VHS#17 fanzine | 4ª Edição | Epifania

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VHS#17 é uma fanzine criada por 17 jovens artistas de àreas distintas com o objectivo de responder a vários temas através de uma aproximação multidisciplinar.


ISTO É UMA ESPÉCIE DE ÍNDICE

O QUE É UMA FANZINE/BOX? E A EPIFANIA? O QUE FAZ A VHS? OS VHSIANOS


Fanbox é uma abreviação de fanatic box, mais propriamente da palavra box (caixa) com a sílaba inicial de fanatic. Fanbox é portanto, uma revista caixa editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, onde o conteúdo se encontra dentro de uma caixa surpresa eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder económico do respectivo editor. Engloba todo o tipo de temas, assumindo usualmente, mas não necessariamente, uma determinada postura política, com especial incidência em banda desenhada, ficção científica, poesia, música, feminismo, vegetarianismo, veganismo, cinema, etc. em padrões experimentais.”

“Fanzine é uma abreviação de fanatic magazine, mais propriamente da aglutinação da última sílaba da palavra magazine (revista) com a sílaba inicial de fanatic. Fanzine é portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder económico do respectivo editor. Engloba todo o tipo de temas, assumindo usualmente, mas não necessariamente, uma determinada postura política, com especial incidência em banda desenhada, ficção científica, poesia, música, feminismo, vegetarianismo, veganismo, cinema, etc. em padrões experimentais.”


4ª Edição | 21DEZ12

Epifania | VHS#17

Modo epifanar Itens necessários dendrites, neurotransmissores Propulsão VHS#17 Esta edição dedicamo-nos à epifania a.k.a masturbação mental. Como nos soube mesmo bem, esperamos, honestamente, que a sensação se alastre a seja quem for que, por mero acaso ou porque são nossos amigos e levaram pressão para tal, esteja a ler isto, neste momento. Agradeçam às leis do universo. Hasta la revista, Vhs#17

Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência de algo. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém “encontrou finalmente a última peça do quebracabeças e agora consegue ver a imagem completa”. O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza (este é o uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão “I just had an epiphany”, o que indica que ocorreu um pensamento, naquele instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase sobrenatural).

#O Homem que teve duas na mesma noite” estou no momento do momento antes do momento em que sei o que vou escrever a seguir, e depois pergunto o porquê de toda a lucidez do momento no momento anterior e sufoco, outra vez.



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Francisco Mesquita Moura francisco.mesquitamoura@gmail.com cargocollective.com/franciscomesquitamoura

Epifania | VHS#17

Pandora Entraste naquela imensidão o silêncio ecoou de medo para mim, a mais doce visão amor como se fosse segredo trazias o peso da viagem falaste comigo em tom de ternura adornaste a minha paisagem com uma leve tensão que perdura num ápice és dona de mim o teu olhar é absorvente eu cada vez mais longe do fim sem norte, sul ou poente de repente estás de partida tudo o que pude, tentei e numa acção não reflectida fiquei sem dizer o quanto te amei.


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#pandora, 2012 aguarela s/papel 30 cm. x 40 cm.

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Francisco Ribeiro francis@graphicmonkeys.com francis.graphicmonkeys.com

Epifania | VHS#17

“empty your mind.. be formless. shapeless. like water”

“empty your mind.. be formless. shapeless. like water”

Não vejo fáceis caminhos para a concretização de um verdadeiro estado de Consciencialização. A total compreensão da ‘essência’ pode apenas surgir como uma procura do vazio: a infinidade do tempo e do espaço. ‘Empty Room’ é um ensaio ilustrado sobre a busca da epifania.

As I see no easy path for accomplishing a real consciousness state, the experience of a ‘striking realization’ like this may only come as a search for the empty: the infinity of time and space. ‘Empty Room’ is an illustrated essay about the pursuit of the epiphany.

#empty room, 2012 posca s/papel 25 cm. x 30 cm.



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Adriano Ramos miguel_meskita@hotmail.com cargocollective.com/adriphoto

Epifania | VHS#17

Epifania “Súbita sensação de realização ou compreensão da essência de algo.” Boom Festival 2012 Subitamente a essência de algo foi para mim compreendida. A essência da simplicidade, da felicidade e da harmonia. O sol, a terra e a água. A música, a dança e as cores. As pessoas, os animais e as estrelas.

#untitled, 2012 fotografia 30 cm. x 40 cm.

