mariana netto arquiteta das palavras
portfolio
créditos das fotos: André Hawk
muito prazer, eu sou a Mariana. me formei em arquitetura pela PUC-Rio em julho de 2017 e, com algumas experiências profissionais e acadêmicas na bagagem. trabalhei na Cité Arquitetura por pouco mais de 2 anos, mais especificamente, desenvolvendo os projetos editoriais da Edições Cité. para encontrar equilíbrio durante o processo de pesquisa e escrita do meu trabalho de conclusão de curso, comecei a praticar yoga em 2016. e hoje, a arquitetura, os livros e o yoga são os responsáveis por colocar sorrisos no meu rosto.
´ um pouco da minha historia nasci no dia 10 de julho de 1992, no rio de janeiro, brasil, exatos quinze segundos antes da minha irmã gêmea. estudei na escola britânica dos 3 aos 9 anos, a quem eu devo a base da fluência do meu inglês; depois a vida resolveu me ensinar sobre amadurecimento precoce e expansão de horizontes, então eu fui estudar em uma escola pública, que me fez enxergar o mundo e as pessoas com outros olhos; um ano mais tarde, entrei para o colégio metodista bennett, aonde eu me formei no ensino médio, em dezembro de 2010, e que me trouxe muito mais do que um diploma de formatura, mas a formação do meu caráter. comecei a faculdade de arquitetura na puc-rio logo no início de 2011, porque eu não tinha tempo a perder em direção ao meu futuro (ou assim eu acreditava...). no terceiro semestre, já em 2012, fui convidada para o meu primeiro estágio no escritório ricardo villar arquitetura e urbanismo, onde aprendi as primeiras lições sobre a vida real de um arquiteto, incluindo a árdua tarefa de detalhamento de interiores. no ano seguinte, em 2013, tentei agarrar o mundo com as minhas mãos e a puc até me concedeu uma bolsa por mérito acadêmico. nesse ano, me envolvi em duas pesquisas acadêmicas, uma sobre índices de sustentabilidade e a outra para a produção da bienal de arquitetura de são paulo daquele ano, sob a coordenação da professora ana luiza nobre (uma das curadoras do event), ao mesmo tempo em que eu estagiava parte do dia em um escritório cybele barros arquitetos associados e me esforçava para fazer todos os trabalhos da faculdade com excelência foi nesse ano que eu decidi que o meu aprendizado até então não era o suficiente, eu queria algo mais... queria alçar voos maiores e, em 2014, fui para nova york estudar na parsons the new school for design com uma bolsa do ciência sem fronteiras. passei um ano lá, fiz matérias da graduação e do mestrado, conheci professores que se tornaram meus mestres e amigos, trabalhei pela primeira vez com design no estágio de verão que fiz na brandtworks.inc, onde pude usar os meus interesses de estudos urbanos ao mesmo tempo em que aprendia sobre o desenvolvimento de um aplicativo que conectasse pessoas com pressa a lugares calmos no meio da correria de nova york para a prática de mindfulness. foi graças a esse estágio que eu tive a oportunidade de viajar a são francisco para conhecer a sede da empresa criadora do aplicativo de pagamento por celular square. de volta ao rio, em 2015, fui selecionada para consolidar a área de arquitetura da empresa júnior puc-rio, aonde aprendi sobre empreendedorismo e transdisciplinaridade, algo que eu tinha ouvido falar durante o meu intercâmbio, mas pude aplicar na prática. no segundo semestre desse ano, me inscrevi na matéria de estética, cuja professora, ligia saramago, já me havia sido indicada pelo meu professor de filosofia do bennett, em 2010. a sinergia foi imediata e depois do final do período, me ofereci para ser monitora no semestre seguinte. para o meu espanto, ela não só aceitou como me convidou para ajudá-la na montagem da eletiva espaço e pensamento, que começaria no segundo semestre de 2016. convite aceito, passei a primeira metade de 2016 me dividindo entre as aulas da faculdades, as monitorias de estética e de projeto utópico e as reuniões do grupo de estudos para a eletiva espaço e pensamento. depois das férias de julho, tive a minha primeira experiência como “professora de teoria”, já que eu era responsável por apresentar alguns dos temas escolhidos. foi um aprendizado e tanto, apesar de ter alguma experiência em ensinar, considerando as aulas de vela para crianças que eu dei no iate clube nos finais de semana entre 2011 e 2013, com as quais eu talvez tenha aprendido mais do que ensinado. aprendi sobre responsabilidade e cuidado com o próximo através das crianças, e sobre responsabilidade e respeito com o conteúdo através da filosofia. o curioso é que o aprendizado nunca acaba, mas vai se modificando. em setembro de 2016, fui chamada para trabalhar em uma pesquisa para um livro pelo meu professor, celso rayol. entrei para a família da cité arquitetura, de onde saí em novembro de 2018 para trilhar o meu caminho como arquiteta das palavras. lá, o mundo editorial se abriu para mim, junto com o aprendizado sobre o mercado imobiliário carioca. foi mais ou menos nessa época que eu comecei a praticar yoga. mais uma vez meu horizonte se expandiu... e continua se expandindo, principalmente com a conclusão da minha formação como professora certificada pelo Yoga Alliance RYT 200h.
