Casa Salabert - Reabilitação de Edifícios

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Reabilitação de Edifícios

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2020-21

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

Cícero Victor Duarte Sobreira Gonçalo Mourão de Seixas Silvas Isadora dos Anjos Lustosa Mariana Bernardes Carneiro

201607564 201708412 201607570 201607314


INTRODUÇÃO O caso de estudo é um edifício remanescente da Quinta do Campo Alegre o qual foi utilizado originalmente como casa do guarda da Quinta e passou, na década de 50, a pertencer à Universidade do Porto, sendo usada por último como instalação da FCUP (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto). Após intensas modificações, consistia em um espaço de estudo e pesquisa até a conversão para e-learning café. Sendo assim, esta análise decorre com a intenção de perceber qual era o estado de conservação do edifício antes da intervenção e qual a postura do arquiteto frente ao desafio de resolver as patologias neste processo de reabilitação e de reconfiguração dos espaços e de suas qualidades.


IMPLANTAÇÃO

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CRONOLOGIA Num contexto histórico das ocupações e intervenções no conjunto no qual se insere a Casa Salabert, a Quinta Grande foi adquirida em 1802 por um fabricante de chapéus francês chamado Jean Pierre Salabert e confiscada pelo Estado na sequência das Invasões Francesas. Assim, por volta da Revolução Liberal de 1820 passa para João José da Costa e em seguida, em 1875, João Silva Monteiro compra a propriedade e ordena a demolição da antiga habitação e construção de um palacete, então denominado Quinta do Campo Alegre. Vinte anos depois, o casal João Henrique Andresen e Joana Andresen adquire a quinta, concluindo o projeto de renovação da casa e dos jardins. Neste contexto, a Universidade do Porto, que sofria com falta de espaço para atividades da Faculdade de Ciências, envia ao Ministro da Educação Nacional um pedido para adquirir os espaços da Quinta Grande de “Salabert”, a qual, segundo planejavam, se destinaria ao Jardim Botânico e à instalação de Museus. A compra havia sido aprovada pelo Governo, no entanto permanecia por efetuar em 1943. Desta maneira, em 1944 o Reitor apela ao Presidente da Câmara Municipal do Porto, expondo pormenorizadamente as vantagens da compra e em 1949 a propriedade é adquirida pelo Estado e cedida à Universidade do Porto.


1802

1949

Jean Pierre Salabert, fabricante de chapéus, compra a Quinta Grande (antes pertencente a Ordem de Cristo).

Depois de negociações a Quinta foi comprada pelo Estado e, no ano seguinte, foi entregue a Universidade do Porto, onde passou a receber herbários, a biblioteca e o gabinete.

1931 Ampliação da Casa Salabert e construção da escada exterior.

1875 João da Silva Monteiro compra, demole a habitação original e constrói um palacete.

1925 Construção de uma parede que ruiu.

1820 Confiscada pelo estado, a “Quinta Grande do Salabert” foi comprada por João José da Costa.

1930 1895 João Henrique Andresen e sua mulher Joana concluem a renovação da casa e dos jardins.

CRONOLOGIA

Ampliação da casa do caseiro (Casa Salabert).

1937 Aprovada a aquisição da propriedade pela FCUP.


1931 Ampliação da Casa Salabert e construção da escada exterior.

1925 Construção de uma parede que ruiu.

1937 Aprovada a aquisição da propriedade pela FCUP.

1930 Ampliação da casa do caseiro (Casa Salabert).

CRONOLOGIA detalhe de documentação visual


PRÉ EXISTENTE

A Casa Salabert qualifica-se como uma das primeiras construções no interior da quinta, a qual originou o Jardim Botânico do Porto. Serviu de apoio à Casa Andresen por um período e passou a ser propriedade do Estado Português nos anos 30, já nos anos 50 passou para a Universidade do Porto, posteriormente ocupada pela Faculdade de Ciências. O edifício sofre sucessivas remodelações até chegar ao arquiteto e sua equipa. Encontram um programa que albergava um auditório, espaços de salas e uma garagem, ocupado no período maioritariamente por estudiosos associados à Universidade do Porto. Desta maneira, deparam-se com uma mistura entre edifícios de alvenaria de pedra granito e estruturas de piso e cobertura em madeira, com lajes de betão armado introduzidas posteriormente à construção inicial. O corpo principal é o mais antigo, com forma retangular e composto por dois pisos, parte em madeira e parte em laje de betão armado, possui dimensões de 24,5 x 9,20m2. Este corpo apresenta uma cobertura de quatro águas em madeira e piso também em madeira, associados a ele estão ainda mais três volumes, a nascente, a norte e a poente. Assim, a nascente o corpo atua como um prolongamento do corpo principal, com mesma largura; correspondendo no rés do chão a garagem. O corpo a norte correspondia a um auditório, sala de exposições, em estrutura porticada de betão armado; enquanto o corpo a poente apresentava uma forma trapezoidal com largura e comprimento variáveis.

