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Filosofia, religião e secularização
Religião: grito do oprimido e ópio do povo – considerações sobre a religião no jovem Marx Renato Almeida de Oliveira 1. Introdução A humanidade passou por um processo que ficou conhecido como Iluminismo, no qual foi lançada as bases para uma vida laica, antropocêntrica, racional, sem a influência dos elementos mítico-religiosos que marcaram a Idade Média. O homem moderno se entendia como senhor de si, um ser que não necessitava de outro ser extramundano que desse sentido à sua existência, que fosse a causa, a razão, da sua vida. Esse longo processo, que iniciou no século XVII, forjou o modo como nos compreendemos hoje, homens da razão, dos negócios terrenos. No campo da política foi instituído o Estado laico, politicamente emancipado, um Estado no qual o cidadão sobressaia ao ser religioso do homem, a liberdade e a igualdade terrenas tinham maior importância e urgência do que a “liberdade dos filhos de Deus”, alcançada na vida eterna. Enfim, a religião passou a ser vista como um