Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
HACAo1-T2 Rua Barão de Jeremoabo s/n Salvador-BA 40170-115
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Querida Nisinha: É com imenso prazer que lhe escrevo esta carta. Primeiramente, gostaria de agradecer pela grande mulher que és. A princípio, o mundo nem sempre foi um lugar conquistado pelas mulheres, tivemos que lutar muito para sermos enxergadas e vistas como mulheres competentes e que sabíamos o que estávamos fazendo e, por isso, ver você revolucionando um cenário que nem sempre foi visto com um olhar delicado foi fundamental para que, hoje, pudéssemos ter um outro olhar sobre essa área que ajuda a tantas pessoas.
Você é uma mulher incrível e lutou bravamente para ser escutada. Mesmo quando, na maioria das vezes, teve a sua voz silenciada, você continuou, você lutou e conquistou. Conquistou não somente o seu espaço, como também abriu portas para que mais mulheres também pudessem assumir esse papel no mundo.
Você foi além de tudo, além da sua profissão, você buscou a solidariedade para com os indivíduos que necessitavam de ajuda, você foi capaz de “interdisciplinarizar” a prática dos saberes, trazendo um novo olhar para aqueles que estavam esquecidos pela sociedade e pelos próprios familiares.
Você deu um novo sentido a eles e aos estudos de psiquiatria, que hoje são vistos de forma diferente. Com você foi possível estabelecer uma nova educação para àqueles que queriam ingressar na área. Você possibilitou a formação de novos profissionais e educadores, bem como ajudou a todos estimulando uma razão mais aberta e criando uma nova inteligência.
Enfim, agradeço muito por você ser sido tão forte e ter aberto portas para tantas pessoas.
Com amor,
Alícia
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Querida Nise, Como vai? Estou escrevendo esta carta para te parabenizar pelo seu trabalho, pela contribuição que a Senhora trouxe à psiquiatria e pela forma como revolucionou o tratamento mental no Brasil. Sabemos que o ser humano é reflexivo, social, psíquico, moral, criativo, religioso, físico e intelectivo e a Senhora conseguiu mostrar que também é possível ver as pessoas com doenças mentais com todas essas características, dessa forma interdisciplinar, humana. Ser interdisciplinar é renunciar à manipulação totalitária do conhecimento, é ter um saber compartilhado, ter novos enfoques, combinando perspectivas, e a Senhora criou esse novo olhar sobre a doença mental. Foi muito lindo ver o seu desejo de ultrapassar os saberes adquiridos e de trilhar novos caminhos, se recusando a buscar a cura através da violência, criando um ambiente acolhedor e livre. Tudo isso, enquanto os psiquiatras tradicionais se mostraram com o pensamento hiperespecializado, sem a habilidade de contextualizar e de interligar os saberes e sem conseguir perceber o global. Eles se preocuparam
tanto com a parte médica e científica, que se esqueceram de olhar o paciente como um todo. Foi com o pensamento de que os nossos conhecimentos nascem da dúvida e se alimentam de incertezas que a Senhora buscou novas formas de se lidar com os pacientes e de fazer com que eles se comunicassem através da arte, como a música, a pintura e a escultura. Fantástico ver como a Senhora foi pioneira na terapia ocupacional e como ajudou a mudar os rumos dos tratamentos psiquiátricos no Brasil, abrindo caminho para a luta antimanicomial e para a humanização da pessoa com doença mental. Gostaria muito de te conhecer e poder te dizer isso tudo pessoalmente, mas, como isso ainda não é possível, minhas palavras seguem registradas através desta carta, que vai com um desejo sincero de que um dia possamos nos encontrar pessoalmente. Com carinho, Aline Luisa Leal
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Jacobina, 28 de novembro de 2021 Cara Dra. Nise, Vivemos num mundo em que constantemente buscam nos colocar em uma caixa do que somos e o que devemos fazer por ser algo, esperam que tudo seja sempre feito da mesma forma por todos. Assim, muitas pessoas de fato entram em uma das caixas que lhes foi mostrada e seguem roboticamente todos os procedimentos e ideologias associados a ela, abrindo mão até de si para encaixar-se e ter um rótulo. Sua postura, no entanto, Dra. Nise, destoa da nossa sociedade predominantemente conformista, a sra. deu espaço não só a sua individualidade dentro da profissão, mas também, à subjetividade de indivíduos até então tratados como corpos, carapaças vazias, deu a eles (e a mim) esperança. Dentre os inúmeros detalhes de seu trabalho, chama minha atenção a forma como transcende o modo de fazer ciência. Para fazer alterações na qualidade de vida, no modo de agir, pensar e simplesmente existir de seus clientes não se limitou a compreender biologicamente seus problemas e propor soluções unicamente associadas à química, física e biologia
(componentes usualmente tidos como os únicos integrantes da ciência), a sra. foi além, foi interdisciplinar! Interdisciplinaridade, uma palavra grande cuja prática para muitos parece custosa e desgastante quando na verdade representa a abertura para um mar de possibilidades, para construir novos horizontes. Ser interdisciplinar é aproveitar as ferramentas de áreas e atividades distintas para tentar uma outra vertente, é encontrar a solução na associação e isso a sra. soube fazer muito bem. Na mudança do vocativo de "paciente" para "cliente", na adição de uma oficina artística dentro de uma clínica e na simples abertura para um cachorro ser terapêutico, seu trabalho é essencialmente interdisciplinar, libertador e efetivo. Parabéns por ter desviado da mesmice que tratava pessoas com baques físicos e cirurgias irreversíveis, por ter "aberto a tampa da caixa" de trabalhar naquela clínica e ter feito revolução. Obrigada pela coragem de ser interdisciplinar e humana, por ter humanizado quem precisava de sua ajuda! Atenciosamente, Ana Beatriz (Sua admiradora, coincidentemente afastada da depressão por um cachorro chamado Van Gogh)
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021