´ coisas praticas que eu aprendi pacote office
autocad
BOLSA-INTERCÂMBIO pela CAPES/Ciência Sem Fronteiras 2014 Nova York
adobe indesign adobe illustrator
BOLSA-PRÊMIO por desempenho acadêmico PUC-Rio 2013 Rio de Janeiro
adobe photoshop
´ linguas que eu falo português
email: marianacbnetto@gmail.com
primeira língua
cel: +55 21 98127-2683 whatsapp: +1 917 349 4833
inglês
instagram: @marianacbnetto facebook: Mariana Netto
fluente
pInterest: Mariana Netto linkedin: Mariana Netto
espanhol básico
alguns trabalhos no auge dos meu 26 anos de idade, sendo 8 desses olhando o mundo a partir do ponto de vista da arquitetura, colecionei alguns trabalhos que me enchem de orgulho. uns são acadêmicos, outros, resultados da minha iniciação na vida profissional e ainda tem alguns que são pessoais, mas eu sinto que devo dividir aqui.
profissionais
ˆ academicos
textos
experimentais
trabalhos de pesquisa de conteúdo, comunicação visual, design gráfico, diagramação e fechamento do arquivo para gráfica desenvolvidos para a Edições Cité, braço editorial da Cité Arquitetura trabalhos de pesquisa de conteúdo, comunicação visual, design gráfico, diagramação e fechamento de arquivo para gráfica desenvolvidos durante a minha formação acadêmica
textos e artigos escritos por mim baseados em experiências reais ou ficções desenvolvidas em parceria, na tentativa de traduzir a arquitetura e a experiência do lugar através de palavras
peça gráficas que mesclam conteúdo espiritual, astrologia, yoga e design editorial em livretos e quadros e que inspiram o meu lado Loba Maga de ser
um dois ˆ tres quatro cinco seis sete oito nove dez onze doze treze quatorze quinze experimentais
memorial jk di iulio redentor huma payssandu folheto payssandu portfolio de interiores cité notas sobre a emergência de espacialidades contemporâneas espaço e pensamento step ahead nyc revista prumo the paint and the city um passeio pelo brooklyn bridge park inhotim: uma experiência do desconhecido dear architecture loba maga
um memorial jk // impresso publicação impressa para o registro do projeto de modernização e acessibilidade desenvolvido pela Cité Arquitetura para o Memorial JK em Brasília. 2016
crĂŠditos das fotos: Andrea Kovachy
dois di iulio // impresso book de vendas com costura artesanal desenvolvido para o lançamento do edifĂcio residencial Di Iulio, na Urca. 2016
crĂŠditos das fotos: Andrea Kovachy
ˆ tres redentor // impresso book de vendas criado para o edifĂcio residencial Redentor, em Ipanema. 2016
crĂŠditos das fotos: Andrea Kovachy
quatro huma // impresso book de vendas criado para o edifĂcio residencial Huma 73, no HumaitĂĄ. 2017
cinco payssandu // impresso book de vendas desenvolvido o empreendimento imobiliårio residencial Payssandu, em consonância com o conceito arquitetônico do projeto. 2017
seis folheto payssandu // impresso publicação impressa em formato de folheto com dobras para a divulgação do edifício residencial Payssandu. 2017
sete portfolio de interiores cité // impresso publicação impressa em formato de folheto com dobras para divulgação dos projetos de interiores da Cité Arquitetura. 2017
oito notas sobre a emergência de espacialidades contemporâneas // digital e impresso publicação resultante do meu trabalho final de gradução em Arquitetura e Urbanismo pela PUC-Rio, que inclui um livro, um conjunto de cartas (Coletânea de Termos) e uma série de diagramas (Rede de Pensamento) organizados em uma caixa especialmente desenhada para o projeto. 2016/17
créditos das fotos: André Hawk
nove espaço e pensamento // ebook publicação desenvolvida para o programa da discplina eletiva Espaço e Pensamento, do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCRio. Veja mais em: https://issuu.com/mariananetto/docs/programa_eletiva_espa__o_e_pensamen 2016/17
dez step ahead nyc publicação resultante de uma compilação de pegadas com origens e destinos diversos, realizado na Madison Square Park, em Nova York. Veja mais deste trabalho em: https://issuu. com/stepaheadnyc 2014
ONze revista prumo #3 // digital diagramação para a 3 a edição da revista Prumo organizada e produzida pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio. Veja a revista completa em: http://periodicos. puc-rio.br/index.php/revistaprumo/issue/ view/18 2016/17
DOZE the paint and the city // digital e impresso texto escrito para a 5 a edição da revista alemã independente Moor Magazin sobre os muros da cidade. Veja a revista completa em: https://issuu. com/moormagazin/docs/moor5_webexport 2018