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primeiro piso

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rés do chão GSEducationalVersion


alçado norte

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ALÇADOS alçado sul ALÇADO SUL

alçado nascente

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rés do chão

ALÇADO NASCENTE

ALÇADO POENTE

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alçado poente


USOS

halls arrumos circulação salas

auditório

garagem sanitários


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PROBLEMAS ARQUITETÓNICOS

primeiro piso

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5 4

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rés do chão

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O edifício pré-existente, resultado de um conjunto de intervenções pouco sensíveis apresentava um conjunto de volumes desconexos e incoerentes: a norte havia o volume do auditório, que apresentava um ligeiro escalonamento, provavelmente resultante da proximidade com o muro limítrofe da Quinta e, juntamente com o grande espaço de arrumo a poente criava tensão

com os elementos circundantes do jardim. Os corpos anexos, portanto,

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além de não corresponderem especialmente às novas funções pretendidas, não apresentavam particular qualidade arquitetônica ou construtiva. O próprio corpo principal se encontrava, entretanto, repartido em seu interior com divisórias de materiais distintos. A entrada principal se fazia pelo lado Sul, virando-se para o jardim, e a relação exterior-interior era mediada por um hall que dava acesso ao recinto da escada e a um estreito corredor que fazia a distribuição para os espaços internos. As salas do corpo principal resultavam pouco iluminadas no rés-do-chão, confinadas que estavam pelos volumes anexos, sendo que a maior delas tinha o piso rebaixado alguns centímetros em relação ao nível dominante, sendo necessá-

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primeiro piso

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rés do chão

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ria a existência de um hall com degraus para a transição de cotas. O piso superior já abrigava salas de trabalho e estudo e usufruía de janelas que admitiam luz e permitiam uma relação visual com o jardim, apesar de não estar devidamente adequado aos parâmetros contemporâneos de conforto e comodidade, tendo em vista o caráter descoordenado das intervenções realizadas. Os espaços contínuos desse piso diferiam em muito do piso abaixo, que acabava por ser mal aproveitado. A circulação vertical feita por uma escada de tiro que se enquadrava num estreito recinto no piso de baixo e dividia a espacialidade do piso de cima.

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9 10

primeiro piso

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rés do chão GSEducationalVersion


PATOLOGIAS A inspeção das patologias deste edificado permitiu uma melhor avaliação do estado de conservação do edifício. Depois de feita uma análise individual dos compartimentos, é feito um estudo global do edifício avaliando as anomalias e de que maneira estas podem se relacionar. Pôde-se constatar, em primeiro lugar, que a estabilidade do edifício não se encontrava em risco, dado o fato de o edificado não apresentar patologias graves a nível estrutural. Sendo assim, diretamente ligado às patologias, foi feito o estudo das causas que originaram estas patologias; deste modo, o conhecimento dos materiais e dos esquemas estruturais, somados aos problemas identificados, permitiu estabelecer uma correlação entre os elementos e de que maneira se deram estes desgastes da obra.


SUJIDADE Interior e exterior apresentavam marcas de sujidade decorrentes de uma manutenção pobre e falta de ventilação.

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VEGETAÇÃO Presença de verdetes nas paredes externas, principalmente nas de sombra e regiões húmidas. Algumas das causas sendo a ação dos agentes atmosféricos e a poluição.

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alçado norte

ALÇADO POENTE

alçado poente

ALÇADO SUL

alçado sul

ALÇADO NASCENTE

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alçado nascente


MANCHAS DE HUMIDADE Em virtude de telhas partidas, intervenções desadequadas e do mau estado das caleiras, rufos e tubos de queda há uma entrada de água pela cobertura. São também observadas manchas decorrentes da água que escorria pelas paredes no exterior e dos ciclos de molhagem/secagem a que a fachada estava sujeita.

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EMPOLAMENTO DO REBOCO Destacamento do estuque e reboco, bem como empolamento e inchaço do mesmo por conta do envelhecimento dos materiais e entrada de água por ascensão capilar.

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DESCASCAMENTO DE TINTA Com particular incidência nos tetos e paredes, pela presença de humidade, o descascamento da pintura era causado pelo natural envelhecimento dos materiais, mas também pela infiltração e ação dos agente atmosféricos e da poluição.

