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The Portfolios _ Os Portefólios

A l e x

F a l c ã o

[ Brazil _ Brasil ]

A n d r e

F r o m o n t

[ Belgium _ Bélgica ]

T o b y

D e v e n s o n

[ UK _ Reino Unido ]

S a i P e d r o

K u n n a t h [ India ]

M e s q u i t a

[ Portugal ]

F r é d é r i c

M a r s

[ France _ França ]




Um sonho em três segundos

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O que seria da humanidade sem a fé que cada um de nós mantém no além e em si mesmo, como instinto de sobrevivência superior e incontornável? E quando essa fé se dissolve em milhentas preocupações, muitas induzidas pelo nosso “proverbial” pessimismo? É aqui que a fotografia desempenha uma das suas mais fundamentais e positivas missões: Três segundos são o bastante para que uma imagem entre no nosso cérebro e nos induza um sonho. Esse sonho, pequeno ou grande, único ou recorrente, funciona como uma enorme janela aberta para o lado belo do mundo, onde tudo o que é bom é possível e está ali mesmo à nossa vista, enquanto nós quisermos, ou sempre que quisermos. E como é bom saber que cada vez mais pessoas fazem essas imagens para que muitos e muitos outros possam sonhar. Nós continuaremos a missão de divulgar uns e atrair outros ao sonho possível em três segundos.

A dream in three seconds

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What would humanity be without the faith that each of us holds in addition to and in itself, as a superior and unavoidable survival spirit? And when that faith dissolves into concerns, many induced by our “proverbial” pessimism? That’s the moment when photography plays one of its most fundamental and positive missions: © Pedro Mesquita

Three seconds is enough for a picture to install itself in our brain to induce a dream. This dream, small or large, single or recurrent, works as a huge open window into the beautiful side of the world, where all that is good is possible and is right there before our eyes, while we want or when we want.

Jorge Pinto Guedes Director jpg@liquidimages.eu 04_

And how nice to know that more and more people make these images so many, many others can dream. We will continue the mission to promote and attract each other to dream in only three seconds.


© Beatriz Pinto Guedes


Arte Fotográfica Internacional Year 6 | Issue 67 | June 2014 ........................................................................... Price € 15,00 (EU) | € 18,00 (Resto do Mundo) ........................................................................... Managment Society Mindaffair, lda | NIF 509 462 928 Avª de Itália, nº 375-A-1º 2765- 419 Monte Estoril • Portugal Tel/Fax + 351 214 647 358 | E-mail blueray.jg@gmail.com

capa _ cover Alex Falcão título _ title no title

General Manager: Maria Rosa Pinto Guedes mrosa.br@gmail.com | +351 969 990 442 Director: Jorge Pinto Guedes jorgeguedes.ip@gmail.com | +351 969 990 343 Skype: jorgepintoguedes Art & Design: Marcelo Vaz Peixoto | +351 927744527

editorial by Jorge Pinto Guedes notes _ notas Almalusa: Two more successfull book releases Almalusa: Mais dois lançamentos com sucesso

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IT Manager: Frédéric Bogaerts IT Consultant: Nuno Couto Technical Consultant: Carlos Vasconcellos e Sá Traduções: Pedro Sampaio | psv@mindaffair.net Digital Offset Printing: Snapbook through Xerox iGen4 /Fiery Publication: Monthly ERC Number 125381 Legal Deposite Number 273786/08 ...........................................................................

Liquidimages.eu Gallery _ Galeria Liquidimages.eu Image of the Month _ Imagem do Mês Photos of the Month _ Fotos do Mês

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Total or partial reproduction of images or texts pertaining to this or other issues of the magazine is prohibited without the express permission of the publisher. The opinions expressed in this magazine are solely those of their respective authors and do not have to reflect the views of the publisher.

The Portfolios _ Os Portfólios Alex Falcão Adre Fromont Toby Devenson Sai Kunnath Pedro Mesquita Frédéric Mars

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Arte Fotográfica Internacional Ano 6 | Número 67 | Junho 2014

Opinion by Paulo Roberto _ Opinião de Paulo Roberto Shooting male fashion Fotografar moda no masculino

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Opinion by Celestino Santos _ Opinião de Celestino Santos In the world of the imagination troughout images. No mundo da imaginação das imagens.

