Bailes Cariocas (veja em tela grande)

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Bailes Cariocas

Marco Antonio Perna

Bailes Cariocas | Marco Antonio Perna |



Bailes Cariocas Marco Antonio Perna

Rio de Janeiro - Brasil 2021

Bailes Cariocas | Marco Antonio Perna |


Edição, fotografia, capa, projeto gráfico e textos: Editing, photography, cover, design and texts: Marco Antonio Perna Jornalista - Registro nº 0039535/RJ / MTPS Portfolio Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Lumos Assessoria Editorial - Bibliotecária: Priscila Pena Machado CRB-7/6971 Perna, Marco Antonio. P452 Bailes Cariocas / Marco Antonio Perna. — Janeiro : Edição do Autor, 2021. 180 p. : il. ; 21 cm.

Rio de

ISBN 978-65-5854-147-9

1. Dança de salão – Fotografias. I. Título. CDD 793.33

Copyright

© 2021 by Marco Antonio Perna

Todos os direitos reservados. Este fotolivro, ou qualquer parte dele, não pode ser copiado de forma alguma ou em qualquer meio, seja ótico, eletrônico, mecânico ou outro. Nenhuma parte pode ser copiada ou traduzida sem permissão escrita específica. 1E300 Notice of Rights: All rights reserved. No part of this publication may be reproduced or transmitted or copied or translated in any form by any means, electronic, optical, mechanical, photocopying, recording or otherwise, without the prior written permission. www.marcoantonioperna.com.br www.marcoantonioperna.com.br/bailescariocas +55 21 999749046 - maperna4@gmail.com www.dancadesalao.com.br www.dancadesalao.com.br/loja


Para minha filha Louise.

In memoriam: Adriana Van Lima (p36), Beth Carvalho (p164), Hugo Dutra (p125), Isnard Manso (p151), Maria Antonietta Guaycurus (p178), Ney Homero Rocha (p162), Richardson Oliveira (p112) e Vitor Saru (p64).

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PREFÁCIO Bailes Cariocas: uma dança para os olhos

Felipe Berocan Veiga

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“Nós somos um povo que vive dançando”. (Olavo Bilac, Kosmos, mai. 1906) “Rodopiando no salão Os dois parecem um casal Mas é mentira”. (Chico Buarque, O Último Blues, 1985)

Diz-se que o pessoal da dança não tem memória, como se estivesse preso ao hedonismo, ou seja, ao gosto e vocação para o prazer imediato, e ao presentismo avivando o momento de cada baile, efêmera busca do aqui-e-agora que marca sua experiência como algo unicamente circunstancial, como se não existisse nem passado nem futuro. Contribui ainda para essa percepção deslocada o próprio caráter cíclico e sempre renovado dos bailes, borrando as diferenças e confundindo na memória tantas noites em uma só, produzindo uma unidade de sentido difícil de restituir para tantas gerações dançantes e modernas que abdicaram do registro cuidadoso nas antigas “cadernetas de baile” dos tempos da corte: quando se dançou, com que par, em que salão, ao som de que orquestra, de que música, com que trajes, em que circunstâncias... Parece que o que realmente importa é dançar, e não necessariamente lembrar. E quem é “da dança” não deixa de ter lá suas razões, pois no final das contas deixar de dançar pode significar até morrer.

de uma agenda dedicada à dança de salão no início da popularização da internet, no final da década de 1990, levou Marco Antonio Perna a publicar seus textos e imagens nos jornais especializados e, sobretudo, a realizar o registro sistemático de tudo o que compunha o circuito mais amplo da dança na cidade, retratando suas múltiplas formas de expressão, suas personalidades notáveis e suas transformações ao longo do tempo. Para além dos rápidos movimentos dos corpos e técnicas corporais de difícil reprodução em fotografia, ressaltam aqui o ambiente ora despojado, ora solene, e a sociabilidade envolvente dos encontros em tantos salões, academias, cursos, oficinas, eventos, espetáculos, concursos e festivais, descortinando tanto bastidores quanto palcos e pistas, onde a dança se faz um prazer não somente para os pés, mas também para os olhos.