Lembrou-me dum tempo em que era criança. Já me tinha esquecido, mas agora lembrei de novo essa felicidade simples e perfeita de quem viu as coisas pela primeira vez...


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Epifania | VHS#17


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Epifania | VHS#17


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Mariana Mizarela mizzarela@gmail.com marianamizarela.blogspot.pt

Epifania | VHS#17


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Epifania | VHS#17

Histerismos de algo promissor, Devaneios replectos de ideias De caris avassalador. Busco a peça porèm Fora outrora encontrada Em alguem que por nada procurava. Eureca!!- Afirma entusiasticamente a multidao de ideias. Euforismos e gritos de prazer, Percorrem toda a sala. Num acto colectivo Discursam todavia nao passa De uma fala.


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#o dard, 2012 técnica mista 30 cm. x 30 cm.



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Epifania | VHS#17

#see beyond!, 2012 aguarela e tinta-da-china 29,7 cm. x 42 cm.

Inês Peres inesperesgraphic@gmail.com agnes-peres.tumblr.com

See beyond! Eu estava a dormir na cama do meu namorado e de repente... Olhei para a colcha da cama que tem um padrão de flores mas a única coisa que eu conseguia ver eram caras e mais caras. Todas elas tinham rosas vermelhas como olhos e bocas de folhas verdes. I was in my boyfriend’s bed and suddenly.. I looked at the bedspread that has a flower pattern but the only thing i could see was faces and more faces. All of them where made of red roses eyes and green mouths made of leaves.



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Epifania | VHS#17

Ana Aragão aragao.ana@gmail.com anaaragao.com

#epifania, 2012 caneta sobre papel 29,7 cm. x 42 cm.

Epifania. Caixa de ressonância onde a actualidade da experiência é revelação pura, o inconsciente incomoda a consciência com a súbita aparição de um sentido; sentido que não está na coisa, mas no que a coisa me revela de mim, em espiral. Aqui ao lado, no preto e branco, a epifania ainda/já não é, falta a peça chave que fecha o puzzle em imagem-manifestação. A representação permanece aquém da experiência: ainda bem. Numa frase de um livro, numa música, numa obra de arte, num estado fora de mim, num acto de criação, num afecto ou emoção, sou caixa de ressonância de uma verdade/ vontade essencial qualquer. Ao descascar arqueologicamente a cabeça em busca dessas epifanias, descubro que só há ruínas e fragmentos desconexos, as revelações derraparam no esquecimento porque já não é agora, e o agora é o único lugar onde ecoa.


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Zé Claro zeclaro1964@gmail.com

Epifania | VHS#17


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Pela Sombra, Os vultos paralelos, Os mistérios ocultos, Os fantasmas vagabundos… Encontro sede de viver, A Liberdade de ser muitos No meio de um! Pela Luz, Os corpos esculturais, Os sonhos reais, Os sorrisos contagiantes… Encontro vontade de esconder, A prisão de ser um No meio de muitos! Pessoa, À tua! À nossa! Quantos somos numa vida? … Sou apenas eu!

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It’s Banderas itsbanderas@gmail.com

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Epifania | VHS#17

Webcams & Loneliness Tales of someone who had an epiphany: To drop an almost full frame camera for Photo Booth.


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Cris Santos cristianarsantos@gmail.com cargocollective.com/cristieplaysdesign

Epifania | VHS#17

E quando descobres a essência, a profunda verdade, a invasão é imensa e tudo faz sentido. And when you discover the essence, the profound truth, the invasion is immense and it all makes sense.

#uma epifania em mim 2012, acrílico s/tela 40 cm. x 60 cm.



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Tâmara Alves tamara.alves@rocketmail.com tamaraalves.com f/tamaraalvesartwork

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Dont judge me because im quiet... No one plans a murder out loud.

#quiet, 2012 tinta-da-china s/papel c/ tratamento digital 30 cm. x 40 cm.



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Mariana Baldaia mariana.baldaia@gmail.com marianabaldaia.com behance.net/marianabaldaia

#analfabetos, 2012 fotografia 30 cm. x 40 cm.

O que será um livro se não se sabe ler?



