Edição n°01- ano 01 dez 2016/janeiro/ fevereiro de 2017 distribuição gratuita no Cariri circulação até o dia 31 de dezembro de 2016
um toque, um drible
o médico urologista jader macedo explica que a cultura do machismo ainda é um dos impasses na saúde do homem
suando a camisa das garagens norte-americanas para o cariri, box batarra inventa um novo estilo de cuidar do corpo
o dom de cuidar
ricardo e patrícia quidute construiram uma história de trabalho,dedicação e compromisso com o próximo
vou de bike Com o pé no pedal é possível melhorar a mente, o corpo e a percepção da cidade Viver Bem 1
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EDITORIAL
Viver é Urgente
Expediente
Editora Chefe Roseli Pereira Diretor Executivo Márcio Costa Jornalista Responsável Théo Cordeiro
(CRJ 01511)
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uscando trazer informação e leveza ao leitor, a Revista Viver Bem Cariri dá boas vindas ao mercado editorial da região do Cariri. Uma editoria da Charm, a publicação pretende levar conteúdos sobre saúde, bem-estar, nutrição e estilos de vida para o leitor interessado em viver com qualidade de vida. A nossa primeira edição traz matérias sobre diversas temáticas do campo da saúde. Sobre nutrição trazemos o grande papel dos grãos na nossa dieta diária, como atuam no corpo e de que forma eles contribuem para o equilíbrio do organismo e as dietas de sucos Detox. Em poucos minutos é possível achar centenas de receitas na internet, mas para além da promessa de emagrecimento, você sabe de fato para quê servem os sucos desintoxicantes? Conte até três e respire fundo. Em uma matéria sobre a respiração no dia-a-dia, trazemos para você alternativas de práticas esportivas e meditativas para usar a capacidade total dos pulmões, retomando o equilíbrio através do bem-estar. Seja com Ioga ou Pilates é possível reaprender a respirar corretamente para manter a calma e controlar a ansiedade. Na capa, o casal de médicos especializados na saúde da mulher. Deixando o jaleco de lado, fomos conhecer mais de perto a história do Dr. Ricardo Souto Quidute e de sua esposa, a Dra. ... Você acompanha um pouco sobre trajetória e
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Redator
amor à profissão. Agora se a sua meta é suar a camisa e desafiar a resistência do corpo, o Crossfit é certo. Conversamos com Adriano Burica, coordenador do primeiro Box Crossfit do Cariri. Para ele, não há limitações quando o assunto é querer melhorar a qualidade de vida e sair do sedentarismo. A bicicleta está cada vez mais comum no cotidiano das pessoas. Seja para o trabalho ou lazer, o transporte além de ser sustentável contribui para o bem-estar do corpo e da mente. Aglaíze Damasceno, coordenadora do Projeto Ciclos da Universidade Federal do Cariri, conta para a Revista Viver Bem como viver a cidade com os pés no pedal. Cidade são as pessoas. O mês acabou, mas o cuidado é praticamente para o ano inteiro. A pauta da saúde do homem é sempre importante. O médico Jader Salviano Macedo, da UROCARIRI, enfatiza que a cultura do machismo ainda é o principal dilema que afasta os homens do cuidado com si mesmo. A prevenção é preciso! No mais, temos contribuições de profissionais da saúde regional sobre temas da atualidade. Nada melhor do que ouvir quem sabe do assunto. O médico Pablo Pita e Erich Lisboa e a nutricionista Patrícia Costa assinam colunas sobre medicina e saúde. Boa leitura! Roseli Pereira
Ribamar Júnior Revisão Denysvânia Martins Comercial Evandro Barbosa (88) 99982.2603 Colaboradores Dr. Erich Lisboa Dr. Pablo Pita Clinica OTTOS Dra. Patricia Correira Dr. Jader Macêdo Fotografia e Edição de Imagem
Márcio Costa Diagramação MR Comunicação Visual Impressão Gráfica Halley jadson@haleygrafica.com.br
Rua Maria Rodrigues dos Santos, 714 Betolandia - Juazeiro do Norte (88) 3085.8131 (85) 99727.6161
A Revista VIVER BEM é uma publicação EDITORA CHARM CNPJ 19.685088/0001-50. Edição trimestral com tiragem de 5.000 exemplares. A Revista VIVER BEM não se responsabiliza pelas matérias assinadas.
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ÍNDICE
06 EDITORIAL 10 RESPIRAR PARA EQUILIBRAR 16 FAXINA NO CORPO 18 VOU DE BIKE 22 SUANDO A CAMISA 24 UM TOQUE, UM DIBLE 26 DOM DE CUIDAR 30 ESTÉTICA 32 DO CORPO PARA A ALMA 34 AMAR E MUDAR AS COISAS 38 DIABETES MELLITUS 42 UMA ACADEMIA PARA ELAS 44 A FORÇA DA TERRA 46 RESPIRÇÃO ORAL PARA CRIANÇAS 48 HIV O CUIDADO CONTINUA
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EXPERTS
DR VELOSO FILHO E DRA. TYSSIANE LUCENA
DR ERICH LISBOA
Erich Pires Lisboa – CRM-CE 6466 é Médico formado pela Faculdade de Medicina de Campina Grande, da Universidade Federal da Paraíba, campus II (UFPB Campus II), atualmente, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Fez residência médica no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC/UFCG) e Mestrado acadêmico em Clínica Médica pela UFC. Professor-Assistente dos módulos de Endocrinologia e Nutrologia da Faculdade de Medicina do Cariri – FAMED. DR. PABLO PITA
Dr. Veloso Filho e Dra. Tyssiane Lucena. Otorrinolaringologistas e proprietários da Clínica OTTOS. DR JADER MACÊDO
Dr. Jader Macêdo Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia com residencia pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto
DRA. PATRICIA CORREIA
Dr. Pablo Pita é médico infectologista (CREMEC 15404), Coordenador do Internato de Clínica Médica e Professor das Disciplinas de Semiologia Médica e Doenças Infecciosas e Parasitárias da Estácio/FMJ e Médico do Serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Regional do Cariri
Dra. Patricia Correia Mestre em Ciências da Educação Esp. em Fisioterapia Dermatofuncional Esp. em Docência no Ensino Superior Fisioterapeuta I Docente Viver Bem 9
VIDA SAUDÁVEL
RESPIRAR PARA EQUILIBRAR Uma das tarefas mais esquecidas no dia-a-dia das pessoas é respirar. Para manter o bem-estar físico e mental, práticas esportivas e meditativas apontam os rumos para retomar o equilíbrio através da respiração
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VIDA SAUDÁVEL
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onte um, dois, três e respire fundo. Em seguida, repita o ato. Quantas vezes você já fez isso hoje? Respirar bem é essencial para manter a produtividade e bem-estar do organismo no dia-a-dia. O que parece uma tarefa inconsciente, inspirar e expirar, é um método natural auxiliador na redução do estresse, da ansiedade e até da perda de peso. Para isso, é preciso abrir e usar toda a capacidade dos pulmões.
A DANÇA DO CORPO “Respirar é o primeiro e último ato da vida (...)”, disse Joseph Pilates, o inventor do método Pilates de condicionamento físico. A respiração no Pilates é mais importante do que se imagina. A fisioterapeuta e instrutora Resfa Feitosa, explica que aos poucos a modalidade vai ficando mais conhecida no Cariri e tendo uma adesão maior de público. Há quatro anos trabalhando na área, ela conta que muitas pessoas ainda confundem a atividade física de Pilates com apenas o uso de Bola ou Tecido Acrobático. O Pilates vai além disso, unindo a reabilitação clínica, quando encaminhada, com o condicionamento físico, aliando os preceitos da aplicação respiratória de Joseph Pilates.
É preciso apenas uma hora do dia, no mínimo duas vezes por semana, para melhorar uma série de fatores no seu corpo de forma equilibrada. “Antes de instrutores de pilates, nós somos fisioterapeutas, precisamos saber o porquê de fazer o movimento e para quê. O que faz mal e o que faz bem.... É o que chamamos de anatomia e biomecânica”, pontua Resfa. Postura e consciência corporal são duas ferramentas funcionais do movimento. Dividido entre Clássico e Contemporâneo, o princípio do Pilates é a fluidez. Diogo Caldeira, carioca, fisioterapeuta e noivo de Resfa, atua há onze anos e possui oito formações e diversos cursos na área.
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“Por promover uma respiração melhor traz relaxamento, melhorando o sono e qualidade de vida melhor” “O pilates modifica a vida. Faz a pessoa se concentrar, tomar uma consciência corporal. A meta é favorecer o movimento da pessoa fora do estúdio, por que lá dentro nós temos o controle”, diz Diogo. O condicionamento do pilates vem da respiração. Diogo notou a melhora de uma das alunas com problemas respiratórios em duas aulas. Se antes abaixar era um problema que gerava cansaço, hoje é rotina. “Você puxa o ar com muito vigor, trabalhando também a parte aeróbia”, explica Diogo sobre as etapas de preparação do aluno no Pré-Pilates. Hoje o Instituto tem 80 alunos e a expectativa é crescente. “É interessante que o aluno faça o exercício sabendo o que está fazendo e não imitando e repetindo”, finaliza Resfa. A fisioterapeuta Keli Oliveira, do estúdio Personalité Pilates em Juazeiro, realiza atendimentos personalizados na parte de tratamento, quando envolve algum tipo de lesão, e de prevenção. Há dois anos trabalhando na área, ela observa uma grande procura das pessoas por cuidarem da saúde física e mental. “Trabalhamos com pilates clássico, solo e mais avançado, com crianças e adultos”, conta ela. Keli só atende até três alunos por hora aula. O objetivo é dar mais atenção e fazer com que o aluno consiga mais resistência, contribuindo para a melhora significativa da qualidade do atendimento. “Por promover uma respiração melhor traz relaxamento, melhorando o sono e qualidade de vida melhor”, ressalta a fisioterapeuta.
