Jardim Medicinal. Educação Ambiental para a Saúde.

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JARDIM MEDICINAL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SAÚDE Mari Gemma De La Cruz


Jardim Medicinal

JARDIM MEDICINAL EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SAÚDE Mari Gemma De La Cruz

Cuiabá 2016

________________________________________________________________________ Educação Ambiental para a Saúde.

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Jardim Medicinal

Capa, Ilustrações e Fotos Mari Gemma De La Cruz

Jardim Medicinal. Educação Ambiental para a Saúde. Mari Gemma De La Cruz. – Cuiabá: 2008. Revisão 2016. 159 . Educação Ambiental. Plantas Medicinais. Jardim Medicinal. Cultura. Saúde. Ambiente. Fitoterapia

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Jardim Medicinal

“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre” Paulo Freire ________________________________________________________________________ Educação Ambiental para a Saúde.

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Jardim Medicinal

Sumário Apresentação

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Narrativa Poética da Medicina Popular

11

Narrativa Terapêutica do Jardim Medicinal

18

Autocuidados em Saúde

19

As Doenças

23

Ascaridíase ou Lombriga

23

Diarreia

24

Amebíase

27

Giardíase

28

Tricomoníase

29

Oxiuríase

29

Amarelão

30

Solitária

32

Sarna

33

Bicho geográfico

34

Piolhos

35

Micoses

37

Insônia

38

Ferimentos

40

Contusão

41

Hemorroidas

45

Pressão Alta

47

Diabetes

50

Colesterol Alto

52

Gastrite

53

Má digestão ou “Empaxação”

55

Prisão de Ventre

56

Reumatismo

59

Resfriado, Dor de garganta ou Rouquidão

61

Tosse

62

Pedras nos Rins

65

Corrimento Vaginal

66

Cólica Menstrual

67

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Jardim Medicinal As Plantas Medicinais

68

Abóbora

68

Alecrim

69

Alfavaca

70

Alho

72

Anador

73

Arnica Brasileira

74

Arruda

75

Artemisia

76

Babosa

77

Boldo Nacional

78

Camomila

80

Capim Limão

81

Carqueja

81

Colônia

82

Copaíba

83

Embaúba

84

Erva Cidreira

85

Erva de Santa Maria

86

Erva de São João ou Mentrasto

87

Erva Doce e Funcho

88

Espinheira Santa

89

Eucalipto

89

Folha da Fortuna

90

Gengibre

91

Goiabeira Vermelha

93

Guaco

94

Hortelã Graúda

95

Hostelã Rasteira

96

Maracujá

97

Milho

98

Poejo

99

Pronto Alívio ou Milfolhas

100

Quebra Pedra

101

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Jardim Medicinal Romã

102

Tansagem

103

Vique

104

Repertório de Sinais e Sintomas

105

Narrativa poética do jardim medicinal

109

Narrativa da preparação de remédios caseiros

116

A identificação de Plantas

117

Como evitar confusões ao usar uma planta?

108

Qual a parte da planta deve ser usada?

120

Como Preparar os Remédios Caseiros?

121

Formas de uso

121

Salada

112

Suco

122

Sumo

122

Maceração

122

Infusão ou Abafado

125

Decocto ou Chá Cozido

125

Xarope ou Lambedor

126

Pomada

127

Cataplasma

128

Trouxinha

128

Compressa

129

Banho

129

Bochecho ou gargarejo

129

Inalação

129

Xampu ou Sabonete Líquido

130

Qual a quantidade do remédio caseiro deve ser usada?

131

Plantas medicinais podem ser associadas na preparação do remédio caseiro?

132

Por quanto tempo deve ser usado um remédio caseiro?

133

Narrativa do Cultivo do Jardim Medicinal

135

Jardim Medicinal e Sustentabilidade Ambiental

136

A Formação do Jardim Medicinal

137

Qual o local mais adequado para o Jardim Medicinal?

137

Que tipo de Ferramentas e utensílios são necessários?

137

________________________________________________________________________ Educação Ambiental para a Saúde.

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Jardim Medicinal Quais os cuidados básicos com o local?

137

Como produzir mudas medicinais?

138

Quando transplantar uma muda?

139

Como produzir composto orgânico no quintal?

140

Como controlar as pragas e as doenças das plantas medicinais?

140

Qual o momento correto de coletar uma planta medicinal para preparar os

142

remédios? Como secar as plantas após a colheita?

146

Como guardar adequadamente as plantas?

147

Narrativa acadêmica da Poética Cordelista

149

A poética Cordelista como Forma de Aproximação e Sensibilização

150

Educação Ambiental para a Saúde

153

Como o Jardim Medicinal pode se tornar uma Estratégia da Educação

154

Ambiental para a Saúde? O que é Interpretação Ambiental do Jardim Medicinal

158

Plantas Medicinais – Um Tema Transversal na Educação Formal

161

Considerações Finais

163

Bibliografia Consultada

164

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Jardim Medicinal

Apresentação As conexões entre saúde e ambiente, através das plantas medicinais se mostram como mais uma estratégia para a educação ambiental ao revelar os diversos significados da vida, indo além de suas relações com a causa e as conseqüências das doenças. O uso de remédios caseiros preparados com plantas encontradas facilmente nos jardins faz parte da cultura popular mato-grossense, que é transmitida de geração a geração, formando uma rede entrelaçada com os diversos fios da arte, educação, saúde, ambiente e inclusão social. Viver com saúde é um dos principais desejos do ser humano, e a saúde pode ser cuidada utilizando plantas medicinais. Este cuidado pode ser atribuído a outra pessoa, geralmente especialistas da área, mas também pode ser uma responsabilidade nossa e a isso chamamos de autocuidados. O que equivale dizer: cuidar do nosso ambiente interno. A sensibilização para os temas ambientais pode ser mais facilmente despertada com informações referentes à saúde das pessoas, mobilizando-as para uma percepção da rede que é a Vida e suas diversas conexões. Tod@s e tudo estão interligados: seres vivos e não vivos, humanos e não humanos, orgânicos e inorgânicos; passado, presente e futuro. O Jardim Medicinal possibilita a percepção destas ligações que poderão ser observadas nos capítulos que se seguem (sem a pretensão de esgotar o tema). Pessoas que buscam mais saúde (ter um ambiente interno equilibrado) certamente necessitam de um ambiente externo saudável. O ambiente interno do ser humano é um reflexo do ambiente externo a ele. O texto elaborado com simplicidade busca a harmonização das informações técnicas e científicas com a poética cordelista, que ao introduzir os temas abordados busca a sensibilização através da narrativa lúdica da medicina popular, com informações sobre doenças simples e de maior ocorrência no cotidiano das pessoas, suas causas, como preveni-las e como trata-las utilizando plantas medicinais. Na seqüência apresentamos a narrativa dos cuidados com a preparação dos remédios caseiros e com a formação do jardim medicinal, incluindo as orientações para formação do jardim medicinal, mostrando como é possível cultivá-lo no quintal ou na escola e como utiliza-lo como uma via para a educação ambiental, seja no espaço escolarizado ou não. Mari Gemma De La Cruz ________________________________________________________________________ Educação Ambiental para a Saúde.

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Jardim Medicinal

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Jardim Medicinal

Narrativa Poética da Medicina Popular

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Jardim Medicinal 1 PEÇO LICENÇA AOS LEITORES AO SENHOR E À SENHORA VENHO FALAR EM CORDEL UM ASSUNTO EM BOA HORA TER SAÚDE COM PLANTA QUE FAZ REMÉDIO E MELHORA. 2 NA FAMÍLIA, TODO DIA MUITA COISA ACONTECE DOR DE BARRIGA, LOMBRIGA TODA A CRIANÇA PADECE DO ENSINAMENTO DA AVÓ A MÃE SABIDA NÃO ESQUECE. 3 DA INFÂNCIA TRAGO A LIÇÃO QUE NUNCA FOI ESQUECIDA BUSCANDO A SANIDADE VOU AO JARDIM DA VIDA PROCURO RAIZES E FOLHAS ESSA É A MINHA LIDA. 4 PEDAGOGIA BEM SIMPLES É FÁCIL DE ENTENDER JÁ DIZIA PAULO FREIRE ENSINA, APRENDENDO A FAZER O QUE A GENTE PRECISA DISCUTE COMO VEM SER

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Jardim Medicinal 5 DO RIBULIXO DE IDÉIAS PRESTE BASTANTE ATENÇÃO AO QUE DIZEM ESTES VERSOS GRAVE BEM TODA A LIÇÃO A GENTE SÓ MELHORA COM SAÚDE E EDUCAÇÃO. 6 O DESEQUILÍBRIO DO PLANETA É O ESPELHO DO HOMEM. MUNDO TÁ TODO VIRADO, RECURSOS SE CONSOMEM. CADA ESTAÇÃO QUE CHEGA TRAZ AS DOENÇAS QUE TEM. 7 TUDO SERIA NORMAL SE TIVESSE RESPEITADO TERRA, FOGO, ÁGUA E AR, MAS O HOMEM FOI DESLEIXADO SE ESQUECENDO DE QUEM ESTAVA ALI DO SEU LADO. 8 NÃO ERAM FORÇAS PERVERSAS UMA EM CADA ESTAÇÃO. NADA FARIAM À SAÚDE NÃO FOSSE A TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA CENTRADA NUM MUNDO DE DESTRUIÇÃO.

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Jardim Medicinal 9 NA ÉPOCA DA CHUVA DO VERÃO AO INVERNO, O CORPO FICA PESADO. TOME NOTA NO CADERNO DOR NAS JUNTAS, DIARRÉIA, TUDO NUM CICLO ETERNO. 10 PRÁ CORTAR A DIARRÉIA, QUANDO FOR NECESSÁRIO, QUATRO BROTOS DA GOIABEIRA USE E SIGA O HORÁRIO: MEIA XÍCARA SEIS VEZES AO DIA, ACABA COM O CALVÁRIO. 11 DOENTE NÃO SAI DA PATENTE, FICA NO TRONO SENTADO, NUMA AGUACEIRA SÓ. PRÁ FICAR REHIDRATADO, TOME ÁGUA DE COCO ATÉ FICAR ALIVIADO. 12 SE FOR BARRIGA GRANDE, TEM QUE VER SE É LOMBRIGA. A CRIANÇA COME TERRA, TEM FRAQUEZA E NÃO SE ANIMA. USE ERVA DE SANTA MARIA PRÁ ACABAR COM ESSA BRIGA.

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Jardim Medicinal 13 ELA TAMBÉM É USADA CONTRA O AMARELÃO, É TÓXICA NO USO E PRESTE BEM ATENÇÃO. USE FOLHAS E SEMENTES, JUNTE MEL PRÁ INGESTÃO. 14 COMO A ERVA É SANTA E O PRÓPRIO NOME DIZ. DÁ PRÁ USAR NAS FERIDAS FORMANDO A CICATRIZ. SARA A PELE INFLAMADA E A PESSOA FICA FELIZ. 15 DIARRÉIA POR AMEBA D’ ÁGUA CONTAMINADA. CAUSA NA PESSOA QUE ESTÁ INFECTADA. FEZES COM SANGUE E CÓLICA EXAGERADA. 16 O REMÉDIO PRO DOENTE É FÁCIL DE ENCONTRAR A HORTELÃ TEM NO JARDIM, NO MERCADO PRÁ COMPRAR, DOZE FOLHAS NO SUCO É BOM DE SABOREAR.

________________________________________________________________________ 15 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 17 NA ÉPOCA DA SECA DO INVERNO AO VERÃO, VEM A QUENTURA E A SECURA, COM SEDE E AGITAÇÃO, DOR DE CABEÇA, INSÔNIA, MAL ESTAR ALIVIA NÃO. 18 DURANTE MESES TEM QUEIMADA E POLUIÇÃO, VEM A FEBRE COM TOSSE DIFÍCIL A RESPIRAÇÃO. POSTO DE SAÚDE CHEIO É MUITA CONFUSÃO. 19 COM GUACO, ALFAVACA, EUCALIPTO, ANADOR. CADA UM COM SEU GOSTO, FAÇA CHÁ OU LAMBEDOR, SE FOR DIABÉTICO, CUIDADO! O AÇÚCAR É UM HORROR. 20 QUANDO FICAR NERVOSO E SE SUBIR A PRESSÃO, SEM DINHEIRO, SEM REMÉDIO, É MUITA PREOCUPAÇÃO. A GENTE OBSERVA ONDE ESTÁ A SOLUÇÃO.

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Jardim Medicinal 21 A NATUREZA É MÃE, É SÓ OLHAR PRO MATO. TEM FOLHA DE EMBAÚBA ABAIXA A PRESSÃO NO ATO MANTER O CERRADO EM PÉ ESSE É O NOSSO TRATO. 22 ENCONTRAMOS NO JARDIM A PLANTA ORNAMENTAL, COLÔNIA QUE É CHEIROSA ELA É MEDICINAL. O CHÁ DA FOLHA DIMINUI A PRESSÃO ARTERIAL. 23 PRÁ GASTRITE E RESSACA O BOLDO É A INDICAÇÃO. MASTIGANDO A FOLHA OU FAZENDO A INFUSÃO, É SÓ PLANTAR UM GALHO ELE DÁ EM QUALQUER CHÃO. 24 O CORDEL PÁRA POR AQUI O ASSUNTO TERMINA NÃO A PLANTA É O REMÉDIO, O ENSINO É A PREVENÇÃO. CUIDAR DO AMBIENTE É NOSSA OBRIGAÇÃO.

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Jardim Medicinal

Narrativa Terapêutica do Jardim Medicinal

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Jardim Medicinal

Autocuidados da saúde

A educação ambiental para a saúde fortalece a autonomia e os autocuidados, orienta como lidar com as doenças e como se manter saudável frente aos desequilíbrios internos e interferências do ambiente, principalmente as mudanças climáticas que tanto vem impactando a saúde das populações sejam elas humanas ou não. O uso racional de plantas medicinais é uma via para a transformação nos padrões de saúde e de consciência sanitária e ambiental da população brasileira, através do uso social da informação. Isto significa a construção de uma cidadania informacional. Ao trabalharmos com a saúde das pessoas podemos trabalhar também para um ambiente mais saudável, nesta perspectiva a educação ambiental para a saúde é uma estratégia para a sensibilização das pessoas quanto às mudanças que estão ocorrendo no planeta proveniente principalmente do aquecimento global. A Carta de Ottawa, resultante da Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, considera que para “atingir um bem estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar as aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente”. É claro que esta modificação favorável deverá estar fundamentada nos princípios de sustentabilidade planetária, e isto significa também pensar que existe uma grande diversidade de ambientes e que alguns não devem ser modificados, isto é, devem ser conservados com pouca intervenção humana ou sem ela. As condições e recursos necessários para a saúde são: •

Paz – redução da violência;

Habitação digna - condições adequadas de moradia, tanto em relação ao espaço físico quanto ao assentamento legal;

Educação - acesso, redução da evasão escolar, qualidade de ensino e transversalidade da educação ambiental e em saúde nos diferentes níveis de educação;

Alimentação - garantia de políticas públicas de segurança alimentar e sua implantação, com geração e distribuição de alimentos, especialmente os orgânicos e oriundos da agricultura familiar, fortalecendo o aproveitamento dos alimentos regionais;

Geração de renda – em condições éticas e sustentáveis;

Ecossistema saudável – incluindo o ser humano como um dos elos da cadeia e não como figura central;

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Jardim Medicinal •

Uso sustentável dos recursos – não somente os naturais, mas também àqueles utilizados nos mais diversos níveis de complexidade de atendimento à saúde (dos postos aos hospitais);

Justiça social e equidade – a equidade pressupõe que os determinantes do processo saúde-doença sejam conhecidos, bem como seus efeitos nocivos, reforçando os aspectos positivos para as condições de salubridade.

Para alcançar a equidade e diminuir as diferenças no estado de saúde das diversas populações, respeitando os aspectos “biopsicosócioambiental”, é necessário o acesso à informação, pois as pessoas não podem realizar plenamente seu potencial se não forem capazes de controlar ou adaptar-se os fatores determinantes do processo saúde-doença. O ser humano não é somente um corpo, é também mente, emoções e espírito. Seu bem-estar depende das interações do ambiente interno (emoções, fatores hereditários, congênitos ou adquiridos em alterações orgânicas resultantes de doenças anteriores) com o ambiente externo a ele, representado pelas condições sociais (socioeconômicas, sociopolíticas, socioculturais e psicossociais) e ambientais propriamente ditas, que são a natureza ou as perturbações ecológicas resultantes da modificação desta.

figura

Somos seres que nos relacionamos com outros seres (humanos e não humanos, vivos e não vivos) e estamos em constante processo de aprendizagem e, portanto a saúde de uma pessoa ou de uma coletividade, é resultante de uma multifatorialidade, não representando um somatório de fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos, químicos e ambientais, mas sim da interação destes. ________________________________________________________________________ 20 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Assim é bom nos perguntarmos: •

Onde vivemos? Nos agrada viver aqui?

O ar que respiramos é bom?

A água é adequada para o consumo?

Como é nossa alimentação? Boa? Diversificada?

As pessoas com quem convivemos nos fazem bem?

O ambiente é tranquilo ou violento?

Nosso trabalho é prazeroso? Satisfaz-nos? Há reconhecimento? O desempenho é adequado?

Qual é nossa atitude perante a vida? Como reagimos perante as situações que se apresentam?

Afetivamente, estamos nos relacionando bem?

A estrutura política em que vivemos permite exercer nossa cidadania?

A estrutura social nos permite viver com dignidade?

Vivemos em contato com uma natureza em razoável equilíbrio?

Ao pensar nas respostas destas perguntas, talvez possamos achar que não estamos plenamente saudáveis, entretanto não há uma situação ideal. O que ocorre é um equilíbrio dinâmico que se transforma a cada momento, onde procuramos estabelecer um jeito de viver o mais harmoniosamente possível com o ambiente interno e externo, a fim de que possamos "alcançar os mais altos fins de nossa existência" (e esta é uma questão individual e cada um tem sua resposta!). Devemos lembrar que se alguma das respostas não no satisfizer, devemos ________________________________________________________________________ 21 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal procurar mudar nossa condição e forma de atuação, buscando sempre estar cada vez mais satisfeitos, numa perspectiva ética, sustentável e proativa. Ao considerar o ser humano como um todo e não dividido em partes - cabeça, tronco e membros – como aprendemos na escola, percebemos que ele é apenas um dos elos de uma rede de conexões a que chamamos de VIDA, assim como também são as plantas medicinais. A prática terapêutica exercida no núcleo familiar das mais diversas sociedades, utilizando recursos disponíveis no jardim medicinal, é representada por um conjunto de saberes que constituem um “sistema de cuidados da saúde”. Deste sistema fazem parte os cuidados na família que possui uma lógica própria que varia de praticante para praticante e de região para região, já que cada um/a utiliza uma parcela desse saber moldado pelas características do ambiente local (clima, solo, biodiversidade, etc.), social e cultural, resultando em conhecimentos acumulados ao longo de centenas de anos de experimentação, transmitidos de geração a geração, muitas vezes de forma oral e por imitação, fazendo parte da vida cotidiana destas famílias. Esta prática de autocuidados que tratamos neste livro pretende contribuir para o empoderamento da pessoa, através do “sentir-se mais soberano em saúde” e da sistematização deste conhecimento (sem querer sermos pretenciosos), pois cabe a nós tod@s também gerenciar um conjunto de ações em busca da melhoria de qualidade ambiental e de vida individual e coletiva. Através da educação em saúde e da educação ambiental há o resgate de conhecimentos tradicionais no que tange ao uso remédios caseiros disponíveis no jardim medicinal (seja urbano ou florestal) e que são validados cientificamente. O usuári@ de plantas medicinais poderá reconhecê-las no seu cotidiano; viabilizar a diminuição dos custos com a aquisição de medicamentos; possibilitar a percepção de si mesm@ como agente e como um ser “biopsicosocioambiental” que interage com o meio e recebe deste as possibilidades de cura quando necessário; resgatando a consciência corporal e ambiental, assim como pode também interferir de forma negativa no ambiente externo, passando a ser algoz e vítima ao mesmo tempo.

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Jardim Medicinal

As Doenças

Lombriga ou Ascaridíase O que é? É uma doença causada por um verme conhecido como lombriga, que pode ser visto nas fezes. Seu tamanho é de 20 a 30 centímetros e sua cor é rosa ou branca. O que o doente tem? Quem tem muitas lombrigas sente fraqueza e indigestão. As crianças têm barriga grande e pode ocorrer obstrução intestinal (não consegue fazer coco). Se a pessoa engolir ovos de lombriga, por comer comida ou beber água que estejam contaminadas, as larvas sairão dos ovos e passarão para o sangue, causando coceira no corpo (alergia) e febre, e irão para os pulmões, causando tosse (às vezes com a presença de sangue) ou até pneumonia. Quando uma criança tem muitos vermes, eles podem sair pelas fezes, pela boca ou pelo nariz. Como se pega? ! Através da ingestão de alimentos e água contaminados com ovos do parasita; ! Hábitos de higiene inadequados; ! Lixo e esgotos a céu aberto contaminam a água. Como evitar? ! Lave bem as mãos com água e sabão, escovando por debaixo da unhas toda vez que fizer cocô ou xixi lave e antes das refeições; ! Use somente fossas ou privadas para isso; ! Beba água fervida ou filtrada; ! Proteja a comida contra moscas e poeira; ! Lave bem os alimentos que são consumidos crus; ! Coloque o lixo em local adequado para coleta, o lixo orgânico pode ser utilizado para produzir composto orgânico (técnica detalhada posteriormente); ! Organize o seu quintal para que não acorra acúmulo de sujeira e nem deixe água parada ou água proveniente dos encanamentos ou esgoto escorrendo pelo quintal. ________________________________________________________________________ 23 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Abóbora (Curcubita pepo L.) – ingerir sessenta gramas de sementes sem casca, amassadas e misturadas com mel ou açúcar. Fazer uso de um laxante no dia seguinte. Repetir dez dias depois; ! Alho (Allium sativum L.) – comer três dentes de alho por dia, durante sete dias. Esperar dez dias e repetir o processo. Usar um laxante no dia seguinte; ! Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L. var. anthelmintica (L.) A. Gray.) – a planta fresca (folha, sementes ou toda a parte aérea) lavada e triturada pode ser misturada ao mel ou leite (daí vem o nome mastruz com leite!), para melhorar o sabor, è dada uma única dose, sendo repetida dez dias depois. A quantidade da planta a ser usada para crianças de até vinte quilos é de uma colher de sobremesa da planta fresca triturada (cortada em pequenos pedaços e amassada, até virar papa) e para crianças até quarenta quilos a quantidade é de uma colher de sopa. Adultos podem usar até três colheres de sopa. Cuidado! Esta planta em doses maiores do que a indicada pode fazer mal. Diarreia O que é? É a eliminação de fezes de consistência mole ou líquida em grande quantidade. O que o doente tem? ! O doente precisa evacuar com urgência e em alguns casos sente mal-estar geral, dor de barriga, dor perto do ânus, enjoo, calafrio e febre. ! Dependendo da causa da diarreia, o cocô pode ter sangue, pus ou catarro. Quando há grande perda de água ocorre desidratação, podendo ocasionar a morte. Quais as causas? ! Ingestão de água e alimentos contaminados por germes e vermes; ! Intoxicação com alimentos ou com alguma substância, entre elas, agrotóxicos, bebidas alcoólicas e medicamentos; Como tratar utilizando plantas medicinais? Em geral a diarreia pode ser tratada em casa, mesmo que a causa seja desconhecida. Deve-se prevenir a desidratação, fazendo o doente ingerir bastante líquido, como água de coco e soro caseiro. Podemos fazer uso do chá de broto de Goiabeira Vermelha (Psidium guajava L. var. ________________________________________________________________________ 24 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal pomifera L.), em quantidade igual ou maior que o líquido perdido nas fezes, preparado com uma xícara de soro fervente e três brotos das folhas da Goiabeira Vermelha. O doente deve se alimentar durante a diarreia, podendo usar batata, mandioca, cará, banana, arroz e maçã, que ajudam a “segurar” e evitar o uso de açúcar, coalhadas, leite e iogurte. Para a dor de barriga podemos usar: ! Anador (Justicia pectoralis var. stenophylla Leon.) – usa-se o chá preparado com um punhado de folhas frescas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires, coar e tomar três vezes ao dia ! Camomila (Matricaria recutita L.) – duas colheres de sopa das flores secas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires, coar e tomar três vezes ao dia ! Erva cidreira (Lippia alba (Mill.) N. E) – para a dor de barriga o chá é preparado com dez folhas frescas em uma xícara de chá de água fervente, tampar com um pires, coar e tomar, quatro vezes ao dia; Quando procurar o médico? ! Se a pessoa tem algum destes sintomas: grande quantidade de sangue nas fezes, convulsões, não ingere líquidos, inchaço no rosto e nos pés, vômitos frequentes; ! Se a diarreia dura mais de três dias em adultos e o doente não está apresentando melhora; ! Se a diarreia é grave e está durando mais de um dia em criança pequena; ! Se a pessoa está desidratada e está piorando; ! Se a pessoa estava doente ou desnutrida antes do início da diarreia (principalmente crianças e idosos). Como evitar? ! Cozinhe bem os alimentos e proteja-os contra sujeiras e moscas; ! Beba somente água filtrada ou fervida; ! Lave bem as mãos com água e sabão, escovando por debaixo da unhas toda vez que fizer cocô ou xixi lave e antes das refeições; ! Dê destino seguro às fezes humanas (privadas e fossas); ! Construa fossas longe de hortas, poços e outros pontos de abastecimento de água; ! Lave bem os alimentos que são consumidos crus; ! Coloque o lixo em local adequado para coleta, o lixo orgânico pode ser utilizado para produzir composto orgânico (técnica detalhada posteriormente); ________________________________________________________________________ 25 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Organize o seu quintal para que não acorra acúmulo de sujeira e nem deixe água parada ou água proveniente dos encanamentos ou esgoto escorrendo pelo quintal. Com boa higiene e boa alimentação pode se evitar a maioria das diarreias! Dicas: Soro Caseiro: Um litro de água limpa e fervida; Um colher de café de sal de cozinha; Duas colheres de sopa cheias de açúcar; Misturar bem todos os ingredientes citados acima. Cloração doméstica d’água: Para fazer a cloração doméstica de dez litros de água, adiciona-se uma colher de café bem cheia ou três tampinhas de pasta de dente de água sanitária (hipoclorito de sódio). Limpeza e desinfecção da caixa d’água: 1. Feche o registro de entrada da água, no cavalete; 2. Esvazie a caixa d'água, abrindo torneiras e dando descargas no banheiro; 3. Enquanto a caixa esvazia, escove as paredes e o fundo para que toda a sujeira saia com a água. Não use sabões, detergentes ou qualquer outro produto; 4. Abra o registro da água (no cavalete) para encher à caixa. Adicione, para cada mil litros de água na caixa, um litro de água sanitária; 5. Espere por duas horas. Depois feche novamente o registro de entrada e mais uma vez esvazie a caixa. Esta água não deve ser usada; 6. Feche bem a caixa, verificando se a tampa ficou bem ajustada, evitando a entrada de animais; 7. Abra o registro de entrada, passando a usar normalmente a água da caixa.

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Jardim Medicinal Amebíase O que é? Doença causada por amebas, que não são vermes e sim parasitas (animal que vive à custa do organismo de outro) muito pequenos e que só podem ser vistos ao microscópio. O que o doente tem? ! Diarreia forte ou disenteria (diarreia com sangue), principalmente em pessoas enfraquecidas por outra doença ou mal alimentadas. ! A disenteria amebiana típica é uma diarreia que vai e vem às vezes alternando com prisão de ventre; as fezes são moles com muito muco (líquido grosso e pegajoso) e pode ter sangue. Geralmente não ocorre febre; ! Podem ocorrer náuseas. Como se pega? ! Pela ingestão de água e alimentos contaminados; ! Pela higiene inadequada levando a auto-infestação. Como evitar? ! Lave bem os alimentos antes de comê-los. ! Tome banho todos os dias, lavar bem o bumbum e as unhas; ! Lave bem as mãos com água e sabão, escovando por debaixo da unhas toda vez que fizer cocô ou xixi lave e antes das refeições; ! Proteja a comida contra moscas e poeira; ! Beba água fervida ou filtrada; ! Faça cocô em local apropriado e mantenha as fossas longe de hortas e poços de água. Lave bem os alimentos que são consumidos crus; ! Coloque o lixo em local adequado para coleta, o lixo orgânico pode ser utilizado para produzir composto orgânico (técnica detalhada posteriormente); ! Organize o seu quintal para que não acorra acúmulo de sujeira e nem deixe água parada ou água proveniente dos encanamentos ou esgoto escorrendo pelo quintal. Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Hortelã Rasteira (Mentha X villosa Huds.) - Folhas frescas podem ser comidas em ________________________________________________________________________ 27 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal saladas ou batidas no liquidificador com suco de frutas. Os adultos devem usar doze folhas frescas, três vezes ao dia, por uma semana, repetindo o processo após dez dias. As crianças até vinte quilos usam a metade da dose (seis folhas).