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Francisco Relvas franciscodemourarelvas@gmail.com

Epifania | VHS#17

Lembro-me de te ver a primeira vez, rias-te muito, e falavas bem alto, lembro-me também que nesse dia estava a chover e eu tinha os pés bem molhados, lembro-me de te ver a olhar para os meus pés bem molhados e de ficares bastante preocupada, quase histérica, e isso irritou-me, mas rapidamente passou quando percebeste que eu era um convidado, e os convidados não podem andar ai de pés bem molhados, podem ficar constipados, lembro-me também de me ofereceres algo para comer,

talvez jantar, mas eu rejeitei, preferi olhar para ti enquanto estrangulava o teu mais novo, e depois o teu marido, lembro-me que nessa altura choravas muito, e pareciam mesmo lágrimas de amor pelos teus, e depois deixaste estar, acomodaste, e deixaste estar, ainda tens os pés molhados, disseste quando percebeste que esta era a tua sentença, ainda tens os pés molhados, repetiste pela última vez.

#a mulher que percebeu demasiado cedo , 2012 fotografia p/b 30 cm. x 40 cm.


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Epifania | VHS#17


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Zé Pedro Valente zepvalente@hotmail.com

#sem título, 2012 carvão e lápis s/papel 21 cm. x 29,7 cm.


Epifania como algo divino, de sobrenatural, uma iluminação, uma manifestação de Deus perante o Homem, no fundo algo fora do alcance do homem comum, onde me encontro. Durante dias pensei, procurei, até sonhei e voltei a pensar e apoiado nestes termos e conceitos fui riscando e desenhando. Entre a angustia e o desespero fui desenhando ao acaso e no fundo é esse

acaso que fica, a minha própria procura e no final não houve epifania Um homem anónimo, envolto em mistério, tocado por algo metafisico, talvez até divino, a face iluminada contrasta com a escuridão, o saber e a ignorância em conflito, algo ambíguo que eu nem sei bem o que é. Um anónimo, ou talvez não, no fim até posso ser eu, um auto-re-

trato disfarçado, pois o importante não é o que fica, mas o que vai sendo, a minha própria procura, inconsciente, representada num esquiço livre e despreocupado. “A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são. O essencial na arte é exprimir; o que se exprime não tem importância.” Fernando Pessoa


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Joana Fraga fragateira@gmail.com cargocollective.com/joanafraga

#eu infindo, 2012 fotografia p/b 170 cm. x 70 cm.


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Tomás Gamboa tomas.gamboa@gmail.com soundcloud.com/muteman

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“Quando mergulho contra ela, abruptamente, com violência, quando mergulho nela, profundamente a cara e os braços, nos pavores mortais do seu fogo, ela é então a minha amante, minha cumplice, meu amor... Os meus medos e os meus gritos gemem no seu silêncio e no seu asilo esvanecem. Ela acolhe-me e de novo me deixa partir para outro dez segundos de vida, e depois, retoma-se... e muitas vezes para sempre...”


soundcloud.com/muteman

M U T E M A N


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Gonçalo Campinho goncalocampinho@gmail.com cargocollective.com/goncalocampinho

Epifania | VHS#17

#epifania, 2012 tinta-da-china s/papel 70 cm. x 100 cm.



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Senhor Palomar o.senhor.palomar@gmail.com

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Epifania | VHS#17

Dez depois das duas. De Domingo. A boca seca e o hálito estragado. Ardor. Letargia. Fadiga, sonolência, torpor. Um bocejo. Palpitações. Vómitos, vertigens e visões. Hipersensibilidade. Tonturas. Ansiedade. E no entanto não bebi. Sei que não bebi. Levanto-me cambaleando e arrasto-me ofegante e trôpego até ao lavatório. Água; muita. Podia beber um rio. Um arroto. Dois arrotos. Três. Dos grandes. E soluços. Que prostração de treta. Mergulho num chuveiro quente. Arrepios. Encosto-me à parede, o equilíbrio tarda em vir. Que raio é isto? Ressaca? Mas se eu não bebi... Recupero imagens desfocadas, momentos avulsos e sem ordem aparente. Instantes perdidos, desconexos. Muito pouco mais. Noite normal, nos túneis nada de novo. Gente, música, copos, luzes, ruído, confusão. Amigos. Bastantes. Tudo conforme, propício à embriaguez. Mas não bebo. Divago um pouco, à espera de qualquer coisa. A multidão não entusiasma, longe disso. O homem é, por norma, um bicho feio. São as excepções que valem a pena. Mas excepção não faz regra. Prossigo. Nada. Desânimo. Está tudo cada vez mais na mesma. Alguém grita. Clique. E algo de inesperado acontece: o tempo perde o passo. Tropeça, arrasta-se, estica. O tempo sai do tempo. Goteja hesitante num ritmo irregular, inseguro. Des-