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Images with Words _ Imagem com Palavras de Fátima Marques

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É proibida a reprodução total ou parcial de imagens ou textos inerentes a esta edição, sem a autorização expressa do Editor. As opiniões expressas nesta revista são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não têm que reflectir a opinião do editor.



Almalusa: mais dois lançamentos com sucesso. Maio foi mês de dois lançamentos de sucesso. A 23 de Maio, no muitíssimo simpático e acolhedor Restaurante Terrace, na Fiz do Douro, José Pedro Durão lançou o seu livro “.jpd”, que recolhe o que de melhor fez fotograficamente nas suas múltiplas e frequentes viagens. Com apresentação do professor e escultor Joaquim Machado e do fotógrafo Óscar Almeida, o lançamento foi também um pretexto para o encontro de personalidades ligadas aos mais diversos sectores, o que trouxe uma enorme riqueza ao evento. Está previsto uma segunda apresentação do livro, desta vez na capital, em Setembro. No dia seguinte David Martins apresentou o seu livro “Photo Graphias” no Clube 3 C. Trata-se de um dos melhores livros de fotografia a preto e branco a nível nacional, na opinião do editor e, por isso mesmo, David Martins teve o sucesso merecido na forma como foi acarinhado por amigos, familiares e admiradores do seu excelente trabalho.

David Martins e um admirador.

Livro José Pedro Durão_Romy Pinto Guedes, administradora da editora.

Erica Oliveira e José Pedro Durão Livro David Martins Assistància bem disposta

LIvro JP Durão_aspecto da assistància.




Blue Š Mestre Homem Cardoso


Misty Bridge © Hugo Só

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Caminhada Matinal © Hugo Só


no title © Benjamim Vieira

no title © Fernanda Magalhães


no title © António Correia

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no title © Sandro Porto


no title © José Alpedrinha

no title © Yaci Andrade


Perdida no tempo © Carlos Figueiredo

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The cow © João Santos


ser ilhéu também é isto © Paulo Jorge

Estação do Oriente, Lisboa © Eduardo Nunes


no title © Vitor Gonçalves

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Vitória © António Correia


Anthophora plumipes © Vitor Gonçalves

no title © Vitor Gonçalves


A despedir-se do Sol © Hugo Só

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Back side © Fernanda Magalhães


Campo © Miguel Vidal Pinheiro

Fustigadas pelo vento, amadas pelo sol © António Correia


no title Š Carlos Silva

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Tempo Cativo, Sublime deleite Š Paulo Borges


no title © Ricardo Machado

no title © João Paulo Lapa


Oliveira Torcida © José Natal

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no title © José M G Pereira


Vem aí a Prima © Monica Carreira

O teu encanto © Carlos Figueiredo


Porto © Pedro Leite

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no title © Apolinário Pancinha


no title © Eduardo Nunes

The big church of fire © José Piteira


Guilherme © Fernando Branquinho

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Jogos Nauticos © José Melim


Texturas de um rosto © António Correia

no title © Francisco de Freitas Diniz


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Hello! Estação do Oriente, Lisboa © Eduardo Nunes





A le x

F alc ã o

Comfortable Darkness

Comfortable Darkness

Alex Falcão, Brazilian 43 years living in Oslo, Norway. With exhibitions in France, Portugal, England, China, Brazil, Romania, Italy, Greece, Turkey, Norway, Canada, Spain, among other countries, also participated in the International Photography Exhibition in Switzerland in 2013 and in two exhibitions in Oslo in the same year. Currently he has an exhibition in Oslo. Alex works in Norway, Brazil, France and England. With background in theater and journalism, where he developed a passion for picture, is a professional photographer since 2005. Works with fashion, portraits and fine art. Currently finalizing the personal project “Crazy to Help” for the benefit of SING campaign, spearheaded by singer Annie Lennox (on behalf of children and mothers suffering from AIDS in Africa). The project consists of simple and humorous portraits of artists and public figures who are willing to donate their image for the campaign. The photos have been held in Brazil, and the photographer begins - this year - with portraits of artists in England, France, Portugal, Spain and Italy in order to achieve greater attention to the project. Model: Iris @ Madeleine Starlet Norway