Giardíase O que é? Doença causada pela giárdia, que é um parasita do intestino tão pequeno que só pode ser observado através do microscópio. O que o doente tem? A pessoa (principalmente criança) tem náuseas, cólicas e diarreia com fezes bem amareladas, malcheirosas e espumosas, mas sem sangue ou muco. A barriga fica inchada e com gases. Geralmente não há febre. Como se pega? ! Pela ingestão de água e alimentos contaminados; ! Pela higiene inadequada levando a auto-infestação. Como evitar? ! Tendo os mesmos cuidados que se tem para evitar a contaminação por Ameba (ver explicação anterior). Como tratar utilizando plantas medicinais ! Hortelã Rasteira (Mentha X villosa Huds.) - Folhas frescas podem ser comidas em saladas ou batidas no liquidificador com suco de frutas. Os adultos devem usar doze folhas frescas, três vezes ao dia, por uma semana, repetindo o processo após dez dias. As crianças até vinte quilos usam a metade da dose (seis folhas).

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Jardim Medicinal Tricomoníase O que é? Doença causada por um parasita chamado Tricomonas vaginalis. O que o doente tem? O homem tem uretrite (inflamação na uretra) e a mulher tem coceira na região genital com inchaço dos órgãos e corrimento (leucorreia). Como se pega? ! Pela relação sexual; ! Objetos contaminados; ! Pela higiene inadequada. Como evitar? ! Usando camisinha nas relações sexuais; ! Higienizando o assento do banheiro; ! Evitando lavar roupas intimas junto com as de outras pessoas. Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Hortelã Rasteira (Mentha X villosa Huds.) - Folhas frescas podem ser comidas em saladas ou batidas no liquidificador com suco de frutas. Os adultos devem usar doze folhas frescas, três vezes ao dia, por uma semana, repetindo o processo após dez dias. As crianças até vinte quilos usam a metade da dose (seis folhas).

Oxiuríase O que é? Doença causada por um parasita tão pequeno que só pode ser observado através do microscópio. O que o doente tem? A pessoa apresenta coceira no ânus. ________________________________________________________________________ 29 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como se pega? ! Pela ingestão de água e alimentos contaminados; ! Pela higiene inadequada levando a auto-infestação. Como evitar? ! Tendo os mesmos cuidados que se tem para evitar a contaminação por Ameba (ver explicação anterior). Como tratar utilizando plantas medicinais ! Hortelã Rasteira (Mentha X villosa Huds.) - Folhas frescas podem ser comidas em saladas ou batidas no liquidificador com suco de frutas. Os adultos devem usar doze folhas frescas, três vezes ao dia, por uma semana, repetindo o processo após dez dias. As crianças até vinte quilos usam a metade da dose (seis folhas); ! Alho (Allium sativum L.) – comer três dentes de alho por dia, durante sete dias. Esperar dez dias e repetir o processo. Usar um laxante; ! Romã (Punica granatum L.) – a casca do caule e da raiz é preparada, cozinhando um copo (tipo o usado para geleia) de cascas picadas com dois copos com água. Deixar ferver por vinte minutos. Após coar, dividir o líquido em três partes, tomando a primeira pela manhã em jejum, a segunda parte antes do almoço e a terceira antes do jantar. Usar um laxante no dia seguinte.

Amarelão O que é? Doença causada por vermes vermelhos e arredondados, que medem até um centímetro. Os vermes que causam o amarelão são o ancilóstomo e o necator e, geralmente, não são vistos nas fezes. O que o doente tem? ! O amarelão pode ser uma das doenças mais graves da infância. Ocorrem feridas no intestino, hemorragia e consequente anemia. Atenção! Se uma criança estiver anêmica, fraca, pálida e comendo terra pode ter os vermes do amarelão.

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Jardim Medicinal Como se pega? ! Pela ingestão de água e alimentos contaminados; ! Pisando em solo que tem o parasita e a sua larva entra pela pele, indo para a corrente sanguínea até chegar ao intestino; ! Pela higiene inadequada. A pessoa que anda de pés descalços pode pegar as larvas que entram no corpo pelos pés. Isto pode causar coceira. Depois de alguns dias as larvas chegam aos pulmões e aí podem causar tosse. Quando chegam à boca são engolidas e a pessoa pode ter dor de estômago e diarreia. As larvas vão para o intestino e se prendem por um ganchinho que o fura e provoca sangramento. Os vermes também ficam chupando o sangue da pessoa e quando há muitos vermes ocorre fraqueza e anemia. Os ovos saem nas fezes e se ficam no chão úmido, aparecem as larvas, que podem penetrar na mesma pessoa ou em outra. Como evitar? ! Tenha os mesmos cuidados que se tem para evitar a contaminação por Ameba (ver explicação anterior). Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L. var. anthelmintica (L.) A. Gray.) – a planta fresca (folha, sementes ou toda a parte aérea) lavada e triturada pode ser misturada ao mel ou leite (daí vem o nome mastruz com leite!), para melhorar o sabor, è dada uma única dose, sendo repetida dez dias depois. A quantidade da planta a ser usada para crianças de até vinte quilos é de uma colher de sobremesa da planta fresca triturada (cortada em pequenos pedaços e amassada, até virar papa) e para crianças até quarenta quilos a quantidade é de uma colher de sopa. Adultos podem usar até três colheres de sopa. Cuidado! Esta planta em doses maiores do que a indicada pode fazer mal.

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Jardim Medicinal

Solitária O que é? São vermes que, no intestino, podem medir muitos metros e que são divididos em pequenos pedaços brancos e chatos (segmentos) que medem um cm e parecem pedaços de macarrão cozido. Esses segmentos possuem milhares de ovos. O que o doente tem? ! Quando os vermes estão no intestino pode causar dor de barriga, hemorragias, tonturas, náuseas, vômitos e perda de peso; ! A pessoa infectada pode ficar com letargia (sem ânimo, quieta); ! Quando os cistos (pequenos sacos, contendo as larvas) entram no cérebro de uma podem ocorrer graves problemas, como: dor de cabeça, desmaios, convulsões e até a morte. Isto acontece quando os ovos passam das fezes para a boca. Como se pega? Pela ingestão de carnes mal cozidas que têm ovos, principalmente, as de porco. Os ovos vão para o intestino da pessoa, onde se desenvolvem e se transformam em solitárias que, quando adultas, soltam os seguimentos pelo cocô. Os ovos saem dos seguimentos e a pessoa que não lava direito as mãos e as coloca na boca, se contamina. A pessoa que não usa a fossa ou a privada, coloca os cistos na terra e o porco come os ovos, formando canjiquinhas na carne (cistos), quando a pessoa come esta carne ela se contamina. Como evitar? ! Coma somente carne bem cozida ou bem assada, principalmente se for carne de porco. Tenha certeza de que no pedaço de carne assada ou frita não ficou uma parte meio crua; ! Nunca coma carne de porco com cistos (canjiquinha); ! Faça cocô em fossas e privadas; ! Impeça que porcos e bois comam cocô de gente; ! Lave bem os alimentos antes de comê-los; ! Tome banho todos os dias, lavar bem o bumbum; ! Lave bem as mãos com água e sabão, escovando por debaixo da unhas toda vez que fizer cocô ou xixi lave e antes das refeições; ________________________________________________________________________ 32 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Proteja a comida contra moscas, poeiras, etc; ! Beba água fervida ou filtrada; ! Lave bem os alimentos que são consumidos crus; ! Coloque o lixo em local adequado para coleta, o lixo orgânico pode ser utilizado para produzir composto orgânico (técnica detalhada posteriormente); ! Organize o seu quintal para que não acorra acúmulo de sujeira e nem deixe água parada ou água proveniente dos encanamentos ou esgoto escorrendo pelo quintal. Quais as plantas indicadas para tratar? ! Abóbora (Curcubita pepo L.) – ingerir 60 gramas de sementes sem casca, amassadas e misturadas com mel. Após duas horas da ingestão, fazer uso de um laxante no dia seguinte. Repetir dez dias depois. ! Romã (Punica granatum L.) – a casca do caule e da raiz é preparada, cozinhando um copo de geleia de cascas picadas com dois copos com água. Deixar ferver por vinte minutos. Após coar, dividir o líquido em três partes, tomando a primeira pela manhã em jejum, a Segunda parte antes do almoço e a terceira antes do jantar. Usar um laxante no dia seguinte.

Sarna O que é? Doença causada por um pequeno animal que faz túneis por debaixo da pele. O que o doente tem? Coceira e quando o doente coça pode causar ferimentos e infecções com aparecimento de gânglios linfáticos (ínguas) e às vezes febre. Como se pega? Através do contato com a pele infectada ou o uso de roupas e toalhas de pessoas infectadas. Como evitar? ! Use roupas de cama, toalhas e vestimenta, limpas. Se já estiver infectado estas devem ser trocadas diariamente, lavadas e fervidas, após o uso; ________________________________________________________________________ 33 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Tome banho todos os dias, usando bucha, sabão e água quente. Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Arruda (Ruta graveolens L.) – fazer um chá colocando dois punhados de folhas frescas em uma xícara de chá de água e ferver por cinco minutos, coar e lavar o local três vezes ao dia. Por ter alta toxicidade, o chá não pode ser ingerido.

Bicho geográfico O que é? Doença de pele, causada por um pequeno parasita do intestino do cão e do gato. Esses animais, ao defecarem na terra, colocam junto com as fezes, os ovos do parasita, que se transformam em larvas (larva migrans). Essas larvas penetram na pele, geralmente nos pés da pessoa, fazendo túneis por debaixo da pele. O que o doente tem? A pessoa começa a sentir uma forte coceira, e logo identifica irritações pequenas e salientes, de cor vermelho escuro. Com a coceira, pode haver ferimentos na pele e infecções. Como se pega? Em terrenos onde há umidade e calor para os ovos que estão nas fezes dos animais se transformam em larvas e quando as pessoas pisam ou sentam em local infestado, as larvas furam a pele, entram e começam a caminhar fazendo túneis na pele, que podem ser vistos e confundidos com arranhões. Como evitar? ! Evite que as crianças andem descalças ou brinquem na terra úmida e caixas de areia onde cães e gatos fizeram cocô; ! Em locais onde há suspeita da existência da larva, colocar água misturada com água sanitária (1 litro de água sanitária em 10 litros de água); ! Mantenha o quintal limpo, sem coco de animais. ! Quando suspeitar que o cão ou gato tenha os vermes, dê a eles a Erva de Santa Maria, considerando o peso do animal. A planta fresca (folha, sementes ou toda a parte aérea) é ________________________________________________________________________ 34 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal lavada e triturada até virar uma papa, podendo ser misturada ao leite, para melhorar o sabor. É dada uma única dose, sendo repetida dez dias depois. A quantidade da planta a ser usada para cães até vinte quilos é de uma colher de sobremesa da planta. Para gatos pode usar uma colher de chá. Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Não tente furar as bolhas, pois isto causa muita irritação, não mata a larva e possibilita a entrada de bactérias que causarão infecções na pele (feridas com pus); ! Quando a infestação é pequena, o tratamento é feito apenas no local afetado utilizando Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L. var. anthelmintica (L.) A. Gray.). A planta fresca (folha, sementes ou toda a parte aérea) deve ser lavada e triturada ou macetada, formando uma pasta que deverá ser aplicada com um pedado de pano limpo (cataplasma). Deixar no local, trocando diariamente, por dez a quinze dias; ! No caso de infestações maciças ou em que o medicamento local não funcione, faz-se o tratamento por via oral. Neste caso deve-se procurar um médico; ! Para aliviar a coceira, recomendam-se compressas de gelo.

Piolhos O que é? São insetos que se alimentam de sangue. O que o doente tem? Coceira, às vezes, podem ocorrer feridas que se infectam e ínguas (gânglios linfáticos inchados). Como se pega? Através do contato com pessoas infectadas e seus objetos como pente, toalha, roupa. Como evitar? ! Coloque a roupa de cama e travesseiros ao sol todos os dias; ! Tome banho todos os dias, lavando a cabeça e passando pente fino; ! Se uma pessoa em sua casa estiver com piolhos, trate-a imediatamente e não deixe que ela durma junto com as outras. ________________________________________________________________________ 35 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Arruda (Ruta graveolens L.), Boldo (Plectranthus barbathus Andr.) e Melão de São Caetano (Momordica charantia L.). - faça o chá separado de cada planta, colocando dois punhados de folhas frescas em uma xícara de chá de água e fervendo por cinco minutos. Junte os chás e lave a cabeça todos os dias passando a mistura após retirar o xampu. Use pente fino para tirar as lêndeas. Por ter alta toxicidade, o chá não pode ser ingerido. Pode ser feito um xampú com estas plantas e a forma de preparação deste remédio caseiro é descrita no volume 2. Xampú contra pilho e carrapato ! 1/3 vidro (do tipo de conserva de palmito que tem 500 ml aproximadamente) de tintura de Arruda, cuja orientação é indicada no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros”. Caso não tenha tintura pode usar uma xícara de chá bem forte de arruda (dois punhados de folhas frescas picadas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires e coar); ! Uma xícara de chá bem forte de Boldo Nacional e uma xícara bem forte de Melão de São Caetano, preparado da mesma forma acima citada; ! Um sabonete de glicerina picado em pequenos pedaços; ! Se tiver glicerina (comprada em farmácia ou drogaria) colocar uma colher de sopa descartável de cafezinho, isto evitará o ressecamento do cabelo; ! Misture tudo, leve ao fogo. Cuidado! A tintura de arruda tem álcool; ! Retire do fogo mexendo até esfriar; ! Deixe a espuma baixar e guarde num frasco limpo e rotulado; ! Modo de usar: lave o cabelo todos os dias e use pente fino para tirar as lêndeas; ! Prazo de validade: 30 dias. Observação: Se quiser pode adicionar também uma xícara de chá de capim citronela, preparado da mesma forma.

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Jardim Medicinal Micose O que é? É uma doença que ocorre na pele, é causada por fungos encontrados no solo, na água, em animais e no homem. Pode aparecer em qualquer parte do corpo, mas são mais frequentes no couro cabeludo, entre os dedos, entre as pernas (nas virilhas) e nas partes do corpo que não tem pêlos. O que o doente tem? Quando aparecem manchas brancas e pequenas no corpo, é chamado de “pano branco” ou Tinea versicolor, geralmente não coça. Não é um problema grave, mas as manchas dão um aspecto feio à pele e deve ser tratada, dando especial atenção ao couro cabeludo, pois é o local onde o fungo se reproduz. Quando a micose é entre as pernas e aparecem manchas em forma de anel, com bordas bem nítidas e irregulares, elas coçam muito, ficam vermelhas e pioram quando há transpiração. Quando ocorre entre os dedos, a pele fica vermelha e esfarelada, coça e tem um cheiro ruim, principalmente quando se usa sapatos fechados frequentemente, é o chamado “pé-de-atleta”. Na cabeça podem ocorrer manchas redondas com crostas, às vezes pus e queda de cabelo. Quando o correm nas unhas, estas ficam espessas, duras, quebradiças e ásperas. Se ocorrer na cutícula, esta fica descolada, vermelha e dói, é a chamada “micose das lavadeiras”. Como se pega? A micose é uma infecção contagiosa, ou seja, passa de uma pessoa para outra, o que ocorre com muita frequência em escolas e creches ou quando se toma banho em águas paradas, ou piscinas que não são tratadas, ou ainda pelo uso de pentes, escovas e alicates de unha contaminados. Como evitar? •

Não use pentes, roupas ou sapatos de pessoas que estejam com a infecção, somente se estiverem bem lavadas;

Enxugar bem entre os dedos e entre as pernas, após o banho, e usar um talco que absorva o suor;

O material utilizado para tratar as unhas (alicate, espátula de cutícula e lixa) deve ser de uso individual; ________________________________________________________________________ 37 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal •

Mantenha seco e limpo o lugar da sua casa que costuma ficar molhado;

Não deixe formar poças no quintal e mantenha-o limpo e organizado.

Como tratar utilizando plantas medicinais? •

Para tratar o pano branco utilizamos o Alho (Allium sativum L.), cortar o dente ao meio e esfregar no local onde tem a mancha duas vezes ao dia, por vinte dias ou mais seguidos. O alho pode causar irritação em peles sensíveis, neste caso o tratamento deve ser suspendido e substituído pelo uso da folhas e do fruto quase maduro do Tomateiro (Lycopersicum esculentum Mill.). Neste caso, deve ser preparada uma tintura colocando as folhas frescas e o tomate ainda verde, todos picados em um vidro do tipo de conserva até a metade e depois completar com uma mistura de três partes de álcool e uma parte de água. Deixar em local escuro e mexer todos os dias por quinze dias. Coar e aplicar no local onde tem pano branco por vinte dias ou mais. Evitar exposição ao sol quando estiver usando o remédio, pois podem ocorrer queimaduras na pele.

Para tratar a micose de unha, use o Cravo da Índia. Coloque cinquenta flores secas e pulverizadas em uma xícara de cafezinho, adicione um pouco de álcool (uma colher de sopa) deixe tampado com um pires por um dia e depois complete até a metade com óleo de girassol. Deixe macerando (“de molho”) por cinco dias, agitando todos os dias. Use no local afetado três vezes ao dia, por trinta dias ou mais.

Observação: O tratamento das micoses pode ser muito demorado, podendo levar meses, mas se persistir por um tempo muito prolongado deve-se procurar um médico.

Insônia O que é? A insônia é uma perturbação do sono natural e pode estar relacionada com a ansiedade e a angústia. O que o doente tem? ! Falta de sono que pode acontecer durante alguns momentos da noite ou a noite inteira; ! Quando a insônia é crônica pode causar alucinações e delírios;

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Jardim Medicinal ! Pessoas com tensão emocional, depressão, sonhos desagradáveis, angústia, ansiedade e estresse, podem ter falta de sono. O que causa? ! Ingestão de bebidas com cafeína (café, alguns tipos de chá como chá preto e chimarrão, guaraná em pó ou em bastão e alguns refrigerantes) que são excitantes; ! Uso de bebidas alcoólicas e medicamentos estimulantes; ! Mudança de horário; ! Mudanças climáticas; ! Dor, fome, calor; ! Refeições pesadas e/ou exercícios físicos antes de dormir, ! Trabalhar até a hora de dormir; ! Assistir televisão, ler coisas tensas ou ouvir músicas excitantes; ! Discussões e aborrecimentos. Como evitar? ! Mantenha um horário regular para dormir; ! Tome um banho quente antes de dormir, pois ajuda a relaxar; ! Use travesseiro e colchão adequados; ! Faça exercícios físicos moderados, como alongamento, até duas horas antes de dormir; ! Quando sentir sono, vá para a cama e se não tiver sono, não fique nela; ! Se dormir mal uma noite, não fique dormindo até mais tarde. Não permita que seu organismo troque a noite com o dia; ! Procure deixar seu ambiente doméstico limpo e organizado. Aproveite para cuidar das plantas do seu quinta. O contato com a terra e as plantas diminui a ansiedade e deixam a pessoa mais tranqüila. Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Capim Cidreira (Cymbopogon citratus Stapf.) – pode ser preparado um refresco batendo, bata no liquidificador com um litro de água coloque trinta folhas frescas e um limão com casca cortado em pedaços, depois de coar adicione gelo, açúcar ou adoçante. O chá é preparado com três folhas picadas em uma xícara de água fervente,

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Jardim Medicinal tampar com um pires e depois de quinze minutos coar. Por ter baixa toxicidade, pode ser usado a vontade; ! Colônia (Alpinia zerumbet Schum.) – uma folha fresca cortada em pequenos pedaços em um litro de água fervente. Tampar a panela por quinze minutos e depois coar. Tomar duas xícaras ao dia. Com o passar do tempo se o chá ficar com cor rósea devese jogá-lo fora. Cuidado! Pode abaixar a pressão arterial; ! Erva Cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Brown) – fazer um chá colocando dez folhas frescas em uma xícara de chá de água fervente, tampar com um pires e depois de quinze minutos coar. Por ter baixa toxicidade, o chá pode ser bebido a vontade; ! Maracujá (Passiflora edulis Smis.) – o chá é preparado com três folhas secas em uma xícara de água fervente, três vezes ao dia. Não é recomendado o uso prolongado, por mais de trinta dias, devendo-se interrompê-lo e utilizar outro tipo de planta para dar continuidade ao tratamento. As folhas frescas têm uma substância que podem trazer problemas de intoxicação.

Ferimentos O que é? É a destruição da pele, podendo ocorrer perda de pedaços desta. O que o doente tem? ! Muita dor e queimação, caso tenha uma ferida que esteja infectada por algum germe; ! O local fica vermelho, inchado, quente e dolorido, com presença de pus; ! Às vezes, ocorre febre. O que causa os ferimentos? ! Instrumentos cortantes; ! Esmagamento ou atrito com superfícies ásperas; ! Queimadura; ! Picada de insetos ou mordida de animais. Como evitar? ! Mantenha o seu ambiente doméstico e de trabalho organizado; ________________________________________________________________________ 40 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Verifique se existem objetivos que podem causar ferimentos, no caminho. Avalie o movimento das pessoas (principalmente crianças e idosos) em locais onde há desníveis no piso e “quinas” de móveis; ! Existem épocas do ano que há maior quantidade de insetos, neste período é aconselhado o uso de repelentes e de mosquiteiros durante a noite, principalmente para pessoas alérgicas. Quais os cuidados a serem tomados quando houver um ferimento? ! Não tocar o ferimento com as mãos sujas; ! Não arrancar pedaços de roupas ou qualquer objeto que estejam aderidos ao ferimento, removendo somente os que saírem com facilidade durante a limpeza; ! Não apertar demasiadamente a compressa ou atadura; ! Não cobrir os ferimentos com algodão; ! Proteger o ferimento com gaze, trocando o curativo tantas vezes quanto for necessário para mantê-lo limpo; ! Se o ferimento ficar dolorido e inchado por muito tempo é sinal de infecção. Como fazer a limpeza de um ferimento? ! Lavar bem o ferimento com sabão e água (preferencialmente fervida); ! Não usar sabonete, mas sabão de lavar roupa; ! Retirar toda sujeira, inclusive debaixo dos pedaços de pele. Se necessário usar pinça ou outro instrumento qualquer (que deve ser fervido ou esterilizado na panela de pressão) para remover a sujeira; ! No caso de pequenas queimaduras, o local atingido deve ser lavado com bastante água, depois ponha sobre o local uma gaze embebida com água e bicarbonato de sódio, pincele a gaze com o sumo da babosa. Não fure as bolhas e evite tocar na área queimada. Como tratar utilizando plantas medicinais? Após realizar a limpeza do ferimento, podem ser usados compressas, banhos, pomadas de uma ou mais plantas medicinais, como: ! Açafrão (Curcuma longa L.) – usar o chá, preparado com uma xícara de água fervente e 1/3 do rizoma fresco, tampar com um pires, coar depois de quinze minutos. Usar depois de frio; ________________________________________________________________________ 41 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Alecrim (Rosmarinus officinalis L.) – preparar o chá com uma xícara de água fervente e uma colher de sopa de folhas frescas. Tampar a xícara com um pires, coar depois de quinze minutos. Espere esfriar e lave o local duas vezes ao dia; ! Arnica Brasileira (Solidago microglossa DC) – prepara-se um chá colocando um punhado das flores e folhas picadas (partes aéreas da planta) em uma xícara de água fervente, tampar e coar. Fazer compressas no local afetado com o chá frio; ! Babosa (Aloe vera (L.) Burn e Aloe arborescens Mill.) – pedaços da folha limpos e cortados

podem

ser

aplicados

diretamente

no

ferimento

ou

queimadura,

preferencialmente utiliza-se o gel ou sumo que escorre da folha diretamente no local afetado; ! Confrei (Symphytum officinale L.) – prepara-se um chá pelo cozimento de três folhas frescas e cortadas em pequenos pedaços em meio litro de água. Depois da limpeza do ferimento, lavá-lo com o chá e cobri-lo com uma gaze. Este chá não pode ser bebido por ser tóxico, causando problemas ao fígado. As folhas não devem ser usadas em cataplasma ou emplastro, pois tem pelos que irritam a pele; ! Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L. var. anthelmintica (L.) A. Gray.) – a planta fresca, lavada e triturada pode ser usada diretamente no local ou utilizando compressas e emplastros; ! Goiabeira (Psidium guajava L. var. pomifera) – uma xícara de água fervente preparado com três brotos das folhas da goiabeira vermelha, depois de frio usar para lavar o ferimento ! Folha da fortuna (Kalanchoe brasiliensis Camb e Kalanchoe pinnata Pers.) - A folha triturada ou macetada é indicada para aplicação local em abscessos ou furúnculos amolecendo-os. A mesma forma é indicada para aplicação na testa quando há dor de cabeça. O sumo da folha (um colher de sopa) das vezes ao dia é indicado nos processos inflamatórios. Repelente de citronela Para evitar a aproximação de insetos, podemos utilizar repelente a base de citronela (Cymbopogon winteranus e Cymbopogon nardus) que é uma planta muito parecida com o Capim Limão, mas com cheiros bem diferentes. Para espantar os mosquitos do ambiente, coloque folhas picadas de citronela em uma panela de pressão com água e leve ao fogo, quando o vapor sair, também será liberado o óleo essencial que tem ação repelente. Podemos preparar uma loção repelente deixando de molho ________________________________________________________________________ 42 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal as folhas no álcool por uns três a cinco dias, após coar e colocar o líquido num borrifador aplicando no ambiente ou na pele. Caso disponha do óleo essencial de citronela você poderá colocar uma tampinha de pasta de dente (ou vinte gotas) em cem mililitros (ml) de loção hidratante, misturando bem para depois aplicar na pele a ser protegida dos mosquitos.

CONTUSÃO O que é? Contusão é uma lesão devido a alguma pancada, é um “amassamento” de alguma parte do corpo. O que o doente tem? O tamanho da lesão irá depender da força do pancada e da região afetada. Isso poderá resultar em rompimento de vasos sanguíneos, sangramento interno, inchaço e inflamação na região afetada. Em grandes contusões pode-se notar a presença de hematomas (roxo). O que causa? Quedas, acidentes de trabalho ou domésticos ou até mesmo por deixar algum objeto pesado cair sobre o corpo. Como se evitar? As contusões podem ser evitadas tomando-se os seguintes cuidados: ! Preste atenção na tarefa que você está realizando para que não ocorram acidentes; ! É recomendável que não se use carpetes e tapetes em casas onde moram pessoas idosas; ! Jamais ande descalço em pisos molhados; ! Observe onde você pisa; ! Peça para as crianças brincarem em locais onde não haja grande quantidade de obstáculos (móveis e pessoas); ! Pessoas que trabalham em áreas de risco devem utilizar equipamentos de proteção individual como capacetes, luvas, sapatos ou botas, etc.

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Jardim Medicinal Como tratar? Podem-se tratar as contusões com aplicação de compressas frias ou gelo logo após o traumatismo. Este tratamento provoca a contração dos vasos sangüíneos, diminuição do inchaço e da dor. Não aplique nada quente no local afetado, por no mínimo 24 horas, pois o calor aumentaria a dor e o inchaço. Depois podemos fazer compressas frias utilizando chá de uma ou mais plantas medicinais, aplicar pomadas ou usar internamente. As espécies medicinais indicadas são: ! Açafrão (Curcuma longa L.) – Internamente, usar o rizoma fresco (metade de um rizoma por dia na salada) ou usar uma colher de sopa da tintura três vezes ao dia (preparada de acordo com a técnica descrita no volume 2 (“Preparação de Remédios Caseiros”), utilizando dois pedaços do rizoma com aproximadamente cinco centímetros cada um em cem mililitros de álcool diluído (preparado com três partes de álcool e uma parte de água). Externamente, ralar o rizoma e fazer um cataplasma ou emplastro no local afetado; ! Arnica Brasileira (Solidago microglossa DC) – prepara-se um chá colocando um punhado das flores e folhas (partes aéreas da planta) em uma xícara de água fervente. Fazer compressas no local afetado. A tintura também pode ser utilizada no local e ela é preparada enchendo um vidro de conserva com folhas e flores picadas (sem apertálas), depois completar o volume do vidro com uma mistura de álcool diluído (três partes de álcool e uma parte de água). Ver detalhes da técnica de preparação de tinturas mais adiante, na parte “Preparação de Remédios Caseiros” ! Gengibre (Zinziber officinale Roscoe.) – ralar o rizoma fresco, colocar sobre um pedaço de pano limpo, preparando um cataplasma e aplicar no local afetado a pele pode ficar vermelha. Observar se há formação de bolhas. Caso isto ocorra, suspender o tratamento, pois o doente apresenta reação alérgica ao gengibre. Loção para pancadas e contusões ! Em um vidro de conserva (do tipo de conserva de palmito que tem quinhentos mililitros aproximadamente) colocar 1/3 do de tintura de Açafrão (Curcuma longa L.), 1/2 vidro de tintura de Arnica Brasileira (Solidago microglossa DC); ! Acrescentar uma colher de chá de cânfora em pó (pode ser adquirida em farmácia ou drogaria); ! Agitar bem até dissolver a cânfora;

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Jardim Medicinal ! Adicionar cinquenta folhas picadas de Vique (Mentha arvensis L. var. piperacens Holmes); ! Colocar cinquenta mililitros (ml) de glicerina (uma copo descartável de cafezinho) que pode ser adquirida em farmácia ou drogaria; ! Deixar macerando por vinte dias em local escuro, agitando todos os dias; ! Se quiser pode coar; ! Colocar um rótulo com o nome do remédio e a data em que foi feito; ! Aplicar no local machucado três vezes ao dia. ! Prazo de validade: noventa dias.

