Revista - Sociedade de Medicina

Page 1

Foto: Carlos Bassan

Edição Julho/Agosto 2018 - Órgão Oficial da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas

Entrevista

Dr Carmino de Souza Secretário de Saúde de Campinas O Médico dividido entre a política e a Universidade especial

Ideologia de Gênero está novamente em pauta destaque

SMCC cria Comitê de Segurança do Paciente, realiza Fórum inédito e lança série de cursos 5º Distrital tem novos encontros em SP e Campinas UNICRED faz 25 anos com solidez e segurança


sumário EDITORIAL

03 Projeto de modernização da SMCC atinge novo estágio A presidente da SMCC anuncia melhorias no atendimento e grandes eventos

OPINIÃO

04 Coluna – Destaque Científico Rastreamento do Câncer Colorretal, pelo coloproctologista Dr. Cláudio S. R. Coy

Edição julho | agosto/2018

05 Departamento Jurídico / Defesa Profissional Publicidade Médica: Limites e consequências jurídicas

06 Coluna – Medicina Baseada em Evidências Quando se quer procurar algo, importa Como se procura

MEMÓRIAS SMCC

07 As primeiras Comissões Científicas da SMCC SMCC ACONTECE

08 e 09 Confira os eventos realizados pela SMCC e parceiros CLUBE DE CAMPO

11 Eventos movimentam o Clube Encontro de Turma da FCM e Torneio de Boleiros da SMCC são realizados com sucesso

ESPECIAL

12 e 13 Primeira Infância: aqui não cabem Ideologias Desenvolvimento depende de maior observação do que intervenção, dizem médicos e educadores

DESTAQUE

14 e 15 Segurança do Paciente é a mais nova bandeira SMCC cria Comitê Institucional, promove Fórum e lança novos cursos voltados ao assunto

SMCC ENTREVISTA

17, 18 e 19 Dr. Carmino de Souza Secretário de Saúde de Campinas Entrevista exclusiva aborda política, medicina e academia

5°DISTRITAL

20 Campinas recebe Encontro Regional da APM ESPAÇO COLABORADORES

23 Conheça nossa Equipe Nesta edição: Gerência de Projetos Especiais e Comercial

ESPAÇO ACADÊMICO

24 2ª parte da reportagem aborda como ajudar na prevenção ao suicídio INSTITUCIONAL 25 Os 25 anos da UNICRED do Estado de São Paulo ENOTURISMO

26 Castas do Piemonte Muitos Tesouros Escondidos AGENDA SMCC & CLASSIMED

27 Confira Eventos e os Classificados disponíveis

02 | Revista Medicação | julho/agosto 2018

Fundada em 1º de Dezembro de 1925 Filiada à Associação Paulista de Medicina Órgão de Utilidade Pública: Lei Municipal 04966/1979 Lei Estadual nº 6/1981 Rua Delfino Cintra, 63 • Centro • 13013-055 Campinas, SP • Fone/Fax: (19) 3231-2811 smcc@smcc.com.br | www.smcc.com.br sociedademedicinacirurgiacampinas smcccampinas Diretores Presidente Dra. Fátima Maria Ap. F. Bastos | 1º Vice Presidente Dr. José Roberto Franchi Amade | 2º Vice Presidente Dr. Waldir Favarin Murari | Secretário Geral Dr. Carlos Augusto Reis Oliveira 1º Secretário Dr. Sergio Masini Alarcon | Dir. de Finanças e Patrimônio Dr. Walter Maleronka | Dir. de Finanças e Patrimônio Adj. Dr. Luiz Inácio Quaglia Passos | Dir. Científico Dr. Julio Cesar Narciso Gomes | Dir. Científico Adj. Dr. Jorge Carlos Machado Curi | Dir. Eventos Dra. Carmen Sylvia Ribeiro | Dir. Eventos Adj. Dr. Irineu Francisco Debastiani | Dir. Administrativo Dr. Marco Aurélio Bussacarini | Dir. Administrativo Adj. Dr. Antonio Cesar Antoniazzi | Dir. Comunicação e Marketing Dr. Marcelo Amade Camargo | Dir. Comunicação e Marketing Adj. Dra. Andrea Dias T. Momente Dir. Defesa Profissional Dr. Flavio Leite Aranha Junior Dir. Defesa Profissional Adj. Dr. Ricardo Antônio Araújo Dir. Sede de Campo Dr. Donizete Cesar Honorato Dir. Sede de Campo Adj. Dr. Silvio Luis de Oliveira Delegados APM Dr. Francisco A. Fernandes Neto | Dr. Mauro Duarte Caron Dr. Sandor Dosa Acras | Dra. Silvia Helena R. Mateus Conselho Fiscal Dr. José Jorge Facure | Dr. José Martins Filho | Dr. Antonio Vanderlei Ortenzi | Dr. Arlindo N. de Lemos Junior | Dr. Eugênio Sergio Riani Casanova | Dr. Marco Antonio Beluzzo Comissão Editorial Dr. Marcelo A. Camargo | Dra. Fátima Maria Ap. F. Bastos | Dra. Carmen Sylvia Ribeiro | Dr. Julio Cesar Narciso Gomes | Carolina Rodrigues Stela Maia | Branca Braga Editor-Chefe: Dr. Marcelo A. Camargo Jornalista Responsável: Carolina Rodrigues (MTB 44791/SP) Fotos: Branca Braga Assistente de Comunicação: Branca Braga Projeto Gráfico: Skanner Projetos Gráficos Tiragem: 3.000 exemplares Periodicidade: Bimestral A revista não se responsabiliza pelo conteúdo das matérias assinadas, entrevistas e nem pelos anúncios veiculados.


Editorial

Projeto de modernização da SMCC atinge novo estágio

V

alorizar a formação, a carreira, a qualidade de vida, o associativismo e a dignidade no trabalho. A Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) terá o ano de 2018 como um dos mais importantes de sua história.

Além da modernização de nossa sede, a entrega do Clube de Campo e a renovação e ampliação dos serviços de atendimento, acabamos de criar o Comitê de Segurança do Paciente e realizamos um Fórum inédito com a presença dos principais nomes de Campinas e da Capital no tema. Esta é mais uma bandeira que a SMCC levanta em prol da Medicina de qualidade em nossa região. Estamos evoluindo a passos largos. Nos próximos meses, lançaremos dezenas de cursos de capacitação de pessoas e preparação para qualificação e certificação de instituições. Estaremos com as portas abertas para os profissionais que precisam se aperfeiçoar e das instituições que buscam pela excelência, com vantagens exclusivas aos associados. Tivemos a coragem de abordar assuntos difíceis e até polêmicos entre nós e a comunidade. Nossas salas e auditórios têm recebido profissionais de saúde e educadores para alguns eventos, o que tem sido uma troca enriquecedora. Os avanços são muitos e as notícias em maior volume agora. Tanto que estamos orgulhosos de afirmar que teremos um dos maiores eventos já feitos na história da entidade em homenagem ao Médico. Não se trata apenas de mais uma festa, mas sim de uma sucessão de realizações entregues durante todo este último ano. Trabalhamos muito até agora para melhorar a gestão da entidade, fortalecer o atendimento e torná-lo mais profissional e agora estamos modernizando os serviços. Concluiremos com uma festa para marcar os tempos da SMCC. Este ano, no dia 20 de Outubro, teremos uma verdadeira noite de infinitas diversões no tradicional jantar em comemoração ao Dia do Médico da entidade com muita música, um show e muitas surpresas no mais novo espaço para eventos de Campinas: o Salão Monumental do Royal Palm Hall. Além desta noite, também estamos preparando uma série de atividades para o restante da Semana do Médico. Teremos a oportunidade de confraternizar e retomar nosso convívio com os colegas e familiares. Um momento para guardar no coração e ter a certeza de que o associativismo é o melhor caminho para seguirmos em nosso desafio diário de exercer a Medicina. A SMCC está com você nesta jornada. Venha! Esteja com a gente para comemorar!

Participe da Pesquisa de Satisfação e Qualidade de Vida da SMCC! São perguntas rápidas. O preenchimento levará poucos minutos. Para participar use o QRCode ao lado. A Diretoria agradece!

