchmark e da aplicação da metodologia da APO funcional. O trabalho de observações comportamentais dos usuários resultou na elaboração do mapeamento dos seus fluxos. Foram realizadas entrevistas com usuários chaves, quando foram desenhados os percursos realizados por meio do acompanhamento a técnicos e enfermeiros quando do atendimento ao paciente.

3 A APO FUNCIONAL NO CENTRO DE DIAGNÓSTICOS

Segundo Góes (2006), um leiaute geral de um complexo de radiologia associa o diagnóstico em radiologia e o tratamento por meio da radioterapia (acelerador nuclear, bomba de cobalto, braquiterapia, ortovoltagem e simulador de radioterapia). São executados procedimentos de ultrassonografia, mamografia, densitometria e medicina nuclear. Sua estrutura solicita recursos construtivos com controle de radiações, uma grande quantidade de serviços complementares e administrativos. O leiaute deve separar a circulação de pacientes da área de funcionários e possuir arranjo lógico das salas (ver figura 01).


Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

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Legenda: Fluxo de funcionários Fluxo de pacientes 1: Relações funcionais da radiologia. Figura 1: RelaçõesFigura funcionais da radiologia. Fonte: Góes (1990, p.102), com adaptação A. L. Thomazoni. Fonte: Góes (1990, p.102), comde adaptação de A. L. Thomazoni.

O CDβ se destaca pelas atividades de Ressonância Nuclear Magnética (RNM) e de Tomografia O CDβ se destaca pelasainda atividades dos. As Tais salasmodalidades de exames de dimensões, como as Computadorizada (TC). Realiza examesdedeRessonância raios X e de ultrassom. demaiores diagnóstico por imagem (RNM) e de Tomografia Computado-àquelas de exercidas ressonância nuclear e tomografia sãoNuclear comunsMagnética em edifícios similares e são complementares num centromagnética de diagnóstico situado compunas proximidades. rizada (TC). Realiza ainda exames de raios X e de ultrastadorizada, entretanto, não foram adaptações de casas som. Tais modalidades de diagnóstico por imagem são pré-existentes resultadoe de novas edificações, atenO CDβ é um complexo de três casas térreas (contemplando uma delas mas um subsolo) suas edículas, além de comuns em edifícios similares e sãosecomplementares uma construção em terrenos que foram incorporando ao empreendimento desde 1994, explicitando a dinâmica de dendo as dimensões constantes na norma RDC 50/2002, àquelas exercidas num centroem de diagnóstico situado nas renovação espacial acelerada imóveis adaptados. As salas de exames de maiores dimensões, como as de da ANVISA (BRASIL, 2002). ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada, entretanto, não foram adaptações de casas préproximidades. A ocupação clara organização espacial existentes masé resultado de novas edificações, atendendo as dimensões constantesevidencia na normaaRDC 50/2002, da ANVISA O CDβ um complexo de três casas térreas (contem(BRASIL, 2002). por setores, sendo cada casa destinada a uma atividade plando uma delas um subsolo) e suas edículas, além de específica. A casa 1, por é reservada para o ulA ocupaçãoem evidencia clara organização espacial por setores, sendo cada casaexemplo, destinada a uma atividade uma construção terrenosaque foram se incorporando específica. A casa 1, por exemplo, é reservada para o ultrassom, a casa 2 para raio X (ver figura 02), o que diminui trassom, a casa 2 para raio X (ver figura 02), o queos dimiao empreendimento desde 1994, explicitando a dinâmicruzamentos indesejáveis. nui os cruzamentos indesejáveis. ca de renovação espacial acelerada em imóveis adapta-

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Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Legenda:

Área de exames ●

Área de suporte aos exames ●

Áreas de apoio

Figura 2: Blocos funcionais do CDβ. Fonte: Thomazoni (2009)

Figura 2: Blocos funcionais do CDβ. Fonte: Thomazoni (2009)

Inclui ainda serviços de apoio como cozinha e refeitório de funcionários, telemarketing, faturamento, como exemplo a supressão, no programa ainda serviços apoio como cozinha e re-e diretoria, contabilidade, Inclui departamento de de pessoal, administração atingindo a proporção de arquitetônico, 2:1 pacientes por do ambiente câmara escura, quando foi implantada a difeitório de funcionários, telemarketing, faturamento, funcionário. As salas de exames são utilizadas na sua capacidade máxima e há demanda na região para mais salas de gitalização do raio X. contabilidade, departamento de pessoal, administração ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada. e diretoria, atingindo a proporção de 2:1 pacientes por

O CDβ não possuía, à época da pesquisa, um plano di-

A clínica teve As uma ocupação efetuada em etapas, que novas com edificações foram incorporadas. retor de ocupação ampliações previstas, apesar do Cada funcionário. salas de exames são utilizadas na sua à medida adição permitiu disponibilizar para estabelecer esperas comuns estabelecimentos assistenciais da uso dos recuos comoaos circulação de funcionários apontar capacidade máxima eárea há demanda na região para mais secundárias, para a necessidade de revisão criteriosa da ocupação. de ressonância nucleardomagnética e tomografia saúde (EAS)salas que separam o paciente acompanhante antes da realização do exame. computadorizada.

Ao longo da pesquisa, o CDβ se encontrou sempre em pequenas reformas ouNO alterações funcionais, atendendo A clínica teve uma ocupação efetuada em etapas, à 4 A APO COM FOCO FLUXOS DE USUÁRIOS às necessidades deque adaptações constantes em função da implantação de novas tecnologias de imagem. Cite-se medida novas edificações foram incorporadas. Cada Por meio de entrevistas com funcionários-chaves foi como exemplo a supressão, no programa arquitetônico, do ambiente câmara quando foi dos implantada digitalização do adição permitiu disponibilizar área para estabelecer possívelescura, tomar conhecimento caminhos apercorridos raio X. esperas secundárias, comuns aos estabelecimentos aspor todos os grupos de usuários do edifício. A finaliza-

sistenciais da saúde (EAS) que separam o paciente do ção dos registros, no entanto, ocorreu após o acompaO CDβ não possuía, à época da pesquisa, um plano diretor de ocupação com ampliações previstas, apesar do acompanhante antes da realização do exame. nhamento dos pacientes e funcionários ao longo de uma uso dos recuos como circulação de funcionários apontar para a necessidade de revisão criteriosa da ocupação. Ao longo da pesquisa, o CDβ se encontrou sempre em pequenas reformas ou alterações funcionais, atendendo às necessidades de adaptações constantes em função da 4 Aimplantação APO COM de FOCO NO FLUXOS DE USUÁRIOS novas tecnologias de imagem. Cite-se

semana, quando foram detectadas ocorrências inesperadas, como obstruções de circulações por macas e cadeiras de rodas. Como resultado gerou-se graficamente os principais trajetos na unidade (ver figura 03). A repre-

Por meio de entrevistas com funcionários-chaves foi possível tomar conhecimento dos caminhos percorridos por todos os grupos de usuários do edifício. A finalização dos registros, no entanto, ocorreu após o acompanhamento 106 dos pacientes e funcionários ao longo de uma semana, quando foram detectadas ocorrências inesperadas, como obstruções de circulações por macas e cadeiras de rodas. Como resultado gerou-se graficamente os principais trajetos na unidade (ver figura 03). A representação gráfica não explicita, contudo, a quantidade de usuários em cada trajeto. A formação original da edificação a partir de casas térreas de até 100 m² de área construída limitou os espaços


sentação gráfica não explicita, contudo, a quantidade de usuários em cada trajeto. A formação original da edificação a partir de casas térreas de até 100 m² de área construída limitou os espaços a pequenos vãos. Na maior parte dos percursos são distintas as circulações entre funcionários e pacientes e/ ou acompanhantes, porém apresentando dimensão muito estreita. Num dos casos, a sala de comando da resso-

nância nuclear magnética e tomografia computadorizada é área de circulação de funcionários e pacientes indistintamente, inclusive aqueles em macas e cadeiras de rodas. Apenas sob o ponto de vista funcional, a circulação de funcionários nos recuos parece ser desejável neste caso, pois assegura maior privacidade aos pacientes e um melhor controle de assepsia.

Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Figura 3: Fluxos dos usuários no CDβ Fonte: Thomazoni (2009)

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Figura 3: Fluxos dos usuários no CDβ Fonte: Thomazoni (2009)

Destaca-se ainda que é interessante separar pacien5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Destaca-se é interessante ainda irão realizar os exames daqueles que tes que ainda irão ainda realizarque os exames daqueles separar que rece-pacientesAque partir do estudo físico-funcional do CDβ, torna-se recebem os resultados, pois não são raras as emoções negativas. bem os resultados, pois não são raras as emoções negapossível refletir sobre as características mais adequadas tivas. para centros de diagnóstico por imagem. As conclusões

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A partir do estudo físico-funcional do CDβ, torna-se possível refletir sobre as características mais adequadas para centros de diagnóstico por imagem. As conclusões a partir dos resultados aferidos pela aplicação da metodologia da APO foram valiosas e podem ser incorporadas às futuras adaptações construtivas do estabelecimento. Segundo Thomazoni e Ornstein (2008), as evidências empíricas registradas por meio da APO funcional podem


a partir dos resultados aferidos pela aplicação da metodologia da APO foram valiosas e podem ser incorporadas às futuras adaptações construtivas do estabelecimento. Segundo Thomazoni e Ornstein (2008), as evidências empíricas registradas por meio da APO funcional podem permitir, para estudos de casos similares, fundamentar projetos sob a ótica da setorização, da funcionalidade e da flexibilização dos espaços, aprimorando a gestão da qualidade deste tipo de ambiente à luz das demandas constantes de incorporação de novas tecnologias. O estudo de caso evidenciou a necessidade de constantes ampliações para o atendimento à demanda. Assim, para casos semelhantes, as intervenções devem propiciar melhorias, mas deverão sempre enfrentar o problema de disponibilidade de área para ampliação quando for atingida a sua ocupação máxima. Nesse sentido, a verticalização é um recurso adequado para incorporar áreas complementares. As questões da interdisciplinaridade na arquitetura e da utilização de multi-métodos para a APO têm sido discutidas por especialistas a nível global. A compreensão da ocorrência dos diversos fluxos operantes no ambiente hospitalar pode subsidiar a criação de instrumentos, sobretudo gráficos, para aplicação nos ambientes construídos em uso e na realimentação do processo de projeto. O processo de projeto deve passar por um ciclo de verificações que permita avaliar e controlar o produto final, propiciando análises críticas para realização dos ajustes necessários durante a sua elaboração, levando em conta as necessidades dos usuários – inclusive considerando as possibilidades de modificações posteriores. O estudo de APO funcional para o centro de diagnóstico apresentado é um exemplo do que se pode realizar para edifícios similares.

REFERÊNCIAS

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BITENCOURT, Fábio. A Sustentabilidade em ambientes de saúde: um componente de utopia ou de sobrevivência? In: CARVALHO, Antonio Pedro A. (org) Quem 108

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BROSS, João Carlos. Compreendendo o edifício da saúde. São Paulo: Ateneu, 2013, p. 86-214. GÓES, Ronald de. Manual prático de arquitetura para clínicas e laboratórios. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. p. 91-105.

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INFORMAÇÕES SOBRE A GESTÃO DE EQUIPAMENTOS EM SERVIÇOS DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA PÚBLICOS DO PAÍS: levantamento de resultados obtidos com aplicação de lista de verificação Fabiano Romanholo Ferreira Engenheiro, Mestre

RESUMO Este artigo apresenta os resultados obtidos com o uso de lista de verificação para levantamento da situação da gestão de equipamentos em serviços de hemoterapia e hematologia públicos do país, efetuado pela Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde. O trabalho foi realizado através de visitas técnicas a esses serviços, de modo a verificar a situação atual do gerenciamento do parque de equipamentos instalado e de que maneira os serviços podem ser orientados para atingirem uma gestão eficiente e eficaz. O objetivo deste levantamento foi o de qualificar os serviços públicos de hemoterapia e hematologia na área da gestão de equipamentos médicos-hospitalares, possibilitando ao setor saúde a utilização em seu dia-a-dia de práticas de engenharia clínica, visando colaborar com a garantia da qualidade da assistência hemoterápica e hematológica prestada à população. Palavras-chave: Lista de verificação, Gestão de equipamentos, Hemoterapia e hematologia.

