Τύραννος: Contribuições filosóficas para a compreensão do horizonte político contemporâneo
predominância militar, se manteria eternamente não parecia inteligente. As pressões “de baixo para cima” que despontavam na conjuntura nacional forçariam, mais cedo ou mais tarde, a recomposição da dominação burguesa em padrões mais flexíveis e com abertura do monopólio do poder estatal para a participação relativa de outras classes, sob pena de perder o controle social. Essa mudança era forçada por uma nova relação de força entre as classes nos anos 1970, a partir do fortalecimento do novo movimento operário, o que forçaria a burguesia a reformar seu exclusivismo no controle do poder de Estado e modernizar aspetos desse mesmo poder, embora sem qualquer radicalidade, reafirmando os laços com o poder agrário. Creio, por fim, que a tese de Florestan pode ser associada a outra, de Marx, em O 18 Brumário de Louis Bonaparte. Elas, postas lado a lado, ajudam a esclarecer a natureza da autocracia burguesa e sua relação com o capitalismo dependente. Se para Marx a república é a forma transformadora da dominação burguesa, isto é, a forma mediante a qual a dominação burguesa opera, ao lado de um proletariado relativamente fortalecido, transformações econômicas e sociopolíticas, e ainda, se para Marx o bonapartismo, uma ditadura de classes burguesa, é a forma conservadora dessa dominação, para períodos de paralisia; talvez possamos dizer que, em Florestan, a situação do capitalismo dependente é distinta e inversa. Inversa porque as transformações tecnológicas e administrativas (modernizadoras) do sistema econômico são operados “de cima para baixo”; e distinta porque a natureza dependente da economia condiciona uma oposição entre essa transformação e avanços sociais significativos, isto é, essas mesmas transformações de modernização econômica se dissociam e se contrapõem aos fatores de democracia social, política e econômica – abismo posto pela condição de dependência frente ao imperialismo. Daí a complexidade de se a 100 b