Alex Falcao, brasileiro de 43 anos vive em Oslo, Noruega. Publicado em França, Portugal, Inglaterra, China, Brasil, Romênia, Italia, Grécia, Turquia, Noruega,Canadá, Espanha, entre outros países, participou, também, na Exposição Internacional de Fotografia da Suiça em 2013 e em duas exposições em Oslo no mesmo ano. Actualmente está patente uma exposição sua em Oslo. Trabalha na Noruega, Brasil, França e Inglaterra. Com background em teatro e jornalismo, onde desenvolveu a paixão pela imagem, é fotógrafo profissional desde 2005. Trabalha com moda, retratos e fine-art. Atualmente finalizando o projeto pessoal “Crazy to Help”, em benefício da campanha SING, encabeçado pela cantora Annie Lennox (em prol de crianças e mães que sofrem com a SIDA em África). O projeto consiste em retratos simples e bem-humorados de artistas e figuras públicas que se dispõe a doar sua imagem pela campanha. Já foram realizadas as fotos no Brasil, e o fotógrafo começa - ainda este ano - com retratos de artistas em Inglaterra, França, Portugal, Espanha e Itália no sentido de conseguir maior atenção para o projeto. Modelo: Iris Madeleine @ Starlet Norway



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A N D R É

F R O M O N T

Nascido em 1949 em Carnières, Hainaut, Bélgica. É um autodidata. Born in 1949 in Carnières, Hainaut, Belgique Self-taught O seu mote: My way:

O acaso cria o original O original cria a cópia A cópia cria o original « um artesão atípico, um transformador rebelde, um manipulador de justaposições, André Fromont puxa pelo que pode ser considerada a sua ética para com um certo tipo de musicalidade, ao mesmo tempo tão íntima que se pode crer óbvia no seu surrealismo da ruptura, bem como na sua serena meditação.» Ghislain Olivier in Petite bibliographie d’André Fromont, les éditions de l’heure, Charleroi, 2006

Le hasard crée l’original L’original crée la copie La copie crée l’original hazard creates original original creates copy copy creates original

Pictures: www.flickr.com/photos/andrefromont/

“Tout bouge ou rien ne change”

Fotos: www.flickr.com/photos/andrefromont/



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“lendemain de la veille de mes vieilles�


A N D R É

“Marie en signes religieux”

F R O M O N T


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“La meute”


A N D R É

“the horn of the gardian angel”

F R O M O N T


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“Anna lapidíe”


A N D R É

“L’éducation”

F R O M O N T


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“Ordinary Metamorphose on Cheese Planet”


A N D R É

“Le prix Ö payer”

F R O M O N T


T O B Y

D E V E N S O N

“But what is there, west of the sun?” I asked. She shook her head again. “I don’t know. Maybe nothing. Or maybe something.” These two lines from Haruki Murakami’s 1992 novel, South of the Border, West of the Sun, gave birth to a concept that has come to represent Toby’s landscape photography and the way in which he works. Thanks to Murakami he found the glue that holds this exhibition together and the umbrella under which his work can live. Toby has been taking black and white photographs since 1989, always using an old Nikkormat and the same 24mm lens he ‘borrowed’ from his father over twenty years ago. His images are never cropped, but are framed instinctively at the time of taking. They are then brought to life with a pinch of magic - and luck - expertly secreted within the science and chemicals of the darkroom. Whether he is photographing landscapes or people, Toby approaches his work in the same way, moving through his environment surprisingly quickly. Always watching and absorbing, constantly experimenting with framing and composition. Toby has an ability to depict the world that goes beyond the literal representation that we have come to expect from photography. His images suggest myths and magic beyond their four corners, challenging the viewer to see the world, and the medium, in a different way.

“Mas o que estára lá, a oeste do sol?”, perguntei. Ela abanou de novo a cabeça. “ Não sei. Talvez nada. Ou talvez alguma coisa. “ Estas duas linhas do romance de Haruki Murakami, South of the Border, West of the Sun, de 1922, deu à luz a um conceito que tem vindo a representar a fotografia de paisagem de Toby e a maneira como ele trabalha. Graças a Murakami ele encontrou o elemento que aglutina este conjunto e e o guarda-chuva sob o qual seu trabalho pode viver. Toby faz fotografia a preto e branco desde 1989, sempre usando um velho Nikkormat e a mesmíssima lente de 24mm, conjunto que pediu “emprestado” a seu pai há mais de vinte anos atrás. As suas imagens não são cortadas e são enquadradas instintivamente no momento da tomada de vista. Em seguida, são trazidas à vida com uma pitada de magia - e sorte - habilmente manipuladas dentro da ciência e produtos químicos da câmara escura. Se Toby está a fotografar paisagens ou pessoas, aproxima-se do seu objectivo sempre da mesma forma, movendo-se através do seu ambiente com uma rapidez surpreendente. Sempre observando e absorvendo, experimentando constantemente através do binómio enquadramento - composição. Toby tem uma capacidade de descrever o mundo que vai além da representação literal que temos vindo a obter da fotografia. As suas imagens sugerem mitos e magia, desafiando o espectador a ver o mundo, e o meio, de uma maneira diferente.