compensado. Um segundo dura cerca de trinta e três minutos e quatro sessenta avos. Talvez mais. O ruído passa a rumor. As pessoas falam mas não se fazem ouvir. A música toca mas não soa. Do rumor resta um murmúrio. O brilho esvanece. A paisagem funde-se num borrão de massas amorfas e indistintas. Sombras e obscuridade. Ao longe alguns clarões. Nevoeiro e rarefacção. Tudo perde nitidez. Mais clarões. Meço o vácuo que permeia cada ciclo de inspiração e expiração. Empurro o sangue duma aurícula para um ventrículo. Acaricio a válvula. Nado com plaquetas. Sou macro no micro. E vice-versa. E ao contrário. De pernas para o ar. Outro clarão. O Clarão. Raio certeiro que rasga o céu escuro da minha incompreensão torpe. A iluminação no seu estado mais puro fulmina precisa o nervo central da minha imprecisa natureza humana. E uma luz cor de eureka afoga os meus sentidos. Um pungente relâmpago de plenitude inunda o meu espírito. A Paz está comigo neste instante infinito. - Percebi. E o nada que é tudo sorri-me um sorriso de deusa. - Como te chamas? – pergunto. - Epifania. A vida começa. Ontem saí para apanhar um pifo. Trouxe uma Epifania. Hoje estou de ressaca.


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Teresinha Adão Fonseca taf@gmail.com taf.com

Epifania | VHS#17


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#os vhsianos

Francisco Mesquita Moura francisco.mesquitamoura@gmail.com cargocollective.com/franciscomesquitamoura

O Francisco diz sempre ter vivido para o desenho, e que daí surgiu tudo o resto. A arquitectura é a sua amante mais

Francisco Ribeiro francis@graphicmonkeys.com francis.graphicmonkeys.com

obsessiva, mas a dedicação de um homem em início de carreira e em dias de crise deve ser repartida pelas alminhas. O desenho, a ilustração, e por vezes alguns rasgos mais plásticos vão

mantendo a chama acesa em dias cinzentos. E dias cinzentos, no Porto há bastantes. Cidade que é um dos seus principais motivos de inspiração e onde tudo se desenha, entre percursos medievais, encostas de casas de pedra até

Francis vem de uma geração inspirada pela falta de facilitismos. Com um background pouco provável, estudou cinema, especializou-se em multimédia, mas cada vez mais se identifica com a arte e

o design. Acredita que há lutas que merecem ser travadas e que ainda há muito a fazer futuro. Ambiciona explorar diferentes métodos, escolas e técnicas de criação visual, do digital até ao analógico —

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ao rio, telhados, amigos, mundos imaginários em rabiscos feitos em toalhas de mesa de cafés. A coisa que mais gosta de fazer é pensar com o lápis na mão, e assim pretende continuar a desenvolver todo o seu trabalho.

uma constante procura de várias interepretações entre a libertação criativa do séc. XX e dos vários ‘trends’ gráficos que surgiram nos últimos tempos.


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Adriano Ramos miguel_meskita@hotmail.com cargocollective.com/adriphoto

Partilho o nome com ilustres figuras tais como o meu bisavõ, o lendário Imperador Romano, ou então o clássico e popular macaco televisivo que fez companhia a muitas famílias portuguesas nos

#os vhsianos

domingos á tarde dos anos 90. Nasci (colheita 86) e vivi no Porto, cidade que amo incondicionalmente, e sim, que mesmo apesar da crise “Sr. Coelho”, não pretendo abandonar, nem que reduzam os salários para 43 cêntimos/ hora. Sou um daqueles normalmente rotulados de comunas ao

estilo diácono de remédios, e embora tenha um ódio de estimação por quase toda a classe política, abriria de bom grado as portas de minha casa para dar uma sopinha ao Sr. Aníbal, pois parece que a reforma não lhe chega. Acredito que só o bom senso poderá salvar a humanidade e esse consegue-se

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através de conhecimento e esse através de experiência e não através daquela caixa quadrada que passamos tanto tempo a olhar. Descobri que pensar por mim próprio é bem mais interessante do que caminhar com a manada e portanto caminho este mundo disposto a partilhar com quem esteja interessado. A arte é um mero veículo para outras realidades subjectivas que povoam a minha mente e espírito, do qual escolho “fazer vida”.

