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ECO SUSTENTĂ VEL Numero 1 - Ano 2015
EDITORIAL
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SUMARIO Sobre Revista sobre temas do meio ambiente, gestão de negócios sustentáveis e preservação dos biomas naturais. Nossos autores são pessoas com a missão de passar sobre a simplicidade do meio ambiente. Somos a favor da integraçao homen
Autores Marcio Fernandes Alex Pereira Cleyton Alyson César Augusto Manoel de Barros Frederico Nice Edgar Alan Lucal Almeida
Editores Simão Favoencia Marcio Fernandes Alex Pereira Lucas Andrada João Pinto Solvenir Lefant César Augusto Larissa Lecroux 4
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Editorial Palavras do editor
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Conhecendo novas tecnologias novas maneiras de se relacionar com a natureza
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A terra no limite O século em que nosso planeta mais sofreu
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Novas fontes de Energia Novas descobertas que almejam um futuro
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O desmatamento no Brasil As florestas brasileiras choram
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ALERTA
Estudo conclui que apenas 4% do oceano está protegido Foto luciano bajo/enterprise
Ao que parece, as iniciativas globais não são suficientes para minimizar os impactos causados pela ação humana
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om as catástrofes naturais, mudanças climáticas, perdas de habitats e outros problemas relacionados ao meio ambiente cada vez mais em evidência, governos de todo o mundo têm buscado alternativas para minimizar os impactos.
pela Organização das Nações Unidas (ONU) em uma tentativa de conter a perda de biodiversidade marinha e do habitat natural dos animais. Os países se comprometeram a proteger pelo menos 10% do oceano até 2020.
No entanto, apesar dos esforços globais, as iniciativas não são suficientes para conter os danos causados pelas ações humanas. Pelo menos é o que revelam estudos realizados por centros de pesquisa famosos.
Muito além dos resultados numéricos, é preciso, ainda, garantir que a proteção seja eficaz e que haja uma gestão conectada para assegurar o cumprimento da meta de conservação da biodiversidade.
Recentemente, um estudo publicado na revista Oryx, realizado pela Universidade de British Columbia, descobriu que uma grande parte dos oceanos ainda precisa ser protegida para atingir as metas globais. Atualmente, apenas 4% das águas estão protegidas.
O que são as zonas protegidas?
Medidas para proteger os oceanos Em 2010, representantes de quase 200 países se reuniram em uma conferência em Nagoya, no Japão, para aprovar as Metas de Aichi, criadas
São consideradas zonas marinhas protegidas aquelas onde é proibida a extração de recursos vivos – peixes, crustáceos, algas marinhas – e recursos não vivos – petróleo e gás. Segundo especialistas, com criação de grandes áreas marinhas protegidas nos últimos anos, existe uma enorme chance de que as Metas de Aichi possam ser alcançadas, o que seria uma conquista mundial. FF
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SUSTENTABILIDADE
A TERRA NO LIMITE Quanto a humanidade já consumiu dos recursos naturais do planeta e o que precisa fazer para manter uma situação sustentável.
