O Sobrevento e o Irã
O Sobrevento esteve em Teerã, em 2010, participando de um dos maiores festivais de Teatro do mundo, o Fajr Festival (Festival Liberdade). Naquela ocasião, conheceu a vitalidade do Teatro naquele país, com uma Cultura milenar de origem persa, que brilha em cada canto da cidade: no hotel que tem nome de poeta, na poesia que está na boca das pessoas, nos milhares de jovens na praça diante do centro cultural, nas longas filas para os teatros, na produção de conhecimento histórico e artístico dos já antigos cursos de Teatro e de Teatro de Bonecos (e de Música internacional e de Música tradicional iraniana) da importante Universidade de Teerã, na alma artística, culta, esperançosa e ansiosa por liberdade de todo um povo.
O espetáculo foi criado entre 2020 e 2021, em um momento em que víamos a censura voltar a mostrar as suas garras, em que os artistas estavam sendo atacados, em que víamos ressurgir o dirigismo, a arbitrariedade e a intolerância, em que verdades de uns quiseram suplantar as verdades dos outros. O espelho iraniano nos lembrou então que uma Cultura de raízes profundas vinga mesmo no terreno mais árido, que a desertificação não seca a humanidade de um povo, que a guerra não arrasa a história de uma civilização, que decretos restringem gestos, mas não têm poder sobre consciências. A humanidade em nós teima em resistir a qualquer ataque. E aos artistas, em situações avessas, cabem a persistência e a resistência, na defesa da liberdade da qual a Arte é guardiã.
O Grupo Sobrevento
O SOBREVENTO é um grupo de artistas que se dedica exclusivamente ao Teatro desde 1986. Por sua pesquisa artística avançada e por sua representatividade no meio cultural, o grupo consolidou-se, internacionalmente, como um dos mais destacados especialistas em Teatro de Animação e de Objetos. Inquieto, arrisca-se constantemente em pesquisas insuspeitas e pioneiras, que ajudam a criar diversidade no fazer teatral, a valorizar o Teatro de Animação sob diferentes formas, a difundir um Teatro de Bonecos e Objetos para adultos e um Teatro para a primeira Infância e a descentralizar a produção artística no Brasil e no mundo.
Ainda este ano, o SOBREVENTO estreia um novo espetáculo e circula com Pérsia e Terra pelo interior de SP.
As ervas daninhas não fazem parte tanto quanto as outras plantas do mesmo jardim?
Quem é que escolhe quem deve ficar ou quem deve ser arrancado fora? Ou por quê?
A encenação
Em um cenário árido que representa um deserto, um sertão, há apenas uma árvore seca. Ao redor dessa árvore seca, os atores contarão as histórias que ouviram da boca de iranianos que tiveram que deixar seu país, por diferentes motivos, e encontraram no Brasil um novo lar. Ao pé dessa árvore seca, as personagens – que, como aves migratórias, tiveram que deixar o seu lugar em busca de novas paisagens, confessam seus medos, seus sonhos, suas aflições, em palavras ditas e cantadas. Tendo explorado diferentes possibilidades cênicas durante o processo de criação com inúmeros objetos, especialmente miniaturas, o grupo optou em manter a casa como único objeto em cena. Para evocar as tantas moradas que deixaram para trás e que ainda carregam consigo, as personagens vão preenchendo o deserto de suas memórias com pequenas casas, que lembram casas de passarinhos, criando pequenos mundos que ora podem ser um bairro, uma cidade ou um país. O espaço teatral está configurado em uma arena, buscando criar uma atmosfera íntima com o público. Os figurinos são de João Pimenta – premiado estilista que é parceiro do grupo há quase dez anos – e carregam elementos de ambas as culturas.
Com quantas folhas se faz uma árvore?
Com quantas árvores se faz um livro?
Com quantos livros se faz uma palavra?
Com quantas palavras se faz um poema?
Com quantos poemas se faz um poeta?
Com quantos poetas se faz um país?
Ficha técnica
Criação: Grupo Sobrevento
Direção: Sandra Vargas e Luiz André Cherubini
Dramaturgia: Sandra Vargas (a partir de depoimentos recolhidos junto a imigrantes iranianos e aos atores)
Elenco: Sandra Vargas, Luiz André Cherubini, Maurício Santana, Thaís Pimpão, Liana Yuri e Daniel Viana
Iluminação: Renato Machado
Figurino: João Pimenta (estilista) Danielle Kina (assistente), Neide Brito, Noel Alves e Magna Almeida Neto (piloteiro) e Márcia Almeida Neto (contra mestre)
Cenografia: Luiz André Cherubini e Mandy
Cenotecnia: Agnaldo Souza e Mandy
Assistentes de Cenotecnia Guilherme Soares de Macedo e Demi Araújo
Pintura Foyer e Fachada: Luiz André Cherubini, Leandro Triviño, Agnaldo Souza e Mandy
Adereços: Liana Yuri
Assistência de Adereços: Sueli Andrade e Léia Izumi
Letras e Canções: Minha casa não é tijolo (Luiz André Cherubini) e Menina do Mar (Daniel Viana)
Adaptação e Tradução Canção Iraniana Final: Luiz André Cherubini
Poemas: Primeiro Poema, sem título (Rubayat de Omar Caim) e Com quantas folhas se faz uma árvore? (Daniel Viana)
Orientação de Cultura Popular Persa: Fahime Mirzahosein
Orientação de Teatro Contemporâneo Iraniano: Naghmeh Samini
Preparação Corporal Sueli Andrade
Direção Musical: William Guedes
Supervisão Música Persa: Arash Azadeh
Orientação Tambur: Elnaz Mafakheri
Orientação de Sorna e Dozaleh: Ehsan Abdipour
Orientação Viola: Márcio de Camillo
Estagiários: Leandro Triviño e Rafael Carmo
Técnico de Som: Agnaldo Souza
Técnico de Iluminação: Marcelo Amaral
Assessoria de Imprensa: Mônica Riani e George Berkeley Patiño
Registro Audiovisual e Teaser: Icarus Audiovisual
Fotografia: Marco Aurélio Olímpio
Programação Visual: Marcos Corrêa - Ato Gráfico
Agradecimentos
:: Alberto Olmos :: Alessandra Cino :: Alício Amaral :: Ali Mirzahosein
:: André Silva :: Arrigo Barnabé :: Augusto de Cheiroso :: Claudiani
Viana :: Cláudio Battaglia :: Danilo Biffone (Muda Mooca) :: Fabiane
Viana :: Fahime Mirzahosein :: Iramaya Haddad Battaglia :: Janaina
Elias :: Jertrudes Ramos Ferreira :: Juliana Pardo :: Larissa Rodrigues :: Laura Vargas Cherubini :: Leia Izumi :: Lupe Vargas Cherubini :: Lurde
de Tanquinho :: Maria Aparecida Chrispan :: Marli Viude Parra (em memória) :: Milena Moura :: Milton Aires :: Mohammad Kamalvand
:: Naghmeh Samini :: Nath Calan :: Paulo e Silvia Shimabukuro
:: Pedro Alfaiate :: Renato Ferreira Oliveira :: Sylmara Viana ::
Em especial a
:: Arash Azadeh :: Mah Mooni :: Mahsima Nadim :: Nasrin Haddad
Battaglia :: Navid Manafi Rasi ::