Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Ibiúna, 28 de novembro de 2021
Prezada Dra. Nise da Silveira, Venho através desta carta agradecê-la pela aplicação de seu novo tratamento da esquizofrenia através das artes. Sabemos a importância da aplicação da interdisciplinaridade na medicina, e todas as barreiras impostas por um sistema que tenta a todos os custos, manter-se sobre as bases do conservadorismo que apenas atrasa os avanços da ciência. Seu papel nesse novo projeto vem trazendo evidências incontestáveis da influência das artes na evolução de doentes mentais, sem deixar de mencionar todas as obras produzidas pelos clientes de maneira tão complexa e profunda, mesmo eles não tendo qualquer estudo artístico. A mente humana, com suas ligações neurológicas extraordinárias, está sendo desvendada pelas pinturas que expõem em um novo meio de linguagem todos os
sentimentos e aflições da psique de um deficiente mental, que antes eram considerados indecifráveis pela ciência, além da evolução nítida no comportamento de seus clientes que estão aos poucos recuperando a lucidez. É uma luta considerada radical por aqueles que, de maneira irresponsável, aplicam o tratamento da lobotomia como forma de cura, destruindo todas as capacidades cognitivas dos clientes que, infelizmente, após o procedimento, ficam em estado "vegetativo" para o resto de suas vidas. A senhora tem todo o meio apoio na luta pelo respeito e aplicação das artes como tratamento de doenças mentais. Obrigada, Adrielen Pereira Felix
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 27 de novembro de 2021
Querida Nisinha, Antes de mais nada queria lhe parabenizar pela revolução na tratativa dos acometidos por doenças mentais, sobretudo, os esquizofrênicos. Bom, mas escrevo esta carta para falarmos sobre interdisciplinaridade. Sua visão diferenciada, que se inicia quando você recusa o tratamento dado aos pacientes de seu novo trabalho, já dá mostras de interdisciplinaridade quando você se utiliza de um olhar mais humano diante de um cenário desumanizador. Sua ação inovadora de levar objetos artísticos aos pacientes demonstra, mais uma vez, um pensamento interdisciplinar.
Outro ponto interessante é quando você propõe que haja uma interação social entre os pacientes ao leválos para passeios e festas, indo além do convencional ou do tido à época como sendo “psiquiátrico” e embutindo arte e humanização. Muito legal sua exposição com as artes dos doentes, integrando arte, saúde e humanidades. Fiquei com pena dos animaizinhos mortos. Isso não se faz. Um abraço! Ailton
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Para:
Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
27 de novembro de 2021
Prezada Nise, Mesmo após o seu afastamento forçado da medicina, em seu retorno ao Centro Psiquiátrico, você sentiu que precisava mudar o modelo de técnicas que eram utilizadas no tratamento dos pacientes. Com certeza ambos concordamos que a maneira de disciplinar era muito maléfica, mas você trouxe uma ideia revolucionária através da arte, conseguiu trazer uma ordem em que os pacientes se comunicavam e conseguiam ser compreendidos. No mais, como foi o sentimento de assumir um risco, novamente, de contrariar superiores mesmo depois do
seu episódio no presídio? E como foi sentir a realização de um dever cumprido? Ainda por cima acabando com os modelos violentos que eram utilizados no "tratamento" desses "clientes" e contribuiu muito no desenvolvimento da medicina no geral. Atenciosamente, Allan Maia
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Para: Dra. Nise da Silveira
Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
28 de novembro de 2021
Querida Nise, Gostaria de começar lhe agradecendo por ter um coração tão lindo, e parabenizá-la pelo seu belíssimo trabalho. Vejo a senhora como um sinal de esperança para a humanidade. Aprendendo um pouco sobre sua história, fiquei muito abalada ao saber que os métodos de tratamentos tradicionais para quadros psiquiátricos eram extremamente agressivos, mas em seguida
aliviada de ver o seu incansável esforço para transformar esse formato de assistência.
Obrigada por propor e praticar com muita garra e ousadia métodos que percebem o cliente em sua totalidade, prezando pelo atendimento cuidadoso, fraterno, empático, personalizado, com devido respeito a formas diferentes de expressão, a fim de recuperar a dignidade de cada um que estava sob seus cuidados e dos seus colaboradores.
É interessante perceber que sua abordagem propõe uma interdisciplinaridade da ciência, algo extremamente eficaz e necessário. Sua maneira de tratar revela o quão é importante a interação dos seres humanos com experiências das mais diversas como o contato livre com a natureza, os animais, com as artes, a própria interação entre indivíduos, estímulo dos cinco sentidos,
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são capazes de transformar positivamente de maneira radical muitas realidades diante de suas complexidades.
Gratidão por não ter desistido diante das barreiras e dificuldades de praticar o que acima de tudo a senhora faz, que é o amor ao próximo. Concordo que todos temos talentos e maneiras de nos comunicarmos, porém para desfrutá-los oportunidades devem existir para que novas experiências possam aflorar, ressignificando por muitas vezes nossa vida no mundo e a maneira como interagimos com o espaço.