Foto luciano bajo/enterprise
Foto luciano bajo/enterprise
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ser humano não é dono, mas sim inquilino da Terra e do sistema solar. A humanidade depende da disponibilidade de terra, água e ar no planeta. Ultrapassar os limites existentes significa caminhar para o suicídio e o ecocídio. A situação atual é a seguinte: após 200 anos de desenvolvimento econômico, propiciado pela Revolução Industrial, a população mundial ganhou com a redução das taxas de mortalidade e o crescimento da esperança de vida. Hoje, na média, as pessoas vivem mais e melhor. O consumo médio da humanidade disparou. Entre 1800 e 2010 a população mundial cresceu, aproximadamente, sete vezes (de 1 bilhão para 7 bilhões de habitantes) e a economia (PIB) aumentou cerca de 50 vezes. Mas o crescimento da riqueza se deu à custa da pauperização do planeta. Uma boa forma de dimensionar o impacto do ser humano na Terra é a pegada ecológica. Essa é uma metodologia utilizada para medir as quantidades de terra e água (em termos de hectares globais gha) que seriam necessárias para sustentar o consumo atual da população. Considerando cinco tipos de superfície (áreas cultivadas, pastagens, florestas, áreas de pesca e áreas edificadas), o planeta Terra possui aprox-
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imadamente 13,4 bilhões de hectares globais (gha) de terra e água biologicamente produtivas. Segundo dados de 2010 da Global Footprint Network, a pegada ecológica da humanidade atingiu a marca de 2,7 hectares globais (gha) por pessoa, em 2007, para uma população mundial de 6,7 bilhões de habitantes na mesma data (segundo a ONU). Isso significa que para sustentar essa população seriam necessários 18,1 bilhões de gha. Ou seja, já ultrapassamos a capacidade de regeneração do planeta. No nível médio de consumo mundial atual, com pegada ecológica de 2,7 gha, a população mundial sustentável seria de no máximo 5 bilhões de habitantes. QUANTOS HABITANTES A TERRA PODE SUSTENTAR? Se a população mundial adotasse o consumo médio do continente africano com pegada ecológica per capita de 1,4 gha , poderia atingir 9,6 bilhões de habitantes. Se o consumo médio mundial fosse igual à média asiática (1,8 gha), a população mundial poderia ser de 7,4 bilhões de habitantes. Com base na pegada ecológica da Europa (4,7 gha), não
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poderia passar de 2,9 bilhões de habitantes. Com a pegada ecológica da América Latina (2,6 gha), o limite seria de 5,2 bilhões de habitantes. Com as pegadas ecológicas da Oceania (5,4 gha) e dos Estados Unidos e Canadá (7,9 gha) precisaríamos parar em 2,5 bilhões e 1,7 bilhão de habitantes, respectivamente. Qual é a perspectiva para as próximas décadas? De acordo com dados da Divisão de População da ONU, em 2050 a população mundial deve atingir 8 bilhões de pessoas, na projeção baixa, 9 bilhões, na projeção média, e 10 bilhões, na projeção alta. Nas previsões do FMI, a economia mundial deve crescer acima de 3,5% ao ano de 2010 a 2050. Isso significa que o PIB mundial vai dobrar a cada vinte anos ou se multiplicar por quatro até 2050. Portanto, o mais provável é que a Terra tenha
mais 2 bilhões de habitantes nos próximos quarenta anos e uma economia quatro vezes maior. O planeta suporta? Não há, evidentemente, como manter esse crescimento nos padrões de produção e consumo atuais. Para que a humanidade possa sobreviver e permitir a sobrevivência das demais espécies, será preciso promover uma revolução na matriz energética, incentivar a eficiência do uso de energia, reciclar e reaproveitar o lixo. Enfim, reduzir os desperdícios em todas as suas formas. Será necessário introduzir inovações tecnológicas nos prédios e casas para melhorar o aproveitamento da energia e a reciclagem de materiais, reforçar e melhorar o transporte coletivo, criar empregos verdes; ampliar as áreas de floresta e mata e a preservação ambiental. Nesse contexto, proteger a
biodiversidade; desestimular a cultura dos pet shops e o elevado consumismo dos animais de estimação; avançar com a aquacultura e na revolução azul. Incentivar o vegetarianismo é um modo de diminuir o consumo de carnes e os impactos da agropecuária. Na lista de redução estão ainda o consumo de bebidas alcoólicas e outras substâncias tóxicas, os gastos mitares, o consumo conspícuo e aquele que provoca maiores danos ambientais. A lista pode ainda ser maior. Dessa forma, é urgente discutir a alternativa do modelo do “decrescimento sustentável”, especialmente a redução das atividades mais poluidoras, com a mudança no padrão de consumo e o avanço da sociedade no conhecimento e intangíveis. FF 7
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INOVAÇÃO
Novas fontes de energia renovável estão em desenvolvimento no Brasil Hidrogênio e ondas do mar poderão mover veículos e gerar eletricidade
