Menção Honrosa Prêmio Rosa Kliass 2020_ Resgate da Paisagem de Cerrado na Cidade de São Carlos

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[ resgate da paisagem de cerrado ]

[ são carlos e o cerrado ]

na cidade de são carlos O presente projeto buscou reinserir o Cerrado na paisagem de São Carlos – SP através de ensaios com a vegetação herbácea do bioma, relacionando e valorizando as paisagens verdes já existentes na cidade. O Cerrado, dentre todas as savanas do mundo, tem a maior biodiversidade, mas ainda não tem seu reconhecimento e cuidados necessários para preservação, e segue sendo devastado cada vez mais. Originalmente 23% de todo território brasileiro era coberto por Cerrado, hoje restam apenas 21,6% de sua vegetação original. O Cerrado atua como transição de vários outros biomas, e apesar de sua ampla distribuição, importância no país, sua biodiversidade e forte endemismo vegetal (plantas exclusivas), ainda assim ele é um

dos biomas mais negligenciados em termos de conservação e recuperação. Diante dessa situação é clara a necessidade de voltar a atenção, recursos e consciência para o Cerrado. A questão é como gerar contato, afetividade e consciência das pessoas em relação à degradação desse bioma, já que a proximidade com a natureza está cada vez mais difícil com uma população majoritariamente urbana em cidades quase sem espaços verdes, e os poucos com uma flora invadida por espécies exóticas. Fica quase impossível criar uma relação afetiva da população com o bioma nativo do território em que vivem. Esse é o caso da cidade de São Carlos, onde o Cerrado ainda resiste muitas vezes invisível.

Brasil

Localizada no interior do estado de São Paulo, a cidade de São Carlos caracteriza-se como uma cidade de porte médio. A composição original da vegetação do Município de São Carlos era compreendida por 43% de Cerrado com diferentes fitofisionomias (especialmente Cerrado strictu sensu e Cerradão), 55% de floresta semidecídua e mata ripária e 2% de floresta semidecídua. Sobre o Município, 28% possui cobertura vegetal (Cerrados, Matas ripárias ou Matas mesofoliadas). Na malha urbana os espaços verdes públicos compreendem 6,55% e se distribuem de forma heterogênea pela cidade. Sobre essas áreas verdes urbanas ainda não foram feitos ou encontrados levantamentos sobre sua biodiversidade, se são configuradas por vegetação nativa ou exótica, ou ainda mais especificamente de Cerrado.

São Paulo

Município de São Carlos

Perímetro Urbano e áreas verdes

Observando mapas da cidade nota-se que a maior parte das áreas verdes remanescentes se localizam adjacentes ou muito próximas de fundos de vale. Praticamente toda área urbana do Município encontra-se inserida na sub-bacia hidrográfica do Córrego do Monjolinho que nasce na área rural a sudeste do Município, local em que o Cerrado predominava originalmente nos terrenos arenosos. Assim, o foco projetual se deu no recorte do Córrego do Monjolinho no perímetro urbano e sua microbacia contida na malha urbana. O Córrego, apesar de apresentar grandes possibilidades espaciais, necessita de atenção ambiental pois sofre alagamentos e erosão em pontos da cidade, fazendo com que não passe despercebido pelos cidadãos, mas de forma negativa. Além disso, possui uma quantidade notável de áreas verdes públicas ao longo de suas margens, o que possibilita boas propostas ambientais para uso recreativo da população, sendo o trecho com maior concentração destas o escolhido para a proposta. Nele o Córrego do Monjolinho também faz contato com outros dois córregos, do Gregório e do Mineirinho, ponto recorrente de alagamentos.

Sub-bacia do Córrego do Monjolinho, Córrego do Monjolinho demarcado e perímetro urbano de São Carlos

recorte do Córrego do Monjolinho para intervenção projetual

demarcação da microbacia e extensão do Córrego do Monjolinho em área urbana consolidada

Jardim Alvorada

microbacia do Córrego do Monjolinho

[ local: córrego do monjolinho ]

córrego do monjolinho

Trecho de intervenção

área consolidada, parque Kartódromo

Residencial

Institucionalizado

Comércio e Serviço

Terreno livre (particulares e públicos)

Uso institucional

áreas livres com adensamento abóreo

trecho escolhido para proposta de diretrizes com aproximadamente 1,20 km de extensão