Hemorroidas O que é? Hemorroidas são veias dilatadas que ocorrem na região do ânus e do reto. Elas podem ser internas, podendo se exteriorizar para fora do ânus, quando passam a ser percebidas. O que o doente tem? ! As hemorroidas podem produzir muito desconforto, mas geralmente nenhum problema sério; ! Podem ocorrer trombose e dor, devido a um coágulo de sangue dentro da hemorroida, além de hemorragia no momento da evacuação, coceira e irritação externa, quando a região fica constantemente úmida. O que causa? ! A pressão exercida pelo corpo sobre o reto, modifica a circulação da região anal e pode levar ao aparecimento das hemorroidas. ! Outras condições que contribuem são: intestino preso, diarreia, gravidez, obesidade, e especialmente esforço frequente no momento da evacuação. Como evitar? ! Uma alimentação adequada, rica em fibras e cereais, proporciona um bom funcionamento do intestino, pois ambos retêm água no bolo fecal produzindo fezes de consistência suave, sendo mais fáceis de serem eliminadas. Entretanto, quando for ________________________________________________________________________ 45 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal necessário, deve-se recorrer a medicamentos que aumentem o volume do bolo fecal ou aumentem o movimento do intestino, como os laxantes. O consumo diário de duas colheres de sopa de semente de linhaça, batidas no liquidificador com um suco ou com leite melhora o trânsito intestinal; ! Não é indicado retardar a evacuação, quando houver vontade deve-se ir ao banheiro, caso contrário as fezes vão ressecando na região retal, ficando mais duras e mais difíceis de serem evacuadas; ! Não faça muita força no momento da evacuação; ! Exercícios físicos podem auxiliar o bom funcionamento do intestino. A ingestão frequente de água e a alimentação em horários programados facilitam o funcionamento do intestino. Como tratar? Tratamento não medicamentoso. Quando estiver com trombose e dor, fazer banho de assento com água quente por dez a vinte minutos, duas a quatro vezes diariamente, para desinflamar a área e aliviar a dor. Manter a região anal limpa, usando sabonete e enxugando suavemente após cada evacuação. Manter a região anal o mais seca possível, usando talco, tecido ou papel macio para absorver a umidade. Tratamento com plantas medicinas: ! Alecrim (Rosmarinus officinalis L.) – preparar o chá com uma xícara de água fervente e uma colher de sopa de folhas frescas. Lavar o local duas vezes ao dia; ! Babosa (Aloe vera (L.) Burn e Aloe arborescens Mill.) – pedaços da folha cortados no formato adequado são utilizados como supositórios, para isso é necessário tirar a casca e os espinhos. Para facilitar o corte no formato de supositório, colocar a folha no congelador até ficar mais endurecida. O sumo fresco aplicado diretamente no local também alivia; ! Copaíba (Copaifera langsdorffii Desv.) – tomar cinco a oito gotas do óleo três vezes ao dia, misturadas no mel ou suco, ou ainda colocadas no miolo do pão para disfarçar o gosto; localmente o uso do óleo também tem ação antiinflamatória.

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Jardim Medicinal Pressão Alta ou Hipertensão O que é? Existe quando a pressão, medida várias vezes, é igual ou maior que catorze por nove. Isso acontece porque os vasos, nos quais o sangue circula, se contraem ficando mais estreitos e fazem com que a pressão do sangue se eleve. Comparando o coração e os vasos com uma torneira aberta e ligada a vários esguichos, quando fecharmos a ponta de um dos esguichos, a pressão irá subir. Da mesma forma quando o coração bombeia o sangue e os vasos estão estreitados, a pressão dentro dos vasos aumenta. O que o doente tem? ! A pressão alta faz com que o sangue, ao passar, machuque os vasos. Com isso eles vão endurecendo e ficando finos, podendo entupir ou romper-se. ! Quando isso acontece no coração, o entupimento de um vaso leva à angina e pode ocasionar infarto. ! No cérebro, o entupimento ou rompimento leva ao “derrame cerebral” ou AVC (acidente vascular cerebral). ! Nos rins também pode ocorrer entupimento, levando a paralisação dos mesmos. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o controle da pressão alta. O que causa? ! A maioria das pessoas que tem pressão alta herdou-a do pai e/ou da mãe; ! Hábitos de vida inadequados, como obesidade, ingestão de sal e bebida alcoólica em excesso, uso do cigarro e a falta de atividade física também levam a pessoa a ter hipertensão. A pressão alta tem cura? Como é uma doença crônica, dura a vida toda e não tem cura, mas ela pode ser controlada, para que a pessoa tenha mais qualidade de vida. O seu tratamento e controle evitam o infarto do coração, o derrame cerebral e a paralisação dos rins. Como tratar? O tratamento é contínuo, isto é dura a vida toda e deve ser feito com medicamentos indicados pelo médico ou com uso complementar de plantas medicinais, que auxiliam a controlar a ________________________________________________________________________ 47 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal pressão. A pessoa deve ter hábitos saudáveis. Como evitar? Tratamento não medicamentoso – Modificando os hábitos Emagreça! ! Prefira peixes, frango sem pele ou carnes magras, retirando toda a gordura visível; ! Evite vísceras (fígado, coração e rins), embutidos (linguiça, paio, salsicha e salame) e ovos, dando preferência à clara; ! Prefira margarina com óleo vegetal e pouca quantidade de gordura saturada. Use apenas óleos vegetais (girassol, milho, soja, canola e azeite de oliva); ! Evite frituras, banha de porco, toicinho defumado, gordura de coco e óleo de dendê; ! Consuma verduras, legumes e frutas diariamente, preferencialmente crus; ! Evite açúcar e doces; ! Lembre-se de que bebidas alcoólicas têm muitas calorias. Se possível, evite-as! ! Exercícios físicos como caminhada, pelo menos três vezes por semana durante trinta minutos, no mínimo, ajudam a controlar o peso. Controle o estresse! ! Aprenda a identificar as situações que provocam a tensão, observe como sua mente e corpo reagem. Evite-as ou modifique seu jeito de reagir a elas! ! Planeje melhor as atividades para evitar acúmulo. O tempo bem administrado rende! ! Diminua o nível de exigência consigo mesmo(a) e com os outros, sem perder a qualidade do trabalho. ! Procure ter momentos de descanso e lazer. Uma parada no horário do trabalho com um bom alongamento do corpo revigora! ! Divida as atividades, quando houver excesso. Ninguém vive sozinho e o colega gostará de auxiliar você! ! Pratique técnicas de relaxamento. A meditação e a ioga são um bom caminho para limpar a mente e proporcionar uma sensação de bem estar. Seu rendimento, posteriormente, será muito melhor! Controle o sal! ! Use o mínimo de sal no preparo dos alimentos, substituindo-o por temperos naturais ________________________________________________________________________ 48 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal como salsa, cebola, orégano, hortelã, limão, alho, manjericão, coentro e cominho; ! Evite conservas como azeitona, patês e palmito, enlatados como extrato de tomate, milho, ervilha e maionese; ! Evite salgadinhos para aperitivo como: batata frita, amendoim salgado, castanha de caju, etc. Como usar corretamente os medicamentos? O ideal é manter a pressão abaixo de treze por oito. Por isso o uso dos medicamentos deve ser contínuo e diário, nas doses e horários recomendados. Não deixe de tomar o medicamento, mesmo que a pressão esteja controlada. Para facilitar, associe os horários de tomar os medicamentos com os horários das refeições. Quais as plantas utilizadas para tratar? O uso do medicamento não deve ser interrompido. Você deve informar seu médico, farmacêutico ou outro profissional de saúde que também está fazendo uso de plantas medicinais. O tratamento com plantas medicinais é complementar e não substitui a orientação médica. Plantas indicadas: ! Alho (Allium sativum L.) - como hipotensor, na salada usar três dentes picados ou amassados por dia; ! Cabelo de Milho (Zea mays L) – como diurético – uma xícara de chá fervente com um punhado, tampar com um pires, coar e beber uma xícara várias vezes ao dia; ! Colônia (Alpinia zerumbet (Pers) B. L. Burtt. & R.M. Sm.) - como calmante e hipotensor – chá da folha (uma a três folhas em um litro de água fervente, tampar a panela, deixar esfriar e coar), beber a vontade. O tratamento deve se iniciado com uma folha por litro e ir aumentando o número de folhas, caso não ocorra o efeito desejado. Se o chá ficar com cor rósea não deve ser utilizado; ! Embaúba (Cecropia sp.) – como hipotensor - preparar um litro de chá com água fervente e duas folhas frescas ou secas. Tampar a panela (sem ferver). Coar e beber a vontade; ! Erva cidreira (Lippia alba (Mill.) N. E) – como calmante – chá preparado com uma xícara de água fervente e dez folhas frescas (sem ferver, tampar a xícara com um pires), coar e tomar quatro vezes ao dia.

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Jardim Medicinal Diabetes O que é? O Diabetes Mellitus é um conjunto de sintomas, onde o mais comum é o aumento da glicose no sangue. Esta elevação ocorre, na maioria das vezes, por diminuição na produção de insulina ou por dificuldade na ação deste hormônio. A insulina, que é produzida no pâncreas, é o principal responsável pelo transporte da glicose para dentro das células, para que ocorra a geração de energia. Quando não há insulina a célula morre por falta de açúcar e energia e o sangue fica “melado” cheio de glicose que não pode entrar na célula. O que o doente tem? ! Os sintomas mais comuns são: sede excessiva, excesso de urina, muita fome, cansaço e emagrecimento; ! Muitas pessoas adultas têm diabetes e não sabem, pois os sintomas muitas vezes são vagos, como formigamentos nas mãos e pés, dormências, peso ou dores nas pernas, infecções repetidas na pele e mucosas. Portanto, é importante pesquisar diabetes em todas as pessoas com mais de quarenta anos de idade. O que causa? ! A causa mais frequente tem a sua origem familiar, através da transmissão genética. ! O início do diabetes, em geral, requer associação dos fatores genéticos com fatores ambientais e com o estilo de vida da pessoa. Entre os mais conhecidos encontramos a obesidade, a alimentação inadequada, o sedentarismo e as infecções. ! O diabetes não genético pode surgir após destruição das células betas do pâncreas, produtoras e secretoras de insulina, como por exemplo, no alcoolismo crônico que pode causar pancreatite crônica. ! A quantidade de insulina produzida pelo pâncreas vai depender da quantidade de açúcar ingerido. Quanto maior a quantidade de açúcar ingerido, mais insulina tem que ser produzida. Depois de um tempo o pâncreas “cansa”, pois o organismo não usa toda essa glicose para produzir energia e ele não consegue produzir insulina na quantidade necessária ou não consegue passar a glicose para dentro das células.

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Jardim Medicinal Como evitar? O cuidado com a alimentação tem que acontecer desde a infância, pois o diabetes aparece anos antes da pessoa apresentar os sintomas. Não se engane! Arroz, feijão, massas, biscoito, farofa, doce, sorvete, chope, vinho e cerveja são o mesmo que açúcar. Como se detecta o diabetes? Pode ser detectado através de testes simples que pesquisam a presença de açúcar na urina ou no sangue. O diabetes tem cura? Ainda não, mas tem tratamento e pode ser controlado. A manutenção da glicemia normal ou próxima do normal leva ao desaparecimento dos sintomas e previne as complicações. Como é o tratamento do diabetes? O tratamento compreende dois conjuntos de medidas: as medidas não medicamentosas e as medicamentosas. As primeiras requerem bons hábitos alimentares, com restrição de alguns alimentos, e a realização de atividades físicas. Quando, após estas medidas, o controle do diabetes não foi obtido, são indicadas as medidas medicamentosas, como os comprimidos orais e a insulina. Quais as plantas utilizadas como complemento do tratamento? O uso da insulina não deve ser interrompido. Você deve informar seu médico, farmacêutico ou outro profissional de saúde que também está fazendo uso de plantas medicinais. O tratamento com plantas medicinais é complementar e não substitui a orientação médica. Plantas indicadas: ! Maracujá (Passiflora edulis L.) – secar e moer a parte branca da casca do fruto. A secagem pode ser acelerada em forno caseiro. Aquecer e depois de bem quente desligar o gás e colocar a bandeja com os pedaços da casca no forno. Usar uma colher de sobremesa ao dia, misturada em um copo de água. ! Vassourinha (Scopraia dulcis L.) - seis colheres de sopa da planta seca (ou doze colheres da planta fresca picada) em meio litro de água; ferver por cinco minutos. Beber cinco xícaras por dia;

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Jardim Medicinal Colesterol alto O que é? É o nível de colesterol sanguíneo além da quantidade considerada normal (conhecido por hipercolesterolemia), está associado a um maior risco de doenças cardiovasculares. Quais os tipos de colesterol? ! HDL - é o "bom" colesterol porque a alta concentração dele no sangue está associada a um menor risco de ataques cardíacos. O HDL ajuda a remover o colesterol “ruim” das paredes das artérias, carregando para o fígado para ser transformado em ácidos biliares ou ser eliminado; ! LDL - é o colesterol "ruim" porque a alta concentração dele no sangue está associada a um maior risco de doenças do coração, pois ele se deposita nas paredes das artérias originando a arteriosclerose. O que o doente tem? Como não apresenta sintomas, uma pessoa pode estar com um nível de colesterol alto sem saber. Por isso é necessário realizar exames de sangue regularmente. Fale com seu médico. O colesterol alto é um fator de risco para doenças do coração e pode levar a arteriosclerose, uma condição em que gordura e colesterol se depositam nas paredes das artérias. Com o tempo a arteriosclerose estreita as artérias e levando a doenças do coração como angina (dor no peito) e ataques cardíacos. Quais as causas? ! Ingestão de alimentos com colesterol e com gorduras saturadas, que podem elevar os seus níveis de colesterol; ! Fatores hereditários; ! Falta de atividade física; ! Determinadas condições de saúde como diabetes, doenças renais, doenças do fígado e doenças da tiróide. O corpo precisa de colesterol para produzir hormônios sexuais, bile, vitamina D, membranas celulares e bainhas dos nervos, entretanto a quantidade que o fígado produz diariamente já é quase o suficiente às nossas necessidades, o restante vem da alimentação (carnes, leites e derivados, manteiga, gema de ovo, entre outros).

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Jardim Medicinal Como evitar? ! Coma alimentos com baixo teor de colesterol; ! Emagreça - pessoas acima do peso geralmente não têm HDL (o "bom") em quantidade suficiente e seus níveis de triglicérides são geralmente elevados. O nível do LDL (o "ruim") geralmente está alto; ! Faça exercícios físicos - realizar atividade física diminui os níveis de LDL e aumenta os níveis de HDL; !

Pare de fumar - Fumar diminui os níveis de HDL (o "bom") e isso se reverte quando se para de fumar. Além disso, a combinação de colesterol alto com o fumo aumenta o risco de doenças cardíacas e morte.

Como se trata utilizando plantas medicinais? Utilize plantas medicinais tais como: ! Açafrão (Curcuma longa L.) – a metade de um rizoma fresco ralado pode ser usado na salada. A tintura preparada com dois rizomas frescos em cem mililitros de álcool diluído (três partes de álcool e uma de água) pode ser usada na quantidade de uma colher de sopa três vezes ao dia. Veja a técnica de preparação de tinturas no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros” do volume dois. ! Alho (Allium sativum L.) – abaixa os níveis de colesterol e gordura, usar três dentes picados ou amassados na salada, por dia;

Gastrite O que é? É uma inflamação da parede do estômago O que o doente tem? Sensações de estômago cheio ou vazio, enjoo, azia, queimação e dor. Pode haver pequenos pontos de sangramento na parede do estômago. A dor pode piorar após ingerir bebidas alcoólicas, alimentos gordurosos ou muito temperados. A gastrite, se não tratada, pode se agravar e levar à formação de úlceras, que são feridas abertas na parede do estômago.

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Jardim Medicinal Quais as causas? ! Estresse, nervosismo, má alimentação, traumas físicos como queimaduras, doenças do fígado e dos rins. ! A raiva, a tensão emocional e o nervosismo pioram a gastrite, assim como cigarro, bebidas alcoólicas e temperos fortes. Como evitar? ! Procure comer alimentos que sejam de fácil digestão ao invés de alimentos “pesados” ou que irritam o estômago. ! Coma alimentos que melhoram a gastrite como aveia e banana. ! Existe a crença de que o leite é o melhor remédio, mas isso é mito. Como qualquer outro alimento, ele “forra” o estômago e impede que o suco gástrico entre em contato com as mucosas do órgão. No entanto, tomar mais de meio litro de leite por dia causa um efeito inverso, ou seja, aumenta a acidez. Isso porque o cálcio presente no leite estimula um hormônio que aumenta a secreção do ácido no estômago. ! Mantenha a calma, ter momentos de relaxamento e uma boa respiração, pausada e com ritmo, é importante: o controle da entrada (inspiração) e saída (expiração) do ar serve para integrar nossa experiência naquele momento e as emoções podem ser examinadas sem ocorrer o impulso da resposta imediata. Exercícios físicos também auxiliam. Evite o estresse! ! Se a dor continuar ou houver vômitos com sangue procure um médico, imediatamente. Como se trata utilizando plantas medicinais? Utilize plantas medicinais tais como: ! Açafrão (Curcuma longa L.) – usar metade de um rizoma fresco e ralado por dia, na salada. ! Boldo Nacional (Plectranthus barbatus Andr.) – uma xícara de chá de água fervente com duas folhas três vezes ao dia, tampando a xícara com um pires (sem ferver); ! Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia L.) – chá preparado com uma xícara de água fervente e dez folhas picadas, três vezes ao dia, tampando a xícara com um pires (sem ferver);

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Jardim Medicinal Má digestão ou “Empaxação” O que é? É um desconforto comum, descrito como uma falta de capacidade de digerir os alimentos.

O que o doente tem? Sensação de estômago cheio (“empaxado”) podendo ocorrer queimação, dor, arrotos, azia, enjoo, vômitos, gases intestinais, mau funcionamento do fígado e da vesícula. Quais as causas? ! Alimentos que são de difícil digestão, muito gordurosos, temperos muito fortes; ! Comer muito depressa; ! Ingerir grande quantidade de liquido durante a refeição; ! Doenças graves do estômago e do fígado e pedras na vesícula. Como evitar? ! Mudança de hábitos alimentares; ! Evitar alimentos gordurosos; ! Fazer as refeições tranquilamente. Mastigando bem os alimentos; ! Beber líquidos após a refeição; ! Diminuir a quantidade de cafezinhos; ! Evite bebidas alcoólicas, pois o álcool irrita o estômago; ! Evite esforços físicos excessivos após as refeições, bem como uso de roupas justas que apertam o estômago; ! Evite o estresse. Como tratar utilizando plantas medicinais? ! Açafrão (Curcuma longa L.) – a metade de um rizoma fresco pode ser usada na salada. A tintura preparada com dois rizomas frescos em cem mililitros de álcool diluído (três partes de álcool e uma de água) pode ser usada na quantidade de uma colher de sopa trinta minutos antes das refeições. Veja a técnica de preparação de tinturas no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros” do volume dois;

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Jardim Medicinal ! Alfavaca (Ocimum gratissimum L.) – Para má digestão e gases intestinais fazer um chá colocando dois punhados de folhas e flores em uma xícara de água fervente, tampando a xícara com um pires (sem ferver); ! Boldo Nacional (Plectranthus barbatus Andr.) – uma xícara de chá de água fervente com duas folhas três vezes ao dia, tampando a xícara com um pires (sem ferver); ! Camomila (Matricaria recutita L.) – duas colheres de sopa das flores secas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires, coar e tomar três vezes ao dia ! Erva Doce (Pimpinella anisum L.) ou Funcho (Foeniculum vulgare Mill.) – para os gases intestinais, colocar uma colher de sobremesa em uma xícara de água fervente, beber uma xícara duas a três vezes ao dia. ! Gengibre (Zingiber officinale Roscoe) – ralar um centímetro do rizoma e colocar na comida como tempero. A tintura preparada com dois rizomas frescos em 100 ml de álcool diluído (três partes de álcool e uma de água) pode ser usada na quantidade de uma colher de sopa trinta minutos depois das refeições. Veja a técnica de preparação de tinturas no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros” do volume dois; ! Vique (Mentha arvensis L. var. piracens Holms) – para os gases intestinais e digestão, fazer um chá, colocando um punhado de folhas frescas em uma xícara de água fervente, ingerir duas a três xícaras ao dia, após a refeição. ! Hortelã Rasteira (Mentha X villosa Huds.) - para os gases intestinais e digestão, as folhas frescas podem ser batidas no liquidificador com suco de frutas, tomando após a refeição. Para fazer um chá colocar dez folhas em uma xícara de água fervente e tampar com um pires por cinco minutos. Tomar uma xícara após as refeições.

Prisão de Ventre O que é? Também chamada de constipação, é a dificuldade de evacuar (fazer cocô). O normal é a pessoa ir ao banheiro de uma até três vezes ao dia, se não ocorrer eliminação das fezes em dois até três dias, o quadro é de prisão de ventre.

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Jardim Medicinal O que o doente tem? O doente pode apresentar dor na barriga, mau hálito, acne, sonolência e bocejos após as refeições, dor e sensação de peso na cabeça, irritabilidade (daí o termo “estar enfezado”) e pode haver gases porque as fezes começam a fermentar e irritabilidade. Quais as causas? São várias, as mais comuns são: ! Má alimentação – consumo exagerado de carne, massas, bolos e pães que dificultam a formação das fezes; alimentação pobre em fibras (frutas, verduras, legumes, cereais integrais, farelo de trigo, etc.), pois elas têm a capacidade de reter água, amolecendo as fezes, melhorando a eliminação das mesmas; ! Ausência de uma ou mais refeições durante o dia o que dificulta a formação e eliminação das fezes em horários habituais; ! Ingestão de pouco líquido também causa prisão de ventre, já que 80% do peso das fezes é composta por água. Quanto mais moles forem as fezes, mais fácil será eliminálas; ! Vida sedentária, pois os exercícios físicos estimulam o funcionamento dos intestinos; ! Uso abusivo de laxantes, pois os intestinos passam a funcionar somente com o uso destes, sendo necessário gradativamente o aumento da dose ingerida; ! Estresse - a pessoa cansada, tensa e irritada se contrai, alterando os movimentos normais do intestino; ! Verminoses; ! Fraqueza dos músculos que envolvem os intestinos; ! Intoxicações com metais pesados (chumbo, arsênio, mercúrio, fósforo); ! Alguns medicamentos podem causar prisão de ventre, por diminuírem a atividade intestinal. O paciente deve ler a bula de todo medicamento e informar o médico sobre seu uso. Como evitar? ! Coma alimentos ricos em fibras (mamão, verduras em geral, cereais – trigo e arroz integrais, semente de linhaça) e nos horários corretos; ! Beba bastante água ou sucos (cuidado, alguns sucos soltam o intestino como o de tamarindo, outros podem prender como o suco de caju e goiaba); ! Realize exercícios físicos frequentemente. ________________________________________________________________________ 57 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Cuidados gerais e precauções: ! Não tome laxantes para “limpar” o organismo e nem para emagrecer; ! Não tenha pressa em usar laxantes, um ou dois dias sem evacuar não significa um estado de doença; ! Evite o uso de laxantes, pois eles não são os melhores remédios para a prisão de ventre: deve-se ter uma dieta rica em fibras, ingestão adequada de líquidos e exercícios regulares. Estas são as maneiras mais saudáveis e suaves de regularizar a função intestinal; ! Grávidas, crianças e pessoas idosas se forem usar laxantes devem fazê-lo com muita moderação. Como se trata? O principal tratamento da prisão de ventre consiste na educação do paciente quanto aos hábitos alimentares e de vida. Raramente é aconselhado o uso de medicamentos, mas quando for necessário podemos utilizar a Babosa que é um laxante suave ou a Tansagem, entretanto ambas devem ser usadas com cuidado para não acostumar o intestino. Quando houver gases podem-se utilizar plantas como: Erva Doce, Funcho ou Vique. ! Babosa (Aloe vera (L.) Burn e Aloe arborescens Mill.) – uma folha (de mais ou menos um palmo) deve ser batida no liqüidificador, adicionando um copo de água, coar, adoçar se necessário e ingerir a noite antes de dormir. Caso seja necessário aumentar a dose. ! Erva Doce (Pimpinella anisum L.) ou Funcho (Foeniculum vulgare Mill.) – colocar uma colher de sobremesa em uma xícara de água fervente, tapar com um pies por cinco minutos. Beber uma xícara duas a três vezes ao dia. ! Tansagem (Plantago major L. e Plantago lanceolata L.) – As sementes podem ser usadas contra a prisão de ventre, colocando duas colheres de sopa em um copo com água, ingerir e depois tomar mais dois copos com água. Pessoas alérgicas a polén não devem coletar as sementes, pois o pó causa irritação. Diabéticos também não devem usar esta planta. ! Vique (Mentha arvensis L. var. piracens Holms) – fazer o chá, colocando um punhado de folhas frescas em uma xícara de água fervente, tapara com um pires por cinco minutos e ingerir duas a três xícaras ao dia.

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Jardim Medicinal Reumatismo O que é? Sob a denominação reumatismo estão mais de cem doenças diferentes que causam artrite (inflamação na articulação), muitas apresentam causas diferentes. A articulação é o local preferencial dos reumatismos, mas estes podem comprometer outros órgãos. As doenças reumáticas têm causas, sinais e sintomas, consequências e tratamentos diferentes razão pela qual se torna importante saber qual a doença de cada pessoa. A doença articular mais frequente é a artrose (ou osteoartrite), onde a cartilagem articular é alterada, pois deixa de ser lisa e os ossos passam a não deslizar com facilidade, o que provoca uma reação inflamatória local com crescimento dos ossos, tendões e ligamentos, levando a futura deformação no local. A coluna vertebral é uma "pilha de articulações" e é frequentemente atingida em alguns reumatismos, resultando em dor. Várias doenças reumáticas podem iniciar na infância ou adolescência e a febre reumática não é a causa mais frequente de artrite em criança. Não há "reumatismo no sangue", ele é utilizado para exames laboratoriais que identificarão as alterações da doença. O que o doente tem? ! Antes do aparecimento da dor, há a sensação de desconforto articular ou ao redor das articulações e cansaço. Posteriormente, aparece dor e, mais tarde, deformidades e limitação da função articular. No início, a dor surge após uso prolongado ou sobrecarga das articulações comprometidas. ! A artrite reumática ocorre, geralmente, nos pés e nos dedos das mãos que são os primeiros a serem afetados; depois, são os punhos, os joelhos, os ombros, os tornozelos e os cotovelos. Os sintomas incluem inchação, rigidez e dor nas articulações com a pele vermelha brilhante; sensação generalizada de rigidez e limitação dos movimentos. Por vezes, ocorre dormência nas mãos, perda de peso ou de apetite, febre ou uma sensação de mal-estar. A maioria dos casos manifesta-se entre os 25 e 55 anos. Uma característica é a rigidez matinal das articulações. Após uma noite de sono, o doente não consegue movimentar-se. ! A gota é uma doença do metabolismo em que se acumulam no sangue quantidades excessivas de ácido úrico que se depositam em uma ou mais articulações, causando dor intensa, inchação e vermelhidão. A articulação da base do dedo grande do pé é uma das mais afetadas. As crises de gota se forem muito frequentes, podem vir a causar ________________________________________________________________________ 59 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal lesões nos ossos no local da articulação. Os cristais de ácido úrico podem também depositar-se nos rins, causando cálculos renais, insuficiência renal e pressão alta. Conforme a crença popular afirma, a gota pode ser consequência de excessos alimentares e alcoólicos e também da ingestão de certos medicamentos, como, por exemplo, os diuréticos (que aumentam a eliminação da urina). O que causa? Não se conhece o que desencadeia inicialmente a osteoartrite. Acredita-se que causas diferentes podem levar às mesmas alterações. Entretanto há alguns fatores de risco: ! Hereditariedade, principalmente em mulheres; ! Pessoas obesas que têm grande carga nos quadris, joelhos e tornozelos; ! Lesão e esforços nas articulações; ! Trauma; ! Desarranjos estruturais da própria articulação; ! Disfunções hormonais (diabetes e hipotiroidismo); ! Enfraquecimento do sistema imunológico; ! Doenças por depósitos de cristais (gota). Como evitar? ! Tenha cuidado com a alimentação, diminuindo a ingestão de carne; ! Mantenha peso corporal adequado; ! Faça exercícios físicos adequados e com orientação; ! Evite esforços repetitivos no trabalho, lazer e esporte. Quais as plantas utilizadas para tratar? Esta doença não tem cura, somente os sintomas podem ser controlados, entre eles a dor. Por isso o uso de antiinflamatórios é frequente. ! Copaíba (Copaifera langsdorffii Desv.) – utilizam-se cinco a oito gotas do óleo três vezes ao dia, no suco ou misturado no mel. Se o gosto ficar muito forte, pode-se colocar as gotas do óleo no miolo de pão, fazer uma bolinha e engolir, sem mastigar. ! Erva de São João ou Mentrasto (Ageratum conyzoides L.) - uma xícara de chá de água fervente com cinco folhas fresca, três vezes ao dia. Esta planta não deve ser utilizada por longos períodos, pois contém substâncias que prejudicam o fígado;

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Jardim Medicinal ! Açafrão (Curcuma longa L.) – rizoma fresco, usar metade de um rizoma por dia na salada.