Através da perspectiva de abordagem humanizada, podemos consentir que somos seres complexos, multidimensionais, precisamos manter esse olhar global perante as situações e as pessoas, pois assim podemos praticar a solidariedade e o cuidado com o que realmente é essencial, isso nos permite trilhar novos caminhos rumo à verdadeira evolução.
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Obrigada pelo legado inspirador de uma intelectual que busca afirmar e definir-se por sua liberdade em relação às regras estabelecidas, pela crítica das ideias recebidas e pela denúncia das alternativas simplistas aos problemas apresentados. Com carinho, Beatriz Lessa
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 01 de dezembro de 2021
Querida Nise, Espero que a senhora esteja bem e que continue convicta de suas verdades. Questionei-me bastante sobre suas lutas e admiro muito a forma com a qual você encara a saúde de maneira integral. Inclusive, tu a integra a diversas áreas, buscando provar que é possível tratar o indivíduo a partir da interdisciplinaridade, ferramenta da exploração do inconsciente em busca da saúde. Para além disso, é inspirador o modo que você encara a todos com firmeza e segurança, mostrando que quando se sabe pelo que se está lutando, não há por que afugentar-se. Assim, você instigou-me a
olhar as coisas como partes de um todo, que se conectam, dialogam e se complementam, tal como vistes a saúde. Atenciosamente, Beatriz
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 26 de novembro de 2021
Prezada, Dra. Nise!
Espero a senhora se encontre bem ao receber minha carta.
Gostaria de falar sobre como seu trabalho é incrível e valioso, também tratar do caráter interdisciplinar das suas ações.
A forma como trata seus pacientes, ou melhor “clientes”, me levou a perceber que a senhora demonstra ver o outro, enxerga-lo com calma, diálogo e paciência, compreendendo que o ser é um complexo composto de diversas esferas.
Quando seus colegas de mente fechada esbanjavam ego e propriedade com o conhecimento que tinham, sem possibilidade de aberturas, como se fossem deuses e detentores da verdade, a senhora se demonstrou diferente, indo contra aos absurdos que observava na clínica psiquiátrica, absurdos estes que eram defendidos com base no conhecimento “científico” e “biológico”, mas na verdade eram carregados de ideologias e noções de valor.
Ao propor um tratamento psicológico sem violência, baseado na ciência, utilizando a arte e a subjetividade de cada um, a senhora deu espaço para que eles pudessem se enxergar como humanos e revalidassem o espaço que ocupam. O estudo do passado de cada um feito pela senhora facilitou seu trabalho e trouxe
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uma visão mais ampla dos problemas que teria que enfrentar. Dra Nise, saiba que a interdisciplinaridade foi acolhida pela senhora desde o início, quando escolheu a complexidade, o diálogo, quando uniu conhecimentos científicos aos históricos e sociais sem separá-los em caixas, não se conformou nem achou que já sabia o suficiente e teve criatividade para usálos. A arte foi produto final para a reabilitação e possibilidade de socialização daquelas pessoas, mas a junção de tudo tornou possível a melhora da realidade dos pacientes.
Atenciosamente, Bruna Farias de Oliveira Alves
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro 01 de dezembro de 2021
Querida Dra. Nise, Espero poder chamá-la assim. Venho acompanhando seu trabalho há pouco tempo, mas estou deslumbrada por ele. Ser pioneira e mulher em 1944 deve ter sido incrivelmente difícil, mas você lutou para que seus clientes pudessem ter o tratamento que eles merecem, mesmo que fosse julgada como anormal.
Hoje estou no ano de 2021 e ainda percebo muita resistência sobre o assunto da interdisciplinaridade. Há mais de 20 anos atrás
a doutora conciliou a psiquiatria com artes plásticas, terapia animal, cerâmica e música. Atualmente a terapia ocupacional não é malvista aos olhos do público, creio que as pessoas perceberam o bem-estar que o ser humano evidencia ao conseguir transmitir suas emoções mais profundas de outras maneiras além da linguagem verbal.
Porém, preciso lhe confidenciar que nem todos continuaram pensando como a doutora. Eu, por exemplo posso lhe contar minha breve história na faculdade de arquitetura e urbanismo. Eu precisava projetar construções civis e urbanas, paisagismos e até mapas de sustentações, todavia as matérias do curso nunca se uniram e eu sempre me perguntava, por que eu tenho que realizar 6 projetos de 6 construções diferente se eu poderia estar realizando tudo isso numa mesma construção, agrupando todas as matérias em um único projeto? Na minha cabeça, o curso iria fluir de uma maneira muito mais harmoniosa, mas as pessoas em comando não achavam isso.