Parque Arnold Schimidt

te ns ão

Parque Faber II (condomínio fechado)

Santa Casa de São Carlos

Tr ec ho

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m

1,2

0k m

de

ex

Condomínio Fechado

centro da cidade parque florestal e áreas de preservação

0 100

Para entender se ainda havia algum Cerrado a ser resgatado na cidade foram feitos levantamentos in loco nas áreas verdes de São Carlos. Para isso, além de levantamentos fotográficos, foram feitos mapeamentos em campo, juntamente com um estudo sobre as fitofisionomias do Cerrado, sua flora e constituição original no Município. A partir de uma análise subjetiva dessa paisagem fotografada (áreas demarcadas no mapa ao lado) surgiram 4 categorias de paisagem verde: “Verde Próximo”, “Fundos de Vale”, “Verde Pontual” e “Paisagem distante”. Contidas nessas paisagens verdes, foram identificadas 3 expressões de Cerrado: o “Cerrado Reconhecido”, o “Cerrado Espontâneo” e o “Cerrado Escondido”.

CERRADO RECONHECIDO

São as plantas “domesticadas” de Cerrado, que são encontradas em praças e arborização urbana com frequência, plantas que são notadas pela população. São espécies em sua maioria arbóreas, como ipês, mulungus, jacarandás, entre outras com floração marcante. CERRADO ESPONTÂNEO

[ paisagens verdes de são carlos ] FUNDO DE VALE

A proposta de diretrizes para o trecho do Córrego do Monjolinho foi selecionar as áreas degradadas que precisam de recuperação de vegetação arbórea, e áreas que receberiam positivamente equipamentos públicos e vegetação de Cerrado rasteira, arbustiva e herbácea, ou seja, com menos sombreamento. Como proposta de equipamentos, o percurso ao longo da marginal foi pensado para atrair a população dos bairros adjacentes, pensando em um passeio contínuo com pontos de descanso e infraestrutura. Em alguns trechos de áreas públicas destinadas ao uso institucional (em cinza), foram propostos equipamentos de maior porte, como quadras poliesportivas, bicicletários e pista de skate. Outros pequenos equipamentos foram propostos ao longo de todo o percurso no trecho, como bancos

para descanso, bebedouros e banheiros, assim como a expansão da ciclovia existente e um novo elemento de transposição do rio. A margem imediata ao córrego possui pouca vegetação arbórea e alguns maciços de bambu, assim como as áreas de APP (Área de Preservação Permanente) em azul. Além disso, ao centro do mapa, áreas públicas destinadas para uso recreativo (em verde) possuem adensamento de arbóreas, inclusive com a presença visível de nativas, o que as tornam importantes ambientalmente para o Córrego. Assim, a partir de bibliografia voltada para recuperação e regeneração de áreas de Cerrado e Cerrado/Mata Atlântica, foi feita uma seleção inicial de espécies arbóreas para plantio, recuperação e manutenção.

São as principais extensões de áreas verdes dentro do perímetro urbano que convergem para fundos de vale, nessas áreas predominam o porte arbóreo de vegetação.

VERDE DISTANTE

Trata-se da arborização urbana, de vias e vegetação visível na paisagem de jardins e quintais particulares. Essa paisagem se apresenta de maneira mais rala e pontual na cidade, despontando entre a malha impermeável. VERDE PRÓXIMO

passarela de conexão entre bairro e marginal, elemento leve que proporciona lazer e comtemplação da paisagem

2.

área para detalhamento projetual

jardins com herbáceas e arbustivas de Cerrado

recuperação de área degradada de APP

plantio de arbóreas nativas em áreas de proteção e já adensadas

áre com adensamento de arbóreas acessos para passarelas

as expressões de cerrado pertemcem às paisagens verdes da cidade de São Carlos

São fragmentos verdes em áreas públicas, que apesar de terem uma representatividade ou potencial para uma flora nativa, estão isolados e dissimulados por vegetação exótica mais alta ou elementos construídos na área urbana, como prédios, outdoors, etc.