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e acordo com dados do Balanço Energético Nacional de 2013, do Ministério de Minas e Energia, cerca de 85% da eletricidade produzida no país vem de usinas hidrelétricas, biomassa, energia eólica e solar. Apesar de essas serem mais conhecidas, outras fontes estão sendo pesquisadas – ou mesmo utilizadas em outros países – e poderão compor a matriz brasileira nas próximas décadas. De acordo com o relatório, a energia hidrelétrica corresponde a 76,9% da matriz brasileira. A segunda fonte renovável mais utilizada é a biomassa, correspondendo a 6,8% da produção. Versátil, a biomassa é a utilização de vegetais – especialmente cana-deaçúcar e soja – para gerar eletricidade, seja por meio da queima de materiais, ou por meio de seu processamento. Por exemplo, biocombustíveis são produtos da fermentação ou decomposição de
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materiais orgânicos e podem ser utilizados tanto para produzir eletricidade quanto para mover veículos. Fontes em desenvolvimento Atualmente, equipes do Coppe/ UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação em Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), estão desenvolvendo projetos que utilizam dois tipos de energia renovável: hidrogênio e ondas do mar. Vindo de fontes praticamente infinitas, essas fontes não poluem, mas ainda esbarram na questão da eficiência e do custo. Roberto Schaeffer, professor de Planejamento Estratégico da Coppe/UFRJ, conta que o mar pode ser utilizado de diversas formas. A fonte maremotriz, por exemplo, usa a variação das marés para gerar eletricidade. “Quando o mar sobe, pequenas
represas armazenam essa água, que é despejada na maré baixa”, explica Schaffer. Ela funciona com o mesmo princípio das hidrelétricas. A pressão da água move turbinas que geram eletricidade. Com base neste processo, a Coppe construiu, no mar do Ceará, uma usina experimental. Dois flutuadores sobem e descem de acordo com o nível do mar e movem uma bomba, que ejeta água em uma turbina. Apesar de mais viável, essa fonte exige condições específicas de ondas para ser aplicada, portanto, não pode ser construída em qualquer lugar. Outra forma de gerar energia é por meio de pilhas de hidrogênio. O gás, que não é encontrado bruto na natureza, é separado de outros elementos por meio de um processo químico, onde elétrons são liberados. Estes
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Desde 2009, usina experimental gera energia a partir das ondas no Ceará
elétrons são utilizados para mover o veículo, mais ou menos como uma bateria comum. Schaffer explica que, apesar de não emitir poluição, este método – que já é utilizado em alguns veículos – ainda é caro e com pouca eficiência energética. “Se você for separar o hidrogênio da água, você vai gastar mais energia do que receber”, comenta. Energia da Terra
professor de Energia na Agricultura da Universidade Federal do Ceará.O professor destaca que o Brasil tem tecnologia para produzir energia geotérmica, mas não é economicamente viável. “Para alcançar as temperaturas necessárias para mover as turbinas, deveríamos escavar até 4 mil metros”, comenta. Existem poços de petróleos mais profundos que esse no pré-sal, mas ao
analisarem quanto vai custar tal usina, os especialistas acabam concluindo que a construção de outras fontes tem um melhor custo-benefício. No ano de 2009, foi realizado o Primeiro Leilão de Energia Eólica, com a intenção de diversificar a captação deste tipo de energia e no mesmo ano, aconteceu uma enorme crise no segmento de Energia no país, pois após um grande período de seca, os níveis de rios ficaram baixos e o volume de água era insuficiente para abastecer as Barragens Hidroelétricas, por este motivo, o governo incentivou ainda mais a pesquisa em fontes de energia renováveis.. A Associação Brasileira de Energia Eólica considera que o potencial de geração para energia eólica do país é de 143 Gigawatts. Outras fontes de energia renováveis no Brasil são: a Energia Solar, cuja primeira Usina foi construída em 2011, no sertão. FF
Em regiões com vulcões e atividade sísmica, o calor da Terra também é usado para gerar eletricidade. É a chamada energia geotérmica. Geólogos cavam poços até áreas onde a temperatura chega a 700°C e despejam água ali dentro. A pressão é tamanha que esta água move geradores de eletricidade. “É feito um estudo geológico complexo para fazer esse tipo de usina. Se houver falhas no solo, a água vai escapar e a eficiência será muito menor”, comenta Daniel Albiero, Foto luciano bajo/enterprise
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A cada quatro anos o Brasil desmata o equivalente a um paĂs
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São quase cinco mil quilômetros de área nativa desmatada anualmente em todo o Brasil Outro detalhe importante é que o Brasil tem papel fundamental na questão ambiental global, já que possui 12% de toda a água doce do mundo.