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22 23 primeiro piso

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rés do chão


FISSURAS MENORES Haviam fissuras nos alçados, nomeadamente em janelas nas quais infiltrava água. Também encontradas fissuras em paredes e tetos, mas apenas ao nível das camadas de revestimento, sem afetar estruturas. Isto provinha de movimentos ligeiros da alvenaria - algumas das fissuras podem resultar de intervenções menos cuidadas ou de incompatibilidade de materiais; entrada de água por infiltração e desgaste dos materiais.

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FISSURAS FORTES Nomeadamente ao nível das ligações das paredes de diferentes materiais e no interior de uma janela em uma das salas. Excesso de cargas permanentes e de sobrecargas, intervenções e introdução de materiais novos incompatíveis foram os causadores (as lajes de betão armado deram origem a um acréscimo de cargas que prejudicam o comportamento e durabilidade da construção).

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30 alçado norte

ALÇADO POENTE

alçado poente

ALÇADO SUL

alçado sul

ALÇADO NASCENTE

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alçado nascente


DEGRADAÇÃO DA MADEIRA Observavam-se janelas com degradação generalizada, vigas das estruturas dos pisos e da cobertura degradadas e com presença de agentes biônicos. Ambiente com diversos pontos de humidade, ação dos agentes atmosféricos, falta de manutenção e envelhecimento dos materiais.

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EMPENO DO TETO Devido a cedência dos barrotes que dão apoio ao teto através do envelhecimento dos materiais, houve uma situação de empeno do teto.

42 VIDRO PARTIDO A falta de uma devida manutenção resultou no vidro de uma das janelas a partir-se.

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primeiro piso

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rés do chão

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INTERVENÇÃO O novo edifício, que passou a integrar o e-learning café Jardim Botânico, sob gestão do SASUP (Serviços de Ação Social da Universidade do Porto), passou a incorporar uma série de espaços de estudo abertos à comunidade com o oferecimento de equipamento eletrônico, bem como serviços de apoio ao estudante. Seus espaços foram enormemente alterados para abrigar esses novos usos e responder a uma nova identidade para esse componente do conjunto do Jardim Botânico. A abordagem do arquiteto Nuno Valentim e sua equipa têm sobre o projeto, podemos observar uma abordagem que parte do pré-existente (estruturada em como o edifício se encontrava nos registos de 1925) tentando conservar o mais possível dessa construção original assim como os elementos e materiais construtivos pertencentes à mesma, algo que pode ser observado na sua intervenção sobre a cobertura, onde houve uma tentativa de preservar ao máximo a madeira do pré-existente. Contudo, isso não limitou o projeto a uma reabilitação purista do que era o edifício em um momento específico da sua história. A necessidade de um conjunto de novos elementos para estar a par da legislação, bem como uma atitude crítica em relação à preservação desse patrimônio permitiu uma maior exploração arquitetônica de soluções por parte do arquiteto. Um exemplo disso é o sistema de aquecimento do edifício, implementado para cumprir os níveis de conforto térmico, onde os radiadores são colocados diretamente por baixo das janelas criando uma barreira de calor sobre uma zona termicamente mais frágil da construção, solução esta que podemos observar à do Lycée Français International de Porto, onde é utilizada a mesma abordagem, mostrando que interação que existe entre soluções arquitetônicas de uma reabilitação e de uma obra feita de raiz, acentuado a liberdade criativa do arquiteto em ambas as situações.

PISO 1

primeiro piso

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rés do chão

PISO TÉRREO GSEducationalVersion


ALÇADO NORTE

alçado norte

PISO TÉRREO GSEducationalVersion

ALÇADOS alçado sul ALÇADO SUL

alçado nascente

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ALÇADO NASCENTE

ALÇADO POENTE

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rés do chão

alçado poente


A1

CORTES

A2

A1 B1

B2

A2 B1

B2

P1

telhão de cumeeira (rincão) telha marselha ripado contra-ripado

PERFIL TRANSVERSAL - NASCENTE GSEducationalVersion

corte A1

PERFIL TRANVERSAL - POENTE

corte A2

membrana respirante

estrutura VE1 (ver esquema)

GSEducationalVersion

telhão de beirado forro de madeira

caleira em zinco (ver projecto Rede de DAP)

lã mineral (e=80mm)

0.24

gesso cartonado com lâmina de resistência à difusão de vapor tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento (e=40mm)

argamassa com polímeros armada cornija em pedra (existente)

nova cornija rebocada

tela de sombreamento

caixilharia de guilhotina (existente) portada de madeira (existente)