Prezada Dra. Nise, Quero lhe parabenizar pela sua contribuição à psiquiatria que revolucionou o tratamento mental no Brasil. Foi incrível a forma como a senhora usou da interdisciplinaridade para fugir dos padrões e tratar os seus clientes. Foi muito interessante ver como a arte é capaz de renovar os seres humanos em diversos sentidos, mudando assim as percepções que possamos ter em relação às pessoas que sofrem com problemas mentais. O feeling de introduzir a interdisciplinaridade em seus tratamentos e fazer com que os doentes expressassem as imagens do seu inconsciente através da arte, foi o principal fator para que eles se sentissem leves, pois, colocaram para fora praticamente tudo o que os afligia à alma. Um abraço e meus parabéns pela força e coragem, Anderson Souza da Silva
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Saudações, Dra. Nise da Silveira Gostaria de começar esta carta dizendo que procurei entender um pouco mais sobre sua pessoa, seu trabalho e como a sra trata seus "clientes". Posso lhe afirmar que seu método de trabalho, como psiquiatra, é surpreendente, especialmente tratando-se da época na qual a sra viveu e exerceu sua profissão- com todas aquelas restrições governamentais. Acho válido ressaltar também, que a maneira como a sra lida com seus "clientes", utilizando a arte como tratamento, ou melhor como uma terapia, é inspirador! Recentemente aprendi o conceito de interdisciplinaridade e como tal conceito pode estar presente no meu cotidiano, e eu nunca tinha parado para refletir como exatamente. E isso me fez pensar o seguinte: é impressionante como as pessoas com o passar do tempo estão mais superficiais, com a mente mais fechada sem expandi-la intelectualmente ou até mesmo artisticamente. Como se prendem a uma rotina se limitando apenas àquilo e esquecem que existe um mundo em volta, esquecem que as coisas podem ser vistas de um outro ângulo. Estão acostumadas a receber informações e aceitá-las,
sem nem mesmo criticar ou expressar uma opinião particular sobre tal assunto. Essa forma "fechada" e limitada de pensar é bem ultrapassada e a essa altura já não deveria ser mais uma realidade em pleno século XXI, não concorda? Por isso admiro seu trabalho, o modo como a sra lida com seus "clientes" é único, e justamente o que eu disse no parágrafo anterior se aplica no seu caso. Seus pacientes estavam acostumados, assim como todos os outros funcionários do Centro Psiquiátrico Nacional, a uma rotina, achando que aquele era o único jeito de se "viver" ou de tratar suas respectivas condições psíquicas -muitos desses tratamentos bastante agressivos, por sinal-, mas a sra conseguiu pouco a pouco mostrar uma outra forma de viver a vida, aplicando, muito bem, seja dito, o conceito de interdisciplinaridade, ao trazer a arte em forma de pintura, desenho, e a respectiva liberdade de expressão, para ampliar o horizonte dos "clientes", que utilizavam tal linguagem simbólica, através da arte, para se expressarem. Com a aplicação de tal conceito surge uma visão mais ousada, mais duvidável. Afinal, da dúvida -que é recheada de incertezas-, nasce o conhecimento. Ao mesmo tempo surge uma visão mais "mutável" das coisas, no sentido de que nada deve ser tido como certo e único 100% das vezes. Quase sempre deve haver outra maneira de enxergar a situação, basta manter a razão aberta! E pelo que conheci do seu trabalho, sei que a sra é uma profissional que revolucionou a maneira como são tratados os pacientes psiquiátricos no Brasil, ou melhor seus "clientes". Espero algum dia aprender e poder aplicar na minha
rotina o conceito da interdisciplinaridade. Dessa forma irei permitir a formação de uma nova pessoa dentro de mim. Um abraço de sua admiradora! Andra Meneses, sua grande fã.
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Olá Nise, Me chamo Beatriz, e a princípio gostaria de esclarecer a origem e as motivações desta carta. Escrevo de um futuro um tanto distante do seu e venho aqui demonstrar meu apreço pelo trabalho revolucionário que você realiza no seu presente. É admirável o tato que é necessário para conseguir articular o afeto com a ciência, áreas até então intangíveis entre si. Não duvido que seja necessária muita clareza para enxergar diálogos entre áreas consideradas tão distintas, ainda mais no seu tempo, no qual um paciente da ala psiquiátrica era tratado tal qual não habitasse nele um ser humano, e essa abordagem tem sido diferente hoje em dia. Podemos dizer que você tem um papel propulsor muito importante nesta mudança.
Como sei de um pouco das suas lutas, esta carta também é escrita como um incentivo. Seu embate com a ciência cartesiana e estritamente racional vai ser grande. O imaginário construído na mente de cada indivíduo o leva a crer na supervalorização deste conhecimento rígido, e quem tentar articular perspectivas menos cartesianas, ou até mesmo subjetivas, vai encontrar resistência por parte daqueles que não estão dispostos a reavaliar seus conhecimentos prévios, até porque, na área em que a senhora trabalha, são esses conhecimentos que conferem poder e autoridade aos seus colegas médicos e doutores. Mas não se preocupe, haverá pessoas do seu lado dispostas a trocar conhecimentos, e eu tenho a certeza para falar que a maneira como você inseriu novos métodos que subvertiam toda a lógica cruel e tortuosa aplicada anteriormente, revolucionou o tratamento psiquiátrico brasileiro. Abraços, Beatriz
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021 Olá Nise, Em primeiro lugar, muito obrigado! Gostaria de me apresentar, meu nome é David, tenho 23 anos e sou da Bahia. Estudo Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia e escrevo essa carta para lhe agradecer pelos ensinamentos passados. Quando me matriculei no meu curso, eu não sabia se estava fazendo a coisa certa, afinal, em que seria útil essa interdisciplinaridade? Será que todos os conteúdos estudados serão úteis em algum momento da minha vida? Esses pensamentos me vieram à cabeça e ainda hoje me balançam um pouco. Ao conhecer sua história, pude notar o quão importante é ter conhecimentos diversos, pois nem sempre os métodos convencionais funcionam. Como alguém que tem depressão e ansiedade, eu não consigo imaginar em como seria minha vida com os métodos antiquados e violentos da sua época.
