Grátis // Quinta-feira, 11 de Agosto de 2016 // Número 0 // Directora: Samira Pereira
Mindel Summer Jazz
B.Leza Jazz de Tchitche
O Tríptico de Tchalé Figueira
Cachupa Road Rota Gastronómica
Vila Leopoldina Um projecto Allmedia da O2
Editorial Em Agosto a Morabeza espalha-se nas ruas da cidade que se divide em duas épocas distintas: antes d’festival (a.f.) e depois d’ festival (d.f). A primeira é uma correria contra o sono; invertem-se as rotinas e o mar da Laginha torna-se embalo para o descanso merecido de quem está a viver em pleno o Agosto em Mindelo. Durante este mês celebram-se casamentos, reúnem-se as famílias, os amigos e os amores de verão preenchem os espíritos livres e jovens. Matança d’Tchuk, caminhada, passeio, Jazz, rabecada, tocatinas, exposições, teatro, artesanato, debates, livros, festas de branco, de azul, de casamento, de baptizado, boi d’horta, surf, encomenda de terra para
Índice
levar lembranças para as terras onde as nossas saudades vivem. É tanto o frenesim que ver bô oiá que tudo isso
4 Avé Cesária de Manuel Brito Semedo
acontece apenas em quinze dias: d.f. a cidade entra
7 Fora de Casa: São Pedro
numa ressaca profunda, numa doce saudade à espera do
9 Vox Pop
mundo que sobe ao palco em Setembro.
10 Nominous de Vasco Martins
Samira Pereira
12 Shopping 13 O Tríptico literário de Tchalé Figueira
Ficha Técnica Propriedade e Edição O2, Lda. Coordenação de Projecto PENÉLOPE DE MELO Gestor de conteúdos SUZY ANDRADE
15 Morada que vamos perdendo de Celeste Fortes AGENDA CULTURAL DESTACÁVEL 20 Canhão de Boca representa Cabo Verde 21 Novos Crioulos: Juliette Brinkmann 22 Pela Noite Dentro: As noites na Casa Branca do Alto Doca 24 B.Leza Jazz, de Tchitche - Quebrando Tabús
Designer REVAN ALMEIDA
25 A música como instrumento de intervenção social
Gestor Comercial HIPÓLITO RAMOS
26 Na rota da cachupa guisada
Gestor Financeiro ALDINA SIMÃO
28 Skate: Surf sob rodas
Office Manager VANISIA FORTES
27 Um dia perfeito de João Branco 29 FAVA - Verão com arte na ALAIM 34 Vila Leopoldina - Samira Pereira
+238 356 39 96 +238 987 47 14 marialeopoldinacv@gmail.com vilaleopoldinacv Esta publicação não está conforme o novo acordo ortográfico, respeitando assim os textos de autor.
Avé
Cesária
Cesária Évora (São Vicente, 27.Agosto.1941 –
Passada essa fase difícil e com o propósito
17.Dezembro.2011) é, sem dúvida, a cantora
de a ajudar monetariamente, o Club Derby,
cabo-verdiana
reconhecimento
numa iniciativa do treinador Lalela e com o
internacional de toda a história da música popular
envolvimento do músico e compositor Ti Goi,
cabo-verdiana.
organizou um Sarau Cultural, onde se deu o
de
maior
Por estar essencialmente relacionada com a morna, Cesária Évora foi denominada pelos seus fãs como a “rainha da morna”. Por outro lado, a sua forma de se apresentar nos palcos, sem sapatos, fez com que ficasse conhecida como a “diva dos pés descalços”. Cize,
como
era
conhecida
da jovem e promissora cantora Fantcha. Em 1985, foi escolhida pela Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) como uma das quatro artistas a figurar no álbum “Mudjer”, uma compilação especial com intérpretes cabo-verdianas. Na sequência, encorajada
pelos
amigos,
começou a cantar, desde muito cedo. Aos 16 anos já cantava em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais, ganhou maior notoriedade.
por Bana (cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar, actuando em Portugal. José da Silva, um cabo-verdiano de São Vicente radicado em França e que viria a tornar-se no seu manager, persuadiu-a a ir para Paris e, lá, acabou por
Aos vinte anos, trabalhou como cantora para
gravar um novo álbum, em 1988, intitulado
os navios do Congelo, recebendo conforme
“La diva aux pied nus”. O álbum foi aclamado
as actuações que fazia. Em 1975, frustrada
pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do
por questões pessoais e financeiras, aliado à
seu segundo álbum, “Miss Perfumado”, em
dificuldade económica e política do jovem país,
1992. Cesária tornou-se, assim, uma estrela
deixou de cantar. Durante esse período, que se
internacional aos 47 anos de idade.
prolongou por dez anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo.
