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o universitário de baixa renda e seus desafios
Com a crescente expansão do ensino superior no Brasil, as ações afirmativas recentemente implantadas e a grande demanda por profissionais qualificados, a inserção na faculdade se torna, cada vez mais, um sonho para a maioria dos jovens.
A vida universitária para indivíduos provenientes do grupo de baixa renda, é um acontecimento relativamente recente no Brasil. E nessa perspectiva, nota-se que ingressar em uma universidade pode proporcionar o sentimento de dever cumprido para muitos estudantes. No entanto, para um amplo grupo de jovens de baixa renda, adquirir uma vaga na universidade é apenas o começo, pois o maior problema desses universitários, não se encontra, em alguns casos, somente na aprendizado, mas, também, na dificuldade de se manter na faculdade com as despesas que se sucedem no início da vida universitária, surgindo, assim, a necessidade de praticar outras atividades para sustentar os gastos que surgem, como compras de livros, transporte, alimentação e também moradia. A proposta do governo em prol desses gastos ainda é insuficiente para amparar as necessidades destes acadêmicos. Um exemplo disso, é o grande déficit de moradias estudantis, que está longe de serem o suficiente para atender todos os que necessitam desse amparo. As atribulações vivenciadas pelos estudantes, muitas vezes, impossibilitam sua permanência na faculdade e dificultam a moradia na cidade onde se situa a universidade. Diante disso, são comuns reprovações constantes e um alto índice de desistências, em virtude da falta de meios para custear suas despesas.
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de é difícil e marcada por uma série de ajustes e ações práticas empreendidas por ele e por sua família em resposta aos diferentes obstáculos que vão surgindo ao longo do percurso. Em grande medida, são essas ações práticas, entendidas aqui como estratégias de sobrevivência na universidade, que garantirão ao estudante transpor a barreira universitária. (PORTES, 1993, 2001 apud SOARES, 2014, p. 127)
Em vista disso, é necessário que o governo, no debate sobre a assistência estudantil como parte das políticas públicas, garanta o aumento da oferta de casas estudantis e auxílios financeiros, a fim de minimizar os índices de desigualdades sociais e contribuir para a permanência e formação dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
É preciso entender a educação e a assistência estudantil como um direito social e fazer com que a assistência seja, não apenas uma ajuda financeira, mas que articulada ao ensino, à pesquisa e à extensão e promovam a transformação dos assistidos. E eles possam dar sustentação a sua carreira estudantil, submetendo a divisão do tempo aos estudos e ao trabalho (SOARES, 2014, p. 130).
Além disso, é nesse cenário de vulnerabilidade e dificuldade que o sentimento de solidão se estabelece na vida de muitos estudantes, pois, mesmo cercado por pessoas, o afastamento do seu refúgio, somado com as exigências da graduação, resultam, na maioria das vezes, no sentimento de desamparo e, consequentemente, na solidão. Sentimento, este, comum no grupo da terceira idade, como mencionado anteriormente.
Benef Cios Da Conviv Ncia Entre Idosos E Universit Rios
Antes de discutir os benefícios gerados pela coabitação entre essas gerações, é preciso entender a importância das relações humanas, independente de qualquer idade. Segundo Aristóteles, o homem é um ser social, pois é da sua natureza viver em sociedade. Isso quer dizer que, como seres humanos, está intrínseco em nosso ser a necessidade de ter companhia, de ter alguém para conversar, rir, trocar experiências e compartilhar a vida. Quando isso se reduz ou se faz inexistente, influência em todos os aspectos da vida, principalmente na saúde física e mental.
O significado das relações humanas repousa nos vínculos afetivos que se estabelecem entre as pessoas em diferentes circunstâncias e épocas da vida. É preciso estar sempre em relação com o outro, desenvolvendo nessas relações novos laços e desempenhando diferentes papéis. Por isso, a capacidade de desenvolver vínculos está intimamente relacionada com a experiência vivida ao longo da vida. (HERÉDIA, CASARA, CORTELLETTI, 2007, p. 15)
Nas últimas décadas, o aumento da expectativa de vida da população mundial vem proporcionando algumas mudanças significativas nas formas de organização e funções sociais. As particularidades dessas mudanças – a transição demográfica – apresentam uma nova configuração etária e de longevidade como um acontecimento novo na história da humanidade, fazendo com que os temas relacionados ao envelhecimento ganhem relevância, incentivem estudos e pesquisas e alcancem destaque no cenário mundial atual.