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roblema que infelizmente persiste em pleno século XXI, o desmatamento parece não ter fim ao redor do mundo… Inclusive no Brasil. Não é de hoje que autoridades governamentais, ONGs e até mesmo celebridades alertam sobre os perigos de destruir territórios nativos em busca de madeira ou áreas para agricultura e pecuária. A situação é tão grave que o desmatamento leva à extinção de milhares de espécies vegetais e animais que estão ameaçadas há décadas ou que nem chegamos a conhecer e pesquisar. No território brasileiro, por exemplo, mesmo com o avanço em políticas de proteção ambiental nos últimos anos, o desmatamento ainda está longe do fim. Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o país apresenta a maior perda florestal de todo o planeta, cerca
de 4.800 quilômetros de área desmatada por ano (levantamento de 2014). Se multiplicarmos por quatro anos seguidos com este nível de desmatamento, vamos chegar a uma área equivalente ao território de Israel. “O crescimento econômico e urbano e a expansão agrícola e de infraestrutura também aumentaram o consumo de energia, o uso de recursos naturais e as pressões ambientais”, aponta o relatório da OCDE, que também alerta sobre a distância que há entre a aprovação de leis ambientais e a verdadeira aplicação destas em áreas de risco. Neste ponto vale ressaltar que o Brasil é a nação que mais oferece energia renovável entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e já reduziu além da meta estabelecida de emissões de gases poluentes até 2020. FF
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CLIMA
2015 deverá ser o ano mais quente desde 1880 Somente em setembro de 2015, a temperatura média em todo o mundo foi quase 1°C maior do que todas as outras medições do mesmo mês ao longo da história
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ue a temperatura do planeta Terra está aumentando gradativamente em virtude do aquecimento global provocado pela emissão de poluentes não é novidade para ninguém. Não é de hoje que recebemos alertas sobre o perigo dos gases tóxicos e como estes afetam as condições atmosféricas do mundo, provocando, entre outros males, climas extremos em todos os continentes e ameaçando seriamente a existência de ecossistemas inteiros. Talvez a mais notória imagem que temos quando falamos na temperatura do planeta é do derretimento das geleiras polares… Um exemplo claro do que pode acontecer em grande escala. Nesta linha, um estudo recente divulgado pela NOAA (Agência Americana de Oceanos e Atmosfera) afirma o que muita gente já desconfiava: 2015 será o ano mais quente da história. Para chegar a tal conclusão, a NOAA analisou os últimos 136 anos de monitoramento de temperatura e publicou que somente até setembro de 2015 a média global atingiu o maior valor em todos os tempos, 15,9°C. Setembro, in-
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clusive, foi o quinto mês seguido de aumento recorde de temperatura. Importante relembrar que Manaus, Belo Horizonte e Brasília já registraram em 2015 as temperaturas mais altas de suas respectivas histórias.
Por que 2015 será o ano mais quente da história? Segundo os pesquisadores da NOAA, o aumento da temperatura nos últimos anos tem relação direta com os gases que provocam o efeito estufa.
