ART IT - Nov/Dez 2013 - #69

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Conheçam Mamika, uma avó que superou a depressão de um jeito bem inusitado e criativo através das lentes do fotógrafo Sacha Goldberger.

ENTREVISTA COM ANDRE ARRUDA

O Fototógrafo carioca Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo.

LUCIAN FREUD

Considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits with peculiar focus on the texture of their flesh.

www.artit.com

NOV/DEZ 2013 | #69 | R$25,00

MAMIKA


Carta aos leitores Eduardo Saron

[ENTREVISTA]

Andre Arruda

O fotógrafo carioca Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo. Cid. Costa Neto

[CAPA]

Mamika

Conheçam Mamika, uma avó que superou a depressão de um jeito bem inusitado e criativo através das lentes do fotógrafo Sacha Goldberger. Gisele Duarte

[ESPECIAL]

Lucian Freud

Considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits with peculiar focus on the texture of their flesh.

[PANORAMA]

Conhecer para atuar

A importância de estudos e pesquisas na formulação de políticas públicas para a cultura. Ana Letícia Fialho e Ilana Seltzer Goldstein

George Kornis

As especificações do mercado de artes visuais no Brasil do século XXI. Isaura Botelho

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Arte , cultura e seus demônios Uma análise contemporânea sobre as manifestações culturais e suas representações. Ana Angélica Albano

[MÚSICA]

Quando o todo era mais do que a soma das partes

Álbuns, singles e os rumos da música gravada contemporânea. Marcia Tosta Dias

[SOCIAL]

Cinema pra quem precisa O cinema como via de inclusão social nas comunidades do Rio de Janeiro pós UPPs. Francisco Alambert

O direito ao teatro

Teatro de direito e direito ao teatro. Dois lados de uma mesma moeda? Sergio de Carvalho

Música, dança e artes visuais Aspectos do trabalho artístico em discussão em tempos de lei do patrocínio. Liliana Rolfsen Petrilli Segnini


[ENTREVISTA]

ANDRE ARRUDA Cid. Costa Neto

C

arioca, formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo Audiovisual, o fotógrafo Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo. Atualmente trabalha na área publicitária e editorial, mas sem deixar de lado o trabalho autoral, onde tem liberdade de expressar sua criatividade em ensaios como o Fortia Femina e no livro 100 coisas que cem pessoas não vivem sem. Suas fontes de inspiração são as mais váriadas.

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Como foi o seu primeiro contato com a fotografia e como foi a decisão de se profissionalizar? AA. Meu pai tinha uma TLR BeautyFlex, imitação japonesa da Rolley, e fiz algumas fotos com ela quando criança. Cheguei inclusive a tentar fazer uma estória em quadrinhos com avioes da II guerra, modelos de montar Revell, que é claro, não ficaram técnicamente boas. Me lembro até hoje da imensa sensação de dificuldade daquela tarefa. Um dia a câmera pifou e não tinha conserto. Como a família não tinha recursos, ficou-se sem equipamento mesmo. Depois, somente na faculdade tive contato com fotografia, numa aula de fotojornalismo. Nos foi mostrada uma série de fotos de HCB e aquela imagética foi como se eu tivesse aprendido uma língua nova instantaneamente. No curso de jornalismo comecei a me interar da fotografia e pouco tempo depois resolvi ser fotógrafo. Mal sabia da fria em que estava me metendo.

Como surgiu a oportunidade no meio editorial? AA. Antes tive um experiência amarguíssima. Fui em um determinado jornal levando meu humilde portifolio, basicamente um ensaio sobre Copacabana. Depois de dias tentando, consigo uma hora para conversar com o editor. Chego lá, quem me atende é um coordenador, que abre a pasta, folheia as fotos com o desdém de um delegado de polícia, e ainda vira pro lado, falando com outra pessoa: “O teu vascão ontem, hein?” Joga a pasta na mesa e diz secamente: “Serve não”. Volto pra casa com a pasta “pesando uns 100 kg” e com uma decepção knock down. Uns dois anos depois, já na lida do jornalismo, encontrei o sujeito do “serve não” numa cobertura qualquer e o pessoal foi almoçar e ele não tinha grana: acabei pagando o almoço dele. O ensaio que não serviu ganhou um prêmio na Funarte, outro da UFF e foi publicado em quatro páginas na Revista de Domingo, do JB, o principal encarte do Rio naquele tempo.