Dra. Fátima Bastos Presidente da SMCC

julho/agosto2018 | Revista Medicação | 03


Coluna Destaque Científico

Rastreamento do Câncer Colorretal – devemos indicar? Dr. Claudio Saddy Rodrigues Coy O câncer colorretal (CCR) apresenta características que justificam a realização de exames de rastreamento: alta incidência, elevada mortalidade e sobrevida boa quando identificado em fase inicial. Nos países desenvolvidos é a terceira causa de câncer e a segunda de óbito1. No Brasil, segundo estimativa do INCA para o biênio 20182019, o risco para ambos os sexos é de 17 casos novos para cada 100.000 habitantes, e é o segundo mais frequente na região Sudeste excluindo-se as neoplasias de pele não melanoma. Em nosso meio, é evidente nos últimos anos, o aumento do número de casos, assim como a maior ocorrência em indivíduos mais jovens. Estratégias de prevenção ou diagnóstico precoce do CCR foram introduzidas nas décadas de 70 e 80. Posteriormente, resultados obtidos a partir de estudos randomizados com testes de pesquisa de sangue oculto nas fezes, demonstraram sua eficácia com redução da mortalidade2-4, apoiando então sua recomendação como método eficaz para a detecção de lesões pré-malignas assim como de diagnóstico precoce5,6. Em tese, é bastante simples, considerando-se as características deste tipo de lesão: incidência elevada após 60 anos de idade, crescimento lento e origem a partir de lesões benignas. Em 2018, a Sociedade Americana de Câncer, publicou suas diretrizes atualizadas de rastreamento de câncer colorretal para adultos sem fatores de risco adicionais além da idade7. As orientações baseiam-se em recomendações já estabelecidas e uma recomendação qualificada que tem impacto na prática diária: início de rastreamento mais precoce, aos 45 anos de idade, uma vez que nos EUA, a incidência abaixo dos 50 anos tem aumentado. Essas recomendações baseiam-se em critérios de evidência científica e modelos de simulação. As proposições atuais com relação às indicações de rastreamento são as seguintes: - Início a partir de 45 anos até os 75 anos de idade, para indivíduos sem fator de risco adicional. - Entre 76 e 85 anos, os critérios podem ser individualizados em função da condição de saúde, expectativa de vida e antecedentes de rastreamento prévio quando houver. - Não se recomenda rastreamento após 86 anos de idade. As diretrizes também enfatizam que é importante não expor o indivíduo a exames desnecessários, que aumentam custos e morbidade. Assim, as orientações com relação a periodicidade dos exames, desde que negativos, são as seguintes: - Teste fecal de sangue oculto: anual - Teste fecal de mutações de DNA: trienal - Retossigmoidoscopia flexível: 5 anos - Colonografia por tomografia: 5 anos - Colonoscopia: 10 anos 04 | Revista Medicação | julho/agosto 2018

Os métodos disponíveis em nossa realidade baseiam-se atualmente em exames endoscópicos e testes fecais de pesquisa de sangue oculto. Testes fecais com pesquisa de mutações de DNA não são ainda aplicáveis de forma rotineira no Brasil. A colonoscopia foi introduzida como método de rastreamento do CCR na década de 90 e recomendada como método válido a partir de 1997. É considerada o padrão ouro e avaliza todos os demais métodos. A periodicidade de 10 anos baseia-se no longo período de evolução da sequência adenoma-carcinoma secundária à mutação do gene APC e responsável por 75% dos casos de CCR. Os testes fecais com pesquisa de sangue oculto, possibilitam a identificação de pólipos avançados ou câncer em estágio inicial. São empregados principalmente em abordagens populacionais e devem ser acompanhados por colonoscopia para os casos positivos8. Atualmente existem campanhas de orientação e rastreamento de CCR em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, Chile, Inglaterra, Finlândia e Coréia do Sul. No Brasil, não ocorrem como políticas de saúde pública, exceto por iniciativas isoladas. Uma exceção é a campanha de rastreamento de câncer colorretal da UNICAMP, disponibilizada aos alunos, funcionários e docentes. Com apoio da reitoria é realizada pelo CECOM (Centro de Saúde da Comunidade) sendo exames e tratamento disponibilizados pelo Gastrocentro e Hospital das Clínicas. Ocorre de forma perene desde 2011, e foi possível, em curto prazo, identificar os grandes benefícios desta ação, com redução significativa do número de neoplasias malignas e de pólipos ressecados. No Brasil, em função das características continentais e deficiências estruturais crônicas do sistema público de saúde, a população não se beneficia da prevenção do câncer colorretal, considerada umas das mais eficientes. A nível individual, temos a obrigação de orientar os pacientes em nossas práticas médicas, de forma clara e eficiente, estimulando o auto cuidado, a preservação da saúde e indiretamente a redução de custos. Dr. Claudio Coy Professor titular de Coloproctologia FCM UNICAMP 1- World Cancer Research Fund International. http://www. wcrf.org/cancer_statistics_data_ specific_cancers/colorectal_cancer_statistics.php. 2- Frazier AL et al. Cost-effectiveness of screening for colorectal cancer in the general population. JAMA. 2000;284:1954–1961. 3- Whitlock EP et al. Screening for colorectal cancer: a targeted, updated systematic review for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann. Intern. Med. 2008;149:638–658., 4- American Cancer Society. 2012. Cancer Facts & Figures. Available at:http://www.cancer. org/acs/groups/content/@epidemiologysurveilance/documents/document/acspc-031941. pdf. Accessed 23 July 2012. 5- Mandel JS et al. Reducing mortality from colorectal cancer by screening for fecal occult blood. Minnesota Colon Cancer Control Study. N Engl J Med. 1993;328:1365-1371 6- Mandel JS et al. The effect of fecal occult-blood screening on the incidence of colorectal cancer. N Engl J Med. 2000;343:1603-1607 7 - Colorectal Cancer Screening for average risk adults: 2018 guideline update from the American Cancer Society, CA Cancer J Clin 2018 doi: 10.3322/caac21457 8 - U.S. Preventive Services Task Force. Screening for colorectal cancer:U.S. Preventive Services Task Force recommendation statement. Ann Intern Med. 2008;149:627-637.


Departamento Jurídico / Defesa Profissional

Publicidade Médica: Limites e consequências jurídicas Márcia Conceição Pardal Côrtes Lucas Selingardi Com o avanço da sociedade surgiram novos modelos de comunicação em massa, sendo que as redes sociais e mídias eletrônicas atualmente são o principal caminho para a publicidade médica. Na verdade, antes de adentrar ao mérito da questão, é imperioso salientar que a medicina deve ser exercida de maneira condizente com os direitos consagrados na Constituição Federal e, em especial, a inviolabilidade da vida privada, respeito à honra e imagem da pessoa humana, concorrência desleal e entre outros. O Conselho Federal de Medicina (CFM) possui a prerrogativa de regulamentar os limites e condições da publicidade médica e assim, editou diversas resoluções sobre o tema, bem como há previsões no próprio Código de Ética Médica. Dentre as normas mais importantes podemos destacar o Manual de publicidade médica, resolução CFM nº 1974/2011 com alteração pela de nº 2.126/2015 e nº 2.133/2015. Todos os médicos, clínicas, hospitais e consultórios devem respeitar ao contido no manual acima mencionado, independe da especialidade em que atuam. Aliás, referido manual considera que qualquer comunicação ao público de atividade profissional de participação, iniciativa ou anuência do médico é considerada publicidade médica. Em primeiro lugar, ao prestar uma informação médica para o público, deve o profissional se voltar a fins educativos e de conscientização; contudo jamais deve objetivar a captação de clientes e ter um cunho mercantilista em seus dizeres. O médico deve agir com discrição, sensatez, discorrer ou tecer informações verdadeiras e, por óbvio, sempre seguir as normas legais. Outra vedação relevante é o que diz respeito ao uso de imagens de paciente, ainda que haja uma autorização do mesmo. O Código de Ética Médica tipifica como violação ética a referência a casos clínicos identificáveis, a exibição de pacientes ou seus retratos como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento. Se não fosse o suficiente, a resolução em questão

também dispõe sobre a proibição dos autorretratos (selfies) e fotos do “antes e depois” de procedimentos. Enfim, embora encontremos diariamente tais imagens nas redes sociais (blogs, instagram, facebook, whatsapp dentre outros), tal prática é vedada ao médico justamente por prejudicar a imagem do paciente e todos direitos decorrentes de tal exposição, bem como pela preservação da atuação ética na seara médica, aniquilando a autopromoção, o sensacionalismo e o mercantilismo da medicina. Ademais, também deve o médico se abster de usar as expressões “o melhor tratamento”, “o mais eficiente”, “resultado garantido”, bem como anunciar o parcelamento de honorários ou fazer interação com empresas, equipamentos ou medicamentos. Todas estas situações são proibidas pelas normas mencionadas e sua realização poderá acarretar em processos éticos profissionais. Em complementação o Código do Consumidor denota em seu artigo 30: Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada de qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Assim, em que pese haver discussões sobre a aplicabilidade do Código do Consumidor na relação médicopaciente, o médico ao fazer as postagens de sua atuação, além de infringir as resoluções e Código de Ética, pode ser questionado judicialmente por não ter executado um trabalho como efetivamente prometeu em propaganda, ou ainda, não ter alcançado a expectativa de seu paciente quanto ao resultado final. Enfim, as normas mencionadas não censuram ou impedem os direitos de divulgação do trabalho médico, mas estabelecem diretrizes e limites para que haja um equilíbrio na publicidade a ser realizada. Em suma, o que se pretende é uma prática adequada e ética com o intuito de evitar que a medicina seja considerada uma atividade mercantilista, bem como sejam os médicos preservados de questionamentos judiciais. Márcia Conceição Pardal Côrtes | Lucas Selingardi Advogados SMCC

julho/agosto 2018 | Revista Medicação | 05


Medicina Baseada em Evidências

Quando se quer procurar algo, importa Como se procura Dr. Milton Roberto Marchi Oliveira As boas práticas da Medicina Baseada em Evidências (MBE) incluem o domínio de algumas habilidades básicas. Uma das principais delas é a formulação correta de perguntas clínicas, que precisam ser: 1.relevantes para os problemas vividos pelos nossos pacientes (futilidades, e filigranas não devem ser o foco da MBE) e, 2.elaboradas de maneira a facilitar a obtenção de respostas relevantes e precisas. Perguntas clínicas bem construídas contém até quatro elementos definidores do seu alicerce. Para fins de memorização, estes elementos foram agrupados em um acrônimo: P.I.C.O.. A definição precisa de cada um destes elementos (veja a tabela abaixo) é a chave para se elaborar uma pergunta clínica correta e, em sequência, buscar por respostas.