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VIDA SAUDÁVEL
OS LAÇOS DO EU
Muitas pessoas acreditam que Yoga é apenas sentar no chão de pernas cruzadas e fazer o barulho onomatopeico “ah hmmmm”. Praticar Yoga é tarefa árdua que equilibra o corpo e a mente através do controle da respiração. No Cariri, quem trabalha com a prática é o Roda Semear, grupo especializado em saúde holística e alternativa, destinado a pessoas que tenham interesse em ter uma vida mais saudável, integrada a natureza. Parteira, capoeirista, dançarina atriz e professora de Yoga, Samara Simões trabalha junto com o companheiro, Paulo Noblat, há quase três anos com a organização em Juazeiro do Norte. “É uma prática de saúde muito antiga iniciada na Índia que envolve várias técnicas de respiração, meditação, relaxamento e postura que trabalham o físico e mental. É um momento de pausa, de olhar pra dentro da gente, de autoconhecimento”, define Samara. Em tempos de correria, reservar uma hora pelo menos em dois dias da semana, é essencial para melhorar o bem-estar da mente. A palavra Yoga vem do sânscrito, e significa União, do eu com o outro. Reduz ansiedade, estresse e auxilia na melhora da fadiga mental, além de auxiliar na musculatura. “Às vezes as pessoas acham que é mágica, mas é disciplina”, enfatiza a professora. A aula da modalidade é dar uma pausa na pressa do cotidiano para respirar. A Roda Semear atualmente trabalha com o Rataioga, que é a modalidade mais tradicional. Aos poucos o número de alunos vai aumentando, “sempre entra mais gente do que sai”, diz ela. O interesse pelo Yoga surgiu em 2004, quando Samara ainda morava em Recife. A história começou com curiosidade, ape14 Viver Bem
nas via a meditação pela televisão, até que abriu um espaço de meditação perto da casa dela. O encanto veio com melhora da disposição, humor e concentração após as primeiras aulas. Ao chegar ao Cariri, querendo continuar a praticar o hábito e sem conhecer nenhum instrutor, decidiu começar a ensinar. “Vim pra cá e não conhecia ninguém que lecionasse pra eu continuar praticando. Pensei em dar aula para ao mesmo tempo praticar”, conta. O Yoga ajudou a formação de Samara em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Há muitos estudos de pós-graduação que trabalham a perspectiva do ator em relação à meditação. “Dar aula é um trabalho muito gratificante, quando sento no tapete e faço Namastê eu já vou agradecendo. Namastê é uma saudação, como explica que a divindade que habita em mim, saúda a atividade que habita no outro”. O grupo Roda Semear é especializado também em capoeira e parto natural. Atualmente na segunda gestação, Samara também é parteira e doula. Formada em Escola de Parteiras Tradicionais, hoje, atender parto é uma das coisas que mais gosta de fazer. Apesar de o Cariri ter várias parteiras naturais, muitas delas não realizam mais atendimentos. A respiração e a prática do Ioga contribui bastante para o bem-estar da grávida. “É uma confiança com a natureza, uma transformação, é um milagre que tá acontecendo ali”, fala. Para o ano que vem, o grupo quer iniciar uma turma de Yoga para crianças. “Queremos iniciar até o ano que vem a primeira turma pra criança de Yoga da região, é fantástico, é uma atividade lúdica, com contação de histórias com relaxamento guiado ”, finaliza Samara.
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NUTRIÇÃO
FAXINA NO CORPO Unindo frutas e vegetais, os sucos Detox são refrescantes e uma boa pedida para quem deseja alcançar uma boa nutrição e bem-estar.
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eja de melancia, laranja ou limão, acompanhado de água de coco ou gengibre, os sucos Detox são mais uma opção para quem deseja beber algo saudável. Em poucos minutos é possível achar centenas de receitas na internet. O fato dos sucos serem promessa de emagrecimento, foi decisivo para a popularização desse tipo de dieta entre os entusiastas da boa forma, mas será que as pessoas sabem para quê serve o Detox? A nutricionista da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Ana Karine Alves de Moura, ilustra que “detox é qualquer processo biológico que busque a redução dos impactos negativos de xenobióticos ao metabolismo corporal. Ou seja, elimina todas as toxinas das células do corpo, intestino e fígado”. Rápidos e práticos, os Detox atuam no organismo promovendo uma limpeza de toxinas, substâncias nocivas ao organismo.
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A bióloga Priscilla Fernandes, do Grupo de Pesquisa de Anatomia e Fisiologia da Universidade Regional do Cariri (URCA), explica que “as toxinas são resíduos resultantes do processo metabólico das células, quanto pior for nossa alimentação mais serão produzidas pelo nosso metabolismo e maior dificuldade o nosso organismo terá de eliminá-las”. O corpo se encarrega de excretá-las de várias formas como, por exemplo: suor, fezes, urina. Daí que entra a ação dos sucos no corpo. O fígado é um dos órgãos mais importantes no processo de remoção das toxinas, pois este órgão atua na filtração sanguínea e transforma as substâncias tóxicas em metabólitos menos tóxicos que são enviados para os rins e excretados em forma de urina. Por isso, uma alimentação saudável e balanceada, rica em fibras, frutas e muita água, são essenciais para a regularidade do organismo e eliminar as toxinas. “A ingestão de líquidos é uma das maneiras mais eficientes de promover a limpeza do organismo, já que vai estimular a filtragem e absorção dos nutrientes presentes no sangue, aumentando também a produção de urina, que é a principal forma que o organismo utiliza para eliminar as toxinas. Quanto mais líquidos forem ingeridos, maior será a eficácia da detoxificação”, pontua Ana Karine. Os sucos Detox são desintoxicantes, fazem uma espécie de faxina no corpo, atuando como facilitadores do processo de eliminação das toxinas. A promessa de emagrecimento é consequência de uma série de processos do organismo. Muitas frutas e vegetais tem o papel de inibir o apetite por conta da concentração de um alto teor de fibras. As fibras estimulam a saciedade, devido a um processo mais lento de digestão, e melhoram o trânsito intestinal. Contudo, é preciso ter cuidado com qualquer tipo de dieta, in-
clusive com a do uso do Detox e sempre aliar o consumo com a prática de exercícios físicos. “Na verdade, o recomendado mesmo é que você não faça exercícios físicos durante uma dieta detox. Isso porque o seu corpo pode estar um pouco fraco e isso afetará o seu desempenho e a sua capacidade final, pelo menos nos primeiros dias. Agora, se você já está acostumado com a rotina de exercícios, com certeza, eles serão uma excelente ferramenta para você conseguir um ganho extra na conta contra a balança”, afirma a nutricionista. Seja no café da manhã ou lanche, os sucos Detox geralmente apresentam uma maior concentração de vegetais do que de frutas na sua composição. As melhores frutas a serem usadas são a maçã e o limão, como também outros alimentos, mas a receita segue à risca com “Água, couve, brócolis, frutas cítricas, chás, grãos integrais”, sugere Karine. Além de apresentarem mais calorias do que os vegetais, as frutas contém frutose, que dificulta o emagrecimento. Os vegetais minimizam a densidade calórica, facilitando a perca de peso. Frutas são adicionadas para cortar o sabor amargo dos vegetais. Com um pouco de prática e costume é possível ajustar o sabor dos sucos a gosto. A dieta de sucos Detox também é criativa! É possível combinar vários vegetais e frutas e incluí-los de forma flexível no hábito. Uma pitada de gengibre refresca a rotina. “É importante lembrar que a dieta Detox não vai conseguir limpar todas as toxinas do seu organismo sozinho, caso você ingira grandes quantidades de alimentos prejudiciais. Por isso, é importante aliar o consumo de dieta Detox com hábitos alimentares saudáveis e equilibrados, assim como com a prática de exercícios físicos regulares. Desta forma, os benefícios serão ainda mais potencializados no seu organismo!”, alerta a profissional da área.