4
reaparecimento da Cize e foi feito o lançamento
Em 2004, Cesária Évora conquistou o prémio Grammy de “melhor álbum de world music contemporânea”. Em 2006, por ocasião do 31.º Aniversário da Independência de Cabo Verde, Cize foi condecorada pelo Presidente da República Pedro Pires com a 1.ª Classe da Medalha do Vulcão. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, distinguiu-a, em 2009, Cultura francesa Christine Albanel. Em Dezembro de 2010, no Rio de Janeiro, o Presidente Lula da Silva condecorou-a
fonte facebok
com a medalha da Legião de Honra, entregue pela Ministra da
com a medalha de Ordem do Mérito Cultural 2010. Aos 70 anos, depois de sucessivos problemas de saúde, Cesária decide, em Setembro de 2011, terminar a sua carreira. Morreu três meses mais tarde, no dia 17 de Dezembro de 2011. Manuel Brito Semedo
5
6
São Pedro é uma vila pequena mas cheia de encantos que começam pela extensa praia de areal branco e águas turquesas, visível pelas fotografias captadas pelas lentes do fotógrafo Zé Pereira.
Sao Pedro O Paraíso de águas turquesas
A vida agitada da cidade pede, por vezes,
Saindo da praia, o cheiro inebriante a moreia frita chama os visitantes às casas de pasto no interior da Vila. Estas casas de pasto oferecem também frutos do mar e outras iguarias d’terra (e d’mar) nos seus menus.
P.R.A.I.A. Isto é parar, respirar, andar, imaginar e
Em Santo André, do lado oposto da vila, encontra-
acalmar longe de casa. E nada melhor do que a
se o restaurante Santo André que apresenta
vila piscatória de São Pedro, localizada a 7 km da
um cardápio de fusão com especiarias do
cidade do Mindelo.
mediterrâneo e toques africanos.
São Pedro é uma vila pequena mas cheia de
Para dormir destacam-se o Resort Hotel Foya
encantos que começam pela extensa praia de
Branca com vista para a praia e o Aquiles Eco
areal branco e águas turquesas, visível pelas
Hotel localizado na vila a poucos metros da praia
fotografias captadas pelas lentes do fotógrafo Zé
de São Pedro com uma traça arquitectónica única.
Pereira. A praia de Santo André e o vento característico
O programa em São Pedro não termina por
da localidade fazem a delícia dos amantes do
aqui, pois a extensa praia convida os visitantes
windsurf. Depois do mar e surf é chegada a vez do
para assistir a um pôr do sol encantador. Numa
paladar. No coração da praia é possível descobrir
harmonia entre o barulho das ondas, o voar dos
deliciosas iguarias, no quiosque situado no areal,
pássaros e a areia que veste as cores do sol.
de diferentes sabores a peixe e frutos do mar, ze pereira
onde as lulas se destacam.
7
p o P x Vo
Acredita que Mindelo é realmente a capital da Cultura de Cabo Verde? A cidade do Mindelo foi eleita em 2002, pela Assembleia geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, UCCLA, a Capital Lusófona da Cultura. Porém, no país, a questão divide opiniões. A Vila Leopoldina saiu à rua para saber o que pensam os mindelenses.
“Acredito
que
Mindelo,
pela
história
que
carrega, pelas manifestações culturais que lhe são reconhecidas, tanto a nível nacional, como internacional, sempre foi, e ainda é, a capital da Cultura das ilhas”.
Brígida Morais “Mindelo já teve o estatuto de “Capital da Cultura”. Mas, sem sombra de dúvidas, que pela diversidade e criatividade que existe em São Vicente, Mindelo é a capital cultural de Cabo Verde.”
Luís Silva “Afirmar que somos a Capital da Cultura pode gerar controvérsia. Porque, de um lado está Mindelo, com história e diversidade de actividades, ainda que sem financiamentos, e, do outro lado temos a Praia com todas as condições económicas para despoletar. A par disso, acho que Mindelo é uma
Samuel Santos
cidade cultural de referência internacional.”
9
“Nominous”Vasco Martins o mistério do solistício
Vasco Martins prepara-se para lançar o seu
Harmonia que encontra no som das ondas do mar,
novo trabalho discográfico, Nominous. Um disco
no cantar dos pássaros e no sopro do vento.
com dez faixas musicais, compostas a partir de sintetizadores, percussão e algumas vozes.
Com uma planilha musical vasta, que vai desde
Nominous começou a ser gerado há dois anos, depois do músico ter avistado um fenômeno luminoso no céu. Vasco conta que a 21 de Junho de 2014, viu 12 feixes de luz, com as tonalidades azul, branco e vermelho, desafiando as leis da gravidade. Isto é, chegavam da direção sudoeste
a música tradicional cabo-verdiana à sinfônica, passando pelos sintetizadores, jazz, vários foram os instrumentos que por suas mãos passaram. No entanto, Vasco não esconde a sua paixão pelo piano solo, instrumento que admite lhe proporcionar maior margem de expressão.
e punham-se atrás do Monte Goa, em Ribeira de Além de músico, Vasco Martins é também poeta,
Calhau, de forma horizontal.
coordenador do Centro de Estudos da Morna, Por não saber explicar o que viu, procurou nos
membro da direção da Orquestra Clássica do
sintetizadores os timbres ideais que transmitissem
Centro em Lisboa. Quanto à pessoa, por detrás
aquele
usa
do “mestre do som”, acredita não haver distinção.
sintetizadores para expressar tudo o que é mítico,
Isto porque, nas suas “músicas está a essência de
mágico e transcendente. Isso acaba por traduzir o
um ser humano que tenta ser elegante com a vida,
nome do álbum, inspirado no inglês.
honesto e intelectual com o passar pelo traço de
fenômeno.