Osmar Prado, ator, Rio de Janeiro, 2009 ART IT | NOV/DEZ 2013

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[ENTREVISTA]

Mas voltando: Um amigo trabalhava no extinto Jornal do Brasil e disse que tinha vaga lá. Marquei uma hora com o editor, o caladíssimo Rogério Reis, que viu o portfolio “inútil” e me admitiu. Depois de um ano tentando entrar lá, consegui. Ainda tive a sorte de estar no fim da era de ouro do fotojornalismo, que no JB era capitaneado pelos editores Rogério Reis e Flavio Rodrigues, um período intenso e de muita cobrança, de salários baixos mas de muita criatividade, onde a editoria de fotografia era composta por um time de feras. Impossível não ter saudade daquela época, onde nem se sonhava com a internet. Fiquei lá de 92 a 98 e em outro jornal de 98 a 2000, mas nunca me senti o repórter per se, sempre gostei de features, de fotografia mais “pensada”.

Marcius Mellem, ator, Rio de Janeiro, 2009

Qual a importância de um trabalho autoral para quem trabalha apenas comercialmente? AA. É fundamental, absolutamente. Eu creio – na maioria dos casos - o trabalho comercial deve financiar o trabalho autoral, pois este irá nortear a carreira do fotógrafo. O fotógrafo deve estar atento para não se tornar mais uma peça dentro do mercado.

Como é a concepção do trabalho autoral e como funciona o seu processo de criação? AA. No momento tenho dois trabalhos de minha inteira concepção, “Fortia Femina” e um livro chamado “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem”. O “Fortia” é um ensaio sobre mulheres adeptas da musculação, em preto e branco, de viés livre de publicação ou lucro. São imagens que não residem num limbo preferencial: ou se ama ou se odeia. Até agora não vendi uma única cópia para coleção. O “100” nasceu da idéia de fazer um livro de retratos, mas não queria um tomo que fosse um comMichel Melamed, Poeta, Rio, 2008

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pilação de fotos de gente, isso o medium visual está repleto e sinceramente acho repetitivo e um tanto tedioso. Como toquei baixo muitos anos, tive bandas e escrevi muitas letras, creio que títulos/temas são tão importantes quanto a obra. Nome é destino. Comecei a brincar com a idéia de número, de rima, de ritmo, de pessoas e que o conceito de uma pergunta instigaria o leitor. Depois de muita elocubração, veio o título, cujo paradoxal conceito é “arqueologia instantânea”, conhecer um pouco as pessoas pelos seus objetos. E desde agosto de 2005 venho fazendo o “100”, um desafio logístico muito pesado. E bancado integralmente por mim. “Fortia Femina” nasceu antes, em 2003, 2004. Zapeando, paro em uma transmissão de um campeonato Mr. Olimpia, creio, e vi mulheres na competição. Até então não sabia que uma mulher poderia ter um corpo com aquelas proporções e me encantou como o relevo e o volume dos corpos “respondiam” à luz, e como a feminilidade poderia chegar a um extremo tão intenso. Então comecei a pensar numa série de