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A bicicleta está cada vez mais comum no cotidiano das pessoas. Seja para o trabalho ou lazer, o transporte além de ser sustentável contribui para o bem-estar do corpo e da mente por Ribamar Júnior
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Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apontou no documento anual do Sistema de Informações da Mobilidade Urbana (SIMU), que o uso da bicicleta como de transporte de locomoção no dia-a-dia dobrou de 2004 a 2014. Para a ciclista e coordenadora do Projeto Ciclos da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Aglaíze Damasceno, esse fato se dá cada vez mais pela “busca da qualidade de vida, em aspectos diversos... Seja de saúde, lazer, esporte, cultura, mobilidade ou simplesmente por terem a bicicleta como filosofia de vida”, diz. A CIDADE SÃO AS PESSOAS Há dois anos na região do Cariri, o projeto tem como objetivo ter a bicicleta como meio para promover a qualidade de vida. Unindo artes, cultura e cidade, Aglaíze explica que através de ações educativas, artísticas e culturais é possível se apropriar
da cidade e realizar ações efetivas. “Uma das frases principais que trabalhamos é: ‘Cidades são as pessoas’! Buscamos com essa frase promover a reflexão sobre o papel do cidadão, do pedestre, ciclista, motociclista, motorista... Antes de tudo, somos pedestres... O que podemos fazer como cidadão para termos uma cidade melhor?”, questiona ela. Para ela, a bicicleta pode contribuir em vários aspectos com o pertencimento à cidade, que vem do conhecer para “viver” o espaço urbano. “Vivemos a cidade dentro de um cotidiano de deslocamento, a partir do momento que esse movimento acontece você começa a perceber o que existe de bom na cidade”, pontua Aglaíze. “As ciclovias nas cidades promovem mudanças, de visão sobre o espaço público, mudanças de hábitos, promove a vivência, promove encontros e é um convite diário para conhecer a cidade e consequentemente um convite a apropriação do espaço público”, conta a ciclista. Viver Bem 19
ESTILO DE VIDA
Está sendo construída a ciclovia CRAJUBAR, que começa na Av. Padre Cícero em Crato e segue pela Av. Leão Sampaio até a cidade de Barbalha. O percurso visa promover mais uma opção de mobilidade na região. Aberta exclusivamente aos domingos, Aglaíze percebe o espaço como uma oportunidade para, de fato, iniciar uma experiência de ciclomobilidade. ”Ela será um grande incentivo para ações educativas no trânsito; elaboração de projetos que trabalhem a integração de modais; planejamento para efetivarmos ações efetivas para termos arborização na cidade”, ela finaliza. PÉ NO PEDAL Além contribuir para o bem-estar físico, o hábito de pedalar melhora a fadiga mental. A estudante de Educação Física do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Bárbara Tenório explica que com poucos minutos de prática na bicicleta cotidianamente é possível melhorar “a resistência cardiorrespiratória, tonificação muscular, perca de calorias e melhor cardiovascularização”. A terapeuta Leda Mendes usa a bicicleta há alguns anos. Às vezes mais, às vezes menos. Ela conta que nem sempre dá pra ir trabalhar de bicicleta, o calor é um dos grandes fatores que atrapalham a pedalada. Durante as aulas do mestrado, a ciclista pedalava diariamente de sua casa até a Universidade. “No dia a dia também, para fazer compras, ir à praia, vou à academia de bicicleta
também. A ideia é usar a bicicleta ao invés do carro, sempre que der. Então dá pra fazer os dois usos: pras atividades cotidianas e também pedalar por esporte, nos finais de semana e horas livres”, diz. Trilhas noturnas também são o forte da terapeuta. Com um ou dois amigos, ela diz que não é recomendável ir sozinha se for um pedal mais longo, subindo a Chapada do Araripe por exemplo. Para esse tipo de atividade é bom ir com um grupo. “As trilhas à noite são incríveis. Não precisa ser um grupo oficial de pedalada, basta combinar com amigos que topem, de preferência alguém que já conheça o percurso. É importante entender um pouco de mecânica e levar ferramentas básicas, caso algo quebre ou um pneu fure”, explica Leda. Como mulher e ciclista Leda conta que os riscos aos ciclistas independem inicialmente de sexo e gênero, no entanto, por ser mulher está sempre exposta a mais tipos de violência. “É, por exemplo, mais possível que uma mulher tenha sua bicicleta roubada ao pedalar sozinha, do que um homem nas mesmas circunstâncias. Mas o trânsito violento e a falta de respeito dos condutores de veículos automotores ainda é o maior risco”. Atualmente Leda não pedala em nenhum grupo de ciclismo, mas por ter um companheiro e amigos apaixonados pelo pedal, diz que a atividade não é solitária e os benefícios se estendem por muitas áreas, da parceria pras pedaladas à diminuição da poluição na cidade. 20 Viver Bem
“Não há muitas dificuldades em se pedalar até o Campus de Juazeiro. Ao contrário do que se possa imaginar, o motorista de Juazeiro é respeitoso com o ciclista, ao menos em comparação, por exemplo, com o de Fortaleza, lá o condutor motorizado vê o ciclista como um concorrente, um adversário”, conta o professor sobre a ciclomobilidade na cidade, em mais de um ano pedalando, sofreu poucos riscos e os mesmos devido a erros próprios e não dos condutores motorizados. “A sensação de pedalar é incrível mesmo. Você se sente responsável pela condução, se vê na necessidade de ter atenção com o transporte motorizado, mas também ser responsável com o pedestre. Diferente do automatismo que deve ser conduzir um veículo motorizado, o ciclista se sente responsável pela condução do seu transporte” reflete ele. A bicicleta está até fazendo Roberto esquecer alguns hábitos prejudiciais a saúde como consumo de cigarros. “Eu ainda sou fumante e, quando você termina um percurso como o da minha casa para a UFCA, a última coisa que você deseja é fumar, não pelo cansaço (viciado não tem isso rsrsrsrs), mas porque o sabor do cigarro fica horrível, detestável mesmo”, desabafa.
“Tudo melhora quando a gente usa a bicicleta. O corpo, a vida, o meio ambiente, tudo. A relação dos nossos corpos com a cidade, a percepção do espaço, mudam também. Como esporte, pedalar ajuda muito, é um esporte muito completo”, finaliza. O professor de Filosofia da Universidade Federal do Cariri (UFCA) juntamente de outros colegas de trabalho, aderiu ao uso da bicicleta no caminho do trabalho. “Algumas vezes já voltei da UFCA com a profª Camila e com o prof. Fernando (colegas da Filosofia), mas a imensa maioria das vezes pedalo sozinho. Eu nunca me esforcei para aprender a dirigir um automóvel e, com o passar do tempo, fui achando absurda a lógica: um carro, uma pessoa... Como o Campus de Juazeiro tem um histórico de difícil acessibilidade, poucos horários de ônibus e táxi ou mototáxi muito caro, decidi tornar prática a crítica ao carro individual”, explica. A ideia que começou de forma tímida está funcionando. Roberto explica que em 30 minutos sai de casa na Rua São Paulo e já está no campus da Universidade. “Já fui de bicicleta até para o Campus do curso de Agronomia, no Crato. Sou eu quem determina o horário que devo sair de casa e não a empresa de ônibus ou a disponibilidade de moto taxi ou táxi”, diz. Viver Bem 21
EM FORMA
Suando a Camisa Das garagens norte-americanas para o mundo. Uma das modalidades esportivas que vem conquistando as pessoas na região do Cariri é o Crossfit. Unindo força e condicionamento físico, o treinamento desafia a resistência do corpo
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e o objetivo é suar a camisa, ele é certo. O Crossfit é uma modalidade esportiva que aos poucos vai ganhando adeptos na região do Cariri. Surgido na Califórnia em meados dos anos 80, o esporte foi inventado pelo treinador Greg Glassman e aos poucos foi conquistando o mundo. O Crossfit só começou a se popularizar no Brasil há aproximadamente dez anos e nos últimos dois, chegou ao Cariri. O primeiro Box do Cariri é o Batarra Crossfit. Localizado em Juazeiro do Norte, o espaço é coordenado pelo Adriano Burica que trabalha há três com a modalidade
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e é formado em level um pelo curso de Crossfit, ofertado por americanos no Brasil. “O treino é em alta intensidade para chegar a um bom resultado. Muitas pessoas se assustam, chegam aqui sem fazer nada e em tão pouco tempo já estão com o cardio mais aberto, com os ganhos e satisfação de fazer algo que não fazia”, explica o treinador. Adriano costuma dizer que não há pessoas que não possam fazer Crossfit. “Fazemos trabalho com pessoas deficientes, por exemplo, as que apresentam limitações físicas e conseguimos agregar um movimento que tenta se aproximar do
que é, dá sempre um jeito de adaptar”, diz. Lorena Matos, estudante e praticante do Corssfit, explica que estava cansada de fazer mais do mesmo na academia e após entrar no Box o bem-estar físico e mental mudou. “Eu estava cansada de fazer musculação e eu decidi apostar no Crossfit e me apaixonei pelo esporte. Eu acho que aqui há mais integração e amizade durantes as atividades, criando um vinculo imenso. Melhorou minha saúde e o físico, são as duas coisas”, diz ela. Para muitos alunos do Box, o Crossfit é um esporte gratificante que tira
“Eu acho que a qualidade de vida está ligada a saúde, a alimentação e o esporte.
