Revista PopUp! - Comic Con 2016

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Festa Estranha, com gente esquisita

Fizemos uma visita ao maior e mais aguardado evento de cultura pop da América Latina

H

á 2 anos, a Comic Con brasileira é realizada na cidade São Paulo e traz uma gama de atrações relacionadas a séries, quadrinhos, cinema, games e música. A edição da CCXP do ano passado aconteceu em novembro e foi a que alcançou o maior número de público, com 192 mil pessoas. A PopUp! marcou presença e conversou com uma galera que estava por lá. Confira as entrevistas e nossa galeria de fotos. TEXTO E DIAGRAMAÇÃO: MARIA BEATRIZ DOS REIS

Dilson Siud, 27 anos, músico

[PopUp!] - Qual foi o momento mais marcante? Por quê? - Assim como em 2015, acredito que é possível dizer que a presença do Frank Miller é o ponto alto do evento. Um dos maiores escritores de HQ da história veio ao nosso país, mesmo num estado de saúde debilitado, para participar de painéis e atender aos fãs. Isso, por si só, já faz com que a feira tenha valido a pena. Porém, infelizmente, não consegui senha em nenhum dos anos para vê-lo e pegar um autógrafo. Então, para mim, em 2016, o momento mais marcante foi a dobradinha de painéis de Bill Sienkiewicz e Brian Azzarello, respectivamente lendários desenhista e roteirista, ambos vencedores do Eisner Award (o “Oscar dos Quadrinhos”), que sentaram com a galera no Auditório Prime, responderam perguntas, falaram de suas carreiras

e deram dicas para artistas iniciantes. O Bill até desenhou lá. Poder ver o mais respeitado ilustrador da Elektra desenhando na sua frente é uma experiência única.

[PopUp!] - Como fã, qual a importância desse evento para você? - Quem é brasileiro sabe o quão caro custa ir para uma Comic-Con nos EUA. Até 2014, sequer sonhávamos com a possibilidade de um evento de tamanha magnitude nas nossas terras. Até quando anunciaram, eu achei que ia ser um evento mornão cheio de Youtubers, porém, posso dizer que nunca fui tão feliz em quebrar a cara. Portanto, a importância de um evento como esse no Brasil é a de nos aproximar dos nossos ídolos estrangeiros (e brasileiros também), que teríamos pouca ou nenhuma chance de conhecer e conversar em outro lugar, mesmo que por poucos minutos. Além disso, a interação com os estandes, lojas e outros fãs, é divertida e inspiradora, pois você sabe que qualquer uma dentre aquelas milhares de pessoas está tão feliz e emocionado quanto você. É realmente um evento de “padrão gringo”, aqui pertinho da gente.

[PopUp!] - Você desenvolve algum trabalho relacionado à esse evento? Se sim, pode falar um pouco sobre? - Sim! Porém, não é diretamente relacionado com a Comic Con. Eu sou colunista de um site chamado Terra dos Coquinhos, e escrevi resenhas dos dois painéis que comentei nas perguntas

Foto: Dilson Siud

[PopUp!] - Essa foi sua primeira Comic Con? Se não, o que essa teve de melhor/pior em relação às outras? - Não, fui em 2015 também. Eu não vi a primeira, de 2014, mas posso afirmar que o evento aumentou muito do ano passado para cá, provavelmente pelo fato das reformas do Expo São Paulo (espaço onde acontece a CCXP) estarem num estágio bem mais avançado. Em 2015, a reforma atrapalhou muito, tivemos que andar por pedaços irregulares e cheios de terra até chegar dentro da exposição (imagine os cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção). A falta de espaço também deixou muita coisa apertada e tomando espaço de outros estandes.

Esse de marrom é o Dilson. Na CCXP do ano passado, ele conheceu o Affonso Solano , criador do podcast Matando Robôs Gigantes

acima. Como os painéis tem lugares limitados, achamos interessante anotar tudo para que, quem não conseguiu lugar no auditório (ou mesmo não foi ao evento), pudesse aproveitar também um pouco das palavras de dois grandes mestres do universo da nona arte.

Você encontra as resenhas escritas pelo Dilson nos links abaixo: -> terradoscoquinhos.wordpress. com/2016/12/19/bill-siekiewicz-ccxp/ -> terradoscoquinhos.wordpress. com/2016/12/24/azzarello-ccxp2016/


Bruno Soares, 22 anos, e Daniel Batista, 21 anos - estudantes de design, quadrinistas e ilustradores

[PopUp!] - Como foi a concepção do grupo? Quando e por que? [Daniel Batista] - Ah, pelo que eu me lembro, a ideia de fazer o grupo foi meio que junta. E não duvido nada que outras pessoas que tenham passado pela faculdade não tenham pensado em criar algo que juntasse o interesse de fazer quadrinhos ou animação com o curso. Só que nunca havia sido realmente criado até então. Foi assim que a gente se juntou e começou a idealizar o grupo para que a galera botasse fé que o GAS iria rolar de fato. Aí, desde que começaram os encontros coletivos lá por novembro de 2015, a vontade de continuar com o GAS só aumenta. [PopUp!] - Como surgiu a ideia de se inscrever para o Artists’ Alley? Como foi o processo até a confirmação de que vocês realmente teriam uma mesa lá? [Bruno Soares] - Quando as inscrições para as mesas do Artists’ Alley da CCXP abriram, lá pro começo de 2016, a gente ficou animado e pensamos que seria uma boa oportunidade para divulgar nosso grupo e nosso trabalho. A gente não esperava ter muitas chances no meio de tantos nomes fortes do quadrinho brasileiro, mas acabamos sendo selecionados. Isso nos motivou a produzir nossas duas coletâneas do GAS (“A Última Vez” e “Reviver”) e tornou possível que o Daniel lançasse seu quadrinho autoral por lá também, o “Beabá”. [PopUp!] - Quais foram as experiências mais marcantes? [Bruno Soares] - Pra mim, a experiência mais marcante foi poder conhecer outros artistas que também estavam com mesa. Acredito que por ser difícil viver de quadrinhos no Brasil, existe uma união entre os artistas e um respeito mútuo. Eu senti isso lá. Poder se sentir parte desse meio é bem legal e animador.