Resfriado, Dor de Garganta e Rouquidão O que é? Resfriado e gripe são infecções causadas por vírus. A rouquidão é uma alteração na voz e a dor de garganta resulta da inflamação que ocorre no local decorrente da gripe ou de uma infecção bacteriana. O que o doente tem? Os primeiros sinais de gripe e resfriado ocorrem quando do nariz começa a escorrer um líquido, a pessoa começa a espirrar e tossir, os olhos ficam um pouco avermelhados, pode haver febre, dor no corpo, dor de garganta e rouquidão. Em alguns casos graves há também dor de barriga e diarreia, principalmente em crianças. A pessoa geralmente perde a fome, emagrece, sente-se fraca e indisposta. Caso a dor de garganta comece de repente com febre alta, pode ser que ela seja causada por uma bactéria (estreptococus) e nesse caso deve-se procurar um médico. Quais as causas? As pessoas pegam gripe e resfriado quando ficam em lugares fechados, onde há outras pessoas doentes que estejam espirrando ou tossindo, pois este ar expelido pelas pessoas doentes transmite a doença. A rouquidão pode se originar devido: à infecção nas cordas vocais, devido ao clima muito seco, ao esforço das cordas vocais, como por exemplo, os cantores e professores. Os mais expostos a essas doenças são os idosos e as crianças. Como se trata? Geralmente resfriados e gripes melhoram sem medicamentos, o mais indicado é repousar, tomar muito líquido, principalmente sucos que contenham Vit. C (acerola, laranja, limão e caju) e utilizar plantas como: Gengibre, Alho, Alfavaca, Poejo, Limão, Laranja, Hortelã Graúda e Vique.

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Jardim Medicinal Nos casos de dores na garganta pode-se aliviar fazendo gargarejos com chá preparado com uma ou mais destas plantas: Erva Cidreira, Vique, Gengibre, Alfavaca, Poejo, Limão, Hortelã Graúda, Goiabeira, Romã ou Tansagem. Caso a garganta esteja muito infeccionada deve-se procurar um médico. Para a rouquidão deve-se evitar falar muito, tomar bastante água e usar o chá de plantas como: Gengibre, Romã ou Hortelã Graúda. Geralmente, a rouquidão vai embora junto com o resfriado quando é causada por vírus. Se a pessoa ficar rouca por muito tempo, a causa for mais séria e deve-se procurar um médico. Como se evita? Há algumas maneiras de evitar gripes, resfriados, dor de garganta e rouquidão. ! Não fique em lugares fechados onde haver pessoas tossindo e espirrando; ! Evite exposição em lugares muitos empoeirados; ! Agasalhe-se bem na época do inverno; ! Tome bastante líquido (inclusive sucos de fruta que contenham Vit. C); ! Não fique próximo de pessoas doentes; ! Dorma o número de horas adequado (mínimo de 8 horas) e alimenta-se bem (em quantidade e variedade de alimentos); ! Controle o uso da voz a fim de evitar a rouquidão; ! Não durma com o ventilador ou ar condicionado direcionado para diretamente sobre você; ! Durante os dias mais quentes e secos pode-se colocar uma bacia com água no quarto para aumentar a umidade do ar; ! Para evitar a rouquidão deve-se tomar bastante água, a fim de manter a região sempre hidratada; ! Evite bebidas geladas, cigarros, ambientes com cheiro forte (como o de tinta e de detergente).

Tosse O que é? A tosse é um meio que o organismo utiliza para limpar as vias respiratórias expulsando o ar que pode ter algum material invasor, como germes e poeira ou o catarro preso nas paredes ________________________________________________________________________ 62 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal dos pulmões, brônquios e laringe. A tosse ocorre automaticamente, pois é uma forma de proteger os pulmões do efeito nocivo das bactérias, vírus, fungos, poeiras e outras substâncias danosas, contudo, pode também ser voluntária. Quais os sintomas? Vão depender do tipo de tosse: ! Tosse com catarro: é a chamada tosse produtiva. A pessoa pode ter chiado no pulmão e dificuldades para respirar. ! Tosse seca: tosse onde a garganta fica irritada, mas não sai catarro. ! Pode ocorrer dor quando a pessoa está com tosse e febre, neste caso, pode estar sendo causada por bactérias, como nos casos de pneumonia e tuberculose, onde há bastante catarro amarelo-esverdeado ou catarro com sangue. A procura do médico deve ser imediata. ! Dependendo do tempo que dura a tosse, ela pode ser aguda ou crônica. A tosse crônica é aquela que persiste por mais de três semanas e não sara mesmo tomando medicamento. Então é necessário procurar o médico. O que causa? Pode ter várias causas. As mais frequentes são: ! Irritação na garganta; ! Infecções da garganta, laringe, traqueia, sinusite ou dos pulmões; ! Inalação de ar muito quente ou frio; ! Ingestão de líquidos gelados e de bebidas alcoólicas; ! Fumar; ! Ar poluído com fumaça, poeira e substâncias químicas; ! Lugares com muita umidade e mofo, ! Vírus (como na gripe), bactérias (como na tuberculose ou pneumonia) e vermes (quando as larvas atravessam os pulmões); ! Tumores de garganta, cordas vocais, pulmões ou esôfago; ! Insuficiência do coração em bombear o sangue; ! Objeto que tenha entrado na traqueia; ! Alguns medicamentos. ! Às vezes, a tosse pode ter uma causa de origem emocional.

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Jardim Medicinal Como evitar? ! Parando de fumar, evitando o uso de bebidas alcoólicas e bebidas geladas, se agasalhando bem em climas mais frios. Observando e evitando o que causa e piora a tosse. ! Limpando bem todos os “cantos” da casa, principalmente as cortinas, tapetes e carpetes, pois eles podem ter mofo e poeira, causando alergia. Deixar a casa ventilada. Como se trata? O tratamento é decidido conforme a causa da tosse. O tratamento definitivo é aquele que combate à causa e fortalece a pessoa. Por exemplo, nos casos em que o motivo da tosse é uma infecção, o tratamento mais comum é o uso de antibióticos ou o uso de medicamentos homeopáticos, mas ambos são indicados por um médico. A tosse que produz catarro não deve ser combatida com antitussígenos – a não ser que o médico julgue necessário. ! Deve-se beber bastante água, se possível sucos que tenham vitamina C (caju, acerola, limão e laranja), pois o catarro “amolece” e solta com mais facilidade. Você sabia que três acerolas por dia nos fornecem a quantidade de vitamina C necessária? Plante um pé de acerola. É fácil e faz bem! ! Para facilitar a expectoração (saída do catarro) podem ser dados “tapas” leves nas costas do doente; Se a tosse não for acompanhada de febre muito alta e persistente, pode ser usado chá, xarope ou lambedor (veja orientação do preparo no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros” no volume dois) para soltar o catarro. As plantas indicadas são: ! Guaco (Mikania glomerata Spreng.) – usar duas a três folhas picadas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires durante cinco minutos. Tomar três vezes ao dia. ! Anador (Justicia pestoralis var. stenophylla Leon.) - usa-se o chá preparado com um punhado de folhas frescas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires durante cinco minutos. ! Alfavaca (Ocimum basilicum L.) – fazer o chá com um punhado das folhas frescas em uma xícara de chá de água fervente, tampar com um pires durante cinco minutos. Usar três vezes ao dia. ! Alho (Allium sativum L.) – fazer o chá com um dente de alho picado em uma xícara de água fervente, tampar com um pires durante cinco minutos. Usar três vezes ao dia. ! Hortelã Graúda (Plecthanthus amboinicus (Lour.) Spreng.) – fazer o chá com duas folhas frescas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires durante cinco ________________________________________________________________________ 64 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal minutos. Usar três vezes ao dia. ! Eucalipto (Eucalytus globulus L.) – o óleo deve ser usado no xarope ou no chá (uma gota em cada xícara de chá; no xarope coloca-se uma tampinha de pasta de dente para cada cem mililitros); ! Copaíba (Copaifera lagsdorffii Desf.) - o óleo deve ser usado no xarope ou no chá (uma gota em cada xícara de chá; no xarope coloca-se uma tampinha de pasta de dente para cada cem mililitros); ! Folha da Fortuna (Kalanchoe brasiliensis Camb e Kalanchoe pinnata Pers.) - fazer um chá por cozimento de oito a doze folhas (usar maior quantidade de folhas se elas forem de tamanho menor) em um copo grande de água. Preparar o xarope segundo a técnica de preparação de remédios caseiros. Se a opção for pelo uso dos óleos, utilize apenas um tipo.

Pedra nos Rins O que é? Os cálculos são pedras nos rins que se formam pela união de várias substâncias, produzidas em doses exageradas pelo corpo, entre elas o ácido úrico e o oxalato de cálcio. O que o doente tem? ! Uma ou mais pedras nos canais das vias urinárias que quando saem ficam presas e machucam causando dor forte ou aguda na parte baixa das costas, no lado ou no baixo ventre, ou na "raiz" do pênis nos homens; ! Às vezes, o canal urinário fica fechado e a pessoa tem dificuldade em urinar, podendo aparecer gotas de sangue; ! Além da pedra pode haver uma infecção urinária. O que causa? Os rins filtram o sangue e formam a urina, essas substâncias ao invés de serem eliminadas pela urina, se acumulam até formar o cálculo que fica emperrado nas vias urinárias, machucando e causando dor.

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Jardim Medicinal Como se evita? ! Beber muito líquido; ! A pessoa que tem pedras nos rins deve evitar excesso de alimentos que contenham as substâncias que formam os cálculos, por exemplo: leite e seus derivados e alimentos ricos em vitamina C. Como se trata? Bebendo muito líquido, como chás de plantas medicinais (Cabelo de Milho e Quebra Pedra). Corrimento Vaginal O que é? É um muco ou líquido que sai da vagina. Pode ser claro, leitoso ou levemente amarelado. O que o doente tem? Dependendo do tipo de germe que causa, a mulher pode apresentar: ! Coceira na vagina e corrimento com saída de muco claro, amarelado ou leitoso, parecido com leite coalhado, com cheiro de mofo ou massa crua de pão ou de peixe morto; ! Ardência ao urinar; ! Os genitais doem ou incham; ! Se houver presença de sangue no corrimento, ou a mulher apresentar febre, pode ser infecção grave. Deve-se procurar o médico imediatamente; ! Se o corrimento não provoca coceira, não tem mau cheiro, é claro e transparente, provavelmente não é uma doença. Muitas mulheres dependendo da época do ciclo menstrual apresentam maior ou menor lubrificação, mas deve-se ficar atenta para mudanças na coloração e do cheiro do corrimento; Como se pega? ! Contato sexual; ! Falta de higiene: contaminação dom germes provenientes do ânus e calcinhas mal lavadas e passadas a ferro inadequadamente; ! Uso prolongado de antibióticos e anticoncepcional; ! Baixa de imunidade (diminuição das resistências do organismo). ________________________________________________________________________ 66 Educação Ambiental para a Saúde.


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Como se evita? ! Ter uma boa higiene, fazer limpeza adequada, usando água e sabão. ! Na hora de fazer coco usar o papel na direção vagina-ânus. ! Reduzir os parceiros sexuais e usar camisinha; ! Evitar calças apertadas; ! Passar ferro quente no forro das calcinhas.

Quando procurar o médico? Quando sentir muita dor na região do baixo ventre, febre e corrimento com sangue. Como se trata? Utilizando plantas medicinais como: Goiaba, Alecrim, Alfavaca, Tomateiro e Alho. Para tratar o corrimento causado por fungo podemos utilizar o Alho (Allium sativum L.), neste caso pegar um dente e furar com um garfo em vários locais, envolver o dente de alho com uma gaze e introduzir na vagina, deixar por uma noite retirando pela manhã, repetir o procedimento por uma semana. O alho pode causar irritação em peles sensíveis, neste caso o tratamento deve ser suspendido e substituído pelo banho de assento utilizando o chá preparado com brotos de folha de Goiabeira Vermelha, folhas de Alecrim, Alfavaca, folhas do Tomateiro ou com as cascas do Barbatimão Vermelho (neste caso as cascas devem ser cozidas).

CÓLICA MENSTRUAL O que é? É uma dor localizada no “baixo ventre” (lado mais baixo da barriga) que ocorre na época da menstruação, pode ser antes e/ou durante. O que a mulher tem? •

Ela tem dor na forma de espasmos ou contrações fortes na barriga para expelir o sangue menstrual. Se a dor for muito intensa pode estar ligada a outras doenças mais graves como mioma ou infecção nas trompas;

Durante o período menstrual ocorrem alterações hormonais. ________________________________________________________________________ 67 Educação Ambiental para a Saúde.


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Quais as causas? A dor pode ocorrer devido: •

Às contrações das fibras musculares do útero que tem a função de expelir o sangue;

À elevada produção de prostaglandina (um tipo de hormônio);

À formação de bolas de sangue difícil de passar pelo colo do útero;

Ao uso do DIU (dispositivo intrauterino, usado para evitar a gravidez), pois o útero aumenta as contrações tentando expulsar esse corpo estranho junto com a menstruação.

O que diminui as cólicas? •

Uso da pílula anticoncepcional;

Sexo satisfatório produz efeitos físicos e psicológicos de bem estar.

Como se trata? Para aliviar as dores: •

Coloque bolsa de água quente no local;

Faça massagens nas costas, na altura da bacia em movimentos longitudinais (de baixo para cima) e transversais (de um lado para outro) isto aumenta a circulação do sangue e diminui as cólicas.

Use de plantas medicinais como: Anador, Arruda, Artemísia, Alecrim, Açafrão, Alfavaca, Poejo, Colônia, Coentro e Capim Limão, Erva Cidreira

As Plantas Medicinais Abóbora Qual o nome científico? Curcubita pepo L. Qual a parte usada? Sementes sem a casca.

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Jardim Medicinal Qual a indicação? ! Contra vermes (Lombriga e Solitária). Como usar? Maceração: amassar as sementes sem casca e misturar com leite. Crianças: 40 g de sementes (três a quatro colheres de sopa); Adultos: 60-80 g de sementes. Um copo pela manhã em jejum, fazer uso de laxante no dia seguinte. Pasta: 60 g de semente sem casca, 20 g de mel. Amassar até obter uma pasta. Tomar em três doses ou de uma só vez, fazer uso de laxante no dia seguinte.

Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Não foi verificado toxicidade na literatura consultada, entretanto como as sementes salgadas têm sido usadas como aperitivo, é de uso alimentar, portanto não oferece riscos de toxicidade. Como cultivar no jardim medicinal? É uma planta própria de clima quente, adaptando-se a qualquer tipo de solo. Propaga-se por sementes plantadas em local definitivo, produz frutos após três meses do plantio.

Alecrim Qual o nome científico? Rosmarinus officinalis L. Qual a parte usada? Folha ou partes aéreas (acima do solo).

Qual a indicação? ! Amigdalite e sapinho – fazer bochechos com o chá; ! Tosse – tomar o chá ou fazer inalação; ! Protetor do fígado, gastrite, azia e gases intestinais – tomar o chá ou a tintura diluída em água; ________________________________________________________________________ 69 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Cólica menstrual e intestinal - tomar o chá ou a tintura diluída em água; ! Candidíase vaginal, ferimentos, contusões e acne – lavar o local afetado com o chá. Como usar? O chá é preparado pela infusão de uma colher de sopa de folhas frescas picadas em uma xícara de água fervente. Tomar três vezes ao dia. A tintura é preparada de acordo com a técnica descrita no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros”, volume 2. Internamente usa-se uma colher de sobremesa em um pouco de água, três vezes ao dia. A tintura deve ser diluída na proporção de uma parte de tintura e duas de água para aplicar sobre a pele. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Está contra indicado na gravidez, gastroenterites (infecção no aparelho digestivo) e prostatite (inflamação da próstata). As folhas e o óleo essencial devem ser usados com cuidado, pois podem causar irritação renal, nefrites (inflamação do rim) e convulsões. Seu uso tópico pode causar dermatites (inflamação da pele). Como cultivar no jardim medicinal? Arbusto perene, cujas mudas são preparadas mais facilmente através de estacas e crescem bem em solo seco, arenoso e rochoso, mas prefere solos adubados (usar esterco de curral curtido ou composto orgânico no plantio). Esta adubação deve ser repetida anualmente, na primavera. O espaçamento entre as mudas é de 0,90 x 1,20 m. A colheita é durante o ano todo.

Alfavaca Qual o nome científico? Ocimum basilicum L. Qual a parte usada? Folhas, preferencialmente antes da floração.

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Jardim Medicinal Qual a indicação? ! Como digestivo, na forma de chá antes das refeições. Também usado quando se tem gases intestinais, facilitando sua eliminação; ! Para problemas respiratórios, o chá é usado no tratamento de tosses, gripes e resfriados; ! Nas inflações e infecções da boca e garganta (sapinho, gengivite e amidalite) o chá é usado na forma de bochecho e gargarejo. ! Diminui as cólicas intestinais e menstruais; ! Na forma de banho de assento, é complementar no tratamento de corrimentos vaginais (candidíase); ! O chá pode ser usado para limpeza de ferimentos e na acne. Como usar? O chá para uso interno é preparado usando seis folhas picadas em uma xícara de água fervente, três vezes ao dia. Para os bochechos, gargarejos, banhos de assento e limpeza de feridas e acne, utilizam-se dez folhas picadas em uma xícara de água fervente duas vezes ao dia. Pode utilizar o chá para fazer compressas no local afetado. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? O sumo da folha pode ser ligeiramente narcótico em altas doses, alguns de seus compostos isolados podem causar câncer. A essência produz irritação da mucosa. Não deve ser usadas por gestantes no primeiro trimestre de gravidez e nem no período de lactação. Como cultivar no jardim medicinal? Planta herbácea é bem adaptada às nossas condições climáticas. Prefere solos ricos em matéria orgânica e que não encharquem. A propagação ocorre por sementes e estacas. O espaçamento é de 0,50 x 0,30 cm.

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Jardim Medicinal Alho Qual o nome científico? Allium sativum L. Qual a parte usada? Bulbo. Qual a indicação? ! Gripe, resfriado; ! Amigdalite; ! Bronquite e tosse; ! Lombriga, ameba, tricomonas; ! Digestivo e protetor hepático; ! Diminuição do açúcar no sangue; ! Diminuição do colesterol no sangue, pressão alta, doenças cardiovasculares; ! Sapinho – bochecho; ! Micose de pele (pano branco) - compressa: usar o chá (abafado) ou a tintura diluída no local afetado; ! Candidíase vaginal - trouxinha: utilizar 1 dente de alho fresco e amassado. Como usar? ! Pó: preparado com o bulbo seco – duas a quatro gramas, três vezes ao dia; ! Tintura - uma colher de chá, três vezes ao dia; ! Salada – três a nove dentes picados ou amassados ao dia. ! Bochecho: usar o chá (abafado) e a tintura diluída (uma parte de tintura e uma parte de água) ! Trouxinha – ver forma de uso no item “Corrimento Vaginal” descrito anteriormente. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? O sumo e o óleo podem ser irritantes da mucosa e conjuntiva. Em quantidades moderadas não representa nenhum risco para a saúde.

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Jardim Medicinal Como cultivar no jardim medicinal? É cultivado em solo rico, solto, arenoso, bem drenado. Clima temperado a frio. Propaga-se por dentes que se separam do bulbo e se semeiam diretamente no solo. Pode ser coletado após sete a oito meses.

Anador Qual o nome científico? Justicia pectoralis Jacq. Qual a parte usada? Folhas e partes aéreas. Qual a indicação? ! Bronquite, asma, tosse, respiração difícil sem causa aparente; ! Dores articulares; ! Ansiedade, nervosismo; ! Febre; ! Cólicas. Como usar? Xarope utilizando uma xícara de folhas frescas picadas e uma xícara de água, ferver por cinco minutos, colocar uma xícara de chá de outra planta como hortelã graúda ou alfavaca e acrescentam-se seis copos de cafezinho descartável de açúcar. Misturar bem. Tomar uma colher de sopa, três vezes ao dia. O chá preparado por infusão utiliza um punhado de folhas frescas em uma xícara de água fervente. Tomar uma xícara de chá, três vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Não apresenta toxidade na literatura consultada, entretanto por apresentar cumarina, não deve ser utilizado junto com medicamentos antiagregantes plaquetários.

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Jardim Medicinal Como cultivar no jardim medicinal? A espécie é bem adaptada ao nosso clima, sendo de fácil cultivo. Propaga-se por estaquia, a escolha de ramos enraizados sadios é fundamental. O espaçamento é de 0,30 x 0,50 cm. É utilizada como ornamental na borda de canteiros. Requer desbaste constante, pelo menos três podas ao ano.

Arnica brasileira Qual o nome científico? Solidago microglossa DC. Qual a parte usada? Folhas, flores e todas as partes aéreas. Qual a indicação? ! Contusão,

pancada

e

dores

articulares,

como

antiinflamatório; ! Nos ferimentos e inflamações da pele; ! Nos hematomas e nas varizes; Como usar? Para uso externo: ! Chá – dois punhados da planta picada em meio litro de água, ferver por cinco minutos e banhar o local afetado ou fazer compressa; ! Tintura – em um vidro de conserva encher 2/3 com a planta picada, depois completar o volume com um álcool diluído (três partes de álcool e uma parte de água). Guardar em local escuro, agitando todos os dias por vinte dias. Coar e guardar num vidro escuro com rótulo, indicando o conteúdo (Tintura de Arnica) e a data de preparação; ! Cataplasma – colocar dois punhados da planta picada e amassada num pano limpo e aplicar no local afetado. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? A planta não deve ser usada internamente sem orientação médica. ________________________________________________________________________ 74 Educação Ambiental para a Saúde.


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Como cultivar no jardim medicinal? Planta anual que produz inúmeras sementes e propaga-se através delas ou por pedaços da raiz com caule e folhas. Espaçamento entre as mudas entre 0,50 x 0,80 m. Desenvolve em solo, preferencialmente, ricos em adubos orgânicos.

ARRUDA Qual o nome científico? Ruta graveolens L. Qual a parte usada? Folhas. Qual a indicação? ! Alterações menstruais (menstruação atrasada e cólicas; ! Ferimentos, eczema; ! Piolhos e sarna. Como usar? Nas alterações menstruais fazer um chá (infusão) com uma colher de sobremesa de folhas frescas e picadas em uma xícara de água fervente; Nos ferimentos e eczemas fazer banho no local utilizando o chá utilizando cinco colheres de sobremesa de folhas picadas em duas xícaras de água. Para combater os piolhos e a sarna fazer uso deste mesmo chá ou do xampu (já citado anteriormente para o tratamento contra piolhos). Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? A planta é abortiva, pode causar náuseas e vômito, gastroenterite, salivação, inchaço na língua, diminuição do pulso, convulsões. É fotossensibilizante, as pessoas que fazem uso desta planta não devem se expor ao sol. Em contato direto com a pele, o sumo pode causar dermatite, inchaço e vermelhidão. Em grandes doses pode levar a morte. O uso do óleo essencial da planta não é recomendado para gestantes, crianças com menos de 10 kg de peso, pessoas com problemas de audição e idosos. ________________________________________________________________________ 75 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Como cultivar no jardim medicinal?

Arbusto perene que prefere temperaturas amenas, locais sombreados e com irrigação constante. Propaga-se por estaquia. Desenvolve-se melhor em solos levemente alcalinos, pobres e pedregosos.

Artemísia Qual o nome científico? Artemisia vulgaris L. Qual a parte usada? Folhas e partes aéreas floridas. Qual a indicação? ! Alterações menstruais (menstruação atrasada) – tomar uma xícara, duas vezes ao dia durante uma semana antes da menstruação ou quando a menstruação estiver atrasada; ! Cólicas menstruais – uma xícara de chá duas vezes ao dia; ! Hemorroidas, varizes e dores articulares – usar uma a duas colheres de sobremesa da tintura, duas vezes ao dia; ! Ferimentos, eczema e psoríase – fazer o banho no local afetado com o chá; ! Piolhos e sarna – usar o chá ou o xampu. Como usar? ! O chá é preparado pela infusão uma colher de chá de folhas secas ou uma colher de sobremesa de folhas frescas picadas em uma xícara de água fervente; ! A tintura é preparada com 50 g de folhas secas em meio litro de álcool diluído (300 ml de álcool e 200 ml de água). A tintura é usada de forma diluída (uma parte de tintura e uma parte de água); ! O xampu é preparado colocando uma xícara de xampu usado normalmente mais uma xícara de chá de arruda e meia colher de sal de cozinha dissolvida. Pode-se também colocar uma xícara de chá de arruda, meia xícara de chá de boldo (seis folhas de folhas

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Jardim Medicinal frescas em uma xícara de água fervente) e uma xícara de chá de xampu. Dissolver meia colher de chá de sal num dos chás. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? É uma planta tóxica devido à presença de tujona, que em altas doses provoca tremores, vertigens e alucinações seguida de sonolência e prostração (o corpo fica “mole”). Também pode causar irritação na pele. Por estimular a musculatura do útero pode causar aborto. Como cultivar no jardim medicinal? Prefere temperaturas amenas, não resiste a geadas. É tolerante ao sombreamento. O solo deve ser rico em matéria orgânica e com boa umidade. Propaga-se por divisão das touceiras.

Babosa Qual o nome científico? Aloe vera (L.) Burm. Qual a parte usada? Folha. Qual a indicação? ! Laxativa drástica (purgante): inicia o efeito seis a oito horas após a ingestão. Usar o macerado ou a resina; ! Hemorroidas inflamadas – usar o supositório; ! Queimaduras pelo sol ou fogo. – usar cataplasma ou compressas; ! Cicatrização de feridas, dermatites, irritação da pele, acne e psoríase - usar cataplasma ou compressas; ! Digestivo – usar o macerado. Como usar? ! Macerado: lavar e cortar em pequenos a metade de uma folha, retirando a polpa, adicione uma colher de sopa de açúcar ou mel, deixe macerar por oito a dez horas (na geladeira). O uso do açúcar é alternativo, pois o sabor é amargo. Tomar uma colher de sopa pela manhã em jejum. ________________________________________________________________________ 77 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Pó da folha (resina): meia colher rasa de cafezinho em meia xícara de água com açúcar. A resina é obtida pendurando a folha com a parte grossa para baixo e deixando escorrer. Depois de seco, moer até obter um pó fino. Guardar em pote limpo, escuro e com tampa. Como laxante tomar antes de deitar quando for necessário. Como digestivo tomar uma vez ao dia durante quinze dias. ! Supositórios: Levar um pedaço da folha ao congelador, depois de endurecida cortar a cutícula da folha e os espinhos; formando com a polpa um supositório. Coloca-se no congelador para que fique duro novamente. Não usar o supositório congelado, pois o frio excessivo pode causar queimaduras no local. Aplicar supositório a cada quatro horas. ! Cataplasma: Passar a folha pelo calor do fogo; retirar a cutícula e colocar na zona afetada. Repetir quando for necessário. ! Compressa: usar o infuso ou a tintura diluída (uma parte de tintura e uma parte de água) no local afetado. Repetir quando for necessário. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Não deve ser ingerida por mulheres durante a gravidez ou períodos menstruais, pois é abortiva e aumenta o fluxo de sangue. Nos estados hemorroidais só usar localmente, não ingerir. Não usar internamente em crianças. Não usar nos casos de inflamações da próstata e infecções urinárias. Em doses elevadas é um purgante muito forte. O uso prolongado em grandes doses (maior que 1g/dia) pode produzir diarréia com sangue. Como cultivar no jardim medicinal? Cresce geralmente em locais ensolarados, frequente em locais rochosos ou pedregosos, não tolera solos encharcados multiplica-se bem por filhação. Exige solo fértil para um bom rendimento comercial. Recomenda-se aplicar 5,0 Kg/m² de esterco de curral ou composto orgânico, e 2,5 Kg/m² de esterco de aves, no plantio, repetindo a adubação na primavera.

Boldo Nacional Qual o nome científico? Plectranthus barbatus Andr. Qual a parte usada? Folhas.

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Jardim Medicinal Qual a indicação? ! Antiácido; ! Gastrite e úlcera gástrica; ! Má digestão; ! Azia, mal-estar gástrico; ! Ressaca; ! Estimulante da digestão. Como usar? Infusão: duas a três folhas frescas em xícara de água fervente. Tomar duas a três xícaras do chá, adoçado ou não, após as refeições. A dose para crianças até cinco anos de idade é 1/3 da dosagem acima e para crianças com mais de cinco anos a dosagem é a metade. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Pode causar, em doses grandes ou uso por períodos prolongados, irritação gastrintestinal e elevação da pressão arterial. Como cultivar no jardim medicinal? Como a planta é de clima subtropical, floresce apenas na região sul e sudeste ou então em áreas de altitude, pois necessita de frio para completar seu ciclo, mas não resiste a geada. No Mato Grosso tem se observado seu florescimento após período de frio. É facilmente multiplicada por estaquia, a muda deve ser plantadas em canteiros com espaçamento de 0,60 x 0,80 cm, em solo bem adubado e com regas frequentes. As folhas devem ser coletadas antes do sol quente e após um ano de plantio. Os galhos são facilmente enraizados em solo rico em matéria orgânica. Há uma confusão com uma espécie do mesmo gênero conhecida como Hortelã da Folha Graúda (Plectranthus amboinicus), muito parecida mas com propriedades, sabor e odor diferentes.