PERFIL LONGITUDINAL - NORTE

reboco à base de cal

reboco à base de cal

rodapé de madeira (h=0,15m)

rodapé de madeira (h=0,15m)

soalho (novo)

soalho (existente)

corte B1

novo tarugo

estrutura de madeira existente

tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento

portada de madeira nova caixilharia em madeira

GSEducationalVersion

argamassa seca sintética betão leve betonilha armada filme de polietileno poliestireno extrudido telas laje de granito

regularização brita

tubagem frigorígena (AVAC)

soleira em granito laje de granito cubo granito 11x11

0.30

saibro

viroc

sistema de ventilação da base da parede

0.30

PERFIL LONGITUDINAL - SUL

corte B2

PORMENOR TIPO

corte construtivo (com base no corte A2)


P1

P1

P1

P1

telhão de cumeeira (rincão) telha marselha ripado contra-ripado membrana respirante

estrutura VE1 (ver esquema)

telhão de beirado forro de madeira

caleira em zinco (ver projecto Rede de DAP)

lã mineral (e=80mm)

0.24

gesso cartonado com lâmina de resistência à difusão de vapor tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento (e=40mm)

argamassa com polímeros armada cornija em pedra (existente)

nova cornija rebocada

de cumeeira telhão telhão de cumeeira (rincão)(rincão)

tela de sombreamento

caixilharia de guilhotina (existente) portada de madeira (existente)

telha marselha telha marselha reboco à base de cal

reboco à base de cal

rodapé de madeira (h=0,15m)

rodapé de madeira (h=0,15m)

soalho (novo)

soalho (existente)

ripado ripado novo tarugo

estrutura de madeira existente

contra-ripado contra-ripado tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento

membrana membrana respirante respirante

portada de madeira nova caixilharia em madeira

estrutura estrutura VE1 VE1 (ver esquema) (ver esquema)

argamassa seca sintética betão leve betonilha armada filme de polietileno poliestireno extrudido telas laje de granito

regularização

viroc

brita

tubagem frigorígena (AVAC)

soleira em granito laje de granito cubo granito 11x11

estrutura VE1 (ver esquema)

0.30

saibro

sistema de ventilação da base da parede

0.30

PORMENOR TIPO

telhão de beirado forro de madeira forro de madeira

caleira em zinco (ver projecto Rede de DAP) GSEducationalVersion

0.24 0.24

lã mineral lã mineral (e=80mm) (e=80mm) gesso cartonado gesso cartonado com lâmina de resistência à difusão de vapor com lâmina de resistência à difusão de vapor tecto em tecto painéis em painéis de fibras dede fibras madeira de madeira aglomeradas aglomeradas com cimento com cimento (e=40mm) (e=40mm)

forro d

(

0.24

gesso c com lâmina de resistência à difusão d

tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com (

argamassa com polímeros armada cornija em pedra (existente)

nova cornija nova cornija rebocada rebocada

Podemos observar uma reformulação total da cobertura através de uma conjugação entre um reaproveitamento dos materiais pré existentes e uma implementação de tela detela sombreamento de sombreamento novos materiais. Nesse sentido, vemos uma implementação de uma camada de lã mineral para prevenir perdas de calor assim como a colocação de uma membrana rescaixilharia caixilharia de guilhotina de guilhotina (existente) (existente) piratória assim como uma barreira pára vapor de modo portadaportada de madeira de madeira (existente) (existente) a prevenir problemas de ressoados e infiltrações que doutro modo poderia danificar a integridade da mesma tendo em conta da presença elevada de elementos em madeira.

rebocoreboco à base àdebase cal de cal

reboco à base de cal rebocoreboco à base àdebase cal de cal

rodapérodapé de madeira de madeira (h=0,15m) (h=0,15m)

rodapé de madeirarodapérodapé de madeira de madeira (h=0,15m) (h=0,15m) (h=0,15m)

soalho soalho (novo) (novo)

soalho (novo) soalho soalho (existente) (existente)


tela de telasombreamento de sombreamento P1

telhão de cumeeira (rincão) telha marselha ripado contra-ripado membrana respirante

caixilharia caixilharia de guilhotina de guilhotina (existente) (existente)

estrutura VE1 (ver esquema)

tela de sombreamento

telhão de beirado forro de madeira

caleira em zinco (ver projecto Rede de DAP)

lã mineral (e=80mm)

