Filosofia, religião e secularização

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Antonio Glaudenir Brasil Maia; Geovani Paulino Oliveira

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O que há de errado com o argumento ontológico? Algumas palavras sobre existência e perfeição

André Nascimento Pontes 1 Introdução Por “argumento ontológico” compreende-se todo argumento que, assim como o que foi proposto inicialmente por Anselmo de Aosta em sua obra Proslógio, pretende provar a existência de Deus de maneira puramente a priori, ou seja, dispensando qualquer base empírica. Nesse sentido, o argumento ontológico pretende ser uma prova dedutivamente válida onde todas suas premissas são verdades a priori. Não há em sua estrutura argumentativa nenhum traço de afirmação que apele a contingências metafísicas tais como a constituição e as leis básicas que regem a realidade natural, como ocorre nos chamados argumentos cosmológicos, nem a algum tipo de finalismo ou complexidade organizacional do real, como sustentam os chamados argumentos teleológicos ou do designer inteligente. Embora sua formulação originária seja encontrada no texto de Anselmo, o argumento ontológico possui também variantes propostas por Descartes, Leibniz e, mais contemporaneamente, por Gödel. Curiosamente, ao longo


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