Talvez hoje, a taxa de suicídios seria muito maior do que já é. Então sou grato por suas contribuições à psiquiatria, em um mundo que sem dúvidas muitas das vezes foi ingrato com a senhora. Sua forma de tratar seus pacientes, com arte, amor e paciência mudou esse mundo cruel e intolerante em que vivemos. Espero que um dia mais pessoas como a senhora possam fazer a diferença e tornem esse mundo melhor, para aqueles que enfrentam duras batalhas internas diariamente. Sinto muito por todos os momentos difíceis que a senhora passou para defender aquilo que acreditou até seu último suspiro. Devo dizer que o mundo hoje é diferente. Algumas coisas seguem sendo difíceis, mas não como antes. Seus métodos me mostraram que todas as categorias de conhecimento podem ser úteis em algum momento da vida, seja na vida profissional como na pessoal. Espero levar seus ensinamentos para o resto da vida, de modo a me tornar uma pessoa melhor e com conhecimentos amplos que certamente me guiarão nesse mundo. Com carinho, David dos Santos da Silva
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 25 de novembro de 2021 Olá, doutora Nise Achei muito interessante o seu trabalho na clínica de tratamento, desde o primeiro momento quando a senhora pede ao seu funcionário para observar os clientes primeiro, pois aquilo fazia parte do processo para tratá-los de uma maneira mais humana. Achei isso de muitíssima importância, pois muitas vezes, por incrível que possa parecer, isso é esquecido. Então, trazer essa humanidade é indispensável. A ideia de usar a pintura para o tratamento clínico, que a princípio não é uma ferramenta psiquiátrica, e deixar os clientes conviver juntos e com mais liberdade, foi fantástica. Usar uma outra abordagem e ferramenta, tal como a pintura, permitiu que eles acessassem algo mais interior, mais profundo, mais íntimo deles, possibilitando uma nova conexão com o exterior e o interior, e consequentemente promovendo uma melhora. Atenciosamente, Fernando Santana
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Dra. Nise, Primeiro, eu queria te agradecer pela humanidade e teimosia! Humanidade por entender e tratar as pessoas considerando que somos corpo, mente, social, racional, emocional e arte. E teimosia por questionar os padrões bastantes controversos que acabamos seguindo pela automaticidade do dia a dia do que já se está posto. Talvez a interdisciplinaridade venha desse entendimento de que nós seres humanos somos complexos, somos infinitos em possibilidades, sentimentos e pensamentos. Uma coisa que me tocou bastante na sua história é que você mistura a interdisciplinaridade com o afeto e o cuidado através da arte. O parar para pensar em cada paciente, que antes de tudo é uma pessoa, em cada necessidade, escutar o que eles têm para dizer e precisam é uma conduta muito inspiradora e com a qual eu me identifico demais!
É importante perceber que o caminho da interdisciplinaridade é uma possibilidade muito enriquecedora. Levarei isso para minha área da dança, pois a cada dia percebo que a dança não é “só” o movimento do corpo. O corpo mexe, dança e o corpo também pensa, sente, está imerso em questões sociais, políticas, culturais, religiosas, e ele dança a partir e através de todos esses aspectos. Logo, é preciso levar toda essa complexidade em consideração!
Obrigada por me lembrar disso! Géssica Barreto
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021 Querida Doutora Nise, Estou te escrevendo para dizer que estou muito inspirada pela sua luta. Tratar as pessoas com problemas psiquiátricos com carinho e amor é realmente uma revolução. Ir contra a medicina tradicional é um ato de rebeldia e são esses atos os que mudam o mundo. Todos merecem ter seus direitos humanos respeitados e é isso que você faz. Usar a interdisciplinaridade para unir a medicina e outras áreas do conhecimento para tratamentos mais humanos, para refutar teorias psiquiátricas e assim permitir que os seus pacientes pudessem se expressar através de conhecimento da arte, religião, literatura é de extrema importância para humanizar essas pessoas. Admiro a forma como você prioriza o bem-estar e cria uma relação de afetividade entre os internos. Isso faz com que cada um deles possa ser tratado com a individualidade necessária e ter as suas habilidades exploradas através do ateliê de artes. Por meio disso, é possível entender quais são as feridas e a necessidade por mais liberdade e equilíbrio. Você ensina como motivar a convivência em grupo por meio das
manifestações culturais e atividades de lazer para que eles se sintam inseridos e não mais tratados como se fossem animais agressivos. A interdisciplinaridade utilizada por você expande a medicina e se faz necessária quando se trata de algo tão complexo como a mente humana. Nise, você é um grande exemplo de profissional e de ser humano. Parabéns por ter trazido um novo olhar sobre os doentes psiquiátricos e ter ressignificado seus tratamentos. Eu adorei te conhecer Beijos e abraços, Isabella