Vasco
explica
que
um sonho”, que é como caracteriza a vida. Dos vales da Ribeira de Calhau, Nominous viajou para os Estados Unidos, onde foi produzido. De volta à terra onde foi gerado, para uma pré-estreia, em finais de Julho. Segue depois para a grande apresentação no palco da 32ª edição do festival de música da Baía das Gatas, que já acolheu o músico por 15 vezes. Este álbum não é o único, dos 25 lançados, a brotar da natureza. Vasco confidencia que “vai buscar” à natureza uma ligação e harmonia com o universo que não encontra dentro de casa. 10
AKUABA África | Cabo Verde . raízes
Pub
exposição arte africana
14 Julho . 14 Set. 2016 M_EIA . CNAD . Alternativa galeria
Design & impressão: Lab. Artes Digitais - M_EIA JULHO 2016
11
M_EIA
Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura
AKUABA gallery
Fantasias nas leituras de Verão E porque o verão, para muitos, é a altura ideal para se pôr a leitura em dia, na praia, debaixo de
Shopping
uma árvore no campo, ou deitado na rede, junto à varanda, a Vila Leopoldina e a Livraria Semente deixam-lhe aqui uma série de sugestões de livros a não perder. Embarque numa viagem de amor, fantasia, afecto, e, claro, muitas aventuras.
Meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos
A viagem começa sentada ao pé de uma laranjeira no “Meu pé de laranja lima” do escritor brasileiro José Mauro de Vasconcelos. Uma história de um menino pobre, que muito cedo descobriu a dor. Os pais na ânsia de superarem as dificuldades financeiras deram mais importância à sobrevivência do que transmitir carinho e afeto ao menino, até que este decide fugir de casa. Entre o desalento da vida, encontra no mundo imaginário, o escape para a realidade que vivia. O seu confidente era um pé de laranja lima, a quem chamou de “Xururuca”, um amigo a quem revelava todos os seus sonhos e desejos...
O monte dos vendavais de Emily Bronte
Por
entre
montes
e
vales
também
acontecem
romances. “O monte dos vendavais”, romance de Emily Bronte é mais uma aposta para uma paixão de verão. Deambulando pelas estradas e vales de um amor proibido, “O monte dos vendavais”, espelhado na sociedade inglesa provou ser um dos clássicos mais duradouros da literatura britânica.
O Mar na Lajinha de Germano Almeida
Com os pés fincados na areia ou ao compasso do bater das ondas, Germano Almeida convida-nos a um encontro intimista e a um banho de mar na Laginha. Para nos deliciarmos nas águas quase sempre calmas e apetecíveis, onde se fazem confidências, se repetem brincadeiras, se embalam sonhos, se desfazem lágrimas. Um livro intenso, a desfolhar num só fôlego. 12
O Tríptico literário de Tchalé Figueira Tchalé Figueira conhecido pelas suas obras
Por fim, uma novela, “Solitudes Blues”. Nesta
plásticas, prepara-se para lançar um tríptico
Novela um “Mulato um aventureiro crioulo,
literário, no próximo dia 11 de Agosto no Centro
menino de Soncente
Nacional de Artesanato. Três livros escritos entre
tentativas e de ver recusado exílio político em
2015 e 2016 que segundo o autor brotaram do
Roterdão, opta pelo o crime e torna-se num
amor.
dos maiores gangster da Holanda. Isto depois
Natural da ilha do Monte Cara, Figueira vive na
de casar com uma puta, que ele como chulo
Capital do país desde 2013, embora sempre
explora.”
depois de várias
tenha descartado tal opção na sua vida. Contudo movido pela paixão pela actual esposa e musa
Esta novela não surgiu do acaso, resultou
inspiradora, o artista plástico, aventurou-se para
em parte da vivência do autor em Roterdão
a “turbulenta capital”.
nos anos 70, aliado a um pouco de ficção.
Durante estes três anos, Tchalé Figueira pintou dezenas de quadros, escreveu poesia e fez intervenções de cariz social e político na rede social do Facebook. Sobrou ainda tempo para
Com tantas histórias, caminhos e percursos, o Tchalé Figueira alerta aos leitores que qualquer semelhança com personagens reais, é mera coincidência.
escrever estes três livros, que o autor tira agora do forno. Entre os livros está o “Moro nesta ilha há mais de cinquenta anos”. Um trabalho que resulta de uma colectânea de treze contos, nas “quais dois são talvez de uma profundidade poética e filosófica sobre a existência e condição humana. Os outros 11 são contos entre o burlesco e o sobrenatural, estórias que escutei na minha infância e tornei numa ficção ou mitologia pessoal”. O
segundo
livro,
“Uma
Pequena
Odisseia
Mindelense” retrata uma viagem de um “velho poeta e professor que depois de viver no estrangeiro regressa a Mindelo e numa bela manhã escaldante, já velho e decadente, tem a incumbência de ir da sua velha casa em Fonte de Inês ao mercado de peixe comprar um atum e enviá-lo à Praia no navio Sotavento” .