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Jardim Medicinal Camomila Qual o nome científico? Matricaria recutita L. Rauschert.,

Qual a parte usada? Flores. Qual a indicação? ! Gengivite, afta e dor de garganta – bochechos e gargarejos, três vezes ao dia; ! Indigestão, enjoo, gases intestinais e dor de barriga – tomar o chá após as refeições; ! Pele inflamada, ferimento, eczema, assadura, queimadura, acne e conjuntivite – banho, compressa, pomada e óleo – passar no local afetado três vezes ao dia; ! Hemorroidas – banho de assento, duas vezes ao dia.

Como usar? ! O chá é preparado pela infusão de duas colheres de chá de flores em uma xícara de água fervente; ! Bochechos e gargarejos – usar o chá; ! Banho de assento – usar o chá; ! Óleo – de acordo com a forma de preparação indicado no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros”, volume 2. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? O contato prolongado e repetido com a planta pode ocasionar dermatite de contato. Como cultivar no jardim medicinal? Prefere clima temperado, com temperatura média abaixo de 20º C e com elevada umidade do ar. O solo deve ser fértil e permeável, mas com boa umidade. A coleta deve ser após a floração em dia seco. No Mato Grosso pode ser cultivado em locais de clima mais ameno.

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Jardim Medicinal Capim Limão Qual o nome científico? Cymbopogon citratus (D.C) Stapf. Qual a parte usada? Folha. Qual a indicação? ! Calmante, insônia – usar o chá ! Dor de estômago e gases intestinais ! Cólica intestinal e menstrual Como usar? O chá é preparado pela infusão de duas a três folhas frescas em uma xícara fervente. Também pode ser usado como refresco misturando a outros tipos sucos como abacaxi e limão, neste caso usar vinte folhas para cada litro. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Não foram encontrados na literatura consultada. Como cultivar no jardim medicinal? Reproduz por divisão de touceiras. Prefere solos pouco úmidos.

Carqueja Qual o nome científico? Baccharis trimera Mart. Qual a parte usada? Partes aéreas. Qual a indicação? ! Gastrite; ________________________________________________________________________ 81 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Azia; ! Má digestão; ! Fígado; ! Diurético leve. Como usar? O chá é preparado pela infusão de uma folha fresca (pedaço de mais ou menos um palmo) em uma xícara fervente.

Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Para o uso indicado não há efeitos colaterais consideráveis. Casos de lesões oculares foram relatados devido ao seu uso prolongado. Durante a gravidez e lactação não é aconselhável o uso da carqueja. Como cultivar no jardim medicinal? Reproduz por sementes ou estacas, com espaçamento de 0,40 x 1 m. Adapta-se bem a qualquer tipo de solo, melhor nos úmidos, gosta de iluminação plena. A coleta das folhas deve ser após o quinto mês a partir do plantio.

Colônia Qual o nome científico? Alpinia zerumbet (Pers) B. L. Burtt. & R.M. Sm. Qual a parte usada? Folha Qual a indicação? ! Diurético e como complemento no tratamento da hipertensão e controle da pressão arterial. ! Calmante suave, utilizado na insônia, nervosismo e ansiedade.

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Jardim Medicinal

Como usar? O chá (infusão) preparado com uma folha fresca picada em pequenos pedaços colocados em um litro de água fervente, pode ser utilizado a vontade. Sua colação não deve ser rósea, caso ocorra não deve ser utilizado. Manter o chá na geladeira. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? A utilização do chá por longos períodos pode fazer baixar a pressão arterial além do desejável. As sementes são abortivas. Em doses elevadas pode produzir contorções, excitação psicomotora e coceiras. Como cultivar no jardim medicinal? A multiplicação ocorre pela divisão dos rizomas, cortando as folhas e plantando, preferencialmente em local rico em matéria orgânica. As folhas brotam após alguns dias. É necessário o desbaste das folhas a cada seis meses.

Copaíba

Qual o nome científico? Copaifera lagsdorffii Desf. Qual a parte usada? Óleo-resina, extraída do caule. Qual a indicação? ! Antisséptico e antiinflamatório das vias respiratórias, geniturinárias, da pele e das articulações. Usado no tratamento da gripe, tosse, bronquite, sinusite, amidalite, cistites, blenorragia, feridas, acne e artrite. Como usar? O óleo essencial pode ser usado na preparação de xarope ou lambedor a 1% (ver explicação no capítulo “Preparação de Remédios Caseiros”, volume2), em pomadas e unguentos a 2% ________________________________________________________________________ 83 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal (aplicação sobre a pele), em chás para gargarejos (uma gota) e bochechos (uma gota) e inalação (cinco gotas) para cada xícara de chá de uma ou mais plantas que apresentam ação complementar ou sinérgica. Por exemplo: óleo de copaíba e chá de Vique – para inalação, na sinusite; óleo de copaíba + chá de Camomila para gargarejo, na amigdalite. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Em altas doses, o óleo causa diarreia. Não deve ser usado por gestantes e no período de lactação, pois o óleo essencial passa para o leite. Como cultivar no jardim medicinal? É uma árvore nativa do cerrado e da floresta. Seu cultivo é difícil, mas pode-se fazer o manejo sustentável da espécie, retirando-se a óleo resina por perfuração do tronco, cuidando para não prejudicar a árvore.

Embaúba Qual o nome científico? Cecropia sp. Qual a parte usada? Folha. Qual a indicação? ! Diurético e como complemento no tratamento da hipertensão e controle da pressão arterial. Como usar? Preparar um chá, por cozimento, de uma ou duas folhas em um meio litro de água. Tomar uma xícara três vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Como a planta abaixa a pressão, não é indicado seu uso por pessoas que tem pressão baixa, pois pode causar mal estar. Efeitos tóxicos não foram ainda relatados na literatura consultada. ________________________________________________________________________ 84 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Como cultivar no jardim medicinal? É uma árvore nativa, sendo uma das primeiras a nascer depois da derrubada da mata. Pode-se fazer o manejo sustentável da espécie, mantendo-a no “cerrado em pé”.

Erva Cidreira Qual o nome científico? Lippia alba (Mill.) N. E. Br. Qual a parte usada? Folha. Qual a indicação? ! Calmante, insônia – usar o chá ! Resfriado, bronquite, infecção respiratória – massagear o peito com a tintura e fazer inalação com o chá; ! Cólica intestinal e menstrual - usar o chá. Como usar? ! O chá é preparado pela infusão de dez folhas em uma xícara de água fervente. Tomar três vezes ao dia; ! A tintura é preparada com 100g de folhas para meio litro de álcool diluído (três partes de álcool e duas partes de água). Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Não apresenta toxicidade na literatura consultada até o momento. Entretanto devido a sua composição química, quando ingerida em altas doses, pode causar náuseas e vômitos. Como cultivar no jardim medicinal? Planta de fácil propagação por estaquia. Cresce em vários tipos de solo, preferindo os levemente arenosos. Pouco exigente em fertilidade, aconselha-se durante o cultivo fertilizar a

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Jardim Medicinal terra com esterco curtido. Não suporta excesso de frio ou calor. Prefere locais de com umidade.

Erva de Santa Maria Qual o nome científico? Chenopodium ambrosioides L. var. anthelmintica (L.) A. Gray. Qual a parte usada? Folhas, sementes e todas as partes aéreas. Qual a indicação? ! Contra vermes (lombriga, amarelão, oxiúros e bicho de pé); ! Nos ferimentos e inflamações da pele, como antimicrobiano e antisséptico; ! Nas pancadas, contusões e entorses, como relaxante muscular; ! Como repelente de insetos. Como usar? Como vermífugo para crianças de 10 a 20 kg de peso: uma colher de sobremesa da planta fresca, cortada em pequenos pedaços e macetada até obter uma “papa”, misturada com duas colheres de mel ou melado ou leite com açúcar. Para crianças de 20 a 40 kg: uma colher de sopa da planta fresca preparada da mesma forma; Para jovens e adultos: duas a três colheres de sopa preparada da mesma forma (quanto maior o peso maior a quantidade). A quantidade de mel ou melado é maior. Como repelente: colocar os ramos debaixo dos colchões e varrer a casa. Nos ferimentos e pancadas: Compressa com o sumo da planta ou o chá e cataplasma. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? A planta é rica em óleo essencial e este pode provocar náuseas, vômitos, parada respiratória, depressão do sistema nervoso, lesões no fígado e rins, surdez, transtornos da visão, problemas cardíacos e respiratórios e, em altas doses, até a morte.

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Jardim Medicinal O uso do óleo da planta não é recomendado para gestantes, crianças com menos de 10 kg de peso, pessoas com problemas de audição e idosos. Como cultivar no jardim medicinal? Produz inúmeras sementes que se desenvolvem em qualquer solo, preferencialmente em terrenos ricos em adubos orgânicos. Como a planta é anual durante o período de produção de sementes, deve-se coletá-las para posterior propagação.

Erva de São João ou Mentrasto Qual o nome científico? Ageratum conyzoides L. Qual a parte usada? Folha ou partes aéreas (acima do solo). Qual a indicação? ! Como antiinflamatório, analgésico e antitérmico. Sendo muito indicado nos casos de reumatismo e cólicas. Como usar? O chá é preparado pelo cozimento de cinco folhas frescas com uma xícara de água. Tomar três vezes ao dia. Pode ser feito compressas com o chá, utilizando dez folhas em uma xícara de água, para aliviara a dor no local afetado. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Não usar o chá por período maior que 30 dias. Como cultivar no jardim medicinal? A propagação pode ser por estacas (galhos) com espaçamento de 0,50 x 0,70 cm. Prefere local úmido, sombreado e rico em matéria orgânica.

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Jardim Medicinal Erva Doce Qual o nome científico? Pimpinella anisum L. O fruto do funcho (Foeniculum vulgare) é semelhante à Erva Doce e tem as mesmas propriedades. Qual a parte usada? Frutos. Qual a indicação? -

Digestivo, contra gases intestinais e levemente laxante;

-

Expectorante, tosse e contra asma e bronquite;

-

Calmante;

-

Acne, ferimento.

Como usar? O chá é preparado por infusão usando uma colher de sobremesa de frutos em uma xícara de água de água fervente. Nos problemas digestivos é usado após as refeições. Para as vias respiratórias usar três vezes ao dia. Para o tratamento da acne, lavar o rosto com o chá três vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? O extrato alcoólico pode ser abortivo, provocar alterações e distúrbios no feto, causar irritação e vermelhidão na pele. O chá preparado com doses grande da planta pode causar convulsões em crianças, por isso deve ser usado com cuidado. Como cultivar no jardim medicinal? Requer solo bem drenado, semear diretamente a 2-3 cm de profundidade em sucos de 45 cm de distância. Planta relativamente livre de pragas. Os frutos são coletados antes de madurar e secos por quatro a cinco dias à sombra.

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Jardim Medicinal Espinheira Santa Qual o nome científico? Maytenus ilicifolia Reiss. Qual a parte usada? Folhas. Qual a indicação? ! Azia, náuseas, gastrite e úlcera gástrica. Como usar? ! O chá é preparado pela infusão de duas colheres de chá das folhas secas em uma xícara de água. Ferver dez minutos. Tomar uma xícara três a quatro vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? É causa aborto em ratas, portanto seu uso não deve ser indicado às mulheres grávidas. Como cultivar no jardim medicinal? Prefere temperaturas amenas, não resiste a geadas. É tolerante ao sombreamento. O solo deve ser rico em matéria orgânica e com boa umidade. Propaga-se por divisão das touceiras.

Eucalipto Qual o nome científico? Eucalytus tereticornis Smith e Eucalytus globulos Labill. Qual a parte usada? Folhas e óleo essencial.

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Jardim Medicinal Qual a indicação? Antisséptico das vias respiratórias, no tratamento da gripe, tosse, bronquite e sinusite. Não confundir esta espécie com o eucalipto limão, que tem cheiro de desinfetante e não deve ser usado, pois irrita a mucosa respiratória. Como usar? O chá para uso interno é preparado usando cinco folhas frescas picadas em uma xícara de água fervente, duas a três vezes ao dia. Para inalação, no tratamento da sinusite, meio litro de água quente sobre dez folhas frescas picadas. Fazer um cone com um pedaço de papel e colocar a parte mais larga na panela e a parte mais estreita no nariz, aspirando ao vapor por 10 minutos. Não se expor à friagem depois da inalação. Fazer uma ou duas vezes ao dia. O óleo essencial pode ser usado na preparação de xarope ou lambedor. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Não deve ser usado por gestantes e no período de lactação, pois o óleo essencial passa para o leite. Crianças pequenas, não devem fazer uso do óleo aplicado diretamente no rosto. Como cultivar no jardim medicinal? A muda é preparada a partir de sementes e estacas. O mais recomendado é adquirir de um fornecedor idôneo para que não ocorra confusão com outras espécies.

Folha da Fortuna Qual o nome científico? Kalanchoe brasiliensis Camb e Kalanchoe pinnata Pers. Qual a parte usada? Folhas. Qual a indicação? ! Emoliente (amolece furúnculos); ! Cicatrizante nas feridas e úlceras; ________________________________________________________________________ 90 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Antiinflamatório local, na gastrite e ferimentos; ! Tosse e bronquite; ! Dor de cabeça. Como usar? A folha triturada ou macetada é indicada para aplicação local em abscessos ou furúnculos amolecendo-os. A mesma forma é indicada para aplicação na testa quando há dor de cabeça. O sumo da folha (um colher de sopa) das vezes ao dia é indicado nos processos inflamatórios como gastrite, úlcera e inflamação do útero. Para tratamento da tosse e bronquite fazer um chá por cozimento de oito a doze folhas (usar maior quantidade de folhas se elas forem de tamanho menor) em um copo grande de água. Preparar o xarope segundo a técnica de preparação de remédios caseiros. Pode misturar com outros chás, como hortelã graúda, guaco e hortelã vick, para preparar o xarope. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Apresenta baixa toxicidade por via oral e uso externo. Como cultivar no jardim medicinal? É uma erva perene que se multiplica a partir de estacas ou de mudas que nascem no pé da planta. Prefere solo mais ou menos rico em matéria orgânica e sem umidade excessiva (bem drenado). Prefere ambiente a meia sombra. As mudas devem ser plantadas com espaçamento de 0,50 x 1 m. O plantio e a colheita podem ser durante todo o ano.

Goiabeira Vermelha Qual o nome científico? Psidium guajava L. var. pomifera L. Qual a parte usada? Os brotos foliares (até o quarto broto), aqueles que estão na extremidade do galho.

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Jardim Medicinal Qual a indicação? ! Na diarreia e disenteria, usado internamente como chá. Nesta preparação deve-se substituir a água por soro caseiro, bebendo em pequenas quantidades e em intervalos regulares. ! Nos ferimentos da pele, o chá é usado externamente em banhos e compressas; ! Nos casos de gengivite, dor de garganta, sapinho, o chá é usado em bochechos e gargarejos; ! Na candidíase vaginal e tricomoníase, É usado o chá em banhos de assento. Como usar? Infusão (chá): três a quatro brotos de folhas em uma xícara de água. Tomar uma a duas xícaras ao dia. Bochecho e gargarejo: usar o chá duas a três vezes ao dia. Banho: usar o chá no local afetado, três vezes ao dia, utilizando maior quantidade de folhas na preparação do chá. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Como é rica em taninos, o uso prolongado desta planta internamente é desaconselhado, pois pode ocasionar distúrbios por má absorção alimentar e interferir na ação de outros medicamentos. Não é aconselhado o uso da planta durante a gravidez e lactação (pois passa para o bebe). O uso do chá via oral, não deve ser superior a um mês. Como cultivar no jardim medicinal? As sementes são de fácil germinação. Depois das mudas formadas, transplantá-las com espaçamento de três a quatro metros e em local com boa iluminação. As regas freqüentes estimulam a formação de brotos das folhas. A planta se adapta bem a solos arenosos, argilosos e bem drenados.

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Jardim Medicinal Gengibre Qual o nome científico? Zinziber officinale Roscoe Qual a parte usada? Rizoma. Qual a indicação? ! Digestivo, eliminar gases intestinais, enjoo e vômito – ralado na salada, chá ou tintura. Após as refeições; ! Falta de apetite - ralado na salada, chá ou tintura (trinta minutos antes das refeições); ! Afecções da pele – a tintura diluída em água é aplicada no local afetado; ! Contusão, entorses, torcicolo e dores articulares – compressa com o chá, cataplasma; ! Diminuir o açúcar no sangue - ralado na salada, chá (uma xícara três vezes ao dia) ou tintura (duas colheres de sopa diluídas em água três vezes ao dia); ! Gripe, resfriado e tosse – chá, uma xícara duas a três vezes ao dia; ! Faringite, amigdalite - chá, uma xícara duas a três vezes ao dia, fazer também gargarejos. Como usar? ! Salada: rizoma fresco (um pedaço de um a dois centímetros) ralado é usado com tempero de verduras e outros alimentos. ! Infusão: um pedaço de um a um centímetro do rizoma fresco ralado em uma xícara de água fervente, ! Tintura: 50 g de rizoma fresco em meio litro de álcool puro. Preparar a tintura de acordo com a orientação do capítulo “Preparação de Remédios Caseiros”, volume 2. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Grandes doses causam depressão do SNC e arritmia cardíaca alucinações. Experimentos realizados em cães demonstraram aumento na pressão arterial, portanto o seu uso por pessoas hipertensas deve ser feito com cuidado. Também foi observado em cobaias atividade bronco constritora, desta forma o seu em bronquite deve ser feito com critério. Não deve ser usado por longos períodos. ________________________________________________________________________ 93 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como cultivar no jardim medicinal? O cultivo é feito com os rizomas frescos providos de gomos vegetativos (“olhos”), com espaçamento de cinquenta centímetros. Após dez a 12 meses do plantio, colhem-se os novos rizomas, raspam-se os brotos e raízes e deixa-se secar por cinco a seis dias.

Guaco Qual o nome científico? Mikamia glomerata Spreng. Qual a parte usada? Folhas Qual a indicação? ! Problemas das vias respiratórias como: asma, bronquite, tosse. É bronco dilatador, por isso facilita a respiração. Como usar? O chá é preparado por infusão, utilizando duas folhas frescas em uma xícara de chá de água fervente. Tomar uma xícara, três vezes ao dia. A forma de preparo do xarope ou lambedor será descrita posteriormente, no capítulo “Preparação dos remédios Caseiros” volume 2. Tomar uma colher de sopa três vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Quando ocorre uma superdosagem, pode causar vômitos e diarreia. Como cultivar no jardim medicinal? Pode ser cultivada utilizando um pedaço do cipó (cultivo por estaquia). Inicialmente coloca-se o ramo na água até produzir raízes, tendo o cuidado de retirar as folhas que ficam submersas, pois estas apodrecem, depois do enraizamento planta-se diretamente na terra à sombra ou em saquinhos até a muda ter um porte maior. Gosta de solos ricos em matéria orgânica e de regas frequentes e não gosta de vento.

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Jardim Medicinal Hortelã Graúda Qual o nome científico? Plectranthus amboinicus, Lour (Spr. ) Qual a parte usada? Folha. Qual a indicação? ! Resfriados, gripes, tosses com catarro, bronquite – usar o chá para inalação e o xarope ! Amigdalite, gengivite, estomatite – fazer gargarejo ou bochecho com o chá ! Dor de ouvido – usar o sumo das folhas Como usar? O chá é preparado colocando três folhas frescas picadas em uma xícara de água fervente, tampando com um pires durante cinco minutos. Usar três vezes ao dia. A forma de preparo do xarope já foi descrita anteriormente (ver o capítulo “Preparação de Remédios Caseiros”, volume 2). Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Em altas doses pode causar irritação na mucosa gástrica. Como cultivar no jardim medicinal? A propagação pode ser por estacas (galhos). É uma planta rústica e de rápido desenvolvimento. Prefere solos arejados e com matéria orgânica. Plantar os pequenos galhos recentemente destacados da planta mãe em saquinhos com terra e manter à sombra, replantar em canteiros com espaçamento de um metro aproximadamente ou em vasos ou latas. Prefere solo bem adubado e com regas frequentes.

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Jardim Medicinal Hortelã Rasteira Qual o nome científico? Mentha X villosa Huds. Qual a parte usada? Folhas Qual a indicação? ! Diarreias e dores de barriga caudas por ameba e giárdia; ! Corrimentos vaginais causados por tricomonas; ! Coceiras na pele. Como usar? Para o tratamento da infestação por giárdia e ameba, prepare o chá (infusão) colocando oito folhas em uma xícara de água fervente água. Tomar uma xícara três vezes ao dia, por dez dias, repetir o uso após dez dias. As folhas podem ser usadas na salada ou suco, a ingestão é de oito a dez folhas três vezes ao dia por dez dias, repetindo dez dias depois. Nos corrimentos vaginais usar o chá, preparado da mesma forma, em banhos de assento. Nas coceiras e irritações da pele usar o chá diretamente no local afetado ou através de compressas. Banho: usar o chá no local afetado, três vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? A espécie apresenta baixa toxicidade na dosagem indicada. Altas doses podem causar problemas respiratórios e cardíacos, devido à presença do mentol. Como cultivar no jardim medicinal? A espécie é muito bem adaptada a nossa condição climática, é de fácil cultivo requerendo regas frequentes. Multiplica-se por estaquia, portanto a escolha de ramos sadios é fundamental. A propagação é feita por ramos enraizados e o espaçamento é de 0,25 x 0,60 cm. Prefere solos arenosos, bem drenados ricos em matéria orgânica. Requer poda constante e mudança anual de canteiro. É importante que esta espécie não fique próxima a outras espécies de menta (como poejo, vique e hortelã pimenta), pois ocorre com facilidade o cruzamento e a contaminação dos canteiros. ________________________________________________________________________ 96 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Maracujá Qual o nome científico? Passiflora edulis Sims. Qual a parte usada? Folha e casca do fruto. Qual a indicação? ! Calmante e insônia – usar o chá; ! Diurético – usar o chá; ! Diabete, colesterol alto e regimes de emagrecimento – usar a parte branca da casca (pectina). Como usar? ! O chá é preparado pela infusão de três folhas secas picadas em uma xícara de água fervente, tampar com um pires por cinco minutos. ! Farinha de casca de maracujá – retirar a parte amarela (externa) da casca do maracujás, cortar a parte branca em pequenos pedaços e secar. Triturar no liquidificador. Usar uma a duas colheres de sopa ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? O uso prolongado e grande dose da preparação feita com as folhas podem causar distúrbios no sistema nervoso central, alterações do nervo ótico e perturbações gastrointestinais, devido à liberação de ácido cianídrico. Na intoxicação aguda, observa-se o aparecimento de tonturas, dor de cabeça, aumento da frequência respiratória e cianose que pode ser seguida da perda de consciência e morte por falta de oxigênio. Como cultivar no jardim medicinal? Reproduz bem por sementes. Adapta-se a climas quentes e úmidos, com temperatura média entre 26-27°C. Não resiste a geadas. Plantar em cercas, no mínimo dois pés, para garantir a frutificação. Os solos mais indicados são os ricos em matéria orgânica, sendo que a adubação deve ser repetida anualmente. Não tolera solos encharcados.

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Jardim Medicinal Milho Qual o nome científico? Zea mays L. Qual a parte usada? Estigma (“cabelo do milho”). Qual a indicação? ! Diurética: facilita a eliminação da urina, prevenindo o inchaço; ! Inflamações do aparelho geniturinário: indicada nos casos de inflamação da bexiga, da uretra e dos rins; ! Cálculo renal: facilita a eliminação das pedras nos rins e auxilia na eliminação dos cristais que se formam nas articulações; ! Antisséptica: feridas e úlceras na pele. Como usar? Fazer o chá por cozimento de um punhado dos “cabelos de milho” e ferver em uma xícara de água por um minuto. Beber cinco xícaras ao dia. Para tratar de ferimentos, lavar o local com o chá ou fazer compressas. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? A utilização de decocto (cozimento) e infuso do estigma e/ou estilos (“cabelo”) do milho é contra indicada em casos de inflamação de próstata. Como cultivar no jardim medicinal? Este vegetal pode ser cultivado em áreas de clima quente, temperado e frio, e bastante úmido. Suas sementes devem ser plantadas mantendo uma distância de aproximadamente cinquenta centímetros, requer pouco trabalho agrícola e certa fertilização orgânica e química. Os estilos e estigmas das flores femininas devem ser coletados quando surgirem e secos rapidamente a sombra. Geralmente é considerado “lixo” nos mercados, entretanto deve-se ter conhecimento de sua origem a fim de que não tenha agrotóxicos.

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Jardim Medicinal Poejo Qual o nome científico? Mentha pulegium L. Qual a parte usada? Folhas e partes aéreas.

Qual a indicação? ! Má digestão, cólicas e gases intestinais – tomar uma xícara após as refeições; ! Resfriados, gripes, tosse com catarro, rouquidão– tomar uma xícara de chá três vezes ao dia, ou tomar uma colher de sopa de xarope três vezes ao dia; ! Sinusite – fazer inalação com o chá; ! Hemorroidas, varizes e dores articulares – usar uma a duas colheres de sobremesa da tintura, duas vezes ao dia; ! Ferimentos, eczema e psoríase – fazer o banho no local afetado com o chá; ! Piolhos e sarna – usar o chá ou o xampu. Como usar? ! O chá é preparado pela infusão de uma colher de chá de folhas secas ou uma colher de sopa de folhas frescas picadas em uma xícara de água fervente; ! A tintura é preparada com 50 g de folhas secas em meio litro de álcool diluído (300 ml de álcool e 200 ml de água). A tintura é usada de forma diluída (uma parte de tintura e uma parte de água); ! O Xarope é preparado com 200g de folhas frescas em meio litro de água e 900 g de açúcar ou rapadura. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Em doses altas pode causar parada respiratória. É abortiva. Como cultivar no jardim medicinal? Cresce em lugares úmidos em todas as regiões do país. A colheita é feita em julho a setembro, devendo-se manter o vegetal em lugar seco. ________________________________________________________________________ 99 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal É facilmente multiplicado por estaquia, deve ser podada e replantada a cada três meses para garantir boa produção de folhas. Plantar de preferência em jarros suspensos ou em canteiros altos para não sujar as folhas com terra ou esterco durante a rega.

Pronto Alívio ou Milfolhas Qual o nome científico? Achillea millefolium L. Qual a parte usada? Folhas e flores (partes aéreas). Qual a indicação? ! Resfriado comum; ! Febre; ! Processos inflamatórios em geral (feridas, úlceras internas, varizes, hemorroidas, reumatismo); ! Cólica menstrual. Como usar? ! O chá é preparada pela infusão de uma colher de chá de folhas e flores secas ou uma colher de sopa quando secas em uma xícara de água fervente; ! A tintura é preparada com 100 g de das partes aéreas frescas em meio litro de álcool diluído (300 ml de álcool e 200 ml de água). Para adultos utiliza-se 30 a 50 gotas da tintura em água três ao dia. Para crianças: abaixo de 6 meses utiliza-se 3 a 8 gotas, diluídas em água, 3 vezes ao dia; acima de 6 meses até 3 anos utiliza-se 10 a 15 gotas, diluídas em água, 3 vezes ao dia; de 4 a 12 anos: 20 a 30 gotas, diluídas em água, 3 vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Indivíduos sensíveis podem desenvolver reações alérgicas com o uso da mil-folhas, principalmente

aqueles

que

são

sensíveis

a

outras

espécies

da

família

Asteraceae/Compositae. Há casos relatados de dermatite de contato e irritação ocular. Em ________________________________________________________________________ 100 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal altas doses, os extratos dessa planta podem provocar vertigem e dor de cabeça. Pode provocar alterações do ciclo menstrual. Como cultivar no jardim medicinal? Prefere solo rico em matéria orgânica, não tolera solo com excesso de umidade. Propaga por estacas ou divisão de touceiras. O espaçamento para plantio é de 0,40 x 0,80 m. A colheita das folhas é feita a partir do quinto mês e as flores são colhidas no início da floração, que costuma ser seis meses após o plantio. Como tem efeito ornamental pode ser plantada em vasos. Exige luz e tolera clima seco,

Quebra Pedra Qual o nome científico? Phyllanthus niruri Muell. -Arg. Qual a parte usada? Partes aéreas. Qual a indicação? ! Pedra nos rins. Como usar? O chá é preparado pelo cozimento, durante quinze minutos, de quatro a cinco punhados da planta seca (ou o dobro da quantidade para a planta fresca) em um litro de água. Tomar três a quatro xícaras por dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Devido à presença de alcaloides pirrolizidínicos não é conveniente utilizar por tempo prolongado, sendo mais adequado interromper o uso durante uma semana após cada período de dez dias tratamento.

________________________________________________________________________ 101 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como cultivar no jardim medicinal? Reproduz bem por sementes. Tem boa capacidade de adaptação em solos com baixos níveis de umidade e nutrientes. Prefere locais a meia sombra, sem luz solar direta e solos argilosos. Responde bem a adubação orgânica.

Romã Qual o nome científico? Punica granatum L. Qual a parte usada? Casca do fruto, sementes, casca do caule e cascada raiz. Qual a indicação? ! Amigdalite, faringite, rouquidão e estomatite – fazer bochechos com o chá da casca ou chupar as sementes; ! Cervicite e vaginite – fazer banhos de assento com o chá; ! Solitária – fazer o chá de acordo com a dosagem explicada no capítulo que trata das “Doenças – Solitária” Como usar? O chá é preparado pelo cozimento de uma colher de sopa da casca do fruto picada em uma xícara de água. Usar três vezes ao dia. Para o banho de assento usar o decocto três vezes ao dia. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? Doses elevadas da casca da raiz produzem náuseas e vômitos. As doses tóxicas produzem rapidamente dilatação da pupila, cegueira parcial, forte dor de cabeça, vômitos, diarréia, prostração e convulsões. Como cultivar no jardim medicinal? O seu cultivo adapta-se aos climas tropical e seco, com boas condições de umidade. Requer solo argiloso e calcáreo. Pode ser multiplicada por sementes e por estaquia (espaçamento de ________________________________________________________________________ 102 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal três a quatro metros), plantando-se pedaços de 30 cm de ramos finos em local protegido do sol e do vento.