“Apagaram tudo / Pintaram tudo de cinza / a palavra no muro / ficou coberta de tinta / Apagaram tudo / pintaram tudo de cinza / só ficou no muro / tristeza e tinta fresca / Nós que passamos apressados / pelas ruas da cidade / merecemos ler as letras / e as palavras de Gentileza / Por isso eu pergunto / a você no mundo / se é mais inteligente / o livro ou a sabedoria / o mundo é uma escola / a vida é um livro / amor, palavra que liberta / já dizia o Profeta” Often times I get myself thinking how incredible it is to know that the walls of the city accumulate layers and layers of stories. Over time, some of these layers end up being covered by new stories, some of which might be spontaneous or imposed. Either one or the other, both of them are responsible for giving or taking the color that brings life to these walls. Even though walls are inanimate objects and therefore don’t speak, they simply have so much to tell us. And somehow they do. Everyday. We just have to pay enough attention and allow them to tell their stories. Or maybe it’s the opposite and by paying attention we begin to imagine and create stories for them. Either way, the fact is that the layers, sometimes exposed, sometimes hidden under the most visible and superficial one. I find the first case most interesting, because it shows how time has gone by and left its traces on its skin. Yes, skin. Walls are the skin of the city. Every city with its own sensitivity to feel what goes on their own skin, its walls. Rio is no different. Rio has many walls, some of them visible, others invisible. But let´s stick to the visible ones, those that are built out of concrete and sweat. After the completion of its first raw layer, their story comes to life. From this first layer, many more might overlap it and many stories might come to life. Different layers, different stories, different walls. After a while, these walls and these stories set not only the background but also most importantly the atmosphere of the place it is surrounded by.
Now let me tell you a quick story myself. Once upon a time, in 1950, an elevated highway began to be built in the port area of the city of Rio de Janeiro. It was huge, so it demanded really big steel beams and concrete pillars that seemed like walls connecting the highway above the streets and the ground. Ten years and a lot of human labor later, it was finally open. High speeded cars dominated the highway. Well, at least until the traffic jam set in during rush hours. As it may be intuitive to think, there wasn’t much life on the highway, except for the ever going honks’ noises and car lights after sunset. Beneath the highway, however, a few spontaneous signs of life and color became noticeable to whoever passed by, despite the intense traffic. It was a place for the homeless and less fortunate people to sleep and do informal business. For almost two decades the street below the elevated highway became a place feared by most. Many blamed this unsafe atmosphere to the construction of the highway, which helped blocking the view of the Guanabara Bay from the city. In the beginning of the 1980’s, a unique urban character emerged. He called himself ‘Profeta Gentileza’, or in literal translation ‘kindness prophet’. Born in 1917, in the state of São Paulo, he moved to Rio after a great fire hit a circus and killed over 500 people in Niterói, near Rio, in 1961. He planted a green Garden over the grey ashes that remained of the circus and became known as ‘Profeta Gentileza’. After four years living in the surroundings and spreading words of kindness to the families and friends of the victims, he started to roam under the elevated highway in the port area of the city, where he began to paint what later became his famous murals on the elevated highway’s pillars/walls. Using nothing but colorful words painted together, he started to add new layers to those walls. Meaningful layers. Layers created with paint and kindness with the sole mission to spread messages of love to the innumerous city dwellers who constantly passed by those same walls unaware of their presence. His visual poems gained more and more attention, for good and for bad. After his death in 1996, a few of his 56 murals painted along an extension of around 1,5 km was vandalized. First, tags by rival gangs and groups covered them. After a while, aware of the amount of neglect under the elevated highway, the Mayor decided to paint the walls grey. And that’s what was done. Suddenly, one day people who used to pass by those colorful walls everyday woke up to grey and sad walls. The whole atmosphere of the place was changed. Profeta Gentileza’s murals were gone, but his messages were still in the mind of those who appreciated his work. One of the most well known being “Gentileza gera gentileza”, meaning that “kindness leads to kindness”. What an irony though, don’t you think? People couldn’t believe either. People complained the way they could. One person in particular made her thoughts loud and clear, so that everyone could listen. In a subtle and poetic protest against that grey paint over Gentileza’s words, she wrote her own words in form of music on the same day she found out about it. They were also kind words. And they went something like:
“They erased it all / They painted it all grey / The words on the wall / Were covered by paint / They erased it all / They painted it all grey / All that was left on the walls / Were sadness and fresh paint / We who pass by in a hurry / Along the streets of the city / Deserve to read the words / And messages of kindness / That´s why a ask / To you in the world / If it´s more intelligent / The book or the wisdom / The world is a school / Life is a book / Love, word that frees us all / It was said by Profeta Gentileza”