13
14
Crónica A ausência da cidadania patrimonial entre os sanvicentinos Morada que vamos perdendo
Um passeio pelo centro histórico do Mindelo é,
Assim, esta cidadania patrimonial deve ser
a par de outros pretextos, um convite para uma
encarada como um mecanismo de resistência
indagação sobre que projetos o poder político
contra as lógicas de determinação deste destino
local e nacional e a sociedade sanvicentina
patrimonial que são estabelecidas de cima,
têm para a “Morada”.
isto é, pelas instituições politicas municipais e governamentais. Poder-se-ia ou dever-se-
Direcionando a questão para a sociedade civil - numa nação onde o exercício da cidadania, a vários níveis, não é incentivado, enquanto recurso para uma efetiva participação no curso da vida do país - podemos, facilmente, chegar à constatação de que são poucos os sanvicentimos que fazem uma apropriação
ia esperar que os projetos de transformação do centro histórico fossem geradores de conflitos entre os fazedores das políticas urbanísticas, arquitectónicas e patrimoniais e os seus habitantes e utilizadores. Mas, as manifestações são, na sua maioria, tímidas e pouco participadas.
participada da nossa morada. Em decorrência desta construção não inclusiva Assim, não se pode negar a realidade de
e dialógica temos, também, uma sociedade
que grande parte de nós - isto é, habitantes
vítima e cúmplice de um projeto de construção
e aqueles que não vivendo lá, dependem do
de
centro para as suas actividades profissionais
patrimonial. A morada que nos habita apaga-
e lúdicas - temos uma relação resignada
se diante dos nossos olhos, todos os dias. A
e apática no que toca à sua defesa e
morada que habitamos está historicamente
conservação enquanto lugar património.
esvaziada.
Passamos e frequentamos espaços e edifícios, mas deles não temos conhecimento detalhado da sua biografia e das suas funções históricas. Face a muitos projetos de destruição do nosso
uma
cidade
onde
reina
a
amnésia
Celeste Fortes Antropóloga, PhD, Ativista Cultural
património edificado, falta-nos o exercício daquilo que podemos chamar de cidadania patrimonial, que poderá ser entendida enquanto dinâmica de resistência, empreendida pela sociedade civil, diante daqueles que detêm os recursos e poder para traçar, desenhar, projetar e executar os projetos e o destino patrimonial, urbanístico e arquitetónico do centro histórico.
15
Canhão de Boca representa Cabo Verde Canhão de Boca, do realizador Ângelo Lopes é o projecto vencedor do Programa CPLP Audiovisual. O documentário, realizado no Mindelo, Praia e Guiné-Bissau, produzido por Samira Pereira, encontra-se em fase de finalização, conforme a data estabelecida pelo programa. Segundo o realizador, “Canhão de boca pretende sintonizar a frequência de duas vozes divergentes sobre a utopia da liberdade, da experiência cabo-verdiana, mas com olhar sobre o mundo. O documentário propõe a criação de um programa de rádio ficcionado, cujos convidados são entrevistados a partir do questionamento intemporal da liberdade.” O documentário conta com a participação de Amélia Araújo, Rosário Luz, Nuno Andrade Ferreira, entre outros. A estreia está marcada para o primeiro trimestre de 2017 em simultâneo em todas a televisões publicas dos paísesmembros da CPLP.
16
Agenda Cultural Sabia que.... A Montra d’ Djibla é a Agenda Cultural mais antiga do país?
Agenda Cultural
Cultura & Comunicação
Novos Crioulos “O meu coração bate ao som dos ritmos de Cabo Verde”
J
uliette Brinkmann, “Julie”, é uma fotógrafa
O cheiro de e cada lugar, música por todos os
alemã, de 54 anos, que há cinco anos, por
lados, simpatia, a mentalidade das pessoas,
motivos de saúde, viu-se obrigada a trocar a sua
os projectos fotográficos, aprender crioulo com
terra natal por Cabo Verde.
as músicas cantadas por Cesária Évora, que
Tudo começou há dez anos atrás, quando o clima frio da Alemanha tornou-se no seu maior inimigo, quando desenvolveu uma alergia ao frio devido
conheceu em Berlim, são marcas que guarda com carinho, dos primeiros tempos da terra que “avistou do céu”.
Julie conta que, na altura, o
De regresso a Berlim, abriu uma geladaria,
seu corpo paralisou e passou a viver à base de
trabalhava durante o verão e “fugia” para o sol
injeções, até ser aconselhada por um médico a
nas épocas frias. Uma situação prolongada por
viver num país onde o sol brilhasse durante todo
mais de cinco anos, até fixar residência e trabalhar
o ano.
como guia turística na cidade do Mindelo. A cidade
ao reumatismo.
Então, procurou no mapa um lugar ao sol, um país com “sol, mar, paz e t r a n q u i l i d a d e ” . Uma t are fa á rd u a , confessa, pois embora
alguns possuíssem tais condições, pecavam por descriminar mulheres ou pelos conflitos religiosos. Decidiu fazer um pequeno tour e durante a travessia avistou das janelas do avião, a milhas
que faz bater o “seu coração, ora aos ritmos do Hip-Hop, ora aos ritmos da morna”. Relembra o que ficou para trás, sem arrependimentos. “Cabo Verde devolveu-me saúde, posso andar, ir à praia, vivo e sou feliz”.
de distância dos seus pés, pontos desconhecidos no mar. Eram dez grãozinhos de terra, era Cabo Verde. Curiosa, questionou os amigos,
mas,
assim como ela, ninguém sabia de que lugar se tratava. Pesquisou na internet, comprou p a s s a g e m e v e i o a C a b o Ve r d e . P o r detrás daquela viagem, muito mais do que curiosidade, estava à procura de saúde e bem estar.
