Encarte diabetes

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Edição Março/Abril 2017 - Órgão Oficial da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas

II Boletim Informativo

smcc 2017

Dia

be

te

s


II Boletim Informativo smcc 2017 • DIABETES

A

SMCC historicamente, desde sua fundação em 1925, participa ativamente de momentos importantes do cenário da Saúde Pública no município de Campinas. Como uma instituição vocacionada ao compromisso com a saúde da população e também com a atualização de conhecimentos de toda a classe médica lançamos o II Boletim Informativo SMCC 2017.

A SMCC traz um compilado completo do resultado da Campanha de Diabetes, realizada durante o NOVEMBRO AZUL, em 2016 para que essas informações sejam úteis para os colegas médicos das diversas especialidades e população. Esta é uma iniciativa das Diretorias Científica e de Comunicação e Marketing com apoio do Departamento de Endocrinologia da SMCC.

Campanha Diabetes 2016 Estudo realizado pelo Ministério da Saúde, com a colaboração da Sociedade Brasileira de Diabetes no final da década de 80, chamado CENSO DE DIABETES, recentemente atualizado segundo os dados do CENSO-IBGE – 2013 apontou que o número estimado de diabéticos com 18 anos ou mais de idade no Brasil é de cerca 9,1 milhões de indivíduos. Dentre as pessoas com diabetes referido há mais de 10 anos, foram investigadas as complicações de saúde mais frequentes por causa da doença: problemas de vista – 36,6%; outro problema circulatório – 15,5%; problemas nos rins – 13,3%. O impacto destes números frente à saúde pública é extremamente significativo, levando em conta todos os aspectos envolvidos, tanto no cuidado, como no tratamento das complicações decorrentes da doença. Desde 2007, a Organização das Nações Unidas definiu

o dia 14 de novembro como dia mundial do diabetes, em referência ao dia do aniversário de Frederick Banting, que, junto com Charles Best, conduziram à descoberta da insulina em 1921. Nos últimos anos, a campanha começou a ganhar mais corpo e as ações passam a acontecer em outros dias do mês, adotando-se então o lema do Novembro Azul, em prol de ações relacionadas ao combate do diabetes no Brasil. Os representantes das entidades FCM UNICAMP, PUCC, São Leopoldo Mandic, SMCC e UNIMED-Campinas, envolvidas conjuntamente no cuidado, ensino e pesquisa em diabetes, no município de Campinas-SP, organizam anualmente o calendário de atividades do Novembro Azul - Dia Mundial do Diabetes/Novembro Azul, realizado em domingo, na Lagoa do Taquaral (portão 1), período da manhã: 8h00 – 12h00.

Comissão Organizadora FCM

Resultados da Campanha Diabetes 2016 Em 2016, as ações foram feitas no dia 20/11, envolvendo alunos, residentes, docentes das Faculdades de Medicina e toda a equipe do Depto. de Medicina Preventiva-UNIMED. Constaram: medida de glicemia casual, oficina nutricional para grupos (montagem de pratos), dosagem de hemoglobina glicada, bioimpedância, caminhada e orientações gerais sobre a doença. Um público total de 454 pessoas participaram da

02

campanha e tiveram o valor de glicemia ao acaso mensurado. Destes, 54% (n=245) eram homens e 46% mulheres (n=209), idade: 50,3 ± 15,3 anos (média ± DP); mínimo: 5 anos – máximo: 83 anos. O Gráfico 1 representa as categorias referidas pela população. A prevalência de diabetes referido foi de 9,5%; mulheres: 10%, homens: 9%. A prevalência de pré-diabetes referido foi de 1,2%; mulheres: 1,5%, homens: 0,9%.


II Boletim Informativo smcc 2017 • DIABETES

Gráfico 1. Categorias referidas pela população. Os indivíduos responderam às seguintes perguntas: Diabetes: sim / não, pré-diabetes: sim / não, ou não sabe. Prevalência de diabetes referido nesta população: Total: 43/454 = 9,5% Mulheres = 10% Homens = 9% 100% Categoria Feminino Masculino

88%

86%

80% 60% 40% 20%

Não

179

216

Sim

20

23

Pré-diabetes

7

4

Não sabe

3

2

Total

209

245

10%

9%

3%

2%

1%

1%

0% NÃO

SIM

PRÉ DIABETES

Feminino

NÃO SABE

Mascunino

Os valores médios de glicemia ao acaso obtidos desta população foram analisados de acordo às categorias referidas (Gráfico 2). Observou-se que, nos indivíduos com diabetes referido, as mulheres apresentavam um valor de glicemia média de 160 mg/dl, considerado como limite superior adequado para controle glicêmico em período pós-prandial, enquanto os homens apresentavam um valor de glicemia média de 189 mg/dl, valor considerado acima da meta de controle glicêmico (Gráfico 2.A). Nas demais categorias referidas, o valor de glicemia média esteve dentro de metas. A análise dos valores individuais de glicemia dos que referiram ter diabetes (Gráfico 2. B,C) demonstrou que, em ambos os sexos, a maioria não apresentava níveis de glicemia adequados (valor de glicemia escolhido para definir controle < 140 mg/dl): 55,0% das mulheres e 60,9% dos homens apresentaram níveis de glicemia > 140 mg/ dl. A distribuição dos valores de glicemia demonstrou que, níveis > 250 mg/dl, considerados muito inadequados, estavam presentes em 21,8% dos homens e 10% das mulheres.