ABSTRACT

INFORMATION ABOUT THE MANAGEMENT OF EQUIPMENTS IN THE COUNTRY’S PUBLIC HEMATOLOGY AND HEMOTHERAPY SERVICES: survey results from application checklist This article shows the results obtained from the use of a checklist to assess the situation of equipment management in the hematology and public services in the country. In order to qualify for public services hemotherapy and hematology in management of medical and hospital equipment, enabling the healthcare sector, for using

clinical engineering, and aimed at supporting quality assurance of Hemotherapy of Hemathologic assistance to the population , so the Unified Health System - SUS possesses the equipment and facilities within the standards and technical standards of operation and security, the General Coordination of Blood and Blood Products of the Ministry of Health develops an technical visits to these services in order to verify the current status of equipment management installed and how services can be targeted to achieve an efficient and effective management. Keywords: Checklist, Equipment management, Hematology and hemotherapy.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, na área da saúde, os equipamentos médico-hospitalares representam uma importante fonte de investimentos de recursos financeiros. O parque tecnológico existente em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) deve ser gerenciado adequadamente para que se obtenham serviços com qualidade, funcionalidade e segurança nos procedimentos médicos. Essa tarefa de gestão, que inclui o gerenciamento da manutenção, é desenvolvida pela Engenharia Clínica (EC). É importante mencionar que, ainda hoje, a maioria dos EAS não faz um bom controle dos custos inerentes ao processo médico-hospitalar nem garante a confiabilidade dos equipamentos médico-hospitalares (EMH). Essa constatação aumenta a importância do estudo de custos dos serviços, da disponibilidade e confiabilidade dos EMH e do modo como essas informações poderão ser repassadas aos administradores hospitalares, médicos, fornecedores e outros que fazem parte da estrutura 109


do EAS. Com o intuito de qualificar os serviços públicos de hemoterapia e hematologia, na área da gestão de equipamentos médicos-hospitalares, e visando colaborar com a garantia da qualidade da assistência hemoterápica e hematológica prestada à população, a Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde realizou visitas técnicas de assessoramento na área da gestão de equipamentos desses serviços.

4.

2 METODOLOGIA

Por meio de pesquisa bibliográfica e da observação dos resultados obtidos nas visitas técnicas do Programa Nacional de Qualificação da Hemorrede (PNQH), o Grupo de Assessoramento Técnico em Gestão de Equipamentos dos Serviços de Hemoterapia e Hematologia Públicos, instituído por meio da Portaria GAB/MS nº 263/2011, elaborou uma lista de verificação que serve para orientar os assessores e padronizar os dados obtidos nos serviços visitados. Esta lista possui quinze itens, sendo que para cada um deles deve ser marcado se está Conforme, Parcialmente Conforme ou Não Conforme. Além disso, cada item possui um campo para observações, no qual o assessor pode descrever com mais detalhes as informações obtidas que subsidiam cada marcação. Os itens da lista e as informações necessárias para o seu preenchimento estão descritos a seguir: 1. Existe manual de gestão de equipamentos? – Neste item busca-se, junto ao gestor, a informação da existência de um documento que padronize no serviço as atividades, as atribuições e as responsabilidades voltadas à gestão de equipamentos. De preferência que haja um documento que esteja inserido no sistema de gestão da qualidade do serviço, caso este o possua. 2. Existe equipe interna de gestão/manutenção? Se existe, qual a formação da equipe? – Com a necessidade de se ter, no mínimo, um colaborador do serviço dedicado à gestão de equipamentos. Procura-se identificar como os recursos humanos estão definidos para trabalhar com a gestão. 3. Verificar e analisar os procedimentos sobre ma110

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nutenção interna e externa, se possuem contratos – Novamente é importante que as atividades estejam padronizadas em um documento e, neste caso, com foco nas atividades de manutenção principalmente preventiva e corretiva. Além disso, é verificado se os contratos existentes de manutenção estão condizentes com as necessidades do serviço e se estão sendo cumpridos adequadamente. Verificar e analisar os procedimentos sobre qualificação e validação do processo – As atividades de qualificação e validação de processo devem estar descritas em documento. No caso da qualificação, deve ser verificado se o serviço possui um plano anual de qualificação e se os três tipos de qualificação (instalação, operação e desempenho) estão sendo aplicados. Já, para a validação de processo, verificar se o serviço possui protocolos de validação bem definidos. Verificar e analisar os procedimentos sobre calibração – As atividades voltadas à calibração devem também estar previstas em documento e a instituição deve possuir um plano anual de calibração que contemple os instrumentos/ equipamentos para os quais o controle da calibração se faça necessário. Verificar se existe alguma sistemática de conferência/avaliação dos equipamentos ao serem recebidos no almoxarifado. Há procedimento de recebimento e instalação escritos? – É importante que o serviço possua descrito formalmente como deve ocorrer o recebimento dos equipamentos, incluindo informações sobre responsabilidade e autoridade dos colaboradores responsáveis por esta atividade. Ainda se faz necessário que seja descrito como deve ser o procedimento para a instalação do equipamento. Como são feitos os registros dos equipamentos? Se há registros, mantêm histórico dos equipamentos? – Os equipamentos definidos como necessários de serem gerenciados devem possuir registro de qualquer atividade efetuada. Por exemplo, certificados de calibração, relatórios de manutenção, laudo de qualificação, dentre


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11.

outros. Com isso, busca-se manter um histórico do equipamento durante toda sua vida útil, de modo que os dados de segurança e eficácia estejam sempre disponíveis. Como é feito a identificação dos equipamentos? Também estão inclusos os equipamentos em comodato? – A identificação dos equipamentos pode ser feita de diversas formas, o importante é ter como objetivo manter a rastreabilidade dos equipamentos durante o uso deles na rotina. Quanto mais informações forem disponibilizadas com a forma de identificação definida, mais eficaz e eficiente será o trabalho de acompanhamento da gestão no dia a dia. Os equipamentos em comodato, apesar de não serem de propriedade do serviço, também devem ser identificados e gerenciados pela gestão de equipamentos. Há evidências de treinamento interno dos usuários dos equipamentos? – O treinamento dos usuários pode ser feito tanto pela equipe de gestão de equipamentos do serviço quanto pelos fornecedores, sendo que a maneira como este treinamento acontecerá deve ser definido em conjunto com a área técnica usuária do aparelho. Quais os procedimentos adotados para a aquisição de equipamentos? – Um equipamento pode ser adquirido de diversas formas, sendo que o fluxo de trabalho definido para esta aquisição deve ser padronizado, de modo que a instituição possa manter o conhecimento adquirido. Isto facilitará aquisições futuras. Existe procedimento para qualificação de prestadores de serviços e para elaboração de editais? – A qualificação de fornecedores é algo novo e que está em desenvolvimento nos entes públicos. Esta qualificação permite ao hemocentro adquirir produtos e serviços de fornecedores que já passaram por uma avaliação prévia, o que diminui a chance de licitações desertas ou revogadas. Este item contempla a existência de procedimento para elaboração de editais, o que permite que este conhecimento seja institucio-

nalizado dentro do serviço. 12. A área técnica participa, junto com a manutenção, sobre a definição de tolerâncias dos processos? – A definição das tolerâncias dos processos é atribuição da área técnica, e é com base nestas tolerâncias que a gestão especifica os equipamentos, avalia os certificados de calibração e dá suporte quando da validação de processos, ou seja, este item é um dos mais importantes na lista de verificação. 13. Como é feito a retirada do equipamento de uso (obsolescência)? – A maneira como o equipamento deve ser retirado de uso deve estar prevista em procedimento, pois, principalmente no caso dos serviços públicos, existem diversas atividades burocráticas a serem realizadas. 14. Existe procedimento de limpeza/higienização dos equipamentos? Quem é responsável? – Os procedimentos de limpeza dos equipamentos devem constar em documentos e os responsáveis por esta atividade devem ter conhecimento dos produtos e da forma com que eles podem ser utilizados. 15. Itens da Infraestrutura a serem verificados: a. Grupo Gerador b. Central de Ar Condicionado c. Quadros de distribuição d. Sistema de Aterramento e. SPDA (Sistema de Proteção contra Descar gas Atmosféricas) f. Sistema de Incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros. É elencado um grupo de seis itens de infraestrutura que devem ser verificados durante a visita técnica e que afetam direta ou indiretamente a segurança dos equipamentos e usuários. Como pode ser observado, os quinze itens da lista de verificação permitem um conhecimento detalhado de como a gestão de equipamentos está acontecendo no serviço visitado.

3 RESULTADOS

A lista de verificação foi utilizada nas visitas técnicas realizadas em dezoito serviços de hematologia e hemoterapia públicos do país. Os serviços que foram visitados 111


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Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar segunsão definidos como hemocentros coordenadores

tem-se a quantidade total de 270 respostas possíveis. Com esta base, mapearam-se quais foram os itens do o preconizado na RDC nº 151/2001 (BRASIL, 2001). de dezoito marcações. Então, multiplicando-se os quinze itens pelo número máximo de marcações, tem-se a com maior número de conformidades e não conformidaAlguns destes serviços foram visitados mais de uma vez quantidade total de 270 respostas possíveis. des. Os itens parcialmente conformes não são apresentamas, para fins deste trabalho, a referência é o resultado Com esta base, mapearam-se quais foram os itens com maior número de conformidades e não conformidades. dos, uma vez que marcação obtido na primeira visita. Desta forma, como cada item Os itens parcialmente conformes não são apresentados, uma vez que esta marcação intermediária nãoesta permite definirintermediária não persó tem uma resposta, sendo conforme, parcialmente se o item está conforme ou não conforme, o que prejudica o objetivo docontrabalho. mite definir se o item está conforme ou não conforme, o que prejudica o objetivo do trabalho. forme ou não conforme, o valor máximo para cada item Na tabela 1 estão descritos os itens que tiveram maior quantidade de conformidades marcadas. Na tabela 1 estão descritos os itens que tiveram respondido é de dezoito marcações. Então, multiplicanmaior quantidade de conformidades marcadas. do-se os quinze itens pelo número máximo de marcações, Tabela 1 – Resultado dos itens com maior número de conformidades assinaladas Itens da Lista de Verificação

Percentual em relação ao total

Conformidade

Existe equipe interna de gestão/manutenção? Se existe, qual a formação da equipe?

8

20,0%

Como é feito a identificação dos equipamentos? Também estão inclusos os equipamentos em comodato?

5

12,5%

Há evidências de treinamento interno dos usuários dos equipamentos?

4

10,0%

Quais os procedimentos adotados para a aquisição de equipamentos?

4

10,0%

Existe procedimento de limpeza/higienização dos equipamentos? Quem é responsável?

4

10,0%

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7,5%

2

5,0%

Verificar se existe alguma sistemática de conferência/avaliação dos equipamentos ao serem recebidos no almoxarifado. Há procedimento de recebimento e instalação escritos? Existe procedimento para qualificação de prestadores de serviços e para elaboração de editais?

2

5,0%

2

5,0%

Existe manual de gestão de equipamentos?

1

2,5%

Verificar e analisar os procedimentos sobre qualificação e validação do processo.

1

2,5%

Verificar e analisar os procedimentos sobre calibração.

1

2,5%

Como são feitos os registros dos equipamentos? Se há registros, mantêm histórico dos equipamentos?

1

2,5%

A área técnica participa junto com a manutenção sobre a definição de tolerâncias dos processos?

1

2,5%

Itens da Infraestrutura a serem verificados: a. Grupo Gerador b. Central de Ar Condicionado c. Quadros de distribuição d. Sistema de Aterramento e. SPDA f. Sistema de Incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros.