fotos de nu, sem grandes compromissos, mas que fosse distinta do que havia visto até então. Um ensaio, um trabalho, deve ser adequado às condições de quem o elabora. Adotei o fundo branco para o “Fortia” pela facilidade do suporte (papel branco, pano branco, parede branca existe em qualquer lugar) e pela leveza que o branco fornece ao conteúdo, que talvez seja uma herança do meu tempo de garoto, quando pensava em ser desenhista, cartunista. Sou fanático pelas ilustrações a bico de pena e gravuras de Da Vinci, Vesalius e Henry Gray sobre a anatomia do corpo humano; descobri que me influenciaram bom tempo depois de estar fazendo o Fortia Femina. O “100” também é em fundo branco, retrato e objeto, mas em conjunto com outra inspiração agregada, que são os catálogos de produtos, tão comuns em jornais. Como vivemos em uma época “catalogal”, onde somos reduzidos perfis e frases definidoras, o “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem” é um comentário – pretenso – sobre este nosso tempo. Zeitgeist.

Layout em páginas abertas do livro “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem”. As atletas e apresentadoras de TV Bia e Branca Feres e seu fusca cor de rosa.

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[ENTREVISTA]

Você busca inspiração em outras mídias, como quadrinhos, música e cinema. Porque considera isso tão importante? AA. Não apenas nas citadas, mas pintura e escultura me são vitais. Todo o tipo de manifestação me atrai. Na literatura ‘O Estrangeiro’, de Camus, teve um profundo impacto quando li. Outro fantástico observador é William Gibson, autor do termo cyberspace em “Neuromancer” e de “Reconhecimento de padrões” um livro importante para qualquer pessoa que trabalhe com imagens; que aliás tem uma tradução eficiente em português brasileiro. Toquei baixo por uns oito anos e até hoje tenho o instrumento, embora quase não toque. A música desempenha um papel fundamental na minha vida, tanto ou mais quanto o cinema; meus mais antigos amigos vêm da música. Não vejo, por exemplo, chance de ter uma namorada que tenha um gosto musical muito diferente do meu. Música é alma. Ouço de Slayer à Cole Porter, passando por bossa nova, industrial, alguns eletrônicos, rock, heavy metal e muita black music dos 50, 60 e 70. Refuto qualquer discurso que relativise a cultura e a educação e que enalteça o mero empirismo de processos na formação. Aproveito da máxima socrática: “quanto mais sei, mais sei que nada sei.” Quando vou editar um trabalho meu, sempre procuro se há algo bom. Inicialmente, acho tudo medíocre, apressado e raso. Sempre pode ser melhor...

Claudia Francis, no “Fortia Femina”.

ademias de ginástica e as “aulas de jazz”, que misturavam dança com exercício físico pesado. Fausto Fawcett, um excelente pensador pop, até cita na letra de “Facada Leite Moça” a frase “coxas de quem faz jazz”, no fim dos 80. Cabe ao autor suscitar e abrir questões. E isso não vem de graça, sempre se paga um preço.

Além das questões gráficas, o ensaio Fortia Femina lida com um tabu da estética feminina. Como foi a recepção desse trabalho?

Existe um projeto para publicar o Fortia Femina?

AA. Amor ou Repulsa. Já me disseram que For-

AA. O livro em tese está pronto, como fotos

tia Femina está à frente do tempo dele. Não sei e não procuro me preocupar com isto. Hoje a estética da mulher muscular é um fator presente na sociedade, uma tendência desde os anos 80, quando explodiram as ac-

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já tratadas e prontas para edição, mas falta uma editora com coragem para abraçar o projeto.


Durante a sua palestra você citou a importância de usar o fotômetro de mão. Com o digital, muitos fotógrafos da nova geração dispensam o seu uso. Porque você acha que isso acontece? AA. O fotômetro é um símbolo. Quis ressal-

Durante o Nu Photo Conference você realizou um ensaio ao vivo para uma platéia de 300 pessoas. Como foi essa experiência? Já tinha feito algo parecido? AA. Com uma platéia tão grande foi a primeira vez. Gostei muito da experiência, embora tenha achado, com o benefício da distância, que a apresentação foi um tanto exagerada em alguns aspectos. Foi um desafio redobrado porque aconteceu diferente do planejado. A minha proposta inicial seria verdadeira sessão do Fortia Femina mas a modelo, uma atleta, desistiu. Então propus que fossem duas modelos e parti do zero. Gostei muito de uma imagem resultante daquela sessão.