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Olá, Dra. Nise da Silveira! Primeiramente gostaria de parabenizar seu trabalho e como a senhora trata seus clientes. Seu método de trabalho, como psiquiatra, é admirável, especialmente porque a senhora viveu e exerceu sua profissão mesmo com as restrições governamentais. É valido ressaltar que é inspiradora a maneira como a senhora utiliza a arte com terapia. Recentemente, estudei sobre interdisciplinaridade e como esse conceito pode estar presente no dia a dia e eu nunca tinha observado. E isso me fez refletir como as pessoas estão superficiais, limitadas apenas a uma rotina. Recebem informações e não buscam conhecer melhor e nem criticar, dar a sua opinião sobre um determinado assunto. Por isso que sou apaixonado pelo seu trabalho, o modo como a senhora lida com seus pacientes é único. Seus pacientes estavam acostumados a uma rotina, pensando que aquele era o único jeito de viver ou de tratar suas condições psíquicas, mas a senhora conseguiu com o tempo mostrar outra forma de viver, aplicando o conceito de interdisciplinaridade,
ao trazer a arte em forma de pintura para ampliar os horizontes dos seus pacientes. Com aplicação de tal conceito surge uma visão mais abrangente, fazendo com que nasçam novos conhecimentos. Ao mesmo tempo, surge uma visão versátil das coisas, no sentido de que nada deve ser tido com totalmente certo; sempre deve haver outras maneiras de ver a situação. E, pelo que conheci do seu belo trabalho, sei que a senhora é uma profissional que mudou a maneira de tratar os pacientes. Parabéns! Um abraço do seu admirador! Atenciosamente, Jair de Jesus Lima
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 29 de novembro de 2021
Cara Dra. Nise, tudo bem? Tenho acompanhado seu trabalho e pesquisa no hospital psiquiátrico e achei notável sua metodologia interdisciplinar com seus pacientes, uma vez que ela humanizava os protocolos de tratamento e assim deixava métodos medievais no passado.
É importante ressaltar a melhora do bem-estar de seus pacientes, haja vista que a maneira como utilizou terapias artísticas e a interdisciplinaridade é forma individual para cada um, foi sem dúvida um grande avanço para a psiquiatria.
Fiquei bastante abalado devido aos animais de estimação. O amor deles é, sem dúvida, imprescindível para a cura, pois a presença e carinho deles traz o conforto e a calmaria necessários para os avanços do processo curativo.
Espero que sua história e pesquisa sirva como base para novos avanços na área da saúde, trazendo a interdisciplinaridade e humanização para o campo. Atenciosamente, Jean Victor de Santana Silva
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Subauma, 27 de novembro de 2021 Querida Nise, Em primeiro lugar, muito obrigada pelo seu incrível trabalho! Me tornei fã a partir do momento que tomei conhecimento sobre seus trabalhos na terapia ocupacional. O olhar sensível a respeito das condições e diagnósticos dos clientes, permitindo o uso da arte e dos animais de estimação como integração e parte do tratamento, me deixou encantada. O tratamento aplicado de forma interdisciplinar, utilizando variadas formas de linguagem, expressões e conhecimentos que permeiam a psiquiatria, belas artes e os processos de adestração de animais, permitiu que seus clientes tivessem
melhoras significativas e passassem a lidar melhor, tanto com as dificuldades individuais quanto com as coletivas. Eu, enquanto artista, tenho grande admiração por seus resultados significativos para o avanço dos tratamentos psiquiátricos no Brasil. Com carinho, Jennifer Nascimento
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Querida Nise, Em primeira instância, gostaria de expressar a minha mais completa admiração pelo seu trabalho. Suas ações são inspiradoras para lutar contra uma corporação de médicos extremamente machista. Além disso, o modo como a senhora opera no seu trabalho é incrível, a paciência e os seus métodos de compreender o paciente em busca de um tratamento ideal para os casos em particular. Não pude deixar de observar e ficar maravilhada ao ver o uso da interdisciplinaridade no ofício da sua profissão, a maneira como a senhora incluiu e usufrui de elementos artísticos para o tratamento dos pacientes, a pintura, as atividades interativas são sensacionais exemplos disso. Consoante a isso, uma profunda tentativa de compreendê-los. Suas ações brincam com a interdisciplinaridade, a arte em uma hibridização com os métodos de tratamento psiquiátrico. Enfim, apenas queria transmitir o quanto sua carreira é linda, o seu esforço é comovente e eu me sinto inspirada pela senhora tanto como mulher como pela profissional majestosa que é. Parabéns pelo seu trabalho, gostaria de poder ter te conhecido pessoalmente,
porém quem sabe em outra vida, nós tenhamos o prazer de nos encontrar. Atenciosamente e com total admiração, Júlia Fernandez de Moraes
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro Mutuípe, 28 de novembro de 2021
Querida doutora Nise, Primeiramente, gostaria de expressar minha grande admiração pela senhora. Você tem uma força e coragem notáveis, consegue enfrentar as dificuldades que a vida impõe com maestria e busca sempre o melhor caminho para ultrapassar esses percalços. Já seu trabalho, esse me deixa sem palavras. Toda a sua trajetória na clínica foi marcada por fatores que, com certeza, fizeram toda a diferença para que se obtivessem resultados tão notáveis. O caráter interdisciplinar que você tem torna-se evidente na sua forma de tratar os clientes, e eu notei que a percepção das coisas que estão acontecendo ao seu redor é um dos pilares para essa construção. Como um estrangeiro que busca entender os costumes alheios a si em um ambiente distinto, você se dispôs a observar as pessoas internadas, compreender seus comportamentos e o porquê de agirem de determinada forma.