A existência de tantos salões sujeitos ao modismo e às crises de toda ordem, que um certo dia abrem com letreiros de esperança, logo se tornam sucesso de público e depois fecham as portas sem nem anunciar a despedida, em oscilações que afetam mesmo os clubes e gafieiras mais tradicionais da cidade, contribui também para apagamentos da memória de um circuito de bailes marcado pela instabilidade e pelo dinamismo, com a luta pela existência lado a lado às novas opções em constante oferta e movimento.

A beleza da ação conjugada dos pares enlaçados, agindo conforme unidade nos mais diferentes ritmos, do forró ao tango, do samba à valsa, do bolero ao rock and roll, mobiliza os nossos sentidos e atrai, principalmente, a nossa visão. Desperta uma verdadeira pulsão escópica, acionando o prazer de ver e de ser visto tão próprio dos bailes e que tão bem se revela nesse bem cuidado conjunto de fotografias, despertando fortes lembranças e produzindo um sentimento de satisfação contagiante. Para a elaboração deste livro, a opção do autor pela linguagem em preto e branco da fotografia faz realçar ainda mais as luzes, formas, corpos e texturas, conferindo uma aura onírica ao universo retratado, como se todos ali bailassem suspensos, num tempo fora do tempo.

Agora estamos diante de Bailes Cariocas, este livro de fotografias que é fruto do trabalho sistemático de um obstinado observador de dentro, capaz de fornecer importantes subsídios para um exercício da memória mais recente, em belas imagens realizadas ao longo de mais de duas décadas de frequentação e, depois, de atividade profissional. A publicação

Nos dias atuais, tão afetados e privados da arte do encontro, dos prazeres da dança de salão e do circuito dos bailes por uma grave pandemia, essa apreensão do sensível se potencializa e reforça nossas motivações em querer rever, rememorar e novamente dançar, ainda que somente com os olhos.

1 Professor Dr. do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense – PPGA-UFF. Pesquisador do Laboratório de Etnografia Metropolitana – LeMetro/IFCS-UFRJ e do INCT-InEAC. Autor da Tese de Doutorado “O Ambiente Exige Respeito”: Etnografia Urbana e Memória Social da Gafieira Estudantina (UFF, 2011).


english

Bailes Cariocas: a dance for the eyes

Felipe Berocan Veiga

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“We are a people who live dancing.” (Olavo Bilac, Kosmos, May 1906) “Swirling in the ballroom the two look like a couple But it’s a lie”. (Chico Buarque, O Último Blues, 1985)

It is said that the people who dance have no memory, as if they were stuck to hedonism, that is, to the taste and vocation for immediate pleasure, and to the presentism that revives the moment of each dance, an ephemeral search for the here-and-now that marks their experience as something only circumstantial, as if neither past nor future existed. The cyclical and ever-renewed character of the bailes/balls also contributes to this dislocated perception, blurring the differences and confusing in the memory of so many nights into one, producing a unity of meaning that is difficult to restore for so many modern dance generations that have given up the careful record keeping of the old “carnets de bal” (dance cards) of the court times: when did you dance, with which couple, in which ballroom, to the sound of which orchestra, to what music, with which clothes, in what circumstances... It seems that what really matters is to dance, and not necessarily to remember. And those who go to dance are not without their reasons, because in the end, not dancing can even mean dying.

dedicated to ballroom dancing at the beginning of the popularization of the internet in Brazil, at the end of the 1990s, led Marco Antonio Perna to publish his texts and images in specialized newspapers and, above all, to make the systematic register of everything that composed the wider circuit of dance in the city, portraying its multiple forms of expression, its notable personalities and its transformations throughout time. In addition to the rapid movements and techniques of the bodies that are difficult to reproduce in photography, what stands out here is the ambiance that can be stripped down or solemn, and the involving sociability of the encounters in so many ballrooms, academies, courses, workshops, events, shows, competitions and festivals, revealing backstage as well as stages and dance floors, where dance becomes a pleasure not only for the feet, but also for the eyes.