1

2,5%

40

100%

Como é feito a retirada do equipamento de uso (obsolescência)? Verificar e analisar os procedimentos sobre manutenção interna e externa, se possuem contratos?

Total

112

Fonte: CGSH/DAHU/SAS/MS

_____________________________________________________ Anais VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Florianópolis – 2014

Tabela 1 – Resultado dos itens com maior número de conformidades assinaladas Fonte: CGSH/DAHU/SAS/MS


5 Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Verificou-se que a existência de equipe interna defilação ao total possível de 270 respostas tem como resulnida para de equipamentos é o item compara maior 14,81%. Verificou-se que aa gestão existência de equipe interna definida a gestãotado de equipamentos é o item com maior percentual de conformidade correspondendo 20% do total. Além disso, Na as 40 conformidades em relaçãoosaoitens que tiveram percentual deapontada, conformidade apontada, acorrespondendo tabela 2 estão descritos total possível dea 270 respostas tem como resultado 14,81%. 20% do total. Além disso, as 40 conformidades em remaior quantidade de não conformidades marcadas. Na tabela 2 estão descritos os itens que tiveram maior quantidade de não conformidades marcadas. Tabela 2 – Resultado dos itens com mais não conformidades assinaladas Não Conformidade

Itens da Lista de Verificação

Percentual em relação ao total

A área técnica participa junto com a manutenção sobre a definição de tolerâncias dos processos?

17

15%

Existe manual de gestão de equipamentos?

12

10%

Existe procedimento para qualificação de prestadores de serviços e para elaboração de editais?

10

9%

Há evidências de treinamento interno dos usuários dos equipamentos?

9

8%

Quais os procedimentos adotados para a aquisição de equipamentos?

9

8%

9

8%

8

7%

7

6%

6

5%

Como é feito a identificação dos equipamentos? Também estão inclusos os equipamentos em comodato?

5

4%

Existe procedimento de limpeza/higienização dos equipamentos? Quem é responsável?

5

4%

Como é feito a retirada do equipamento de uso (obsolescência)?

5

4%

5

4%

5

4%

4

3%

116

100%

Verificar e analisar os procedimentos sobre calibração. Verificar se existe alguma sistemática de conferência/avaliação dos equipamentos ao serem recebidos no almoxarifado. Há procedimento de recebimento e instalação escritos? Verificar e analisar os procedimentos sobre qualificação e validação do processo. Itens da Infraestrutura a serem verificados: a. Grupo Gerador b. Central de Ar Condicionado c. Quadros de distribuição d. Sistema de Aterramento e. SPDA f. Sistema de Incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros.

Verificar e analisar os procedimentos sobre manutenção interna e externa, se possuem contratos? Como são feitos os registros dos equipamentos? Se há registros, mantêm histórico dos equipamentos? Existe equipe interna de gestão/manutenção? Se existe, qual a formação da equipe? Total

Fonte: CGSH/DAHU/SAS/MS

Tabela 2 – Resultado dos itens com mais não conformidades assinaladas Fonte: CGSH/DAHU/SAS/MS

O item com maior número de não conformidades é o que discorre sobre a participação da área técnica em conjunto com a gestão de equipamentos na definição de tolerâncias de processos, correspondendo a 15% do total. Neste caso, as 116 não conformidades em relação ao total possível de 270 respostas tem como resultado de 42,96%, ou seja, um valor muito maior que o de conformidades encontradas.

_____________________________________________________

113


O item com maior número de não conformidades é o que discorre sobre a participação da área técnica em conjunto com a gestão de equipamentos na definição de tolerâncias de processos, correspondendo a 15% do total. Neste caso, as 116 não conformidades em relação ao total possível de 270 respostas tem como resultado de 42,96%, ou seja, um valor muito maior que o de conformidades encontradas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os resultados da tabela 1, nota-se que mais de 60% das conformidades estão restritas a 5 itens da lista de verificação. Vale ressaltar que a quantidade de conformidades em relação ao total de respostas alcança aproximadamente 15%, o que corresponde a um valor muito baixo. Já o resultado da tabela 2 permite inferir que a quantidade de não conformidades estão melhor distribuídas que a de conformidades. Isto reforça o grande volume de não conformidades obtidas, chegando a quase 43% do total de respostas possíveis. Pode-se afirmar ainda que os dois primeiros itens de maior número de não conformidades encontrados definem que a gestão de equipamentos deve reforçar sua existência dentro do serviço. Devem ser confeccionados procedimentos padronizados em documentos, com definição de responsabilidade e autoridade dentro do fluxo de trabalho global do hemocentro. Com o resultado exposto, o Ministério da Saúde pode focar o esforço de qualificação da hemorrede pública do país do ponto de vista da gestão de equipamentos. Devem ser incentivados cursos e treinamentos que permitam buscar a correção das não conformidades encontradas. O programa de visitas técnicas deve ser mantido, de modo a permitir que, ao menos uma vez ao ano, todos os hemocentros coordenadores do país possam ser visitados e sejam orientados de como agir para sanar as não conformidades que venham a acontecer.

REFERÊNCIAS

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114

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MAIA, A. P. et al. Guia para Elaboração do Plano de Gestão de Equipamentos para serviços de Hematologia e Hemoterapia. Brasilia: Editora do Ministério da Saúde, 2012.


RECURSOS FÍSICOS HOSPITALARES NO BRASIL: um estudo bibliométrico Patricia Bover Draganov Enfermeira e Arquiteta, Mestre Ricardo Quintão Vieira Bibliotecário e Enfermeiro Maria Cristina Sanna Enfermeira, Doutora

RESUMO O presente trabalho teve como objetivo identificar a produção científica brasileira em teses e dissertações no repositório da CAPES e IBICT sobre recursos físicos em ambientes hospitalares através de estudo bibliométrico. Foram consideradas as variáveis de ano de defesa, unidade da federação, titulação acadêmica, método, programa de pós-graduação e palavras-chaves. Como resultado foram identificadas 76 publicações na área da arquitetura provenientes da região Sudeste. Após a classificação temática, observou-se que a produção concentra-se nas pós-graduações da área de atenção à saúde. Costatou-se que houve poucos estudos sobre o tema de autoria de pesquisadores com formação inicial nas ciências da saúde. Palavras-chave: Engenharia hospitalar, Arquitetura hospitalar, Estudo bibliométrico.

ABSTRACT

PHYSICAL RESOURCES HOSPITAL IN BRAZIL: a bibliometric study To identify the Brazilian scientific production in dissertations and theses in the CAPES and IBICT repositories about Physical Resources in hospital environments. It is a bibliometric study based on variables of year of defense, State, academic titles, method, postgraduate program and keywords. A total of 76 publications from the Southeast, concentrated in

the area of ​​Architecture. After subject classification, we found that physical resource in the hospital setting in the area of ​​health care atention. There have been few studies on the subject authored by researchers with initial graduation in the health sciences. Keywords: Hospital design and construction, Health architecture, Technology and innovation indicators.

INTRODUÇÃO

Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) é a denominação dada a qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde que demande o acesso de pacientes, em regime de internação ou não, qualquer que seja o seu nível de complexidade (BRASIL, 1995). Ao longo dos anos, os EAS sofreram transformações motivadas pelo contexto social e marcadas por normas, portarias e resoluções. A primeira publicação oficial sobre “Normas de Construção em Hospitais” foi elaborada em 1974 (BRASIL, 1974). Três anos depois, em 1977, foi editada publicação denominada “Normas e Padrões de Construção e Instalação de Serviços de Saúde” (BRASIL, 1977), concebida para descrever terminologias e orientar a construção e a instalação de serviços de saúde, de modo que a linguagem fosse homogeneizada (LIMEIRA, 2006; SANNA, 2002). Destaque-se que a referida publicação teve, como protagonista do projeto, uma enfermeira. Em 1978, foi desenvolvido o manual denominado “Construção e Ins-

115


talação de Serviços de Saúde”, sustentado pela Portaria 400, publicada em 1978 (BRASIL, 1978), que viria a ser substituída pela Portaria 1884/GM em 1994. Em 1999, foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), tendo a competência de regulamentar e fiscalizar as atividades concernentes à saúde pública. Em 2002, esse órgão publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 50/2002, publicada pela portaria GM/MS n° 554 de 19 de março de 2002 (BRASIL, 2002). Atualmente a normatização básica para projetos arquitetônicos e de instalações da rede física de assistência à saúde estão sob sua regulação. Sob a ótica histórica, os EAS sempre foram espaços marcados pelas relações interpessoais e palco para a formação e o desenvolvimento de profissionais da área da saúde. A enfermagem, por exemplo, participa das tomadas de decisão sobre os espaços físicos desde o tempo de Florence Nightingale, no fim do século XIX, que propôs transformações no ambiente hospitalar (OGUISSO, 2007). Esse fato histórico certamente inspirou a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem brasileira (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 1986), que define explicitamente que o enfermeiro deve participar de projetos de reforma e construção de EAS. Diante do quadro de responsabilidades dos profissionais de arquitetura, de enfermagem e gestores de saúde em acompanhar projetos de recursos físicos em áreas hospitalares, levantaram-se as seguintes questões: Como essa temática tem se refletido na academia? Com o que cada área do conhecimento tem contribuído para o desenvolvimento científico dessa questão no Brasil? Como a produção científica sobre arquitetura hospitalar tem se distribuído nas regiões brasileiras, ao longo dos anos, nos programas de pós-graduação? O que a enfermagem, grupo profissional de maior contingente de recursos humanos da área hospitalar e que ocupa ou utiliza a maior parte dessas instalações físicas, tem produzido na academia sobre essa temática? Os estudos sobre a produção de documentação científica e apropriação social do conhecimento podem utilizar os métodos bibliométricos para investigar as tendências sobre o comportamento de pesquisa. A bibliometria é uma técnica de medida de índices de produção e dispersão do conhecimento produzido (ARAÚJO, 2006).

116

Seu resultado pode ser analisado sobre diversas óticas, tais como da Ciência da Informação, da Recuperação da Informação, da Cienciometria, da Infometria, da Tecnometria e da Sociologia da Ciência (SILVA, 2011). A presente pesquisa objetivou caracterizar a produção científica sobre recursos físicos hospitalares em teses e dissertações brasileiras, além de construir um mapa conceitual com os resultados da análise temática.

2 MÉTODO

Para a coleta de dados, foram utilizadas as bases do Banco de Teses da CAPES e a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) do IBICT. Foram realizadas buscas bibliográficas por meio dos termos “Arquitetura(s)” e “Hospital(is)”, sem recorte temporal e apenas resumos com intrínseca ligação com o tema “Arquitetura Hospitalar”. Após a busca e recuperação dos dados, foram localizados e selecionados 75 estudos datados de 1995 a 2011. Após a leitura dos metadados das bases e resumos, criou-se uma planilha contendo as seguintes variáveis: ano de defesa, unidade da federação sede do programa de pós-graduação, titulação acadêmica obtida, metodologia utilizada, nome do programa de pós-graduação e palavras-chave empregadas. Cada variável coletada foi analisada por meio de cálculo de frequência absoluta e relativa. As palavras-chave passaram por tratamento terminológico por meio de vocabulário controlado – o Tesauro Preliminar do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009). Para isso, as palavras-chave foram comparadas aos “Termos Simples”, “Termos Gerais” e “Categorias” presentes no tesauro, formando três listas de análise temática, que vão da específica à geral. Após a hierarquização dos termos, foi utilizado o programa “Cmap Tools” para descrição gráfica dos resultados da distribuição temática. Os dados foram, então, discutidos com base na literatura científica disponível sobre o assunto.