P

Paciente, População ou Problema

Como eu descreveria um grupo de pacientes similares aos meus?

I

Intervenção, Fator Prognóstico ou Exposição

Quais intervenções principais, ou fatores prognósticos, ou a qual exposição eu estou considerando?

C

Comparação ou Intervenção (se for o caso)

Qual é a principal alternativa a se comparar com a intervenção?

O

Outcome (Resultado) que você deseja medir ou alcançar

O que posso esperar realizar, medir, melhorar ou afetar?

Adicionalmente ao PICO pode-se incluir a regra dos 2 “T”s, a qual define o Tipo de pergunta que fizemos (a pergunta envolve diagnóstico? ou etiologia/agravo? ou terapia? ou prognóstico? ou prevenção?) e o Tipo de estudo científico que queremos encontrar (qual seria o melhor tipo de estudo ou metodologia para o tipo de pergunta feita?). Considere o seguinte exemplo do uso da sequência PICO: P: “em pacientes com insuficiência cardíaca por miocardiopatia dilatada sob ritmo sinusal”

06 | Revista Medicação | julho/agosto 2018

I: “poderia ser introduzida varfarina como anticoagulante na terapia padrão em insuficiência cardíaca? ” C: “quando comparada com a terapia padrão” O: “levar a redução da morbimortalidade por tromboembolismo. Isto seria suficiente para valer a pena o aumento no risco de hemorragias? ” Tipo de pergunta: Terapia. Tipo de estudo: como se trata de uma pergunta envolvendo comparação de formas de “terapia”, o tipo de estudo mais bem indicado seria o Ensaio Clínico Controlado e Randomizado. Uma vez definido o PICO (e os “T”s), partimos para a busca das respostas, através de pesquisa bibliográfica. É importante esclarecer que o uso do PICO se aplica a perguntas (questões, dúvidas, etc) de conhecimento mais específico, as quais afetem as decisões clínicas. São estas perguntas que requerem uma pesquisa na literatura médica primária (publicações científicas de periódicos médicos, essencialmente) no que se convencionou chamar de pesquisa bibliográfica. Falaremos mais a respeito destas pesquisas em breve. Para questões mais básicas, relacionadas ao conhecimento geral, costuma bastar duas partes para a busca da sua resposta: uma raiz da pergunta (quem, o que, quando, onde, como, por quê?) e um transtorno, ou teste, ou tratamento ou outro aspecto da assistência à saúde. Muitas vezes, perguntas como estas podem ser melhores respondidas usando-se um livro-texto ou consultando-se um banco de dados clínicos. Até breve! Nossos podcasts que acompanham este número têm alguns dados históricos e comentários a respeito da História da Bibliografia, inclusive na área médica. Acessar smcc.com.br

Dr. Milton Roberto Marchi de Oliveira Médico anestesiologista, com graduação e especialização em Anestesiologia pela Unicamp. Foi Diretor de Comunicação da SMCC. Colaborador do Centro de Ensino e Treinamento (SBA) em Anestesiologia da Casa de Saúde Campinas. Possui interesse por temas relacionados à Saúde Baseada em Evidências


Memórias SMCC

As primeiras Comissões Científicas da SMCC

P

Foto: Dr Francisco Betim Paes Leme (Acervo SMCC)

oucos sabem dos detalhes deste período quando da fundação da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, mas desde este momento a preocupação com a criação de eventos, arquivos científicos, da documentação dos atos se fez presente; porém, muito claramente, tendo como objetivos a atenção para com a saúde pública e os interesses coletivos, nos moldes das organizações similares que já existiam e prestavam importantes serviços para o país. Tanto que as primeiras comissões científicas tratam destas realizações por parte da Instituição. Trazemos na Coluna Memórias desta edição as primeiras Comissões criadas e seus respectivos membros. Após a constituição da primeira diretoria em 1925 foram definidos como presidente Francisco Betim Paes Leme, vice-presidente João Penido Burnier, 1º Secretário Azael Álvares Lobo, 2º Secretário Clóvis Monteiro Peixoto, Tesoureiro Francisco de Arruda Roso e o Bibliotecário Vicente Baptista. Foram criadas a Comissão de Medicina com Hermas de Carvalho Braga, Benedicto da Cunha Campos e José Proença Pinto de Moura. A Comissão de Cirurgia tinha como nomes à frente do grupo Armando da Rocha Brito, Guilherme Bolliger e Arlindo de Lemos Júnior. A terceira Comissão trata-se de uma Comissão de Redação do Boletim da SMCC com Manuel Marcondes Machado, Valdemar Belfort de Mattos e Tácito Monteiro de Carvalho e Silva.

A SMCC foi criada então tendo conforme os estatutos da época sete grandes objetivos que seguem com o texto original retirado do Livro de 90 anos da SMCC: üEstudar e discutir assuntos relativos à Medicina e ciências afins e realizar sessões científicas; üPromover a união da classe médica e defender seus interesses, especialmente os de seus associados; üPublicar, periodicamente, um boletim que servisse de repositório de todos os seus atos e trabalhos; üCriar uma biblioteca para uso de seus sócios; üSugerir e solicitar dos poderes competentes medidas concernentes à saúde pública; üEntreter correspondência com as suas congêneres nacionais e estrangeiras; üDar pareceres, quando solicitados, sobre questões profissionais e de interesse público. *Trechos do artigo foram extraídos do Livro “SMCC 90 anos na história da saúde em Campinas: memórias e legados” de 2015, autoria de José Pedro Martins, coautor Paulo Cesar Nascimento.

julho/agosto 2018 | Revista Medicação | 07


SMCC acontece

SMCC instala painéis de Mídia na Sede Social

Em uma parceria inédita com a empresa GM7, foram instaladas seis telas em pontos estratégicos (recepção e hall do 2°Andar) na sede social contendo informações sobre a agenda do dia, futuros eventos, vídeos e ainda informação de qualidade para os associados. A GM7 é hoje a empresa que leva soluções inovadoras de comunicação, além de anúncios e conteúdos relevantes e dinâmicos para o público local. Com mais de 10 anos de atuação, é referência em mídia Out Of Home no país, com 160 pontos de mídia instalados nos estabelecimentos de Campinas. A veiculação externa será fundamental para a SMCC expor seus novos serviços, eventos e ações sociais para a comunidade. Por ano, a SMCC tem realizado em média 300 eventos somente na sede social; onde circulam cerca de 5 mil pessoas por mês.

SBOT na SMCC Foram feitas oito aulas, duas mesas-redondas e um workshop na sede social da SMCC como parte do Programa de Educação Continuada (PEC) da SBOT, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. As discussões de casos reuniram os ortopedistas e profissionais de saúde ligados ao atendimento para o tema Traumatologia do Esporte. Foram sete especialistas convidados para os eventos realizados no útlimo dia 20/07.

Cuidados Paliativos inova com webtransmissão de Londres

I Seminário Temas Quentes em Infectologia

Em meio a uma campanha de vacinação e muita polêmica sobre contágio e recomendações, o Departamento de Infectologia da SMCC realizou com o apoio do Departamento de Vigilância em Saúde (DEVISA), no dia 21/08, um Seminário para debater estratégias de diagnóstico e tratamento de condições graves no momento: Sarampo e Febre Maculosa. O evento reuniu Médicos Clínicos, Infectologistas, Pediatras, Emergencistas das redes pública e privada, além de Médicos Residentes.

08 | Revista Medicação | julho/agosto 2018

A palestra da psicóloga Cristiane Ferraz Prade foi transmitida através da internet em julho na sede da SMCC direto de Londres. O novo encontro sobre cuidados paliativos explicou a origem das ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e familiares que enfrentam problemas associados com doenças. A psicóloga é fundadora da “Casa do Cuidar” e falou sobre o Hospice Saint Joseph, criado no início do século passado e atuante até hoje, onde Cicely Saunders iniciou seus trabalhos em cuidados paliativos. O evento também contou com a participação do médico de cuidados paliativos, Dr. Leonardo Consolim. Especialista na área de atuação reconhecida pela Associação Médica Brasileira, o profissional é participante da International Palliative Care Leadership Development Initiative – Ohio Health – EUA.