A maneira humanizada de tratar todo indivíduo com o respeito que lhe é de direito, oferecer ajuda, afeto e proximidade a essas pessoas permitiu que elas a vissem de uma maneira benéfica, e, assim, pudessem se sentir livres com a senhora perto. A introdução das oficinas de pintura foi algo fantástico, o jeito como buscou examinar as condições favoráveis para cada um, as formas que eram representadas e o que tudo isso significava propiciou um grande salto na assimilação do comportamento dos enfermos com que se passava na sua psique. Relacionar arte, terapia comportamental e estudo do subconsciente é algo incrível e que lhe rendeu resultados positivos nos pacientes, uma pesquisa inovadora e posteriormente o merecido reconhecimento. Não bastasse isso, em paralelo, ainda houve a busca pelas vivências dos indivíduos, suas histórias e possíveis fatores que influenciaram para a atual situação deles e que também poderiam vir a se manifestar na sua arte. Toda essa junção de fatores mostra o ser diverso que a senhora é, que interliga diferentes áreas para uma finalidade específica, sempre mantendo a ética e a humanidade nas suas ações, e é por isso que tanto a admiro. Atenciosamente, Kaliane Barreto
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Candeias, 27 de novembro de 2021
Dra. Nise, Meu nome é Lucas, sou aluno do curso Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Bahia. Estou escrevendo está carta para elogiar a sua personalidade e posição diante das situações enfrentadas por aqueles pacientes do Hospital de Psiquiatria do Engenho de Dentro. Sua história chegou até mim e confesso que fiquei encantado com a forma como a Doutora, a partir das leituras e vivência profissional, conseguiu entender as características de cada ‘cliente’ (como a senhora carinhosamente os chama) e extrair os sentimentos deles. Um dos momentos mais marcantes para mim foi quando você, Nise, escreveu uma carta ao Mestre Carlos, reconhecido na arte brasileira, e disse a ele que as formas e cores utilizadas demonstrava e explicava muitos dos sentimentos daqueles artistas. Lembro de um paciente em específico, o Fernando, ele
pintava inicialmente o cenário em partes e depois juntava todos em uma tela única e logo depois a senhora descobriu que aquela era a visão diária dele. Isso me fascina! A senhora de maneira criativa entendeu os pacientes e fez eles se sentirem vivos. Não somente a pintura, mas a sua ideia de levá-los a um parque, trazer cachorros a clínica foi uma incrível maneira de estimular eles ao afeto. Enfim, lhe agradeço pela história e grande inspiração. Um abraço de um grande fã da sua história, Lucas
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 26 de novembro
Oiê, Dra. Nise da Silveira. Como vai você? Há poucos dias assisti o filme “Nise - o coração da loucura” e me vi despertando pela incrível maneira como a Dra (em auxílio de outras pessoas, olhares humanísticos e seus clientes - que até então eram rejeitados e maltratados - ) conseguiu encontrar a arte e a criatividade. Aqui está tudo bem. Logo no começo da obra cinematográfica, a Dra, soltou uma frase que, ao meu ver, é capaz de identificar amplamente a sua relação com essa área da psiquiatria, que foi “cale-se! Ouça, observe, cada gesto aqui é matéria prima do nosso trabalho”. Consigo ver a íntima relação humanística que você tem com seu trabalho, coisas que, inclusive, foram criticadas por seus colegas de trabalho dizendo como “aliás, comportamento que é tipicamente comunista”. Aqui também consigo ver uma coisa que julgo ser bem importante, o fato de aprendermos a abrir mão de nossas visões e não quer nos importamos com as respostas que julgamos ter e, focar na procura e
na colocação de perguntas que são sábias e que nos levam na busca por novas questões. Parece-me especialmente interessante o fato de que em todos os momentos você se demonstrou como sendo uma pessoa presente em seu tempo e em sua realidade, mas quando necessário também foi capaz de voltar ao passado (para, por exemplo, analisar certas obras) ou ir para o futuro para encontrar refúgio em seus sonhos. Além disso, noto também a sua coragem; sim, coragem para apropriar-se da razão em seu lugar de direito, para dominar seus pensamentos (fazendo da imprudência um método), para alimentar motivos para uma mudança (especialmente no seu caso que estava em um espaço que tudo parecia imutável) e, também, para abster-se de ‘portos seguros’ (o que me pareceu ainda mais difícil no seu caso, já que tudo apontava para a busca de um ‘porto seguro’, tudo apontava para não mudança). Acho válido também comentar sobre a criatividade, sua incrível capacidade de gerar um ambiente humanístico, propiciou a livre associação e provou, mais uma vez, que todo ser humano tem, sim, a capacidade e o potencial criador (só precisa que seja estimulado) que ele aprende a ter abertura e sensibilidade, para dar forma à sua imaginação. Em um determinado momento, durante o ateliê, seus colegas lhe criticaram falando que eles estavam ali para ‘curar pacientes’ e perguntaram quando seus ‘pacientes’ estariam curados, e você respondeu “eu não sei, não sei nem se um dia vão estar”. Isso me chamou uma atenção especial, uma vez que sua forma de ver o mundo possibilita a forma de buscar uma interdisciplinaridade e