Desse modo, é possível destacar o desenvolvimento crescente dos estudos relacionados à habitação multigeracio- nal ou intergeracional, que visa oportunizar moradia provedora de saúde e bem-estar para a pessoa idosa. O conceito pressupõe duas ou mais gerações residindo na mesma casa ou residência unifamiliar, a fim de garantir moradia segura e oportunidade de interagir, colaborar e explorar valores e potenciais de cada geração em dinâmicas cotidianas e diárias. Há diferentes tipos de lares multigeracionais e possibilidades de arranjos familiares, interfamiliares e/ou comunitários. Fora do Brasil, diversos projetos estão tentando encorajar a coabitação intergeracional, principalmente entre idosos e jovens. Alguns estudos direcionados a esse tema confirmam aspectos benéficos para ambos os grupos.
Nesse contexto, Herédia, Casara e Cortelletti (2007, p. 17), afirmam que:
Conviver com outras gerações é também uma forma de educação, é co-educação, que supõe convívio de gerações em movimento, legados que se renovam numa alternância em que os sujeitos se refazem e se reconstituem mutuamente. Idosos, jovens e adultos interagem na vida em comum e se modificam reciprocamente. É uma possibilidade que se inaugura a partir da coexistência de gerações, numa dada situação social.
Unir duas gerações, sem nenhum laço consanguíneo, parece ser uma ideia radical. Questionamentos sobre a funcionalidade dessa junção são inevitáveis. De um lado, temos as pessoas idosas que estão em uma fase da vida onde suas relações sociais se padecem em meio ao preconceito que existe no seu grupo etário e do crescente sentimento de solidão e isolamento. Do outro lado, temos os estudantes universitários de baixa renda que sofrem com o déficit de vagas em moradias estudantis e altos preços de aluguel, e que carecem de moradia acessível para garantir sua permanência e graduação na faculdade. Quando paramos para analisar cada grupo e suas problemáticas, percebemos que ambos são capazes de proporcionar reparos na lacuna social e até mesmo econômica existente em cada grupo. Portanto, a habitação multigeracional associada à vida no campus, oportuniza para os jovens a chance de receber uma moradia acessível, próxima à faculdade e, ao mesmo tempo, propicia para o idoso a possibilidade de conviver com os jovens, a fim de sentir-se integrado e valorizado, estimulando a busca pelo convívio social. Além disso, o idoso também desfruta de toda estrutura existente no campus universitário, que se faz totalmente apto para recebê-lo, ampará-lo e envolvê-lo nas atividades que a universidade proporciona, como programas culturais, palestras, consultas médicas e acesso à bibliotecas, restaurantes, teatros, hospitais e entre outros. Os benefícios dessa coabitação, tange os aspectos da saúde física, mental e social dos idosos e estudantes universitários, possibilitando experiências que estão acima da nossa compreensão, devido às diversas vivências possíveis que isso pode proporcionar, mas que, no geral, impactam direta e positivamente a sociedade.
Todo ser humano – infante, jovem ou idoso – para um bem-estar biopsicossocial necessita conviver com outras pessoas. A prática de atividades em grupo traz mudanças positivas na comunicação dos idosos. Nesse sentido, as relações sociais entre mais velhos estimulam a mente e o pensamento, tendo múltiplos efeitos benéficos sobre a saúde e bem-estar, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. (PEDROZO; PORTELLA, 2003 apud LOPES, R.; LOPES, M.; C MERA, V. 2009, p. 378).
A convivência entre idosos e estudantes universitários pode contribuir para amenizar dois dos problemas sociais urgentes no Brasil: a acessibilidade de moradia estudantil e o cuidado com a população que está envelhecendo.