Arborização de via com uso de arbóreas de cerrado

alargamento da calçada com patamares que entram em ocntato com o córrego

Córrego do Monjolinho

Rotatória do Cristo Redentor e área de alagamento

mapa de uso do solo

1. [ aproximação e valorização do córrego ]

2. área livre com mata fechada

vista dos patamares com passarela ao fundo

PROPOSTA

jardins com uso de herbáceas e arbustivas de cerrado

Área de prservação permanente (APP)

Recorte para desenvolvimento projetual

equipamentos públicos diversos

jardins com herbáceas e arbustivas de Cerrado

Implantação Fundo de Vale

N

1. canteiro central com o córrego

3. área livre com maior insolação

Área livre pública de uso recreativo os dois lados da marginal receberam arborização apropriada e ciclovia

100

projeto de área de lazer e contemplação com jardins e cerrado

nova travessia sobre o córrego

Trata-se de uma paisagem próxima da população, com a qual ela tem contato direto, como praças e parques. São espaços de lazer comumente ilhados na malha urbana que oferecem uma inserção no meio verde.

N

EXTENSÃO DE CALÇADA como pequenos nichos sociáveis

Corte tranversal

PROPOSTA equipamentos públicos diversos

50

1.

CERRADO ESCONDIDO

São as paisagens verdes de seu entorno, sendo também as mais extensas. Conforme a posição na topografia da cidade é possível mesclar essas paisagens distantes com outras mais próximas, nelas predominam plantações de eucaliptos, pastos ou de cana-de-açúcar.

0

plantio de nativas ao longo da margem

3.

Área livre pública de uso institucional

É a vegetação de Cerrado que cresce espontaneamente na cidade. Essa vegetação constitui-se principalmente de capins, algumas arbustivas e rasteiras, são comumente confundidas com plantas invasoras e carregam um forte poder de resiliência. Algumas espécies encontradas em campo foram posteriormente incorporadas no projeto.

nativas do Cerrado para o âmbito do paisagismo como oportunidade de experiência estética. Assim, buscou-se introduzir o Cerrado no cotidiano urbano, com enfoque nas herbáceas em áreas menos ensolaradas (Cerrado espontâneo) construindo uma relação de convivência próxima à população, e complementando áreas de adensamento arbóreo já existentes (Cerrado reconhecido), visando vínculos com o bioma e criando a possibilidade de redes verdes que envolvam a flora nativa.

Área livre pública de uso recreativo Área de preservação permanente

VERDE PONTUAL

A área para o recorte projetual foi escolhida por apresentar algumas situações potenciais: os dois terrenos são públicos, sendo um deles com uma área de preservação permanente (APP) que está degrada, e ambos estão conectados com os bairros adjacentes, possibilitando trabalhar a transposição e uma abertura da marginal do Córrego para a malha urbana onde se insere. Além disso há um canteiro central na marginal com problemas visíveis de erosão que precisa de atenção. Nesse contexto, foram elencadas possibilidades de trazer espécies

500

SITUAÇÃO DAS ÁREAS

JUSTIFICATIVA [ expressões de cerrado encontradas ]

áreas verdes fotografadas no perímetro urbano

[ recorte do projeto ]

[ diretrizes projetuais para o fundo de vale]

Córrego do Mineirinho

Parque Florestal Municipal Nobuo Kurimori

área de preservação que sofre de alagamento

[ paisagens verdes e expressões de cerrado ]

Córrego do Gregório

Parque Santa Mônica

N Corte fundo de vale

N

Como proposta projetual para as áreas foi pensado uma forma de facilitar a transposição do fundo de vale, materializada a partir de passarelas de madeira que repousam sobre os terrenos de ambos os lados. A passarela vem com a intenção de adaptar a paisagem existente para o passeio público de pedestres. Além disso alguns equipamentos foram propostos como áreas de descanso, banheiro, bebedouro e o prolongamento e alargamento da ciclovia já existente, trazendo mais conforto e infraestrutura para o lazer na marginal. Foi pensada uma aproximação do rio, além de soluções na margem para lidar com problemas de erosão, como o uso de gabião e de escadas hidráulicas para dissipação da velocidade das águas pluviais. No terreno de esquina havia a possibilidade de uma introdução notável de espécies herbáceas por conta da insolação. As herbáceas ganham importância na discussão do Cerrado pois são as plantas que trazem o grande endemismo do bioma e ainda são inexistentes em viveiros convencionais.