tar a importância da técnica, da pesquisa e do estudo constante. Não existe fotografia “fácil” e quem está começando não deve crer em soluções simplórias, como se a fotografia fosse uma série de “macetes” que resolvem qualquer situação. Todos os fotógrafos de cinema, cuja fotografia é exponencialmente mais complexa que a still, usam fotômetro, mesmo os fotógrafos com 30, 40 anos de experiência. É saber interpretar, usar a luz e não ser refém dela. Não creio que o fotografo deva se ater a fórmulas e resoluções fixas; quanto mais conhecimento, melhor; é quase pueril falar isso, mas há quem acredite que a fotografia é simples, quase intuitiva e o Photoshop resolverá tudo depois. O que interessa mesmo é a luz (saber iluminar) e a direção. A câmera, desde que seja manual, minimamente boa e gere arquivos RAW, resolve a maioria dos casos. A grande diferença entre uma câmera Pro e a amadora é que a Pro tem resistência e robustez. Tenho uma objetiva 70-200 2.8 que deve ter uns 10 anos e funciona muito bem, apesar de algumas “cicatrizes”, arranhões na lente e marcas de uso.

Quais fotógrafos cujo trabalho você admira e qual a relevância deles na sua produção? AA. Vários me influenciaram e influenciam. Seria injusto nomear alguns, então fico com o meu trio sagrado, Cartier-Bresson, Avedon e Helmut Newton. E Sebastião Salgado, claro, por ser o maior fotógrafo vivo e por sua visão e sobretudo planejamento. Até o momento acredito que nenhum fotógrafo tem ou terá uma obra como a dele.

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[ENTREVISTA] Carnaval, Rio de Janeiro, 2010

É mais complicado ou mais fácil fotografar celebridades? AA. Eu fotografo famosos como se fossem anônimos e anônimos como celebridades. Em geral a fotografia, para a maioria das “celebridades”, é uma atividade aborrecida e que elas querem se livrar o mais rápido possível. Mulheres respondem muito bem a locação, com homens creio que uma certa tensão desenvolve melhor. A mulher tem que ser seduzida o tempo inteiro.

Quem você gostaria de fotografar e ainda não teve oportunidade? AA. Scarlett Johansson, atriz; Yelena Isinbayeva, atleta eAngela Gossow,cantora da banda de heavy metalArch Enemy.Aqui,Roberto Carlos,o cantor.

O que você diz para quem quer seguir a carreira de fotógrafo ou está começando? AA. Persista. Mais do que nunca fotografia está difícil como negócio rentável. Somente quem tiver talento, senso de oportunidade e principalmente um manifesto sincero de idéias perante o mundo poderá ter sucesso. E procure fazer vídeo também. O futuro caminha inexorável para a imagem em movimento. Livia Lemos, assistente - Joana Mazza

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[CAPA]

Com muito carinho e cliques. Foi assim que o fotógrafo francês Sacha Goldberger conseguiu ajudar sua avó a se curar de uma depressão. Delicadamente apelidada de Mamika, a série de fotografias de Frederika Goldberger, de 91 anos, se inspira em passagens de sua própria vida. Gisele Duarte

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á alguns anos, o fotógrafo francês Sacha Goldberger encontrou a sua avó húngara, Frederika, de 91 anos, se sentindo solitário e deprimida . Para animála , ele sugeriu que eles tirassem uma série de fotografias escandalosas em wtrajes incomuns, poses, e localizações. A Vovó relutantemente concordou, mas depois que começaram ela não conseguia parar de sorrir . Frederika nasceu em Budapeste, 20 anos antes da Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, com o risco de sua própria vida, ela corajosamente salvou a vida de

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dez pessoas. Quando lhe perguntaram como, Goldberger nos disse: “Ela escondeu o povo judeu que conhecia, movendo-os para lugares diferentes todos os dias.“ Como um sobrevivente do nazismo e do comunismo , ela então emigrou para longe da Hungria, para a França, forçada pelo regime comunista a deixar sua terra natal ilegalmente ou encarar a morte . Além de grande força, Frederika tem um incrível senso de humor , que desafia o tempo e infortúnio. Ela é engraçada e cínica, sempre zombando das pessoas que ela ama.