Her name is Marisa Monte, a Brazilian singer songwriter, born and raised in Rio. She released this song, called ‘Gentileza’ in 2000. Little did she know that her song would remain relevant until and even more so today. Right after releasing her album, Profeta Gentileza’s art work was considered worth restoring and became an urban heritage. It was indeed restored later in 2000 for the first time. Its colors and messages of love and kindness came to life once more. Only to be threatened another time. Now that’s another story. Or should I say another layer to the same story? Ok, so let’s give this story a bit of a fast-forward in time. It’s 2009. Rio is chosen to host the 2016 Olympic Games. A lot of construction is necessary throughout the city. Including the port area. Which, by the way, received a whole renovation project to show the world how good we are in hosting these kinds of large-scale events. ‘Porto Maravilha’ or ‘marvelous port’. One of the first goals of the urban mobility project was to demolish the elevated highway. Yes, that elevated highway, the one from the beginning of this story. It’s 2011. The demolition is scheduled to begin but (as usual in Brazil) it is postponed. It’s 2013. Traffic gets redirectioned and the first half of the elevated highway slowly begins to be demolished. It’s 2014. April 20th, to be more exact. It’s early morning and all you can watch on the news are excited journalists waiting to announce to implosion of the last part of the elevated highway. The whole city is on hold to see it. A big show. If it wasn’t true, I would say it could have been taken out of a multi-million dollar TV series. In a few seconds, it all became a sea of concrete dust. All gone in front of the eyes of an entire country. Many layers of stories into dust. It’s 2016. August 4th. The day before the official start of the Olympic Games. A new and renovated Olympic Boulevard is opened to the public in the place where the elevated highway used to be. Where Gentileza’s colorful murals used to be. Where ironically is today the largest urban graffiti art mural commissioned by the government to embrace and symbolize diversity and equality for the Olympics.
Now, you must be asking yourself, ‘What happened to his murals after the implosion of the highway?’ Well, nobody asked that question at the time. At least it wasn’t showcased as a spectacle worth being reported on the news to millions of people. In fact, only three of them were in true danger of being destroyed. The others luckily were painted on the pillars of another elevated highway that connected to one being demolished. Anyhow, those three were protected by the city’s heritage department and still were in danger. It was decided then that those three pillars would be kept untouched to preserve Gentileza’s murals. And so it was done and as ironically as it may sound, what remains of the elevated highway’s memory is exactly what gave it life, three of the its walls. No ordinary walls. Walls made of words and colors. Walls made of paint and kindness. Walls made of layers and stories. --As an architect, I felt compelled to write this story myself after a quite similar episode was repeated. This time, in São Paulo. The year: 2017! Yes, it happened in the beginning of this year and made me think how far we have come to accept this once again. The Mayor decided to take action and clean the city with his own hands showcasing a marketing spectacle of his own. But this time, the situation was different. Everyone started to question him. And as an architect, this is my way of questioning it. Mostly because especially during school, I tended to take walls for granted. I think it maybe because with architecture we are expected to always build walls. And most of the times we forget to pay attention to those already built. As architects we have the power to create spaces and build up walls, therefore we tend to underestimate the beauty of an old multi-layered wall. It maybe time to not overlook them, instead pay close attention and find beauty into their many stories and memories. If music can do that, why can’t architecture do the same in its own way?
TREze um passeio pelo brooklyn bridge park // digital texto escrito com base em na minha primeira visita ao Brooklyn Bridge Park, durante um intercâmbio para Nova York. 2016
Já era primavera e eu já estava morando em Nova York há uns meses. Eu fiquei sabendo, por um amigo, da existência de um parque linear recém-inaugurado na borda do Brooklyn com o East River, de onde se podia ver Manhattan e a Governor’s Island. Essa era a oportunidade de explorar um lugar que eu ainda não conhecia. Pesquisei no Google Maps a melhor forma de chegar lá. E o metrô era sempre a minha primeira opção, considerando o fato de que eu morava do lado da Union Square, um dos principais hubs de transporte em Nova York. Estava decidido, eu pegaria a linha R até Borough Hall, no Brooklyn e de lá caminharia uns quatro ou cinco quarteirões até o parque. Pelo Google Maps, tudo parecia muito fácil, era só descer na estação da Union Square, ir até a plataforma da linha R, entrar no vagão em direção