Adriano Burica
as pessoas da rotina monótona, Adriano acredita que o lance de ser praticado por muitas pessoas é um dos grandes diferenciais do esporte. “A rotina de quem faz Crossfit é ter seu dia-a-dia lá fora e entrar aqui sem saber o que vai treinar. O desafio vai estar no quadro e é isso que dá aquele tchan, você vem pro Box e não sabe o que fazer, o treino está no quadro, o desafio foi dado e você tem que correr atrás”, explica ele. O empresário Germano Matos é um dos alunos que sua a camisa com os desafios do dia e explica a paixão pelo Crossfit.. “Tô no Box há oito meses. Senti diferença, porque aqui no Batarra o treino é diferenciado, envolve levantamento de peso, movimentos cardíacos, ginásticos e são um mix de várias atividades”. Burica ouviu de muitas pessoas que ele precisava chegar com calma em Juazeiro para começar a tocar o Box Batarra. Mas o Crossfit foi tão contagiante que ele, em pouco tempo, já percebe os frutos colhi-
dos com esforço e determinação. “Graças a deus nosso trabalho está sendo reconhecido e quase que total”, diz. O Crossfit é uma verdadeira injeção de ânimo para o corpo e a mente. Basta 45 minutos por dia para aos poucos perceber a diferença. Cláudio Couto, mais conhecido como Cacá, vencedor do campeonato de Crossfit do Box Batarra, é uma apaixonado por esportes. Já praticou surf, skate, futebol, vôlei, basquete, triatlon e mountain bike. “Eu acho que a qualidade de vida está ligada a saúde, a alimentação e o esporte. Estamos indo buscar isso com todas as ferramentas possíveis. As pessoas tem a grande sacada de viver mais e estar de bem com a vida”, diz ele. O seu interesse pelo Crossfit surgiu após algum tempo de treinamento com musculação. Sempre interessado em esforço físico, o atleta gosta de trabalhar a resistência e a força de forma mais unida, e encontrou essa possibilidade no Box. “O
campeonato é muito legal, o Batarra é uma família independente de ter ganho ou não. é mais uma motivação pra gente se empenhar mais no esporte. Você tem que estar lá pra sentir um pouco da energia que rola lá”, reflete Cacá sobre os dias de treinamento. Aos 42 anos, ele não pretende parar de competir. “Pretendo competir e me especializar ainda mais, a saúde é uma questão que não tem idade e a competição vou testando meus limites e medindo a minha capacidade. Isso é o que é apaixonante, se conhecer, se dominar e saber respeitar”, finaliza. Sobre o interesse dos colegas em praticar o esporte e também competir, Cacá é próspero. “O interesse das pessoas pela modalidade vem crescendo demais. As pessoas precisam se credenciar para ensinar o crossfit e os nossos treinos são diários. Todo mundo faz o mesmo treino, esse é o grande diferencial, é o que nos une”. Viver Bem 23
EXPERTS Por Dr. Jader Macêdo
UM TOQUE, UM DRIBLE NO
MACHISMO Depois do outubro rosa, chegou à vez da campanha de saúde do novembro azul, que conscientiza os homens sobre os riscos de doenças, com ênfase no combate ao câncer de próstata
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om o lema de “Um toque, um drible!”, a campanha nacional de saúde Novembro Azul desenvolvida pelo Instituto Lado a Lado surgiu em 2008 com o objetivo de discutir temas relacionados ao Câncer de Próstata. O tema, para muitos homens, ainda é um tabu. A data é momento de reflexão para com a saúde do homem, preconceitos e cuidado com si. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado de 63,20 para 71,6 anos de 1991 para 2014, ela ainda está 7,2 anos abaixo da média das mulheres. Além disso, uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o aparecimento de novos casos de cânceres no ano de 2008 revela que o câncer de próstata é o segundo mais frequente, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
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Os homens poderiam evitar muitas doenças se procurassem as unidades de saúde rotineiramente. Mas o reduto de uma cultura machista ainda é o principal motivo de afastar do homem do cuidado com si mesmo. Procurar ajuda médica ainda é sinal de fraqueza, e padrões de masculinidade, o homem não pode ser fraco. Fazer o exame de toque é dar um drible no machismo e cuidar da saúde. O médico Jader Salviano Macedo, da UROCARIRI, explica que devido a uma cultura do machismo muito presente ainda, e com intensidade no Nordeste, faz com que o homem deixe de lado a saúde. Ele aponta câncer de próstata como o câncer que mais mata homens no estado do Ceará e esclarece sobre a importância de se realizar exames anuais. “Muitos pacientes tem receio de fazer o exame pela questão do próprio preconceito”, fala. A Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU) recomenda que a partir dos 50 anos de idade, todos os homens façam anualmente o toque retal e o exame de sangue Antígeno Prostático Específico (PSA), para realizar o diagnóstico do Câncer. Já a Sociedade Europeia adverte que aos 40 anos já é necessário à realização dos exames preventivos. Independente das notas, Jader sugere aos homens de 40 que já façam as consultas clínicas. “Temos pacientes com fatores de risco como é o caso de quem tem histórico familiar, fatores hormonais, e de pessoas negras”, diz ele. Ao realizar o rastreamento do câncer, é possível saber se ele está em fase inicial, que é quando a cura ainda é prevista.O câncer tem um crescimento muito lento. “Se for um tumor pequeno, com característica não agressiva, o paciente pode fazer apenas o acompanhamento clínico, sem necessidade de tratamento”, explica.
“O novembro azul também conscientiza as mulheres para incentivar os parceiros, pais e irmãos a irem ao médico” É possível tratar a doença, principalmente quando ela encontra-se na fase inicial. O tratamento com maior taxa de cura, aproximadamente em torno de 90% é a prostatectomia radical, em que acontecem as retiradas da próstata junto das vesículas seminais, duas bolsas membranosas lobuladas localizadas entre o fundo da bexiga e o reto, acima da próstata que elaboram um líquido a ser adicionado na secreção dos testículos. “Outro tratamento que tem taxa de cura semelhante, mas não como a cirurgia, é a radioterapia. Ela é indicada quando o paciente possui riscos cirúrgicos, muito problemas de saúde e riscos anestésicos muito altos. É mais uma opção que tem bons resultados”, pontua o médico urologista. Importante salientar que o tratamento deve ser individualizado e discutido entre o médico e pacien-
te, de acordo com as caracteristicas e estágio evolutivo da doença que pode variar de caso a caso. Não existem medicamentos e tratamentos para prevenir que o câncer aconteça como seria no caso de uma prevenção primária. “Não conseguimos impedir que ele apareça, temos que realizar uma análise clínica periódica para acompanhar o surgimento. Para assim, termos maiores taxa de cura e menos efeitos colaterais”, enfatiza ele. Sangramento urinário, dificuldade para urinar, dor nos ossos e fortes dores na coluna já são sintomas de alto risco. Depois que doença se espalha não tem mais cura. Daí, para ele, a necessidade da conscientização do homem na campanha do Novembro Azul. “A mulher desde a adolescência já vem é orientada a ir ao ginecologista todos os anos, antes mesmo de iniciar uma vida sexual ativa. O homem só quer ir ao
médico quando está sentindo alguma coisa, de fato”, conta Jader. Quando mais rápido o diagnóstico, melhor o resultado do tratamento. Um nódulo pequeno e um nódulo que já está desenvolvido na próstata faz toda diferença na cirurgia. A campanha vem da importância de se prevenir. O mês é azul, mas a conscientização é o ano todo. Para Jader, as mulheres também tem papel importante em orientar os homens. “O novembro azul também conscientiza as mulheres para incentivar os parceiros, pais e irmãos a irem ao médico”, finaliza.
Dr. Jader Macêdo Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia com residencia pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto Viver Bem 25
CAPA
O DOM DE CUIDAR Há 22 anos no Cariri, o casal de médicos Patricia e Ricardo Quidute construiram uma história de trabalho, dedicação e compromisso através do dom de cuidar. O amor à profissão e a paixão na juventude fizeram do Instituto de Mama do Cariri referência em atendimento texto Ribamar Júnior fotos Márcio Costa
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“Procuramos fazer da nossa profissão um instrumento de ajudar o próximo com carinho e amor. Os dons que adquirimos, precisamos transmitir à humanidade de forma construtiva.”
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A
história é contada pela Patrícia Quidute, natural da região do Cariri, ao lado do marido, o pernanbucano Ricardo Quidute, em uma tarde no consultório do Instituto de Mastologia do Cariri, na cidade de Juazeiro do Norte, mas aconteceu há alguns anos nos corredores da Faculdade de Medicina da Universidade de Pernambuco (UPE), em Recife. Eles eram da mesma sala de aula e começaram a namorar logo após o segundo ano da faculdade. “Éramos jovens estudantes que buscavam o conhecimento no vasto universo que é a Medicina”, diz a médica, atualmente especializada na área de Radiologia. A sede pelo saber estreitou os caminhos até o interesse pela saúde da mulher. Foi através de um estágio na disciplina de Mastologia da Faculdade de Medicina, com o professor Antônio Figueira Filho, onde os aspectos clínicos, cirúrgicos e radiológicos das doenças mamárias eram abordados e analisados. Ricardo então optou pela Mastologia e Patrícia pela Radiologia, especialidades ligadas à preservação da saúde feminina.