Juliette Brinkmann 21
As noites na Casa Branca no Alto Doca
PELA
NOITE
DENTRO
No Alto Doca, na antiga vila Santa Filomena,
Este é o horário mais calmo e descontraído
encontra-se o Martini Sunset. Um bar lounge
do Martini, propício para casais e amigos que
que convida as pessoas a desfrutarem de
queiram fugir do barulho da cidade. No Alto
um pôr-do-sol excepcional acompanhado de
Doca, na antiga vila Santa Filomena, encontra-
um cocktail, aperitivo e uma boa companhia.
se o Martini Sunset. Um bar lounge que convida as pessoas a desfrutarem de um pôr-do-sol excepcional
Martini Sunset, a casa branca no Alto Doca,
acompanhado
de
um
cocktail,
aperitivo e uma boa companhia.
tem uma localização privilegiada na ilha. Tem
22
à sua frente a Baia do Porto Grande, o Monte
E porque as noites do Mindelo são famosas pela
Cara e o Ilhéu dos Pássaros. “Abaixo de
grande animação, após as 22h, a casa branca
seus pés”, o estaleiro Naval, Doca. Do Lado
é entregue a um DJ convidado, por noite. Um
esquerdo contempla-se, ao longe, a cidade
ambiente disco dance que se prolonga até às 2h
do Mindelo.
da manhã.
A casa branca abre-se ao público a partir das
Aos finais de semana, acontecem sempre
17h, mesmo a tempo de apreciar a beleza do
eventos temáticos organizados pela empresa de
pôr-do-sol. Segue mais tarde, às 20h, o jantar
moda e eventos, Flash SP. A casa branca do Alto
confeccionado pelas mãos do chefe Lamine.
Doca, Martini Sunset, foi inaugurada em Julho e
Um serviço prestado pelo restaurante Palm.
promete ser a sensação do verão 2016.
B.Leza, Jazz de Tchitche – Quebrando tabus
J
azz, B.Leza de Tchitche é como se intitula o
“Sofri censura da comunicação social e da
novo trabalho fotográfico de nu artístico do
sociedade que me conotava como homossexual
fotógrafo Cecilio Lima “Tchitche”. Um trabalho que
quando fotografava homens. No caso das
resultou numa exposição de dez quadros, que
mulheres era acusado de manter romances
estão patentes no Centro Cultural do Mindelo de 2
secretos com as modelos” e assim passaram
a 9 de Agosto, no âmbito do Mindel Summer Jazz
vinte anos a fotografar o fruto proibido.
2016. A seguir ao Mindel Summer Jazz, a exposição
Tchitche
segue para o Boutique Hotel Prassa 3 onde ficará
cenário e luz natural, embora já tenha
patente até ao dia 31 de Agosto, no âmbito do
realizado
Mindel Summer Jazz 2016.
fechado. Com este trabalho,
A exposição é uma homenagem ao compositor jazzista Beleza, às mulheres e a natureza, num estilo que ainda se mostra sensível em Mindelo, pois as pessoas não estão receptíveis a este tipo de arte.
crença de que fotografar nu é vulgar e pornográfico, ainda que ciente da vulgarização
da
nu, não do nu
estrada, pautando pela ousadia de um jovem
artístico.
certo, o fotojornalismo e o retrato. Os primeiros trabalhos tinham um diferencial, não possuíam rostos. Um acto controverso para quem pretendia ousar, mas justificável pela preservação da mulher que se despia perante uma camera. O que já não acontece no B.Leza Jazz, que embora não revele a identidade, não corta o rosto. Embora quando se refere ao nu, pouco se fala de homens, o fotógrafo tem na gaveta alguns trabalhos feitos com modelos masculinos. Embora com técnicas diferentes, fotografar este género não assusta Tchitche, que revela ter sofrido censura no início de carreira pela sua ousadia.
em
do
como
estúdio
fotógrafo pretende afastar a
Há cerca de vinte anos embrenhou-se nesta
protagonistas, no estilo habitual e considerado
natureza
assim como os demais, o
fotografia
Um mundo que já possuía, em 1995/1997, seus
a
sessões
Este não é entretanto o primeiro nude de Tchitche.
no início de carreira no mundo das imagens.