SMCC acontece

I Simpósio de Psiquiatria da Infância e Adolescência

Reunião de agosto da Superliga de Cirurgia é sucesso de público O encontro foi no dia 15/08, quando o Coordenador do Centro de Tratamento de Queimados de Campinas, Dr Flávio Nadruz Novaes, falou para uma platéia com mais de 80 estudantes de Medicina ligados à Superliga de Cirurgia SMCC. A aula tratou da abordagem inicial ao paciente queimado e suas peculiaridades. O projeto “Superliga” reúne as ligas acadêmicas de uma mesma área ou especialidade para oferecer aulas de alto nível com palestrantes de diferentes instituições e convidados especiais.

Ao tratar da relação com a prática clínica, a organização do I Simpósio sobre o tema Psiquiatria da Infância e Adolescência da SMCC ofereceu uma oportunidade para que participantes debatessem profundamente questões importantes do desenvolvimento. O evento contou com um número expressivo de palestrantes. Foram 13 profissionais já reconhecidos pelo trabalho na área de psiquiatria infantil.

SMCC na mídia

O Forúm de Segurança do Paciente, realizado pela primeira vez na SMCC, teve a cobertura do Jornal Correio Popular. O vice-presidente da SMCC, Dr José Roberto Amade, falou da iniciativa pioneira e da preocupação em garantir a redução de riscos para os pacientes. A convidada para o evento a Dra Silvia Brandalise também foi citada na reportagem.

O Coordenador do Departamento de Medicina Esportiva da SMCC, Dr Sérgio Rocha Piedade, concedeu uma série de entrevistas para a Rádio CBN Campinas para o quadro CBN Saúde. O programa abordou durante uma semana as orientações necessárias para a prática esportiva e as lesões comuns para leigos e até esportistas de alto rendimento. O médico tem dado continuidade as reuniões mensais de debate sobre modalidades e casos clínicos. No dia 20/08 o tema foi Judô e Jiu-Jitsu: biomecânica das lesões musculoesqueléticas, lesão ligamentar do joelho e suplementação. O Coordenador do Departamento de Cirurgia Plástica da SMCC, Dr Juliano Pereira, concedeu três entrevistas sobre a polêmica envolvendo o controverso “Dr Bumbum”. O médico recomendou a população procurar por profissionais formados e com registro nas Associações ligadas à atividade médica, seja médica ou estética e, ainda dermatológicas. As entrevistas foram concedidas para a Rádio CBN Campinas, Portal G1, TV Rede Família e TV Século 21.

julho/agosto 2018 | Revista Medicação | 09


10 | Revista Medicação | maio/junho 2018


Espaço Clube de Campo

Encontro da 11ª Turma de Medicina da FCM UNICAMP foi realizado no Clube de Campo

A

11ª turma da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP escolheu o Clube de Campo da SMCC para seu encontro de 40 anos de formados. A confraternização trouxe muita nostalgia e lembranças dos “velhos tempos”. O evento incluiu um almoço na varanda no Casarão do Clube. Entre os convidados estava Dr. Renato Sérgio. “O Clube é muito bonito, bonito mesmo! Foi uma surpresa agradável. Eu não conhecia aqui. Já estamos marcando o próximo encontro aqui mesmo”. Dr. Francisco Mezacato comemorou o reencontro. “É muito agradável

estar aqui junto com os colegas. Muitos dos quais a gente não tinha oportunidade de ver. Já conhecia o Clube da época de Faculdade, mas depois cada um seguiu o seu caminho e acabamos não vindo mais”. Vice-presidente da Unicred SP, Dr Edmir Deberaldini, também esteve com o grupo. “Eu achei o Clube muito funcional. O local ficou muito agradável com capacidade de reunir muita gente. Já conhecia o espaço, mas antes das reformas todas que foram feitas. O que foi agregado, como a cozinha e os salões, ficou excepcional!”.

Torneio de Futebol dos Boleiros já tem 20 anos Evento acontece há 20 anos e reúne uma vez por ano o grupo organizado pelo médico Dr. Pedro Freitas. Segundo o Diretor de Defesa Profissional da SMCC, Dr. Flavio Aranha, foi a determinação do Dr Pedro em manter por todos os anos a iniciativa que fez o Torneiro durar tanto tempo. Para o médico associado da SMCC, Dr. Fabrício Antonialli, o Clube está em ótimas condições. “O Clube está perfeito! Eu jogo em outros lugares e, este é o melhor campo de grama natural da cidade para jogar. É muito bom!”

Classificação Torneio Boleiros SMCC

1º Jamaica

2º Haiti

4º Faixa de Gaza

3º Venezuela

julho/agosto 2018 | Revista Medicação | 11


especial

Primeira Infância:

aqui não cabem Ideologias Desenvolvimento depende de maior observação do que intervenção, dizem médicos e educadores Os últimos dois anos tem sido de intensos debates sobre implantar ou não o conceito de Ideologia de Gênero em escolas e entidades, mas estudiosos alertam para os prejuízos escondidos na intervenção excessiva dos adultos durante fase fundamental do desenvolvimento das crianças.

T

ema de leis municipais proibidas em algumas cidades, com interpelação até do Supremo Tribunal Federal e motivo de constantes ataques e agressões verbais pelas redes sociais; a Ideologia de Gênero afeta a rotina dos educadores e tem deixado médicos preocupados. Cientificamente dizem eles, 85% do cérebro se desenvolve até os cinco anos de idade. Entre os dois ou três anos, os neurônios estão em pleno crescimento. Nesta fase, as interações e experiências influenciam nas conexões cerebrais, assim como no desenvolvimento físico, neurológico e emocional. Contra o que chama de estresse tóxico, o médico pediatra graduado em Medicina na USP e Doutorado na UNICAMP, Professor Dr José Martins Filho, esteve na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) no mês de agosto para a segunda edição do Fórum de Ideologia de Gênero. Os dados foram divulgados pelo profissional. A iniciativa não é inédita na entidade, mas ainda é diferenciada no país por reunir para o debate médicos e profissionais de saúde e educação sobre um tema tão polêmico. Com 59 mil curtidas na página do Facebook, Dr Martins é conhecido pelos vídeos nas redes sociais em que fala da primeira infância e como os pais precisam ser mais presentes na criação dos filhos. Um dos vídeos sobre criança terceirizada atingiu 234 mil visualizações. Dr Martins defende a liberdade de escolha da criança tanto que respaldou o título do Fórum da SMCC ao dizer que este não é um assunto para crianças. “Precisamos agir de forma natural com as escolhas e comportamento. Não impor as crianças o artigo ou roupas e cores que devem usar. Este é um estresse tóxico que causa consequências nas crianças. O corpo reage com freqüência cardíaca e mudanças hormonais”.

12 | Revista Medicação | julho/agosto 2018

O que é a Teoria da Poda Neuronal e sua construção Esta foi a segunda edição do Fórum de Ideologia de Gênero da SMCC, a primeira ocorreu em dezembro de 2017. A iniciativa partiu de um grupo de profissionais que conta com a organização da médica e Diretora do Departamento de Eventos da SMCC, Dra Carmen Sylvia Ribeiro, psiquiatra e neurocientista; mestre em Saúde Mental pela FCM Unicamp. “Não é só um debate sobre sexualidade, é sobre a identidade do Eu. É o momento da nossa sociedade deixar de ser omissa em discussões que são graves e estão comprometendo toda a estrutura de desenvolvimento social e humano. O que garante a integridade do ser são as primeiras referências que ele tem. A presença deste amor e deste cuidado é o que faz o indivíduo estruturar o ego para lidar com os conflitos”. Pensando nos primórdios do desenvolvimento psíquico da criança, a Professora Dra Sonia Rezende, psicanalista da UNICAMP, reforçou o posicionamento do perigo que há em desconstruir a parte do cérebro responsável pela criação dos conceitos. “Cada caso é um e não se deve generalizar. Não devemos precocemente fazer uma criança se decidir. Precisa aguardar. Histórias reais mostram que esta questão da identidade sexual se resolve conforme o desenvolvimento da criança. Devemos apenas acompanhar o processo”. O médico psicogeriatra, Dr Sérgio Ricardo Hototian, do Departamento de Psicossomática da APM, relaciona a fala da Dra Sonia à “Teoria da Poda Neuronal”: “Não se pode impedir a capacidade do indivíduo em criar conceitos. Isto é importante para o desenvolvimento cerebral. Por exemplo, ao negar as referências de pai e mãe cria-se um fator confundidor ao desenvolvimento. (Em relação à identidade de gênero) tem o momento em que o indivíduo vai assumir naturalmente esta decisão. Com a Ideologia, o que está se propondo é antes disso, a desconstrução da engrama (identidade primária). Esta é a memória conceitual daquilo que você é. Sem ela, você fica perdido!” A psiquiatria infantil, Dra Giulietta Cucchiaro, analisou reflexões como a da autora Judith Butler que prega a questão. A médica lembrou que na imensa maioria dos casos a identidade da criança ocorre de forma natural e descomplicada. “Precisamos fortalecer a presença da família junto às crianças, respeitar a natureza delas e parar de problematizarmos tudo com a criança. Esse debate é nosso, dos médicos, dos psiquiatras, dos pais. Não das crianças!”. As afirmações respaldam a fala do Pediatra Dr Martins sobre o espaço necessário para o desenvolvimento natural. “Uma criança sendo importunada, corrigida o tempo todo tende a ter lesões nos neurônios e acontecem modificações físicas, neurológicas e emocionais que transformam a criança. Isso é provado cientificamente”, concluiu o médico.