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Em 1991, os dois jovens se tornam médicos e seguem para a Residência Médica. “Durante o curso procuramos capacitar-nos com dedicação, seriedade, compromisso e ética. Sempre fomos respeitados pela nossa união, cumplicidade e responsabilidade”, conta. Com esforço e dedicação, Ricardo obteve o título de especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia e Patrícia o título de especialidade em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. Entre os diversos estágios, destaca-se o realizado no Instituto Europeu de Oncologia em Milão, Itália, sob a orientação do Professor Umberto Veronesi, uma instituição de referência mundial no diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Hoje, os dois concluem o mestrado pela a Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo. Após sete anos de namoro e três anos de formados, em dezembro de 1994, Patrícia e Ricardo se casam. Logo resolveram morar no Cariri. Há quase 22 anos na região, o casal construiu a família
e uma história de vida. Os frutos são Pedro, de 19 anos, que atualmente é estudante do 4º período do curso de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e e Cecília concludente do 2° ano do Ensino Médio e aspirante à médica. Há dez anos, eles inauguraram o Instituto de Mama do Cariri, no qual tiveram a oportunidade de realizar um grande sonho que vinha sendo cultivado: trabalhar juntos. O Instituto oferece atendimento personalizado aos clientes e é dedicado principalmente ao diagnóstico preciso e tratamento adequado do câncer de mama. “Construímos uma história de trabalho, dedicação, compromisso, ética e grandes amizades. Temos muito orgulho e nos sentimos honrados em atender pacientes de toda região e estados circunvizinhos”, pontua Dr. Quidute. “Procuramos fazer da nossa profissão um instrumento de ajudar o próximo com carinho e amor. Os dons que adquirimos, precisamos transmitir à humanidade de forma construtiva, e a Medicina é uma das profissões que mais podemos
aplicar essa filosofia de vida”, diz Patrícia se referindo a ela e ao marido de forma plural. Nos últimos 20 anos, o casal acompanhou o desenvolvimento técnico e científico da região do Cariri, através do surgimento de novas faculdades, o que tornou a região um pólo de referência do ensino superior. Ricardo atua como professor na Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte desde a fundação da mesma. É uma contribuição com sua experiência para a formação de jovens futuros médicos. O câncer de mama é um problema de saúde pública. É o câncer mais temido pelas mulheres, tanto pela alta incidência como também pela alta taxa de mortalidade. Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) apontam que, a cada ano, cerca de 15.000 mulheres morrem por câncer de mama no país e, aproximadamente, 57.000 novos casos da doença são descobertos. De acordo com a médica, a melhor forma de enfrentar o câncer de mama é diagnosticá-lo precocemente. É recomendada a realização de mamografia anual em todas as mulheres a partir dos 40 anos. Com isso, será possível diagnosticar tumores em sua fase inicial, permitindo melhores chances de cura. Tumores menores do que 1cm, têm chances de cura maiores do que 90%. Com a abertura do Centro de Oncologia do Cariri do Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo em Barbalha, administrado com excelência pelas Irmãs Beneditinas, a região do Cariri recebeu serviços oncológicos de alta complexidade como radioterapia e quimioterapia, possibilitando o tratamento do câncer na sua totalidade, entre eles o câncer de mama. Exercemos a coordenação dos serviços de Mastologia e Mamografia da referida instituição. Mesmo após 25 anos de formados, o casal sempre busca atualizar o conhecimento através de cursos, congressos, simpósios e jornadas. “Sentimo-nos com o mesmo entusiasmo e com os inúmeros sonhos que tínhamos naquela época. No entanto, agora com o espírito mais amadurecido e o coração mais pleno de realizações”, reflete Patrícia “Durante todo este tempo sempre procuramos aliar a nossa vida profissional à nossa vida pessoal, conhecendo novos lugares, diferentes culturas, agregando novos amigos. Vivemos intensamente todos os momentos”, complementa ele. Ali sentados, lado a lado e se referindo a pessoalidade de cada um no plural, é possível traçar uma linha do tempo nas palavras deles e perceber a importância da esperança na transformação da vida das pessoas. “Acreditamos que o amor é capaz de aliviar sofrimentos, vencer barreiras, levar esperança, transformar pessoas. Só o amor constrói”, termina Patrícia. Assim como os grandes sonhos devem ser compartilhados. Viver Bem 29
ESTÉTICA
Por Dra. Patricia Correia
DIGA ADEUS AOS PELINHOS INDESEJÁVEIS
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depilação existe há séculos e durante todo esse tempo vem se renovando e não sai de moda. Na realidade, o termo depilação engloba métodos que envolvem lâminas, cremes depilatórios, aparelhos de barbear e tudo que apenas retira a penugem superficialmente, já a epilação, é o nome dado aos tratamentos que removem o pelo inteiro desde a raiz, como a linha, as ceras, a pinça, a luz intensa pulsada, o laser e etc. Contudo, usaremos algumas vezes nesse artigo a palavra “depilação” por se tratar de um termo bastante usado tanto por profissionais como por leigos, bem como por ser uma nomenclatura autorizada. A ciência que estuda a evolução das espécies chama o ser humano moderno de “o macaco nu”, pois no início da humanidade, éramos tão peludos quanto esses primatas. No entanto, com o passar do tempo, os pelos foram deixando de tomar algumas regiões do corpo humano e per-
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maneceram, sobretudo, na cabeça, rosto, axilas, braços, pernas e região íntima. Porém, mesmo em pequena quantidade ainda incomoda muitas pessoas que procuram, seja por aparência ou por necessidade (corredores ou nadadores, por exemplo, removem os pelos para diminuir o atrito do corpo com o ar e com a água a fim de melhorarem suas performances), cada vez mais os consultórios e clínicas de estética para se livrarem de uma vez por todas desses pelos. Então vamos esclarecer algumas questões sobre a Depilação a Laser: A Depilação a Laser é mesmo definitiva? Bom, a depilação a laser tem como objetivo destruir as células germinativas dos pelos através da geração de calor em seu interior, porém uma ou outra célula pode não ser destruída completamente e com o passar dos anos produzir novamente alguns pelos, contudo bem mais finos e em pouquíssima quantidade, mas a maio-
ria das células é destruída sim e o pelo não nasce mais. Quantas sessões devem ser realizadas? Essa é uma pergunta complexa, pois depende da área a ser tratada, da cor do pelo e da pele. O pelo possui três fases de crescimento, porém não há como saber previamente em qual dessas fases o pelo se encontra no momento da aplicação do laser bem como, nem todos os pelos estão na mesma fase. E, para que o objetivo seja alcançado, o pelo deve estar na primeira fase, que chamamos de anágena. Normalmente considera-se que em uma sessão possamos remover de forma definitiva 20% dos pelos tratados. Na face, o número de sessões fica em torno de 8 a 10, já para pelos de pernas, virilhas e axilas pode-se considerar que em 5 a 7 sessões possamos remover 85% dos pelos. Vale ressaltar, que cada indivíduo reage de uma maneira.
COM A DEPILAÇÃO A LASER A Depilação a Laser pode causar câncer, é realmente seguro? É seguro sim. Essa é uma preocupação dos profissionais que trabalham com o laser e hoje, sabemos que existem várias pesquisas tanto no Brasil como no exterior que afirmam que o Laser está dentro do espectro de luz que não causa câncer.
É necessário deixar os pelos crescerem muito antes do tratamento? Para melhores resultados, é aconselhável não arrancar os pelos com cera ou pinça, por exemplo. Após o início do tratamento, os pelos só poderão ser raspados ou cortados e não devem ser utilizadas outras técnicas de remoção.
Quais os riscos da depilação a laser? O maior risco é a absorção da luz pelos olhos, portanto o uso de óculos protetores é obrigatório, tanto pelo paciente como pelo profissional e demais pessoas presentes na sala de atendimento.
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DO CORPO PARA A ALMA
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clínica de cirurgia plástica Corporalis oferece um atendimento personalizado e exclusivo, desde a primeira consulta ao acompanhamento pós-operatório Trazendo segurança e conforto ao paciente, o médico Rommel Apolinário Feitosa procura atender o desejo de quem quer mudar por fora e por dentro. Graduado em Medicina pela Universidade de Pernambuco, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Ministério da Educação e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Rommel é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Além disso, ele possui Residência Médica em Cirurgia Geral no Hospital Barão de Lucena – PE; Residência Médica em Cirurgia Plástica no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro; Pós-Graduação em Administração
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Hospitalar pela FIC e Pós-Graduação em Cirurgia Plástica pela Universidade Gama Filho – RJ. Com uma carreira dedicada ao assunto de mudança corporal e facial, Dr. Rommel é socio do também médico cigurgião plástico Dr. Alessandro Costa Ebara na clínica de cirurgia plástica Corporalis, localizada no Edifício Medical Center em Juazeiro do Norte. A clínica, realiza procedimentos seguindo técnicas consagradas e usando os conhecimentos adquiridos em anos de práticas em entidades, hospitais e associações dos quais temos participado em toda a nossa carreira. Os procedimentos são diversos: Botox e pre-
enchimento, pálpebras, nariz, cirurgia de intimidade, lipoaspiração, orelhas em abano, panturrilha, face, mama e implantes mamários, braços, coxas e glúteos. A vasta experiência do Dr. Rommel propicia um atendimento voltado para a satisfação do cliente. Rua Edward McLain, 440 Salas 801/802 Ed. Medical Center Juazeiro do Norte/CE (88) 3571-1521 (88) 98828-2444
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SOLIDARIEDADE
Por Ribamar Junior
AMAR E MUDAR AS COISAS Há oficialmente seis anos atendendo pessoas portadoras de câncer na região do Cariri, o Instituto de Apoio à Criança com Câncer é um lar de amor e afeto na cidade de Barbalha É como na canção do poeta Belchior, através do “Amar e mudar as coisas”, que a Fátima Regina decidiu dedicar a vida a ajudar o outro. Com a missão de atender as necessidades psicossociais de crianças acometidas pelo câncer e seus responsáveis que em 2010 surge o Instituto de Apoio à Criança com Câncer (IACC), em Barbalha, no interior do Ceará. Como uma organização não governamental, sem fins lucrativos, a instituição atende as necessidades dos portadores de câncer com idade entre 34 Viver Bem
zero e dezenove anos e seus responsáveis. Tudo começa em outubro de 2002 com a força de um grupo de mulheres. Elas iniciaram um plano de visitação a oncologia pediátrica em um hospital da região no objetivo de incentivar leituras e entreter as crianças e as respectivas mães com contações de histórias bíblicas. Até que foi perceptível que o problema que atingia as crianças, também afetava as mães, por vezes abandonada pelos maridos.