24
utiliza
A música como instrumento de intervenção social A
orquestra infanto-juvenil Sab Sabim utiliza a
A orquestra, criada em 2007, é composta por
música como meio de intervenção social nos
cerca de quarenta músicos e aprendizes com
bairros de Lombo Tanque e Ribeira d’Craquinha,
idades compreendidas entre os 7 e os 22 anos.
consideradas zonas com certo grau de pobreza e
Para fazer parte do grupo, os monitores exigem
violência. Parte disto, explicado por Dani Santos,
apenas interesse e gosto pela música. Como estilo
pelo facto de muitos pais trabalharem muito, no
musical têm a “música do mundo”. Os alunos têm
mesmo horário, para sustentar os filhos, deixando-
aulas de guitarra , violino , cavaquinho , flauta e
os em casa por sua conta e risco. O que acarreta
percussão, consoante a preferência de cada um.
consequências, por vezes, negativas já que muitos enveredam-se para o mundo do crime e /
Inicialmente a orquestra funcionava apenas no
ou delinquência.
bairro de Lombo Tanque. Entretanto devido a dificuldades de transporte dos alunos de Ribeira
Na tentativa de tentar afastar os jovens daquele
de Craquinha, optou-se então por criar a orquestra
meio
de Ribeira de Craquinha. Quando actuam em
e
oferecer-lhes
uma
ocupação,
os
responsáveis da orquestra decidiram criar “Sab
eventos juntam-se para actuar em conjunto.
Sabim” e mantê-los ocupados. “Oferecendo-lhes uma ocupação, não pensam em fazer besteira”
A Orquestra participa regularmente em várias
acredita Dani Santos professor de guitarra e
actividades e eventos públicos, pelo segundo
violino dos Sab Sabim.
ano consecutivo abriram a Semana do Jazz enquadrada no Festival Mindel Summer Jazz. Visite o Espaço Jovem da Ribeira d’Craquinha e conheça este e outros projectos de intervenção social artística.
25
nA rota da cachupa guisada
É
q uarta-feira. O ponteiro do relógio marca
Para os “ Cavaleiros da Cachupalix”, como
oito horas. Num ponto qualquer da cidade,
os jurados se autodenominam, um prato de
escolhido com antecedência, um grupo de amigos
cachupa deve primar primeiro pela apresentação,
senta-se à volta de uma mesa para uma rodada de
depois pelo cheiro e sabor. Mas, aspectos como
cachupa guisada, acompanhada por um bom café.
o atendimento, a higiene local e o horário de
Esta é Cachupa Road.
funcionamento, também contam para somar pontos.
A iniciativa surgiu há cerca de dois meses, por
Salvador garante que as tascas, bares e
intermédio do veterinário Salvador Mascarenhas.
restaurantes não são alertados de antemão
Frequentemente, convida no mínimo três pessoas,
sobre a avaliação dos “Cachupalix”. No entanto, o
para comporem a mesa de jurados da Cachupa
resultado de cada avaliação é sempre publicado,
Road.
sem compromisso, na página pessoal do facebook
Os encontros acontecem de manhã entre os amigos e convidados de Salvador Mascarenhas.
Além do Dokas Bar, os cavaleiros já testaram os
Neste painel rotativo, Salvador explica que tenta
sabores do Café e Pastelaria Morabeza, da Casa
convidar pessoas diferentes para diversificar as
Café Mindelo, Cafetaria La Pergola, do Ponto de
opiniões e não viciar as avaliações.
Encontro e Ponto Laranja da Enacol.
Estas avaliações acontecem por meio da soma
De referir que a cachupa é um prato típico de Cabo
das votações, que variam entre um (mau) e cinco
Verde, que tem como ingrediente principal o milho.
(excelente). Até ao momento, apenas o Dokas
Para o tornar mais rico, recorre-se geralmente aos
Bar, localizado na Marina do Mindelo, alcançou a
legumes, peixe, carne e enchidos, conforme as
proeza das cinco estrelas.
posses de quem o confecciona.
Para os “ Cavaleiros da Cachupalix”, como os jurados se autodenominam, um prato de cachupa deve primar primeiro pela apresentação, depois pelo cheiro e sabor. Mas, aspectos como o atendimento, a higiene local e o horário de funcionamento, também contam para somar pontos.
26
do veterinário.
Um dia perfeito Depois de um despertar em família, o meu dia
Daí uma visita rápida à sede da
poderia começar bem cedo com uma caminhada
Associação Mindelact, que vem aí mais
pela
uma edição do maior evento teatral
nova
ciclovia-para-caminhantes
que,
na quase absurda originalidade mindelense,
africano!
inventamos para a nossa bela marginal, rumo a Lazareto. Uma vez chegados ao parque desportivo tão bem cuidado, uns exercícios em conversas com o mar, que nos observa, curioso e cheio de preguiça. A perfeição exige que faça o caminho para lá da mesma forma que o fiz para cá.
Entardecemos namorando na e com a Lajinha, ainda espaço para um banho de mar, pois claro. Uma ida ao parque para Isabelar, esse verbo tão presente, praia de cachorro que é a preferida da codê para atirar umas pedras à água, e agora, avó leva as meninas para casa
E assim chego em casa, onde depois de um banho refrescante de água de caneca – Verão oblige – sigo com o pessoal rumo à melhor cachupa da ilha, no Dokas Bar, pois claro.
que a gente vai ensaiar. Ou pensavam que o meu dia perfeito não tinha teatro? Tinha que ter! João Branco
Deliciosa, na dose certa e temperada com aquela vista face to face com a baía do Porto Grande, um relax made in Mindelo como não há outro.