0.24

gesso cartonado com lâmina de resistência à difusão de vapor

portada portada de madeira de madeira (existente) (existente)

tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento (e=40mm)

argamassa com polímeros armada cornija em pedra (existente)

nova cornija rebocada

caixilharia de guilhotina (existente) tela de sombreamento

portada de madeira (existente)

caixilharia de guilhotina (existente) portada de madeira (existente)

reboco à base de cal

reboco à base de cal

rodapé de madeira (h=0,15m)

rodapé de madeira (h=0,15m)

soalho (novo)

soalho (existente)

novo tarugo

estrutura de madeira existente

tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento

portada de madeira nova caixilharia em madeira

argamassa seca sintética betão leve betonilha armada filme de polietileno poliestireno extrudido telas laje de granito

regularização

viroc

brita

tubagem frigorígena (AVAC)

soleira em granito laje de granito cubo granito 11x11

reboco reboco à base à base de calde cal

reboco reboco à base à base de calde cal

rodapé rodapé de madeira de madeira (h=0,15m) (h=0,15m)

rodapé rodapé de madeira de madeira (h=0,15m) (h=0,15m)

soalho (novo) soalho (novo) reboco à base de cal

soalho soalho (existente) (existente) reboco à base de cal

0.30

saibro

sistema de ventilação da base da parede

0.30

PORMENOR TIPO

rodapé de madeira (h=0,15m)

rodapé de madeira (h=0,15m)

soalho (novo)

soalho (existente)

GSEducationalVersion

novonovo tarugo tarugo

estrutura estrutura de madeira de madeira existente existente

novo tarugo

estrutura de madeira existente

tectotecto em painéis em painéis de fibras de fibras de madeira de madeira aglomeradas aglomeradas com com cimento cimento

tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento portada portada de madeira de madeira novanova caixilharia caixilharia em madeira em madeira

portada de madeira nova caixilharia em madeira

Através da análise do corte construtivo podemos visualizar a colocação de uma caixilharia de vidro duplo com o objetivo de garantir ao máximo o conforto térmico, tentando acentuar o mesmo com a colocação de radiadores por baixo das janelas. Neste corte, conseguimos constatar ainda a implementação de alguns elementos técnicos mais mecânicos pedidos pela legislação vigente, como é o caso do sistema de AVAC embutido num teto falso em painéis de fibras de de madeira aglomeradas com cimento, e deixado à vista no piso superior, que serve tanto uma das salas de estudo como toda a zona de pé direito duplo. Para além da colocação de um novo soalho, podemos observar o novo desenho das escadas de acesso, o que levou à necessidade de implementar uma viga “H” metálica para a abertura deste pé direito duplo sobre o espaço assim como a recolocação da já referida escada.

argamassa argamassa seca seca sintética sintética betãobetão leve leve betonilha betonilha armada armada argamassa sintética filmeseca filme de polietileno de polietileno poliestireno poliestireno extrudido extrudido betão leve telas telas betonilha armada soleira soleira em granito em granito


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telhão de cumeeira (rincão) telha marselha ripado contra-ripado membrana respirante

tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento

estrutura VE1 (ver esquema)

telhão de beirado forro de madeira

caleira em zinco (ver projecto Rede de DAP)

lã mineral (e=80mm)

0.24

gesso cartonado com lâmina de resistência à difusão de vapor tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento (e=40mm)

argamassa com polímeros armada cornija em pedra (existente)

nova cornija rebocada

tela de sombreamento

caixilharia de guilhotina (existente)

portada de madeira

portada de madeira (existente)

reboco à base de cal

reboco à base de cal

rodapé de madeira (h=0,15m)

rodapé de madeira (h=0,15m)

soalho (novo)

nova caixilharia em madeira

soalho (existente)

novo tarugo

estrutura de madeira existente

tecto em painéis de fibras de madeira aglomeradas com cimento

portada de madeira nova caixilharia em madeira

argamassa argamassa seca sintética seca sintética

argamassa seca sintética betão leve

argamassa seca sintética

betonilha armada filme de polietileno poliestireno extrudido telas laje de granito

regularização

viroc

brita

tubagem frigorígena (AVAC)

soleira em granito laje de granito

betão betão leve leve

cubo granito 11x11

betão leve

0.30

saibro

sistema de ventilação da base da parede

0.30

betonilha armada betonilha armada

betonilha armada

filme de filme polietileno de polietileno

filme de polietileno

poliestireno extrudido poliestireno extrudido

poliestireno extrudido

PORMENOR TIPO

telas telas viroc viroc

laje de granito tubagem tubagem frigorígena frigorígena (AVAC) (AVAC) saibro GSEducationalVersion