No mundo, diversos conceitos e modelos de moradia são estabelecidos para atender a terceira idade. Para o estudo, foram selecionados os mais populares e procurados modelos e conceitos de moradia. Dentro da variedade de tipologias, muitos deles ainda não existem no Brasil, ou até mesmo seu conceito é desconhecido.
Modelos E Conceitos De Moradia Para Idosos Lares Com Idosos
Moradia que abrange apenas o idoso.
Moradia compartilhada ou home sharing
A moradia compartilhada, conhecida também por home sharing, é um modelo de moradia que combina idosos que têm espaço extra em suas casas com idosos que procuram moradia segura e acessível. Grande parte dos usuários desse modelo são pessoas que possuem dificuldade em se adaptar morando sozinhos e que precisam de suporte para prosseguir vivendo de maneira independente, além de oferecer compa -
Board and care é um conceito amplo que abrange uma gama de opções de alojamento em grupo. As vantagens são custo, suporte e uma atmosfera caseira mais íntima. Com comida e cuidados, as pessoas podem dividir um quarto ou ter seu quarto privado. Um banheiro pode ser compartilhado e as refeições são servidas em conjunto na sala de jantar do grupo. Esse tipo de moradia é para pessoas que gostam da estrutura de supervisão e assistência, mas numa casa com outros idosos. O custo de uma pensão e casa de repouso é geralmente menor do que a vida assistida.
Os lares e as casas de repouso são moradias em bairros residenciais equipados e com assistência de um profissional para cuidar de um pequeno número de residentes, geralmente entre dois e 10. Essas casas fornecem cuidados comparáveis aos oferecidos em comunidades de vida assistida, mas geralmente são menos do que um lar de idosos oferece. Isso significa que as casas de repouso podem ajudar nas rotinas diárias, mas normalmente não fornecem assistência de enfermagem qualificada 24 horas por dia.
Vida assistida (Assisted living)
A vida assistida proporciona alojamento e cuidados a longo prazo para os idosos. É ideal para aqueles que precisam de ajuda em algumas atividades da vida diária mas estão interessados em levar um estilo de vida social e ativa. Sua diferença com a Board and Cares Homes é a quantidade de serviços prestados. Na vida assistida esses serviços são mais abrangentes. Porém, tanto a Vida Assistida como Board and Cares Homes oferecem menos cuidados do que os lares de idosos.
Os lares de idosos, também conhecidos como asilos ou instalações de enfermagem especializadas, oferecem cuidados de enfermagem e alojamento a longo prazo para idosos. São destinados aos idosos com condições de saúde física ou mental significativas e que requerem cuidados de enfermagem e cuidados pessoais 24 horas por dia.
Além disso, também prestam cuidados de reabilitação a curto prazo após uma alta hospitalar. Programas de reabilitação nas instalações dos lares de idosos ajudam os idosos a recuperar de uma doença ou acidente a recuperar a mobilidade, força e função até poderem regressar às atividades normais.
Unidades habitacionais acessórias (ADUs)
As unidades habitacionais acessórias, são unidades habitacionais menores e independentes localizadas no terreno de uma casa unifamiliar. A vantagem é que o idoso tem seu espaço privado e se mantém muito perto de sua família, caso queira passar um tempo com eles ou caso precise de ajuda. O principal impedimento para uma ADU são as leis, pois esse tipo de habitação só é permitida em alguns países, esta -
Cohousing
Cohousing é um conjunto de residenciais desenvolvidos intencionalmente para acolher uma comunidade diversificada de pessoas, geralmente em moradias privadas separadas e com espaços de uso coletivo e comunitário, onde o grupo conduz processos participativos de tomada de decisão.
Em resumo, é uma comunidade projetada para promover a conexão. Os espaços físicos permitem que os vizinhos interajam facilmente com outras pessoas fora de residências particulares. As áreas comuns, incluindo cozinha, espaço para refeições e jardins, unem as pessoas. A tomada de decisão colaborativa constrói relacionamentos.