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[CAPA]

“ “Durante a guerra, “

com o risco de sua própria vida , ela corajosamente salvou a vida de dez pessoas.” “n”

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Minhas fotos desafiam a ideia da velhice como um momento passivo e entediante”, anota Sacha. “Além disso, serviram para me aproximar ainda mais da minha avó. Ela é muito criativa. Participou da escolha dos cenários e das fantasias.” Num mundo cada vez mais “medicalizado” — em que até afeto se tornou parte do reino da mercadoria, como diria Marx —, a ideia de buscar na criatividade uma saída (não a única, porque os medicamentos não são descartáveis) contra a depressão, como fizeram Sacha e Frederika, é positiva. Com o sucesso inesperado desta série, intitulado “ Mamika “ ( ou a avó em húngaro ) , Goldberger criou uma página no MySpace para ela. Ela agora tem mais de 2.200 amigos e recebe mensagens do tipo: “ Você é a avó que eu sonhei , você quer me adotar? “ e “ Você fez o meu dia , espero ser como você na sua idade. “


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nicialmente, ela não entendia por que todas essas pessoas escreveram para felicitá-la . Depois, pouco a pouco , ela percebeu que sua história transmitiu uma mensagem de esperança e de alegria. Em todas as fotos, ela posou com o maior entusiasmo. Agora, após as fotos a avó de Goldberger nunca mais mostrou sinais de depressão. Talvez seja porque a história dela serve algum tipo de propósito. Que, através das palavras calorosas de novos amigos , ela lembrou de quão sortuda ela é por estar viva .Não só pelas fotos dá para saber o porquê dela ser a verdadeira super-heroína, mas atrás da aparência frágil e os olhos cansados, Frederika ajudou grupos de refugiados, escondendo famílias de judeus durante o breve regime nazista que se instaurou na França em 1940. Sacha relatou em uma das entrevistas que a primeira reação da avó antes de tirar as fotos foi tímida e relutante, mas logo percebeu que criara um “monstro” ao deixar a velhinha mais à vontade. A performance de Mamika é forte e cômica, fazendo com que os mínimos

“...a primeira reação da avó antes de tirar as fotos foi tímida e relutante, mas logo percebeu que criara um ‘monstro’...” ART IT | NOV/DEZ 2013

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[CAPA]

““A performance de

Mamika é forte e cômica, fazendo com que os mínimos detalhes na foto sejam explorados e identificados.” “n”

detalhes na foto sejam explorados e identificados. Algumas fotos tem referências ao nosso Universo Nerd, com a presença de super-heróis já conhecidos, ela lendo um quadrinho do Surfista Prateado ou pedindo carona para Gotham City em cima de um prédio. O ensaio foi para o portfólio do fotógrafo e subitamente se tornou viral, com reviews de diversos sites especializados, um perfil no Twitter e muitos elogios a senhorinha tão simpática. Com o visual americanizado de super-herói básico, maquiagem de estrela no rosto, um capacete retrô de motoca e a famosa “cueca” por cima da calça collant, Super Mamika fez 2 ensaios de fotos inspirados nessa temática.

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Os ensaios viraram livro – Mamika & CO e Mamika: My Mighty Little Grandmother - e o fotógrafo quis ir além do esperado pelos fãs de Mamika, arranjou um namoradinho para a Super-Mamika em Mamika & CO, o Super-Papouka.