Associação B

Oeste (5,3%) localizado gr

As d Urbanismo", (6,7%); "Saú "Bioengenha Ambiente", c

Em um total de “Hospital”, c cinco (2,4%) “Ambiente “Ergonomia” Construção”

Apó 31 (24,6%) p Tabela 2 e di 15 (14,7%); “ Trabalho”, co duas (2,0%) c

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram selecionados 75 resumos que trataram da arquitetura ou ambientação hospitalar, sendo 65 (86,7%) de dissertações de mestrado e 10 (13,3%) de teses de

Por sete grupam “Administraç Saúde”, “Vig


e Ambiente”, com um (1,3%) cada. doutorado. A distribuição temporal da produção científica resultou nos seguintes dados: a década de 1990 teve Em relação às palavras-chave, o levantamento efesete (9,3%) produtos; a de 2000 teve 52 (69,3%) e a de tuado apresentou o conjunto de 126 palavras diferentes 2010 teve 16 (21,3%). Esses resultados indicam que os em um total de 211. As palavras-chave mais frequendois primeiros anos desta última década produziram tes foram: “Arquitetura Hospitalar”, com 30 (14,2%) 30% do total da anterior, indicando projeção bibliomémenções; “Hospital”, com 15 (7,1%); “Arquitetura”, com trica de aumento quantitativo de cerca de 20%. 13(6,2%); “Humanização”, com 3oito (3,8%); “Edifício As unidades da federação em que se situam as sedes Hospitalar”, com cinco (2,4%); “Conforto Ambiental”, ssociação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar dos programas de pós-graduação onde foram defendicom quatro (1,9%); “Arquitetura Moderna” e “História”, este (5,3%). Era esperado que a região maior quantitativo visto que“Ambiente nessa áreaHospitalar”, está dos os produtos de Sudeste pesquisaproduzisse analisados foram: Rio de de pesquisas, com três (1,4%); “Arquitetura de calizado grande parte dos programas de pós-graduação (CARMO, Janeiro, com 26 (34,7%); São Paulo, com 252013). (33,3%); Hospitais”, “Comportamento Humano”, “Cor”, “Edifício de Distritodos Federal, Minas e Rio Grande do Sul, com As denominações programas deGerais Pós-graduação responsáveis pela produção temática foram "Arquitetura Saúde”, “Ergonomia”, “IluminaçãoeNatural”, “João Filgueiquatro (5,3%) cada; Paraíba e Santa Catarina, com três "Engenharia rbanismo", com 47 (62,7%) produtos; "Engenharia Civil", com sete (9,3%); Produção", comPública”, cinco “Saúde” e “Técnicas ras Lima”,de“Projeto”, “Saúde 6,7%); "Saúde Pública", (4,0%); do "Engenharia "História" e "Psicologia", com dois (2,7%) cada, e (4,0%)com cada;três Rio Grande Norte, comCivil", dois (2,7%); além de Construção”, com duas (0,9%). O restante das 106 paBioengenharia", "Design", "Dinâmica Espaço Habitado", "Enfermagem", "Hospitalidade" e "Saúde e de Alagoas, EspíritodoSanto, Maranhão e Paraná, com um "Filosofia", lavras, citadas apenas uma vez cada, equivaleu a 50,2% mbiente", com um (1,3%) cada. (1,3%) cada. A região Sudeste, portanto, foi responsável do total. Em relaçãopor às palavras-chave, o levantamento efetuadopelas apresentou 74,7% da produção nacional, seguida regiõeso conjunto de 126 palavras diferentes em Após a classificação das palavras-chave, efetuada m total de 211. As mais(9,3%) frequentes foram: “Arquitetura Sul palavras-chave (10,7%), Nordeste e Centro-Oeste (5,3%). Era Hospitalar”, com 30 (14,2%) menções; empregando-se Tesauro Preliminar do Ministério da Hospital”, com 15 esperado (7,1%); “Arquitetura”, 13(6,2%); “Humanização”, com oito (3,8%); “EdifíciooHospitalar”, com que a região com Sudeste produzisse maior quantiSaúde, 31 (24,6%) apresentaram 39 Termos nco (2,4%); “Conforto Ambiental”, com quatro (1,9%); “Arquitetura Moderna” e “História”, compalavras três (1,4%); tativo de pesquisas, visto que nessa área está localizado Ambiente Hospitalar”, “Arquitetura de Hospitais”, “Comportamento Humano”, “Cor”, “Edifício de Saúde”, Gerais diferentes (Tabela 1), com 102 (48,3%) menções, grande parte dos programas de pós-graduação (CARMO, Ergonomia”, “Iluminação Natural”, “João Filgueiras Lima”, “Projeto”, “Saúde Pública”, “Saúde” e “Técnicas de apresentadas na Tabela 2 e distribuídos da seguinte 2013). onstrução”, com duas (0,9%). O restante das 106 palavras, citadas apenas uma vez forma: cada, equivaleu a 50,2% do total. “Vigilância Sanitária”, com 24 (23,5%) menções; As denominações dos programas de Pós-graduação Após a classificação das palavras-chave, efetuada empregando-se o Tesauro“Instituições Preliminar dode Ministério Saúde, Saúde”, da com 15 (14,7%); “Ciências Soprodução temática foram(Tabela “Arquitetura 1 (24,6%) palavrasresponsáveis apresentarampela 39 Termos Gerais diferentes 1), com 102ciais (48,3%) menções, apresentadas na “Integralidade”, com Aplicadas”, com 14 (13,7%); e Urbanismo”, 47 (62,7%) produtos; “Engenharia Ci- menções; “Instituições de Saúde”, com abela 2 e distribuídos da seguintecom forma: “Vigilância Sanitária”, com 24 (23,5%) oito (7,8%); “Vigilância do Ambiente de Trabalho”, com vil”, com sete (9,3%);com “Engenharia de Produção”, com cin5 (14,7%); “Ciências Sociais Aplicadas”, 14 (13,7%); “Integralidade”, com oito (7,8%); “Vigilância do Ambiente de três (2,9%); “Acidentes e Violência”, “Direito na Saúde”, rabalho”, com trêsco (2,9%); “Acidentes e Violência”, “Direito na Saúde”, “Políticas Públicas em Saúde” e “Saúde”, com (6,7%); “Saúde Pública”, com três (4,0%); “Engenharia “Políticas Públicas em Saúde” e “Saúde”, com duas (2,0%) uas (2,0%) cada. OCivil”, restante dos 30 Termos Gerais, citados uma(2,7%) vez cada, somou “História” e “Psicologia”, com dois cada, e 29,4% do total. cada. O restante dos 30 Termos Gerais, citados uma vez “Bioengenharia”, doosEspaço Tabela 1. Termos“Design”, Gerais de“Dinâmica acordo com TermosHabitaSimples no Tesauro do MS cada, somou 29,4% do total. do”, “Enfermagem”, “Filosofia”, “Hospitalidade” e “Saúde Dezembro 2013

Termos Gerais

N

%

Vigilância sanitária

24

23,5

Instituições de saúde

15

14,7

Ciências sociais aplicadas

14

13,7

Integralidade

8

7,8

Vigilância do ambiente de trabalho

3

2,9

Acidentes e violência

2

2,0

Direito na saúde

2

2,0

Políticas públicas em saúde

2

2,0

Saúde

2

2,0

30

29,4

102

100,0

Restantes (1 citação cada) Total Fonte: os autores

Tabela 1. Termos Gerais de acordo com os Termos Simples no Tesauro do MS Dezembro 2013 Fonte: os autores

Por sua vez, a análise de 26 (20,6%) das palavras-chaves, com 62 (29,4%) menções, permitiu a organização de ete grupamentos diferentes, com 81 menções, distribuídos da seguinte forma: “Atenção à Saúde”, com 29 (35,8%); Administração em Saúde”, com 26 (32,1%); “Identificadores e Modificadores”, com 16 (19,8%); “Políticas Públicas em aúde”, “Vigilância em Saúde”, com quatro (4,9%) cada; “Economia da Saúde” e “Ética e Bioética” com uma (1,2%)

117


Após a classificação das palavras-chave, efetuada empregando-se o Tesauro Preliminar do Ministério da Saúde, (24,6%) palavras apresentaram 39 Termos Gerais diferentes (Tabela 1), com 102 (48,3%) menções, apresentadas na ela 2 e distribuídos da seguinte forma: “Vigilância Sanitária”, com 24 (23,5%) menções; “Instituições de Saúde”, com (14,7%); “Ciências Sociais Aplicadas”, com 14 (13,7%); “Integralidade”, com oito (7,8%); “Vigilância do Ambiente de balho”, com três (2,9%); “Acidentes e Violência”, “Direito na Saúde”, “Políticas Públicas em Saúde” e “Saúde”, com s (2,0%) cada. O restante dos 30 Termos Gerais, citados uma vez cada, somou 29,4% do total. Tabela 1. Termos Gerais de acordo com os Termos Simples no Tesauro do MS Fonte: os autores

Por sua vez, a análise de 26 (20,6%) das palavras-chaves, com 62 (29,4%) menções, permitiu a organização de Por sua vez, a análise de 26 (20,6%) das palavras“Identificadores e Modificadores”, com 16 (19,8%); “Poe grupamentos diferentes, com 81 menções, distribuídos da seguinte forma: “Atenção à Saúde”, com 29 (35,8%); (29,4%) “Identificadores menções, permitiu a organiza- com 16 (19,8%); “Políticas Públicas em ministração em chaves, Saúde”,com com 62 26 (32,1%); e Modificadores”, líticas Públicas em Saúde”, “Vigilância em Saúde”, com ção de sete grupamentos diferentes, com 81 menções, de”, “Vigilância em Saúde”, com quatro (4,9%) cada; “Economia da Saúde” e “Ética e Bioética” com uma (1,2%) quatro (4,9%) cada; “Economia da Saúde” e “Ética e Biodistribuídos da seguinte forma: “Atenção à Saúde”, com nção cada (Tabela 2). 29 (35,8%); “Administração em Saúde”, com 26 (32,1%); ética” com uma (1,2%) menção cada (Tabela 2). Tabela 2. Categorias de acordo com os Termos Simples do Tesauro do MS Dezembro 2013

Categoria

N.

%

Atenção à saúde

29

35,8

Administração em saúde

26

32,1

Identificadores e modificadores

16

19,8

Políticas públicas em saúde

4

4,9

Vigilância em saúde

4

4,9

Economia da saúde

1

1,2

Ética e bioética

1

1,2

81

100,0

Total Fonte: os autores

Tabela 2. Categorias de acordo com os Termos Simples do Tesauro do MS Dezembro 2013 Fonte: os autores

A leitura e interpretação dos dados anteriormente descritos permitiu observar que o tema recurso físico em A interesse leitura e principalmente interpretação dos dados anteriormente de produção acadêmica sobre infraestrutura em saúde. A biente hospitalar é de das pós-graduações da área da atenção à saúde, porém merecendo permitiu observar queinicial o tema em Grande bibliometria ser ofoiponto de partida para demarcar uca dedicação dedescritos pesquisadores com formação emrecurso ciênciasfísico da saúde. parte dospode estudos realizado pesquisadores da área da Arquitetura Urbanismo, da área dedas Engenharia. ambiente hospitalar ée de interesseseguidos principalmente lacunas nas diversas áreas do conhecimento, como foi o pós-graduações da área da atenção à saúde, porém merecaso do presente trabalho, em que foi possível diagnoscendo pouca dedicação de pesquisadores com formação ticar o interesse da academia sobre os recursos físicos 4 CONCLUSÃO inicial em ciências da saúde. Grande parte dos estudos hospitalares. O presente estudo, ao indicar o estado atual _____________________________________________________ foi realizado por pesquisadores da área da Arquitetura e da produção científica nesse campo, poderá despertar o Anais VI Congresso para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar Urbanismo, seguidosBrasileiro da área de Engenharia. interesse de investigadores em tema tão relevante. Florianópolis – 2014

4 CONCLUSÃO

A partir dos dados observados nos resumos de teses e dissertações, foi possível caracterizar a produção acadêmica no nível de pós-graduação lato senso referente aos recursos físicos hospitalares como sendo quantitativamente crescente, denotando acompanhamento da academia em relação às mudanças e demandas sociais sobre os recursos físicos hospitalares. Nota-se a preocupação dos pós-graduandos das áreas de arquitetura e urbanismo com o desenvolvimento de pesquisas voltadas para os recursos físicos hospitalares, o que não ocorreu na mesma intensidade na enfermagem, pelo menos no nível acadêmico. O método bibliométrico utilizado foi de fundamental importância para a indicação de parâmetros numéricos 118

REFERÊNCIAS

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INOVAÇÕES EM CONCEPÇÃO DE RESULTADOS PARA ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE: a excelência da gestão do espaço físico-sócio-cultural para a mobilidade de pessoas e tecnologias médico-hospitalares Otavino Alves da Silva Economista, Mestre

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem por objetivo mostrar que a arquitetura dos espaços em ambientes hospitalares tem estreita convergência, em concepção de resultados, com a engenharia clínica e com o Business Model Generation. Essa convergência possibilitou o design de um sistema de gestão que denominamos “Gestão Procedural de Ativos”, que possui a capacidade para modelar e sistematizar os cuidados aos pacientes em um estabelecimento assistencial de saúde, humanizando a infraestrutura hospitalar. Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Engenharia clínica, Gestão de ativos.