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T O B Y

D E V E N S O N


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S A I

K U N N A T H

Beauty allround Beleza a toda a volta Born in the year 1985 in Wayanad, India. Right from the childhood, Sai used to gaze at everything discreetly with enthusiasm and by the time, when he grew up, he felt that everything he come across under this planet is so vital to click for a good snap. He finds beauty in everything, although the arena might be different, sometimes calm, blatant or serene. However, it may be, the click shall get you a moment of real life with its own spontaneity. “In my view, I feel that everyone in this world is a photographer and even though they have not been able to capture the scene into photography, it is well reflected in their mind and that is how certain minds are still brooding over certain scenes, they have witnessed to have seen, years back. Vanishing a scene from the minds of people are due to erosion of the same over the emotions, crowded at a later sequence that engulfs the past one.”, Sai said to us. Blessed for being raised in a queen of hill station at a greater altitude in the Nilgiris (South India), Sai thanks the almighty for having been a recipient to witness the nature’s own scenario always in a canvass of blue hills and he have even felt, if there is a heaven anywhere in this world, it shall be here, here only and nowhere else. Apart from being a Biomedical engineer, Sai also works as a freelance photographer in Toronto and Huntsville, Canada. Indeed, there was a break since he had to attend his education in India and Canada, but he was able to fall back into his track of photography soon after he had secured his degrees. Now Sai focus his attention on Landscape, Portraits, Candid, Wedding/Engagements and what more all that cover up life activities.

Nascido em 1985 em Wayanad, India, desde a sua infância Sai olha para tudo à sua volta de forma discreta mas assertiva e com entusiasmo. Com o tempo aprendeu que quase tudo com que se cruza vale uma boa captura. De facto ele vê beleza em tudo, mesmo em cenários variados, ora calmos ou extremos e a captura, para ele, deve reflectir momentos da vida na sua máxima espontaneidade. “Do meu ponto de vista todos somos potenciais fotógrafos e, apesar de muitos não poderem captar a cena através da fotografia, esta fica bem reflectida nas suas mentes e é por isso mesmo que muitas mentes ainda carregam essas imagens não gravadas consigo, mesmo depois de muitos anos”, diz-nos. Abençoado por ter sido criado nas montanhas rainhas, a uma grande altitude, em Nilgiris, no Sul da India e também no Canadá, Sai Kunnath agradece aos céus ter sido feito testemunha de tão fabulosos cenários naturais e acredita que, se existe um paraíso algures neste mundo, deverá ser onde ele nasceu e cresceu, e em mais lado nenhum. Não obstante ser Engenheiro de Biomedicina sai Kunnath trabalha com regularidade como fotógrafo independente em Toronto e Hunstville, no Canadá e foca a sua atenção na fotografia de paisagem, retrato e retrato social, nunca deixando de captar tudo o que fale da vida.

Para ver mais trabalho de Sai Kunnath: www.Sashkunnath.500px.com More of Sai’s work can be visited here: www.Sashkunnath.500px.com

NATIVE INDIAN FESTIVAL,GRAND RIVER,CANADA



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“A LONE TREE AT JOG FALLS,SAGAR INDIA”


S A I

“BETTER EMOTIONS,TORONTO ZOO”

K U N N A T H


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THE QUEEN OF HILLS NILGRIS,INDIA


S A I

“IMPRESSIONS FROM A FORGOTTEN WORLD”

K U N N A T H


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“AUTUMN FUN AT HIGH PARK TORONTO”


S A I

“THOSE FIRST STEPS ,VARKALA INDIA”

K U N N A T H


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“A LABOURER TIRED AND SLEEPING FROM KERALA INDIA”


S A I

“SHIMOGA,INDIA”