No meu caso, em que o trabalho é sobretudo prazer, passo a tarde entre-meias. Na ALAIM, lá no Alto de Morabeza e no Centro Cultural Português, na morada. Ainda dou uma saltada pelo Mercado Municipal na Rua de Lisboa que do alto da sua varanda interior, nos permite apreciar a mais bela paisagem da urbe: a extraordinária paleta de cores dos produtos que a terra oferece. Um cheiro só suplantado pelo da terra molhada, quando vem aquela chuva malcriada.
27
E T SKA s b roda o s f r Su
“Surfar” sobre rodas ou andar de skate, é uma modalidade
skaters, por possuir um parque de estacionamento com piso adequado para a sua prática.
desportiva que surgiu na Califórnia, Estados Unidos, na década de 60. Este
Um piso adequado para skaters, mas incompatível
desporto tem como objectivo deslizar sobre
para os que lá estacionam os seus carros.
o solo e ultrapassar obstáculos, mantendo o
Isto porque, depois das manobras, às vezes,
equilíbrio sobre uma prancha de quatro rodas.
aparecem pára-brisas quebrados.
Com o formato de uma prancha de surf, mas com rodas e em tamanho bem menor, o Skate surgiu como uma opção para os surfistas na época de
Motivo mais
que suficiente para que Marcos e os outros skaters fossem obrigados a procurar um outro espaço para treinar.
maré baixa. Desde então, a sua prática difundiuse pelo mundo e chegou também ao Mindelo, não
Depois de andarem de bairro em bairro, de
fosse esta uma das cidades mais multiculturais do
estrada em estrada, chegaram à praça do bairro
arquipélago.
de Cruz João Évora. Com a autorização da
Não se conhece a data exata do início desta prática na cidade, mas é certo que o Skate tem ganho cada vez mais adeptos. Entre eles encontramos Marco Almeida, um jovem Mindelense de 18 anos, que seguiu as pisadas do pai.
algumas rampas nesta praça, para tornar “mais desafiadora” a prática da modalidade. Marco não esconde que andar de skate é excitante, e confessa procurar sempre uma
Marco recorda que começou a praticar Skate
manobra “diferente”, imitando grandes nomes da
aos 11 anos, depois de o avô lhe mostrar
modalidade como Luan Gomes, skater brasileiro,
fotografias do pai sobre “as rodas”. O jovem
com quem sonha um dia desfilar numa pista. Um
skater diz que encontrou naquelas fotografias
sonho que considera difícil de concretizar devido à
um incentivo “extra” para aventurar-se nesta
“descriminação” e falta de incentivos para a prática
modalidade. Começou a frequentar a Gare
desta modalidade.
Marítima, 28
edilidade, construíram pequenos obstáculos e
um
espaço
muito
utilizado
por
Infantil FAVA
- Verão com arte na ALAIM
Já é verão, sinónimo de férias prolongadas para
Ligado à dança, do programa consta ainda ballet
os mais pequenos. A pensar nisso, a Academia
criativo, dança contemporânea e Hip- hop, com
de Artes Integradas do Mindelo (ALAIM), abre
os monitores Noelisa Santos, Pirux Miranda e
as portas para acolher o projecto FAVA – Férias,
Witney Inocêncio. Na música, o Mestre Micky
Artes e Verão Alaim. Um pacote que engloba
Lima tem reservado percussão para os mais
nove oficinas teórico-práticas, durante um mês.
pequenos, mas há também aulas de Rap com Rickying, explorando os novos ritmos do
E porque uma arte “não vive” sem as outras, a ALAIM
Rap crioulo, “tão atual na nossa sociedade”.
decidiu integrar várias oficinas, num
projecto multidisciplinar. O projecto, que arrancou a 18 de Julho, e prolonga-se até 18 de Agosto, destina-se a crianças/adolescentes entre os 5 e os 15 anos.
FAVA reserva ainda artes plásticas, nas vertentes reciclagem e criação de brinquedos, cerâmica com a construção e modelagem de vasos, e ainda grafite no papel, a cargo de Irina Fonseca
a
e Billy Wilson. Este último pretende ensinar as
oportunidade de experimentar um “cardápio”
crianças a criarem moldes com lápis e papel.
Durante
as
diversificado:
aulas, teatro
os
alunos
infantil,
vão
com
ter
carácter
criativo e lúdico, para as crianças e teatro
Para o fim, aguarda-se uma feira cultural, com a
juvenil, para os mais crescidos, com enfoque
apresentação dos trabalhos elaborados ao longo
nas questões sociais que têm “preocupado
da oficina, que se pretende inédita pelo facto
a nossa sociedade”, explica Janaína Alves,
das crianças não serem obrigadas a escolher
monitora e coordenadora dos espaços da ALAIM.
uma
modalidade
em
detrimento
de
outra.