A Resolução da Diretoria Colegiado n. 50, de 2002, da ANVISA (BRASIL, 2002) é a principal norma que regula os procedimentos para construções, reformas, ampliações, instalações e funcionamento de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), norteando os procedimentos de análise, avaliação e aprovação dos projetos técnicos de infraestrutura. O ponto focal de tais projetos é o Programa de Necessidades, que contempla as características e condições necessárias ao desenvolvimento das atividades dos usuários das edificações, definindo o empreendimento a ser realizado. As atividades demandantes de espaços físico-sócio-culturais de ambientes hospitalares, todavia, estão em constante evolução em razão das novas tecnologias médico-hospitalares, requerendo um sistema de gestão próprio. Ao sistema aqui proposto, denominamos “Gestão Procedural de Ativos”, que é consubstanciado na convergência da arquitetura hospitalar com o Business Model Generation (Canvas) e com a Engenharia Clínica. Este artigo trata dessa convergência frente às normas ABNT NBR ISO 55.000, 55.001 e 55.002, publicadas em janeiro/2014 (ABNT, 2014a; 2014b; 2014c).

ABSTRACT

INNOVATION IN RESULT MAKING FOR HEALTHCARE UNITS: the excellence of physical-social-economic space managing for the mobility of people and medical technologies The objective of this article is to show that the architecture of spaces in hospital environments converge to the conception of results with Clinical Engineering and Business Model Generation. This convergence enabled the design of a process and management system called “Procedural Asset Management” with capability to model and systematizes patients´ care. That humanizes the hospital infrastructure and usability of medical-hospital technologies in constant innovation and evolution. Keywords: Hospital architecture, Clinical engineering, Business model generation. 120

2 A GESTÃO DE ATIVOS

Business Model Generation O Business Model Generation, ou Canvas, é um modelo para gerenciar negócios com inovação, desenhado


por Osterwalder e Pigneur (2011) e aplicado por mais de 470 praticantes em 45 países, tendo como um dos fundamentos a cocriação de valor, baseando-se no design thinking, método que visa auxiliar a encontrar novas maneiras de fazer negócios ou de gerenciá-los. O Canvas tem por princípio a utilização da estrutura e funcionamento do cérebro humano: o lado esquerdo contém as funções lógicas, que engloba a racionalidade, e o lado direito contém as funções de emoção, que compreendem valores. É constituído por um quadro composto de nove módulos ou blocos, representando uma ferramenta para promover entendimento, discussão, criatividade e análise crítica. O Canvas tem por princípio procedural (conjunto e duração de diversas fases de um processo derivado de ações com começo, meio e fim) uma sequência de atividades de prospecção e tomada de decisões coletivas, estabelecendo direcionadores para indicação de resultados. Nesse processo, o problema centra-se na disposição das pessoas tornarem-se designers, para levantar questionamentos sobre a melhor forma possível de criar o novo, descobrir o inexplorado, obter o funcional e apresentar novas opções para capturar, criar/gerar e entregar valor de soma positiva. A premissa para adoção do Canvas é ser visionário, inovador, esforçando-se para desafiar os modelos de negócios e gestão de senso comum, projetando empreendimentos de caráter prospectivo. Engenharia Clínica É uma subárea da Engenharia Biomédica que atua nos estabelecimentos assistenciais de saúde. Desenvolve atividades baseadas nos conhecimentos de engenharia e de gerenciamento aplicados nas tecnologias de saúde, proporcionando melhoria e segurança nos cuidados dispensados aos pacientes. O princípio procedural da Engenharia Clínica, para a efetividade das tecnologias de saúde, fundamenta-se nas atividades de aquisição, incorporação, controle/manutenção/segurança, no uso de tecnologias de saúde e análise da sua economicidade. Gestão Procedural de Ativos A Gestão de Ativos, como delineada nas NBR ISO

55.000 e 55.002 (ABNT, 2014a; 2014c), tem por objeto os bens tangíveis e intangíveis de uma organização, pública ou privada. A gestão de ativos tem por princípio organizar a estrutura de governança de riscos para alcançar benefícios tangíveis e a alavancagem de oportunidades, de sorte que o desempenho dos ativos ao longo de sua vida útil não contribua para reduzir o valor da organização.

3 APLICABILIDADE E CORRELAÇÕES ENTRE ARQUITETURA HOSPITALAR, ENGENHARIA CLÍNICA E GESTÃO PROCEDURAL DE ATIVOS

Há uma extensa correlação entre os fundamentos do Canvas e a aplicabilidade dos fundamentos da Arquitetura Hospitalar, da Engenharia Clínica e da Gestão de Ativos. O conhecimento dessas três atividades converge para disciplinar, racionalizar e definir a necessidade, a urgência e a capacidade físico-econômica de instalações e tecnologias em saúde, possibilitando desenvolver processos de integração para maximizar e melhorar resultados, minimizando riscos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prestação de assistência à saúde cada vez mais se integra ao ambiente tecnológico, requerendo a substituição de estruturas funcionais por estruturas procedurais, consolidando e integrando as informações para a tomada de decisões empresariais com enfoque sistêmico. Com sua visão de fluxo dinâmico de cocriação, o Canvas é um modelo inovador, que possibilita a assimilação de informações através da discussão e crítica, permitindo as reestruturações necessárias para atender a complexidade de produção, distribuição e administração da assistência à saúde. Em contextos de incertezas e riscos, a Gestão Procedural de Ativos busca equilibrar o comportamento dos custos de transações, implicando numa melhor alocação de recursos. Ela oferece uma ferramenta de conhecimento sobre a variação de tais custos de acordo com os diferentes arranjos ambientais e organizacionais.

REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 55000: 2014. Gestão de ativos — Visão geral, princípios e terminologia. Rio de Janeiro, 2014a.

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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 55001: 2014. Gestão de ativos — Sistemas de gestão — Requisitos. Rio de Janeiro, 2014b.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 55002: 2014. Gestão de ativos — Sistemas de gestão — Diretrizes para a aplicação da ABNT NBR ISO 55001. Rio de Janeiro, 2014c.

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CENÁRIO DE TRANSFORMAÇÕES ARQUITETÔNICAS NOS HOSPITAIS: o papel da humanização e da hotelaria no tratamento oncológico Hermínia Silva Machry Arquiteta, Mestre

RESUMO As transformações recentes do atendimento médico-hospitalar, sejam sob os aspectos tecnológicos, funcionais, emocionais ou espirituais, impactaram de forma decisiva a configuração arquitetônica dos hospitais. A visão holística em relação ao paciente, do seu processo de tratamento, é uma referência que vem se incorporando na atividade projetual. Isto vem exigindo uma reflexão profunda sobre a humanização, notadamente no serviço de hotelaria hospitalar, indicando novas respostas arquitetônicas aos parâmetros estabelecidos na promoção da saúde. Assumindo o momento de transformação deste cenário, este trabalho vem refletir sobre novos referenciais humanos no tratamento da saúde, buscando compreender como a configuração arquitetônica tem se desenvolvido para dar suporte aos serviços de hotelaria no tratamento oncológico. Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Humanização, Oncologia.

ABSTRACT

SCENARIO OF ARCHITECTURAL TRANSFORMATION IN HOSPITALS: the role of humanization and healthcare hospitality in oncology treatment The healthcare scenario, currently under advances in technological, functional, humain and spiritual aspects, is impacted decisively by the architectural configuration of its Medical facilities. A holistic approach of patient treatment is a benchmark that has its roots in healthcare design, requiring thorough consideration of humanization, Healthcare Hospitality and architectural responses to the new parameters of healthcare. In a

moment of transformation, this paper elaborates by seeking answers on how architectural configuration in healthcare architecture can provide the necessary support to Healthcare Hospitality services in cancer treatment. Keywords: Hospital architecture, Humanization, Oncology.

1 INTRODUÇÃO

A configuração arquitetônica dos hospitais contemporâneos se estrutura a partir das necessidades do tratamento e manutenção da saúde. Por esse motivo, as transformações recentes do atendimento médico-hospitalar, sejam sob os aspectos tecnológicos, funcionais, emocionais ou espirituais, impactam de forma decisiva sobre as respostas arquitetônicas na configuração dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). A visão holística em relação ao paciente, do seu processo de tratamento, é um referencial que se incorpora na atividade projetual, exigindo uma reflexão profunda sobre as respostas arquitetônicas aos novos parâmetros de promoção da saúde. Assumindo o momento de transformação que estamos vivendo, este trabalho vem refletir sobre os novos referenciais humanos no tratamento da saúde e, principalmente, sobre as respostas arquitetônicas geradas nos edifícios hospitalares.

2 O REFERENCIAL DE QUALIDADE NO TRATAMENTO À SAÚDE

Até os anos 1970, o parâmetro qualitativo na assistência médico-hospitalar era o corpo clínico dos hospitais, ou seja, a competência da sua equipe médica. Quan-

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do a evolução acelerada da tecnologia permitiu uma melhor compreensão do corpo humano, através dos variados equipamentos de diagnóstico por imagem, a qualidade assistencial passou a ser avaliada pela união do corpo clínico com as ferramentas tecnológicas disponíveis. O período de foco na tecnologia durou até os anos 1990, momento em que o referencial de qualidade de tratamento em um hospital se transformou gradualmente no que conhecemos hoje como humanização. Este conceito estabeleceu novos paradigmas programáticos e dimensionais nos hospitais, originando grandes transformações nos seus edifícios.