ao Brooklyn, saltar na estação de Borough Hall, pegar a saída para a Joralemon Street e andar até o parque. Numa manhã de um final de semana qualquer, com o percurso para ir ao Brooklyn Bridge Park em mente, me arrumei e fui em direção à primeira parada. Até aí, nada de novo. Eu já estava acostumada à estação da Union Square, já me sentia em casa. Já conhecia todas as plataformas e as escadas certas para ir para uptown ou downtown, então nem precisei olhar para as placas para saber onde eu precisava ir. Esperando na plataforma, com um sentimento de auto-confiança misturado ao de ansiedade, eu vi o R se aproximar. Respirei fundo e senti a brisa do metrô no meu rosto, como se dissesse “Are you ready for this adventure?” (Você está preparada para essa aventura?”). Claro, que eu estava preparada, mas nunca poderia imaginar o que me esperava. A cada estação, eu estava mais próxima do meu destino final e isso me deixava cada vez mais ansiosa. A passagem de Manhattan para o Brooklyn, por debaixo do East River, deixou os meus ouvidos entupidos por causa da pressão. E ali eu
tive a nítida sensação de que eu era uma outsider, uma estrangeira num território completamente novo. E ao mesmo tempo que aquilo me inquietava, também feria o meu orgulho, já que eu me achava um “proper new yorker”. O trem parou na estação de Borough Hall e o meu coração começou a acelerar. Eu não queria passar vergonha e nem ser vista como uma turista, afinal eu já morava naquela cidade há tempo suficiente para me considerar local. Mal sabia eu, àquela altura, o quão arrogante era aquele pensamento. Mas lá fui eu, sem ler nenhuma placa, fui seguindo o pequeno fluxo de pessoas até a saída. Pelo menos, eu tinha saído pelo lugar certo: em direção a Joralemon Street. Ufa! Já estava na última escada rolante e eu já via a luz do dia inundando a saída. Cheguei a superfície da rua e confiante de que o meu instinto não ia falhar, virei para a esquerda e comecei a andar sem olhar para trás, como uma local. À medida que eu caminhava, via cada vez menos pessoas na rua e achei estranho. Não teve jeito, eu não queria abrir o Google Maps no celular, mas foi a única solução, já que obviamente, a alternativa de pedir informação a alguém na rua nem passava pela minha cabeça. E, no lugar que eu estava nem tinha opção mesmo. Quando eu percebi que eu estava andando na direção errada, comecei a me dar conta do meu orgulho e do quanto eu estava sendo arrogante de pressupor que eu era uma local em um lugar que eu nunca tinha estado antes. Esse foi o primeiro tapa na cara que o Brooklyn me deu. E foi ótimo, era o que eu precisava. A partir dali, eu dei meia volta e comecei a ir na direção certa. Agora sim eu ia chegar no parque. Minha confiança foi retornando aos poucos. Passei de novo pela estação de Borough Hall, que eu havia saído poucos minutos atrás, mas agora com um novo olhar, do tipo “You got me!” e um sorriso no rosto. Talvez eu estivesse rindo de mim mesma. A estação ficava numa praça bem grande e aberta e enquanto eu descia a Jo-
ralemon Street, as calçadas com suas árvores enormes e suas copas repletas de folhas e flores verdes e amarelas e rosas e vermelhas já davam sinal de que o lugar era outro. As casas geminadas com suas escadas frondosas, portas coloridas, frontyards enfeitados com flores, não deixavam dúvida: eu estava num bairro residencial, típico do Brooklyn daqueles que se vê no cinema. A única diferença é que eu estava de fato lá, vivendo e experimentando aquele espaço. Eu sabia que devia parecer até ridículo para quem estivesse vendo de fora, mas eu não conseguia para de sorrir. Eu estava feliz. A cada rua que eu atravessava, a cada pessoa que eu cruzava, a felicidade aumentava. Até que, no quarteirão seguinte, eu vi de longe duas pessoas sentadas na escada numa das casas, e continuei o meu caminho em direção a elas. Logo percebi que se tratava de uma mãe e filha. E havia umas caixas e uma jarra numa mesa de madeira ao lado. A filha estava vendendo cookies e limonada para juntar dinheiro para um grupo da escola. Aquela cena completou o cenário do filme. Eu sorri e passei direto, mas reparei que a menina não parecia muito feliz porque ainda faltavam muitas caixas para vender. Alguns passos adiante, mesmo sabendo que eu tinha marcado um horário para encontrar um amigo no parque, decidi que eu não podia desperdiçar aquela oportunidade. Voltei e fui falar com a menina, que num salto, se levantou da escada e foi para trás da mesa me oferecer os biscoitos. A caixa custava 10 dólares. Peguei minha carteira e vi que eram os últimos 10 dólares que eu tinha. Expliquei para ela minha situação e então ela me veio com uma proposta: “I can give you a free lemonade if you take the cookies.” (“Eu posso te dar um copo de limonada de graça se você levar a caixa de biscoitos.”). Eu não pude recusar. Dei a nota de 10 dólares para a menina e enquanto ela guardava o dinheiro e colocava a limonada no copo para mim, eu me virei para a mãe sentada na escada, que também me ol-