Tansagem Qual o nome científico? -

Plantago lanceolata, L.

-

Plantago major L.

Qual a parte usada? Folha e sementes. Qual a indicação? ! Ferimentos, infecções da pele – chá e tintura das folhas em banhos no local afetado; ! Gastrite – chá das folhas; ! Diarreia – utilizam-se as sementes, pois absorvem água diminuindo a evacuação; ! Laxante – utilizam-se as sementes, por absorvem água as fezes deslizam com mais facilidade no intestino; ! Amigdalite, gengivite – fazer gargarejo ou bochecho com o chá ou tintura das folhas; ! Hemorroidas – banho de assento com chá das folhas. Como usar? ! Decocto (chá por cozimento): colocar uma a duas folhas picadas em uma xícara de água e ferver por cinco minutos; ! Banho: usar o decocto ou a tintura diluída (uma parte de tintura e uma parte de água) no local afetado; ! Tintura: 200 g de das folhas frescas em meio litro de álcool diluído (duas partes de álcool e três partes de água) ou 100 g das folhas secas em meio litro do álcool diluído (uma parte de álcool e uma parte de água); ! Gargarejo e bochecho; usar o decocto ou a tintura diluída. Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? O pólen da planta costuma ser alergizante, portanto ao coletar as sementes proteger o nariz. ________________________________________________________________________ 103 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como cultivar no jardim medicinal? Vegeta abundantemente e espontaneamente no Brasil, prefere climas úmidos e temperados. Propaga-se por sementes.

Vique Qual o nome científico? Mentha arvensis L. Qual a parte usada? Folha ou partes aéreas (acima do solo). Qual a indicação? ! Coceiras e irritações da pele; ! Gripes e resfriados como descongestionante; ! Eliminação de gases intestinais; ! Náuseas e vômito. Como usar? ! Infusão: Duas colheres de sopa de folhas frescas e picadas em uma xícara de água fervente. Tomar uma xícara duas a três vezes ao dia; ! Compressa: usar o infuso frio ou a tintura diluída (uma parte de tintura e uma parte de água) no local afetado; ! Banho: usar o infuso frio ou a tintura diluída (uma parte de tintura e uma parte de água) no local afetado; ! Inalação: usar o infuso. Fazer uma vez ao dia; ! Pode ser feito compressa com o chá, utilizando vinte folhas em uma xícara de água, para aliviar a dor no local afetado.

Apresenta reações adversas ou efeitos colaterais? O uso em grandes quantidades e sua utilização por inalação pode causar efeitos colaterais sobre a respiração e o coração. ________________________________________________________________________ 104 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como cultivar no jardim medicinal? As plantas podem ser multiplicadas facilmente por mergulhia dos ramos ou por estaquia dos rizomas. Tem preferência por solos arenosos, férteis e os canteiros devem ser renovados duas a três vezes ao ano ou após o período de floração. Para uso comercial as folhas e ramos floridos são colhidos no início da floração em horas de maior luminosidade solar e secados a sombra.

Repertório de Sinais e Sintomas

Sinal ou Sintoma

Planta Medicinal

Abscesso

Folha da Fortuna

Acne

Alfavaca, Alecrim, Gengibre, Camomila, Erva doce, Açafrão, Babosa

Açúcar no sangue, diminuir

Maracujá, Gengibre, Goiabeira, Alho

Afta

Alecrim, Goiabeira, Camomila, Açafrão, Romã

Alergias

Açafrão, Tomate

Amarelão

Erva de Santa Maria

Ameba

Hortelã rasteira, Alho

Amigdalite (dor de garganta)

Alfavaca, Alecrim, Gengibre, Goiabeira, Camomila, Romã, Alho, Açafrão, Hortelã Graúda Erva Cidreira, Vique, Alfavaca, Poejo, Tansagem

Analgésico

Alfavaca, Alecrim

Ansiedade, nervosismo

Anador, Erva Cidreira, Maracujá, Colônia

Anti ácido

Boldo Nacional

Anti úlcera

Boldo nacional

Apetite, falta de

Gengibre

Artrite

Açafrão

Assadura

Camomila, Babosa

________________________________________________________________________ 105 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Sinal ou Sintoma

Planta Medicinal

Azia

Alecrim, Alfavaca, Boldo Nacional, Pronto Alívio

Bexiga, urétra e dos rins –

Milho, Açafrão

inflamação Bicho de pé

Erva de Santa Maria

Bronquite

Alho, Anador, Hortelã Graúda, Erva Cidreira, Guaco, Folha da Fortuna, Eucalipto, Copaíba

Cálculo Renal

Quebra Pedra, Milho

Calmante

Erva Cidreira, Maracujá

Candidíase vaginal (corrimento) Alfavaca, Alecrim, Goiabeira, Alho, Tomate Cervicite, vaginite (inflamação

Romã, Goiabeira

nas partes íntimas das mulheres) Cistite e inflamação das vias

Copaíba, Milho

urinárias Coceira

Hortelã Rasteira, Açafrão

Colesterol alto

Açafrão, Alho, Maracujá

Cólicas intestinais, dor de

Alfavaca , Alecrim, Anador, Açafrão, Erva Cidreira, Hortelã

barriga

Rasteira, Camomila, Hortelã Rasteira, Capim Limão

Cólicas menstruais

Alfavaca, Alecrim, Anador, Erva Cidreira, Artemísia, Arruda, Poejo, Capim Cidreira, Pronto Alívio

Conjuntivite (inflamação nos

Camomila

olhos) Contusão, pancada

Açafrão, Arnica Brasileira, Alfavaca, Alecrim, Gengibre, Erva de Santa Maria

Diabetes

Maracujá, Vassourinha

Diarréia

Goiabeira Vermelha, Tansagem

Digestão, distúrbios da

Açafrão, Camomila, Boldo, Gengibre, Carqueja

Diurético

Maracujá, Milho, Embaúba, Colônia

Dor articular

Anador, Açafrão, Gengibre, Copaíba, Artemísia

Dor de estômago

Açafrão

Dor muscular

Alfavaca, Alecrim, Gengibre

Eczema

Açafrão, Camomila, Arruda, Artemísia, Poejo

________________________________________________________________________ 106 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Sinal ou Sintoma

Planta Medicinal

Enjôo

Gengibre, Camomila, Vique

Estomatite

Hortelã Graúda, Romã

Expectorante

Erva doce, Eucalipto, Copaíba

Falta de apetite

Gengibre

Faringite, Rouquidão

Gengibre, Romã, tansagem

Febre

Anador, Erva de São João (Mentrasto), Pronto Alívio

Ferimentos na pele

Açafrão, Arnica, Babosa, Goiabeira, Camomila, Alfavaca, Alecrim, Erva Doce, Milho, Confrei, Erva de Santa Maria, Copaíba, Arruda, Tansagem

Fígado, transtornos

Açafrão, Alfavaca, Alecrim, Alho, Carqueja

Gases intestinais

Alecrim, Gengibre, Coentro, Erva Doce

Gastrite

Espinheira Santa, Boldo, Alfavaca, Alecrim, Açafrão, Pronto Alívio, Carqueja, Folha da Fortuna

Gengivite

Alecim, Alfavaca, Goiabeira, Açafrão, Hortelã Graúda, Camomila, Tansagem

Giardia

Hortelã Rasteira

Gripe, Resfriado

Vique, Gengibre, Alho, Alfavaca, Poejo, Hortelã Graúda, Eucalipto, Copaíba

Hematomas

Arnica Brasileira

Hemorróidas

Camomila, Alecrim, Babosa, Copaíba

Imunidade, estimulante

Açafrão

Insônia

Erva Cidreira, Maracujá, Capim Limão, Colônia

Leite materno

Gengibre, Erva Doce ou Funcho

Lombriga

Abóbora, Alho, Erva de Santa Maria

Má digestão

Boldo Nacional, Nacional, Gengibre, Erva Cidreira, Camomila, Erva Doce, Açafrão, Alfavaca, Gengibre, Vique

Menstruação irregular

Arruda, Artemísia

Micose na pele, “pano branco”

Alho, Tomateiro

Micose de unha

Cravo da Índia

Ouvido, dor

Hortelã Graúda, Alho

Oxiúrus

Erva de Santa Maria

Piolho

Arruda, Boldo, Artemísia

________________________________________________________________________ 107 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Sinal ou Sintoma

Planta Medicinal

Pressão alta ou Hipertensão

Alho, Colônia, Embaúba, Milho, Erva Cidreira

Prisão de Ventre

Erva Doce, Babosa, Tansagem, Vique

Psoríase

Babosa, Artemísia, Poejo

Queimadura

Camomila, Babosa, Tansagem

Resfriado

Hortelã Graúda, Gengibre, Erva Cidreira, Pronto Alívio

Ressaca

Boldo

Respiração difícil, Falta dear

Anador, Guaco

Reumatismo

Açafrão, Copaíba, Erva de São João (Mentrasto), Pronto Alívio

Rouquidão

Gengibre, Romã, Goiabeira, Poejo, Hortelã Graúda e Erva Doce

Sapinho (Candidíase)

Alfavaca, Alecrim, Goiabeira, Alho, Tomate

Sarampo

Açafrão, Camomila

Sarna

Arruda, Artemísia

Sinusite

Vique, Eucalipto, Alecrim

Solitária

Abóbora, Romã

Torcicolo

Gengibre

Tosse

Alfavaca, Alecrim, Anador, Gengibre, Erva Cidreira, Erva Doce, Alho, Açafrão, Hortelã Graúda, Guaco, Vique, Eucalipto, Copaíba, Folha da Fortuna

Tricomoníase

Hortelã Rasteira, Goiabeira, Alho

Úlcera gástrica

Açafrão, Folha da Fortuna, Espinheira Santa

Útero, inflamação

Folha da Fortuna

Varizes

Arnica Brasileira, Arruda, Pronto Alívio

Vômito

Gengibre, Vique

Preste Atenção!!! ! Planta medicinal deve ser usada cuidadosamente. ! O uso prolongado de uma remédio caseiro pode mascarar sintomas importantes que adiam a procura do médico(a). ! Caso os sintomas não desapareçam, procure imediatamente um médico(a).

________________________________________________________________________ 108 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Narrativa Poética do Jardim Medicinal

________________________________________________________________________ 109 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 1 AGORA LEVO PRÁ TODOS A IDÉÍA DA CONSERVAÇÃO, SÁUDE E AMBIENTE É TUDO SEM SEPARAÇÃO. ISSO TEM RECONHECIMENTO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO. 2 POR ISSO FALO AGORA DO JARDIM MEDICINAL PRÁ GANHAR MAIS SAÚDE COM EDUCAÇÃO AMBIENTAL UM CANTEIRO SEM DEMORA FAÇA LÁ NO SEU QUINTAL. 4 INVESTINDO EM CONSCIÊNCIA PARA TODO MORADOR, DA PESSOA E FAMÍLIA, E ATÉ DO PROFESSOR APRENDER PARTICIPANDO ENSINANDO QUANDO FOR. 5 NESTE MUXIRUM VERDE NINGUÉM FICA SÓZINHO POIS É NA UNIÃO DE TODOS QUE SE ENFRENTA O CAMINHO MESMO COM PEDRA E TOMBO TEMOS APOIO E CARINHO.

________________________________________________________________________ 110 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 6 A NATUREZA, UM LIXO... A FLORESTA VIRA CARVÃO A TERRA TEM TANTO VENENO AGUÁ DOCE EM SUMIÇÃO O PEIXE MORRE NO RIO O AR É POLUIÇÃO. 7 AÍ O ESGOTO E O LIXO TODA A ÁGUA CONTAMINA, DEIXANDO DOENTES O MENINO E A MENINA. PODE SER GIARDIA, AMEBA, OU FALTA DE VITAMINA. 8 PREVINIR DO QUE REMEDIAR JÁ DIZIA O DITADO. TER HIGIENE NO CORPO, É MAIS AJUIZADO. LAVANDO BEM AS MÃOS É O JEITO EDUCADO. 9 EM TEMPO DE SECURA DÁ MUITA FIRIDEIRA, PELE RACHA E INFLAMA. NARIZ SANGRA, DÁ COCEIRA. O CLIMA TÁ MUITO DOIDO, A TERRA É FRIGIDEIRA.

________________________________________________________________________ 111 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 10 DIZEM QUE É O “EL NIÑO” MENINO QUE VEIO DO MAR, POR CAUSA DO AQUECIMENTO A CULPA DE TANTO CHORAR. É TANTA ACUSAÇÃO DIFÍCIL DE ACREDITAR. 11 A CULPA É DA GENTE MESMO QUE POUCO FEZ PRÁ PARAR CADÊ A ESPERANÇA? TUDO PODE MELHORAR! COM AÇÕES SUSTENTÁVEIS NOSSA VIDA VAI MUDAR. 12 O ÓLEO DE COPAÍBA É PRÁ CURAR A FERIDA. PRESENTE DA FLORESTA E QUE NOS DÁ SEM MEDIDA, BÁLSAMO MILAGROSO TEMOS NO JARDIM DA VIDA. 13 É ÁRVORE NATIVA É TEM NA FLORESTA EM PÉ IMPORTANTE CONSERVAR POIS NASCE COMO DEUS QUER NECESSITA DE MANEJO SEM DERRUBAR UMA SEQUER.

________________________________________________________________________ 112 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 14 COM AÇÃO ANTISSÉPTICA É ANTIINFLAMATÓRIA TRATA HEMORRÓIDA, INFECÇÃO RESPIRATÓRIA. USE ATÉ 20 GOTAS, ESSA É MINHA ORATÓRIA. 15 ESCOLA PÚBLICA BOA! SEM PAGAR A PARTICULAR. EU ESTUDEI ASSIM, PRO MEU FILHO TEM QUE DAR! DO JARDIM À FACULDADE, É PRO GOVERNO OFERTAR. 16 E POR FALAR EM JARDIM TRATEMOS DA PLANTAÇÃO ALIMENTO ORGÂNICO ESSA É A INDICAÇÃO PRÁ MELHORAR A SAÚDE E MANTER A DISPOSIÇÃO.

17 QUANDO FALTA REMÉDIO PARECE SEM SOLUÇÃO. FIQUE CALMA... DÊ UM TEMPO O JARDIM TEM PLANTAÇÃO. PROCURE LÁ A RESPOSTA PRÁ ESSA SITUAÇÃO.

________________________________________________________________________ 113 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 18 PRÁ TRATAR DO REUMATISMO TEM UMA PLANTA SANTA, É A ERVA DE SÃO JOÃO. FAÇA UM CHÁ QUE LEVANTA, O DOENTE SAI DA CAMA E A DOR NA JUNTA ESPANTA. 19 O PLANTADOR DE SOJA DIZ QUE É ERVA DANINHA. PRÁ MELHORAR A CULTURA PÕE VENENO... ”COITADINHA”, MATA OUTROS BICHINHOS, INCLUSIVE JOANINHA. 20 TODO CUIDADO É POUCO QUANDO O CHÁ FOR USAR, ESTANDO CONTAMINADA, DEPENDENDO DO LUGAR, PODE TER AGROTÓXICO, E A SAÚDE AGRAVAR.

21 É CHEGADA A HORA DESTE CORDEL CONCLUIR, O ASSUNTO NÃO ACABOU E SERVE PRÁ REFLETIR, QUE A HISTÓRIA CONTINUA É SÓ SABER DECIDIR.

________________________________________________________________________ 114 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 22 NINGUÉM ESTÁ SÓZINHO PEDRA, PLANTA, BICHO, GENTE... VIVEM TODOS NO JARDIM QUE A TODO O MOMENTO SENTE. É PRECISO TER AGORA CONSUMO CONSCIENTE. 23 DO RECURSO RENOVÁVEL, FAZER A ESCOLHA CERTA PENSAR NO QUE É VIVO E TER A MENTE ABERTA, OUVINDO O CORAÇÃO ESTE É UM ALERTA!

________________________________________________________________________ 115 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Narrativa da Preparação dos Remédios Caseiros

________________________________________________________________________ 116 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

A identificação das plantas

COMO CONFUSÕES AO USAR UMA PLANTA? Quando falamos de uma planta, geralmente usamos o nome popular, mas uma mesma planta pode ser conhecida por diferentes nomes dependendo do lugar onde ela se encontra, por exemplo, a Erva de Santa Maria é conhecida no nordeste do Brasil por Mastruz. Às vezes, plantas diferentes recebem o mesmo nome, o que pode causar graves confusões, por exemplo a Espinheira Santa também é conhecida como Cancerosa e é uma planta com baixa toxicidade, entretanto existe outra planta conhecida também como Cancerosa ou Leiterinha que é tóxica e seu látex (“leite” que sai ao retirar galhos ou folhas) pode causar queimaduras quando em contato com a pele.

Nome Popular: Cancerosa ou Espinheira Santa Nome Científico: Maytenus ilicifolia

Nome Popular: Cancerosa ou Leiterinha Nome Científico: Philiberthia cuspidata

As plantas também podem ser conhecidas pelo nome científico, neste caso cada planta tem um só nome científico, que é escrito em latim e é composto por duas partes: a primeira é o gênero e a segunda a espécie, depois vem o nome do autor do nome, que é aquele que identificou a planta pela primeira vez.

________________________________________________________________________ 117 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Assim, a Espinheira Santa pode ter mais de um nome popular, mas tem só um nome científico que é: Maytenus ilicifolia Martius

Gênero

espécie

Autor

Neste livro apresentamos fichas técnicas das plantas medicinais e nelas vemos o nome popular pelo qual elas são mais conhecidas e o nome científico. Quando adquirimos um chá no supermercado ou na farmácia, vamos ver na embalagem o nome popular e o nome científico, por isso toda vez que formos buscar informações sobre uma planta, devemos procurar sempre pelo nome científico, desta forma evitamos confusões. Quando houver dúvidas procure o Departamento de Botânica de uma Universidade. Atenção! Não faça uso de uma planta como remédio, sobretudo se for ingeri-la, sem ter certeza que de se trata da espécie recomendada. Nunca utilize plantas desconhecidas ou de identidade duvidosa, pois podem ocorrer graves acidentes. QUAL A PARTE DA PLANTA DEVE SER USADA? Uma planta é um ser vivo e por isso está constantemente produzindo substâncias que, na planta, cumprem uma função e quando usadas nas pessoas podem ajudar a curar uma doença. Estas substâncias que apresentam atividade farmacológica são chamadas de princípios ativos. Nem sempre os princípios ativos responsáveis pela atividade da planta são conhecidos, embora sua atividade possa ser comprovada cientificamente. Por ser viva, a planta está sujeita à ação do ambiente (luz, água, temperatura, solo e altitude) e pode mudar sua composição, deixando de produzir alguns princípios ativos ou produzindo-os em maior ou menor quantidade.

________________________________________________________________________ 118 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Figura – O Dente de Leão (Taraxacum officinale Weber) altera o tamanho de sua folha de acordo com a altitude (proximidade do sol). Ás vezes uma mesma planta pode apresentar princípios ativos diferentes, dependendo da parte utilizada e portanto tem indicação diferente. Por exemplo, a casca do fruto da Romã é indicada tem ação antisséptica, já a casca do caule tem ação contra a solitária (Tenia solium).

Figura – Os princípios ativos da planta podem se deslocar indo para diferentes partes do vegetal dependendo do seu ciclo evolutivo

________________________________________________________________________ 119 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Como Preparar os Remédios Caseiros? Indicamos pesos e medidas para preparar as diversas formas de uso dos remédios preparados a partir de frutas, ervas e temperos, mas às vezes não dispomos de uma balança em nossa casa. Para medir volumes podemos usar uma mamadeira que vem com a indicação do volume ou então utilizar correspondências aproximadas, como as sugeridas abaixo: Tabela 1 – Medidas caseiras e quantidade de plantas Parte da planta

Colher de Colher de

Copo de

Punhado

sopa

chá

geléia

Planta inteira

5g

1,5 g

12 g

5g

Flores e folhas

3g

0.8 g

7g

2,5g

Raízes, cascas e sementes

10 g

2g

45-60 g

20-25 g

Nas preparações não é aconselhável utilizar panelas de alumínio, ferro, barro ou pedra pois os princípios ativos podem reagir como material da panela, o ideal é que o material seja de vidro, aço inoxidável, esmaltado ou porcelana. Após a preparação e se ela não se destina ao uso imediato, devemos guardá-la em local fresco ao abrigo da luz, por isso potes de vidro transparentes devem ser enrolados com papel, ou utilizar frasco de cor escura. Se puder guarde na geladeira para garantir a qualidade por mais tempo. O frasco ou pote utilizado deve ser bem limpo e se possível deve ser escaldado. Caso a tampa tenha sido utilizada para outra coisa, devemos colocar um plástico na boca do frasco ou pote e depois colocar a tampa. Todos os frascos ou potes devem ser identificados com o nome da planta, o tipo de preparação (xarope, tintura, pomada, etc.) e a data da preparação. Os chás deve ser usados no máximo por 12 horas após sua preparação. Outros cuidados: •

sempre utilizar água filtrada e fervida;

lavar sempre as mãos antes e durante a preparação;

prender os cabelos (se possível use toca ou lenço);

tome banho e use uma roupa limpa antes da preparação;

limpe bem a pia e a mesa antes de começar o trabalho;

verificar se todos os utensílios (copo, faca, colher, panela, pote, vasilha, frasco, etc.) estão limpos. Passar álcool antes de usar na preparação; ________________________________________________________________________ 120 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal •

Se puder escalde os frasco que vão ser usados para guardar os remédios;

As plantas devem ser colhidas em locais que não haja esgoto, água parada, poeira, fuligem de carro, cultivo que use agrotóxico;

As cascas e raízes deve ser lavadas para retirar a terra e secas à sombra;

sempre que possível use plantas frescas, principalmente se for utilizar a folha.

FORMAS DE USO As plantas medicinais podem ser usadas de diferentes maneiras. Esta variedade de formas tem a finalidade de disponibilizar a planta, através do uso do seu extrato, em períodos em que não se tem a espécie fresca ou não é possível obtê-la. Também tem a finalidade de facilitar a ingestão da planta que tem um sabor desagradável (por exemplo, usamos a forma de xarope que pelo sabor doce disfarça o sabor amargo), ou ainda por que os princípios ativos, responsáveis por uma determinada ação terapêutica, são mais facilmente extraídos por um líquido (por exemplo o álcool) do que por outro (por exemplo a água). Apresentamos a seguir as formas de uso encontradas nas fichas técnicas das frutas, ervas e temperos. Salada É uma forma direta de ingerir as plantas medicinais, algumas delas por seu sabor agradável podem ser utilizadas como temperos. Exemplo: Hortelã rasteira, alho e gengibre. Preparação: se prepara com a planta fresca bem lavada, podendo combinar com outras verduras e também serem temperados com azeite e sal. Exemplo de salada - Salada de pera, batata e rúcula Indicação colesterol e pressão sanguínea alta 3 batatas médias cozidas e descascadas 1 pera picada ½ maço de rúcula 1 colher de sopa de cebolinha picada ½ a 1 dente de alho picado 1 colher de chá de gengibre ralado 1 colher de sopa de azeite de oliva ________________________________________________________________________ 121 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal 3 frutos de acerola Use limão para temperar - Alho: ½ a 1 dente de alho por dia diminui cerca de 9% a pressão arterial - Batata: fonte de potássio que auxilia a eliminar o sódio - Rúcula: rico em cálcio - Azeite de oliva: contém óleo insaturado - Gengibre: auxilia na digestão Suco Nesta preparação os princípios ativos encontram-se dissolvidos em água. O suco é obtido batendo a parte utilizada com água, no liquidificador. Deve ser utilizado logo após sua preparação pois pode estragar rapidamente. Exemplo de suco - Suco de tamarindo indicação: laxante Sumo Nesta preparação os princípios ativos encontram-se dissolvidos na água da própria planta. O sumo é obtido cortando pequenos pedaços da planta fresca e triturando-a num pilão até obter uma “papa”. Esta pasta pode ser usada com talou ser espremida com força obtendo um líquido. Deve ser utilizado logo após sua preparação pois pode estragar rapidamente. Exemplo de sumo - Sumo de hortelã graúda Indicação: dor de ouvido Picar e amassar duas folhas de hortelã graúda, com um conta gotas colocar 1 a 2 gotas do sumo no ouvido. Maceração A preparação é obtida deixando a planta "de molho", isto é, em contato por um tempo prolongado com água, álcool, vinho ou óleo a temperatura ambiente (só com o calor do ambiente). Maceração com água Preparação: colocar a planta, que deve estar cortada em pequenos pedaços em um pote limpo e de boca larga. Colocar água, tampar e deixar "de molho" durante a noite. Coar e utilizar. Como esta preparação é feita com água, não é adequado usá-la mais de um dia pois pode ________________________________________________________________________ 122 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal estragar, alterando os princípios ativos ou contaminando com bactérias e fungos. Exemplo: maceração da folha de Boldo Nacional. Exemplo de maceração com água - Macerado de Boldo Indicação: ressaca e problemas digestivos Colocar 1 folha picada em uma xícara, amassar, acrescentar água e deixar de molho por 1 hora, coar e tomar. Maceração com álcool Também chamada de tintura, pois o líquido obtido apresenta cores fortes que lembra tinta e que podem até tingir. Se obtém deixando em contato a planta com álcool durante uma semana ou mais. O álcool utilizado deve ser de boa qualidade, adquirido em farmácias. Procure o álcool para uso farmacêutico. Nunca deve ser usado o álcool para limpeza adquirido em mercados, pois ele tem muitas impurezas que são tóxicas se forem ingeridas. O álcool pode ser obtido a partir da cana de açúcar, mas tem que ter boa qualidade, ou de cereais (que costuma ser mais caro). O álcool pode ser puro ou diluído e a diluição depende do tipo de princípio ativo que a planta tem. Quando não sabemos o grau de diluição do álcool podemos usar a seguinte regra: a) Quando a planta está fresca usamos álcool puro (sem misturar com água); b) Se a planta está seca usamos álcool a 75 a 80%, que corresponde, aproximadamente, a uma diluição de três partes de álcool para uso farmacêutico (96° GL) e uma parte de água fervida. COMO PREPARAR ÁLCOOL DILUÍDO (1 parte de água e 3 partes de álcool) - para preparar meio litro (500 ml) - Medir na mamadeira 125 ml de água e colocar 3 vezes esta medida de álcool.

água

+

álcool

+

álcool

+

álcool

Exemplo de maceração com álcool ou tintura utilizando planta seca - Tintura de arnica -

colocar arnica seca e moída até 1/4 do frasco do pote;

-

adicionar o álcool a 75%, tapar bem e agitar;

-

deixar "de molho" agitando diariamente, por 1 semana. Guardar em local escuro; ________________________________________________________________________ 123 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal -

filtrar usando um papel de filtro do tipo usado para coar café (coador de papel) ou coar usando coador com gaze;

-

guardar em um frasco limpo e protegido da luz, em lugar fresco;

-

colocar um rótulo com o nome da planta, o tipo de preparação, a data e a validade;

-

guardar esta preparação no máximo por 3 meses.

Exemplo de maceração com álcool ou tintura utilizando planta fresca - Tintura de açafrão -

meio vidro de açafrão fresco picado em pequenos pedaços (pode usar o liquidificador);

-

adicionar 1 vidro de álcool a 50%, tapar bem e agitar;

-

deixar "de molho" agitando diariamente por 1 semana. Guardar em local escuro;

-

filtrar usando um papel de filtro do tipo usado para coar café (coador de papel) ou coar usando coador com gaze;

-

guardar em um frasco limpo e protegido da luz, em lugar – fresco;

-

colocar um rótulo com o nome da planta, o tipo de preparação, a data e a validade;

-

guardar esta preparação no máximo por 3 meses.

Cuidado! Pessoas que não podem fazer uso de bebidas alcoólicas, não devem ingerir medicamentos na forma de tintura, mesmo que em pequenas quantidades. Deve-se substituir por outra forma de uso como chá, infusos, decoctos ou macerados com água.

Maceração com óleo O óleo medicinal é preparado deixando a planta em contato com azeite de oliva ou óleo de girassol (este é mais barato e tem menos cheiro), por um tempo prolongado. Exemplo de óleo medicinal - Óleo de camomila Indicação: assaduras, queimaduras do sol, brotoejas. -

colocar flores de camomila secas e moídas até um terço de uma garrafa do tipo pet de dois litros (usadas em refrigerantes);

-

colocar meio copo de álcool, deixar em contato por 12 horas. Após adicionar 1 litro de óleo;

-

deixar em contato por um mês em um local mais quente, agitando todos os dias, ao abrigo da luz;

-

coar usando um pano limpo ou gaze e guardar ao abrigo da luz e do calor;

________________________________________________________________________ 124 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal -

colocar um rótulo com o nome da planta, o tipo de preparação. Não deve ser usado por mais de 3 meses.