Mariana Mizarela mizzarela@gmail.com marianamizarela.blogspot.pt

Mariana Mizarela nasceu em 1987 no Porto. Atualmente vive e trabalha em Lisboa na Associação Artística Artinpark. Licenciou-se em Artes Plásticas na Escola Superior Artística do Porto (ESAP). Atualmente desenvolve tese de Mestrado em Ilustração Artística. Participou em diversas exposições coletivas no Porto e em Lisboa e

agora inicia novos projetos por Barcelona. O seu trabalho debruça-se sobre as questões de género. O uso do corpo veicula uma ideia de libertação enquanto simbolo abolidor hegemónico. As suas colagens evidenciam fortes signos iconográficos de caracter sexista, social e político, recuando especialmente

à era da segunda grande guerra. Retira imagens das suas revistas e jornais antigos como uma passagem para épocas passadas, encontrando aí novas histórias. Essas histórias de forma humorística refletem sátiras políticas, apelando assim para uma libertação identitária.


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Inês Peres inesperesgraphic@gmail.com agnes-peres.tumblr.com

#os vhsianos

Nasci no Porto, no dia 7 de Agosto de 1988 e desde sempre fui fascinada por todas as formas e meios de expressão artística. Licenciei-me em Design Gráfico na ESAD e posteriormente fiz um mestrado em Ilustração no IDEP em Barcelona, cidade que influenciou e inspirou bastante o meu percurso. Agora preencho as horas do meu dia a trabalhar como freelancer e a participar em feiras, exposições, concursos, publicações independentes e projectos coletivos de intervenção ou inovadores para tentar não perder a esperança e crescer no meu país e lá fora. Sou demasiado sonhadora e para mim é essencial estar sempre a viajar pois permite-me criar os meus mundos imaginários com

diversidade e influências culturais. Todas as minhas ilustrações são emocões, sonhos, reflexões e ideologias libertadas para o papel e para todos os suportes existentes com diferentes materiais. Sempre abstracto, experimental

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e nunca real, sempre muito preto no branco ou muito colorido. Uma dualidade interior que faz parte de todos nós. O pormenor e a quantidade infinita das linhas pretas ou a complexidade, alegria das cores, os momentos negros e coloridos da minha vida.

Ana Aragão aragao.ana@gmail.com anaaragao.com

Porto, 1984 Arquitecta de formação, acredita que os seus verdadeiros projectos de arquitectura são aqueles que surgem nos desenhos. Apaixonada por cidades e obcecada com o pormenor, o seu imaginário é feito de paisagens encavalitadas, casas indisciplinadas, perspectivas improváveis, estruturas rizomáticas. Vive entre o surrealismo, o escheriano, o naif, o poético e o universal; os seus heróis de cabeceira são Quino, Hopper, Saramago, Borges, Calvino e outros dos quais se vai lembrando quando a sua péssima

memória deixa. Tem um fascínio por mapas, não sabe bem porquê. Ou até sabe: “It’s not down on any map, true places never are” (Herman Melville). A pilot e a tinta acrílica têm-na acompanhado fielmente, mas admite outras viagens. As suas anagrafias exigem a demora e deriva do olhar, num permanente zoom-in zoom-out, entre o detalhe infímo e a forma que contém. São paisagens afectivas e emocionais; psicogeografias, invariavelmente. Páginas de um livro de viajante que imagina, os

seus desenhos são um elogio à memória, essa máquina falível que dá origem a todos os desenhos possíveis. Não só o tempo é anacrónico, como também o espaço: simulacro milimetricamente hierarquizado da confusão. Porque

a chegada ao destino nunca é fácil: as portas ficam penduradas, as torres crescem tortas; cada cidade é uma anatomia com um código genético irrepetível e um coração dividido.


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#os vhsianos

Epifania | VHS#17

Zé Claro zeclaro1964@gmail.com

Nasceu no Porto em 1964. Fruto de um médico e de uma artista plástica, cresceu no seio de uma família de classe média, trabalhadora mas totalmente disfuncional. Frequentou o Colégio das Caldinhas e, mais tarde, formou-se em Filosofia pela Universidade de Coimbra. É professor num estabelecimento de Ensino Secundário Público. Cara vincada e tez pálida, alto, com cabelo grisalho e extrema magreza. É divorciado, mulherengo, libertino e pouco comunicativo, que em nada melhora a relação com os seus três filhos. Deambula rotineiramente entre Bibliotecas, o Café Central e umas certas casas de Fado. De semblante sempre carregado de uma vida de frustrações e “fantasmas”, refugia-se no fundo de um copo, dando liberdade a todo o seu Existencialismo através de uma poesia popular. E assim vai indo…