criatividade no nosso cotidiano que muitas vezes nem nos damos conta… E, o que não faltam são obstáculos… desde as ‘autoridades’ na pesquisa (que podemos ver em seus colegas de trabalho), peso da rotina (que você, provavelmente, saía exausta em muitos dias inclusive, seus gatos eram as coisas mais fofas do mundo -), a rigidez na mentalidade (vemos em muitas pessoas, como é o caso de seus colegas de trabalho), conformismos sociais, conservadorismo ideológico e ausência da criticidade nos pontos de vista individuais. Mas, acredito que se a gente criar novas formas de estruturar o pensamento, a inteligência e a racionalidade, aliando ao estímulo humanístico-artístico e a abertura da razão, podemos ajudar na formação de novos profissionais e novos educadores, conseguindo ligar áreas do conhecimento (sem questões hierárquicas ou soberba de saberes) para lidar com lacunas/falhas de nosso sistema disciplinarizado. Enquanto a você, Dra Nise, o que acha que podemos fazer no nosso cotidiano para buscar estímulos a essas questões interdisciplinares? Me escreva logo, pois necessito de novos horizontes. Abração. Luiz Eduardo Pontes Esquivel
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Cara Dra. Nise, tudo bem? Eu fiquei extremamente feliz em saber sobre sua luta pela saúde mental a partir da arte do inconsciente, que proporcionou a criação de outra relação médico paciente com os internos do hospício Pedro II, no Rio de Janeiro, e posteriormente em toda a psiquiatria brasileira. Mesmo a senhora pagando um preço alto no começo dessa jornada, valeu a pena! Penso que o exílio deve ter sido muito difícil. Acredite, nos dias de hoje a senhora ainda teria que lutar muito; pense que ainda hoje existem pessoas que não compreendem a complexidade do que significa ser humano, de como a nossa identidade também está ligada a tudo que não somos, de como nos conectamos sentimentalmente, da nossa cultura, das nossas vivencias, dos nossos valores, de como raciocinamos e percebemos o mundo. A maioria das pessoas ainda tem essa ideia de que conhecimento só é produzido por uma determinada pessoa e ou instituição, o que não e verdade, assim como não e verdade que as pessoas com doenças mentais não podem ser produtivas, não possam oferecer através da sua arte conhecimento, como a senhora lutou tanto para fazer a sociedade entender.
Vi que a senhora ficou muito triste e indignada em prescrever tratamentos ditos modernos na sua época como a eletroconvulsoterapia, porque não acreditava naquelas técnicas que transformam indivíduos únicos em sombras de si mesmo. A senhora crê que ainda hoje alguns especialistas da área da Psicologia/Psiquiatria tentam prescrever práticas assim, como a terapia para cura gay, em pleno século 21?
Penso na sua luta para estabelecer seus métodos de tratamento, para fazer do ateliê um espaço experimental, onde os pacientes vivenciavam formas de administrar suas emoções, por meio da pintura e das esculturas. Em uma dessas exposições, um psiquiatra te questionou sobre a eficácia de seus métodos, e a senhora prontamente afirmou: O meu instrumento é o pincel, enquanto o dele era o picador de gelo, numa clara referência a lobotomia, eu achei fantástico!
É preciso nos aproximar da complexidade das pessoas e não destruir tudo que a forma. A sua persistência e resultados, mostrou à comunidade médica daquele momento, a diversidade extraordinária do mundo das pessoas com doenças mentais, porque o que era pensado como tratamento, se encontrava preso às convicções dos outros especialistas da época, que não levavam em consideração a nossa pluralidade.
Agradeço a seu espírito interdisciplinar que nos mostrou que o coração tem razões que a própria razão desconhece por que temos qualidades de sentir, de prazer e de comoção que representam o centro de nossa
inteligência. Precisamos abdicar do desejo de poder pelo saber que não admite diferenças. Ser diferentes é o que nos faz ser únicos.
A senhora disse: “É necessário se espantar e se contagiar, só assim e possível mudar a Realidade”. Prometo Dra. Nise não me curar além da conta, jamais serei uma chata. Um grande abraço, Lumena
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021
Dra. Nise, Espero que esta lhe encontre bem. Saudações cordiais de um admirador. Esta é uma missiva de agradecimento. Uma vez que estive internado durante meses para tratar problemas de adicção, e lá, na clínica, pude entrar em contato com métodos de tratamento herdados da Senhora: fui tratado com simpatia, e, acima de tudo, foi levada em conta toda a complexidade do ser humano e dos problemas inerentes a nossa condição. Tive acesso a uma gama de diferentes profissionais de diversas áreas, trabalhando em conjunto para levar auxílio a mim e a pessoas com uma doença que requer toda a ajuda necessária. Obrigado por ter pensado além de toda rigidez e conservadorismo e enfrentar o status quo da medicina e da psiquiatria. Com seus ensinamentos a classe médica e demais cientistas puderam enxergar que o
amor e a compaixão se fazem necessárias também quando se pratica a ciência. Por fim, também agradeço como um estudante, pois a Senhora é uma inspiração para diferentes áreas do conhecimento, de modo que possamos lançar mão de métodos e teorias que dão conta de toda a complexidade de qualquer atividade humana Um abraço apertado de um grande admirador e quiçá um dia discípulo, Malwe N. Estudante do BI de Artes da UFBA
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Cara Dra. Nise,
Como andam as pesquisas? Admiro muito tua ousadia, tem um novo critério. Por aqui, ainda não sei bem o que fazer, Mariana diz que quer seguir teus passos, mas o marido acha uma loucura. Cá pra nós, acho que ele não tem nada a ver com isso, ela faz o que quer. Passei a vida sendo apaixonada por história e seus desdobramentos e hoje sou astrônoma. Veja só! Que loucura! Pedrinho ainda diz que não sabe o que quer. Fala que é importante passear entre as áreas, viajando. Eu acho que ele tem que se resolver, mas sou só uma mãe desolada. Ser advogado e químico pra ele é super normal. Agora inventou de querer fazer fisioterapia! Esse menino puxou ao pai, só pode! Mas minha amiga, não vou me demorar resmungando. Depois me conte suas estratégias artísticas para curar esses corações. Grande beijo!