Se preferir pode acrescentar flores de Calêndula (Calendula officinalis), na mesma proporção. Infusão ou abafado É um das principais maneiras de utilizar as plantas medicinais, conhecemos também por outro nome - chá. Deixamos a planta fresca ou seca em contato com água quente (que acabou de ser fervida) por uns 10 minutos. Geralmente usamos flores e folhas pois elas "soltam" mais facilmente os princípios ativos na água quente e plantas aromáticas (que tem um odor forte e geralmente agradável). Temperatura elevada e exposição por tempo prolongado podem alterar os princípios ativos ou fazer com que eles evaporem. A infusão serve para ser ingerida ou para ser usada em banhos, compressas, gargarejos, etc. Preparação: colocar duas colheres de chá da planta seca e moída em uma xícara de chá ou copo de geleia. Colocar a água fervente, tapar e deixar por 10 minutos em contato e beber quente ou frio. Exemplo de chá abafado - Chá de colônia Indicação; Pressão alta e tranquilizante. -

lavar e cortar uma folha de colônia em pequenos pedaços;

-

colocar uma vasilha e despejar 1 litro de água fervente;

-

tampar e deixar de 5 a 10 minuto em repouso;

-

coar em seguida;

-

modo de usar: o litro de chá deve ser tomado por dia como se fosse água;

-

conservação: manter na geladeira e renovar o chá todo o dia.

Decocto ou chá cozido Serve para partes duras como cascas, sementes e raízes. Colocar a planta na água fria e levar ao fogo por 10 a 20 minutos. Deixar em repouso por 10 a 15 minutos e coar em seguida. Exemplo de chá cozido - chá de casca de romã Indicação: adstringente, antiinflamatório e cicatrizante - nas amigdalites, rouquidão e inflamação da boca. -

10 g de casca de romã (metade de um fruto) cortado em pequenos pedaços

-

colocar a casca com um copo de água e deixar ferver por 10 minutos

-

modo de usar: fazer gargarejo 3 vezes ao dia ________________________________________________________________________ 125 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Xarope ou lambedor É uma forma de uso açucarada e por isso facilita a administração de plantas com sabor desagradável ou em crianças. Além disso, a grande concentração de açúcar nesta preparação permite a conservação por mais tempo. Exemplo de xarope - Xarope de Guaco, hortelã graúda, vique e copaíba Indicação: tosse, expectorante. -

Bater no liquidificador com meio vidro de água: ♦ meio vidro de folhas lavadas e picadas em pequenos pedaços de guaco1 ou anador, ♦ 15 folhas picadas de hortelã graúda ♦ 15 folhas de hortelã vique

-

colocar na panela e aquecer por 10 minutos, mexendo com frequência e tampando a panela;

-

ainda quente coar em uma gaze ou pano limpo;

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para cada copo de chá ainda quente. Colocar dois copos de açúcar cristal ou açúcar mascavo;

-

mexer até dissolver complemente o açúcar, se necessário aquecer novamente, evitando a fervura;

-

Após esfriar, se quiser pode colocar para cada 2 copos de xarope obtido (tipo copo descartável de refrigerante) uma tampinha de óleo de eucalipto ou óleo de copaíba;

-

Colocar rótulo colocar um rótulo com o nome da planta, o tipo de preparação, a data e a validade. XAROPE DE GUACO, HORTELÃ GRAÚDA, VICK E ÓLEO DE COPAÍBA data: 10/11/2005 validade 1 mês

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guardar em um frasco limpo, protegido da luz em lugar fresco.

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agitar antes de usar e verificar se não tem cheiro de azedo.

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validade: 1 mês se mantido na geladeira

Atenção! Na preparação de um xarope com duas ou mais plantas, estas devem ter ação terapêutica semelhante ou complementar.

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Jardim Medicinal Cuidado! Pessoas diabéticas não devem fazer uso desta preparação. Deve-se substituí-la por outra forma de uso como tintura, chá e macerado em água.

Pomadas Muito utilizada para aplicar sobre a pele por período prolongado. Antigamente, se preparava com graxas animais (por exemplo, banha de porco), mas estas preparações não se conservam por muito tempo. Atualmente, utiliza-se vaselina sólida e lanolina que pode ser comprada com facilidade em Farmácias e Drogarias. Podemos colocar a planta diretamente na mistura de vaselina/lanolina e/ou acrescentar tintura da planta nesta mistura. Exemplo de pomada - Pomada de calêndula, confrei e copaíba Indicação: cicatrizante e anti-séptico -

colocar 1 copinho de cafezinho descartável de flores de calêndula moída e a mesma medida de folhas de confrei picadas, em uma tigela, depois acrescentar quantidade de álcool puro suficiente para “embeber” a planta. Tampar e deixar umas 2 horas “de molho”.

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colocar em outra tigela, que possa ser aquecida, 10 gramas de vela que corresponde a 1 pedaço de vela de 4 cm (sem o barbante) cortada em pequenos pedaços e 100 ml de óleo de cozinha (girassol ou milho) levar ao fogo em banho-maria até derreter a vela.

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despejar a planta na mistura oleosa e deixar aquecendo por 1 hora. Cuidar para não entrar água dentro da tigela. Mexer freqüentemente.

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Cuidado com o fogo! a preparação contém álcool que evapora rapidamente com o calor e pode queimar!

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enquanto estiver quente, coar em uma gaze guardar em pote limpo e de boca larga ao abrigo da luz e do calor.

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pode colocar 2 tampinhas de pasta de dente de óleo de copaíba, depois de coado e quando estiver mais frio, misturando bem.

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colocar um rótulo com o nome da planta, o tipo de preparação.

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validade: 3 meses.

1

O chá de guaco pode ser substituído por tintura de guaco. Para cada meio litro de xarope a ser obtido, usar 100 ml de tintura. ________________________________________________________________________ 127

Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Cataplasma ATENÇÃO ESTA PREPARAÇÃO EXIGE CUIDADO, POIS PODE CAUSAR QUEIMADURAS A planta é aplicada diretamente no local afetado. É preparado geralmente com a planta fresca, quando utilizamos planta seca devemos misturá-la com pequena quantidade de água para amolecer. Devemos observar se a planta não possui pelos que possam irritar a pele ou se a planta tem látex (como um leite) que pode queimar a pele. -

Fazer um chá bem forte (com mais quantidade de planta) e ainda quente colocar farinha, fazendo uma papa grossa;

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Colocar essa papa ainda quente, sobre um pano limpo e depois cobrir o local que deve ser tratado;

-

Cobrir com outro pano;

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atenção observe durante 15 minutos. Se houver formação de bolhas ou incômodo insuportável, suspender o tratamento, retirando o cataplasma.

Exemplo de cataplasma - Cataplasma de gengibre e açafrão Indicação; antiinflamatório, nas artrites -

Colocar um punhado de gengibre e um punhado de açafrão picados em uma vasilha

-

Colocar meio litro de água fervente sobre as plantas

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Colocar farinha de trigo ou de mandioca

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misturar bem até obter uma papa

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Aplicar no local onde há dor, com articulações, nas costas

Trouxinha Utilizamos uma gaze ou um pano limpo, cortado no forma de um quadrado de mais ou menos 4x4 cm e colocamos no meio deste pano um pouco da planta fresca já amassada, isto é, na forma de uma papa. Amarramos bem firme, as quatro pontas e formamos uma trouxinha. Deixamos uma parte da linha utilizada para amarrar mais comprida. Esta forma de uso serve para introduzir na vagina da mulher e o “cordãozinho” fica para fora, como se fora um absorvente íntimo.

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Jardim Medicinal Compressa ATENÇÃO ESTA PREPARAÇÃO EXIGE CUIDADO, POIS PODE CAUSAR QUEIMADURAS. Utilizamos um pano limpo embebido no chá quente da planta, tomando o cuidado para não queimar a pela. Pode ser utilizado o chá frio. Preparação -

fazer um chá bem forte (com mais quantidade de planta) e ainda quente colocar um pano limpo dentro da vasilha

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colocar esse pano embebido com o chá no local que deve ser tratado

-

pode ser usado chá quente ou frio

-

atenção observe durante 15 minutos. se houver formação de bolhas ou incômodo insuportável, suspender o tratamento, retirando o cataplasma

Banho Colocamos a parte que desejamos tratar submersa em um chá da planta. Entretanto, podem haver banhos de corpo inteiro. Nestes casos, geralmente são utilizadas plantas aromáticas, o que torna o banho muito agradável. Algumas vezes podemos colocar algumas gotas de óleo essencial da planta diretamente na água levemente aquecida. Também podemos colocar a tintura na água do banho, numa proporção de 100 ml de tintura para 2 litros de água. Cuidado! Quando utilizar o banho para áreas íntimas (órgãos genitais e ânus) o álcool da tintura pode causar ardência. Bochecho e gargarejo Podemos utilizar o chá ou a tintura diluída em água. Estas preparações ficam em contato com a boca mas não são engolidas.

Inalação ATENÇÃO ESTA PREPARAÇÃO EXIGE CUIDADO, POIS PODE CAUSAR QUEIMADURAS. Preparação -

fazer um cone de papel

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colocar folhas picadas de plantas aromáticas (que tem cheiro) em uma vasilha

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colocar a água fervente sobre as plantas

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colocar o cone de papel sobre a boca da vasilha e aspirar pelo nariz o vapor ________________________________________________________________________ 129 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Exemplo de inalação. -

colocar um punhado de folhas de eucalipto e um punhado de folhas de hortelã vique picadas em uma vasilha

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colocar 1 litro de água fervente sobre as plantas

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usar o cone de papel ou uma toalha e aspirar o vapor

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indicação: antigripal, anticongestionante.

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modo de usar: fazer inalação antes de dormir

Xampu ou sabonete líquido Preparação -

Colocar numa panela dois sabonetes de glicerina picados e 1 xícara de água (pode ser um chá coado) ;

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Aqueça até derreter o sabonete;

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Colocar em meio vidro de tintura da planta

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Retire do fogo mexendo até esfriar;

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Deixe a espuma baixar e guarde num frasco limpo e rotulado Exemplo de Xampu contra queda de cabelos

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1/2 vidro de tintura de alecrim;

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meio copo descartável de cafezinho com tintura de pimenta malagueta;

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dois sabonetes de glicerina picado;

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1 copo com o sumo coado de duas folhas de babosa batidas no liquidificador misturado com água;

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Se tiver glicerina (comprada em farmácia) colocar meio copinho descartável de cafezinho para não ressecar o cabelo;

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Misture tudo conforme a orientação e retire do fogo (cuidado que a tintura tem álcool) mexendo até esfriar;

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deixe a espuma baixar e guarde num frasco limpo e rotulado;

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Modo de usar: lavar o cabelo todos os dias. Se o couro cabeludo arder, diluir a xampu com água antes de usar.

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Jardim Medicinal

Qual a quantidade do remédio caseiro deve ser usada? A quantidade de planta utilizada na preparação das diversas formas de uso, ou a quantidade da preparação a ser utilizada não diferem de uma planta para outra. Com exceção de plantas que possuem princípios ativos que apresentam toxicidade elevada, mas não é o caso das plantas apresentadas neste trabalho. No caso da Erva de Santa Maria e da Romã (casca do caule e raiz) as doses estão especificadas para evitar confusões. Tabela 2 - Relação entre a idade da pessoa e a quantidade de remédio a ser ingerido Idade/Peso

Quantidade de remédio

Crianças de 6-15 meses

1/6 da dose do adulto. Evitar formas alcoólicas. Ficar atento às reações.

Crianças de 2-4 anos

1/4 da dose do adulto

Ou com mais de 10 kg Crianças de 4-6 anos

1/3 da dose do adulto

20 kg Crianças de 7-10 anos

1/2 da dose do adulto

30 kg Adultos com peso superior a 80 kg

5/4 da dose padrão para adultos

Adultos com peso maior de 100 kg

3/2 da dose do adulto

Existem medidas padronizadas para as diversas formas de medir os volumes (abaixo apresentadas) entretanto considerando as colheres e copos mais facilmente encontrados no comércio e utilizados nas residências, verificou-se uma variação e o que foi encontrado encontra-se na tabela abaixo. Tabela de correspondência para medidas caseiras (realizadas com água a temperatura de 30°C)

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Jardim Medicinal Tabela 3 – Relação entre tipos de medidas caseiras e volume Tipo 1 colher de chá

Volume 1,5 ml

1 colher de sobremesa

5 ml

1 colher de sopa

8 ml

1 copo descartável de cafezinho

40 ml

1 tampinha de pasta de dente

1 ml

1 xícara de chá ou 1 copo de geleia

180 ml

Como podem haver variações nos tamanhos da xícara, copo ou colheres é sempre útil medir, antes de realizar uma preparação, os volumes destes objetos. Pode-se utilizar uma mamadeira pequena, como as usadas para dar chás ao bebê, e depois guardá-la para ser usada quando necessário. Assim evita-se confusão nas medidas. Atenção! A mamadeira usada para as preparações não pode ser usada, posteriormente, para o bebê. Plantas medicinais podem ser associadas na preparação do remédio caseiro? É possível misturar duas ou mais plantas medicinais, desde que elas tenham ação terapêutica semelhante ou complementar. Contudo, a associação deve ser estudada com cuidado, pois dependendo do tipo de princípio ativo que cada planta contém, eles podem reagir entre si, como numa reação química onde misturamos duas substâncias e aí surge uma terceira diferente das duas anteriores. As plantas contêm inúmeras substâncias que quando misturadas com outras podem reagir e modificar a ação terapêutica ou mesmo se tornar tóxica, causando algum dano ao usuário. Antes de realizar uma preparação mais complexa como xaropes e pomadas, é aconselhável misturar antes os chás ou tinturas das plantas escolhidas e observar o que acontecem em alguns dias, como a formação de pó que fica no fundo do frasco, ou a alteração da cor ou do cheiro. Se isto ocorrer não é indicado misturar estas espécies vegetais. O número de plantas usadas é outro aspecto importante. Para um princípio ativo ter ação terapêutica, é necessário uma determinada quantidade (dose) e uma frequência de uso. É o que denominamos posologia. Como as plantas contêm princípios ativos em pequenas quantidades, é necessário usar maiores quantidades do vegetal para ter uma dose que promova a ação a terapêutica ________________________________________________________________________ 132 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal desejada, portanto a quantidade de planta utilizada na preparação deve ser observada. Não adianta usar pequenas quantidades de várias plantas, pois haverá pequenas quantidades de princípio ativo de cada planta. Além disso, iremos favorecer o aparecimento de reações químicas entre eles. É aconselhável usar no máximo três plantas por preparação, que devem ser bem conhecidas e testadas previamente.

Por quanto tempo deve ser usado um remédio caseiro? Quando usamos um remédio caseiro o objetivo é resolver o problema para o qual ele está sendo indicado. A utilização adequada requer conhecimento e observação, a fim de evitar ou diminuir os riscos de sua utilização. A intoxicação ocorre quando a dose do remédio é excessiva ou quando o organismo não consegue eliminar. As crianças são as principais vítimas das intoxicações, pois elas podem ter acesso ao remédio e usá-los por descuido ou brincadeira. Por isso, mantenha os remédios ou plantas com maior toxicidade longe do alcance das crianças! As pessoas de mais idade também podem sofrer intoxicações pelo uso do remédio, pois o metabolismo já se encontra algumas vezes alterado. É necessário observar as reações que ocorrem após o uso do remédio, sejam elas benéficas ou indesejadas. Muitas reações acorrem imediatamente após o uso do remédio e por isso é mais fácil identificar a causar, outras reações aparecem com o uso prolongado e muitas vezes não são associadas. Existem algumas pessoas que ainda pensam que “planta medicinal é natural, por isso não faz mal”, mas é um engano pois elas podem causar efeitos colaterais e até interferir na ação de outro medicamento, ocorrendo interações medicamentosas. Nessa situação pode ocorrer que cada tipo de remédio exerça sua ação mas também pode ocorrer que a ação de um interfira a ação do outro ou até fazendo surgir outros efeitos indesejados. Quanto mais remédios ingeridos, maiores as possibilidades de ocorrer interações e efeitos indesejados. Alguns medicamentos habituam o organismo a seus efeitos e com o tempo este organismo acostuma, ocorrendo a tolerância e para ter o efeito desejado tem que se aumentar a dose. Por isso é aconselhável não fazer uso de uma planta medicinal por um período prolongado e se for necessário continuar o tratamento, deve-se substituí-la por outra espécie com a mesma ação. Algumas plantas podem desenvolver reações alérgicas pois a pessoa é sensível às substâncias que a planta contém. Esta sensibilidade não está relacionada com as propriedades ________________________________________________________________________ 133 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal farmacológicas da planta, mas com as reações imunológicas (defesas) da pessoa que a esta usando. Existem diversos tipos de reações alérgicas, algumas mais suaves, outras mais graves e ocorrem na pessoa que já usou a planta anteriormente ou que foi tratada com uma planta que contenha aquelas substâncias que causam a alergia. Por isso todo cuidado é ainda pouco na preparação e uso de remédios caseiros feitos com plantas medicinais.

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Jardim Medicinal

Narrativa do Cultivo do Jardim Medicinal

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Jardim Medicinal

Jardim Medicinal e Sustentabilidade Ambiental O jardim é um tipo de sistema de cultivo de pequenas áreas ao redor das residências, representa um mosaico de diferentes ambientes, servindo à criação de animais domésticos, cultivo de plantas ornamentais, frutíferas e medicinais. Ao cuidarmos do jardim, da casa e do nosso corpo, mudamos o nosso ambiente interno e consequentemente, iniciamos uma transformação do ambiente externo, isto é, do portão para fora do quintal, pois a interação com os vizinhos pode multiplicar estas ações, possibilitando que cada pessoa se torne um educador ambiental. O uso de quintais para o cultivo é uma prática antiga e sua retomada na cidade tem gerado resultados muito positivos. O espaço do portão para dentro do quintal pode ser um espaço que contribui para a segurança alimentar e medicinal da família, possibilitando bons vínculos com a vizinhança, com a valorização deste conhecimento e seu repasse de geração a geração. Podemos cultivar o nosso jardim de uma forma mais sustentável econômica e ambientalmente. A economia de água, o uso de resíduos que se tornaria lixo (garrafas pet, latas caixas de leite longa vida podem ser vasos ou formar canteiros) e a transformação de restos de alimentos em composto orgânico, são exemplos a serem seguidos. Assim, possibilitamos a diminuição da “pegada ecológica, isto é, da quantidade de terra biologicamente produtiva e a área de água necessária para produzir os recursos consumidos por um indivíduo, uma população ou uma atividade qualquer e para absorver o resíduo que é gerado” (WWF, 2006), ao produzirmos “remédios” nos jardins medicinais, também estamos estimulando a diminuição da necessidade da produção industrial de medicamentos. Qual é o custo ambiental da produção de 100 kg diclofenato de sódio, um antiinflamatório muito utilizado e produzido sinteticamente? Qual sua pegada ecológica? Qual o custo ambiental do manejo de 100 árvores de Copaíba ou Pau d’Óleo que encontramos na floresta? Qual a pegada ecológica de 100 litros de óleo de copaíba utilizados na produção de cápsulas para o tratamento da artrite? Qual a pegada ecológica do plantio de Açafrão no jardim medicinal da sua casa? Respostas a estas perguntas indicam estratégias de sustentabilidade mais eficazes, convidam à participação e estimulam a capacidade humana na solução de problemas sociais e ambientais. Os educadores, farmacêuticos, médicos, enfermeiros, ecologistas, biólogos, agricultores, gestores de recursos e demais profissionais envolvidos da cadeia produtiva podem encontrar formas de aumentar a biocapacidade da Terra sem colocar mais pressão na biodiversidade e no solo, evitando tecnologias com riscos significativamente negativos para o futuro e fortalecendo a mudança para uma produção sustentável. ________________________________________________________________________ 136 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

A Formação do Jardim Medicinal

Qual o local mais adequado para o jardim medicinal? O local deve ser plano ou levemente inclinado (para não encharcar), aberto (para receber luz do sol), não deve ser exposto ao vento. Estar próximo a uma fonte de água, facilita o trabalho. A terra deve ser fértil e livre de contaminações por esgoto, entulho, embalagem, detritos industriais, entre outros. Se o terreno for muito inclinado, será preciso fazer “curvas de nível”, isto é, construir “degraus” para o plantio, no sentido contrário à descida das água, evitando a erosão. Jardim medicinal em quintais pequenos e apartamentos Quando há pouco espaço no quintal para fazer o jardim medicinal podemos optar por um jardim suspenso ou pelo jardim em espiral. Ambos contemplam aspectos como diversidade, consórcio de espécies, efeitos de microclimas e drenagem. O jardim medicinal suspenso pode ser feito utilizando bacias, latas de tinta de limpas (sem resíduos de tinta ou solvente) e caixas de madeira (com menor durabilidade), constituindo jardineiras colocadas em prateleiras, muretas, peitoris ou suspensas com correntes (em vários “andares”). Neste caso é importante observar a necessidade de luminosidade e umidade de cada planta, colocando as que necessitam de mais luz e menos água no “andar de cima” e as que necessitam de menos luz e mais umidade no “andar de baixo”.

Que tipo de ferramentas e utensílios são necessários? Algumas ferramentas são básicas e o trabalho é facilitado quando dispomos de: enxada, pá, ancinho, pá de transplante, tesoura de poda, regador de furos finos e carrinho de mão.

Quais os cuidados básicos com o local? A primeira tarefa é a limpeza do terreno, retirando tocos, pedras e sujeiras. Depois vem a marcação do local para dispor os canteiros e o local da compostagem, de forma adequada, dependendo do tamanho do espaço e da criatividade de cada um, de forma a termos um jardim visualmente agradável. ________________________________________________________________________ 137 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal O canteiro pode ser construído com tijolos, mas outros materiais podem ser usados como pedras, telhas e garrafas pet (enterradas e viradas com a boca para baixo). A terra do canteiro tem que ser revolvida até uns vinte centímetros (um palmo) de profundidade e deve ficar com uma elevação do solo de quinze a vinte centímetros, caso seja necessário deve-se completar com mais terra. Para cada metro quadrado, colocar uma lata de vinte litros de esterco curtido, misturando bem. As covas devem ter, no mínimo, um palmo de profundidade por um palmo de largura e serem preparadas vinte dias antes do plantio da muda. Ao fazer o buraco no chão, separar a parte de cima da terra (um pouco menos de um palmo) e misturá-la com composto orgânico ou esterco curtido. Esta mistura vai para o fundo da cova. O restante da terra é colocada por cima. Aguar diariamente até o dia do plantio.

Como produzir mudas das plantas medicinais? Pode ser a partir de sementes ou de estacas. O local para a produção de mudas deve ser sombreado e pode ser feita utilizando latas, copos plásticos descartáveis, caixotes, sacos de plásticos, caixas de leite longa vida e garrafas pet, com isso já reaproveitamos materiais que iriam para o lixo. A terra utilizada para a produção de mudas deve estar livre de pedras, vidros, pedaços de pau e torrões, ela é preparada com uma parte de areia, uma parte de barro e uma parte de esterco bem curtido. Depois de pronta, enchemos os sacos e aguamos. Quando formos utilizar sementes, estas devem ser selecionadas, não utilizando as malformadas, cortadas, quebradas, chochas e doentes. Se for feita a semeadura em sulcos, as linhas devem ser transversais ao canteiro, isto é, não é para fazer no sentido do comprimento, e tem que ter uma distância de um palmo e a profundidade de um centímetro. O canteiro deverá ter uma proteção contra o sol e a chuva, para isso poderão ser usadas folhas de bananeira ou de alguma palmeira. A terra deverá estar sempre úmida. A cobertura deve ser retirada aos poucos para que as mudas se adaptem e endureçam até se tornarem resistentes. Quando formos utilizar estacas, brotos ou raízes têm que aguardar de vinte a trinta dias para o enraizamento até que as primeiras folhas apareçam. !

Brotos – são plantas novas que surgem por baixo do tronco ou caule das plantas

velhas. A babosa e a colônia se multiplicam desta forma. O broto tem que ter pelo menos ________________________________________________________________________ 138 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal um palmo de comprimento e com raízes. Antes de retirar o broto, devemos aguar bem o local e com uma faca limpa separar o broto da planta-mãe, colocando no saco plástico com terra. !

Ramos enraizados – são caules que formas raízes a medida que vão se

alastrando pelo chão, como por exemplo o Anador e a Hortelã rasteira. Para fazer a muda, separe um pouco de ramos com raízes, plantando rapidamente em um saco plástico com terra. !

Estacas – Os galhos são cortados da planta-mãe, como no caso do Boldo

Nacional, Alecrim e Alfavaca, e devem ter pelo menos um palmo de comprimento. Retirar as folhas mais velhas da base do ramo e plantar nos sacos com terra. Quando o galho não pega com facilidade diretamente na terra (exemplo: Romãzeira), podemos fazer a mergulhia, que consiste em cortar uma parte da casca do caule onde se quer que tenha as raízes e colocar no chão ou no saco com terra, fixando com uma forquilha e cobrindo com terra. Após o enraizamento separar a muda da planta-mãe.

Quando transplantar a muda? Quando a muda for obtida a partir de sementes, estará pronta para o transplante quando tiver quatro ou seis folhas definitivas. No caso de estacas, brotos e raízes, a muda deverá ter crescido pelo menos de um palmo. O melhor horário para o transplantio é no início da manhã, bem cedo e o local deve estar bem aguado. As mudas devem ser retiradas com cuidado da embalagem usando tesoura para cortar ou uma pá para transplante. As raízes não devem ficar expostas e nem serem quebradas. A muda deve ser enterrada na mesma altura em que estava anteriormente. Após o plantio aguar novamente o local. Quando a semeadura ocorre no local definitivo, devemos retirar o excesso de plantas, para que elas tenham o espaçamento correto, escolhendo as mais sadias e bonitas.

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Jardim Medicinal Como produzir composto orgânico no quintal? O material de compostagem quanto mais variado e menor o tamanho, mais rico e rápido será de fazer. Restos da cozinha, esterco de animais (galinha, vaca e cavalo) folhas secas e grama podem ser utilizados na produção. O local pode ser um canto do quintal ou até mesmo uma caixa. Faça uma pilha misturando as folhas secas com o material fresco e depois regue até que a pilha fique úmida. Espere quatro dias e coloque no meio da pilha um pedaço de cano de metal, deixe uns dez minutos e retire, verificando a temperatura do cano. Se estiver quente, está tudo bem! Revire a pilha pelo menos três vezes durante o processo, para permitir a entrada de ar. A primeira deve ser aos sete dias do início, depois aos vinte dias, e a terceira revirada aos trinta dias, aproximadamente. Nesta época o composto estará “frio” e poderá ser usado após quarenta dias desde o início da produção. Durante o processo a pilha tem que estar úmida. Para saber se a quantidade de água está correta, basta apertar um punhado do composto com a mão, se escorrer água tem muita umidade. O composto deve estar úmido sem estar escorrendo água. Para evitar a presença de moscas ou odores, coloque uma camada fina de terra ou serragem sobre a matéria orgânica e mantenha a composteira sempre coberta com um plástico.

Como controlar as pragas e as doenças das plantas medicinais? As plantas medicinais têm maior resistência às pragas e doenças, pois elas produzem os próprios princípios ativos para se defender, na maioria das vezes. Entretanto, há situações em que a planta encontra-se sob estresse, devido a bruscas mudanças climáticas ou interação com outras espécies de plantas e/ou animais, e ela torna-se mais suscetível ao ataque das doenças. Para as plantas medicinais não são aceitos o uso de agrotóxicos e o controle deve ser feito por métodos naturais, físicos ou mecânicos, integrados com o manejo do solo e a nutrição das plantas, a fim de que ela recupere sua sanidade. Uma grande área de plantas da mesma espécie facilita o surgimento de pragas e doenças, portanto a consorciação, isto é, o cultivo de várias espécies no mesmo local, respeitando suas especificidades (há espécies que inibem o crescimento de outras, ou deixam de produzir princípios ativos) reduz o risco.

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Jardim Medicinal Há maneiras preventivas, como a seleção do local do plantio. Áreas com exposição sul/sudeste favorecem o aparecimento de doenças pois tem mais vento, menor tempo de insolação, maior umidade e incidência de ventos. Terrenos muito inclinados, com as chuvas, facilitam a disseminação de doenças pelo solo. O uso de sementes, estacas e raízes de plantas sadias também proporciona um jardim mais saudável. Plantas muito próximas podem produzir um ambiente desfavorável para o aparecimento de doenças e quando muito distante favorecem o desenvolvimento de plantas invasoras que atraem certas pragas e doenças. Por isso é bom respeitar o espaçamento que cada planta exige. Medidas e receitas caseiras para o combate de pragas e doenças !

Solução de água e sabão: cinco litros de água com uma colher de sopa de sabão

raspado. Pulverize as plantas atacadas duas vezes pó semana. Indicado para combater pulgões, cochonilhas, formigas, tripses, vaquinhas, alguns ácaros, lagartas pequenas e alguns percevejos. ! Macerado de fumo: 10 cm de fumo de corda picado, quatro copos de álcool e um copo de água. Deixe de molho por 10 dias e coe. Pra usar deve ser usado, devem-se misturar dois copos do macerado com dez litros de água e três colheres de raspa de sabão. Serve para combater pulgões, cochonilhas de carapaça, ácaros e lagartas; !