Sem cama, dia e noite de olhos abertos, em cadeiras simples e se alimentando apenas da comida hospitalar, muitas mães presenciavam enfermidades dos outros leitos e abriam mão de tudo para acompanhar o tratamento do filho. Eram mães sem apoio, sustentadas pela força nas pernas e fé em Deus. Até que a iniciativa do grupo de mulheres se torna um sonho. Criar um espaço de auxílio para essas pessoas que acompanham o tratamento no hospital. “Nós começamos nosso trabalho através de visitações, como o tratamento é bem prolongado, dura quatro anos, fomos criando um elo de amizade entre as famílias e vendo as necessidades. Uma delas era o apoio, ter onde dormir, comer... Ter um porto”, explica Fátima Regina diretora do IACC. Em 2008 a organização passou pelos trâmites jurídicos e no ano de 2010 se tornaram oficialmente pioneiros nesse assunto com ajuda de amigos e da Prefeitura Municipal. Atualmente a casa mantém 54 crianças da região do Cariri e circunvizinhança, geralmente de classe menos favorecidas, de zonas rurais. “Trabalhamos para conseguir cestas básicas, remédios de alto custo e convênios com unidades de saúde”, conta Fátima sobre a atuação do IACC. O instituto desenvolve também projetos voltados para as mães. Com o objetivo de manter elas com as mentes ocupadas e desenvolver algumas atividades que futuramente sirvam de ocupação. Elas deixam a família, emprego e o muitas vezes o marido as deixam. Então é um processo de trabalhar essas mães, espiritualmente e capacitações oferecidas. No IACC há capacitações no âmbito da arte e beleza, por exemplo, as mães ao mesmo tempo em que acompanham o tratamento dos filhos podem aprender a técnica de fuxico e outras habilidadesprofissionais como cabeleireira e manicure. Todo lucro é de 100%, para ajudar na renda das mães. “Nesses quatro anos de acompanhamento elas não vão ficar diminuídas, elas vão sair capacitadas para tocar a vida. Elas precisam progredir, para dar uma resposta a autoestima”, diz a diretora. Há mães que após o tratamento do filho adquirem doenças devido ao alto estresse.
“COM CERTEZA, VOCÊ RECEBER A NOTÍCIA DE QUE SEU FILHO TEM CÂNCER, SEU MUNDO CAIU. A CLASSE QUE ATENDEMOS É MENOS FAVORECIDA E MUITAS VEZES A INFORMAÇÃO NÃO CHEGA ATÉ LÁ.”
DO CORAÇÃO “É como toda organização social deve começar, pelo coração, começamos pela vontade de acolher e o trabalho foi se estendendo”, continua Fátima sobre o papel do IACC na vida das famílias necessidades. A organização mantém ajuda de profissionais da saúde e voluntários. “Tudo que a gente precisa corre atrás para dá certo e conseguimos”, diz. A receptividade das crianças é enorme. A atenção vai desde o primeiro contato até as necessidades específicas de cada criança, como alfabetização e reforço escolar. “Eles respondem bem, não ficam retrucando, eles sabem que vão passar por aqui e ficam mais confortáveis. Nós nos preocupamos também com essa parte de educação, inclusive com a parte pedagógica, muitos deles perdem o ano letivo devido ao tratamento. Aos que ainda não começaram propondo uma iniciação e reforço para os que já começaram”, enfatiza ela. Além disso, o Instituto realiza ações com a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e o Centro Universitário Leão Sampaio (UNILEÃO). Ano passado foi desenvolvido o projeto Amor de Mãe, em que servia para desmistificar a doença, informar as mães sobre o funcionamento, uso e higiene do corpo. A diretora conta que o ter-
mo “canceroso” ainda é bastante comum e ficar careca ainda desperta desprezo. Mas aos poucos são preconceitos que vão se dissipando com a convivência e atividades lado a lado. “Com certeza, você receber a notícia de que seu filho tem câncer, seu mundo caiu. A classe que atendemos é menos favorecida e muitas vezes a informação não chega até lá. Nós temos conversado com elas, nosso primeiro contato é muito forte, que tudo vai dar certo, nem tudo que é difícil dá errado. Elas precisam estarem informadas em um primeiro momento. A gente não tem como sentir a dor dessas mães, mas precisamos ajudar a passar com mais amenidades”, explica Fátima. A presidente Elisangela pontua a importância de se desenvolver trabalhos de responsabilidade social. “Somos pioneiros. Nossa casa já tem seis anos, e nosso trabalho há catorze, corpo a corpo com as mães e criança, vendo a realidade cada um nos hospital e em casa. Estamos ali até o último momento de vitória ou de suporte. Às vezes uma família não tem nada, nem onde sepultar sua criança”, diz. Dr. Gustavo Saraiva, da clínica MEDIMAGEM em Juazeiro do Norte está realizando uma parceria com o IACC para desenvolver
uma campanha para arrecadar fundos, seja através da doação de alimentos ou dinheiro. A principal meta será a da construção da sede. “Eu não desanimo e nem acho que não vamos conseguir”, diz Fátima confiante. Gustavo realizou no mês de outubro a campanha do cuidado com a saúde da mulher, a “Outubro Rosa” e ele explica que foi um sucesso. “Foi uma campanha que deu tão certo, que decidimos fazer um trabalho com responsabilidade social. Vemos aqui no IACC a necessidade de suporte. Já conhecia o trabalho e quis procurar uma forma de ajudar a instituição”. A casa de cor roxa localizada em Barbalha está à serviço da população. Para quebrar preconceitos e desmistificar a doença do câncer. Aos poucos as mulheres não tem mais medo de perder o cabelo e muito menos as crianças. “Temos clínicas de radiologia no Cariri há mais de trinta anos, mas elas não realizam campanhas e promovem espaço de diálogo”, desabafa Gustavo. Elisangela pontua a força coletiva nas ações, como a cultura do voluntaria ainda não incorporada pelas pessoas. Mas elas não desanimam, confiam no projeto do médico Gustavo e na intenção das pessoas de ajudarem o lar. Amar e mudar as coisas interessa muito mais. Viver Bem 35
BEM ESTAR
Por Ribamar Junior
DAS FOLHAS, A CURA As folhas e a fé estão presentes na ancestralidade através de rituais de cura
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urante o III Ciclo de Palestras sobre história da África e Afro-brasileira da Universidade Regional do Cariri (URCA), a profª Drª. Maria Thereza Arruda Camargo, pesquisadora em botânica pela Universidade de São Paulo (USP) e Iyalorixá Célia Freitas de Oxum do Ilê Axé Oxum Tunji de Juazeiro do Norte dividiram mesa no Salão de Atos para discutir sobre “As Plantas Sagradas e seu uso nas religiões afro-brasileiras”. Na ocasião, Maria Thereza apontou os
trajetos da sua pesquisa sobre o assunto e fez apontamentos referentes aos aspectos psicoativos das plantas na medicina popular. Em seus trabalhos, a pesquisadora traça um paralelo entre a construção do sistema de ideias, que acompanham a humanidade desde os primórdios, para explicar a vida, “o que se vê, o que se ouve, o que se sente e teme, o que se padece de corpo e alma, e também sobre o que diz respeito à morte e pós-morte”, escreve. Indo além do papel sacral, a pesquisadora trocou ideias com Célia d e Oxum sobre a potencialidade da fé e suas implicações. A Iyalorixá começou sua fala com o dito religioso “ko si wew, ko si orixá”
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(sem folha, não existe Orixá) e em seguida, apresentou algumas ervas que fazem partes de rituais religiosos no terreiro de candomblé. Dentre elas, Alecrim, Folha da Fortuna e Pião Roxo. “Mas que seja sempre com responsabilidade, que as pessoas não saiam tomando banhos por banhos, e folhas por folhas porque com alguém deu certo”, pontua Célia sobre a banalização do valor simbólico de cada planta. Além disso, Thereza faz reflexões pertinente ao que se acredita frente as práticas médicas populares. “Elas vão certamente permanecer, mesmo com a pressão das conquistas científicas da área médica e farmacológica, para continuar a exercer forte e benfeitora influência sobre o homem seja nas sociedades rurais como, também, nas urbanas do mundo moderno”, diz em trabalho publicado na Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia.
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EXPERTS Por Dr. Erich Lisboa
DIABETES MELLITUS 38 Viver Bem
E A SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL
A
Diabetes mellitus, também chamada de Diabete melito, é uma alteração metabólica que ocorre no organismo daqueles que são portadores dessa patologia devido a falta ou a uma deficiência do funcionamento de um hormônio que regula a glicose ou glicemia (o açúcar no sangue), chamado de insulina. Essa deficiência ou função inadequada faz com que surja a hiperglicemia (elevação dos níveis de açúcar no sangue), o que caracteriza a doença. Existem vários tipos de Diabetes, sendo as mais comuns: a Diabetes mellitus tipo 1 (associada a deficiência completa da produção de insulina pelo corpo), a Diabetes mellitus tipo 2 (geralmente associada a fatores como obesidade e hereditários, onde pode haver produção de insulina normal ou aumentada, porém com funcionamento inadequado para controlar a glicemia sanguínea), sendo este tipo a apresentação mais comum no mundo todo; e a Diabetes mellitus gestacional (como o próprio nome diz, ocorre durante a gestação, geralmente, entre a 24ª e a 28ªsemana de gestação). A Diabete melito vem crescendo muito
nos últimos 30 anos no mundo todo, porém diferentemente da epidemiologia antiga da doença, neste período a doença vem aumentando muito em países subdesenvolvidos do mundo, e naqueles em crescimento, como o nosso, o que vem gerando grande preocupação a governos e sistemas públicos de saúde mundialmente. A principal causa dessa mudança está ligada diretamente às mudanças socioeconômicas vivenciadas neste período, onde estamos reduzindo os níveis de pobreza e melhora na distribuição de alimentos em todas as regiões brasileiras. Embora a quantidade dos alimentos tenha melhorado, o padrão alimentar não evoluiu concomitantemente, o que fez surgir juntamente com o aumento da Diabete, o aumento da obesidade (excesso de peso corporal relacionado ao excesso de gordura corporal). Atualmente, estima-se que há cerca de 13 milhões de diabéticos no Brasil. Pode ser que você ou alguém próximo a você tenha Diabetes. A obesidade pode ser um fator isolado para o desenvolvimento da Diabete, como também de outras doenças graves, as chama das doenças cardiovasculares (doenças que atacam, principalmente, o
coração), tornando-se assim, atualmente, a principal causa de mortes no Brasil. Um estudo que é realizado pelo ministério da saúde brasileiro (MS), chamado Vigitel (Estudo de Vigilância sobre os hábitos de vida dos brasileiros via telefônica) nas capitais do país, mostra que essa realidade está se tornando cada vez mais universal no nosso país, com uma prevalência cada vez maior de obesidade. Outros fatores de risco para desenvolver o Diabetes incluem: ter diagnóstico de pré-diabetes (atualmente referido como indivíduo de alto risco para desenvolver Diabetes), pressão alta, colesterol alto ou triglicérides elevados no sangue, pai ou irmão com diabetes, ou alguma outra condição de saúde que pode estar associada ao diabetes, como a doença renal crônica, ou se já teve bebê com peso superior a quatro quilos ou diabetes gestacional, ou ser portadora da síndrome de ovários policísticos (SOP), ou se já teve diagnóstico de alguns distúrbios psiquiátricos, como: esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, e ainda, se tem apneia do sono ou usa medicamentos da classe dos glicocorticoides.