The existence of so many dance halls subject to fashion and all sorts of crises, which one day open with signs of hope, soon become a success with the public and then close their doors without even announcing their farewells, in oscillations that affect even the most traditional clubs and dance halls (gafieiras) in the city, also contributes to the erasing of the memory of a dance circuit marked by instability and dynamism, with the struggle for existence side by side with the new options in constant supply and movement.

The beauty of the conjugated action of the intertwined pairs, acting as a unit in the most different rhythms, from forró to tango, from samba to waltz, from bolero to rock and roll, mobilizes our senses and attracts, mainly, our vision. It awakens a true scopic drive, triggering the pleasure of seeing and being seen that is so typical of dances and that is so well revealed in this well cared set of photographs, awakening strong memories and producing a contagious feeling of satisfaction. For the elaboration of this book, the author’s option for the black and white language of photography enhances even more the lights, shapes, bodies, and textures, giving a dreamlike aura to the universe portrayed, as if everyone there danced suspended, in a time out of time.

Now we are in the presence of Bailes Cariocas, this book of photographs that is the result of the systematic work of an obstinate observer from the inside, capable of providing important subsidies for an exercise of more recent memory, in beautiful images taken over more than two decades of attendance and, later, of professional activity. The publication of a website

In our days, so affected and deprived of the art of meeting, of the pleasures of ballroom dancing and of the dance circuit by a serious pandemic, this apprehension of the sensitive enhances and reinforces our motivations in wanting to revisit, remember and dance again, even if only with our eyes.

2 Felipe Berocan Veiga is PhD Professor in Department of Anthropology at Fluminense Federal University - UFF, Brazil. Researcher at the Metropolitan Ethnography Laboratory - LeMetro/IFCS-UFRJ and at INCT-InEAC. Author of Doctoral Thesis “The Setting Demands Respect”: Urban Ethnography and Social Memory of Gafieira Estudantina (UFF, 2011).

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O trabalho pioneiro de Marco Antonio Perna de fazer o registro fotográfico dos salões de baile é super importante para a dança de salão carioca e brasileira. Lembro-me dele com uma máquina fotográfica na mão em uma época em que não se imaginava a necessidade de fotografias e não se registrava. E lá estava ele criando a memória da nossa dança de salão. Marco Antonio Perna’s pioneer work of photographically registering bailes/balls/dances is very important for ballroom dancing in Rio de Janeiro and Brazil. I remember him with a camera in his hand at a time when the need for photographs was not imagined and no one took photographs. And there he was creating the memory of our ballroom dance. Carlinhos de Jesus

Bailes Cariocas, de Marco Antonio Perna, faz o registro fotográfico de uma época de ouro da dança de salão. Essas fotografias retomam os grandes valores dessa arte maravilhosa, sem perder o sentido da evolução e da modernidade. Arte em que o Rio de Janeiro sempre conseguiu ser a inspiração para todo o Brasil. No Rio, surgiram os grandes bailes com a fusão de samba, bolero, tango e várias linguagens que se juntaram todas no mesmo salão. Foi onde aprendi minha dança e fiz bailes inesquecíveis. O livro de Marco Antonio Perna mostra como os bailes do Rio de Janeiro sempre foram uma parte fundamental da história da dança de salão no Brasil. Bailes Cariocas, by Marco Antonio Perna, is a photographic record of a golden age of ballroom dancing. These photographs bring back the great values of this wonderful art, without losing the sense of evolution and modernity. An art in which Rio de Janeiro has always managed to be the inspiration for all of Brazil. In Rio, the great bailes/ balls were born with the fusion of samba, bolero, tango and various languages all joined on the same dance floor. It was where I learnt my dance and performed at unforgettable dances. Marco Antonio Perna’s book shows how the balls of Rio de Janeiro have always been a fundamental part of the history of ballroom dancing in Brazil. Jaime Arôxa