Além disso, defendem que o fenômeno El Niño também influencia no recorde de temperatura de 2015 e que os reflexos do mesmo deverão ser sentidos ao redor do planeta até o começo de 2016. Somente em setembro de 2015, por exemplo, a temperatura média foi 0,9°C maior do que todas as outras medições realizadas neste mês ao longo do século XX e começo do século XXI. Outro alerta importante feito pela Agência Americana de Oceanos e Atmosfera: se for superado o limite estabelecido de aumento de temperatura estipulado pelas principais nações para as próximas décadas, de 2°C, muitas ilhas do Oceano Pacífico poderão
desaparecer e ainda diversos desastres naturais podem acontecer. Entre os reflexos em caso de tais calamidades, o fluxo populacional de cidades costeiras para pontos mais afastados pode provocar diversos transtornos e uma séria crise social. “A tendência que se desenha para 2015 permite supor que este ano será o mais quente já registrado”, afirma o texto. “A temperatura média na superfície do globo superará sem dúvida a barreira de um grau centígrado em comparação com a era pré-industrial (1880-1899)”, acrescenta o estudo da agência da ONU com sede em Genebra. Em seu relatório divulgado a uma semana da Conferência sobre o Clima de Paris (COP21), a OMM igualmente indica que os anos de 2011 a 2015 representam o período de cinco anos mais quente jamais registrado, assim como em termos de fenômenos
meteorológicos extremos - em particular ondas de calor influenciado pelas mudanças climáticas.O mês de julho deste ano foi o mais quente já registrado no mundo, com muitos países e oceanos experiementando ondas de calor, relata a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) em relatório divulgado nesta quintafeira (20). Julho registrou temperatura média de 16,61°C nas superfícies dos continentes e dos oceanos, 0,81°C a mais do que a média de temperatura do século XX. Trata-se do recorde de temperatura média do planeta desde 1880, o início do acompanhamento das temperaturas em todo o mundo. No acumulado do ano, ou seja, de janeiro a julho de 2015, a temperatura média registrada nas superfícies dos continentes e dos oceanos foi 0,85°C acima da
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média do século XX.
Em seu relatório mensal sobre o clima global, a NOAA aponta que a América do Sul teve “condições” de temperatura acima da média no mês de julho, e algumas partes ao norte da região tiveram calor recorde. De uma maneira geral, o mês passado foi o quinto mês de julho mais quente da América do Sul. A administração também cita temperaturas recordes de alta nos oceanos e uma redução da extensão de gelo no oceano Ártico. Em julho, foi registrada extensão de 350 mil milhas quadradas no Ártico, 9,5% a menos do que a média entre 1981 e 2010. Já no Antártico, foram registradas 240 mil milhas quadradas em julho, 3,8% a mais do que a média dos anos entre 1981 e 2010. FF
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PERFIL
Ray Anderson: um empreendedor sustentável na prática o empresário norte-americano Ray Anderson, reconhecido mundialmente por seu desempenho sustentável nos negócios à frente da InterfaceFLOR. Ele é um grande exemploparaempresáriosdetodomundoedeixaumlegado precioso: o de que é possível ser socioambientalmente correto sem se perder na greenwashing.
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PERFIL
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ano era 1994. Para Ray Anderson, manter respeito aos clientes e ao meio ambiente não podia ficar de fora de seu plano de negócios e, para isso, não havia necessidade de perder o lucro. Resolveu, então, dar uma guinada em sua empresa InterfaceFLOR Commercial (Interface Global*), que havia fundado em 1973, e dedicou sua vida a aprimorar esse conceito. Em seu projeto de expansão, a sustentabilidade ganhou sentido na prática, com a venda de carpetes modulares, tornando-se líder no segmento. Uma das metas perseguidas e implementadas
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por Anderson foi a de redução de desperdícios de água e energia, que resultou em milhões de dólares de economia, nos últimos 15 anos, e se tornou política de gestão adotada em mais de 35 fábricas do grupo, em diferentes países. Mas sua grande “sacada” empreendedora foi utilizar material reciclado com garrafas PET ou de origem orgânica na produção - como fibra de milho -, de forma gradativa. Mais um compromisso assumido por ele, foi o de reduzir as emissões de GEEs - Gases de Efeito Estufa de suas fábricas, chegando a percentuais na casa dos 70%.