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A Diabete é uma doença silenciosa, e por isso, na maioria das vezes, precisa ser rastreada (pesquisada) por exames de sangue. Em novembro, no dia 14, se comemora a dia mundial de combate ao Diabetes. No Brasil, ocorre a semana de combate ao Diabetes, com eventos em várias cidades. A importância de se buscar o diagnóstico e o tratamento adequados se dá pelos problemas associados ao Diabetes, como problemas renais, oculares, neurológicos e cardiovasculares. O diabetes exige alguns cuidados que são para o resto da vida, tanto para o paciente, quanto para a família. Ambos precisam tomar uma série de decisões relacionadas ao tratamento do diabetes, tais como, medir glicemias, tomar medicamentos, fazer exercícios físicos e ajustar os hábitos alimentares. Também pode ser necessário o apoio psicológico. Como as consequências do tratamento são baseadas nas decisões tomadas, é de extrema importância que as pessoas com diabetes recebam educação de qualidade, ajustada às necessidades e fornecidas por profissionais de saúde qualificados. Como é uma doença crônica, a Diabetes pode provocar complicações associadas à maior duração da expectativa de vida,
fato que só ocorre quando há exposição prolongada à hiperglicemia (glicose muito alta no sangue). A doença cardiovascular é a primeira causa de mortalidade de indivíduos com DM2; a retinopatia representa a principal causa de cegueira adquirida e a nefropatia uma das maiores responsáveis pelo ingresso a programas de diálise e transplante; o pé diabético se constitui em importante causa de amputações de membros inferiores. Sabemos hoje que existem amplas evidências sobre a viabilidade da prevenção, tanto da doença como de suas complicações crônicas, e que o mau controle resulta em prejuízo para a saúde e em uma grande probabilidade de desenvolver estas complicações citadas. Porém, no Brasil, tudo isso acontece porque boa parte da população que tem diabetes (estima-se que cerca de 50% deles no Brasil) sequer sabe que são diabéticos. Tratar o diabetes atualmente tem sido um grande desafio à classe médica em geral. Muito embora o arsenal terapêutico tenha aumentado exponencialmente neste mesmo período de expansão da doença, as taxas de mortalidade e morbidade não reduziram, aliás, aumentaram muito no mundo todo. De modo que tratar a do-
ença requer além de boas medicações, o empenho direto e consciente daqueles que são diabéticos. Existem muitos mitos e crenças relacionadas à doença e precisamos estar atentos para evitar falsas informações. Sem o conhecimento e a educação em diabetes, os pacientes
O DIABETES EXIGE ALGUNS CUIDADOS QUE SÃO PARA O RESTO DA VIDA, TANTO PARA O PACIENTE, QUANTO PARA A FAMÍLIA. estão menos preparados para tomar decisões baseadas em informação, fazer mudanças de comportamento e lidar com os aspectos psicossociais da doença. Por outro lado, a prevenção da doença é extremamente barata e factível para a população em geral. A prática de atividades físicas regulares e a alimentação adequada podem impedir a progressão do surgimento da doença, impactando positivamente para a melhora na qualidade de vida e na redução de gastos com a saúde em longo prazo, universalizando assim, a assistência de saúde como um todo. Diante de tudo que foi lido até aqui, sugiro que você procure o seu médico de família, ou seu clínico ou ginecologista de confiança, para realizar exames periódicos se você possa estar incluído no grupo de risco de desenvolver Diabetes mellitus. Lembrando também que a prevenção é o melhor caminho e que mudanças no estilo de vida pode ser muito prazeroso. Erich Pires Lisboa – CRM-CE 6466 é Médico formado pela Faculdade de Medicina de Campina Grande, da Universidade Federal da Paraíba, campus II (UFPB Campus II), atualmente, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Fez residência médica no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC/UFCG) e Mestrado acadêmico em Clínica Médica pela UFC. Professor-Assistente dos módulos de Endocrinologia e Nutrologia da Faculdade de Medicina do Cariri – FAMED. Atua ainda como Médico concursado do Estado de Pernambuco, no Hospital Regional Fernando Bezerra, em Ouricuri, onde atende o ambulatório de Endocrinologia Médica.
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UMA ACADEMIA PARA ELAS Há seis anos surgiu em Juazeiro do Norte uma academia especializada no atendimento do público feminino. Localizada no bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do Norte, a Academia Cariri Personal Fitness tem um diferencial no seu atendimento. O espaço é destinado exclusivamente para o público feminino da região e apresenta um atendimento personalizado, sendo disponibilizado um profissional para duas alunas na meta de se obter melhor acompanhamento. Kalyna Greicy e Thayná Pontes, sócias proprietárias e profissionais de edu-
cação física, explicam que a missão do espaço é promover a saúde e qualidade de vida de nossas alunas, tendo como consequência uma melhoria nos resultados estéticos. “São para aquelas mulheres que se sentem envergonhadas em frequentar um ambiente com homens também malhando”, explica Kalyna. A academia também apresenta programas específicos para a terceira idade, hipertensos, diabéticos, obesos e
gestantes além de promover o emagrecimento saudável e sustentável com ganho de massa muscular. O espaço é amplo, climatizado e equipado com aparelhos de musculação de alto padrão e profissionais qualificados, garantindo assim, compromisso e segurança no atendimento. Thayná Pontes e Kalyna Greicy
Staff de profissionais Cariri Personal Fitness Cariri Personal Fitness Rua : Possidonio Bem, 442 - A Lagoa Seca - Juazeiro do Norte (88) 99921.3171 / 99235.0054
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Atendimento adulto e crianças febre de origem desconhecida hepatites virais (a, b, c, d, e) hiv/aids infecções sexualmente transmissíveis sífilis herpes varicela - herpes zoster imunodeficiências prevenção de infecção aconselhamento pré e pós viagens aconselhamento vacinal Aumento de linfonodo calazar infecções fúngicas infecções hospitalares acompanhamento hospitalar parecer infectologia hospitalar e domiciliar e outros
Dr. Pablo Pita Médico Infectologista Atendimento com horário marcado pelos telefones: (88) 3115-7170 (88) 99838-7491 Ed. Office Cariri - Rua Prof. Maria Nilde Couto Bem, 220 sala 603 - 6 andar Viver Bem 43
NUTRIÇÃO
A FORÇA DA TERRA Fontes de vitaminas, minerais e fibras, os grãos têm um grande papel na nossa dieta diária e mostram que a força da terra mantém o equilíbrio do corpo
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s sabores da terra na boca. Antes, o que era visto como “natureba”, aos poucos vai ocupando lugar na mesa. Os grãos possuem uma grande fonte de nutrientes, substâncias fundamentais para a saúde, e estão entre os alimentos mais saudáveis do mundo. Chia e Quinoa são exemplos de nutrimentos capazes de garantir o bem-estar físico e o equilíbrio do organismo. De acordo com a nutricionista Mahbell Lima, os grãos têm ocupado cada vez mais espaço na mesa dos brasileiros. “Eles são grandes aliados das pessoas que querem iniciar ou manter uma vida saudável”, explica a especialista. Excelentes fontes de carboidratos complexos, nutriente responsável por fornecer energia para manter os movimentos do corpo, da respiração e da mente, os grãos
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funcionam como um combustível para manter o bom funcionamento do organismo. SEMENTE OU GRÃO? Mahbell destaca que feijão, ervilha, amendoim, soja, lentilha e grão-de-bico são na verdade sementes, e não grãos. Basicamente, “todo grão é uma semente, mas nem toda semente é um grão”. Sementes vão gerar uma nova planta, e grãos, é colhido para consumo, sendo a semente que o cereal produz. Na região do Cariri o consumidor pode encontrar com facilidade, arroz, milho, aveia, cevada e trigo. Além de manter a flora do intestino saudável, o alimento auxilia na diminuição de peso, pelo fato de ser rico em fibras. Fontes de vitaminas e minerais, os grãos reduzem as taxas sanguíneas de coleste-
rol e glicose e possuem o poder de retardar o envelhecimento celular por conta dos antioxidantes. “O ideal é incluir uma porção por dia de um tipo de grão na alimentação. Comer de maneira mais saudável pode também fazer parte de um tratamento alternativo contra doenças. Há inúmeras maneiras de iniciar o consumo desses alimentos”, fala a nutricionista sobre a alternativa de acrescentar os grãos na dieta de frutas e suco
COMO USAR? Frutas: Em um lanche rápido pode acrescentar o floco do grão puro em cima da fruta a ser ingerida. Acompanhando um mamão ou um abacate por exemplo. Saladas: Os grãos podem ser usados para temperar saladas verdes e de legumes cozidos.