It’s Banderas itsbanderas@gmail.com

Dita o bom senso que ignorar certas inivitabilidades da vida é um exercício punk e infantil, além de ser altamente indigno de um cidadão exemplar - principalmente quando se trata de um oriundo da Lusitânia. E como os portugueses

são, segundo um ministro auditor nos tempos livres, o melhor povo do mundo, senti de imediato o peso da responsabilidade a pisarme os ombros. Para terem uma noção, no momento em que escrevi isto, as minhas glândulas sudoríparas estavam em loop devido ao meu desespero em provar que estou

à altura de enfrentar os desafios que considero menos agradáveis, tais como pagar o IRS e escrever biografias. Portanto, cá vai o resultado do meu esforço: Costumo andar pelas coordenadas N 41º14.7800/ W 8º 60.6530 mas, honestamente, preferia que acabassem em 9 ou 2, porque li no horóscopo que esses eram os

meus números da sorte (essênciais para maximizar o meu potencial de conquista). Como não tenho meios económicos para me mudar para um local mais auspicioso, resta-me deixar um apelo: se tiverem o número da Maya a jeito, arranjem-me isso por favor, porque eu gostava de saber se ela faz equivalências nessa matéria. Assim, eu mantinha o número 0 nas coordenadas (correspondente a 3 dias de azar por semana) e ela arranjava-me sorte para um 5. Caso isso não me garanta uma potente aura sexual, estou disposta a trocá-la pela garantia de imunidade a caca de gaivota durante um período mínimo de 10 anos.


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#os vhsianos

Tâmara Alves tamara.alves@rocketmail.com tamaraalves.com f/tamaraalvesartwork

Cris Santos cristianarsantos@gmail.com cargocollective.com/cristieplaysdesign

Nasci a 10 de Fevereiro de 1987 e desde sempre adoro desenhar, em todo o lado, de qualquer jeito! Licenciei-me em Design Gráfico na ESAD – Matosinhos, e fiz intercambio através do programa Erasmus em Barcelona, na Escola

Epifania | VHS#17

de disseny BAU. Morei 2 anos no Rio de Janeiro onde trabalhei para uma agência e também como freelancer, hoje divido o meu trabalho entre Portugal e Brasil. Amanhã não sei onde vou estar.

Licenciou-se em Artes Plásticas na ESAD (Escola Superior de Artes e Design) nas Caldas da Rainha, em 2006, e fez o Mestrado em Prácticas Artísticas Contemporâneas na Faculdade de Belas Artes do Porto. O seu trabalho apresenta uma linguagem plástica inspirada na vivência urbana. Utilizando suportes com características multifacetadas – da pintura, à ilustração, da instalação à performance. Tâmara interessa-se por uma arte “contextual”, que se insere no mundo, abandonando lugares comuns

como museus ou galerias, para apresentar as suas obras na rua ou em espaços públicos. Com notórias alusões à arte do graffiti, o seu trabalho desconstrói os signos, retirando o significado e abrindo possibilidades de impacto estético e social. Desde 2000 que participa em vários projectos e exposições individuais e colectivas, tais como o evento showcase Swatch MTV Playground 2009, Pampero Public Art 2010, a Quarta Pata 2011, Lá Vai Ela de Mala Posta 2012, Tornado 2012, entre outros.


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Mariana Baldaia mariana.baldaia@gmail.com marianabaldaia.com f/marianabaldaia behance.net/marianabaldaia

Nasceu em 1985 em Alcabideque e vive no Porto desde 1986. Formada em Design Gráfico pela Escola Superior de Artes e Design - Matosinhos, 2009, apaixonada pela fotografia e com um caso sério com a ilustração - neste momento a concluir o mestrado em Ilustração pela Escola Superior Artística do Porto - Guimarães.

#os vhsianos

Em todo o seu trabalho, reflecte-se o design como base, a fotografia aparece nos enquadramentos que cria tanto nos flyers, como nos cartazes e mesmo na ilustração. A ilustração é um embrião em desenvolvimento. Actualmente trabalha como freelancer - o quanto a “deixam” - e a tempo inteiro - o quanto lhe sobra - trabalha para concursos e projectos pessoais de forma a não ser engolida pela monotonia do estado actual dos artistas.