Com amor,
Maria
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 26 de novembro de 2021 Prezada Dra. Nise, Espero que a senhora esteja bem. Eu gostaria de expressar o meu fascínio pelas descobertas que a senhora realizou em seu trabalho e a revolução que você iniciou no tratamento dos seus clientes. A sua visão crítica e sua capacidade de conectar áreas que, supostamente, não teriam conexão alguma demonstram a sua capacidade de realizar um trabalho realmente interdisciplinar. Observando um pouco da sua trajetória, fiquei impressionado com a iniciativa de introduzir a arte na terapia dos seus clientes numa época em que os tratamentos eram completamente diferentes (e, às vezes, desumanos). A união da perspectiva artística, com a ajuda de Almir Mavignier, e da sua perspectiva na psiquiatria gerou não apenas uma mescla de
conhecimentos, mas também formou uma nova maneira de realizar o tratamento psiquiátrico. Fiquei admirado também com a sua iniciativa de questionar os tratamentos violentos que eram realizados em sua época. Você foi contra o comodismo e utilizou o seu olhar humano no tratamento de pessoas, tendo resultados muito mais concretos e eficientes em seu trabalho, graças à sua habilidade de interligar os diversos campos do conhecimento para sintetizar novas maneiras de enxergar o seu ofício e alcançar novos resultados. Também fiquei impressionado com a atitude de incluir animais no tratamento dos clientes. Acredito que esse método não tenha sido considerado algo convencional durante a sua época, mas, mesmo assim, você conseguiu bons resultados com essa iniciativa. Eu gostaria de saber o que te levou a experimentar este tratamento com animais. Eu também adoraria saber se a senhora já estudou sobre a interdisciplinaridade, já que seu trabalho possui tantas características interdisciplinares Atenciosamente, Matheus Araújo
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021 Cara Dra. Nise, Eu sei que não nos conhecemos, mas criei um laço tão intenso com a sua história que me sinto à vontade para te chamar apenas de Nise, tudo bem pra você? Bom, de qualquer forma, é um prazer poder estar te escrevendo esta carta, pois, devo confessar que, após conhecer a sua história, senti um tanto de frustração por saber que não poderia agradecê-la em vida, levando em consideração as nossas existências em épocas diferentes. Mas, satisfatoriamente, esta carta é a conexão que encontro para fazer com que nossas histórias se cruzem de alguma maneira. Primeiramente, quero te contar um fato sobre mim para que me conheça um pouco e entenda o meu interesse em seu trabalho. O fato é que faço parte do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Artes da Universidade Federal da Bahia e, durante nossa formação, o curso nos permite trabalhar com diversos componentes e, dessa maneira, construir o nosso caminho dentro da universidade. Nós trabalhamos de forma livre tendo contato com diferentes materiais e isso é crucial para estimular a criatividade.
Nise, eu admiro muito essa didática interdisciplinar e, ao ver o seu trabalho, me identifiquei e isso acabou despertando em mim o interesse em saber mais sobre ele. Fico orgulhosa em saber que, num período tão difícil para a autonomia feminina, você conseguiu desenvolver um projeto que valorizava pessoas que antes eram desrespeitadas e humilhadas por outras totalmente ignorantes e despreparadas. Levar o estudo interdisciplinar em psiquiatria, psicologia, práticas artísticas, como o ateliê de pintura e desenho, foi incrível e transformador para a vida daquelas pessoas. Isso, com certeza, mudou o curso da história. Bom, não quero me prolongar demais, não sei se isso vai chegar até você, espero que sim. Ademais, só queria que soubesse da minha admiração e também dizer que sou apaixonada por cachorros e achei incrível a inclusão desses animais para o tratamento dos seus pacientes. Você foi e é brilhante, Nise! Atenciosamente, Melyssa Melo
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Querida Nise, Devo lhe informar que o trabalho feito por você foi espetacular. De longe se percebe que a arte tem um grande papel na vida de todos, e trazer isso de uma forma tão inesperada faz com que muitos se impressionem. Ao perceber a sua atenção a todas as diferentes pessoas que se encontravam naquele local, e usar delas numa criação de arte magnífica é estupendo, mostra que você sabe muito bem como se adaptar no mundo em que habita. Isso requer muito conhecimento, paciência e volatilidade, uma verdadeira interdisciplinarização. É muito importante saber como desenvolver esses projetos com o tato de um ser interdisciplinar, poder analisar a situação, perceber as possibilidades e agir em cima delas mostra muito bem como o mundo a toca e a forma como você devolve esse toque ao mundo. Extremamente grato por ter percebido um maior panorama social com a sua ajuda! Paulo
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Cara Doutora Nise da Silveira, Venho por meio desta carta comentar sobre o quão louvável é sua atitude de mudar os tratamentos dados aos pacientes diagnosticados com distúrbios mentais, uma vez que as terapias por choque elétrico e isolamento extremo não aparentavam dar algum tipo de retorno positivo por parte dos pacientes e só causava ainda mais sofrimento a eles. A parte interessante do tratamento proposto pela senhora é que você fez uma mistura de conhecimentos tanto da arte, quanto da psiquiatria, para tentar compreender as necessidades dos pacientes, ou seja a senhora buscou uma interdisciplinaridade a fim de conseguir resultados melhores, preenchendo lacunas que sozinhas, as duas áreas separadas, talvez não suprissem. De toda maneira, penso que seu tratamento envolvendo pinturas e modelagens é realmente sensacional, dessa forma as pessoas vão conseguir expor de alguma maneira certos traços de distúrbio psíquico que a senhora com seu conhecimento poderá tratar de forma bem humanizada. Atenciosamente, Pedro Luis de Souza Oliveira