hava, com um olhar de agradecimento. A menina me entregou a limonada e a caixa com os biscoitos, eu agradeci e retomei meu percurso. Numa última troca de olhares, só para me certificar de que aquilo tinha realmente acabado de acontecer, percebi que a menina estava com um sorriso de orelha a orelha e eu, pulando de alegria por dentro. Dei um gole na limonada, que caiu muito bem numa manhã relativamente quente em Nova York. A caixa de cookies eu ia esperar para abrir no parque. Continuei andando e as cores, os sons, a brisa, as pessoas naquela rua iam despertando a minha atenção a cada passo. Mais à frente, vi um viaduto e me lembrei dessa parte do percurso no Google Maps. Isso significava que eu já estava perto do meu destino. À medida que eu fui me aproximando aquele ambiente acolhedor das casas geminadas e das árvores floridas, foi dando lugar a uma obra de infraestrutura de grande porte e visivelmente urbana. O som das conversas e risadas que eu ouvia quando cruzava com alguém, instantes atrás, foi sendo substituídos pela buzina dos carros; a brisa fresca que fazia as folhas das árvores se mexerem e me faziam olhar para cima, um quarteirão atrás, se tornou um vento quente resultante das minivans apressadas para atravessar o sinal amarelo. Enquanto eu esperava na faixa de pedestres a minha vez de atravessar a rua, por debaixo daquele viaduto, fui me dando conta de quão diferentes e tão próximos eram aqueles dois ambientes. Olhei para o lado e vi dois amigos conversando e pelas roupas e pelo semblantes deles parecia que eles estavam indo para o mesmo lugar que eu. Olhei para o outro lado e havia uma família, o pai com sua filha nas costas e a mãe, de uma mão dada com o pai e a outra no carrinho de bebê. Olhei para cima e comecei a perceber como eu era pequena diante daquela estrutura viária. Quando eu voltei meu olhar para o sinal de pedestres, vi que as pessoas que estavam do meu lado já estavam andando e o sinal estava verde para mim. Recomecei o meu percurso novamente e
passei por um grande terreno em obras. A sensação era outra, não mais de acolhimento, mas de exposição. Eu já conseguia ver a água e o parque estava cada vez mais perto. Mesmo que a partir desse ponto já houvessem mais pessoas na rua, eu acelerei o passo. Não sei se porque eu estivesse ansiosa para chegar ao parque, ou se porque aquele lugar específico me desse um certo arrepio. A minha visão antes limitada pelo terreno em construção de um lado e por uma parede cinza, sem vida, do outro, deu lugar a um horizonte amplo lindo, sendo o parque o primeiro plano, o East River, um intermediário e Manhattan, o pano de fundo. Aquela vista era simplesmente inacreditável. Eu continuei andando, tentando absorver cada pedaço daquele lugar como se meus olhos fossem uma máquina fotográfica capaz de registrar cada momento, cada detalhe. Já bem mais perto da água, eu consegui me localizar: estava no meio da área das crianças, em frente a um dos píers ainda em obras. Encontrei um banco e me sentei. As risadas das crianças eram o som mais lindo e completavam aquela paisagem como se uma coisa não pudesse se separar da outra. Apoiei a caixa de cookies e o copo com a limonada no banco e parei para observar a vista. Esqueci do tempo. Era como se eu estivesse num sonho, ou pelo menos, num filme. Até que a minha visão periférica entrou em alerta e eu voltei a realidade. Era uma menina, de uns 5 anos, olhando para a minha caixa de cookies como se ela fosse devorar cada um deles, se ela pudesse. Eu não pensei duas vezes, perguntei se ela queria abrir a caixa junto comigo e ela, sem emitir nenhum som, mas com um sorriso imenso no rosto, gesticulou que sim com a cabeça. Eu abri o pacote e dei o primeiro cookie para ela e peguei o segundo para mim. Era um biscoito de limão com uma cobertura fina de açúcar de confeiteiro. Uma delícia. O sabor do cookie era mais um complemento à toda aquela paisagem. Ouvi uma voz, por trás de mim, dizendo “I’m sorry, is my dautgher bothering you?” (“Me desculpa, a
minha filha está incomodando você?”) e eu me virei, era a mãe da menina. Respondi que não, porque de fato, ela não estava me incomodando. Ela era a minha cúmplice se deliciando com o biscoito. E eu estava adorando aquilo tudo. Logo, a menina chamou as amigas para experimentarem o biscoito e enquanto elas comiam – e eu também – comecei a conversar com a mãe. Ela me disse que ela tinha acabado de se mudar para aquele bairro e me apontou o prédio que morava. Me disse que tinha escolhido aquele lugar por causa do parque, porque queria criar a filha perto da natureza. Eu interpretei aquela conversa com boas-vindas do parque e passei a me sentir em casa, ali também. Assim como a limonada, a caixa de cookies acabou num piscar de olhos. A mãe da menina me agradeceu educadamente e eu, agradeci de volta, numa tentativa de transmitir a importância daquele momento para mim. Me levantei do banco, me despedi, joguei a caixa e o copo no lixo e voltei a caminhar. O sorriso já tinha se instalado no meu rosto e parecia não querer sair. A essa altura, eu já não me sentia uma outsider. Sentia que eu pertencia àquele lugar. O Brooklyn Bridge Park era, agora, a minha casa também, assim com a Union Square e tantos outros lugares de Nova York, que aos poucos eu fui me permitindo conhecer.