Marco Antonio Perna revela o mundo da dança no Rio de Janeiro através de uma coleção de fotografias reunidas ao longo de três décadas. Em “Bailes Cariocas”, são documentados diferentes eventos realizados na Cidade Maravilhosa, dos mais variados estilos, da dança de salão à dança de rua. Nesse registro particular, Marco apresenta imagens que agradam os olhos dos mais experientes aos mais tímidos dançarinos - e até mesmo dos leigos. Através de uma fotografia cheia de movimento e ritmo, a dança transcende seu meio sensorial para ganhar lugar no grafismo da luz, entre o branco e o preto impresso no papel. Marco Antonio Perna reveals the world of dance in Rio de Janeiro through a collection of photographs gathered over three decades. In “Bailes Cariocas” different events held in the Marvelous City (Rio de Janeiro) are documented, of the most varied styles, from ballroom dancing to street dancing. In this particular register, Marco presents images that please the eyes of the most experienced to the most shy dancers - and even laymen. Through a photography full of movement and rhythm, the dance transcends its sensory medium to take place in the graphics of light, between black and white printed on paper. Cid Costa Neto, Editor / Resumo Fotográfico


Bailes Cariocas “O que procuro constantemente de fundamental é a diferença entre a mitologia do local e a realidade do mesmo. ... Lembre-se, eu faço fotografias sérias disfarçadas de entretenimento. Isso faz parte do meu mantra. Eu faço as imagens aceitáveis, a fim de encontrar o público, mas no fundo, existe muito mais acontecendo que não é visto logo de cara. Se você quiser ler, você pode ler.” (Martin Parr)

Bailes Cariocas é fruto de 56 anos de vida e 27 anos de dança de salão onde fiz de tudo um pouco. Aprendi a dançar e frequentei muitos bailes, mas também promovi eventos (bailes e congressos de dança, como o Salão Rio Dança, com seis edições entre 2003 e 2008), fui DJ, criador e editor do website dancadesalao.com.br, jornalista, colaborei com os jornais Dance News e Falando de Dança, realizei pesquisa histórica e lancei seis livros sobre a história da dança de salão no Brasil. Meu primeiro livro, Samba de gafieira - a história da dança de salão brasileira, foi lançado há 20 anos. Além disso tudo, fotografar a dança do Rio de Janeiro foi o que mais fiz nesses anos, não apenas em seus muitos bailes, como em teatros ou mesmo na rua. O objetivo inicial era obter material fotojornalístico para o meu site e suas redes sociais. Aos poucos, à medida que amadurecia minha pesquisa histórica sobre dança, também passei a realizar ensaios fotográficos documentais sobre os bailes. Atualmente, meu acervo sobre o tema (ainda em construção) possui milhares de fotografias, das quais 226 compõem este livro. Busco retratar a vida dançante carioca desde os anos 1990, o que inclui seus ambientes de sociabilidade. Dificilmente uma pessoa vai a um baile sem saber dançar, e levase algum tempo para aprender. As pessoas em um ambiente de escola de dança costumam se conhecer e, à medida que o aprendizado avança, também avança sua rede social nos locais de dança. A dança de salão é um ambiente seguro e singular, com inúmeros personagens. Os principais são os próprios dançarinos e professores e também posso citar os DJs que colocam música nos bailes, além de bandas, cantores, conjuntos, musicistas e orquestras. Outros personagens são os promoters de bailes e eventos em geral (como congressos), aniversariantes, assistentes de promoters, autores de livros de dança, bolsistas de escola de dança, cinegrafistas, coreógrafos, personal dancers, dançarinos de outros países fãs de nossa dança, dançarinos de shows, fotógrafos, garçons, jurados e concorrentes de concursos, seguranças entre outros. Alguém poderia perguntar: “garçom e segurança? Não seriam apenas prestadores de serviço?”. Alguns sim, mas