Corte longitudinal revegetação da margem, sombreamento com arbóreas e utilização de arbustivas e herbáceas de meia-sombra

No canteiro central onde o rio está exposto são visíveis áreas de erosão, algumas de forma mais drástica por estarem alinhadas com o fluxo de água das ruas. Nesse canteiro em especial as margens são bem assimétricas, sendo uma delas mais estreita por maiores problemas de erosão e com pouco espaço para receber vegetação apropriada. Assim, foi proposto o alargamento da margem direita, e ambas receberam gabiões no desnível de aproximadamente 5m da rua para o Córrego. O desenho dos gabiões foi feito seguindo ao máximo o fluxo existente do córrego e proporcionando mais espaço livre no leito de ambos os lados. Nos pontos de escoamento da água da rua para o córrego foi proposta a escada hidráulica para dissipação da velocidade das águas pluviais e para amenizar efeitos de deslizamento de terra ou desmoronamento. A proposta de alargar a calçada é uma forma de criar maiores “respiros” ao longo do caminho do pedestre. Há, também, uma proposta de aproximação do córrego através de patamares (decks) que abrem a visão para o rio revegetado. Para que isso seja possível, seria necessário o tratamento do esgoto, pois ainda há alguns pontos de lançamento no Córrego do Monjolinho. EXPRESSANDO O CERRADO

mobiliário heterogêneo ao longo da marginal, seguindo a materialidade proposta de madeira para bancos móveis e concreto para fixos

escada hidráulica para drenagem

Planta patamares

N

Toda a vegetação da margem é reconstituída com arbóreas e outras espécies de Cerrado, inclusive herbáceas e arbustivas no lugar das gramíneas tradicionais, já que as nativas costumam ter raízes mais profundas que auxiliam na contenção de terra do leito do rio. Entre as arbóreas predominam espécies que expressam o “Cerrado Reconhecido”, como os ipês.


[resgate da paisagem de cerrado]

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3. [ jardins de cerrado ]

na cidade de são carlos

Paisagem de Fundo de Vale

PROPOSTA

Para o terreno da esquina a proposta foi tratar uma área menos adensada mantendo sua insolação alta, para que fosse possível a implantação de um paisagismo mais herbáceo de Cerrado, mais próximos de suas savanas e campos. Foram feitos levantamentos locais para identificar e localizar as arbóreas já existentes, porém foi possível confirmar apenas algumas espécies, como pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link), pitangueira (Eugenia uniflora L.) e amoreira (Morus alba L.), sendo as duas primeiras nativas e que ocorrem em Cerrado. Para a concepção do projeto manteve-se ao máximo todas as árvores existentes, dando prioridade para as adultas, pois o foco da vegetação foram jardins que mostrassem a exuberância dos capins e ervas do Cerrado. O projeto toma partido da topografia com duas situações opostas: enquanto a passarela vence o desnível criando caminhos que recortam o terreno, os patamares e es-

2. [ passarela como exploração de paisagens ] Corte AA

PROPOSTA

Além de gerar um espaço de passagem para o bairro adjacente ao fundo de vale, a passarela também deixa a marginal e suas áreas de lazer mais permeáveis para o pedestre, ressignificando o contato com essa vegetação ali existente. O projeto toma partido da alguns visuais de paisagens distantes que o fundo de vale do Córrego do Monjolinho oferece, além de uma inserção profunda na vegetação adensada adjacente ao Córrego, aproximando o pedestre ao dossel de árvores ao longo de uma caminhada e de

contato com as diferentes paisagens oferecidas pelo local, como o “Verde Próximo”, a “Paisagem Distante” e a “Paisagem de Fundo de Vale”. Ao longo do caminho alguns patamares se estendem criando espaços de descanso e contemplação. A implantação da estrutura foi pensada visando o mínimo de alteração na topografia, assim como na vegetação existente. Sua estrutura metálica sustenta o piso de madeira que não toca o solo e ganha diferentes alturas conforme o local do terreno.