telas soleirasoleira em granito em granito regularização laje delaje granito de granito brita cubo granito cubo granito 11x11 11x11

regularização regularização

viroc

brita brita

tubagem frigorígena (AVAC)

argamassa seca sintética

sistema sistema de ventilação de ventilação da base dada base parede da parede

sistema de ventilação da base da parede

0.30

0.30

0.30

betão leve betonilha armada filme de polietileno poliestireno extrudido telas

0.30 0.30

viroc

regularização brita

tubagem frigorígena (AVAC) PORMENOR TIPO

0.30

soleira em granito laje de granito

0.30

cubo granito 11x11

sistema de ventilação da base da parede

0.30

Em relação aos pavimentos houve um diferente conjunto de intervenções devido ao estado na sua preexistência. Começando pelo piso de entrada, para além de todas as camadas necessárias - como uma de poliestireno extrudido - há uma para permitir a passagem de tubagens dos sistemas mecânicos introduzidos. Foi implementado um diferente acabamento, passando de um acabamento cerâmico para um em argamassa seca sintética. Para além disso, podemos observar uma transição de materiais entre espaços interior e exterior, tendo uma soleira em granito, sucedida de uma laje em granito e terminando em cubos de granito que fazem parte do revestimento do exterior. Transitando para o piso superior, o acabamento foi mantido o mesmo; contudo devido ao estado de degradação o soalho inglês foi refeito. Além disso, foi introduzida uma subestrutura metálica para apoiar o novo elemento da escada, e permitir o novo rasgo no pavimento.


INFRAESTRUTURAS

primeiro piso

rés do chão


USOS PISO 1

primeiro piso

atendimento

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circulação elevador salas área de descanso

sanitários copa

arrumos zona técnica

rés do chão

PISO TÉRREO GSEducationalVersion


SOLUÇÕES ARQUITETÓNICAS

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A proposta de intervenção propõe-se a integrar os elementos construtivos da construção original ao novo programa. Neste projeto, o arquiteto libera os espaços interiores para a integração das diversas salas de estudo, no entanto mantém a estrutura primária de alvenarias bastardas de pedra e estruturas secundárias de madeira em alguns pisos e cobertura. Possibilitando, deste modo, a uma série de ambientes com distintas características arquitetónico-construtivas e com espacialidades que variam segundo elementos da própria pré-existência, resultando em diferentes atmosferas de ocupação. A seguir a uma análise cuidada, re-

move cirurgicamente construções falidas na composição e assume um

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trabalho de reconfiguração das aberturas das fachadas, atitude a qual permitiu que a Casa ganhasse uma relação de proximidade com a envolvente do jardim botânico, relação esta que se perdeu com as consecutivas intervenções no edificado. primeiro piso

PISO 1

rés do chão


Além disto, dá seguimento à inserção de infraestruturas contemporâneas de aquecimento, ventilação, acessibilidade, iluminação e isolamento térmico, respondendo à noção de conforto dos padrões atuais, fator que permitiu uma imediata adesão dos estudantes; o que confirma o impacto da atualização deste espaço e a relevância do novo programa para a comunidade acadêmica.

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rés do chão


COMPARAÇÃO

primeiro piso

PISO 1

PISO 1

PRÉ

PÓS

primeiro piso

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rés do chão

rés do chão GSEducationalVersion

PISO TÉRREO GSEducationalVersion


VERMELHOS E AMARELOS

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Desenhos em vermelho e amarelo explicitam algumas das atitudes principais do projeto, além de revelar algumas de suas principais consequências. Mais claramente percebe-se a demolição dos volumes anexos em amarelo e a definição de um volume principal de geometria mais clara. Com isso, foi preciso redesenhar as fachadas, pelo que o arquiteto projetou novas aberturas e compatibilizou a linguagem de aberturas existentes à do corpo que se manteve. Interessa perceber a demolição apenas parcial do volume anexo nascente (anteriormente garagem) que consiste na redefinição de um contorno que preserva a porção sul, mantendo a escada construída na década de 1930 e estabelecendo uma nova entrada. Além disso, os desenhos da fachada revelam a instalação de novos tubos de queda e de telas sombreamento na fachada sul. No interior, lê-se que duas operações passam a definir a nova espacialidade do edifício: os reposicionamentos da escada e das casas de banho. Esses dois elementos, na planta anterior, se encontravam alinhados no centro de um recinto