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Embora tenha desistido da faculdade, meus amigos ainda me relatam que esse processo continua acontecendo. Não sou contra a especialização, acho lindo alguém amar algo tão vigorosamente que queria passar o resto de sua vida apenas fazendo isso. Entretanto, gostaria que a sociedade começasse a reconhecer os trabalhos iguais ao da senhora, para que pudéssemos explorar a interdisciplinaridade em outras áreas, como por exemplo a educação. Infelizmente acho que ainda vai demorar um tempo para o préconceito acabar, mas estou imensamente feliz de estar seguindo seus passos, fazendo um curso que me possibilita navegar para além de um único conhecimento.
Humildemente, Camila
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
01 de dezembro de 2021
Querida Nise, Como você está? Espero que bem. Te escrevo essa carta com o objetivo de discutir a interdisciplinaridade com você, alguém que a conhece tão bem. Entendi que o interdisciplinar e uma soma de saberes, adicionando-se a um e ligando-se a outro. O ser interdisciplinar sabe relacionar e associar conceitos e ideias, multiplicando-as para um produto ainda melhor. Percebi que, em sua área, você soube associar áreas distintas, e as uniu de forma funcional. Ao unir a psiquiatria com a arte, você ajudou os pacientes do hospital de uma forma que não
tinha sido feita antes. No interdisciplinar, abre-se um leque de possibilidades para o novo. Tudo começa com um questionamento, uma vontade, e segue com diversas tentativas, em que se juntam várias áreas de conhecimento, como você fez com a arte, a religião e a literatura, por exemplo. A partir de seu trabalho, você pôde mudar a realidade daqueles de que cuidava, além de ter revolucionado o cenário da psiquiatria vigente no Brasil. Ao fazer isso, um paradigma foi quebrado e você provou na prática a coexistência desses saberes que, a princípio, são tão divergentes. Fico muito feliz de poder aprender mais sobre a interdisciplinaridade com você, Nise. Espero que possamos nos encontrar em breve para um café! Sua aprendiz, Camille P.S. Peça por favor para Carl Jung responder meus emails.
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 26 de novembro de 2021
Querida Dra. Nise, Recentemente tive a oportunidade de assistir o seu filme, juntamente com uma aula sobre interdisciplinaridade. Acho que você resume o que é ser interdisciplinar, sabe? Se utilizar das dinâmicas existentes entre os conteúdos/matérias, que por muitas vezes não são correlacionados, ou até mesmo esnobados. Como poderia uma doutora acreditar que uma disciplina que “não se pode levar a sério”, tal qual Artes, poderia ser uma solução para problemas mentais?
Depois de um tempo de ter assistido seu filme eu procurei um pouco mais sobre a sua luta, o seu legado. Sabia que alguns anos depois da sua passagem, seus esforços deram corpo a um movimento? Um movimento que lutava para um tratamento humanizado para pessoas com problemas mentais. O movimento resultou no fechamento definitivo de grande maioria dos manicômios. Essa é uma vitória sua, da interdisciplinaridade, da humanização e da contemplação do outro como um ser vivo.
Uma vitória sua, em primeiro lugar, pois você foi uma das primeiras a se propor a estruturar formas humanizadas de compreender essas pessoas, utilizando da interdisciplinaridade para implementar métodos alternativos á aqueles da época - esses métodos que foram desacreditados pela maioria dos seus “colegas de ofício- e da humanização, que não poderia de existir se não houvesse um toque de interdisciplinaridade.
Há alguns anos (muitos para ser realístico), o trabalho e a causa que
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você começou deu frutos. Em 2001 uma lei foi sancionada, determinando-se o fechamento progressivo das alas psiquiátricas, você consegue acreditar? Espero que você esteja bem, onde quer que esteja, Douglas
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
01 de dezembro de 2021
Dra. Nise, Através da arte, a senhora consegue demonstrar que todos podem se comunicar de alguma forma (até os mais debilitados mentalmente). E isso é muito importante! Apesar de todos os obstáculos que aparecem no caminho, a maneira como a senhora lida com o ser é algo surreal. Mostra também que precisamos sempre pensar fora da caixa e, além de tudo, acreditar no poder do próximo. Sinceras saudações, Fernando
Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro 01 de dezembro de 2021