especial

Não adianta apenas alimentar. Nem só dar o brinquedo. Precisa criar vínculo afetivo e interagir! Fundação mantém projeto voltado para monitorar desenvolvimento de crianças em instituições de Campinas A Fundação FEAC entre os diversos programas e projetos, desenvolve o Programa Primeira Infância em Foco que investe esforços para promover o desenvolvimento da primeira infância com objetivo de assegurar que todas as crianças tenham desenvolvimento adequado à sua faixa etária. De acordo com Cláudia Chebabi, líder deste programa, o período da concepção até os seis anos de idade é uma fase de extrema relevância para o desenvolvimento humano e nessa etapa, as experiências vivenciadas pelas crianças influenciam a arquitetura do cérebro e, consequentemente, seu desenvolvimento ao longo da vida. Quando perguntada sobre intervir neste período quanto ao desenvolvimento sexual ou a comportamentos, Claudia Chebabi, é enfática ao dizer que a orientação dada pela Fundação é a de não interferir no sentido de estabelecimento de rótulos, e sim, permitir que a criança possa explorar o ambiente em que está inserida com segurança, de modo a desenvolver sua independência e autonomia. A atenção dada é em relação ao estabelecimento de vínculos saudáveis, proteção e estímulo qualificado. “Nós jamais vamos interferir se a criança brinca mais com boneca ou com carrinho. Se gosta de uma cor ou de outra. Para nós, o que enxergamos são crianças brincando. O olhar da criança não é carregado de significado e preconceito como o olhar dos adultos e interferir pode ser um equívoco. O brincar nesta fase é essencial para a criança interagir, expressar sentimentos, vivenciar situações diversas e criar seus próprios significados. Como cuidadores, nosso desafio é estabelecer relações de afeto com a criança, para que suas referências sejam positivas e implique em aprendizado”. Claudia conclui dizendo que nem todos são conscientes do fato de que para além dos familiares, os educadores, cuidadores, assistentes sociais, médicos e quem se relaciona com a criança em seu cotidiano podem ser uma referência positiva, bastando cuidar da qualidade das interações. “Por isso, precisamos ser cuidadosos, protetivos, propiciar estímulos para que a criança se desenvolva na integralidade. Devemos ter atenção ao seu desenvolvimento, observando-a e atuando de forma integrada com a família. Conversar, brincar, tocar na criança de maneira respeitosa, para que ela se sinta segura e explore o mundo de maneira saudável”. Ricardo Lima

Os Educadores já não sabem como abordar os responsáveis pelas crianças, diz professora Educadora da Rede Municipal de Ensino em Campinas, Cristiane Lagranha Gigolotti, disse que há pouco tempo seria impossível de se ver um debate entre médicos e profissionais de saúde e educação. “Acho fundamental estar juntando médicos e a educação para este tema. Abordamos apenas o social. A área da saúde e desenvolvimento precisam ser vistas. Estamos sem saber nem como falar com os responsáveis pelas crianças com medo da represália”. Coordenadora pedagógica da Rede Municipal de Sorocaba, Celma Salermo, esteve em Campinas para o evento da SMCC e declarou se sentir desemparada quanto educadora. “Também estou pensando que existe mais do que o debate social, existe uma questão hormonal, de herança familiar e temos que pensar o todo. Não se deve criar uma regra para todos. No dia a dia me sinto sozinha neste debate”.

As referências saudáveis para uma criança são adultos com altruísmo, empatia e generosidade” Pediatra Dr. José Martins Filho A SMCC solidaria ao tema publicou em edição especial um Boletim Informativo divulgando parte das reflexões propostas no I Fórum de Ideologia de Gênero. O material pode ser acessado através do site www.smcc.com.br

JULHO/AGOSTO 2018 | Revista Medicação | 13




destaque

SMCC cria Comitê de Segurança do Paciente Entidade também realiza Fórum inédito e lança Programa de Capacitação e Qualificação (PCQ)

U

ma iniciativa inédita para a história da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas teve seu marco em 03/08, quando foi realizado na sede da entidade o I Fórum de Segurança do Paciente da SMCC. O evento foi organizado após a criação de um Comitê exclusivo para tratar o assunto; reunindo médicos da diretoria e associados. O Núcleo de Segurança do Paciente da SMCC é acreditado individualmente pela ACSA. Com isso, a SMCC se torna uma referência para as instituições de saúde na preparação para a Acreditação. Além disso, a SMCC irá implementar dezenas de cursos, treinamentos e palestras sobre gerenciamento de riscos e outros temas. É o Programa de Capacitação e Qualificação (PCQ) da SMCC que reúne cursos de capacitação para profissionais (médicos e não médicos) e de preparação para acreditação e certificação de Instituições. É o Programa de Capacitação e Qualificação (PCQ) da SMCC que reúne cursos de capacitação para profissionais e de preparação para acreditação e certificação de Instituições. Ao criar um Comitê de Segurança do Paciente, a SMCC entende que é preciso contar com uma equipe multiprofissional para fazer planejamentos e analisar todos os eventos adversos nos hospitais para tentar evitar repercussões negativas ao paciente durante a estadia dele nas unidades. Ministrados por profissionais altamente qualificados, os cursos, segundo a Gestora de Projetos Especiais da entidade, Stela Maia, darão suporte para pessoas e empresas. “Estamos prontos para atender a Hospitais, Day Hospitals, clínicas, consultórios e inclusive serviços de especialidades médicas, seja para melhoria contínua de seus processos internos, para implantação do processo ou para a preparação para certificação”. Membro do Comitê de Segurança do Paciente e Diretor Científico Adjunto da SMCC, o médico Dr Jorge Curi falou da abertura indiscriminada das Faculdades de Medicina. “Temos preocupação quanto a atualização destes profissionais. É uma necessidade comum entre todos!” Vice presidente da SMCC, Dr José Roberto Amade, ofereceu a estrutura da entidade para este novo momento na Medicina. “A SMCC se coloca à disposição para ajudar estas unidades e profissionais a repensar os procedimentos; melhorar a formação de cada um e a forma de atender”.

16 | Revista Medicação | julho/agosto 2018


destaque Coordenador de Segurança do Paciente do Hospital Albert Einstein de São Paulo, Dr Antonio Capone Neto, palestrante durante o Fórum, comentou sobre o trabalho do hospital para elevar o grau de excelência nas ações preventivas. Dr Capone lamenta que apesar da Medicina ter evoluído, a qualidade da entrega é que está ruim. “Aconteceu um evento; todo mundo precisa saber! Não tem que saber para expor a equipe, mas o que aconteceu e o que estamos fazendo para corrigir. Assim, o dia em que chegar alguma ação na unidade, todos irão compreender e fazer”. Representando a ILAS (Instituto Latino Americano da Sepse), o Dr Flávio Geraldo de Rezende, apresentou a importância do diagnóstico e tratamento precoce da Sepse, na mudança dos números negativos de morbimortalidade no nosso meio, e a importância de estabelecermos esses protocolos no sentido da Segurança do Paciente. Um documento sobre os temas debatidos e alguns primeiros apontamentos pode ser conferido no Boletim VIII da SMCC que foi dedicado ao Fórum de Segurança do Paciente como maneira de registar as reflexões apresentadas durante o evento. O material pode ser acessado através do site da SMCC.(www.smcc.com.br)

JULHO/AGOSTO 2018 | Revista Medicação | 17



Entrevista

O médico da política que é professor universitário Entre a crise econômica e política, o SUS e a Universidade. O entrevistado é o secretário de Saúde de Campinas, Dr Camino de Souza. O médico respondeu perguntas sobre honorários médicos, estrangeiros na Rede, violência contra médicos e a estrutura das unidades Fotos: Carlos Bassan

e devem ser avaliadas dentro dos objetivos de vida e com grande compromisso ético e moral. Como a crise financeira que assola o país impactou no serviço de saúde municipal? Sem dúvida a criação do SUS na Constituição de 1988 mudou para melhor a história da saúde pública do Brasil. Entretanto, gradualmente, houve uma transferência de responsabilidades e de encargos econômicos do Governo Federal aos municípios, chegando a níveis insuportáveis no momento. Apenas para exemplificar, Campinas aplica 31% de suas receitas em Saúde e tem sido responsável por mais de 70% de todos os recursos, levando-se em conta os três níveis de poder. Em 2005, os recursos transferidos do Governo Federal eram 70% do orçamento municipal. Isto quer dizer que, em menos de 15 anos, houve uma inversão nos percentuais orçamentários investidos em Campinas. Isto não é só em Campinas, mas tem sido regra em todo o País.