3 TRATAR, ATENDER, INTEGRAR, HUMANIZAR

Para os hospitais, a humanização é uma condicionante de projeto de ordem ambiental muito discutida, estando relacionada ao atendimento das necessidades psicológicas de bem-estar dos usuários. Muitas reformas têm sido executadas para retirar do hospital a sua associação com ambiente da doença, trazendo aos seus espaços referenciais mais intimistas, ligados a aspectos residenciais. A arquitetura, enquanto meio de consolidação e funcionamento destes referenciais, vem concretizar esse panorama, tanto ao nível da ambiência como do edifício. Esses lugares [Hospitais] não são nada parecidos com a nossa casa, sobretudo pela questão do aconchego e bem-estar. Porém, a medicina já vem se preocupando, há algum tempo, com a arquitetura desses ambientes de saúde. O objetivo desse cuidado é evitar ainda mais sofrimento e desgaste psicológico do enfermo, fazendo com que o conforto do espaço auxilie no tratamento e até na recuperação do paciente, [...] para que o paciente se sinta o mais próximo possível de sua casa, mesmo estando em um quarto de hospital; tendo, portanto, familiaridade e segurança. (CRUZ, 2012). De acordo com Malkin (apud RIBEIRO, 2008), pesquisas apontam para a ligação do emocional das pessoas com o adoecer e indicam que ações curativas devem ser desenvolvidas em ambientes que promovam a redução do estresse e envolvam os sentidos de modo terapêutico. Um novo modelo de hospital está se desenvolvendo para se adequar às premissas da humanização, que é de124

fendida por estudos e pesquisas acerca da arquitetura de instituições de saúde. Como a ciência e a tecnologia, já tão intrínsecas no cotidiano médico-hospitalar, a abordagem holística do paciente passou a desafiar o processo projetual do edifício, motivando a sua transformação. Grande parte das reformas em hospitais está ocorrendo devido à busca da qualidade espacial referenciada na humanização, haja vista o aumento do grau de exigência dos usuários. De acordo com Ribeiro (2008), além dos avanços tecnológicos ocorreram mudanças também na mentalidade dos pacientes, que se tornaram mais conscientes e exigentes em relação aos serviços prestados e aos espaços físicos, passando escolhê-los pelo conforto, limpeza e segurança que proporcionam. A busca pela humanização e por padrões que a estabeleçam veio como uma resposta a esse novo perfil de usuário. Segundo Oliveira, Collet e Veira (2006), a comunicação é fator imprescindível para o estabelecimento da humanização, assim como as condições técnicas e materiais. Humanizar significa [...] dar lugar tanto à palavra dos usuários quanto aos profissionais de saúde, de forma que possam fazer parte de uma rede de diálogo, que pense e promova as ações, campanhas, programas e políticas assistenciais a partir da dignidade ética da palavra, do respeito, do reconhecimento mútuo e da solidariedade. (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006) Dentro da visão holística em relação à cura dos pacientes, a atividade projetual passou a observar o tratamento da saúde enquanto um processo que extrapola a ciência e entra na esfera emocional, onde o estado mental atua como ferramenta importante no restabelecimento. Entende-se que os pacientes, ao serem introduzidos no ambiente hospitalar, deixam em seus lares elementos essenciais ao bem-estar, como a família, os amigos, hábitos e lazer. Em uma situação de desconforto físico há uma tendência de acentuação desse afastamento. No intuito de manter o indivíduo motivado e acelerar o seu processo de cura e recuperação, o atendimento humanizado busca trazer ao paciente o que lhe é familiar, tornando-o apto a tomar decisões, a gozar do convívio familiar, a manter seus hábitos e, consequentemente, como


resultado do maior equilíbrio emocional, a ser agente da própria cura. No campo do atendimento, uma estratégia para atingir esse equilíbrio é a reformulação do serviço de hotelaria nos hospitais, onde o atendimento às necessidades emocionais é foco central. Ao oferecer serviços como gastronomia (cardápio flexível e personalizado), entretenimento, caixa eletrônico, comércio (lojas de todos os tipos e vitrines como estratégia de distração nos corredores), biblioteca (acesso à informação), presença da família ampliada (mudança do padrão dimensional em casos específicos), passa-se a estabelecer uma relação de interatividade entre o paciente e a instituição, tanto na sua dimensão assistencial quanto na espacial. Afasta-se a idéia de que o paciente é um objeto sendo manipulado. No campo da arquitetura, enquanto idealizadora do cenário desta interação, cabe interpretar as necessidades ampliadas dos usuários e reformular o programa e o dimensionamento das áreas, que agora extrapolam o parâmetro técnico-científico, integrando-se ao campo da psicologia ambiental.

4 A HOTELARIA HOSPITALAR

Recentemente o hospital passou a desempenhar outras funções, além daquelas ligadas ao apoio ao diagnóstico e tratamento, abrigando atividades nitidamente de geração de conforto e bem-estar. Entre elas estão as da hotelaria hospitalar, “[...] desenvolvidas ao receber, hospedar e alimentar pacientes e acompanhantes” (TOLEDO, 2002). Segundo Boeger (2009), a moderna hotelaria hospitalar estabelece um cuidado muito mais abrangente que os objetivos de cura, assumindo que o paciente tem diversas necessidades além das físicas. A hotelaria tem a capacidade de melhorar o atendimento ao paciente considerando a diversidade de experiências vividas entre a internação e a alta. Boeger (2009) comenta que a hotelaria pode ser referenciada como grande transformador da arquitetura dos hospitais, na medida em que ajuda a repensar os antigos padrões arquitetônicos, como corredores extensos, acabamentos brancos e sem vida, quartos de internação enclausurados. A nova geração de EAS, apoiada pela hotelaria hospitalar e baseada em cuidados focados no paciente, se

transformou em verdadeiros “[...] santuários espirituais, com jardins, fontes, luz natural, arte e música [...]” (RIBEIRO, 2008). Nesse sentido, o planejamento do espaço físico não se restringe aos benefícios ao paciente mas a todos os envolvidos, como acompanhantes, equipe de saúde e demais funcionários. Hoje é possível notar que a hotelaria hospitalar é um serviço que ultrapassa os limites das áreas de internação, estendendo sua atuação a todos os usuários (não apenas pacientes), oferecendo serviços em todas as áreas do hospital. A seguir será mostrado como ela foi conceituada enquanto apoio ao tratamento do câncer, tão marcado pelo sofrimento prolongado e pela agressividade em relação a fisiologia do paciente.

5 NECESSIDADES ESPECÍFICAS DO PACIENTE DE ONCOLOGIA E AS RESPOSTAS ARQUITETÔNICAS

Por ser um edifício complexo, o projeto de um hospital leva em consideração elementos padronizados, que respondem a necessidades genéricas. O paciente que chega ao hospital, contudo, não é genérico, ele tem necessidades específicas que precisam ser consideradas. Na tentativa de compreender as necessidades específicas dos pacientes oncológicos no seu processo de cura e reabilitação, foi pesquisado como a arquitetura contemporânea reconhece o caráter humano e trabalha com a hotelaria hospitalar para melhorar a qualidade no atendimento integrado do indivíduo. O paciente de oncologia tem sido foco de atenção na arquitetura hospitalar, na medida em que representa uma demanda assistencial em pleno crescimento. Seu tratamento é longo e doloroso, demandando extremo cuidado em relação ao aspecto emocional. Hospitais modernos têm investido fortemente na transformação física de ambientes na área oncológica, resgatando nas áreas de quimioterapia as relações interior-exterior (luz natural e transparência), a privacidade, a flexibilidade (opção por boxes individuais ou coletivos), o conforto ambiental (controle individual de luz e temperatura) e a espiritualidade (estimulando a meditação através de símbolos e contato com a natureza). Alguns hospitais demonstram estas intenções em áreas de quimioterapia, como é o caso do Complexo Hospitalar MD Anderson, localizado em Houston, Texas; do 125


Hospital Northern Westchester, de Nova Iorque, e o Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula, em São Paulo. Nestas instituições, o aspecto emocional foi tratado de formas variadas, ao trazer para o edifício elementos do cotidiano, como comércio (praças com lojas e coffee shop) (ver figura 1); entretenimento (vídeo nas poltronas ou nos boxes de quimioterapia, salas de jogos, salas de estética, biblioteca); áreas para meditação e contato direto com a natureza (jardins com espelho d’água e espaços de estar junto às recepções e esperas) (ver figura 2), além de funcionalidades que permitem a independência e privacidade do paciente (como o controle individual de temperatura e de iluminação).

iluminação artificial zenital, inclusive com imagens (ver figura 3). Esta solução amplia verticalmente os ambientes, afastando a ideia de que se está abaixo do nível do solo – o que poderia ativar a claustrofobia em alguns usuários.

Figura 3: Hospital Northern Westchester, Nova Iorque. Sala de Radioterapia (Acelerador Linear) no Subsolo com a iluminação artificial simulando o céu. Fonte: Acervo Duarte Schahin Arquitetura

6 CONCLUSÕES

Figura 1: MD Anderson, Houston, Texas. Praça com comércio e serviços. Fonte: Acervo Duarte Schahin Arquitetura

Figura 2: Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula, São Paulo. Jardim junto à entrada principal Fonte: Acervo Duarte Schahin Arquitetura

Em áreas de exames e tratamento de radioterapia, comumente localizadas no subsolo devido à suas necessidades estruturais e de proteção (paredes espessas de concreto), o tratamento de humanização pode focar na 126

Através desta breve demonstração da interface entre arquitetura, humanização, hotelaria e tratamento oncológico, foi possível perceber que a qualidade do atendimento hospitalar necessita de um estudo profundo sobre as necessidades de cada tipo de paciente. Cada especialidade atende tipos diferentes de pessoas, em situações que requerem olhares cuidadosos para o estabelecimento de novos paradigmas, tanto de atendimento como de ambiência. É flagrante, nos dias de hoje, a necessidade da busca por respostas arquitetônicas mais completas, que vão além das normas e requisitos mínimos dos espaços, auxiliando o indivíduo de forma concreta no seu tratamento e reabilitação. Segundo Matos (apud RIBEIRO, 2008), uma cultura de humanização leva tempo para ser construída e envolve um processo de conscientização e sensibilização, sendo de fundamental importância o envolvimento de todos os atores do sistema de saúde. O aprimoramento da interação profissional-cliente é uma das mais importantes facetas da humanização da assistência. Entende-se que as respostas arquitetônicas às exigências de humanização e, mais especificamente, à me-


lhoria da qualidade dos serviços de hotelaria hospitalar, devem ser idealizadas com a intenção de interpretar de forma global e completa as necessidades dos usuários.

(Mestrado), PROARQ, UFRJ. Rio de Janeiro: FAU/UFRJ-PROARQ, 2002.

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RIBEIRO, Lissandra M. Humanização do Espaço Arquitetônico em Unidade de Hemodiálise. Monografia (Especialização). Salvador: Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, 2008.

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TOLEDO, Luis Carlos. Feitos para curar: arquitetura hospitalar e processo projetual no Brasil. Dissertação

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Tendencias y estrategias en el diseño y la operación de los edificios para la Salud Rita Comando Arquitecta, Especialista

RESUMEN En estos últimos años se han sucedido grandes cambios que han contribuido a las transformaciones de las Instituciones de Salud, de los cuales no hemos sido ajenos en Argentina y Sud América, ya que estamos insertos en una realidad compleja, dinámica e interdependiente. En este trabajo, planteamos los cambios más significativos en los edificios para la salud, que marcan la tendencia en su diseño y operación. La planificación hospitalaria desarrolló el concepto de sistema de atención donde el resultado no será solo un producto, el “Hospital”, sino que este está integrado dentro de una región y caracterizado por el modelo prestacional al que pertenece, entendiendo que conforma una red de servicios y cumple un rol de nodo. La tipología edilicia se transformó del hospital sistémico de los ochenta, producto del desarrollo del modelo de traza reticular que se establecía a partir de una trama generada por una serie de sub tramas: funcional, instalaciones, circulatoria, estructural, donde se organizaban los procesos clínicos y de recorridos, a la implementación de la planificación estratégica. Producto de ella será la elaboración del plan director o maestro, que es un plan estratégico de carácter político, médico y financiero, que permite la revisión permanente de la forma de usar el edificio, sus instalaciones y equipamiento, teniendo en cuenta los medios necesarios para lograr las metas y los objetivos planteados. Esto permitirá optimizar los recursos, prever los cambios y el crecimiento del edificio. Palabras clave: Diseño hospitalar, Gestión, Salud. 128

ABSTRACT

TRENDS AND STRATEGIES IN HEALTH BUILDING DESIGN AND OPERATION In recent years, continuous changes have contributed to important transformations in health care institutions. Argentina and South America have not been indifferent to these changes, as we are embedded in a complex, dynamic, and interdependent reality. This paper describes the most significant improvements in trend setter health building design and operation. Hospital planning has now formulated the concept of health care as a non-single product system, i.e., the Hospital. Regional integration has been promoted and health care practices are now characterized by the provision of services according to that regional model, forming a network of services and being a node within that network. The hospital systemic building typology of the eighties has now been changed. The reticular plan model, based on a general plan generated by a series of sub plans (structure, circulation, function), where clinical practices and circulation were organized evolved into the implementation of a strategic planning. As a consequence, we will be devoted to the implementation of a master plan, that is, a strategic plan of political, medical and financial nature. This master plan will allow a continuous review of the use of the building, facilities and equipment, taking into account the different means to achieve goals and objectives. This will optimize resources and anticipate changes and future improvements for building efficiency. Keywords: Health design, Management, Health.


health care practices are now characterized by the provision of services according to that regional model, forming a network of services and being a node within that network. The hospital systemic building typology of the eighties has now been changed. The reticular plan model, based on a general plan generated by a series of sub plans (structure, circulation, function), where clinical practices and circulation were organized evolved into the implementation of a strategic planning. As a consequence, we will be devoted to the implementation of a master plan, that is, a strategic plan of political, medical and financial nature. This master plan will allow a continuous review of the use of the building, facilities and equipment, taking into account the different means to achieve goals and objectives. This will optimize resources and anticipate changes and future improvements for building efficiency. Keywords: Health design, Management, Health.