como a dança é muito envolvente e reúne pessoas que se conhecem, muitos seguranças aprendem a dançar e eles e alguns garçons acabam se tornando amigos de papos em diversos bailes. Os fotógrafos e cinegrafistas, por exemplo, têm que saber dançar para realizar seu trabalho, desenvolvendo o olhar necessário para boas fotos e filmagens. Fazem parte da história dos bailes os dançarinos de aluguel (personal dancers), que em meados do século XX tinham as taxi-girls como suas correspondentes de profissão. Temos também os personagens folclóricos, dançarinos que todos conhecem, às vezes apenas de um determinado baile semanal, outras vezes de vários ou “de todos”. Além dessa variedade de personagens, há muitas circunstâncias e eventos específicos. Há momentos únicos, como dançar alegre um forró ou compenetrado um tango. Também acontecem concursos de dança, aniversários, sorteio de brindes, premiações, apresentações especiais no intervalo de bailes etc. Aulas, workshops, congressos, espetáculos. Locais como academias, camarins, clubes, escolas de dança, gafieiras, praças, teatros e mesmo a Câmara Municipal e a Assembleia Legislativa, entre outros, são retratados como espaços com importância para a história da dança no Rio. Neste livro, portanto, optei por não fazer uma edição colorida apenas com fotografias “bonitas” de apresentações em teatro ou bailes; procuro, sobretudo, retratar a multiplicidade de todo seu ambiente, suas circunstâncias, personagens e a interação gerada entre eles, que pode resultar em namoros, casamentos ou, como no meu caso, numa investigação fotográfica sobre dança, que ao longo dos anos se ampliou para muitas frentes, inclusive em estúdios e ensaios externos. Também optei por uma narrativa fotográfica mais linear, para facilitar o entendimento desse meio tão envolvente aos não iniciados. Por linear, refiro-me ao tempo do próprio baile: da chegada ao salão até o passo final, no último acorde da noite. Convido o leitor a participar dessa dança. Rio de Janeiro, 2021. Marco Antonio Perna

Bailes Cariocas | Marco Antonio Perna |


Bailes Cariocas english “The fundamental thing I’m exploring constantly is the difference between the mythology of the place and the reality of it. ... Remember I make serious photographs disguised as entertainment. That’s part of my mantra. I make the pictures acceptable to find the audience but deep down there is actually a lot going on that’s not sharply written in your face. If you want to read it you can read it.” (Martin Parr)

Bailes Cariocas is the result of 56 years of life and 27 years of ballroom dancing where I did a little of everything. I learned to dance and went to many bailes (balls), but I also promoted events (bailes and dance congresses, such as Salão Rio Dança, with six editions between 2003 and 2008). I was a DJ, a journalist, creator and editor of the site dancadesalao. com.br, collaborated with the newspapers Dance News and Falando de Dança, did historical research and released six books on the history of ballroom dancing in Brazil. My first book, Samba de gafieira - the history of Brazilian ballroom dancing, was launched 20 years ago. Throughout these years I spent my time photographing the dance in Rio de Janeiro, not only at its many bailes, but also in theatres and even in the street. The initial goal was to obtain photo journalistic material for my website and its social networks. Gradually, as my historical research on dance matured, I also started to produce documentary photo essays on the bailes. Currently, my collection on the theme has thousands of photographs, 226 of which make up this book. My aim is to portray the dance life of Rio de Janeiro since the 1990s, including its social environments.

and many others. Dancing is very inclusive and has a habit of drawing in the people who are exposed to it, sooner or later the security guard or the waiter might learn to become a dancer themselves. The personal dancers of the last decades are the male version of the taxi-girls who in the middle of the 20th century performed the same professional work, both are part of dance history. For a photographer or a cameraman, learning how to dance will help in developing the necessary eye for capturing the best moments on film. The scene has it’s larger than life characters, dancers that everyone knows, sometimes only from a certain weekly dance, other times from several. In addition to this variety of characters, there are many specific circumstances and events. There are unique moments, such as dancing a joyful forró or a composed tango. There are also dance contests, awards, special presentations, etc. Classes, workshops, congresses, shows. Locations such as clubs, dance schools, dance clubs, squares, theatres and even the City Council and the Legislative Assembly, among others, are depicted as important spaces in the history of dance in Rio.