O conceito também abrange a terceira idade, com a proposta de cohousing sênior, que se distancia por completo do modelo de casas de repouso para a terceira idade ou hotéis especializados em receber esse público. O projeto consiste em um grupo que opta por abrir mão dos modelos de residência tradicionais para unir moradia individual a um espaço comunitário. Há, nesse ideal, pequenas habitações de uso particular
(dormitório, minicozinha e banheiro) e uma área de uso comum com espaços de lazer, refeitório, salas de TV e lavanderias coletivas, por exemplo. Tudo em um mesmo terreno ou condomínio, projetado para estimular o convívio, a sustentabilidade e a solidariedade.
College life (vida universitária)
Vida universitária, ou comunidades de idosos baseadas em universidades, são empreendimentos habitacionais localizados em campus universitários. As universidades disponibilizam terrenos para a construção de empreendimentos habitacionais para idosos, e com o retorno do locação dos imóveis, fornecem renda para as universidades, ao mesmo tempo em que proporcionam aos idosos um ambiente de vida com todas as comodidades da vida universitária. Esses empreendimentos são condomínios, residências unifamiliares, apartamentos em edifícios ou sobrados.
Os custos de aquisição podem ser altos, portanto, há uma oportunidade de compartilhar o espaço com uma ou mais pessoas para torná-lo mais acessível.
Os benefícios são atraentes para idosos ativos e que buscam integração. Muitas universidades permitem que os idosos tenham aulas universitárias sem crédito, usem as instalações de academia, acessem artes e atividades culturais, incluindo música, apresentações teatrais, galerias de arte e bibliotecas.
Além disso, como a maioria das grandes universidades fica em cidades maiores, essa pode ser uma configuração ideal graças à proximidade de centros médicos. Além disso, a energia de um ambiente intergeracional pode ser estimulante para alguns adultos mais velhos.
Seniors and college students (idosos e universitários)
Esse tipo de moradia propõe coabitação entre estudantes e idosos. Nas cidades universitárias, os idosos alugam quartos em suas casas para estudantes que necessitam de moradia mais acessível economicamente. As vantagens se direcionam tanto para o estudante quanto para o idoso, que recebe uma renda extra e ganha uma companhia em casa para conversar. Para que o modelo seja bem sucedido, algumas cidades maiores possuem empresas que combinam idosos com pessoas mais jovens e fazem todas as verificações de
A moradia estudantil, em resumo, é um local destinado a abrigar estudantes universitários durante os anos da graduação ou pós-graduação. Há diferentes tipos de organização desse tipo de moradia, tanto em layout quanto em programas. Diferente das repúblicas estudantis, existe uma empresa ou instituição responsável por trás, que gerencia e coordena.
No Brasil, a moradia estudantil costuma ser ofertada por Universidades ou Instituições Públicas, e é voltada para o público de baixa renda e/ ou que resida fora da cidade.
As configurações espaciais desse tipo de moradia costumam ser compactas, por se tratar de um público mais jovem e com períodos de baixa permanência no local - costumam passar o dia na faculdade e no trabalho. Seus usos complementares se fazem coerentes com o estilo de vida do estudante universitário (usos esportivos, de lazer coletivo, serviços e pequenos comércios). Normalmente são edifícios verticalizados e bem localizados, para atender média densidade populacional.
A proposta da moradia estudantil, é oferecer um ambiente seguro e tranquilo, que possa acolher o estudante em suas demandas cotidianas.
Atualmente, a Universidade Federal de Goiás (UFG) disponibiliza o Programa de Moradia Estudantil (PME). De acordo com o site oficial da UFG, o programa de moradia estudantil é definido como:
Atendimento à estudantes, em graduação presencial, de famílias de baixa renda, que não residam ou que não possuam família na Grande Goiânia O Programa de Moradia Estudantil (PME) tem como objetivo atender a necessidade de moradia de estudantes, em graduação presencial na UFG, oriundos/as de famílias de baixa renda que não residam ou que não possuam família na Região Metropolitana de Goiânia (RMG), durante o período do curso.
