ÁGUA COMOVIDA – páginas iniciais do livro

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Ana Lúcia Leite

ilustrações de

Luciana Grether



Ana Lúcia Leite

ilustrações de

Luciana Grether



Era uma menina com olhos brilhantes como

gotas de orvalho; embora orvalho fosse algo que não se via muito por ali, no Sertão do Cariri. Tinha que acordar muito cedo pra ver orvalho – suor da noite – brilhando nas folhas, no mato seco e rasteiro. Iara era o nome da menina, que tinha esse nome em homenagem à mãe das águas.


Iara nasceu num ano de seca

brava, como quase todas que há no sertão.

Mas naquele ano a coisa foi pior e a família quase teve que mudar do Cariri.

O nome de Iara foi homenagem

pra ver se a mãe das águas fazia chover naquelas bandas.




Até que, no mês que a menina

nasceu, caiu chuva e deu pra salvar o tanto de plantação que o pai tinha semeado. E a família não precisou se mudar.

Iara tinha muitos irmãos

e era a mais nova de todos. Como era menina, era ela que buscava água. Andava longe com balde na cabeça.


Foi perto de fazer sete anos que a seca rachou

a terra de um jeito muito sem jeito pra Iara, a família, os animais e a plantação.


O pai achava que dessa vez não ia ter jeito

de se manter naquele lugar, não ia dar para ali continuar.

A menina gostava muito do sertão! Queria sair de lá não. Achava que ainda dava pé morar ali, no Cariri.


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