It is difficult to go to a ball without knowing how to dance, and it takes some time to learn. People in a dance school environment usually get to know each other and as learning progresses so does their social network in dance venues. Ballroom dancing is a unique environment with numerous colourful characters. The dancers and teachers themselves play a leading role and I can also mention the DJs as well as bands, singers, musicians and orchestras. The supporting cast includes the promoters of bailes and events in general (such as congresses), promoters’ assistants, authors of dance books, cameramen, choreographers, show dancers, personal dancers, photographers, waiters, judges and competitors, security guards,

In this book I have, above all, tried to portray the multiplicity of the entire environment, the characters, their circumstances and the interaction generated between them, which may result in courtships, marriages or, as in my case, in a photographic research on dance, which over the years has expanded to many fronts, including external and studio photo sessions. I have also opted for a more linear photographic narrative, to facilitate the understanding of this medium that is so engaging to the uninitiated. From the arrival at the baile until the final step, in the last chord of the night I invite the reader to participate in this dance.

Rio de Janeiro, 2021. Marco Antonio Perna


Welcome to the prom!

P. 7-11: Ball/Baile - “Grease” - Centro de Dança Jaime Arôxa (CDJA) - Casa de Espanha - Humaitá - Jun.1997 - #nikonfe #entradadebaile Bailes Cariocas | Marco Antonio Perna |


Gafieira Estudantina - Praça Tiradentes - 2013 - #nikonP510

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Apoio:

OBRIGADO!

Adilson Pelegrino, Adriana Aguiar, Adriana Vianna, Andre Miranda Demetrio, Andy Fowlie, Aretusa Silva de Souza, Betty Nesanelovicz, Brittany Pelegrino, Carlinhos de Jesus, César Cordeiro, Cid Costa Neto, Cristina Tessari, David Theodor Seixas Cruz, Eric Valera, Ero Sampaio, Felipe Berocan Veiga, Flávio Souza Cruz, Helio de Moura, Jaime Arôxa, Leide Isabel Santos, Marcio Souza, Mariana Bittencourt Oliveira, Mauro Lima, Michele Rocha, Míriam Ramalho, Paulo Guerra, Rachel Bertol, Resumo Fotográfico, Ricardo Koscialkowski Tetzner, Ricardo Q.T. Rodrigues, Rosângela Lins Tozzi, Silvia Husek, Thais Andressa, Vilma Terezinha Gonçalves e João Paulo. Pelo apoio à publicação deste livro. Eu não teria conseguido sem vocês. For supporting the publication of this book. I couldn’t have done it without you.

THANKS!

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Self Portrait - Gafieira Estudantina - Praça Tiradentes - 2013 - #nikonP510

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About

Sobre o Autor

Marco Antonio Perna is a Systems Analyst and Researcher, with a master’s degree in Systems and Computing from IME-RJ, a ballroom dancer and a photography enthusiast. His interest in photography arose in the 70s, when he was only six years old and registered his first image. From then on, the interest was growing until in 1997 he took his first professional steps in the art of photography. His experience in Ballroom Dancing began in 1993, having masters such as Jaime Arôxa and João Carlos Ramos (Cia. Aérea de Dança).

Marco Antonio Perna é Analista de Sistemas e Pesquisador, com mestrado em Sistemas e Computação pelo IME-RJ, dançarino de Dança de Salão e um apaixonado por fotografia desde sempre. Seu interesse por fotografia surgiu ainda na década de 1970, quando tinha apenas seis anos e registrou sua primeira imagem. A partir daí, o interesse foi crescente até que em 1997 deu seus primeiros passos profissionais na arte da fotografia. Já sua experiência na Dança de Salão iniciou em 1993, tendo mestres como Jaime Arôxa e João Carlos Ramos (Cia. Aérea de Dança).