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PISO 1

50

primeiro piso

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69.85

69.67

rés do chão

PISO TÉRREO


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retangular definido pelas paredes de pedra do volume mantido, dividindo-o em dois espaços. Já no edifício reabilitado, os sanitários são movidos para o canto desse recinto e a escada, agora com dois lances, movida para o canto oposto. Como resultado, libera-se um espaço que dá origem ao espaço de descanso do rés-do-chão. Este funciona como um espaço de receção, marcado pelo mezanino resultante da demolição da estrutura em betão pré existente, visível no corte. Esses desenhos permitem perceber ain-

da o redesenho das aberturas e divisórias interiores, necessárias às novas funções do e-learning, bem como revestimentos e mobiliário. Vale a pena ressaltar o refazer dos tetos falsos do rés-do-chão, e sua total eliminação do piso 1, complementada pelo assumir das novas infraestruturas, bem como da estrutura de madeira, que combina elementos novos e preexistentes. Por fim, é preciso mencionar a introdução de um elevador para utentes de mobilidade reduzida e o projeto da nova escada que, em uma condição solene de mezanino, assume a forma de uma lampreia escultórica que faz de guarda-corpo do mezanino e sai do edifício por uma janela do primeiro piso, ganhando expressão no volume exterior.

GSEducationalVersion

52

PISO 1

primeiro piso

51 GSEducationalVersion

69.85

69.67

rés do chão

PISO TÉRREO


PERFIL TRANSVERSAL - NASCENTE

corte A1

alçado sul

ALÇADO SUL

PERFIL TRANVERSAL - POENTE

corte A2

GSEducationalVersion

GSEducationalVersion

GSEducationalVersion

ALÇADO NASCENTE

alçado nascente

alçado norte

ALÇADO POENTE

alçado poente

GSEducationalVersion

GSEducationalVersion

PERFIL LONGITUDINAL - NORTE

corte B1

PERFIL LONGITUDINAL - SUL

corte B2


ANÁLISE CRÍTICA A conclusão desse exercício passa por uma reflexão crítica sobre o projeto, informado pelo trabalho anterior de pesquisa. Naturalmente, a questão central parte da decisão estrutural de retornar o edifício ao estado em que se encontrava nos registos da UPorto referentes a 1925, bem como suas nuances e implicações. Essa atitude é por nós entendida pela necessidade de apoiar o projeto em uma parte do edifício que apresenta um particular interesse construtivo e arquitetónico, como já referido em partes anteriores desse trabalho. Esse critério significa, entretanto, que a data de 1925 não configura um marco inflexível da vida do edifício a ser recuperado, mas uma mera referência. Prova disso é que também foi mantida a escada exterior que, tendo sido construída em 1930, acrescenta à qualidade volumétrica no lado sul do edifício. É dessa atitude inicial que, pensamos, surgem outras decisões definidoras do processo. A “limpeza” do edifício de todos os sistemas construtivos pré existentes divergentes da referência utilizada, passou pela demolição da estrutura de betão no interior, o que acarretou uma continuidade entre os dois pisos. O processo da demolição, conclui-se, foi uma ferramenta ativa de projeto. Nesse sentido, o retirar dos tetos falsos pré-existentes pode ter suscitado a ideia de assumir em projeto a estrutura original da cobertura que, combinada com a nova estrutura de madeira, introduz no interior do edifício o tema da convivência entre o velho e o novo. Esse tema, então, perpassa diversos elementos na construção: as aberturas da fachada, as cornijas externas e os frisos internos. Pode-se ler o assumir dessa atitude através do gesto de diferenciar esses elementos novos pintando-os de verde, de forma que a continuidade é


Casa Sophia

garantida apenas pela forma desses elementos. Além da demolição dos anexos, essa atribuição de cor ao edifício resultante, que antes se encontrava a branco, é um dos principais fatores de definição do caráter da reabilitada Casa Salabert. A interpretação desse estudo sobre essa decisão nos leva a crer que essa atitude passa pela integração da construção no conjunto do Jardim. É preciso, na nossa abordagem, remeter à reabilitação da Casa Sophia que passou pela atribuição de uma cor avermelhada ao edifício principal do conjunto em harmonia com o verde predominante do jardim, mas assumindo um destaque em relação a esse “fundo verde”, claramente buscando o protagonismo. Nessa perspectiva, o uso de uma cor verde clara no edifício do e-learning café mantém coerência com a abordagem de uso da cor na Casa Andresen, mas respeita uma certa hierarquia de conjunto. Todavia, a atitude do projetista não passa exclusivamente, a nosso ver, por variações de preservação de um passado virtuoso, ele incorpora arte com a inclusão da Lampreia do escultor Luís Mendonça na escada interior nova, por exemplo. Esse fator está também presente na Casa Sophia com um esqueleto de baleia referente à obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, bem como em outras obras do Arquiteto Nuno Valentim. Usados nos edifícios do Jardim botânico para dar caráter e identidade a espaços centrais, essas peças não só enriquecem o patrimônio no qual se intervém, como promovem uma postura de projeto que não se baseia só na recuperação das identidades pré-existentes, mas assumam a inevitável renovação de iden-


link para a entrevista com Rallyson Nóbrega

tidade ao gesto da reabilitação.