Olá, Dra. Nise! Como vai você? E seus gatinhos? Ainda andam soltando muito pelo? Espero que não e que ambos estejam bem! Doutora, gostaria de parabenizar você pelas suas práticas interdisciplinares para com os pacientes da clínica. Achei, de forma sincera, muito perspicaz utilizar as artes para aprofundar a potencialidade dos pacientes. Com efeito, aproveito para dizer que a clínica estava precisando de alguém como você no time para clinicar. Antes, os pacientes eram tratados de forma infeliz e hostil pelos
profissionais, tudo de maneira muito deprimente. Admito que não sou nenhum Jung, mas não posso deixar de explanar a minha admiração pela sua humanidade. Você de fato deu um ar diferente para o laboratório transvestido de Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro. Não sei, tenho a sensação de que depois de você, lá emana mais vida! Por fim, seus trabalhos tiveram grandes resultados em outras áreas - além de toda repercussão artística das pinturas – expressivos resultados também aconteceram no Direito, principalmente os Direitos Humanos. Simplesmente era inadmissível tratar os pacientes com lobotomia e eletrochoques. Gratidão, Nise. Por todo seu trabalho. De seu amigo de graduação, Gabriel Bernardo Soares
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
01 de dezembro de 2021
Dra Nise, Venho através dessa carta agradecer em nome de todos os funcionários de nossa clínica e elogiar seu trabalho, feito com tanto amor e respeito, toda sua trajetória que serviu para que de alguma forma fossem melhorados os cuidados com nossos pacientes. Você não gostava que os chamássemos assim, dizia que quem devia ter paciência éramos nós, para com eles. Venho noticiar que, com suas aplicações, foram obtidas constantes melhorias nos internados que já haviam sido diagnosticados com problemas mentais, sobretudo esquizofrenia. Com sua
grandiosa imaginação no seu trabalho na psiquiatria, e com a sua aplicação no setor de terapia ocupacional, com atividades que iam além de simples deveres e obrigações, você conseguiu fazer com que se unissem especialidades diferentes, relacionando-as com os prazeres de quem os realizava, além de conseguir fazer com que as atividades e as regras em grupos fossem exploradas por eles, a fim de que pudesse haver melhoras quando trabalhado no coletivo. Nise, você conseguiu romper com os padrões já impostos, sempre tentando fazer com que cada um de nós que aqui trabalha, tentasse se ver em alguma dessas situações, nos colocando no lugar daqueles que sofrem diariamente na luta com seus problemas. Sempre tão sensível e cuidadosa com a história de cada um deles, você foi essencial nas melhoras constadas. Sem você e sem seu excelentíssimo trabalho, nada disso teria sido possível. Posso dizer com clareza, como a arte foi essencial para todos nós aqui. Ocupar o tempo dos nossos pacientes e fazê-los se sentirem úteis foi essencial para a melhoria e para a reação ao tratamento
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psiquiátrico. Então, fica constatado como as suas formas de interdisciplinaridade agiram, e como elas podem fazer a diferença de todos. Sinceras saudações, Giselle
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1954 Cara doutora Nise, Tenho lido as recentes reportagens que o Correio Braziliense escreveu sobre o seu trabalho no centro psiquiátrico aqui no Engenho de Dentro. Sinceramente, não consigo ver nenhum sentido em chamá-la de comunista numa tentativa de reduzir o seu trabalho, tendo em vista que esse adjetivo é um óbvio elogio (risos). O motivo que me leva a lhe escrever é que estou organizando uma exposição artística na Barra da Tijuca e adoraria que a doutora tivesse a oportunidade de expor as obras dos seus clientes sob sua própria curadoria, na minha sala de exposições. Gostaria de salientar que estou amando as revoluções que tem trazido à sua área de especialidade, a
psiquiatria, por meio da maior paixão da minha vida, a arte. Os estudantes de medicina da UFRJ sempre me pareceram figuras frias, desalmadas e muito distantes da Escola de Belas Artes, onde eu me formei há alguns anos. Nunca imaginei que uma médica teria a sensibilidade (e a audácia) de humanizar seres humanos e, dentro de sua ciência usar de outras disciplinas, como a arte, para tratar dos rejeitados pela sociedade (será que poderia chamar isso de multiciências ou interdisciplinaridade?). É, como dizem... evitar os extremos e caminhar pelo meio, (acho que foi citado por Buda) e foi exatamente isso que a doutora fez. Agora estamos colhendo os incríveis resultados... Um abraço! Pense bem sobre a proposta e me escreva de volta. José Sabino... P.S.: Esqueci de citar que fiquei profundamente triste quando recebi a notícia sobre a lobotomia do Lúcio! Não é óbvio para eles que isso é um homicídio parcial?