A PME tem duas modalidades de atendimento:
|| Casa de Estudantes Universitários (CEU): A UFG, atualmente, tem 05 CEU's ativas (I, III, IV e V e VI), com capacidade de atendimento de até 307 estudantes. Nas casas, o/a estudante divide o quarto com mais dois/duas moradores/as e os outros espaços (cozinha, lavanderia, sala de estudos, banheiro etc) são divididos com os/as demais moradores/as. Não há despesas com água, energia, gás e internet e em cada quarto o/a estudante tem uma cama, colchão e guarda-roupa. Os/as moradores/as podem receber a Bolsa CEU, que atualmente tem o valor de R$500,00.
|| Bolsa Moradia: Consiste no repasse financeiro mensal em conta bancária do/a estudante para contribuir com despesas de moradia (seja sozinho/a, em república, pensão, etc). Atualmente, a Bolsa Moradia atende cerca de 400 estudantes e tem o valor de R$ 700,00.
Desse modo, verifica-se um déficit entre o número de moradias oferecido em relação à demanda, visto que a UFG possue, aproximadamente, 27.000 estudantes ativos e 59% são de baixa renda (UFG, 2022). Assim, justifica-se a possível ampliação desse atendimento aos estudantes, com a proposta de inserir uma moradia universitária no Campus I da UFG. Ressalta-se que a moradia proposta, terá um objetivo diferenciado em relação aos demais CEUs, como já dito, de promover a interação multigeracio -
Localiza O
Mapa 01 | localização das casas de estudantes da UFG
Fonte: UFG Modificado pela autora legenda sem escala
Qualidade
de vida na velhice, conforto ambiental e biofilia
Quando se pensa em projetar uma habitação destinada a pessoas idosas, é indispensável o estudo do impacto que a arquitetura causará na saúde e bem-estar dessas pessoas. É preciso planejamento e adequação dos ambientes para serem capazes de satisfazer adequadamente às necessidades específicas dessa idade, pois se trata de um período em que o idoso sofre limitações gradativas na audição, visão, estatura, força, locomoção, metabolismo e entre outros, e que podem comprometer o conforto e a qualidade de suas vidas. Para definir qualidade de vida, o escritor Lawton (1992, p.6) descreve:
Qualidade de vida na velhice é uma avaliação multidimensional, referenciada a critérios socionormativos e intrapessoais, a respeito das relações atuais, passadas e prospectivas, entre o indivíduo maduro ou idoso e o seu ambiente.
Regnier e Pynoos (1992, apud ROJAS, 2005, p. 22) descrevem recomendações quanto à essenciais adequações para assegurar qualidade de vida aos idosos: a) assegurar a privacidade; b) dar oportunidades de interação social; c) dar oportunidades para exercício de controle pessoal, liberdade de escolha e autonomia; d) facilitar a orientação espacial; e) assegurar a segurança física; f) facilitar o acesso a equipamentos da vida, do dia-a-dia; g) propiciar um ambiente estimulador e desafiador; h) facilitar a discriminação de estímulos visuais, táteis e olfativos, permitindo às pessoas se orientar; i) incluir objetos e referências da história passada dos idosos, de modo a aumentar a sua familiaridade com ele; j) planejar ambientes, na medida do possível, bonitos e, quando se tratar de instituições, que não tenha a aparência de asilo; k) dar oportunidades para a personalização de objetos e locais; l) tornar o ambiente flexível para o atendimento de novas necessidades.
O conforto ambiental é um fator que promove a qualidade da edificação e a consequente qualidade de vida do usuário (MOORE, 1993, apud ROJAS, 2005, p. 22).
Existem três pilares principais dentro do conforto ambiental: conforto térmico, conforto acústico e conforto lumínico. A união de todos esses três devem estar em harmonia para propiciar condições ideais aos usuários.
Atingir um desempenho ambiental satisfatório envolve um correto planejamento arquitetônico, diante das diferentes condições climáticas que influenciarão nas condições térmicas (temperatura, vento e umidade), na qualidade acústica (proteção de ruídos intrusivos, [...]) e, ainda, nas condições ideais de visão e iluminação, natural ou artificial, proteção contra poluição e qualidade interna do ar, estabilidade estrutural da edificação, salubridade e higiene, segurança e outros. (OCHOA, J.; ARAÚJO, D.; SATTLER, M. 2012, p. 92)
Tendo em vista o idoso, o planejamento arquitetônico deve receber ainda mais atenção a esses critérios, devido às doenças comuns da terceira idade que são intensificadas caso haja o desequilíbrio no conforto ambiental. A tabela 2 apresenta os principais problemas e doenças e como a arquitetura influência em cada tipo.