É essa postura, a nosso ver, que explica em parte o assumir das infra estruturas no interior do edifício da Casa Salabert. A preservação do corpo principal em pedra naturalmente implicaria em uma conflituosa inserção das pesadas tubagens de AVAC. Em coerência com a exibição assumida das estruturas do telhado e em vez de esconder as tubagens em paredes falsas, o arquiteto resolve incluir as tubagens na imagem interior do espaço, integrando-as na composição das fachadas internas do Piso 1. De forma a enriquecer nossa perspectiva crítica, ainda, buscamos o testemunho de um ex-utente do espaço. Enquanto colaborador do e-learning café bem como estudante da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, foi possível discutir profundamente com Rallyson Nóbrega questões práticas e de uso das instalações, discussão essa que consta em anexo à entrega desse relatório-apresentação no formato de vídeo. Importa, entretanto, discorrer aqui sobre alguns dos aspectos discutidos. Segundo o entrevistado, o edifício resulta completamente dependente das infraestruturas para a manutenção do conforto térmico. Esse fator, a nosso ver, é um custo necessário assumido pelo arquiteto na atitude de preservação de uma alvenaria original de pedra que, apesar da inércia térmica desse material, não tem capacidade de manter de forma passiva os padrões de conforto atuais. Também a questão acústica se enquadra nessa lógica: segundo Rallyson, a manutenção do piso de madeira no Piso 1 gera um ruído que perturba o uso de estudo. Entretanto, o testemunho recolhido dá notícia de um uso muito bem conseguido em termos gerais. Tanto os espaços interiores quanto os exteriores são bem usufruídos pelos utentes sem


grandes reclamações além das supracitadas com exceção de alguma falta de privacidade na relação entre as casas de banho e o espaço de copa, pois esses espaços são separados apenas por um corredor, sem porta, verificando-se alguma continuidade acústica que pode ser desagradável. Apreciando de forma geral a intervenção, o testemunho de Rallyson alinha-se com aquele que se desenvolveu no grupo desse estudo. De forma geral, a reabilitação da casa Salabert se faz com especial sucesso na transição para um e-learning café, o que se confirma pelo uso assíduo da comunidade (não só acadêmica) dos espaços em questão, além do reconhecimento de instituições de reabilitação e de arquitetura, tendo sido ganhador do Prêmio Nacional de Reabilitação Urbana de 2016 e concorrido ao prêmio Mies Van der Rohe em 2019. Neste sentido, conclui-se com um entendimento do que significa intervir e reabilitar um espaço arquitetónico. Manter o seu caráter original não implica uma inflexibilidade na conformação dos espaços ou na inserção de novas tecnologias. Assim, as qualidades presentes podem ser mantidas e aprimoradas a partir de uma intervenção que assimila a individualidade do que lá existia e, além de integrar-se, constrói uma nova arquitetura naquele sítio.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Gepectrofa - Gabinete de Estudos e Projectos de Engenharia Civil da Trofa, Lda. Casa Salabert - Relatório de Inspeção e Diagnóstico. 2015. VALENTIM, Nuno; CARVALHO, Margarida. REBILITAÇÃO DA CASA SALABERT E SUA ADAPTAÇÃO A E-LEARNING CAFÉ DO JARDIM BOTÂNICO. Relatório de candidatura ao Prémio Nuno Teotónio Pereira. 2016. Nota: Todas as imagens e desenhos deste documento foram retiradas dos relatórios acima, exceto: p. 1, 3, 27, 28, 30, 31: autoria de João Ferrand. Disponível em: https://bit.ly/39Kh07c p. 4, 34 (3º foto): autoria desconhecida. Disponível em: https://bit.ly/3qtLT6D p. 22-25: Imagens e desenhos cedidos pelo arquitecto via e-mail. p. 35: thumbnail do vídeo de entrevista, autoria do grupo. Disponível em: https://bit.ly/3qtYpTU p. 36: imagens da página de Facebook do E-Learning Café Botânico. Disponível em: https://bit.ly/2LJKZnZ


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