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Filosofia, religião e secularização
A religião em Feuerbach: Deus não é Deus, mas o homem e/ou a natureza divinizados. Eduardo F. Chagas 1. A antropomorfização de deus na religião cristã Com deus (Gott) está associado um nome que o homem usa para expressar ou a sua própria essência ou a essência da natureza. Partindo, inicialmente, da tese, que veremos a seguir, a saber, que deus e o homem são, no Cristianismo, idênticos, Feuerbach revela que o segredo (Rätsel) recôndito da teologia cristã é nada mais do que a antropologia (Anthropologie) ou, melhor dizendo, que o conteúdo do ser infinito (in abstrato) (deus) é o ser finito (in concreto) (o homem). No Cristianismo, o homem (Mensch) se concentra apenas em si mesmo e faz de si uma essência absoluta e sobrenatural, ou seja, um deus. Assim, deus é a essência declarada, anunciada, do sujeito como objeto absoluto. Em oposição a Hegel, que afirma, em sua filosofia da religião, que o saber do homem acerca de deus é o saber de deus acerca de si mesmo, postula Feuerbach, para transformar a teologia em