Tabela 02
Doenças comuns da terceira idade e os principais aspectos arquitetônicos problemas/ doenças elementos da arquitetura incontinência e urgência programa; espaço e função quedas acidentais pele (alterações diversas) osteoporose espaço e eficiência visual insolação; aberturas insolação; aberturas; espaço hipotermia e hipertermia perda gradual dos sentidos e percepções relação/ preocupação melhorar a acessibilidade do idoso na ida aos ambientes e o seu conforto espaços bem dimensionados com exclusão dos obstáculos físicos, iluminação para a segurança evitar a radiação nociva com dispositivos de proteção e prevenção do câncer de pele janelas e espaços abertos que proporcionem: radiação adequada para a fixação do cálcio e o exercício conforto hidrotérmico diminuição da adaptação às variações de temperatura; revisão do padrão de conforto audição visão olfato tato e equilibrio sistema respiratório depressão conforto e eficiência conforto acústico ventilação e qualidade do ar programa; espaço e função ventilação; qualidade do ar manutenção da construção conforto visual e lumínico alterações na visão geram novas necessidades luminicas e visuais requer um estudo adequado para melhorar a inteligibilidade do idoso o olfato menos apurado pode mascarar as condições reais do ar perda da sensibilidade às variações térmicas; diminuição do equilíbrio, reflexos e percepções dos objetos ambientes bem arejados, limpos, bem conservados, contribuem para a saúde do sistema respiratório ambientes acolhedores com estímulos visuais
Quando se trata de qualidade de vida e conforto ambiental, o tema biofilia se alinha com esses conceitos, compartilhando do mesmo princípio: buscar criar um ambiente confortável para as pessoas, proporcionando mais saúde e bem-estar físico e mental através dos espaços (KELLERT & CALABRESE, 2015.) Além disso, em resumo, o design biofílico consiste em conectar o ser humano à natureza - texturas, padrões, cores e outroscriando ambientes que acalmam, confortam e orientam.
De acordo com Kellert e Calabrese (2015, p. 6), uma aplicação efetiva do design biofílico resulta em benefícios fundamentais para o ser humano. São
Promover um envolvimento constante e sustentável com a .
Concentrar-se nas adaptações humanas ao mundo natural que, ao longo do tempo evolutivo, melhoraram a saúde, a forma física e o bem-estar das pesso-
Incentivar uma ligação emocional a configurações e lugares específicos; .
Promover interações positivas entre as pessoas e a natureza que incentivam um senso ampliado de responsabilidade e gestão para as comunidades humanas e naturais;
Incentivar soluções de design ecologicamente conectadas, mutuamente fortalecidas e integradas.
O design biofílico apresenta, de acordo com Kellert e Calabrese (2015, p. 6), “três tipos de experiências da natureza”. Eles incluem: “a experiência direta da natureza, a experiência indireta da natureza e a experiência do espaço e do lugar.”
Experi Ncias Diretas Da Natureza
• Luz
• Ar
• Água
• Plantas
• Animais
• Clima
• Paisagens e experiências indiretas da natureza
• Materiais naturais
• Cores naturais
• Simulação de luz e ar naturais
• Formas e formatos naturais
• Evocar a natureza
• Riqueza de Informações
• Idade, mudança e a pátina do tempo
• Geometrias naturais
• Biomimética experiências de espaço e lugar
• Perspectiva e Refúgio
• Complexidade organizada
• Integração das partes ao todo
• Espaços de transição
• Mobilidade e wayfinding
• Conexão cultural e ecológica ao lugar
Design Universal
É necessário entender o que é o design universal e quais são os seus conceitos básicos. Sabe-se que “design para todos” é descrito como a intervenção sobre espaços, produtos e serviços com a finalidade de permitir a todos o acesso com igualdade de condições, independente da idade, gênero, capacidade e nível cultural, então é, na maior parte dos casos, sinônimo de design universal. (FRANCISCO; MENEZES, 2011, p. 25)
O design universal começou a se desenvolver a partir da necessidade de acessibilidade e inclusão social, ou seja, a ideia se iniciou com o intuito de oferecer condições de acesso para todos, sem qualquer restrição e/ou obstáculos. Para Guimarães (2013 apud PORTO C.; REZENDE, 2016, p. 159) o Design Universal é “um nível mais amplo da acessibilidade, pois considera as necessidades dos usuários tanto nas circunstâncias mais extremas quanto nas mais comuns.”