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021
Prezada, Dra. Nise, Como está? Para começar, gostaria de compartilhar as percepções que tive ao ter contato com a sua grandiosa trajetória no Hospital psiquiátrico. A interdisciplinaridade em si está ligada à inovação da inteligência, estímulos para razão aberta, formação de novos profissionais e educadores. Esses pontos estão não apenas presentes, mas a sua aparição é muito clara durante o percurso da sua jornada, ao criar um novo método e oferecer um atendimento melhor e humanizado aos seus clientes. Considero importante destacar os diversos fatores que agem como obstáculos e não contribuem para que exista a interdisciplinaridade no ambiente. Obstáculos, como: autoritarismo (dos colegas da profissão, hierarquia do hospital, rigidez), grande
influência (peso) da rotina estabelecida, o conformismo somado ao conservadorismo, e a ausência crítica dos saberes adquiridos, fizeram parte do cotidiano do seu trabalho em numerosos momentos. O mais interessante é que essas dificuldades que poderiam te paralisar, causaram o efeito oposto, e contribuíram para que você seguisse adiante, obtendo sucesso com seu método. Gostaria de mencionar também o quão inspirador foi acompanhar o desenvolvimento desse trabalho, a grandiosa coragem (ponto importante da interdisciplinaridade) que você teve ao iniciar um tratamento diferente, começando por entender cada cliente, e seus comportamentos, dando continuidade de maneira individualizada e não sistemática (como era ofertado no Hospital pelos seus colegas), tratamento direcionado, ousado, que visava deixar livre (não limitando o Otávio ao mexer/brincar com seu cabelo) seus clientes em atividades externas (perto das arvores, rios) que, mesmo com a supervisão ao redor, a senhora não limitava a vivência deles. Tornou a imprudência um método. As atividades ao ar livre, por exemplo, sem interferência dos funcionários, era algo malvisto e considerado irresponsável, mas que contribuiu positivamente no tratamento e desenvolvimento dessas pessoas,
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muitas delas que tinham sido sentenciadas com o diagnóstico “incurável”. Somado a isso, colocou questões (Por que o Lúcio era tratado daquela forma? Cadê a humanidade ao tratar essas pessoas?) a todo momento, ao invés de apenas focar, oferecer respostas e, principalmente, não se adequar ao lugar de conformismo, explorando as possibilidades sem se basear na certeza do “sistema” (junto com o Almir, deu início às atividades de artes com seus clientes). E falando sobre esses momentos marcantes da sua trajetória, é possível perceber os saberes integrados (conhecimento, arte, cultura, medicina, empatia, ousadia, coragem), a interdisciplinaridade em si transitando no curso desse trabalho. Querida Dra. Nise, foi incrível poder visualizar como os saberes integrados contribuem positivamente para os tratamentos individuais e para a sociedade como um todo. Levar um pouco do que é fazer parte de uma sociedade (atividades, confraternizações), explorar seus talentos (oficinas de artes), oferecer experiência familiar (promovendo os encontros familiares), criar laços (cada cliente cuidava de um cachorro), entre outras coisas, destacou não só o que é interdisciplinaridade, mas também a sua importância na vida dos indivíduos.
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Um grande abraço, para essa mulher que trouxe um novo olhar aliado à medicina e que visa, principalmente, o tratamento com humanidade e empatia. Para além disso, me proporcionou com essas experiências e estudo, uma mudança de perspectiva em relação às coisas. Com carinho, de uma grande admiradora do seu trabalho, Isabele Santos Silva
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Para:
Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
01 de dezembro de 2021
Prezada Doutora Nice, Através dessa carta venho expressar meu contentamento pelo trabalho da senhora. É nítido o amor que você sente pela sua profissão, pois, mesmo com as dificuldades do próprio dia a dia com os pacientes, ainda era a única psiquiatra mulher do hospital e tinha que lidar com vários homens machistas. A maneira como a senhora introduziu a arte aos pacientes foi de excelência. Primeiro, tratar eles de maneira humana, enxergando pessoas que tiveram uma vida antes de suas doenças e que precisavam de ajuda, buscando conhecer o passado de cada um e entender suas histórias. Dando
mais liberdade e tentando conectar ao máximo os pacientes à natureza. Todo esse processo foi extremamente importante, e a evolução de como as perspectivas e até lembranças de alguns pacientes foram trazidas de maneira progressiva foram nítidas nas suas expressões artísticas. A senhora realmente mudou toda uma concepção de trabalhar a psicologia, na qual até então era usada a força, a repressão e o abuso de autoridade. A interdisciplinaridade envolvendo a arte, a psicologia, o contato com a natureza e animais foi uma sábia e ousada decisão, que conseguiu prender a atenção de todos que estavam no local e acenar para quem não estava lá, como foi o caso do artista que veio de fora para expor a arte dos pacientes, ou melhor, dos clientes. A arte salva vidas, e a senhora é um exemplo de pessoa que presenciou isso de perto. Obrigado pelo seu profissionalismo e amor, João Arthur
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Para: Dra. Nise da Silveira
Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 22 de novembro de 2021
Prezada Sra. Nise, Como espectadora do filme "Nise, o coração da loucura", venho por meio desta agradecer os benefícios proporcionados, pela nova forma de lidar com os pacientes, além da coragem de fornecer à sua razão motivos para mudar. É perceptível que por meio do amor e da arte, a quebra de que apenas o único saber verdadeiro é o científico e no momento em que a sra põe essa atitude na prática, logo, os conservadores se