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Francisco Relvas franciscodemourarelvas@gmail.com

Desde que me lembro que filmo com os olhos e faço outras coisas também (mas sem dúvida que filmar com os olhos foi a coisa mais importante que me aconteceu) Por causa disso, aprendi a ver coisas, escrever, ver filmes, tirar fotografias, recordar com muito mais precisão, e fazer ainda mais

coisas que nunca tinha feito e que nunca tinha ponderado em fazer. E, tudo isto porque filmo com olhos, imagine-se! (e porque licenciei-me em Som e Imagem, e mais tarde, conclui o mestrado em Cinema e Televisão, na Universidade Católica)


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Zé Pedro Valente zepvalente@hotmail.com

#os vhsianos

Indeciso, preguiçoso, demorado, indisciplinado, desorganizado, atrasado, sem-carta-de-condução,

perfeccionista, obcecado, (acho que tá tudo, diz a Maria!). É sempre difícil falar de nos próprios,

Joana Fraga fragateira@gmail.com cargocollective.com/joanafraga

Joana Fraga fragateira@gmail.com cargocollective.com/joanafraga

16, Janeiro 1986 De origens Douriense, nasci e vivo no Porto. Apesar da formação em design gráfico, é nas artes plásticas que me identifico e me exprimo. Fotografia, fotocópias, tintas e pinceis são os materiais essenciais para o meu trabalho no qual utilizo o preto e o branco, a desconstrução e a deformação do corpo humano e justaposições inesperadas como a base das minhas criações. Será o Surrealismo o movimento que mais me inspira, não pela sua loucura mas sim pela sua liberdade de imaginação.

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por isso nada melhor que pedir a quem nos conhece bem para o fazer. Claro que o nada do que foi dito em cima é verdade e é categoricamente desmentido pelo visado, que se considera trabalhador, curioso, divertido, pacífico, benfiquista (do contra portanto), mas acima de tudo boa pessoa. José Pedro Valente nasce em 1986 no Porto, cidade onde vive desde sempre, inicia o curso de arquitectura em 2005 na ESAP, donde guarda boas recordações mas acima de tudo muitos amigos, alguns deles presentes nesta mesma edição e pelos quais nutre uma grande admiração. Em 2008 muda-se para a Faup onde se encontra neste momento a realizar a tese de Mestrado. Durante os últimos anos tem vindo a participar em alguns concursos de arquitectura nacionais e internacionais, quer a título particular ou em colaboração com outros escritórios. Apesar de ter uma relação amoródio com o desenho (são mais as folhas rasgadas e os lápis partidos do que os desenhos guardados), o desenho desde sempre esteve presente na sua vida, desde os desenhos mais inocentes da infância, em fiéis representações dos seus ídolos da altura (como as tartarugas ninjas, que ironicamente tinham os nome dos artistas renascentistas, ou o Cláudio Caniggia) até aos desenhos de régua e esquadro impostos pelo rigor da arquitectura. Ultimamente utiliza o desenho mais como uma ferramenta de trabalho, refém da disciplina de projecto, mas é o desenho livre e sem obrigações que mais lhe dá prazer.


4ª Edição | 21DEZ12

Tomás Gamboa tomas.gamboa@gmail.com soundcloud.com/muteman

Chamo-me Tomás Gamboa. Tenho 25 anos. Moro no Porto. O

Gonçalo Campinho goncalocampinho@gmail.com cargocollective.com/goncalocampinho

Nascido em 1986, começa a ter alguma percepção da realidade em meados dos anos noventa em que as lembranças dessa altura são pouco mais que penteados feios, alguns legos e um Pop/rock um pouco estranho. Os anos 2000 trouxeram a consciência, a vontade de evoluir e uma primeira perspectiva sobre a sociedade. A primeira década dos 2000 tornou-o Arquitecto, e fê-lo perceber que o mundo não pertence aos mais honrados e capazes, mas sim aos corruptos e bem posicionados. “the survival of the fittest” não passa de um título de um

#os vhsianos

que eu faço...? Olhem, se pudesse não fazia nada do que faço hoje, mas isso fica para depois porque a história agora já é outra. Perguntem-me se também me

show da “national geographic”. Desenvolveu enormes amores e incomensuráveis ódios que fazem com que acredite que existe uma factura a ser paga e em que todos os dias se prepara para o dia da execução. Apesar de tudo, idealmente, revê-se numa sociedade em que a posição deverá ser ocupada por quem melhores condições reúne para tal. Acredita numa realidade onde a competição é o motor da vontade, onde os mercados são livres em oportunidade e em que cada um é responsável por sua própria sorte. Gonçalo Campinho, vai, portanto, continuar a sonhar...