Design Universal
De acordo com o Manual de Desenho Universal do Governo do Estado de São Paulo (2010), o conceito se originou na década de 1990, com um grupo de pesquisadores arquitetos, engenheiros, designers e defensores de uma arquitetura e design mais focados na diversidade do ser humano. O grupo se reuniu no Center for Universal Design, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a fim de estabelecer sete princípios do desenho universal. São eles:
Uso Equitativo
• Propor espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por usuários com capacidades diferentes;
• Evitar segregação ou estigmatização de qualquer usuário;
• Oferecer privacidade, segurança e proteção para todos os usuários;
• Desenvolver e fornecer produtos atraentes para todos os usuários.
Uso Ex Vel
• Criar ambientes ou sistemas construtivos que permitam atender às necessidades de usuários com diferentes habilidades e preferências diversificadas, admitindo adequações e transformações;
• Possibilitar adaptabilidade às necessidades do usuário, de forma que as dimensões dos ambientes das construções possam ser alteradas.
Uso Simples E Intuitivo
• Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração;
• Eliminar complexidades desnecessárias e ser coerente com as expectativas e intuição do usuário;
• Disponibilizar as informações segundo a ordem de importância.
Informa O De F Cil Percep O
• Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações sonoras, táteis, entre outras, para compreen- são de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou estrangeiros;
• Disponibilizar formas e objetos de comunicação com contraste adequado;
• Maximizar com clareza as informações essenciais;
• Tornar fácil o uso do espaço ou equipamento.
tolerância ao erro (segurança)
• Considerar a segurança na concepção de ambientes e a escolha dos materiais de acabamento e demais produtoscomo corrimãos, equipamentos eletromecânicos, entre outros - a serem utilizados nas obras, visando minimizar os riscos de acidentes.
Esfor O F Sico M Nimo
• Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável e com o mínimo de fadiga;
• Minimizar ações repetitivas e esforços físicos que não podem ser evitados.
Dimensionamento De Espa Os Para Acesso E Uso Abrangente
• Permitir acesso e uso confortáveis para os usuários, tanto sentados quanto em pé;
• Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários, sentados ou em pé;
• Acomodar variações ergonômicas, oferecendo condições de manuseio e con- tato para usuários com as mais variadas dificuldades de manipulação, toque e pegada; direitos das pessoas idosas no brasil
• Possibilitar a utilização dos espaços por usuários com órteses, como cadeira de rodas, muletas, entre outras, de acordo com suas necessidades para atividades cotidianas.
Com o impacto do envelhecimento na sociedade brasileira, o governo federal tem buscado implementar políticas públicas voltadas para o envelhecimento ativo e saudável, que garantam a preservação da saúde física, mental, moral, intelectual, espiritual e social da pessoa idosa.
Pol Tica Nacional Do Idoso
A Política Nacional da Pessoa Idoso é uma Lei Federal, de n° 8.842, de 04 de janeiro de 1994. Sua finalidade, de acordo com o Art. 1°, é “[...] assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.” estatuto da pessoa idosa
O Estatuto do Idoso é uma Lei Federal, de n° 10.741, de 1º de outubro de 2003. É uma Lei destinada a regulamentar os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos que vivem no país.
O documento veio ampliar direitos que já estavam previstos em na Lei Federal, de nº 8.842 (Política Nacional do Idosos) e também na Constituição Federal de 1988. Dessa maneira, o estatuto se fortalece como mecanismo eficiente na defesa dos cidadãos e cidadãs da ter- ceira idade, concedendo ampla proteção jurídica para viverem com dignidade e autonomia.