Acessos

EXPRESSANDO O CERRADO

Além de explorar as diferentes paisagens que o local e a topografia oferece, também explorou-se o “Cerrado Escondido”, propondo o enriquecimento de uma flora já existente no local. Buscou-se introduzir espécies de Cerrado próprias de mata, e fazendo com que a população entrasse em contato direto com essa vegetação, que apesar de presente na paisagem da cidade ainda não tinha possibilidade de contato por parte dos pedestres. caminho na passarela entre a mata, explorando o “verde próximo”

acessos

terreno: 15.165,00 m2

áre com adensamento de arbóreas

Perspectiva os patamares mais altos, ao fundo vegetação do terreno com a passarela e fundo de vale Passarela de estrutura metálica e vedação em madeira

Paisagem Distante ou Horizonte

Possíveis adaptações com a vegetação existente

Mirante mais alto ao centro da passarela

Paisagem de Fundo de Vale

Espelhos d’água A

bancos, patamares e escadarias se sobrepôem conformando espaços de descanso

acessos

sobrepôem em diferentes alturas gerando novas perspectivas da paisagem do fundo de vale algumas estruturas são vazadas dando espaço para tramas de tecido que funcionam como redes de descanso ou brincadeira para crianças

N

Planta Passarela

pequena área com arquibancada

áreas de pleno sol com plantio de herbáceas e arbustivas

Implantação

N

passarela

Perspectiva patamares com áreas de permanência e jardinscom espécies de Cerrado

Paisagem Fundo de Vale

Corte AA

EXPRESSANDO O CERRADO

A vegetação arbórea foi mantida com a introdução de alguns exemplares no fundo do terreno como uvaia (Hexachlamys edulis (O.Berg) Kausel & D.Legrand), ingá-do-cerrado (Inga laurina (Sw.) Willd.) e canelinha (Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez), buscando dissolver o muro com a vegetação, e de algumas palmeiras jerivá (Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman), visando complementar a escala do projeto com as árvores existentes ao fundo e a única palmeira existen-

Perspectiva do acesso por escadas entre a vegetação arbórea com o mirante e parte da ciclofaixa

Compondo com vegetação nos jardins: o Cerrado revelado

caminho na passarela com um dos mirantes ao fundo

Em cinza são as novas arbóreas introduzidas

espelhos d’água entre a vegetação trazem leveza e mais umidade para um paisagismo de vegetação mais ensolarada os patamares se

A

A passarela foi pensada a partir de seus acessos com o bairro e a marginal, com inclinações adequadas e confortáveis das rampas. Possui um caminho de madeira com 3,5m de largura, que se expande em algumas angulações, criando espaços mais amplos. Quatro dos cinco acessos são acessíveis segundo normas de acessibilidades da norma brasileira (ABNT, 2020), e o quinto sendo por escadas. Na maior altura que a passarela alcança, de 10m em relação à rua, é proposto um mirante. A intenção com o novo elemento no fundo de vale foi criar um percurso que estendesse o uso do passeio público da marginal e que trouxesse diferentes recortes em diferentes escalas das paisagens presentes ali.

Paisagem Verde Próximo

cadas o cortam transversalmente. A passarela foi implantada um pouco acima do chão e foi pensada a partir dos espaços restantes entre as arbóreas, visando um fluxo que enfatize as potencialidades oferecidas pela paisagem do fundo de vale. Sob as árvores existentes, e buscando uma intervenção mínima na topografia original, as plataformas de concreto, parte engastadas, parte em balanço, formam espaços de descanso criando recortes nos jardins do terreno, que funcionam como pequenos oásis sombreados entre os jardins. A passarela é o elemento que amarra o terreno ao bairro e a marginal, e por onde se dá a acessibilidade aos patamares. Seguindo as normas brasileiras de acessibilidade (ABNT, 2020), toda a passarela, assim como as escadarias, tem corrimão e guarda-corpo. Toda estrutura é metálica, buscando trazer leveza, e manter a escala do projeto próxima ao solo, para não se sobrepor sobre a volumetria dos jardins com herbáceas.

Primeiramente foi elaborada uma dinâmica de volumes de espécies para o plantio. A metodologia foi inspirada na de Piet Oudolf e seus jardins naturalistas. As espécies foram separadas em 4 grupos: de capins volumosos mais altos, médios, rasteiras e as atrativas. Assim foram selecionadas espécies de porte que se encaixavam nessas volumetrias, variando de 15 cm de altura até 120 cm. Para selecionar as espécies foi feita uma listagem de um repertório próprio para pleno sol e de solo seco ou sazonal. Em um segundo momento foram categorizadas por seu porte e floração. Além disso, dentre as várias espécies levantadas com potencial para o projeto, foram priorizadas as já observadas em São Carlos e nos próprios levantamentos feitos na primeira etapa desse trabalho, totalizando ao final 14 espécies para o projeto. Dessas, pelo menos 3 crescem espontaneamente na malha urbana (Cerrado espontâneo). Para o plantio foi pensando um Cerrado que se revela com sua beleza ao caminhar pela passarela e patamares. O desenho foi proposto em manchas que seriam executadas por estaquia e semeadura direta. As manchas trazem mais dinamismo ao desenho, distanciando-se da ideia de canteiros e se incorporando na paisagem.