rebelam por acharem que tudo que não é explicável pela ciência é inferior. Os saberes adquiridos a partir da sua prática ultrapassam e fragmentam a ideia do pensamento sem vínculo com o todo. A luta sofrida pelos usuários da saúde mental dentro dos manicômios, por onde passavam, muitas vezes, tratados com métodos violentos de, como agressões físicas, eletrochoque ou até mesmo lobotomia, com a chegada da sra e a coragem de, no domínio do pensamento, fazer da imprudência um método. Essa atitude nos mostra que o caminho anterior era cheio de abusos e violações dos direitos humanos e precisava ser denunciado. A interdisciplinaridade aplicada pela sra. nos mostra que um novo método de trabalho a partir da arte, e ao mesmo tempo nos traz uma ideia de progresso, tendo em vista o método psiquiátrico que visavam intervenções extremamente agressivas no corpo, utilizadas na década de 1950. Enfim, é mais uma prova de que por meio da interdisciplinaridade teremos
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sempre uma visão mais ampla e uma integração de conhecimentos aplicados à resolução de variados problemas. Atenciosamente, Juliana Bispo
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 27 de novembro de 2021
Oi! Nisinha, Tudo bem por aí? Como está a Adelina? Por aqui tudo tranquilo, na medida do possível. Infelizmente estamos em plena pandemia. A pandemia me fez refletir na sua importância tanto quanto pessoa, quanto profissional. Vim aqui por meio dessa carta enaltecer o grande feito que você transformou por meio das suas práticas. A sua coragem de ir contra as autoridades e as práticas de saúde impostas. Em todo o processo você aprendeu a se adaptar a práticas novas sem a crítica verdadeira e fora da ideologia presente naquela época. Você foi com toda a sua coragem e
ensinamentos, revolucionou as técnicas cruéis, implantando práticas com muito amor e arte. Claro que teve a ajuda e todo um trabalho coletivo para isso acontecer. Que mulher valente é você! Que fantástico observar nas suas práticas cada etapa de superação e do saber integrado pelos eixos social e histórico, a humanização através do cuidado, a cura do psicológico com cada prática artística, todos os saberes compartilhados e precisos. Entenda que você sempre será uma representação de orgulho e coragem. Enfim, eu queria saber como ficaram os cachorros? Os seus clientes estão bem? Espero que sim. Quero marcar um dia para ir até aí, levar umas tintas e telas, dar um abraço e um beijo em cada um. Pelo visto penso que você esteja com novos clientes, tão especiais e talentosos quanto os outros. Um abraço a você e a todos, com carinho, Letícia
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 27 de novembro de 2021
Minha adorável Nisinha, Tem alguns meses que não entro em contato com você, porque com a minha entrada na Universidade Federal da Bahia fiquei um pouco sem tempo para te escrever, mas recentemente fui para um Museu de Arte da Bahia e logo pensei em você. No momento em que vi todas as pinturas recordei seu incrível trabalho de anos atrás no hospital psiquiátrico Dom Pedro II, em que você uniu a arte com o tratamento psiquiátrico de seus clientes. E lembrei da minha vó Zélia, que está muito bem de saúde. Quando ela tinha 50 anos, viveu um pouco do tratamento desumano de uma “instituição“ de psiquiatria em Salvador, devido à falta de sensibilidade dos médicos da
época, e pensei como o caminho das suas técnicas da terapia ocupacional poderiam ajudá-la, apesar da condição psiquiátrica naquele momento fosse passageira. Certamente minha querida amiga, seria um caminho menos doloroso e mais humano. Mas de qualquer forma, ela conseguiu melhorar, e hoje com 86 anos, após a pandemia, aprendeu através dos vídeos no Youtube a bordar lindos desenhos feitos por meu pai. Posso lhe enviar algumas fotografias no nosso próximo contato. Assim, ela se sente feliz e consegue fugir um pouco do caos em que o mundo se encontra. Mas voltando para o seu trabalho, achei incrível a forma como conseguiu interligar e contextualizar os seus saberes com a ajuda dos seus colegas de trabalho envolvidos com arte e os próprios funcionários do hospital, provando como a interdisciplinaridade é importante para as diferentes áreas. Com toda certeza, você acabou mostrando aos seus colegas mesquinhos e machistas que a arte da pintura, música, costura e escultura em trabalhos feitos em grupo podem solucionar problemas psíquicos. Inclusive, como o contato com a natureza e os animais são excelentes tratamentos
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para aqueles que vivem em ambientes como o do hospital psiquiátrico. Essa integração entre os saberes é de muita importância para a sociedade, ocorrendo uma troca muito grande entre os conhecimentos. Atualmente, venho frequentando as aulas de estudos da contemporaneidade da professora Mariela Brazon, e como você sabe, pretendo cursar direito nos próximos anos e um dia ser delegada. Curiosamente, a Mariela faz diversas ligações entre as áreas de conhecimentos diferentes, como por exemplo, documentários do cantor Tom Zé apresentando a música de maneira divertida e genial. Ou a série da Netflix “Chef’s Table” que conta a trajetória gastronômica de Mashama Bailey no primeiro episódio, em que foi mostrado como ela fez um resgate do seu passado e da história do seu povo através das comidas do seu restaurante. Esses exemplos foram um dos muitos de como a professora conseguiu mostrar a interdisciplinaridade entre diferentes assuntos, atraindo a minha atenção. E após refletir um pouco sobre a sua história e pensar nas temáticas que foram apresentadas pela Mariela, e até
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mesmo no hobbie do bordado da minha vó que foi professora de francês, inglês, italiano e latim por longos anos, penso em ampliar o meu lado interdisciplinar dentro do meu curso e no meu dia a dia nas férias. E então durante esse processo de descoberta irei lhe contar. E não se esqueça Nisinha, espero te encontrar na sua próxima viagem para Salvador marcada para o dia 7 de março, e pretendo te levar para conhecer a minha universidade, para contar as minhas próprias experiências interdisciplinares que estão por vir. Com amor, Luana Carla
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro 01 de dezembro de 2021
Querida Nise, Pensei em começar escrevendo essa carta chamando-a de “Meu amor Nise”, pois essa é a sensação que tenho sempre que revejo ou leio algo sobre suas contribuições para o tratamento das pautas mentais. Nise, seu trabalho contribuiu para que pessoas não só começassem a ser vistas novamente como “humanas”, mas também para que elas mesmas voltassem a se enxergar como seres humanos, repletos de sensações, sentimentos, história e dignidade própria.