Com sua vasta experiência na área assistencial aliada aos anos como Secretário de Saúde de uma grande cidade como Campinas, qual a diferença entre o desafio de atender e o de gerir a saúde? Ambas são atividades muito prazerosas para um médico com atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão, bem como de gestão, tanto na Universidade como em Secretarias de Saúde. É claro que a gestão pública é mais complexa e exige conhecimento, sensibilidade e experiência. No momento que vivemos no Brasil, as atividades de gestão se cercam de grandes riscos pessoais e profissionais

O repasse do SUS para a assistência dos pacientes é extremamente defasado há muitos anos. Como a Secretaria de Saúde lida com essa situação para manter o atendimento de qualidade na cidade? Como já dito no item anterior, isto tem gerado grandes dificuldades. A gestão municipal está perto do cidadão e ele, legitimamente, cobra assistência em todos os níveis. A constituição federal define a vinculação de 15% dos orçamentos municipais à saúde. A média nacional é 26%. A Lei Orgânica do Municipio de Campinas define 17% como o nível de aplicação de recursos. Como já disse, nos últimos dois anos, 31% têm sido aplicado em saúde em Campinas. Não sou otimista com o momento que estamos vivendo e não tenho esperança que consigamos melhorar muito este repasse. Mas tentamos e continuaremos tentando. A PEC-95, que congelou recursos por 20 anos, piora a situação. As tabelas do SUS estão, com algumas exceções, congeladas há mais de 13 anos. Assim, há um enorme esforço para manter nosso trabalho em nível adequado. Reconheço que temos carências, mas temos dificuldade em avançar e não ter condições de manter. u

julho/agosto 2018 | Revista Medicação | 19


Entrevista Como está sendo feito o controle de presença dos médicos nos postos de atendimento dos serviços de saúde municipal? E como lida com a crítica que o salário de médico da rede pública é insuficiente para a demanda de atendimento existente? Nós temos o ponto eletrônico implantado parcialmente em nossa rede, mas há um trabalho para que isto concretize. Onde não há ponto eletrônico implantado, os gestores locais são responsáveis por controlar a todos os servidores, inclusive os médicos. Os salários e benefícios da Prefeitura Municipal de Campinas estão dentro dos praticados no mercado e nossos últimos concursos têm atraído muitos colegas, não só de Campinas mas de outras cidades e estados. A estabilidade do emprego, bem como a regularidade de pagamento do salário e vantagens da carreira, são sempre atrativos, mais ainda em época de crise econômica como estamos vivendo. Como a prefeitura pode ajudar na questão da pesquisa científica na área de saúde em nossa cidade? Grato pela pergunta, pois este é um lado oculto do trabalho realizado na Secretaria Municipal de Saúde. Nós temos milhares de alunos de graduação e pós-graduação atuando em nossa rede, que tem 104 unidades. Temos contabilizados e controlados, todos aprovados por colegiados e por mim, mais de 450 projetos de pesquisa em andamento. Como professor universitário, tenho dado grande apoio a estas atividades. Onde há ensino e pesquisa, há juventude e modernidade. É muito importante esta integração ensino-pesquisa-assistência na formação profissional e qualificação do SUS. As entidades médicas denunciam que está havendo uma desvalorização da figura do médico. Casos de violência contra esses profissionais são cada vez mais frequentes. Muitas vezes os médicos arcam com a frustração e angústia dos pacientes decorrentes de condições de trabalho e falta de insumos e equipamentos, coisas que

“Reconhecemos que, em muitos casos, há necessidade de melhorarmos as condições de trabalho, em todos os sentidos. Temos feito um enorme esforço para adequarmos nossa rede” 20 | Revista Medicação | julho/agosto MAio/junho 2018 2018

são responsabilidades do gestor. Como a Secretaria de Saúde enxerga esse problema? Reconhecemos que, em muitos casos, há necessidade de melhorarmos as condições de trabalho, em todos os sentidos. Temos feito um enorme esforço para adequarmos nossa rede. Sou apologista do simples, mas creio que os ambientes de trabalho devam ser dignos e seguros. Neste momento, temos mais de 25 obras de unidades novas ou reformas em andamento. Estamos informatizando toda a rede e tentando equipá-la para serem adequadas as desafios do dia a dia. São milhões de consultas e procedimentos todos os meses e, pontualmente, pode haver falta de insumos e alguns tipos de remédios aos pacientes. Isto é gerenciado constantemente e, no caso da assistência farmacêutica, atualizada toda semana e georreferenciada para dar transparência à nossa comunidade. Sobre um plano de carreira para médicos no serviço público municipal, há algo sendo discutido para que isso se torne realidade? Não há um plano de cargos e salários exclusivo dos médi-


Entrevista cos, bem como aos profissionais de saúde. A carreira é de todo servidor municipal e o médico está no topo dos enquadramentos, inclusive salariais. A Prefeitura de Campinas fechou um termo de Cooperação Mútua com a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas para projetos envolvendo a promoção da saúde no Município. Como enxerga a relação da SMCC e a SMS? Todos os anos fazemos muitas atividades conjuntas com a SMCC por meio de seus vários departamentos. Há uma colaboração ampla e produtiva entre a SMCC e nosso Departamento de Saúde. A SMS está e estará sempre aberta ao aprofundamento e desenvolvimento de novos projetos. Somos parceiros! A implantação da Rede Mário Gatti em Campinas é um dos grandes projetos da Secretaria de Saúde. Como avalia a implantação? O processo tem melhorado o atendimento? Realmente, a SMS tem dois grandes projetos: fortalecer a Atenção Básica e implantar a autarquia “Rede Mário Gatti”. É uma grande novidade, pois nosso objetivo é ter grandes e boas parcerias, preservando a administração pública em todas as nossas unidades hospitalares e de urgência e emergência, incluindo o Samu. É e será, por muitos anos, um grande desafio. Nestes quase 8 meses de trabalho já adquiriu dinâmica de trabalho integrada à SMS, onde está vinculada. Como secretário, tenho participado ativamente de sua implantação. Não temos todas as respostas, pois é um processo novo e muito extenso. Mas pode ser importante como modelo de administração pública. Estamos todos aprendendo com o processo de implantação e estamos muito confiantes.

da cresceu, pelo menos, 40% nos últimos anos. Em relação à vinda de redes privadas, uma já se instalou e outra, creio, aguarda melhores condições econômicas para se instalar. Os projetos já foram apresentados à comunidade de Campinas. Não estão sob nossa governança e espero que se concretizem, pois é necessário. Como avalia hoje a situação do Programa Mais Médicos em Campinas? Há profissionais estrangeiros atuando na cidade? O programa resolveu os problemas no atendimento primário? Campinas tem hoje 92 médicos intercambistas do programa. Estamos aguardando mais 7, já autorizados. É claro que nos ajudam, mas são absoluta minoria dentro de um universo superior a 1000 médicos contratados pela PMC. Há uma política do MS de substituir médicos estrangeiros por brasileiros, mas temos sim estrangeiros de Cuba, Venezuela e Itália entre nós.

Campinas vem sofrendo há vários anos com a redução de leitos pediátricos e neonatais. Há muitos anos não há novos hospitais na cidade (sejam públicos ou privados). Rumores de que grandes redes se instalariam na cidade não se concretizaram. O que falta para estimular a ampliação de leitos hospitalares no município? Em nosso período de gestão ampliamos leitos ao SUS em todas as áreas. Ampliamos os leitos do Ouro Verde e Maternidade, contratamos leitos junto à Beneficência Portuguesa e Santa Casa e implantamos 12 leitos para tratamento de queimaduras, também na Santa Casa, antiga demanda da cidade. Porém temos dois níveis de pressão de demanda que devemos administrar: ampliação da utilização do SUS por usuários que perderam planos privados de saúde devido à crise econômica e apoio a outras cidades da RMC e de outras regiões do Estado de São Paulo. Nossa demanjulho/agosto 2018 | Revista Medicação | 21


5ª DISTRITAL

Campinas recebe Encontro Regional da APM pela 1ª vez

N

o dia 20/07 os representantes em São Paulo da APM e das cidades da Região que compõem a 5° Distrital estiveram no novo Centro de Eventos no Clube de Campo SMCC para um almoço seguido de uma reunião administrativa. O encontro geralmente é feito na capital. Estiveram presentes membros da Diretoria da APM e presidentes ou diretores das regionais de Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Sorocaba, São José do Rio Preto, Franca, Araçatuba, Piracicaba, Americana, além da Presidente e diretores de Campinas. O grupo falou de gestão, faturamento e a flexibilidade nos investimentos e projetos para ajudar na manutenção do associativismo, fazendo as regionais da APM crescerem em serviços e atendimento. A Presidente da SMCC, Dra. Fátima Bastos “Estamos de portas abertas para a APM e as regionais. A nossa casa é de todos os médicos! Estamos trabalhando muito o associativismo tanto com os médicos mais jovens quanto os mais experientes para ter maior sustentabilidade e representatividade”. O Diretor da 5º Distrital, Dr. Clovis Machado “É muito importante que as regionais abram suas portas e participem das reuniões para maior engajamento e entendimento das questões locais”.