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 25 de novembro de 2021 Prezada Dra. Nise da Silveira, Acompanhei o seu trabalho no hospital psiquiátrico e achei incrível sua abordagem interdisciplinar com os seus clientes, rompendo com aqueles padrões tradicionais, que pareciam mais um método de tortura do que um tratamento. É notável a melhora dos seus pacientes, a interdisciplinaridade é essencial para a formação de cidadãos empáticos, e a maneira como você aplica isso, relacionando a arte com o tratamento de cada um, é simplesmente incrível. Fiquei muito triste por conta dos animais de estimação, o amor deles foi excepcional para a melhora, espero que sua história sirva como base de muitas pesquisas e tratamentos Atenciosamente, Raiane Silva Oliveira Moreira
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021,
Querida Dra. Nise, Pude conhecer um pouco do trabalho que realiza com seus pacientes. Fiquei admirada com a profissional que é, tratando e vendo-os como seres humanos que são e também fazendo a diferença no meio em que você convive. Percebi que utilizou da interdisciplinaridade para trazer melhor convivência entre eles, como o jogo de futebol e a pintura. Gostaria de lhe apresentar o meu curso da faculdade, atualmente estou finalizando o primeiro semestre do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia na UFBA. A proposta é: termos uma formação acadêmica abrangendo disciplinas de diversas áreas do conhecimento, nos tornando então, profissionais que lidam bem com as adversidades que podem surgir em nosso meio profissional. Gostaria de que quando eu me formasse, ser um pouco desse ser humano inspirador que és e poder fazer a diferença na vida das pessoas Atenciosamente, Stephanie Quaresma
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021 Querida Dra. Nise, Gostaria de expressar minha admiração ao seu trabalho como médica psiquiatra e sobre a sua forma interdisciplinar de agir, a maneira como a senhora cruzou a psíquica com a afetividade no tratamento de seus clientes me interessou bastante, fugindo do conformismo e conservadorismo e também do cruel tratamento normalizado entre seus colegas de profissão na época.
Sua ideia de combinar a arte e animais com seus conhecimentos acadêmicos para criar um tratamento alternativo e eficiente foi um ato interdisciplinar e criativo em minha opinião, a senhora ajudou muitas pessoas com a sua coragem de se impor contra os outros métodos. Assim como a senhora, acredito que a violência não
soluciona problema algum, para mim, ela é originária de diversos problemas.
Adoraria conversar pessoalmente contigo. Sinto que pensamos o mesmo a respeito de diversos assuntos e que teríamos uma boa troca de ideias.
Atenciosamente,
Víctor
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 25 de novembro de 2021 Querida Nise, Escrevo essa carta encantada com o ser humano que você é, sua resiliência é de fato algo admirável, a forma como você é fiel aos seus princípios e valores morais mesmo diante de tantos obstáculos me inspirou. Você é uma mulher a frente do seu tempo que de forma tão amável e cuidadosa mostrou todo o amor que você sente por sua profissão, e eu tenho certeza de que é disso que seus pacientes precisam, de um olhar mais empático em relação a eles, desde que soube da sua história minha vontade é de sair compartilhando-a com todo mundo, quem sabe assim as pessoas se inspirem em você, acho que o mundo se tornaria um lugar bem melhor.
Nise, não sei se te contei mas estou cursando Bacharelado Interdisciplinar, e em vários momentos eu me questionei como esse curso seria um acréscimo na minha vida, mas assistir sobre a sua história me fez perceber com a Interdisciplinaridade é
fundamental para formar um profissional de sucesso, se permitir a sair de caixinhas impostas dentro das profissões e pensar além do que lhe é apresentado é realmente uma dádiva, e o que me confirma isso é lembrar quantos vidas você salvou pensando assim, né? Nada nesse mundo age de forma independente, tudo está intimamente ligado só aguardando que alguém perceba essa relação, pelo menos é assim que eu enxergo o mundo, a ciência é de fato fundamental, mas se combinada com a arte, como você fez, ela me parece ser muito mais eficaz, todo conhecimento é válido e por mais simples que ele pareça ser no momento certo ele vai estar lá, pronto pra mudar o rumo de tudo, tornar o que deveria ser "pesado" em algo leve e até mesmo mais eficaz, assim como você fez, mudou o rumo de todo um estudo psiquiátrico que era cruel e desumano tornando-o em algo aconchegante e confiável.
Você é uma inspiração, mostrou na prática o poder da Interdisciplinaridade, foi corajosa o suficiente pra enfrentar todos os empecilhos que lhe foram impostos, você acreditou em si mesma e fez a diferença, obrigada por isso! Com muito respeito e carinho, Victória Soares
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Feira de Santana, 24 de novembro de 2021
Cara Dra. Nise, Venho por meio desta carta expressar toda a minha admiração pela sua conquista e pela sua coragem ao utilizar a criatividade como um instrumento de reabilitação para pacientes psiquiátricos. O seu ato interdisciplinar de unir o conhecimento psiquiátrico com a expressão artística se mostrou extremamente eficiente e uma excelente alternativa, que vai contra os violentos e desumanos métodos que, infelizmente, foram normalizados dentro do campo da psiquiatria.
Muito mais do que incentivar a expressão artística, acredito que a parte mais importante da sua empreitada foi tratar os pacientes (clientes) de forma respeitosa, humana e decente, se esforçando para que eles mesmos se enxergassem como seres humanos e não como as "aberrações" que a sociedade lhes fez pensar que eram. Sem os seus esforços é muito provável que a psiquiatria no Brasil
continuaria estagnada com seus métodos brutais vitimizando diversos indivíduos. Você foi brilhante, inolvidável e indiscutivelmente necessária. Atenciosamente, Vinícius Andrade Juliano