Enquanto o mercado sofria recessão nos EUA, os negócios da fábrica “iam bem, obrigado”. E, para ele, metas a longo prazo eram indispensáveis, tanto que estipulou o ano de 2020 para eliminar totalmente os desperdícios na produção. Mas isso não bastava. Sua preocupação atingiu outros atores da cadeia e, a partir de 1998, a InterfaceFLOR começou a contatar clientes donos de carpetes antigos, mesmo que tivessem sido adquiridos de concorrentes, para reciclá-los. Uma decisão inédita e muito radical que ele adotou por
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entender que realmente podia fazer algo para contribuir com a preservação do meio ambiente e da vida. Seu objetivo era o de tranformar a InterfaceFLOR na primeira empresa verdadeiramente sustentável da história, desligando suas chaminés e parando de emitir efluentes, não causando danos ao meio ambiente e não utilizando nada que não fosse renovável pela Terra. Em diversas palestras que concedeu, inclusive no Brasil, contou que a leitura da obra A Ecologia do Comércio, do ambientalista Paul Hawken, que tratava da devastação dos recursos naturais causados pela indústria, foi um divisor de águas. As mudanças afetaram também o seu modo de vida e de sua família, daí por diante. Adotou o automóvel híbrido e optou por energia solar em seus imóveis particulares, ou seja, teve uma vida coerente e dedicada a se aprimorar no desafio de ser sustentável na
prática. Durante duas décadas, Ray Anderson contribuiu para mais de 100 livros sobre negócios sustentáveis e escreveu duas obras: Mid - Course Correction: the Interface Model (Perengrizilla Press, 1998) e Confessions of a Radical Industrialist (St. Martin Press, 2009). O mais recente trabalho, revisado antes de sua morte, é Business Lessons from a Radical Industrialist. Esse homem visionário e realizador morreu nesta segunda-feira, aos 77 anos, em decorrência de um câncer, e deixou um importante legado ao universo empresarial: o de que é possível ser socioambientalmente correto no mundo dos negócios, sem se perder na greenwashing
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OPINIÃO Oscar Motomura Graduado em direito, PHD em filosofia e empresário no setor de reavivamento de florestas
Empreendedorismo Sustentável
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conteúdo do EcoDesenvolvimento.org está sob Licença Creative Commons. Para o uso dessas informações é preciso citar a fonte e o link ativo do Portal EcoD. http:// www.ecodesenvolvimento.org/ colunas/oscar-motomura/ empreendedorismo-sustentavel#ixzz3swWbU9Rb Condições de uso do conteúdo Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Sempre que alguém fala sobre empreendedorismo, a imagem na cabeça de muitos é de pessoas que criam suas próprias empresas. Embora o conceito possa acomodar parcialmente essa imagem, prefiro trabalhar com um significado diferente. Para mim, empreendedorismo nada mais é do que a força do fazer acontecer. O empreendedor seria, nessa concepção, a pessoa capaz de gerar resultados efetivos em qualquer área da atividade humana. Nessa definição, muitas donas de casa são empreendedoras: não obstante grandes desafios e
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muitas dificuldades, fazem tudo funcionar e a família evolui. Há porém donas de casa incapazes de fazer acontecer. E os resultados obviamente são ruins; Há funcionários empreendedores. E outros que não são. Há até chefes e executivos empreendedores e outros não. Isso tanto nas empresas como em governos e até nas organizações da sociedade civil; Há cidadãos empreendedores. Outros, não; Há crianças e jovens que fazem acontecer nos estudos e até nos esportes e nas brincadeiras. E há também os que não conseguem; Há ainda as pessoas idosas que até os últimos dias fazem acontecer. Outras, não; É interessante contrastar a figura do empreendedor com uma outra – muito comum em nossa sociedade: a das pessoas que falam muito, criticam, têm idéias, boas até, mas param por aí. Sequer parecem preocupadas com a efetiva implantação das idéias que têm ou com a solução do que criticam. Às vezes até têm essa preocupação, mas parecem considerar que esse é
um detalhe que cabe a outros cuidar. Como se fosse algo de “outro departamento”. Por outro lado, há empreendedores que fazem acontecer. Com grande força. Mas fazem sem pensar. Sem pensar se há outras coisas mais essenciais a fazer. Coisas que talvez sejam mais úteis à sociedade e às futuras gerações. São pessoas que, se pensassem melhor sobre como o todo funciona, não fariam o que fazem. Estariam contribuindo de forma diferente. Talvez até de forma muito diferente. Há ainda empreendedores de grande talento que não só trabalham em atividades pouco relevantes à sociedade mas até prejudiciais a ela. São os que usam suas competências, por exemplo, em ramos altamente poluentes ou fabricando produtos que afetam a saúde das pessoas etc. O extremo desse espectro está nas pessoas que atuam em ramos sérios, mas de forma não-ética ou que até vêem no crime um “negócio” altamente lucrativo. FF
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