5ª Distrital da APM se reúne em São Paulo

Secretário Geral da APM, Dr. Antonio José Gonçalves “Eu acho estes encontros muito importantes. Uma sede como esta da SMCC deixa todos nós muito orgulhosas. Estas reuniões tem sido feitas justamente para uma integração maior entre as regionais. E para que os médicos e o atendimento em saúde seja cada vez melhor nas cidades. Um trabalho importante das diretorias”. Vice-Presidente da APM (Presidente em exercício), Dr. Akira Ishida “Acho muito importante que a APM venha até as regionais por uma questão de aproximação com os médicos. Campinas é uma regional muito grande e muito articulada diretamente com a APM, mas algumas regionais ainda são muito pequenas. Por isso, ir até elas para ter maior conscientização das causas dos médicos em uma entidade só e, assim fortalecer a APM”. O secretário geral da APM, Dr. Antônio José Gonçalves “Uma sede como esta em Campinas é realmente uma sede que deixa todos nós muito orgulhosos do associativismo. Estes encontros servem para uma integração maior. É um planejamento de maior integração entre as distritais. A SMCC está de parabéns!”.

Já no dia 10 de agosto, os representantes da 5ª região Distrital estiveram em São Paulo. Por lá a reunião fazia parte de projeto da Secretaria Geral da APM Estadual, que busca trazer pelo menos um dos encontros de cada distrital para São Paulo, com o intuito de aumentar a integração entre os representantes dos médicos da capital e do interior. Participaram da reunião, além do secretário geral da APM, Antonio José Gonçalves, o diretor da 5ª Distrital, Clóvis Acurcio Machado, o presidente da APM Itapira, Cassiano Martelli, o presidente da APM Jundiaí, José Carlos Leite de Carvalho, a presidente da SMCC, Fátima Maria Aparecida Ferreira Bastos, e o presidente da APM Amparo, Roberto Pavani. “Fomos muito bem recebidos pelos colegas por aqui. Mostramos as dificuldades que enfrentamos e o cenário que nos espera, mas também que todos os presidentes das regionais estão dispostos a trabalhar pelo sucesso da APM. Ainda falamos sobre a preservação do patrimônio da Associação e o aumento de associados. Uma reunião muito proveitosa”, avaliou o diretor da 5º Distrital Clóvis Machado.

22 | Revista Medicação | julho/agosto 2018


Espaço Colaboradores A SMCC reconhece a dedicação e o trabalho de seus colaboradores. Por isso, reserva aqui um espaço para o associado conhecer cada um dos profissionais ligados direta ou indiretamente ao atendimento. Nesta edição conheça a responsável pelo Departamento Comercial e de Projetos Especiais da SMCC

Stela Maia Tem formação em Psicanálise Clínica e Didata. É auditora das normas ISO 9001, Social Accountability 8000, bem como Avaliadora para Acreditação Hospitalar. É Grafóloga pelo Instituto de Desenvolvimento Humano Carlos Mussato, com formação em Neurolingüísta, pela ACTIUS e Inglês pelo The Way Institute Of Languages. Com pós Graduação e MBA Executivo Nacional em Gestão de Negócios. Acredita que tudo pode ser melhorado e que a melhoria contínua deve fazer parte da rotina. Tem como hobby a dança. “Enquanto Gerente Comercial estou desenvolvendo e lançando novos produtos a curto prazo com o intuito de gerar receita e superação da expectativa do nosso associado. Como Gestora de Projetos estou trabalhando no desenvolvimento de pessoas para agregar valor aos produtos e serviços da SMCC”.

VOCÊ SABIA? A SMCC implantou um Departamento de Recursos Humanos. A iniciativa faz parte do trabalho de reestruturação na gestão dos serviços e atendimentos da Sociedade. O “Projeto Pessoas” que foi apresentado pela Gestora da SMCC, Stela Maia, tem duas fases. A primeira foi de detalhar competências, habilidades e experiências de cada funcionário e função. Houve um remanejamento das funções e tarefas. Depois um treinamento deve suprir as carências e, por fim será implantado o Plano de Cargos e Carreiras da SMCC. Paralelo ao processo, uma pesquisa de clima organizacional foi aplicada e a SMCC premiou os primeiros classificados escolhidos pelos próprios funcionários. O objetivo é valorizar iniciativas que levem a excelência nos serviços.

julho/agosto 2018 | Revista Medicação | 23


Departamento Acadêmico

Conselho Federal lança nova edição do Código de Ética O novo Código foi lançado em agosto e está disponível na versão digital no site da SMCC. A nova versão aprimorou o conteúdo para atender ao cotidiano dos estudantes, como o uso whatsapp e postagens em redes sociais. Para Alexandre Scremin Czezacki, acadêmico da SLMANDIC (8º período) e membro do Departamento Acadêmico da SMCC, o material ajuda a compreender o sigilo e respeito na relação com instituições e pacientes. “Ser estudante de medicina, é desde o início da faculdade compreender os processos destas relações. Com os anos, o modo de estudar medicina se modificou. De livros físicos, demos espaço a aplicativos médicos e plataformas digitais. Todavia, todo discente, mesmo não sendo médico, veste um jaleco e honra o nome da sua instituição e da própria futura profissão. O Código é uma ferramenta fundamental para promover a ética e a moral na nossa formação”.

Suicídio - Como prevenir? A SMCC realizou em setembro a primeira campanha de prevenção ao suicídio da história da entidade. O tema é delicado, mas foi explorado de maneira cuidadosa pelo Departamento de Psiquiatria em parceria com Eventos e Comunicação. A Sociedade conseguiu reunir com o apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria, entidades como a PUC-Campinas, Liga de Psiquiatria e Saúde Mental da Unicamp, a Prefeitura, a Cia Segredos de Teatro e obteve o patrocínio da Unimed Campinas. Houve uma caminhada na Lagoa do Taquaral, a iluminação dos Prédios da Sanasa, Sede Social SMCC e Clube de Campo, encontro com jornalistas, com educadores e profissionais de saúde. Uma das atividades discutiu os casos de suicídio entre estudantes de medicina. A programação entrou para o calendário municipal de eventos. Através do QRCode você acessa a Cartilha da ABP e CFM com orientações sobre o tema. Acesse a Cartilha Suicídio Informando para Prevenir

A proteção completa, em todos os momentos. O Care 360° é um conjunto de produtos e serviços, que o Grupo Campinas desenvolveu pensando em você, profissional liberal. Desenhado para cobrir todas as suas necessidades e o proteger de qualquer eventualidade do cotidiano, com o Care 360° você pode ficar tranquilo, pois estamos o tempo todo na sua retaguarda. Consulte-nos e descubra hoje mesmo como o Care 360° pode vir a ser o seu anjo da guarda.

