Pessoa

Page 1

80 anos da morte de Fernando Pessoa. E o poeta não se foi sozinho, com ele se foram muitos: em seu arquivo, ainda sendo escavado, já foram encontrados 127 heterônimos no total. A morte de Pessoa, então, é quase um genocídio. O maior poeta português de todos os tempos (que me perdoe Camões) e o melhor da língua portuguesa (que me perdoem os brasileiros), Pessoa consegue ser moderno e afetivo, entender as máquinas e os campos, o amor e a dor de existir. Ao contrário do que se acha, os heterônimos não serviam para que Fernando Pessoa habitasse o mundo de outros. Ele não tinha a intenção de “ser outro”, pelo contrário, a maior intenção de Pessoa era, no fundo, apagar-se, tanto que não assinava seus poemas quando não eram de heterônimos. O balanço final é: o Pessoa quase não existe, os heterônimos, existem demais.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.