Gráfico 2. Valor da glicemia capilar ao acaso segundo as categorias referidas pela população. A. Valor da glicemia capilar média das respectivas categorias referidas

150,0

glicemia (mg/dl)

160,2 101,1

115,0

96,1

100,9

89,7

94,0

5 4 1

100,0

3

189,0

2

Média 200,0

Quantidade de Vidas

B. Valores de glicemia (mg/dl) das mulheres com diabetes referido (n=20)

6

Histograma

Indivíduos com diabetes referido

0

50,0 50

NÃO sabe

100

200

250

300

350

Valor da Glicemia

Mascunino

10

Histograma

8

C. Valores de glicemia (mg/ dl) dos homens com diabetes referido (n=23)

6

Quando se correlaciona o valor da glicemia distribuído de acordo às faixas etárias da população com diabetes referido (Gráfico 3), o número baixo de indivíduos comprometeu as análises, principalmente entre 0 a 53 anos. Observou-se, entretanto, que 88,4% das pessoas possuíam mais que 49 anos de idade, predominando a faixa etária acima de 59 anos (51,2%), com provável diabetes tipo 2. Por outro lado, não se pode definir a categoria de diabetes dos indivíduos mais jovens, com possível diabetes tipo 1 (clássico – abaixo de 18 anos, ou tardio) ou diabetes tipo 2 em adultos jovens.

150

4

Feminino

NÃO

Quantidade de Vidas

PRÉ DIABETES

2

SIM

0

0,0

50

100

150

200

250

300

350

400

Valor da Glicemia

03


II Boletim Informativo smcc 2017 • DIABETES

Gráfico 3. Correlação entre o valor de glicemia e a distribuição de faixas etárias da população com diabetes referido. Idade x Valor da Glicemia

350

Com diabetes referido

250 200 100

150

Valor da Glicemia

300

Faixa Etária

20

40

60

80

Número de Média Vidas Glicemia

0-18 anos

2

133,5

34-38 anos

2

228,0

44-48 anos

1

317,0

49-53 anos

5

123,4

54-58 anos

11

143,6

Acima de 59 anos

22

196,0

Idade

Na população geral atendida, sem diabetes referido (Gráfico 4), à medida que a idade aumenta, o valor de glicemia tende a crescer também, apesar da correção ser fraca em nossos dados. Gráfico 4. Correlação entre o valor de glicemia e a distribuição de faixas etárias da população sem diabetes referido. Idade x Valor da Glicemia

140

82,4 88,5

24-28 anos

15

95,5

29-33 anos

34

94,5

36

99,9

26

95,0

44-48 anos

44

100,1

49-53 anos

46

101,3

120

34-38 anos

100

9 8

80

0-18 anos 19-23 anos

39-43 anos

60

Valor da Glicemia

160

180

200

Sem diabetes referido

20

40

60

80

Idade

54-58

56 99,6

Acima de 59 anos

121

100,7

Detecção de diabetes

Casos suspeitos de diabetes

Dentre as pessoas que declararam não ter diabetes ou não saber ter (n=400): 2/400 (0,5%): glicemia ao acaso > 200 mg/dl Sexo: masculino, idade média: 64 anos (63 e 65 anos)

10/400 (2,5%): glicemia ao acaso entre 140-200 mg/dl Sexo: 2 mulheres e 8 homens Idade media: 51,2 ± 7,9 anos Média de glicemia: 157,7 ± 17,2 mg/dL

Benefícios da Campanha Diabetes A prevalência de diabetes referido da população da região de Campinas foi de 9,5%. O valor da glicemia ao acaso destes indivíduos era majoritariamente inadequado. O descontrole metabólico de pacientes com diabetes no Brasil é dado conhecido e relevante para a saúde pública. Pudemos, através desta campanha, detectar diabetes em dois homens acima de 60 anos e identificar 10 casos suspeitos, sobretudo homens. Todos, com ou sem diabetes, foram devidamente esclarecidos pelas equipes de saúde e encaminhados ao atendimento médico. Ressalta-se que a população masculina representou a maioria dos casos de detecção de diabetes e suspeita de diabetes, assim como apresen-

tou os maiores valores de glicemia quando referiu ter diabetes. Na longa experiência de nossa atuação, dentro do Depto. de Medicina Preventiva, a participação masculina espontânea é minoritária, devendo-se projetar esforços para que os homens se adequem aos cuidados gerais para promoção da saúde, identificação e controle de doenças crônicas. Prevenção, precocidade na identificação e no tratamento do diabetes, assim como a manutenção do controle metabólico da doença instalada são as alternativas que permitirão mudar o panorama dramático da vivência das complicações desta doença em nosso meio, seja para o indivíduo e sua família, seja para os agentes de saúde e o estado.


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