K U N N A T H


P E D R O

M E S Q U I T A

“O Porto à janela” O Porto à janela

“O Porto à janela” (“Porto by the window”) is a work that includes a series of black and white photos shot from the inside out and, in most cases, through window panes. My idea was to remember Porto as I saw it from different windows. In some cases there is a window pane dirtier than the others, shattered, pierced, or simply showing the water stains left by the passing of time. On the other side of the window, beyond the impurities, we find Porto and its views, which are also part of it. No one can see the Serra do Pilar from Gaia as we see it from Porto. That view is part of the city’s heritage. On the other hand, it is impossible to have an overall view without crossing the Douro. Through a window I can focus the outdoor landscape with different degrees of clarity, according to my own state of mind. I hope that the visitor tries to identify what I saw and where I was when I took these photographs. And also what I felt. I was helped by many strangers to whose door I, literally, knocked and to whom I asked if I could photograph Porto from their windows. I actually thought that this was an impossible task but the truth is that almost none of the owners or tenants raised any objections. So, this is not a set of city postcards but a series of perspectives that are looking for the feelings of those who live in it. It is Porto sitting by the window.

“O Porto à janela” é um trabalho constituído por um conjunto de fotografias, a preto e branco, captadas de dentro para fora e, na maioria das vezes, através de vidros. A minha ideia foi guardar o Porto conforme o vi a partir de diferentes janelas. Nuns casos, há um vidro que está mais sujo do que noutros, tem estilhaços, está picotado ou, simplesmente, escorrido pelo tempo. Do outro lado da janela, para lá das impurezas, estão o Porto e as suas vistas, que também lhe pertencem. Ninguém em Gaia vê a Serra do Pilar como a vemos do Porto. Aquele olhar é património da cidade. É impossível, por outro lado, ter uma visão de conjunto sem atravessar o Douro. Através de uma janela foco com maior ou menor clareza a paisagem exterior consoante o meu próprio estado de alma. É meu objetivo que o visitante procure identificar o que vi, e onde estava, no momento da fotografia. Também o que senti. Contei com a ajuda de muitos desconhecidos a quem, literalmente, bati à porta e pedi para fotografar o Porto através da sua janela. Cheguei a pensar que seria tarefa impossível mas, na verdade, raro foi o proprietário ou inquilino a colocar objeções. Não se trata, portanto, de um conjunto de postais da cidade mas de olhares procurando o sentimento de quem a habita. É o Porto que se senta à janela.

Para ver mais trabalho deste autor: http://liquidimages.mindaffair.net/?u=pedromesquita To see more of Pedro’s work: http://liquidimages.mindaffair.net/?u=pedromesquita Pedro Mesquita é actualmente representado por:



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F R É D É R I C

Feeling life, death and everything in between.

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Sentindo a vida, a morte e tudo o que está pelo meio.

Frederic Mars is a French amateur photographer of 38 years old. He works as a nurse and that’s an important point because it’s his job that inspires him all the time. “My job, my family and my fears” he says. He works with old people and a couple of years before, with psychotic and autistic children. The difficulty, sometimes the sadness of his work were – and still are - making the photographer that he is, because they’re changing again and again his points of view and how he can feel life...and death. And all those things between... “Photography is a kind of outlet, a release drived and colored by the feelings I have face to the human problems, (psychiatric) illness and old-age. Fortunately all is not black or grey and my children are lighting up my inspiration.” Humans and Humanity are what he prefers in photography and his own work, even if the subject is a landscape, architecture or an abstract dream’s picture, there’s almost always a Man (with a “M”) inside it. That was the great way for him towards the portrait. “Because portraits are the picture of all we are, all we give, all we show, represents all we’re radiating, now they became the center of my approach to the photography”, he finishes.