El equipo de salud, el edificio, las instalaciones y el equipamiento: integrados para garantizar la calidad de atención y seguridad del paciente en una organización sustentable

estratégica fue la protagonista de estas décadas. La

contención del costo hospitalario ha sido un tema diario 1 INTRODUCCION en la agenda de los establecimientos. En estos _____________________________________________________ últimos años se han sucedido grandes

VI Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício En tecnología, los Hospitalar avances han sido increíbles, al cambios, de los cualesAnais las organizaciones de salud no han Florianópolis – 2014 igual que el desarrollo de la informática: el uso masivo sido ajenas, especialmente en Argentina y Sud América, alcanzado por la computadora e internet, la digitalización, ya que estamos insertos en una realidad compleja, la comunicación inalámbrica, la automatización, la dinámica e interdependiente. robótica, el comando a distancia, la incorporación del En salud, la modificación demográfica y celular, la cámara digital, el scanner y la pantalla plana epidemiológica de la población, sumado al desarrollo a la tecnología médica. Estos cambios incorporados al tecnológico y los movimientos sociales, llevó a plantear desarrollo del equipamiento médico han generado una nuevos paradigmas de atención médica, que se vieron revolución en el diseño hospitalario que aún es difícil reflejados en la planificación del recurso físico. La de dimensionar. Sólo es comparable al impacto que está implementación de la cirugía ambulatoria y la atención teniendo en la medicina el desarrollo de la genética, los domiciliaria, agregado al crecimiento de las áreas de estudios del ADN y la controversial clonación. atención ambulatoria, de diagnóstico y tratamiento, el En ingeniería, el desarrollado ha sido a la par del incremento de las internaciones de terapia, las áreas equipamiento médico, teniendo como ejes la seguridad, el de rehabilitación y las unidades de cuidados paliativos, mantenimiento y los costos operativos. Las instalaciones son algunas de las transformaciones en los programas eléctricas y de tratamiento del aire siguen siendo claves, médicos-arquitectónicos. A ellas se agregan las sumando a ellos las instalaciones de voz y datos. La estrategias de atención primaria de la salud y la necesidad búsqueda de elementos o sistemas que permitan el de dar respuestas a la atención de los adultos mayores, control y ahorro de energía se ha transformado en un la incorporación en las organizaciones de los sistemas tema excluyente, al igual que la investigación de energías de calidad que otorgan atención médica al usuario, alternativas. con oportunidad, competencia profesional, seguridad En arquitectura, se han cambiado las visiones y respeto a los principios éticos, con el propósito de del concepto del hospital como “máquina de curar” satisfacer sus necesidades de salud y sus expectativas, al concepto de “Hospitales verdes y saludables”, que las de los prestadores de servicios y las de la institución. prevengan la enfermedad. El diseño se ha vuelto el actor En Gestión, durante estos años también se realizaron principal; en la generación de lugares contenedores, innovaciones. La gestión por procesos, la incorporación confortables, se plantea la “humanización de la de certificaciones (ISO 9000 y 14000) y la tercerización atención”, incorporando el color, la iluminación natural, de servicios, fueron algunas de las herramientas. La la eliminación de ruidos, la señalización, los criterios organización de redes de atención y servicios, llevó a la ergonométricos en el equipamiento y el mobiliario, la necesidad de implementar modelos de categorización y accesibilidad física y la valoración y preservación del acreditación de los establecimientos. La planificación 129


patrimonio arquitectónico del edificio. En el medio ambiente, se ha tomado conciencia de la complejidad y el impacto para la sociedad y el planeta de las acciones del hombre. Ya no sólo se considera la gestión de residuos sólidos, sino también los líquidos y gaseosos. Se organizan programas de preparativos para situaciones de emergencia y desastre. Los edificios se piensan con criterios bioambientales y de sustentabilidad, tales como los ahorros del agua, el rendimiento energético, la selección de los materiales y la calidad ambiental del interior.

2 DISEÑO Y OPERACION EN EDIFICIOS PARA LA SALUD

La tipología edilicia del hospital sistémico proyectada en los concursos de arquitectura de los años setenta y construida en los ochenta, producto del desarrollo del modelo de traza reticular que se establecía a partir de una trama generada por una serie de sub tramas: funcional, instalaciones, circulatoria, estructural, donde se organizaban los procesos clínicos y de recorridos, generando dos circulaciones, una técnica de uso semi restringido y/o restringido y otra pública, se transformó con la implementación de la planificación estratégica en la gestión hospitalaria. Producto de ella será la elaboración del plan director o maestro, que es un plan estratégico de carácter político, médico y financiero, que permite la revisión permanente de la forma de usar el edificio, sus instalaciones y equipamiento, teniendo en cuenta los medios necesarios para lograr las metas y los objetivos planteados. Esto permitirá optimizar los recursos, prever los cambios y el crecimiento del edificio. Los cambios generan incertidumbre, al que se suman la aparición de nuevos paradigmas que surgen de las modalidades de atención: la necesidad de humanización de la atención por el creciente uso de tecnología, la sustentabilidad, el respecto por el medio ambiente y garantizar la seguridad del paciente y el equipo de salud, así como la implementación de modelos de evaluación como los ya mencionados. El proceso de planificación debe garantizar en cada una de sus etapas (formulación, programación, proyecto, ejecución y operación) y desarrollo de acuerdo a pautas de diseño, para luego implementar una gestión que nos 130

permita alcanzar las metas fijadas.

Tendencias en diseño hospitalario Podemos enumerar algunas de las tendencias de diseño que han de tenerse en cuenta al proyectar un edificio para la salud: Plan maestro: a partir de la planificación estratégica, el plan maestro es la organización integral del establecimiento, partiendo de la visión y misión de la institución, teniendo en cuenta el desarrollo en corto, mediano y largo plazo. Se analizan y organizan las áreas funcionales, áreas de apoyo, circulaciones y accesos. Hospital seguro: ante las catástrofes naturales, se denomina hospital seguro a un establecimiento de salud cuyos servicios permanecen accesibles y funcionando a su máxima capacidad instalada, inmediatamente después de un fenómeno destructivo de gran intensidad de origen natural. En estos casos, es importante tener en cuenta no solo la materialidad del edificio, sino también su implantación. Flexibilidad: la flexibilidad consiste en poder rápidamente cambiar la distribución y capacidad de ocupación, mejorando notablemente el uso, materializando los espacios de modo tal que permitan los cambios programáticos, la incorporación de los avances tecnológicos, la renovación y modificaciones de las instalaciones y el mantenimiento de las redes de servicios, evaluando la relación eficiencia y eficacia en los costos. Nuevos programas: como resultado de las actuales modalidades de atención médica, podemos mencionar algunos ejemplos. La cirugía mínimamente invasiva: cirugía robótica, micro cirugía asistida por dispositivos, cirugía guidada por imagen. Diagnóstico por imagen: sistema de archivo y transferencia de imágenes (PACS), tele-radiología, PET. Entrenamiento mediante simulación: realidad virtual y centros de simulación. La incorporación de tecnología ha permito una disminución de las camas de internación, un aumento de las camas de terapia y crecimiento de las áreas de diagnóstico y tratamiento. Innovación tecnológica: el impacto del equipamiento médico sumado a la incorporación de la informática y las comunicaciones están modificando


los procesos y la gestión. Las áreas de laboratorio, diagnóstico por imágenes y cirugía están modificado sus lay out y funcionamiento con la incorporación de equipos. TIC: se denominan TIC a las Tecnologías de la Información y de las Comunicaciones, al conjunto de tecnologías que permiten la adquisición, producción, almacenamiento, tratamiento, comunicación, registro y presentación de informaciones contenidas en señales de naturaleza acústica (sonidos), ópticas (imágenes) o electromagnéticas (datos alfanuméricos). A partir de los avances en la implementación de las TIC, nace el hospital digital como un “hospital sin papeles”, que es aquel que logra asegurar el significado, la integridad, confidencialidad y disponibilidad de la información, permitiendo el continuo asistencial electrónico interoperando con otros actores dentro y fuera de su servicio. Humanización espacial: la generación de espacios confortables y contenedores, para los cuales intervienen una serie de elementos: el uso y la selección de colores, que sean agradables a la vista, que armonicen con el ambiente a crear y que concuerden con el uso dado al lugar, así como los materiales utilizados. La adecuada selección en el uso de los colores y materiales influyen de manera importante en el estado de ánimo de las personas, especialmente de los pacientes. Otro punto a considerar en este sentido es la iluminación, principalmente natural. Los sistemas de orientación y señalización deben estar en todos los lugares públicos y privados con asistencia de personas. La importancia de redirigir y orientar al público es enorme, tratándose de pacientes y en caso de seguridad. Deben contar con confort acústico y el control de ruidos, al igual que el diseño ergonomía del equipamiento y mobiliario. Identidad cultural: en este punto convergen dos miradas, por un lado la integración de la cosmovisión en el diseño del pueblo originario, donde se encuentra implantado el hospital, con el objetivo de una mayor apropiación de estos usuarios a la organización. Por otra parte, la defensa del patrimonio construido llevó a la comunidad hospitalaria a pedir el reciclaje, la preservación y puesta en valor de los edificios y los espacios exteriores.

Jardines terapéuticos: la incorporación de jardines terapéuticos, que consisten en un diseño orientado al bienestar psíquico y físico del usuario. El resultado es un entorno que proporciona efectos positivos al usuario, sin necesitar ninguna acción específica por su parte. Estos espacios son usados tanto para la rehabilitación de pacientes como para disminuir el stress del personal de salud, en especial aquellos que trabajan en las áreas críticas. Accesibilidad física: el concepto se utiliza para nombrar el grado en el que todas las personas, más allá de sus capacidades físicas, pueden utilizar un cierto objeto o acceder a un servicio. Esto supone que un lugar que presenta buenas condiciones de accesibilidad puede recibir a toda clase de gente sin que exista un perjuicio o una dificultad para nadie. Las rampas para discapacitados, las sillas de ruedas, el alfabeto Braille y las señales auditivas son algunas de las ayudas técnicas. La accesibilidad supone un derecho que otorga a una persona la real posibilidad de ingresar, transitar y permanecer en un lugar, de forma segura, autónoma y confortable. Respeto al medio ambiente: Considerando las características del entorno urbano o rural y el impacto que generara la inclusión del hospital en el lugar. Sustentabilidad: En la etapa de proyectos se puede contribuir a la sustentabilidad, desde el diseño arquitectónico incorporando las siguientes estrategias: • Uso racional de energía: o Morfología edilicia: orientación de fachadas y envolventes que disminuyan la demanda de energía; o Incorporación de energías renovables (solar-eólica); o Ahorro energético; o Reducción del consumo para refrigeración; o Reducción del consumo para iluminación. • Conservación y uso racional del agua: o Instalaciones de baja demanda; o Diseño paisajístico que minimice la demanda de agua para riego; o Reciclaje de aguas grises y 131


• • • •

recolección de agua de lluvia. Materiales de bajo impacto: o Materiales locales con menor dependencia en el trasporte y promoción de la mano de obra local; o Reducción de desperdicios en la construcción; o Reciclaje de edificios y materiales; o Materiales que no contaminen, ni afecten la salud de los ocupantes. o ,Aprovechamiento de la ventilación e iluminación natural; o Visuales al exterior y espacios verdes; o Confort térmico; o Accesibilidad universal para todos los potenciales ocupantes. Implantar tratamientos anaeróbicos. En la etapa de operación del hospital, se deberá tender a: Realizar acciones referentes al reciclaje y reducción de residuos; Establecer un programa de gestión energética.