Em primeiro lugar, acho pertinente dizer o quão importante é a terapia ocupacional para todos, mas principalmente para pessoas diagnosticadas com esquizofrenia, né? Você questionou os métodos convencionais de tratamento, e na verdade vemos hoje em dia que os meios eram mais de tortura do que qualquer outra coisa. Em resumo, a terapia ocupacional é realmente uma forma de tratamento psicológico; obrigada do fundo do meu coração por evidenciar isso para nós. Escrevo esta carta com o coração em frangalhos, mas corajoso e sonhador. Não sei se minha análise pode ser válida ou se faz sentido, mas fiquei com a impressão de que as terapias ocupacionais operam por vias semelhantes à meditação. Vou me explicar: Quando focamos em uma determinada ação artística, por exemplo, no manuseio de um pincel, na maioria das vezes nossa atenção volta-se mais plenamente para aquele ato, isso faz o nosso foco ser mais “certeiro”. Sendo assim, esse foco que obtemos na ação de pintar é muito semelhante ao foco na respiração que faz com que cheguemos ao estado meditativo, não? Na
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minha cabeça fez um baita sentido! Queria poder conversar com você, te ouvir... Dessa forma, ao utilizar-se de variadas linguagens artísticas e afetuosas, os clientes (como você mesma afirma), desenvolvem-se e voltam a se pensar. Sendo mais sucinta, com os seus métodos de fazer com que eles pintem, escutem música, dancem, tenham afeto e animais, outras partes do cérebro deles volta a se desenvolver, e isso ocasiona uma certa autopercepção que antes eles não estavam desenvolvendo. Querida, isso é fantástico! É a interdisciplinaridade sendo aplicada de forma responsável e com afeto. Olha, eu fico toda arrepiada Nise, pois acredito veementemente que a arte é um instrumento de transformação, e você orquestrou (e deixou legado) de forma ímpar. Estou no caminho que acredito, obrigada por ter reacendido minha chama. Com carinho e esperança (ainda), Maria Clara Medeiros
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Nazaré, 25 de novembro de 2021
Querida Nise, Como vai Mário? E os gatinhos? Espero que estejam bem. Gostaria que soubesse o quanto seu trabalho tem me impressionado, estou feliz em poder escrever-lhe esta carta. Tenho acompanhado um pouco do seu trabalho com os portadores de esquizofrenia, e é realmente impressionante o que você tem feito. É notório que após os clientes começarem a frequentar seu setor de terapia ocupacional, houve mudanças significativas no comportamento destes. Muitos que antes haviam sido considerados crônicos incuráveis, agora, através de sua proposta de tratamento interdisciplinar, humanizado, acolhedor, puderam expressar as imagens do inconsciente através da arte.
A interdisciplinaridade que você aplica no seu trabalho é fantástica, o contato que seus clientes tiveram com o ambiente externo, com a tinta, o papel, o pincel, a argila, possibilitou a progressão no tratamento da esquizofrenia. A junção da arte, da música, do contato com os animais com a saúde, ampliou, possibilitou e criou novas maneiras de tratamento. Você mostrou que através da arte as pessoas podem mudar, até mesmo aqueles considerados incapazes de mudança. Você externou o que a psiquiatria convencional tentou aniquilar, um novo método de tratamento mais eficaz que o método tradicional. Em sua fala você diz: "há dez mil modos de pertencer à vida e de lutar pela sua época." Sua coragem, sua luta, seu trabalho mostra que a interdisciplinaridade é capaz de promover cura. Você me inspirou a enxergar a vida por outro ângulo, me fazer entender como os diversos ramos do conhecimento podem ser trabalhados em conjunto para um bem maior. Sou grata por sua vida e por seu trabalho revolucionário. Com carinho, Sua amiga Rosana
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Eng. Paulo de Frontin, Rio de Janeiro 01 de dezembro de 2021
Cara Nise, Seu trabalho é extraordinário, transformador, ver seus clientes, antes vistos como indesejáveis, hoje ocuparem galerias de arte. É inspiradora a sua trajetória; como, mesmo enfrentando diversas barreiras, você conseguiu sim efetiva melhora dos seus pacientes, não só clinicamente, mas também melhora na qualidade de vida, na autoestima, possibilitando a muitos também a reinserção social.