Acompanhando, por exemplo, na mesa do dia-a-dia a alface, rúcula, agrião, acelga e entre outras folhas. Sucos: É possível pôr uma 1 colher (sopa) do grão que preferir no copo de suco de qualquer fruta. Além de melhorar a saúde de um modo geral, o grão, rico em fibras, trará saciedade. Recheios: De acordo com o seu gosto, doce ou salgado, um pouco de aveia e leite pode rechear panquecas, geleia e vegetais. Farinhas: Na meta de acrescentar proteínas, fibras e mais sabor às receitas, as farinhas de frutas, grãos e cereais é uma nova pedida. Podem ser acrescentadas nas frutas, sucos, iogurtes e no preparo de bolos e tortas.
JÁ TÁ NA MESA Arroz: Um dos alimentos mais comuns no Brasil, o arroz é rico em carboidrato, ou
seja, fornece energia que possa ser gasta com rapidez para o corpo. Além disso, traz proteínas, minerais e vitaminas na mesa. No entendo, o arroz que mais consumimos é o branco, o que possui menos vitaminas. Sendo necessário complementar o prato com legumes e vegetais. A maior parte das vitaminas está na casca no arroz. Feijão: O alimento é um dos grandes tradicionais da mesa do brasileiro e contribui para a sensação de saciedade para quem quer emagrecer. Além disso, possui uma fonte de potássio auxiliando na força dos músculos. De preto, mulatinho, carioca e rosinha o feijão ajuda no combate a anemia, colesterol e câncer. Fonte de ferro e vitamina C. Quinoa: Muito popular na região dos Andes, a Quinoa é rica em fonte de cálcio, ferro e ácidos graxos ômega 3 e 6. Rica em fibras apresenta uma ótima fonte de
carboidratos e vitaminas do complexo B. Sendo um alimento importante na prevenção de doenças cardiovasculares e na redução do colesterol, também, atuando no fortalecimento dos ossos. Linhaça: Rica em fibras, a linhaça ajuda na regulação do intestino. Além do mais, reduz a ansiedade e ocupa o espaço do estômago, impedindo que seja esvaziado rapidamente. A linhaça estimula à produção de hormônios ligados a saciedade. Soja: Apresentando grande concentração de proteína, a soja apresenta fitoestrógeno, elemento capaz de inibir a síntese do colesterol no fígado e ter contato com alguns tipos de células cancerígenas Ervilha: O alimento varia conforme a espécie de grão. A ervilha possui vitaminas A, importante para a visão e formação dos ossos, vitamina C, nos processos de cicatrização e complexo B, no reforço do papel no metabolismo energético. Viver Bem 45
Por Clinica OTTOS
RESPIRAÇÃO ORAL EM CRIANÇAS
É
frequente, no consultório do otorrinolaringologista, os responsáveis pelas crianças relatarem que as mesmas respiram comumente com a boca aberta e que, geralmente, roncam durante o sono. O grande questionamento é se esta situação é normal. A resposta é não, pois respirar de forma predominante pela boca deve ser encarado como um sinal de que alguma coisa não está bem com o trato respiratório. A respiração oral, com ou sem roncos, pode ser passageira, quando na presença de uma gripe ou resfriado; ou crônica, nos casos de obstrução mecânica do nariz. Cabe ao médico assistente investigar a causa. Nas crianças menores as principais causas de respiração oral são o aumento da tonsila faríngea, em geral chamada de adenóide ou carne esponjosa do nariz e/ ou aumento das tonsilas palatinas(amigdalas). As tonsilas palatinas e faríngea fazem parte do sistema imunológico, ou de defesa, e em algumas crianças encontram-se hipertróficas (aumento do
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tamanho) e com sua função protetora diminuída. O diagnóstico de hipertrofia da adenoide/amigdalas pode ser feito pelo otorrinolaringologista através de um exame chamado videonasofibroscopia e avaliação da cavidade oral. O médico assistente considera a idade do paciente e o grau de obstrução nasal para escolher entre o tratamento cirúrgico e o medicamentoso. O tratamento com medicamentos consiste no uso de corticoides nasais por um determinado período, já na opção cirúrgica há a remoção do tecido adenoa-
migdaliano. Vale ressaltar que avaliação odontológica e fonoaudiológica são fundamentais no diagnóstico e prognóstico do “paciente respirador oral”. E quais as consequências do não tratamento das crianças respiradoras orais crônicas? É durante o sono que a criança produz o chamado hormônio do crescimento (GH) e para sua produção adequada é necessário um sono reparador. Os respiradores orais crônicos podem estar apresentando a chamada Síndrome da Apnéia e Hipoapnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS), na qual não há produção normal do GH. Além das alterações do sono e do crescimento podemos citar também como consequências da respiração oral crônica associada à SAHOS: alteração na arcada dentária e fala, deformidade no palato duro (céu da boca) e na face, sonolência diurna, baixo apetite e irritabilidade. Na presença desses sintomas deve-se procurar assistência médica otorrinolaringológica para diagnóstico e tratamento adequados.
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EXPERTS
Por Dr. Pablo Pita
O CUIDADO CONTINUA
O
HIV é o vírus da imunodeficiência humana e foi descoberto por volta de 1980 devido a uma epidemia de pacientes adoecendo com uma grave queda da imunidade. A AIDS, sigla inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é a doença provocada pelo vírus em sua fase mais avançada. Para um paciente chegar nesse estágio é preciso um tempo prolongado de doença e não ter feito tratamento adequado. Hoje em dia vivemos uma era de muito sucesso no tratamento para o HIV, onde temos excelentes opções terapêuticas e um arsenal com efeitos colaterais mínimos e com uma comodidade posológica extremamente eficaz, a de se pensar que há 10 anos o tratamento para o vírus era realizado com pelo menos 8-10 comprimidos e hoje temos opções, como a terapia combinada, com o uso de apensa um comprimido ao dia com efeitos colaterais mínimos. Dessa forma a qualidade de vida para os
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pacientes que vivem com o HIV se elevou e hoje não mais podemos perceber aqueles que têm o vírus, já que não há mais estigmas com uso dos antirretrovirais. Nos dias atuais, percebemos um alarmante aumento da incidência do HIV na população, e é de certo que esse aumento se deu de forma mais alarmante na população adulto jovem entre 15-29 anos. Esse aumento implica em que os jovens estão se expondo cada vez mais a situações de risco e assim aumentando as chances de adquirirem o vírus, principalmente pela prática sexual desprotegida. Dados do Ministério da Saúde estimam que aproximadamente 60% de todas as pessoas vivendo com HIV não sabem que estão com o vírus, e esses são os grandes responsáveis pela propagação do vírus. A cultura festiva da nossa sociedade ainda implica no aumento dessa vulnerabilidade já que o empoderamento dos jovens como pessoas inatingíveis doenças, os fazem se expuser cada vez mais a situações de risco. É muito importante que a popu-
lação seja estimulada a realizar a testagem para o HIV, que é um exame rápido e acessível a todos, disponível na rede sus, bem como na rede privada. O Ministério tem uma campanha que afirma: “ter hiv é ruim, ter e não saber é bem pior˜. Devemos trabalhar na orientação contínua dos nossos jovens a fim de que o comportamento de risco não seja uma prática recorrente e fortalecer o uso do preservativo em todas as praticas sexuais, seja parceiros fixos ou eventuais. Se houver qualquer dúvida sobre a exposição de risco procure auxilio de um médico, para que seja esclarecidas dúvidas. Dr. Pablo Pita é médico infectologista (CREMEC 15404), Coordenador do Internato de Clínica Médica e Professor das Disciplinas de Semiologia Médica e Doenças Infecciosas e Parasitárias da Estácio/ FMJ e Médico do Serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Regional do Cariri
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COMPORTAMENTO
Por Ribamar Junior
A SAÚDE MENTAL DAS MULHERES NEGRAS: “AMOR POR NÓS MESMAS”
A
través do ato de ouvir, Karla Alves tece teias de amor. É preciso falar sobre o os efeitos do racismo na saúde mental da população negra, em especial, das mulheres negras na região do Cariri. “Como você está se sentindo?”, perguntou a historiadora e militante do coletivo Pretas Simoa, Karla Alves, na ação “Preta, conte uma história de amor” para mulheres negras. Depois de ouvir histórias, que segundo ela, rimavam com dor, questionou quantas vezes elas tinham escutado esse tipo de pergunta e muitas disseram que nunca, outras nem
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Foto: Lino Fly
conseguiram responder. “Choramos juntas. Percebi ali que havia uma dolorosa conexão entre todas as que haviam partilhado comigo sua história. A dor foi o alicerce de suas histórias”, conta. Segundo Maria Lúcia da Silva, psicóloga, psicoterapeuta e ativista do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres Negras, “é possível dizer que, no país, uma grande maioria de brasileiros, em que se inclui um enorme contingente de negros, vive em constante sofrimento mental, devido às precárias condições de subsistência e à falta de perspectivas futuras”. Em um mundo em
que o padrão branco se faz vigente, o racismo atua negativamente na esfera de auto reconhecimento e identidade. A ideia da ação social de Karla parte de (ENTREVISTA). Após o encontro, Karla conta que sentiu uma superação em cada uma que parou para contar suas dores. “Mas também percebi a superação em cada uma, a esperança que ainda respirava. Essa sim é uma linda história de amor, do amor que resiste o amor por nós mesmas”, diz. Para ela, essas mulheres são heroínas do dia a dia, heroínas de si. “Sou mais forte graças a elas”, finaliza.
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