sinto um artista no meio desta fanzine? Sim. Artista/Músico? Correcto. Principalmente sou um amante e apaixonado por aquelas pequenas partículas atmosféricas que nos criam como que pressão nos nossos tímpanos, e nos transmitem sensações excitantes pelo corpo! Porque? Lembro-me bem daquela altura em que tivemos que escolher as nossas futuras profissões. Primeiro a área, depois o curso e ainda o ramo. A área foi fácil. Também vai tudo dar ao mesmo. Mas da área para o curso foi difícil. Dentro de mim que o que eu precisava mesmo era de transmitir algo. O quê, nunca soube. Não tinha jeito para a escrita, nem para o desenho. Artes plásticas e tal, só no Natal quando me punham a recortar pinheirinhos

Epifania | VHS#17

para por na arvore. Mas sempre achei que tinha jeito para explicar coisas. Ou então “geekalhisses”. No fundo acreditei que estamos todos cá para tentar passar um pouco de nós e do que queremos aos outros. Oupas então, faculdade será! Som e Imagem. Espectáculo, média de 10 para entrar. Começaram os primeiros passos a criar e a compor música. Quatro anos depois estava em Barcelona a tirar uma pós-graduação em Produção Musical. Uma ano depois continuo a ser produtor de musica electrónica mas já tenho uma editora. Reaktivate Records, sou designer de som freelancer, trabalho para curtas, spots e vídeos e sou um gajo que podem considerar como pórreiro.


4ª Edição | 21DEZ12

#os vhsianos

Senhor Palomar o.senhor.palomar@gmail.com

O Senhor Palomar é um senhor e Palomar é o seu nome. O Senhor Palomar tem um Pai e uma Mãe e uma Irmã e um Irmão. A Mãe e a Irmã são senhoras. O Pai e o Irmão são senhores. O Pai, a Irmã e o Irmão são Palomar também. A Mãe não. Mas podia. O Senhor Palomar tem um Cão. O Cão do Senhor Palomar tem duas orelhas, quatro patas e uma cauda. O Cão do Senhor Palomar adora perseguir a sua cauda. O Senhor Palomar tem amigas e

Joana Fraga fragateira@gmail.com cargocollective.com/joanafraga

Teresinha Adão Fonseca taf@gmail.com taf.com

TAF, Teresinha Adão da Fonseca, sou eu! Sempre à procura.. do Porto para Lisboa o destino me levou. Por estar difícil chegar até à “sopa” dos artistas lá tive eu de pensar na forma de me sustentar e apresentar o tal papel que só serve para ganhar. Mas o meu coração têm fome e continua a perseguir a Arte com coração. Designer de profissão,

mas fugindo à estagnação, procuro arte em todas as formas de expressão com especial paixão pela Pintura e ilustração. Com interesse pela educação artística, coordeno actualmente em Lisboa um atelier de sensibilização para as artes e sempre que posso participo em iniciativas e exposições.

Epifania | VHS#17

tem amigos. E tem sorte nas amigas e nos amigos que tem. O Senhor Palomar tem virtudes e tem defeitos. Tem dúvidas e tem certezas. O Senhor Palomar tem um trabalho. E tem vários prazeres. O Senhor Palomar tem coisas. E tem caixas para as guardar. O Senhor Palomar tem origem indefinida. Tem, porém, destino certo. O Senhor Palomar tem a sua vida. A partir de agora o Senhor Palomar tem também uma biografia.


4ª Edição | 21DEZ12

#contactos

VHS#17 FANZINE, O que é isto? Uma vez que no Norte a empregabilidade no ramo das artes está em altas, certo dia demos por nós com excesso de tempo livre e pensamos: “Porque não pegar no nosso salário escasso/ inexistente e criar um fanzine que nos dê lucro zero?” E pareceu-nos genial. Somos gente do bem, jovens fruto de uma geração que conseguiu levar a cabo importações tão eclécticas como as comédias românticas de domingo à tarde, os bailes de finalistas, o Halloween, a política neo-liberal americana

VHS#17 Fanzine hello@vhsfanzine f/vhs17fanzine

e iguarias marroquino-colombianas que possibilitam aguentar tudo isto e muito mais. Deste paradigma nascemos nós, oriundos das mais diversas áreas artísticas para, bimensalmente e com a colaboração de diferentes artistas, vos providenciarmos diversas abordagens de uma temática mutável. Hasta la revista (venga la fanzine), VHS#

Epifania | VHS#17



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