Frederic Mars é um fotógrafo amador francês, actualmente com 38 anos. Enfermeiro de profissão, é o seu trabalho que mais o inspira, o tempo todo. “O meu trabalho, a minha família e os meus medos são o que verdadeiramente me inspira”, declara. Frederic trabalha com séniores e. desde há um par de anos, também com crianças psicóticas e autistas. As dificuldades e, algumas vezes a tristeza extrema fizeram – e continuam a fazer dele – o fotógrafo que é, especialmente porque o fazem constantemente mudar de ponto de vista e a sua forma de sentir a vida… e a morte, e tudo o que se encontra pelo meio. “ A fotografia é uma espécie de Outlet, uma realização orientada e colorida pelos meus sentimentos e emoções face aos problemas humanos, nomeadamente a doença mental e a idade avançada. Afortunadamente nem tudo é a preto e branco e as minhas crianças estão sempre a alimentar a minha inspiração” Os humanos e a humanidade são a sua preferência na fotografia, mesmo que o sujeito seja uma paisagem, arquitectura ou abstracto, há-de ter por lá alguém, sempre um Homem com H grande. Essa foi a minha porta de entrada no retrato. “Porque o retrato são a imagem de quem somos, do que damos e do que mostramos, acaba por irradiar tudo o que irradiamos e assim são o centro do meu trabalho fotográfico”, termina.

To see more of Frederic’s work: http://liquidimages.mindaffair.net/?u=marsup

“Old man”

Para ver mais do trabalho de Frederic: http://liquidimages.mindaffair.net/?u=marsup



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“fantasia”


F R É D É R I C

“Little savage”

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“Out of time”


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“Old woman”

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“Y.O.U”


F R É D É R I C

“Old woman”

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Shooting male fashion Will it be that different to distinguish photographic genders? Ask a professional photographer and he or she will respond that the difference is huge. It’s not about the gender in itself and more about the type of photography in itself.

My career was always defined by male fashion photography, given the circumstances (like being in the right place at the right time). My previous experience was relatively small, and I had essentially made some female fashion projects (Ana Salazar), so the transition seemed to me like a natural move, since I had already some portrait experience collaborating with newspapers and magazines. I must confess that i got fascinated by male fashion immediately. Its aesthetics brings a different form of model direction and provided a totally different photographic and professional experience. Shooting male fashion is not less easy though. Usually the collections are more austere, less exuberant and with less possibility to obtain large scale productions, compared to female fashion photography. Male fashion demands more focus on the model and his attitude and less in his exuberance. It demands more preponderance on the outfit and the pose. In male fashion, the attitude is fundamental as we stated previously. But the attitude plays an important interrelation with the outfit itself. The model becomes part of which outfit he is using, contrary to female fashion where the model is sometimes autonomous. The photographer has to be the messenger between the brand/clothes and the reader. Of course this function is not exclusive to the male fashion, but it becomes an important part of it: giving life to a collection can be the key to a well done job that communicates its concept of brand and style.

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Fotografar moda no masculino Será assim tão diferente distinguir o género no que à fotografia diz respeito? Pergunte-se a um fotógrafo profissional e ele responderá que a diferença é enorme. É como se mais do que o género estivesse em causa o tipo de fotografia em si mesma.

Desde sempre que aminha carreira esteve marcada pela fotografia de moda masculina, dadas algumas circunstâncias da vida (daquelas coincidências do género estar no lugar certo na altura certa). A minha experiência anterior era relativamente pequena, e essencialmente tinha realizado alguns projectos na moda feminina (Ana Salazar) pelo que a transição me parecia de alguma forma, “natural”, dada também a minha experiência anterior no mundo do retrato, e da colaboração com jornais e revistas. Confesso, no entanto que me fascinei pela fotografia de moda masculina quase de imediato. A estética própria, acrescentada a uma diferente forma de direcção de modelos proporcionava uma total e diferente experiência fotográfica e profissional. Fotografar moda masculina é, no entanto, menos fácil. Normalmente as colecções são mais austeras, menos exuberantes e com muito menos possibilidades de se obterem grandes produções se comparado com a fotografia de moda feminina. A moda masculina exige mais concentração no modelo e na sua atitude, e não tanto na sua exuberância. Mais preponderância na roupa e na pose. Na moda masculina a atitude é fundamental como referimos anteriormente. Mas a atitude joga um papel de interligação com a roupa em si. O modelo torna-se parte daquilo que usa ao contrário da moda feminina em que muitas vezes o modelo contínua autónomo. O fotógrafo tem que, desta forma, ser o “mensageiro” entre a marca/roupa e o espectador. Claro que essa função não é exclusiva para a moda masculina. Mas aqui, torna-se muito mais importante: “dar vida” a uma colecção pode ser a chave de um trabalho bem-sucedido, que comunique o conceito de marca e o estilo desta. Paulo Roberto


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In the world of the imagination troughout images. The images posted on social networks daily, allegedly are protected by copyright law and author’s rights, that all shall be identified with the author’s name for the avoidance of interpretations of the way of each. Despite this, I almost dare to say that almost no one is entitled to anything and everything is violated, thus entering these highways communication!