Trabajo Interdisciplinario: el equipo de salud se ha ido conformando por un número creciente de profesiones y tecnicaturas que no solo responden al área asistencial sino incluyen el management, la pedagogía, las ciencias sociales entre otras. Estrategias de operación del recurso físico Dentro de los cambios más significativos en esta área podemos mencionar la aparición de dos nuevas disciplinas: Facility Management: en el gerenciamiento de los recursos, es la profesión responsable de la gestión y explotación eficiente de los recursos inmobiliarios y de los servicios generales de soporte ligados a ellos y a los usuarios. Coordina el ambiente físico de trabajo, con las personas y con las actividades de la organización. Integra conocimientos de arquitectura, ingeniería, diseño, administración finanzas y ciencia de la comunicación y del comportamiento. La práctica de coordinar los activos físicos de una empresa con los ambientes de trabajo y la gente que los utiliza en relación con cada cultura 132

organizacional. Gestor Energético: que favorecerá la toma de decisiones para reducir costos de consumo. Su tarea será, en la primera etapa de la gestión, realizar una evaluación inicial de la situación, incluyendo espacios que albergan instalaciones auxiliares. Revisará los equipos instalados, su grado de aislamiento, los contratos con las compañías distribuidoras, el nivel de iluminación y el confort térmico, recogerá las aportaciones de las personas implicadas, las facturas etc. Con toda la información se elabora una “fotografía” del estado actual, la cual se estudiará detenidamente y de la que se extraerán conclusiones. Este diagnóstico permitirá, además identificar todos los costos asociados al consumo de energía. Con ellos y con las conclusiones se establecerán un plan de acción a llevar a cabo para una utilización racional. Para conseguir la mayor cantidad de mejoras posibles en la utilización de la energía, se necesita la colaboración de todos. Este es el punto más importante de una estrategia de gestión energética. El mejor programa resulta inútil si no se involucran los protagonistas del consumo de la energía. Los cambios del recurso físico se deben sustentar en una gestión estratégica, basada en la gestión integral de procesos en salud, que implica una visión del proceso como el devenir del paciente a través del sistema sanitario y en su deseo de conseguir una atención y respuesta única a sus necesidades y problemas de salud. El monitoreo de los procesos permitirá introducir las mejoras en el recurso físico para aumentar la satisfacción del usuario interno y externo, siendo primordial que todos usen el mismo “lenguaje”, ya que es imposible realizar alguna actividad sin una comunicación adecuada.

3 CONSIDERACIONES FINALES

A modo de conclusión podríamos plantear que en los edificios destinados a la salud las tendencias en diseño y gestión son: • El diseño pensado a partir de las necesidades de los diferentes usuarios (pacientes ambulatorios y hospitalizados, visitas, personal de salud y proveedores); • Un enfoque multidisciplinario integral en la planificación del recurso físico (arquitectónico,


médico, jurídico, financiero, administrativo, empresarial ecológico, entre otros); • Una gran flexibilidad, que permita realizar ampliaciones sin afectar la operación de la unidad, así como la incorporación fácil de nuevas tecnologías, en cuanto a equipos redes y sistemas; • La incorporación de nuevos materiales y procedimientos constructivos, que faciliten el mantenimiento y la conservación de los edificios; • Estructuras mas ligeras y de mayores luces, que faciliten la distribución de los espacios y que permitan los cambios continuos por necesidades de funcionamiento; • Mayores previsiones a futuro del impacto urbano y ecológico de las unidades médicas; • Utilizar herramientas de gestión, tales como software de gestión de activos y mantenimiento, para registrar, controlar y ajustar procesos y estrategias; • Concientizar, capacitar e inculcar en la gente un pensamiento de mejoramiento continuo; • Desarrollar mejores grupos de trabajo, fomentando la participación de todos; • Crear mandos medios y superiores para un liderazgo permanente; • Mejorar la infraestructura de las áreas de trabajo; • Contar con la automatización de las instalaciones. La incorporación de tecnología por si sola no garantiza una mejor atención de la salud. La búsqueda de la eficiencia requiere más y mejor gestión, no necesariamente mas dinero. Por tal motivo debemos analizar las variables a tener en cuenta ante los nuevos requerimientos del diseño y la tecnología, dentro de un plan maestro basado en la gestión estratégica, diseñado para desarrollar la misión institucional, establecer objetivos, formular una estrategia. El foco dentro de las organizaciones de salud “debería” estar no solo en curar, sino en evitar que la gente se enferme. Brindando confort y satisfacción a sus usuarios, también se contribuye a mantener la

salud. Por tal motivo es fundamental trabajar sobre un cambio cultural dentro de las organizaciones de salud, involucrando a todos los actores, demostrando desde los grupos de liderazgo el compromiso y apoyo al proceso de planificación, con el fin de lograr gestiones a largo plazo, con acciones de mejora continua.

REFERENCIAS

BENAIM, Salvador; COMANDO, Rita y otros. Mantenimiento de Edificios para la Salud. Buenos Aires, 1994.

COMANDO, Rita. Arquitectura hospitalaria: nuevos conceptos. La Revista del ITAES, Vol. 10, n. 3, julio, agosto, septiembre, 2008. p. 16-21, Buenos Aires. FEINGOLD, Victor (Director); GISBERT, Marisa (Coordinadora). El Libro del Facility Management. Buenos Aires: Sociedad Latinoamericana de Facility Management, 2012.

PEREZ-IÑIGO QUINTANA, Fernando; ABARCA CIDON, Juan. Un modelo de hospital. Barcelona: Medicina stm Editores, 2001. VARO, Jaime. Gestión estratégica de la calidad en los servicios sanitarios. Un modelo de gestión hospitalaria. Madrid: Ediciones Díaz de Santos, 1994.

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UM HOSPITAL PARA PACIENTES DE LONGA PERMANÊNCIA: o Hospital Local de Sapopemba Sandra Riskalla Arquiteta

RESUMO: O objetivo deste artigo é descrever, a partir de um estudo de caso, o projeto arquitetônico de um hospital público com administração privada para doentes de longa permanência, na cidade de São Paulo. O estudo de caso centra-se no Hospital Local de Sapopemba e baseia-se na experiência da autora como arquiteta em um projeto de adaptação e ampliação. Entre as questões tratadas estão a influência de conceitos gerenciais utilizados neste tipo de centro de saúde em um projeto de requalificação, bem como a adoção de conceitos de humanização dos espaços, de forma a colaborar para o melhor atendimento ao usuário. Palavras-chave: Arquitetura hospitalar, Humanização, Hospital de longa permanência.

ABSTRACT

SAPOPEMBA’S LOCAL HOSPITAL: a hospital for long stay patients The goal of this article is to describe, from a specific case, the existing possibilities of architectonic work applied in a hospital for long-stay patients in the city of São Paulo. This study is based in Hospital Local de Sapopemba and takes as reference the experience of the authoress as an architect who worked in the adaptation and renovation project of an old hospital to the installation of the referred theme. One of the main questions in this article is the importance, for the architect, of a knowledge about the management 134

concepts used in this public health center and how is possible, in an existent building, the adaptation for the structure for hospital for long-stay, adopting concepts of humanizing spaces so also collaborate to better serve the user. Keywords: Hospital architecture, Humanization, Long-stay hospital.

1 INTRODUÇÃO

O Hospital Local de Sapopemba é um retrofit de um hospital do Governo do Estado de São Paulo. A princípio possuía pronto atendimento referenciado e destinava-se ao apoio de Unidades Básicas de Saúde (UBS), funcionando como um ambulatório, cujas especialidades eram definidas conforme a demanda da região. Outra de suas funções era de internação de clínica médica, com 30 leitos. Após a requalificação, por solicitação da Secretaria Estadual de Saúde, o Hospital Local de Sapopemba tem como objetivo prestar assistência de baixa complexidade tecnológica material e de alta complexidade em tecnologia humana, para pacientes usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitam de permanência prolongada. Trabalha em conjunto com o Hospital Estadual de Sapopemba (HESAP). O hospital possui cerca de 2.000 m² construídos, distribuídos em dois pavimentos. O térreo abriga a área de administração, consultórios, setores de abastecimento e serviços, exames (ultrassonografia e Raio-X) e alguns


leitos. Foi planejado um espaço externo para o convívio de pacientes, familiares e funcionários. Esta área de deambulação visa proporcionar contato com a natureza e banho de luz natural. No pavimento superior estão localizados leitos e a unidade de respiração assistida (URA).

2 A HUMANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS

A requalificação de uma infraestrutura existente é frequente nos dias de hoje, dados os benefícios ambientais e de economia que podem promover. No caso dos estabelecimentos de saúde, no entanto, que possuem grande complexidade de instalações, equipamentos e fluxos de atividades, esta intervenção necessita de elevado nível de cuidado e atenção. No caso aqui exposto, além da usual complexidade envolvendo equipamentos e instalações, há a transformação de um edifício hospitalar convencional em um hospital de pacientes de longa permanência. Dos aspectos específicos no planejamento da reforma do Hospital Local de Sapopemba, destacam-se os espaços idealizados especificamente para os pacientes de longa permanência. Buscou-se olhar principalmente

Figura 1: Área de convivência do Hospital de Sapobemba. Fonte: a autora.

O projeto luminotécnico foi efetuado de forma a atender não apenas os aspectos normativos desse tipo de edificação, mas para proporcionar o bem-estar físico e psicológico dos usuários e funcionários. A iluminação, em conjunto com o uso de cores fortes, rompe o estigma de ambientes para doentes.

para a qualidade de vida e de recuperação desses pacientes, que possuem um longo convívio em uma área hospitalar. Na configuração antiga do edifício, os espaços eram voltados apenas para a área interna, com pouco contato com o exterior. Com base na importância de se considerar a escala humana, a acessibilidade, a privacidade, o conforto e, ao mesmo tempo, o contato dos pacientes com o ambiente externo, buscou-se criar um espaço de convivência entre familiares e funcionários, bem como com a natureza e a luz natural. Os quartos tiveram suas janelas ampliadas, de forma a permitir maior entrada de luz natural. A luz e a cor também foram exploradas, acreditando que estes elementos são “[...] importantes na arquitetura porque, além de imprimirem um caráter, possibilitam que as atividades humanas aconteçam com maior conforto e segurança.” (COSTI, 2002, p. 35). A cor proposta nos quartos foi o azul, por conferir tranquilidade para o ambiente de repouso. A circulação interna é realçada, em alguns setores, com a tonalidade laranja. Nas áreas externas destacam-se faixas na cor rouge.

3 CONCLUSÕES O projeto do Hospital Local de Sapopemba utilizouse de conceitos inovadores, que buscaram proporcionar aos doentes de longa permanência ambientes humanizados. O emprego lúdico e tranquilizante dos estímulos de cor, luz e contato com a natureza contribuiram para

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elevar o bem-estar de pacientes e funcionários, participando do tratamento e recuperação, além de conduzir a estadias mais confortáveis e saudáveis.

REFERÊNCIAS

BUENO, E.; AGUSTINHO, M.L.; CARVALHO, T.H.P.F. Humanização: construindo um novo conceito de fazer saúde. Disponível em: <http://www.cecom.unicamp.br/ humanizacao/HUMANIZACAO-construindo-novoconceito.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2010

COSTI, Marilice. A influência da luz e da cor em salas de espera e corredores hospitalares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

MARTINS, Vânia P. A humanização e o ambiente físico hospitalar. In: CONGRESSO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR, 1, 2004, Salvador. Anais..., Salvador, 2004, p.63-67.

MERHY, E. E. Ato de cuidar: alma dos serviços de saúde. In: Ver-SUS Brasil: cadernos de textos. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Brasília: 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/versus_brasil_vivencias_estagios.pdf>. Acesso em: jan/2014.

RIBEIRO, N. do R. C. Estudo Comparativo do Desempenho de Hospitais em Regime de Organização Social. Rio de Janeiro, 2004. (mimeo)






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