[Daniel Batista] - Olha, lançar minha primeira HQ, por si só, já é demais, mas lançar num evento que junta os artistas e quadrinistas do Brasil que você tanto admira e que te inspiram foi foda! Lá, a gente vê as pessoas por trás da obra, que eles têm uma história além daquela contada num gibi e que eles estão no mesmo barco que você, lutando de alguma forma para que o quadrinho brasileiro aconteça. E ele está acontecendo! Eventos como esse só tendem a solidificar esse mercado de quadrinhos que existe mas que ainda tem seus desafios pela frente.

[PopUp!] - Como profissionais desse ramo, de que forma vocês acham que a participação na Comic Con vai acrescentar para o trabalho que produzem? [Bruno Soares] - Acho que nossa estreia no Artists’ Alley foi importante para mostrarmos o que nós fazemos aqui para novas pessoas e, aos poucos, conquistar nosso espaço em futuros eventos. E, também, conhecer o que outros artistas estão produzindo, que a cada ano parece aumentar mais, isso nos motiva a criar e lançar nossos próprios materiais em eventos. [Daniel Batista] - É bem isso! Conhecer novas pessoas, artistas, o público, qual o foco do evento com esse público e quem sabe abrir novos eventos a partir dessa participação. Só que, apesar de estar atento ao que acontece na CCXP, não será a mesma coisa que no outro grande evento de quadrinhos que acontecerá esse ano, o FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), por exemplo. A CCXP é só mais uma faceta do que a gente vai conhecer pela frente, mas já foi uma grande e ótima experiência.

Foto: Daniel Batista

Os meninos são membros do Grupo de Artes Sequênciais (GAS) e estiveram presentes na Artists’ Alley da CCXP, que é um espaço para que quadrinistas independentes e artistas que atuam nas grandes editoras possam interagir com o público e vender prints, sketchbooks, artes originais e outros materiais.

Na foto, Daniel (esquerda) e Bruno (direita) um dia antes da abertura da CCXP 2016. Você pode conferir o trabalho deles e do GAS pelo Facebook: fb.com/nankineater fb.com/betoeabahq fb.com/gasunesp

A Comic Con Expe rience 2017 acontecerá entre os dias 7 e 10 de dezembro em Sã o Paulo, e contará, pela primei ra vez com a edição chamada CC XP Tour Nordeste, que será realiza da em Pernambuco entre os di as 13 e 16 de abril desse ano, no Centro de Convenções de Pern ambuco.


Galeria N

ossa equipe contou com a ajuda do Matheus Araújo, 20 anos e futuro jornalista, para a produção da galeria. Ele foi em um dos dias do evento e também comentou um pouco sobre essa experiência:

“Acho que o mais marcante foi quando entrei lá no primeiro dia, porque me dei conta da grandiosidade do evento, com todos os estandes, etc. Um evento desse é importante por dar certa visibilidade para a cultura geek. Claro que algumas coisas já estão consolidadas, como a Marvel e DC, essas empresas mais conhecidas, mas a Comic Con traz uma variedade de recursos para o público. Eles destinaram um grande espaço para os artistas brasileiros, por exemplo, dando visibilidade para os cartunistas e HQs do nosso país. Em um evento desse porte, muita gente aparece, porque ele é destinado a todo mundo. Tinha desde idosos à crianças, de fãs querendo ver algum painel específico à cosplayers querendo mostrar seu trabalho. Então eu acredito que esse evento é uma união de vários grupos sociais também.”

O Espaço

O comentário geral em relação ao local onde a CCXP acontece foi de que melhorou muito em comparação ao ano passado. A área ocupada era de 100.000 metros quadrados, ultrapassando muitas outras edições ao redor do mundo, inclusive a de San Diego, nos Estados Unidos.

As Action Figures Estas são Action Figures, réplicas de atores e personagens do cinema e da cultura nerd hiper-realistas e hiper-caras, voltadas para o mercado de colecionadores. A Comic Con é uma vitrine que aproxima as empresas que fabricam esses produtos do seu público.


Trajes oficiais

Os Cavaleiros do Zodíaco

Arrow

Power Rangers

Star Wars

Mulher Maravilha

Cosplays E é claro que a galera que é fã aproveita para se vestir igual aos seus heróis ou vilões favoritos. Vale personagens de filmes, séries, quadrinhos e até games. Algumas fantasias são mais simples, outras mais elaboradas, o importante é entrar no personagem e se divertir!

Convidados Os artistas convidados também são um ponto alto do evento. Ano passado, foram recebidos: os elencos de Sense 8, Shadowhunters e 3%, Neil Patrick, Frank Miller, Milla Jovovich, Adam Nimoy, Evanna Lynch, Mark Pellegrino, entre outros.

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Frank Miller, autor e ilustrador de HQs


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