The directives on the law are well defined and clear, but compliance these days are too ambiguous and compromised. Everyone should know this by the intimacy and responsibility for bringing into the global network. There are now chilling, shown and done through new technologies ahead of simple cameras images, before computers ... I would even say that the lives of adolescents and parents responsible, is threatened today as well ... From the point of view private adult, each of which exposes itself as it sees fit. It’s no lie, that is violating himself, exposing himself without even imagine the sequences / consequential. Are the virtues of a certain alienated world values ​​of the person as a human being. I constantly carry this theme images, given my professional life and have it spelled several ways. Already here denounced, those suffering full of anguish trapped miners, the kidnapped girls to be raped and forcibly married to older monstrous, between these distressing waterspouts, all are image subjects these days. I also referred to the public rot shown by “boxes” television, certain forms of debauchery times the sunrise! Young girls and young boys encouraged to have sex on television channel and enter the homes of each one, as if they were heroes! Anyway, a bit of everything, through the images. Positive and negative. See whoever is right, does anyone actually is. After these descriptions I am forced to say that, despite everything, there are images that can also be very alert and positive messages for parents and teenagers. I follow very little soap operas, but enough to have an opinion and a certain filtering. So, who has been following: “The Kiss of the Scorpion” in TVI, agree with me that there photos that put us think! I illustrate this chronicle of opinion giving light to my images.

No mundo da imaginação das imagens As imagens postadas nas redes sociais quotidianamente, supostamente estarão protegidas pela lei de direitos de autor e de imagem, acresce, que todas devem estar identificadas com nome do autor para que não surjam as interpretações à maneira de cada um. Apesar disto, quase me atrevo a dizer, que quase ninguém tem direito a nada e tudo é violado, assim que entrem nestas autoestradas da comunicação!

As directivas sobre a lei são bem definidas e claras, mas o seu cumprimento nos dias que correm são por demais ambíguas e comprometidas. Cada um, deverá por isto saber da intimidade e responsabilidade da colocação em rede global. Há hoje imagens arrepiantes, mostradas e feitas através das novas tecnologias em frente de simples cameras, diante dos computadores... direi mesmo, que a vida de adolescentes e pais responsáveis, está hoje bem ameaçada... Do ponto de vista adulto privado, cada qual expõe-se como melhor entender. Não é mentira, que se está a violar a si mesmo, expondo-se sem sequer imaginar as sequências/consequentes. São as virtualidades de um certo mundo alienado dos valores da pessoa enquanto ser humano. Carrego constantemente este tema imagens, dada a minha vida profissional e dele tenho escrito de várias formas. Já aqui denunciei, aquelas sofredoras imagens de tantos mineiros soterrados cheios de angústia, de meninas raptadas para serem violadas e casadas à força com velhos monstruosos, estas entre catadupas angustiantes. Também me referi, ao apodrecimento público mostrado pelas “caixas” televisivas, de formas certas vezes a raiar o deboche! Meninas jovens e, jovens rapazes incentivados em canal televisivo a fazerem sexo e entrarem pelas casas de cada um, como de heróis se tratassem! Enfim, um pouco de tudo, através das imagens. Negativas e Positivas. Vê quem quer é certo, faz quem quer é verdade. Mas ficam as marcas... Após estas descrições sou forçado a afirmar que, apesar de tudo, há imagens que podem também ser alertas e mensagens muito positivas, para pais, adolescentes e jovens. Acompanho muito pouco as telenovelas, mas o suficiente para ter opinião e uma determinada filtragem. Por isso, quem tem acompanhado: “O beijo do escorpião” na TVI, concordará comigo, que há Imagens que nos põem a pensar!!! Ilustro esta crónica de opinião dando Luz às minhas Imagens. ......................... Celestino N.F. Santos _97


Cântico Negro , José Régio “Vem por aqui” - dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: “vem por aqui!” Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: “vem por aqui!”? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura ! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Research and Coordination _ Pesquisa e Coordenação Fátima Marques Photography _ Fotografia Autor desconhecido _ Unknown author Edição e digitalização _ Scan and editing Jorge Pinto Guedes

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Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: “vem por aqui”! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí! José Régio, in ‘Poemas de Deus e do Diabo’


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