Somente você, doutora, teve a visão dentro daquele hospital para a
interdisciplinaridade. Como a medicina pode, ou melhor, deve trabalhar paralelamente com as demais inteligências. Enquanto os demais tratavam somente um aspecto, você enxergou o que outros não viram. Assim, você parou de reprimir e começou a incentivar que eles se expressassem. Usando da arte e do observar foi possível estabelecer a história dos pacientes, ouvir e realmente tentar entender o que eles queriam expressar, tanto verbalmente quanto através da pintura. Sem essa última talvez fosse impossível o tratamento.
Durante minha vida vivenciei diversos ambientes em que a interdisciplinaridade não é explorada. Com essa falta sendo extremamente prejudicial, aprendi no colégio a estudar tudo de forma separada, como se as matérias não tivessem relação. Hoje em dia tenho dificuldade em perceber tudo como um todo. Como nesse último Enem, acredito que sem os últimos messes que passei na faculdade, não teria conseguido relacionar o racismo e a escravidão com a invisibilidade das classes mais
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vulneráveis de nosso país. Como era cego.
Por fim, gostaria de dizer que seu trabalho não foi em vão. Hoje em dia, os cuidados centrados na pessoa e as terapias biopsicossociais são reconhecidas pela medicina, e muitos pacientes são contemplados por elas. Com certeza seus esforços possibilitaram a revolução nesses tratamentos. Porém, mesmo muito tempo depois, acredito que ainda temos muito no que avançar nesse sentido. Muitos médicos ainda trabalham com uma consciência industrial em que o paciente é visto como produto. Temo que essa extrema capitalização da medicina seja crescente.
Minha admiração, Vinícius
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Salvador, 28 de novembro de 2021
Cara Drª. Nise, Te escrevo essa carta para parabenizá-la por sua carreira brilhante e sua coragem, pois não podemos ignorar as dificuldades que uma mulher no seu tempo enfrentou. Ainda mais uma mulher com a sua determinação. Uma mulher que não se deixou intimidar por homens tão inflexíveis com os que tinha que conviver. Você viu além do que todos podiam enxergar, pois, mesmo tendo como sua área de atuação a psiquiatria, acolheu a ideia de incluir as artes plásticas, e assim descobriu vários talentos. Esses talentos provavelmente nunca seriam descobertos se não fosse por sua abertura a novas possibilidades. Logo, o resultado da conciliação das artes plásticas com a psiquiatria foi grandioso, uma vez que seu feito significou muito na
vida de pessoas que você ajudou: pessoas que eram tratadas de forma desumanizada e totalmente negligenciadas até por quem deveriam ajudá-las. Ainda é importante lembrar o convívio dos clientes com os animais, o qual melhorou muito na expressão do lado emotivo dessas pessoas. No entanto, tudo que citei ainda é pouco para descrever a sua dedicação profissional. Espero que seu nome jamais seja esquecido e que venham muitas Nises. Abraços, Viviane
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Para: Dra. Nise da Silveira Centro Psiquiátrico Nacional Rua Ramiro Magalhães, 521 Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Santo Amaro, 01 de dezembro de 2021
Prezada Dra. Nise da Silveira,
Me chamo Yasmin e venho por meio desta demonstrar a minha admiração pelos seus serviços e todo o conhecimento que pôde partilhar com todos.
Gostaria primeiramente de parabenizá-la pela coragem de fazer mudanças, principalmente num meio dominado por figuras masculinas com seus pensamentos e ideias, de maneira que só queriam enxergar aquilo que entendiam como certo.
Mesmo com tantas dificuldades para colocar em prática as suas ideias, não desistiu de poder ajudar as pessoas, mostrando por meio das artes que as pessoas precisam ser tratadas com humanidade independentemente da sua condição psicológica e mental.
Achei um belo gesto quando você viu a maneira como os pacientes eram tratados e resolveu mudar isso, trazendo um viés interdisciplinar para o tratamento psiquiátrico, ou seja, rompeu paradigmas e padrões, unindo a psiquiatria a outras áreas, principalmente as artes, dessa forma mostrou a interdisciplinaridade na prática e o quão bem-sucedida a mesma pode ser.
Deixo aqui os meus agradecimentos por tudo o que fez pelos pacientes e também por todo o conhecimento que deixou para as outras pessoas, por todo o seu legado, pelo carinho pela arte e principalmente pelos seres humanos. Obrigada!
Atenciosamente, Yasmin Alves
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