He started his career as a photographer registering the II International Dance Meeting, in 1997 at the Glória hotel, when he realized that just photographing did not supply his need to express himself. He saw the importance of documenting the events he photographed, and that’s how photojournalism came into his life. In 1997 he created the website dancadesalao.com (the Brazilian Ballroom Dance Agenda), which at the end of the 20th century brought Brazilian dancers online. He is the author of books: Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira e Dança de Salão Personagens e Fatos. Author and organizer of the book collection 200 Anos de Dança de Salão no Brasil. He has already written ballroom dance articles and texts for the Brazilian Post Office and dance newspapers such as: Dança e Saúde, Dance newspaper, Dance News and Falando de Dança. He was also the author of an article for the book in the collection The Best Tips for Ballroom Dancing, by Delprado publisher. He participated in ballroom dance congresses and promoted six editions of the Salão Rio Dança congress. Currently, with more than 20 years of career, he also stands out as an event photographer and photo sessions, of other dance modalities, such as: Belly Dance and Arab Folklore, Jazz, Ballet, Gypsy, Tribal, Flamenco etc.

Iniciou sua carreira de fotógrafo registrando o II Encontro Internacional de Dança, em 1997 no hotel Glória, quando percebeu que apenas fotografar não supria sua necessidade de se expressar. Viu a importância de documentar os eventos que fotografava, e foi assim que o fotojornalismo surgiu em sua vida. Em 1997 criou o site dancadesalao.com (a Agenda da Dança de Salão Brasileira), que no final do século XX uniu os dançarinos brasileiros pela internet. É autor de livros: Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira e Dança de Salão Personagens e Fatos. Autor e organizador da coletânea de livros 200 Anos de Dança de Salão no Brasil. Já escreveu artigos e textos de dança de salão para os Correios e jornais de dança como: Dança e Saúde, jornal Dance, Dance News e Falando de Dança. Foi autor de artigo também para o livro da coleção As Melhores Dicas da Dança de Salão, da editora Delprado. Participou de congressos de dança de salão e promoveu seis edições do congresso Salão Rio Dança. Atualmente, com mais de 20 anos de carreira, se destaca também como fotógrafo de evento e ensaios fotográficos, de outras modalidades de dança, como: Dança do ventre e Folclore Árabe, Jazz, Ballet, Dança Cigana, Tribal, Flamenco etc.

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Dança remete ao baile e ao palco. O caminho natural para um livro fotográfico é sem dúvida o espetáculo. Mas eu sempre quis fazer um sobre os bailes cariocas e só decidi por esse caminho após buscar referências em fotógrafos de rua como Joel Meyerowitz, fotolivros como The Americans de Robert Frank e finalmente Small World de Martin Parr. Este último me mostrou que eu poderia gerar esta obra fotográfica e sociológica. Um livro que faz jus ao meu trabalho como fotógrafo documental da dança do Rio de Janeiro. Dance refers to the dance and the stage. The natural path for a photographic book is undoubtedly the show. But I always wanted to do one about the bailes cariocas (balls/dances in Rio de Janeiro) and only decided in this direction after searching for references in street photographers like Joel Meyerowitz, photobooks like The Americans by Robert Frank and finally Small World by Martin Parr. The latter showed me that I could generate this photographic and sociological work. A book that does justice to my work as a documentary photographer of dance in Rio de Janeiro.

Fonts: Verdana, Times New Roman Capa dura em couche fosco, 1x0. Miolo em couche 150 g/m2, 1x1.

Impressão: Hawaii Gráfica e Editora

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Contato com o autor: +55 21 999749046

www.marcoantonioperna.com.br - maperna4@gmail.com www.dancadesalao.com.br www.dancadesalao.com.br/loja