Agora, aos 94 anos, Frederika mora com o neto, no seu estúdio de trabalho. “Suas fotos na pele de Mamika [vozinha em húngaro], com tiragem entre cinco e dez exemplares, custam de 2.500 a 7.000 euros”, diz Roberto Kaz. As fotografias de Frederika, a super heroína, estão expostas no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, até 6 de janeiro de 2014. (Frederika foi perseguida pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.)

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[ESPECIAL]

LUCIAN FREUD

Lucian Freud is considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits and nudes in drab rooms, with peculiar focus on the texture of their flesh. Freud was the grandson of Sigmund Freud. He moved to Britain from Germany with his family in 1933 to escape persecution as a Jew. He spent most of his working life in London’s Paddington, saying that its sleaziness appealed to him.

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[ESPECIAL]

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reud’s early works, like Girl With A White Dog, were very controlled and formal. Over time his style changed and his later painting were mainly nudes, using coarse, layered dabs of paint to create skin texture. The figures in Freud’s paintings often look distant and depressed. However he had a close relationship with his subjects and claimed his pictures are “to do with hope and memory and sensuality”. One of his best known paintings, Benefits Supervisor Sleeping, was reportedly bought by Russian billionaire Roman Abramovich for $33m at auction. This was a record at the time for a living British artist. Freud provoked public outcry with a portrait of Her Majesty Queen Elizabeth II. Many people said the painting made her look old and unhappy. The Queen refused to comment.

Who is Lucien Freud was born in Berlin in December 1922, and came to England with his family in 1933. He studied briefly at the Central School of Art in London and, to more effect, at Cedric Morris’s East Anglian School of Painting and Drawing in

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Dedham. Following this, he served as a merchant seaman in an Atlantic convoy in 1941. His first solo exhibition, in 1944 at the Lefevre Gallery, featured the now celebrated The Painter’s Room 1944. In the summer of 1946, he went to Paris before going on to Greece for several months. Since then he has lived and worked in London. Freud’s subjects are often the people in his life; friends, family, fellow painters, lovers, children. As he has said ‘The subject matter is autobiographical, it’s all to do with hope and memory and sensuality and involvement really’. Paintings in the exhibition will range from Girl with Roses 1948 to Garden, Notting Hill Gate 1997, and highlights include the marvellous series of portraits of his mother, portraits of fellow painters John Minton, Michael Andrews and Frank Auerbach, and other major works including Large Interior W11 (after Watteau) 1981-3. Sharp pictures of his youth will contrast with the works of his maturity, paintings filled with life and liveliness, each in its way a celebration. ‘I paint people’, Freud has said, ‘not because of what they are like, not exactly in spite of what they are like, but how they happen to be’.


Lucien biography British painter and draughtsman. Freud spent most of his career in Paddington, London, an inner-city area whose seediness is reflected in Freud’s often sombre and moody interiors and cityscapes. In the 1940s he was principally interested in drawing, especially the face. He experimented with Surrealism. He was also loosely associated with Neo-Romanticism. He established his own artistic identity, however, in meticulously executed realist works, imbued with a pervasive mood of alienation. Two important paintings of 1951 established the themes and preoccupations that dominated the rest of Freud’s career: Interior in Paddington (Liverpool, Walker A.G.) and Girl with a White Dog (London,Tate). Both paintings demonstrate an eagerness to establish a highly charged situation, in which the artist is free to explore formal and optical problems rather than expressive or interpretative ones. By the late 1950s brushmarks became spatial as he began to describe the face and body in terms of shape and structure, and often in female nudes the brushstrokes help to suggest shape.Throughout his career Freud’s palette remained distinctly muted. A close relationship with sitters was often important for Freud. His mother sat for an extensive series in the early 1970s after she was widowed, and his daughters Bella and Esther modelled nude, together and individually.

Although the human form dominated his output, Freud also executed cityscapes, viewed from his studio window, and obsessively detailed nature studies.The 1980s and early 1990s were marked by increasingly ambitious compositions in terms of both scale and complexity.

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NOV/DEZ 2013 | #69 | R$25,00 | www.artit.com


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