Pol Tica Nacional De Sa De Da Pessoa Idosa
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é uma Portaria, do Ministério da Saúde, de n° 2.528, de 19 de outubro de 2006. Sua finalidade primordial “[...] é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.” (BRASIL, 2006) tentável.”
Ainda na esfera federal, existem os programas assistenciais e de atendimento ao idosos ofertados pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Grande parte deles se estabelecem a partir de projetos de extensão das faculdades, principalmente na área da saúde. São
60+ conect@dos .1 vida ativa .2
Ele visa a inserção de estudantes com 60 anos ou mais no mundo digital.
O Projeto de extensão é destinado prioritariamente às pessoas da terceira idade, e como público secundário desde crianças a adultos jovens. Tem como objetivo construir parcerias com a comunidade e unidades básicas de saúde das famílias locais, favorecendo ações de promoção da saúde integral.
O Governo Federal, além de oferecer políticas públicas que garantem os direitos dos idosos, incentiva ações e programas - no âmbito federal, estadual e municipal - que visam dar assistência e proteção em diversas esferas, como ambiente físico; transporte e mobilidade urbana; moradia; participação; respeito e inclusão social e comunicação e informação; oportunidades de aprendizagem e apoio, saúde e cuidado.
Programa Do Governo Federal
Para fortalecer a proposta, o Governo Federal criou a "Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa (EBAPI)”. De acordo com o site do Governo, na página do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o programa se destina “a incentivar as comunidades e as cidades a promoverem ações de caráter intersetorial e interinstitucional para a efetivação da Política Nacional da Pessoa Idosa de forma a garantir o envelhecimento ativo, saudável e sus- projeto de atendimento ao idoso (PAI) .3 volte a sorrir .4
O projeto conta com professores e alunos da Ed. Física e desenvolvem atividades como: dança, hidroginástica, natação, recreação, jogos e passeios turísticos. E tem como objetivo: proporcionar uma melhor qualidade de vida ao idoso.
É um projeto de extensão que oferece tratamento odontológico para idosos de Goiânia.
Programa Do Governo Estadual
Na esfera Estadual, cabe ao Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social –SEDS, um papel planejado na administração da política de desenvolvimento social do Estado: definir rumos, diretrizes e proporcionar mecanismos de apoio às instâncias municipais, ao terceiro setor e à iniciativa privada. Para isso, o Estado instituiu o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) - assim como o Sistema Único de Saúde (SUS) - como sistema único para “promover e ofertar às famílias de qualquer parte do Brasil os mesmos serviços em conformidade com a Política Nacional de Assistência Social” (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020). Tem como objetivo a proteção social à família, à infância, à adolescência, à velhice (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).
O SUAS compreende serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, dentro deles existe o serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, que contribui para a promoção do acesso de pessoas com deficiência e pessoa idosa aos serviços e a toda rede socioassistencial, prevenindo situações de risco, a exclusão e o isolamento. O serviço chega a comunidade através do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), fazendo-se presente em locais de difícil acesso, como áreas rurais, comunidades indígenas, quilombolas, assentamento, dentre outras comunidades e povos tradicionais.
Dentro do Estado de Goiás, existe a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) - entidade sem fins lucrativosque oferece programas sociais e atendimentos voltados à comunidade em situação de vulnerabilidade social, especialmente os idosos.
A OVG, em assistência ao idoso, propõe o programa de Casa-lares, destinado a instituir unidades residenciais que prestem cuidados à terceira idade que se encontram no grupo de baixa renda e com maior necessidade de cuidados. Em Goiânia, existem duas instituições de Casa-Lar: Vila-Vida e Sagrada Família. Na Vila-Vida, os moradores da unidade são assistidos por profissionais de enfermagem, assistência social, odontologia e psicologia, que desenvolvem atividades de promoção da saúde do corpo e da mente. Já na Sagrada Família, considerada como uma Instituição de Longa Permanência (ILPI), é voltada para idosos dependentes ou semidependentes.