QUATORZE inhotim: uma experiência do desconhecido // digital texto escrito após uma experiência vivida na Galeria de Adriana Varejão em Inhotim, Brumadinho, MG. 2016
Inhotim é uma experiência (quase) indescritível para qualquer pessoa minimamente interessada por arte e arquitetura. Mas ainda que com um conhecimento prévio bastante reduzido - o que em matéria de absorção de conceitos essenciais envolvidos nas obras é fundamental, para melhor fruição e entendimento delas – minha experiência foi realmente surpreendente. Sem me dar conta das reais dimensões espaciais do parque, saí andando com meu grupo de amigos, em busca daquilo que captasse a minha atenção, em meio a uma exuberante e cuidadosamente planejada vegetação, que se alternava entre vários tons de verde, marrom, vermelho, amarelo e ora se abria, ora se distanciava da presença da água. Entre essa paisagem natural, os pavilhões começaram a aparecer, alguns de forma menos espontâneas e delicadas que outros, mas não menos estarrecedoras. Primeiro foi o pavilhão do Cildo Meireles, e devo confessar que as obras, entre elas o Desvio para o Vermelho, abrigadas pela arquitetura, se mostravam com maior potência. Nesse pavilhão, a arte me envolveu para além de uma experiência estética, eu diria até como uma experiência arquitetônica, em especial, na instalação Através. Depois de muito caminhar, e um tanto quanto cansada pelo desgaste físico de pelo menos três horas ininterruptas de sobe-e-desce pela topografia acentuada em certos pontos do parque, uma pequena e discreta passarela capturou o meu olhar e os meus pés me direcionaram a ela. Eu já estava envolvida pela arquitetura, que até aquele instante ainda não estava decifrada. Eu não fazia a menor ideia de qual pavilhão eu estava, e cansada de abrir e fechar o mapa, decidi me deixar levar pelo espaço, sem preocupação com uma certa busca por erudição da obra. A passarela me levou a um platô - que só depois eu fui descobrir que era um terraço - com um banco coberto por azulejos que circundavam todo o perímetro. Até então, a minha racionalidade - louca para entrar em cena - me dizia que o desconhecido acabava ali. Mas, olhando ao redor e me permitindo vivenciar o espaço sem nenhuma lente prévia de conhecimento ou opinião, me vi atraída por uma singela sombra no canto esquerdo. Fui até lá, e a depressão da rampa pôs meus pés em movimento mais uma vez. Por sorte, o caminho estava livre de pessoas, e não havia nada que pudesse me distrair de experimentar aquele lugar na sua totalidade. A sensação era de que eu estava sendo engolida pelo concreto e o jogo de luz e sombra, à medida que eu era “enterrada” pela arquitetura, só me fazia mais envolvida ainda. A rampa dava numa porta de dimensões impressionantes vista daquele ângulo que eu estava. Entrei num ambiente semi-escuro, com paredes cobertas de azulejos pintados, exibindo o contraste entre azul e branco – e confesso que nem me lembro ao certo as imagens pintadas, mas aquelas cores junto com o jogo de luz e sombra, dessa vez, artificial e que magicamente garantia uma continuidade do mesmo jogo de luz e sombra do exterior – me tomaram por completo.
Eu dei uma volta na sala e percebi uma outra depressão, bem no meio. Era uma escada – que logo depois eu fui descobrir que não era possível descer, apenas subir; uma contradição eu acho – e lá fui eu, mais uma vez, me deixei levar pela arquitetura. E para minha surpresa, o tal do jogo de luz e sombra estava lá de novo, dessa vez, de forma natural, graças a presença de vidro que fazia às vezes de guarda-corpo invisível, mas presente, e janela, ao mesmo tempo. A essa altura, mesmo as poucas pessoas presentes no local, já pareciam imagens embaçadas na minha visão, tomada pela incrível força do espaço. Meu olhar revezava entre cantos escuros e iluminados, detalhes da materialidade das obras que eu podia me aproximar na mesma intensidade com que eu me aproximava das paredes. O espaço foi guiando os meus olhos e os meus pés, até me levar a uma porta de vidro que à primeira vista parecia simplesmente uma barreira física, já que a permeabilidade visual era tanta que a luminosidade do exterior quase me cegava. A luz de fora era intrigante, porque tinha uma geometria bastante rígida. Saí em busca dela e a surpresa, à medida que eu me aproximava do exterior, foi a expansão e perda da forma rígida da luz que se perdeu no espaço ao redor cercado pela água e pela vegetação. A sensação ao sair foi de choque pela claridade intensa de um dia de céu azul. E ao me virar, veio o sentimento de decepção. Aquele foi o momento em que eu me dei conta da forma externa da arquitetura. A visão daquele ângulo não era tão instigante quanto tinha sido meu percurso de descoberta por dentro do pavilhão desde a discreta passarela no terraço da construção. Ali, ao mesmo tempo em que a decepção se instalou, talvez pelo fato da minha racionalidade ter tomado conta e juntado todas as peças do quebra-cabeça numa tentativa de decifrar o todo pelas partes, eu tive uma outra sensação de privilégio e, porque não, de felicidade, por ter me permitido me deixar levar pelo espaço, sem medo ou preconceito de experimentar a arquitetura por ela mesma, da forma mais corporal possível. Olhei ao meu redor e percebi que eu tinha me perdido do meu grupo de amigos e aquilo me deixou um pouco desesperada, de imediato. Corri para dentro do pavilhão, fazendo o caminho inverso e subindo as escadas e rampas até o terraço.