volumosas: capins mais altos arbustivas e herbáceas de porte médio rasteiras

Arachis pintoi Krapov. & W.C.Greg. Amendoim-rasteiro-do-campo e Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers Schizachyrium condenFlor de São João satum (Kunth) Nees Capim rabo-de-burro Commelina erecta L. Erva-de-santa-Luzia e Parinari obtusifolia Hook.f. Fruta-de-ema

Perspectiva no caminho a passarela

1. CAPINS VOLUMOSOS Capins mais altos da composição, perenes, apresentam texturas variadas e alta densidade

Imperata brasiliensis Trin. Sapé

Imperata brasiliensis Trin. Sapé

Achyrocline satureioides (Lam.) DC Macela-do-campo

Schizachyrium condensatum (Kunth) Nees Capim rabo-de-burro

2. ARBUSTIVAS MÉDIAS Arbustivas e herbáceas com porte um pouco menor, que fazem a transição entre os capins mais altos e as plantas rasteiras, dissolvendo a vegetação.

Parinari obtusifolia Hook.f. Fruta-de-ema

Commelina erecta L. Erva-de-santa-Luzia

4. RASTERIAS

3. ATRATIVAS São as plantas com algum apecto visual atrativo, como florações de cores marcantes. São distribuídas entre os capins e outros arbustos trazendo mais dinâmica para a composição.

Lessingianthus brevifolius (Less.) H.Rob. Alecrim-do-campo

Bidens gardneri Baker Picão

espécies encontradas durante os levantamentos fotográficos do presente trabalho

estações chuvosas

Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers Flor de São João

Arachis pintoi Krapov. & W.C.Greg. Amendoim-rasteiro-do-campo

N Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston Capim vermelho

Lessingianthus brevifolius (Less.) H.Rob. Alecrim-do-campo Chresta sphaerocephala DC. Chapéu-de-couro

Achyrocline satureioides (Lam.) DC Macela-do-campo

Salvia minarum Briq. Sálvia-azul-de-minas

Ipomoea argentea Meisn. Jalapa

Salvia minarum Briq. Sálvia-azul-de-minas Ipomoea argentea Meisn. Jalapa Bidens gardneri Baker Picão

1.

3.

2.

4.

Planta e Plantio com distribuição deatrativas

As plantas rasteiras funcionam como transição para elementos contruídos como a calçada, dissolvendo o aspecto de borda com a vegetação mais alta.

Chresta sphaerocephala DC. Chapéu-de-couro

Grazielia intermedia (DC.) R.M.King & H.Rob.

Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston Capim vermelho

Planta e Plantio por manchas

te no terreno. Aqui a expressão “Cerrado Espontâneo” ganha um novo valor. As herbáceas espontâneas são implantadas revelando uma exuberância até então dispersa e desvalorizada no meio urbano. Juntamente com o uso de uma vegetação já ensaiada em outros projetos como os de Mariana Siqueira (BOKOS, 2017), os jardins ganham volume e beleza e expressam uma nova forma de Cerrado na malha urbana: o “Cerrado revelado”.

N Ensaio de volumetria da vegetação

SAZONALIDADE

O Cerrado tem sua sazonalidade marcada principalmente por duas épocas, a chuvosa, no verão e também a primavera; e a seca, no inverno e também outono. A maior parte das espécies selecionadas para o projeto sofrem alterações visíveis em sua estética ao longo dessas estações (chuvosa e seca), fazendo com que o jardim se transforme constantemente ao longo do ano, revelando a sazonalidade do bioma. Esse processo de transformação faz parte de uma estética necessária (e ainda) a ser assimilada pela população. A ideia é mostrar que “o jardim seco” é belo também.

estações secas

arbóreas de dossel mais alto ao fundo do terreno

terreno: 2.888,00 m2

Córrego

caminho por passarela


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