CARE

360º (19) 3241-2550 Rua Lions Club, 147, Vila Nova - Campinas/SP

campinas@grupocampinas.com

www.360.grupocampinas.com 24 | Revista Medicação | julho/agosto 2018


INSTITUCIONAL

Unicred do Estado de São Paulo 25 anos de solidez e segurança aos profissionais da saúde

P

osição de forte liderança no mais importante estado do país, crescimento sólido, seguro, contínuo e sustentável, sobras líquidas disponibilizadas aos cooperados ao final da cada exercício fiscal, marca de 8 mil sócios já ultrapassada e 20 pontos de atendimento. Esta é a UNICRED DO ESTADO DE SÃO PAULO que comemora 25 anos de fundação. Em maio de 1993, motivados a buscar uma alternativa às instituições financeiras mercantis convencionais, 25 médicos cooperados Unimed fundaram a Unicred Campinas, seguindo a tendência de criação de cooperativas de crédito que começou timidamente na década de 1980, no Vale das Antas, no Rio Grande do Sul. Com apoio do Banco Central do Brasil, a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo Unicred Campinas já nasceu forte e não parou de crescer e de conquistar outros espaços do território paulista até se tornar Unicred do Estado de São Paulo. Exclusividade aos profissionais da Saúde Evoluindo ano após ano, sempre com segurança, a solidez da Unicred não demorou a aparecer. Ratificada como rota alternativa às instituições mercantilistas de crédito que têm o lucro como meta, a singular reformulou seu estatuto e passou a admitir como associados, além de médicos, os demais profissionais com formação e atuação no setor da saúde: dentistas, nutricionistas, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, educadores físicos, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, veterinários e também os profissionais de nível técnico, desde que possuam registros em vigor no Conselho Regional da atividade que exercem. Pessoas Jurídicas, como hospitais, clínicas e laboratórios, e Pessoas Físicas, como pais, filhos e cônjuges dos associados, também foram aceitas como cooperadas, alavancando o desenvolvimento e o fortalecimento da singular. Passados 25 anos desde sua fundação, e sempre pautada nos princípios cooperativistas, nas resoluções do Banco Central do Brasil e na legislação para instituições financeiras, a singular nascida em Campinas é reconhecida nacionalmente e figura entre as maiores do país. “Duas décadas e meia depois da fundação, o que vemos hoje é uma Unicred de abrangência estadual absolutamente sólida, consistente, que tem os pés no presente e os olhos no futuro. E, mais que isso, que se mantém fiel aos princípios do cooperativismo de crédito, cujo ideal não é o lucro, mas o bem comum dos associados”, resume o presidente e fundador da Unicred do

Presidente e fundador da Unicred do Estado de São Paulo, Dr. Pedro Antunes Negrão

Estado de São Paulo, Dr. Pedro Antunes Negrão. A Unicred oferece os mesmos serviços e produtos que os bancos, mas com a vantagem de ser uma cooperativa de crédito, além do Precaver - plano de previdência complementar fechada exclusiva aos cooperados, administrado pela Quanta Previdência, com patrimônio superior a R$ 2,3 bilhões. Permanentemente aberta ao ingresso de nossos associados com atuação no setor da Saúde, a Unicred do Estado de Paulo convida os interessados a conhecerem toda a gama de produtos e serviços exclusivos aos associados acessando www.unicred.com.br/estadodesaopaulo

“Duas décadas e meia depois da fundação, o que vemos hoje é uma Unicred de abrangência estadual absolutamente sólida, consistente, que tem os pés no presente e os olhos no futuro. E, mais que isso, que se mantém fiel aos princípios do cooperativismo de crédito, cujo ideal não é o lucro, mas o bem comum dos associados” JULHO/AGOSTO 2018 | Revista Medicação | 25


enoturismo

Castas do Piemonte Muitos Tesouros Escondidos Bruno Vianna, DipWSET Presidente da ABS-Campinas Professor, Jornalista de Vinhos Jurado, Consultor e Palestrante em Vinhos

S

ituado no noroeste da Itália, o Piemonte, juntamente com a Toscana, são as duas regiões mais prestigiadas do vinho italiano. Para quem quer conhecer seus vinhos, o trio Nebbiolo/ Barbera/Dolceto é o mais fundamental e representativo. As três castas são totalmente diversas e compõem a alma piemontesa. Mas a beleza do Piemonte vai muito além desse grande trio. Com 43.000ha de vinhedos, nos oferece 50 castas nativas. A convite do Collisioni Progetto Vino, participei de um encontro de especialistas internacionais, em junho-julho de 2018, em Monferrato, localizado nas províncias de Asti e Alessandria. Em 2014, sua bela paisagem foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO e vale muito uma visita. Comento em seguida sobre três castas espetaculares e pouco conhecidas, que exploramos sob o patrocínio do Consorzio Barbera d’Asti e Vini del Monferrato, sob coordenação de Ian d’Agata. Grignolino Na minha opinião, a maior joia desconhecida do Piemonte. Seus vinhos tinham a preferência dos nobres, por sua graça e refinamento. Existem três denominações principais centradas nesta casta: Grignolino d’Asti, com vinhos muito perfumados; Grignolino Monferrato Casalese, com vinhos mais estruturados; e Monferrato Grignolino, com vinhos mais simples. Os vinhos são de cor pálida, com deliciosos aromas de cerejas vermelhas ácidas, morangos, framboesas e rosas, temperadas com especiarias como cravo, canela e alecrim; são vinhos sedutores e agradáveis, geralmente sem barrica. Com grande frescor, a surpresa vem no final de boca, com taninos bem marcados, mas muito finos! Segundo o produtor Stephano Chiarlo, a tarefa mais crítica é colher no momento certo, pois nem toda a uva amadurece ao mesmo tempo. Harmonização: ideal com pratos piemonteses, como vitello tonnato, língua em salsa verde, agnolotti alla Piemontese ou ao sugo, assim como anchovas fritas. Freisa Freisa é uma das castas mais próximas da Nebbiolo. Pelas análises de DNA, uma é filha da outra, mas não se sabe ao certo qual. Com grande carga tânica e alta acidez, os vinhos envelhecem muito bem e necessitam de tempo para ficarem mais arredonda26 | Revista Medicação | julho/agosto 2018

dos, conservando grande vivacidade após 10 a 20 anos. Em solos arenosos, os vinhos se tornam muito aromáticos, exalando morangos e elegantes toques florais. Em solos de marga e calcário, as frutas são mais negras e o estilo mais estruturado. Produtores de destaque: Tenuta Olim Bauda e Ivaldi Dario. Ruchè Ruchè é uma casta tinta aromática muito distinta e expressiva, que sobreviveu graças ao padre Giacomo Calda, que chegou à região em 1962 e passou a cuidar com muita atenção dos 3ha de vinhas da paróquia, que continha um pouco de Ruchè. Em 2010, passou ao topo da pirâmide da qualidade, como DOCG Ruchè di Castagnole Monferrato. Dos 23 produtores atuais, provamos os vinhos de 8 dentre os mais prestigiados. O vinho mais expressivo do painel foi um Ruchè jovem 2017, sem barrica, com violetas e rosas abundantes, acompanhadas de cerejas vermelhas e framboesas. Produtores de destaque: Crivelli, Dacapo, Montalbera, Luca Ferraris e Bersano. Infelizmente, é raro encontrar um vinho dessas castas no Brasil; mais um motivo para ir ao Piemonte!


classimed aluga-se

vende-se

Aluga-se Sala Médica - Meio Período Clínica conceituada em Campinas. Bairro jd. Guanabara. Segurança, telefone, secretária, faxineira. Tel. 19 3262-0313 - Whatsapp 19 99704-0524 ruy.palagi@gmail.pom Aluguel Salas Profissionais da Saúde Alugamos salas de atendimento mobiliada ou para mobiliar inteiras ou períodos para profissionais da saúde. Clínica legalizada. Ar condicionado + sala de recepção, espera + brinquedoteca + copa. Rua Camargo Paes, Jardim Guanabara. Falar com Mario 19 99796-0708, 3368-6468 Aluguel de Salas para Área da Saúde No bairro São Bernardo, próximo a Avenida das Amoreiras, consultório em funcionamento há mais de 15 anos Contatos: Hidehiko 19 98823-7071/ Ana Flávia 19 98823-7053 Aluguel Clínica Médica Alugamos períodos em consultório médico para área clínica e de psicologia. Salas mobiliadas, sala de espera, secretária, estacionamento, internet e Wi-Fi Rua Antonio Lapa, 1268 - Cambuí Fones: 3252-8031 ou 32527707 com Rosana Imovel para Clínica/Consultório Alugo imóvel com as seguintes características: Área total 900 metros; área construída 500 metros; frente 30 metros; recepção, várias salas, copa/cozinha, amplo estacionamento Localizado próximo a Casa de Saúde de Campinas Tratar com João 19 996120944

Vendo Vitalícias Ponte Preta Vendo duas cadeiras vitalícias cobertas no Campo da Ponte Preta por R$ 3.000,00 cada ou R$ 5.000,00 as duas. Tel. 19 3289-4121 Aparelho de Ultrassom, Medison Sonoace 8.000 – SE Aparelho de ultrassom, Medison Sonoace 8.000 – SE , único dono. Em excelente estado de conservação e funcionamento. Pouco uso. Clínica privada. Equipado com 3 transdutores, linear, endocavitário e convexo. Maiores informações: anacarol_nas@yahoo.com.br Valor à vista R$ 15 mil

agenda* *programação sujeita a alteração sem aviso prévio

SEMANA DO MÉDICO JANTAR DO DIA DO MÉDICO Data: 20/10/2018 Horário: 21h00 Local: Royal Palm Hall DIA DAS CRIANÇAS INAUGURAÇÃO DA TRILHA SENSORIAL Data: 27/10/2018 Local: Clube de Campo

Clube de Benefícios SMCC A SMCC faz parcerias com empresas de qualidade, para facilitar sua vida profissional e oferecer vantagens para você e sua família

w w w. s m c c . c o m . br

www.smcc.com.br JULHO/AGOSTO 2018 | Revista Medicação | 27



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.