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LIVRO: SAMBA DE GAFIEIRA A HISTÓRIA DA DANÇA DE SALÃO BRASILEIRA “...A obra abrange vasto período, das raízes mais remotas desta prática aos dias atuais, incluindo perfis de alguns dos principais personagens do meio, como Carlinhos de Jesus, Jaime Arôxa, Jimmy e outros. Em pesquisa de fôlego, lutando contra a escassez quase total de fontes de consulta, Marco Antonio Perna resgata episódios marcantes, fala de pessoas que foram fundamentais para o desenvolvimento desta cultura e que hoje são completamente desconhecidas, vai ao fundo do baú e tira o maxixe, por exemplo, espécie de lambada dos tempos do Brasil imperial, e mostra como o preconceito sempre esteve presente entre as chamadas elites ....” Jornal Dance de abril de 2001; Mais de 200 pág. ilustradas; Dança de Salão Surgimento, Polca, Lundum x Lundu, Sociedades Dançantes, Maxixe, Belle Époque Carioca, Samba, o início”, Batuque, Primeiro Samba Gravado, Influência Americana, Dancings, Gafieira, Dança de Salão em São Paulo, Samba de Salão Fora do Brasil, Maria Antonietta, Carlinhos de Jesus, Jaime Arôxa e Jimmy, Dançarinos e Professores. / As Danças de Salão Cariocas: Bolero Carioca e Soltinho. / Tribos Tango Argentino, Lambada, Salsa e Merengue, Forró. / A Família do Samba Partido Alto, Jongo, Samba Exaltação, Samba-Canção, Samba Sincopado, Samba de Breque, Samba-Enredo, Bossa-Nova, Pagode (Carioca) / Fundo de Quintal, Pagode Paulista / Sambalanço, Samba de Gafieira, Choro. / Quais as Danças do Samba ? / Samba de Gafieira / Gafieiras e Salões Gafieira Elite, Estudantina Musical, Circo Voador. Biografias Carlinhos de Jesus, Cia Aérea (João Carlos Ramos), Jaime Arôxa e Jimmy. Bandas e Orquestras / Jornais e Informativos Nacionais / Efemérides

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Para a elaboração deste livro, a opção do autor pela linguagem em preto e branco da fotografia faz realçar ainda mais as luzes, formas, corpos e texturas, conferindo uma aura onírica ao universo retratado, como se todos ali bailassem suspensos, num tempo fora do tempo. Felipe Berocan Veiga Antropólogo e professor da UFF.

O trabalho pioneiro de Marco Antonio Perna de fazer o registro fotográfico dos salões de baile é super importante para a dança de salão carioca e brasileira. Lembro-me dele com uma máquina fotográfica na mão em uma época em que não se imaginava a necessidade de fotografias e não se registrava. E lá estava ele criando a memória da nossa dança de salão. Carlinhos de Jesus

Marco Antonio Perna revela o mundo da dança no Rio de Janeiro através de uma coleção de fotografias reunidas ao longo de três décadas. Em “Bailes Cariocas”, são documentados diferentes eventos realizados na Cidade Maravilhosa, dos mais variados estilos, da dança de salão à dança de rua. Nesse registro particular, Marco apresenta imagens que agradam os olhos dos mais experientes aos mais tímidos dançarinos - e até mesmo dos leigos. Através de uma fotografia cheia de movimento e ritmo, a dança transcende seu meio sensorial para ganhar lugar no grafismo da luz, entre o branco e o preto impresso no papel. Cid Costa Neto, Editor / Resumo Fotográfico

Bailes Cariocas, de Marco Antonio Perna, faz o registro fotográfico de uma época de ouro da dança de salão. Essas fotografias retomam os grandes valores dessa arte maravilhosa, sem perder o sentido da evolução e da modernidade. Arte em que o Rio de Janeiro sempre conseguiu ser a inspiração para todo o Brasil. Jaime Arôxa

Dança remete ao baile e ao palco. O caminho natural para um livro fotográfico é sem dúvida o espetáculo. Mas eu sempre quis fazer um sobre os bailes cariocas e só decidi por esse caminho após buscar referências em fotógrafos de rua como Joel Meyerowitz, fotolivros como The Americans de Robert Frank e finalmente Small World de Martin Parr. Este último me mostrou que eu poderia gerar esta obra fotográfica e sociológica. Um livro que faz jus ao meu trabalho como fotógrafo documental da dança do Rio de Janeiro. 194


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