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Música ao Vivo Bar Holanda Casa da Morna Hotel Porto Grande Jazzy Bird Nho Djunga Ponto G Prassa 3 Livrarias Centro cultural do Mindelo Nhô Djunga Semente Terra Nova Bibliotecas/Salas de leitura Alliance Française Biblioteca Municipal Centro Cultural Português Polo do Mindelo Mediateca Salas de Espectáculo Academia Jotamonte ALAIM Centro Cultural do Mindelo
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Galerias Alternativa Pont d’Água Ponta d’Praia Art Gallery Zero Point Art Cinema CineClube Uni Mindelo Exposições Centro Cultural do Mindelo Centro Nacional de Artesanato e Design Museu do Mar Núcleo Museológico Cesária Évora Palácio do Povo Quintal das Artes Artesanato Art Cretcheu Akuaba Cap Vert + Art Design Piscinas Aqua Fun Hotel Porto Grande Martini Sunset Ponte d’Água
Infanto Juvenil Brincolândia Parque Infantil Lazareto Parque Infantil Praça Nhô Roque Ensino Artístico ALAIM Atelier Mar Escola Municipal de Música M_EIA Taxis Sr. Cirik (dia) 9875143 Speed (dia) 9978389 Kiki (noite) 9580680 Yannick (noite) 993976 Aluguer de Autocarro 9919146 Hiaces Val 9842472 Aluguer de Autocarro 9919146
003 A Taverna ABC Archote Bettencourt Bettencout Burgo Italiano Canal Club Casa Café Mindelo Chave d’Ouro Chez Loutcha Culumbim D. Domingas Dokas Esplanada Caravela Fund d’Mar Gabilândia
Guidauss Hamburgov Kalimba Kretcheu La Bodeguita La Pergola La Pizza Le Gout Mamma Mia Marina Marina Morabeza Nautilus O Cocktail Palm Pastelaria Algarve Pica-Pau Pont d’Água Porta Azul
Prassa 3 Café Royal Simpático Sissi (ABC) Sodad Web Café
31
32
02 Lda
Arte, Cultura & Comunicação
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Vila Leopoldina Com apenas 80 mil habitantes a cidade do Mindelo
Se para alguns a cidade é criativa e por isso,
consegue ter uma diversidade cultural tão rica
informalmente, a capital cultural do país, para
como qualquer grande metrópole.
outros essa condição faz parte do passado.
A cidade do Mindelo é uma cidade propícia à criatividade. Este ambiente é fruto da sua história, geografia, arquitectura, cultura e, mais esotericamente, fruto de uma áurea mística que faz
O facto é que Capital Cultural é, em rigor, um conceito político usado para promover alguma dinâmica urbana em torno da criação e da cultura de determinada cidade em determinado contexto.
da cidade do Mindelo uma cidade–palco para um
Porém, o capital cultural e criativo mindelense
sem número de manifestações artísticas e culturais
é indiscutível e visível, desde a sua fundação
transversalmente vividas e protagonizadas, quer a
até
nível socioeconómico como a nível geracional.
arquitectura, educação, cidadania, artes plásticas,
hoje,
em
várias
expressões:
literatura,
comunicação, teatro, música, entre outros. Desde a sua fundação, em 1819 com o nome de Vila Leopoldina, Mindelo conhece uma dinâmica
Mindelo apresenta uma agenda criativa non stop
distinta do resto do Arquipélago. Desenvolveu-se
ao longo do ano, onde as manifestações culturais
à volta do Porto Grande desenhando um tecido
que compõem o calendário acontecem devido a
socioeconómico particular que contribuíram para
um empreendimento popular, privado, público,
as características urbanas e cosmopolitas que se
associativo ou individual.
mantêm até hoje. Entende-se, por isso, que há várias forças que tornaram a cidade do Monte Cara propícia a manifestações, movimentos e criações culturais presentes até hoje na cidade e nos mindelenses. A cidade vive dessa herança em (in)constante construção. Mais do que um capital construído é também um capital instruído já que moldou significativamente a forma de ser e estar
O projecto editorial Vila Leopoldina é uma plataforma comum de comunicação cultural allmedia que pretende fornecer informação gratuita, dinâmica e actual, a todos aqueles que vivem e visitam a ilha do Monte Cara. Vila Leopoldina é um convite para que todos, dos 8 aos 80, usufruam da cidade e dos seus (en)cantos.
Mindelense. Este, por sua vez, divide-se entre aquele que continua a reconstruir e a reinventar Mindelo: perpetuando assim a criatividade inata da cidade; e outro que vive de um passado áureo.
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Samira Pereira
Janeiro
Agosto
Festividades Populares de Boas Festas pela
Mindel Summer Jazz
Cidade
Carnaval de Verão
22, Dia do Município
Festival Baía das Gatas
Fevereiro
Setembro
Carnaval
Festival Morna Jazz Open Sandy
Março Mês do Teatro Abril Semana da Juventude 30, Dia Internacional do Jazz
Mindelact – Festival Internacional de Teatro Outubro Oiá – Festival de Cinema Novembro Mês Internacional do Hip Hop
Maio
Expomar
MARDRAMA – Encontro Internacional de
FONARTES – Forúm Nacionalde
Dramaturgos de Língua Portuguesa
Artesanato
Catchupa Factory
FIC – Feira Internacional de Cabo Verde
11, Tributo a Bob Marley
(bianual)
Junho
Dezembro
MOTIM – Mostra de Teatro Infantil
Feira de Artesanato
23, Festas de São João
17, Serenata Cesária Évora
29, Festas de São Pedro
31, Racordai
Julho Kavala Fresk Feastival
31/1 Fogos de Artifício e Baile Popular na Rua de Lisboa
Laginha Summer Fest
Brevemente
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Novembro, mes Internacional do Hip Hop
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produzimos.o2@gmail.com