Daquela vez, eu fiz o percurso em menos de um minuto e nem parecia o mesmo espaço que eu tinha entrado minutos antes, mas que pareceram ter sido horas antes. A experiência da volta foi bem diferente e só quando eu cheguei no terraço tive a ideia de ligar e contactar meus amigos. No telefone, eles disseram que tinham sido barrados pela funcionária e que não poderiam descer a escada - como eu tinha feito - teriam que fazer o “percurso convencional” de entrar por baixo. E naquele instante, o meu desespero de estar perdida deu lugar a uma imensa sensação de gratidão por ter podido ter aquela experiência única. Eu entendi que mesmo que eu quisesse não conseguiria explicar a eles a experiência que tinha vivido naquele lugar. Só depois do nosso reencontro que a racionalidade imperou de vez e eu me dei conta de que se tratava do Pavilhão da Adriana Varejão. Lembrei que esse era uma dos mais famosos e comentados pavilhões de Inhotim, e fiquei feliz por não ter me deixado influenciar por opiniões de terceiros durante a minha fruição daquele espaço. Tive a certeza da potência da arquitetura quando bem pensada e projetada e em total consonância com o lugar e a obra de arte, inserido nela e por ela. É possível que a minha vista ao pavilhão pela segunda vez, não seja uma experiência tão inebriante como foi essa primeira vez tão desbravadora. Mas ainda assim, a lembrança daquela sensação vai ficar e quem sabe eu me deixe levar por outros espaços em ocasiões futuras? O que eu sei, é que essa experiência da descoberta do espaço desconhecido me faz acreditar na força da arquitetura em estreita relação com a paisagem – interior e exterior - e com a ambiência, que me leva à sugestiva associação com a definição da “aura da obra de arte” e também da paisagem, de Walter Benjamin. Se eu pudesse descrever de uma única forma a experiência que eu tive, seria definitivamente, como o envolvimento do meu corpo e das minhas sensações pela aura daquele espaço, onde eu já não conseguia, conscientemente, distinguir obra de arte da obra de arquitetura. A aura estava presente quando eu me permiti estar aberta a receber os estímulos espaciais daquele lugar. E ela se perdeu, quando a minha razão tomou as rédeas novamente...
QUINZE dear architecture // digital carta-manifesto para o concurso internacional Dear Architecture, com a premissa de escrever uma carta endereçada à própria arquitetura. 2015
Dear Architecture, In my remote memories I remember looking up to find you. At the age of four, my curious eyes experienced you for the first time. The simple move of the sunlight entering the window and filling the space of my bedroom gradually revealed you in the most beautiful forms. Day after day you showed me the power of your presence. For me, at that moment, you were my walls, my home, and my world. At twelve, I took my first bus ride alone to school. And there you were once again beside me, building the boundaries for my eyes. From this moment on I began to look ahead. My sight was going further and I was moving faster. Everything was new, but I knew where to go, because you gave me directions. As I grew up, you were growing along with me. You were present both in the confinement of my classrooms, and in the void of empty streets. Although I always felt you near me, I wanted to understand how could you shape my thoughts and ground my steps. When I turned eighteen, I knew I had made the right choice. In Architecture School, I started to read more and more about you. But I confess it was quite a shock at first, to learn how old you were. At that moment the idea that you were born with me fell apart. I finally figured out that you were bigger than me. And somehow you could still simply reach me. I was able to feel your greatness so personally. I experienced you in a way that I can only describe as if we were sharing secrets exclusive for each other. I remember my first project in undergrad school. I felt so powerful, so in control of you. But at the same time I felt terrified and lost. Staring at a white piece of paper, I looked around and everyone else seemed so focused and decided...but me. Many questions came to my mind. ‘How could I design you?’, ‘how could I create you?’, ‘was I able to manipulate you?’ I asked myself. And for one second I wondered where could I find you. In a quick retrospective flash I knew where you were, where you always been. I would find you in the light and in the shadow, in the concrete and in the wood, in the ground and in the ceiling, in the contrast and in the sameness. You were everywhere, you were in the details, you were in my home. And now I know, you are my home, wherever I go. You are in me and I´m in you. I hope to remain like this as long as I live, because you are responsible for what I’ve become, what I am and what I can be. I feel you from the moment I wake up until I go to sleep. You are the air I breathe. You are my world. Thank you. Kindly, Mariana
experimentais Loba Maga // digital e impresso trabalhos experimentais que buscam explorar o design editorial para o viĂŞs da espiritualidade, da astrologia e do yoga. 2018
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mariana netto arquiteta das palavras marianacbnetto@gmail.com +55 21 98127-2683