Cravo de defunto: quando plantado nas bordas dos canteiros evita o

aparecimento de nematoides; ! Losna: fazer um chá com 300 gramas de folhas secas e meio litro de água, pulverizar as plantas. Afasta lesmas e lagartas. Aplicar com brocha d pedreiro nos troncos e galhos mais grossos; ! Calda Bordaleza (sulfato de cobre e cal): Combate algumas bactérias, algas, barbas, musgos, liquens, míldio, oídio e outros fungos. Para preparar usa-se 1 quilo de cal virgem diluído em um litro de água quente, um quilo de sulfato de cobre diluído em um litro de água,. Esperar até que a solução esfrie e misture as duas pouco a pouco com 10 litros de água. Aplicar com uma brocha de pedreiro nos troncos e galhos mais grossos, evitando as folhas; ! Pimenta vermelha: triturar e misturar com água e sabão (em barra ou líquido), pulverizar as plantas. Age como repelente; ! Arruda: o chá das folhas combate o pulgão; ________________________________________________________________________ 141 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal ! Gergelim: quando cultivado próximo ao jardim é utilizado pelas formigas como alimento, entretanto é tóxico para elas; ! Alho: pulverizar para combater os pulgões, um macerado de quatro dentes em um litro de água. ! Pasta de argila, esterco, areia e chá de camomila: misturar partes iguais destes ingredientes até obter uma pasta, que deverá ser usada na proteção do local onde foi cortado o galho. Qual o momento correto de coletar uma planta medicinal para preparar os remédios? O horário mais adequado é aquele em que ela tem maior quantidade de princípios ativos na parte que vai ser utilizada. A parte a ser colhida deve estar sadia, sem manchas e sem poeira (principalmente de fuligem de carro) e não devem ser amontoadas e nem amassadas. As ferramentas utilizadas devem ser limpas antes e depois da colheita. É necessário saber em que parte da planta há maior quantidade dos princípios ativos e em que época do ano que esta parte deve ser coletada. Algumas plantas apresentam o mesmo princípio ativo em mais de uma parte. Por exemplo:

Nome Popular

Nome Científico

Parte Usada

Camomila

Matricaria recutita Rausc.

Flores

Época de Coleta Antes das flores abrirem totalmente

Erva doce

Pimpinella anisum L.

Fruto

Quando estiver desenvolvido

Malva

Malva sylvestris L.

Flores e Folhas

Antes das flores abrirem totalmente

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Jardim Medicinal Coletamos a parte da planta quando seu metabolismo faz com que a quantidade de princípios ativos esteja maior naquela parte. De uma forma geral a coleta de:

Folhas: adultas, verdes e sadias devem ser antes da floração, quando

começam

a

despontar

os

primeiros

botões;

preferencialmente até as 10 horas.

Flores: Flores devem ser coletadas no início da floração, quando abrirem-se completamente, deve-se observar quando as abelhas estão indo na flor, pois depois da polinização a flor já começa a "virar" fruto e os princípios ativos podem se deslocar;

Raízes, rizomas e tubérculos: no final do período de crescimento da planta, quando estivem em pleno desenvolvimento. Devem ser lavados e secos;

Frutos: quando estiverem completamente desenvolvidos, no início da maturação;

Sementes: espera-se o final do ciclo da planta, quando elas estão prontas para serem semeadas. Devem estar maduras, sadias e secas;

Cascas e entrecascas do tronco: devem ser retiradas na época mais seca e preferencialmente antes da floração. No período de chuva elas acumulam muita água;

Partes aéreas (que ficam acima do chão): coleta-se a planta toda quando estiver no início da floração com os primeiros botões e não arrancamos a raiz;

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Jardim Medicinal Atenção! Quando coletamos folhas, nunca tirar mais da metade das folhas existentes na planta. Quando coletamos flores, frutos e sementes, deixar uma quantidade tal que permita a multiplicação da espécie. Quando coletamos cascas, nunca coletar ao redor do tronco, somente em um dos lados; Não devemos coletar plantas com doenças (manchas, fungos, etc.) ou com insetos, pois podem ser prejudicial a nossa saúde;

Devemos utilizar ferramentas adequadas, para que não prejudiquemos a planta coletada e nem a que fica viva (pois facilita a cicatrização do corte). Usamos tesoura para folhas, flores e frutos, facão para as cascas, pá para as raízes que devem ser retiradas inteiras, quando possível e depois lavadas;

Figura – As raízes devem ser lavadas para retiram a terra Quando não houver muita quantidade de planta no lugar da coleta, devemos coletar somente uma quantidade que permita que a planta se desenvolva e continue se multiplicando; ________________________________________________________________________ 144 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Figura - O local de coleta deve ser limpo, longe de indústrias, de esgotos, de ruas por onde passem muitos carros, pois as plantas podem estar contaminadas.

Se as plantas são coletadas na região rural, devemos ter certeza que não foi aplicado pesticidas nas proximidades. No cultivo de plantas medicinais, nunca são usadas defensivos agrícolas. As pragas devem ser controladas utilizando defensivos naturais adequados a cada caso (como folha de fumo com água e sabão, gergelim, etc.) Devemos trocar o local de coleta de um ano para outro, para que as plantas tenham tempo de recuperar-se; O material colhido não deve ser amontoado, pois pode causar o emboloramento e não deve ser colocado diretamente no chão; Cada espécie de planta deve ser coletada separadamente evitando as misturas e possíveis confusões já que depois de colhido é mais difícil sua identificação.

Figura – Não se deve amontoar várias plantas num mesmo local

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Jardim Medicinal Como secar as plantas após a colheita? A secagem é uma etapa muito importante para a conservação das plantas. Ao diminuir a quantidade de água na planta evitamos a fermentação e o aparecimento de fungos e bactérias. Quando as plantas estão secas elas ficam com uma cor mais fraca e ficam mais quebradiças. Como regra geral, uma planta perde de 50 a 70% de água, ou seja coletamos 10 quilos de planta e depois de seca, obtemos de 3 a 5 quilos.

Figura – A planta fresca tem o dobro do volume da planta seca Somente raízes e rizomas podem ser secos ao sol, as demais partes das plantas devem ser secas na sombra. Podemos secá-las pendurando-as através de uma corda, ou colocá-las em uma bandeja que tenha no fundo uma tela por onde passe o ar, facilitando a perda de água. Durante a secagem as plantas devem ser protegidas de insetos, de poeira e do orvalho da noite. Devem ficar em local bem ventilado. Pode ser construído um local próprio para secagem, utilizando telhas de zinco ou amianto. A cumeeira deve ficar no sentido Norte/Sul para que o telhado peque sol o dia inteiro. A construção pode ter paredes vazadas e protegidas por tela.

________________________________________________________________________ 146 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Figura – A secagem pode ser ao ar livre ou em casas de secagem que funcionam como estufas Outra alternativa é a construção de uma estufa de madeira com lâmpadas incandescentes pois elas produzem o calor necessário para a secagem. O número de lâmpadas e a potência devem estar de acordo com o tamanho da estufa. Por exemplo para uma caixa de 60 centímetros de altura, 60 centímetros de profundidade e 60 centímetros de largura, podemos colocar uma prateleira no meio (que deve ser feita com tela metálica para poder passar o calor e favorecer a secagem) e duas lâmpadas de 60 watts em cada lado da caixa (duas na parte de cima e duas na parte de baixo da prateleira). Durante a secagem devemos mexer nas plantas para que as partes que ficam mais em baixo possam secar.

Como guardar adequadamente as plantas?

Depois de secas as plantas devem ser guardadas. A forma de armazenagem depende da quantidade de planta e do destino da produção. Se a produção é grande e destina-se a comercialização, devemos armazenar em sacos de juta com malha fina ou algodão e que nunca foram usados para outra coisa. Para encher o saco devemos colocar as plantas delicadamente para não esmigalhar o material. Não devemos colocar plantas aromáticas (com cheiro forte) perto uma da outra. Os sacos devem ser amarrados e colocados longe do chão (pendurados, em estrados ou prateleiras).

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Jardim Medicinal Pequenas quantidades de plantas podem ser guardados em potes de vidro bem limpos e com a tampa sem cheiro, podemos colocar um plástico na boca do pote e depois colocar a tampa. Quando a tampa já foi utilizada antes, devemos limpá-la bem para que não tenha cheiro. O pote e a tampa devem ser desinfetados, usando uma mistura de três partes de álcool e uma parte de água fervida. Esfregar com um pano limpo, deixar secar e repetir mais duas vezes.

Como as plantas sempre tem uma certa quantidade de água, mesmo estando aparentemente secas, devemos abrir os potes regularmente para verificar as condições da planta (se tem cheiro ruim, cor diferente, manchas). Os potes que são de vidro transparente deixam passar a luz e ela pode alterar os princípios ativos, por isso é bom enrolar um pedaço de papel (sem cheiro) no pote.

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Jardim Medicinal

Narrativa Acadêmica da Poética Cordelista

________________________________________________________________________ 149 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

A Poética Cordelista como Forma de Aproximação e Sensibilização A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, inicialmente de expressão oral, e depois impressa em folhetos rústicos expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que originou o nome. O cordel é escrito em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras ou figuras, que podem ser desenhadas ou resultantes de colagens, demonstrando o imaginário popular. A história da literatura de cordel inicia na Idade Média, com o romanceiro luso-espanhol. No Brasil, são os portugueses que trazem o cordel na segunda metade do século XIX, sendo amplamente difundida no Nordeste, mas também encontrada na região Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Por que utilizar o cordel como forma de sensibilização na educação ambiental para a saúde? Os temas da literatura em cordel incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas e temas religiosos e a linguagem utilizada é bastante simples, com os traços da fala coloquial, e próxima do modo de falar do povo. O cordel divulga a arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais, por isso é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais. Desperta a curiosidade e a discussão entre os estudantes sobre os mais variados temas educativos, portanto é uma opção para o processo de ensino-aprendizagem, pois a memória coletiva popular expressa valores, acontecimentos, fatos e situações que são vivenciados e reelaborados quotidianamente pelos grupos sociais, constituindo assim, a identidade cultural dos mesmos (QUARESMA NETO, 2001). A memória coletiva popular expressa valores, acontecimentos, fatos e situações que são vivenciados e reelaborados quotidianamente pelos diversos grupos sociais, constituindo assim, a identidade cultural dos mesmos. A transmissão oral da medicina popular, baseada no uso de plantas medicinais é a expressão da visão que a comunidade tem de suas vidas e do processo saúde-doença. A memória das relações ser humano-planta mantém a história atual e dinâmica. São tantos as tentativas ao longo do tempo no sentido de desvalorizar este conhecimento popular e tradicional, que se não fosse a oralidade e a memória do povo, muito elementos

________________________________________________________________________ 150 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal culturais como conhecimento das espécies curativas e suas formas de uso, costumes, lendas, rituais, etc., já teriam desaparecido do convívio de vários grupos sociais. Partindo desse pressuposto, percebemos que a educação ambiental formal e não formal tem mostrado indicativos no sentido da valorização deste conhecimento, que constitui um verdadeiro patrimônio imaterial de novo povo, incluindo-o de forma transversal nos conteúdos a serem

tratados

durante

o

processo

formativo,

ainda

que

de

forma

tímida.

O uso da poética cordelista como forma lúdica, inicialmente de sensibilização e informação e, posteriormente de gestação, através da elaboração de cordéis construídos com a linguagem local e com a temática que aflora e expõe as contradições e anseio da comunidade é uma das formas de trabalho e expressão da educação ambiental, possibilitando a mobilização e a intervenção futura nas questões que afloram e são pertinentes a saúde. Como se faz um cordel? Esta modalidade da literatura popular apresenta uma estrutura formal muito simples, os folhetos são escritos em sua maioria em versos de sete sílabas poéticas ou sete pés com estrofes de seis e sete versos. Os autores recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados geralmente por viola. A evolução da literatura de cordel no Brasil não ocorreu de maneira harmoniosa. Os primeiros repentistas não tinham compromisso com a métrica e com o número de versos para compor as estrofes, regras que devem ser seguidas, pois como é lida ou cantada a beleza rítmica e a sonoridade são importantes. Atualmente, a literatura de cordel é escrita em composições que vão desde os versos de quatro ou cinco sílabas a versos com onze sílabas. Para contar as sílabas de um verso temos que juntar as palavras em número prefixado de pés (silaba métrica), os mais comuns são os de seis, sete, oito, dez e doze pés. O verso mais comum, mais espontâneo é o de sete pés. A sextilha (estrofe de seis versos) é a mais consagrada pelos autores, sendo mais indicada para os longos poemas e tem o segundo, o quarto e o sexto versos rimando entre si, deixando órfãos o primeiro, terceiro e quinto versos. Muito utilizada nos combates poéticos, nas longas narrativas, nos folhetos de época e nas sátiras políticas e sociais. O verso é um setissílabo, porque só contamos sete sílabas, sendo a última tônica. Se colocarmos uma silaba a mais ou a menos em qualquer dos versos, fica dissonante e perde a beleza e harmonia.

________________________________________________________________________ 151 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Vale lembrar que quando a palavra seguinte inicia com vogal, dependendo do caso, pode haver a junção da sílaba da primeira com a segunda. Para verificar a quantidade de sílabas podemos contá-las nos dedos. Vejamos neste trecho do cordel Jardim Medicinal: Por | i | sso | fa | lo a | go | ra 1

2

3

4

5

6

7

De | um | jar | dim | me | di | ci | nal 1

2

3

4

5

6

“De + um” formam uma sílaba poética

7

Pra | ga | nhar | mais | sa | ú | de 1

2

3

4

5

6

7

Com | a e | du | ca | cão | am | bien | tal “Com + a + e” formam uma sílaba poética 1

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3

4

5

6

7

Um | can | tei | ro | sem | de | mo | ra 1

2

3

4

5

6

7

Fa | ça | lá | no | seu | quin | tal 1

2

3

4

5

6

7

________________________________________________________________________ 152 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Educação Ambiental para a Saúde

________________________________________________________________________ 153 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Como o Jardim Medicinal pode se tornar uma Estratégia da Educação Ambiental para a Saúde? O Jardim Medicinal é uma das estratégias da educação ambiental para a saúde através da formação de hortas medicinais familiares nos quintais das casas ou de hortas comunitárias, proporcionando o uso racional de plantas medicinais na atenção à saúde para a melhoria da qualidade de vida e o fortalecimento de uma sociedade sustentável. A maioria das pessoas utiliza a medicina popular ou tradicional e nelas as plantas medicinais, pois dependem em grande parte desta prática por não terem acesso ao médico ou ao medicamento ou por influência cultural. Há no mundo 1,2 bilhão de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza, onde o Brasil representa a 10ª economia mundial e tem um índice de desenvolvimento humano de 0,792 (63º lugar), com uma esperança de vida de aproximadamente 70 anos. Da população brasileira, 70% não tem acesso ao médico ou ao medicamento e 48% dos medicamentos vendidos são adquiridos por 15% da população, com renda acima de 10 s.m. (DE LA CRUZ, 2005). Em contra partida o Brasil, que apresenta uma das maiores biodiversidade do planeta e representa o 10º mercado farmacêutico (em consumo de medicamentos), sendo que 90% das matérias primas utilizadas para produção dos medicamentos são importadas. Será que essa população que não tem acesso ao medicamento, não adoece? Se adoecer, como ela se trata? Porque importamos tanto, sendo que temos recursos naturais para a produção de medicamentos? Respostas a estas perguntas demonstram que todo cidadão ou cidadã tem o direito de escolher o tipo de terapia que deseja utilizar, bem como o medicamento seja ele alopático, homeopático ou fitoterápico. O que deve ocorrer é o direito de qualquer ter o medicamento disponível no Sistema Único de Saúde. Isto está na Lei, é constitucional! Evidentemente, o não acesso ao medicamento é um fator de exclusão e de vulnerabilidade social, pois por falta de tratamento ocorre o agravamento do quadro patológico, impedindo progressivamente de exercer sua cidadania livremente. Ao mesmo tempo a indústria farmacêutica, insiste massivamente em tornar um mito o uso dos remédios populares, a tal ponto que perdem a credibilidade é só observar as propagandas na televisão de medicamentos para gripes e resfriados. O que “funciona” não é o chá de alho com mel é o tal comprimido de analgésico que se ingere junto com o chá, “pois tomou a dor sumiu”. Portanto, informar quanto ao uso de plantas medicinais contextualizando-as na rede da vida torna as pessoas mais soberanas de suas ações.

________________________________________________________________________ 154 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal Em todo bairro existem casas com jardins que são especialmente ricos em flora medicinal, geralmente nas residências de praticantes da medicina popular. Quando necessitam, buscam espécies em locais mais distantes, ou trazem mudas dessas regiões para cultivarem em seus quintais, colaborando para a propagação de espécies de seu interesse aumentando a diversidade. Essas pessoas, detentoras deste conhecimento de cura e de cultivo, são sempre procuradas por vizinhos e tornam-se verdadeiros agentes de saúde e de educação. Ações como estas podem e devem ser multiplicadas, ampliando a corresponsabilidade social de todos, já que o jardim é um local de intenso convívio social, de estreitamento de laços de amizade através da circulação de seus produtos entre a vizinhança ou ainda um elo um elo religioso entre as pessoas, a natureza e sua espiritualidade. Em alguns lugares e em tempos remotos, os jardins existentes nos quintais familiares estavam ligados a experiências emocionais intensas e eram empregados também como uma finalidade terapêutica, como lugares para aliviar a dor ou para assistir às pessoas com dificuldades de orientação e equilíbrio, pois propiciavam uma sensação de bem-estar. Assim ao consideramos o quintal ou jardim um espaço de vida, onde tudo está interligado como em uma teia e quando lidamos com as plantas (ambiente externo) trabalhamos também nosso ambiente interno, pois estamos todos e tudo compartilhando o mesmo Meio Ambiente. Não há hierarquia, somos interdependentes, cada intervenção num ponto da teia, mexe em outro, mesmo que estejam em lados opostos e distantes. Todos os seres - vivos e não vivos - são companheiros nesta caminhada da vida, em qualquer uma de suas dimensões (física, emocional, mental e espiritual). Tudo interage e são estabelecidas dinâmicas conexões. A cada desequilíbrio ocorre um novo equilíbrio, a fim de manter a homeostase, a Vida. Lidamos, no cotidiano com plantas e animais, seres micro e macroscópicos, nos jardins, cidades, floresta e campo, toda esta estrutura constituída podemos chamar de “Teia da Vida” e, portanto somos corresponsáveis pelas ações. Seres viventes ou não viventes, simples ou complexos, mecânicos ou orgânicos geram e consomem energia, interagem e transformam tudo, todos e a si mesmos como numa eterna “metamorfose ambulante”. Quando pensamos na planta medicinal inserida na cadeia produtiva, associamos a imagem à sua ação utilitária: o uso medicinal1 que levará à cura da doença2. Iniciando-se, por exemplo, pelo cultivo3 é necessário pensar nos insumos utilizados como a água4, fertilizantes5 e substrato6. Para a formação das mudas, a partir de sementes7 necessitamos de recipientes8 e luz do sol9 para germinar. Após o transplante, a planta cresce até a época da colheita10, onde a parte da planta11 a ser coletada e a forma de beneficiamento12 devem estar previamente ________________________________________________________________________ 155 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal definidos para que a planta chegue com qualidade a industria13 que produzirá o medicamento14, sendo este distribuído em farmácias15 públicas ou privadas e entregue ao usuário16. Portanto, ao fazermos o exercício visual de uma teia multidimensional, com o exemplo do texto acima, onde cada palavra chave numerada (quadro 1), representa um ponto de encontro (conexão primária) que dele derivam outras conexões (secundárias). Percebemos que o tema planta medicinal é transversal à vários olhares, saberes e fazeres, possibilitando a discussão da questão ambiental em quase sua totalidade através da cosmo visão que a educação ambiental propicia. Ao estabelecer uma relação utilitária e antropocêntrica com o meio (isto significa dizer que o ser humano se coloca no centro de tudo e tudo está a sua disposição), nos condenarmos a extinção direta ou indireta. Muitas destas espécies vegetais já estão nesse processo, sem poder dimensionar quantas espécies já foram perdidas e, consequentemente, quantas curas de doenças deixaram de existir por não haver o medicamento adequado. O tema Plantas Medicinais é transversal e permeia várias áreas do conhecimento, sendo, portanto um caminho para a educação ambiental e para a educação em saúde, tanto no espaço escolarizado como no não escolarizado, como para aqueles que tem poder de compra ou para os que não tem, adquirindo diretamente da natureza. O estabelecimento das relações entre saúde e ambiente, através das plantas medicinais, é um caminho para a educação ambiental que revela os diversos significados das vivências e suas relações vão além das causas das doenças. No Jardim Medicinal pode ocorrer a sensibilização, a informação, a gestação de ideias e a mobilização das pessoas com ampliação de novas possibilidades de percepção da rede da vida e as diversas conexões. Nas sociedades sustentáveis o que se faz é para seres vivos (humanos e não humanos), para seres não vivos e os que ainda estão por vir. Há o tecer na rede chamada Vida, entrelaçada pelas plantas medicinais que passam, por várias nuances de cores, como as: ambientais conservação e estudo da biodiversidade; sociais - inclusão social, geração de emprego e renda; culturais – medicina acadêmica, popular e tradicional; econômicas - cultivo, industrialização e comércio. Por isso o mundo não é igual para todas as pessoas e ao viver as coisas existentes, criamos um mundo com as cores da realidade que enxergamos, mas não é a única realidade e portanto o processo educacional é uma via de mão dupla, recebemos e doamos. A forma de fazer o mundo está ligada à forma de ver o mundo. Afinal não há uma só forma de conhecimento e

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Jardim Medicinal não há só um conhecimento verdadeiro. O conhecimento da academia se alimenta e é alimentado pelo conhecimento das comunidades tradicionais. Quadro – Linhas e conexões da Teia da vida entrelaçada pelas plantas medicinais. Conexão primária (palavras chaves) 1 Uso medicinal

Conexões secundárias Políticas de saúde; valorização do conhecimento tradicional; inclusão social.

2 Doença 3 Cultivo

Auto-cuidados, SUS, assistência humanizada. Monocultura, permacultura, agricultura familiar, geração de emprego e renda, sustentabilidade ambiental.

4 Água

Tratamento da água, esgotos, contaminação, uso racional, reaproveitamento.

5 Fertilizante 6 Substrato

Compostagem, adubação química. Terra, contaminação; formas de cultivo, quintais urbanos produtivos, sistemas agro florestais, hortas comunitárias, caseiras, didáticas e educativas em escolas Espécies nativas e exóticas, transgênicos.

7 Semente 8 Recipiente

Aproveitamento de latas e embalagens, diminuição de resíduos sólidos.

9 Sol

Camada de ozônio, poluição, quantidade e tipo de luz, câncer de pele.

10 Colheita

Forma de coletar, extrativismo irracional, manejo sustentável.

11 Parte da planta

Química, farmacologia, tecnologia

12 Beneficiamento

Secagem, trituração, envaze, consumo de energia.

13 Indústria

Soberania nacional, autossuficiência, acesso ao medicamento.

14 Medicamento

Política econômica, indústria farmacêutica, comércio farmacêutico, soberania nacional, patrimônio genético, direito de propriedade do conhecimento. Uso irracional do medicamento, “empurroterapia”.

15 Farmácia 16 Usuário

Segurança medicinal, segurança alimentar, educação em saúde, cidadania.

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Jardim Medicinal O que é Interpretação Ambiental do Jardim Medicinal? A interpretação ambiental é uma forma de comunicação com os visitantes do Jardim Medicinal e a abordagem é de acordo com o perfil do visitante. Ela torna o trabalho mais prazeroso, fazendo com que as pessoas se interessem mais pelo tema. A interpretação ambiental através das plantas medicinais pode ocorrer em duas etapas. Uma no jardim medicinal onde pelas questões propostas aos grupos ocorre a análise do uso de plantas medicinais e sua inserção no contexto da saúde e do ambiente. Em um segundo momento, em sala de aula, diversas atividades são indicadas e podem ser desenvolvidas nas diversas matérias, de forma interdisciplinar e transversal, ocorrendo uma sensibilização e consequente gestação de ideias que poderão resultar em intervenções. Não há uma ordem necessária para a proposta abaixo, sendo que as duas podem ocorrer paralelamente. A turma pode ser dividida em grupos menores que podem utilizar um esquema de perguntas para orientar os trabalhos, utilizando a troca de informações entre os componentes do grupo, as espécies medicinais que estão nos canteiros e histórias de vida relacionadas ao uso. Afinal quem não tomou um chazinho da vovó para a dor de barriga ou baixar a febre? 1 Roteiro para Interpretação Ambiental realizada no Jardim Medicinal Objetivos: ·

Buscar

informações

sobre

os

diferentes

aspectos

(botânicos,

agronômicos,

farmacológicos, econômicos, culturais, etc.) que envolvem o estudo das plantas medicinais; ·

Alertar sobre os danos causados pelo uso inadequado ou indevido de plantas medicinais;

·

Valorizar o conhecimento tradicional da comunidade;

·

Valorizar o uso de plantas medicinais, como componente para a melhoria qualidade de vida;

·

Compreender como as plantas medicinais se inserem na teia de relações que é o Jardim da Vida.

Sugestão de Roteiro As perguntas abaixo auxiliam a orientar o visitante e podem ser impressas em fichas (colocadas em sacos plásticos ou plastificadas para melhor manuseio e conservação), ________________________________________________________________________ 158 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal distribuídas individual ou em grupo. Primeiramente, distribua as fichas e faça um passeio pelos canteiros apresentando as espécies e comentando rapidamente sobre elas. Depois comente sobre as perguntas do roteiro buscando, ao máximo que os visitantes se expressem, pois este é o momento em que eles resgatam a memória da cultura popular quanto ao uso de plantas medicinais e @ Educador@ Ambiental poderá relacionar as informações fornecidas pelos visitantes com a temática ambiental e de saúde, bem como valorizar e fortalecer os conhecimentos da medicina popular. Roteiro para Interpretação Ambiental do Jardim Medicinal 1. Das espécies existentes no jardim Medicinal, algum delas já foi utilizada por você? Quando? Como? Elas marcaram sua infância, seu cotidiano? Conte uma história. 2. Você encontrou alguma planta com cheiro agradável? Qual? Ela lembra o que? Algum acontecimento em sua vida? 3. Você reconheceu alguma planta que nasce espontaneamente (sem precisar que o ser humano plante)? Qual? Aonde você a encontrou na natureza? 4. Você encontrou alguma planta que causa ou confusão no momento da identificação (reconhecimento)? Ou que é muito parecida com outra planta? Qual? 5. Você reconheceu alguma planta que pode causar danos a saúde? Que é tóxica? Qual? 6. Você reconheceu alguma planta que só ocorre em determinadas épocas do ano? Qual? 7. Você reconheceu alguma planta com dois ou mais nomes? Qual? 8. Procure no Jardim Medicinal uma planta para tratar: Resfriado:____________ Dor: ________________ Má digestão: _________ Pressão Alta: _________ Vermes: _____________ Diabetes: ____________ Feridas: _____________

2 Atividades programadas realizadas em sala de aula As atividades propostas têm o intuito de oferecer subsídios para o desenvolvimento de ações nas diversas matérias ensinadas em sala de aula, sensibilizando os alunos e a comunidade para a educação ambiental, tendo por linha condutora o uso de plantas medicinais. ________________________________________________________________________ 159 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

Atividade 1 Durante uma semana propor aos estudantes ou visitantes que procurem em suas casas ou na do vizinho medicamentos feitos com plantas medicinais ou chás. Atividade 2 Trazer de casa embalagens de medicamentos feitos com plantas, chás, etc. e, em pequenos grupos, analisar o rótulo (nome popular, nome científico, quantidade, etc.), fazendo um glossário dos termos encontrados nas embalagens. Pesquisar a utilidade ou indicação de cada componente e onde pode ser encontrado. Caso os visitantes estejam vindo pela primeira vez ao Jardim Medicinal, podemos disponibilizar algumas embalagens de medicamentos ou chás frequentemente utilizados e assim “pulamos a atividade 1”. Atividade 3 Observar o prazo de validade ou se traz informações sobre a toxicidade e forma de uso. Atividade 4 Par iniciar o trabalho sobre a valorização do conhecimento tradicional da comunidade sobre plantas medicinais e sobre o uso indevido ou inadequado, é indicado perguntar se as pessoas presentes, costumam sentir alguma dor com frequência? Se elas usam algum tipo de remédio caseiro ou de chá para tratar? Quais? Depois disso é feita uma listagem do que foi citado com distribuição de uma ou duas plantas para que cada grupo possa procurar nos livros as indicações, forma de uso, toxicidade, cultivo, etc. Se o local disponibilizar de biblioteca com livros sobre o tema, podemos conduzir os visitantes até ela e mostrar as publicações. Caso o local do jardim Medicinal não tenha esta possibilidade, podemos preparar fichas técnicas das plantas (colocados em sacos plásticos ou plastificadas ara melhor conservação) e mostrar aos visitantes.

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Jardim Medicinal Plantas Medicinais – Um Tema Transversal na Educação Formal Algumas matérias podem trabalhar o tema Plantas Medicinais, contextualizando-o no conteúdo programático através de atividades desenvolvidas em sala de aula e na visita ao Jardim Medicinal – Como sugestões, temos: Português ·

Elaboração de cordéis com temas pertinente a cultura popular relacionada a temática ambiental e plantas medicinais.

·

Leitura e análise de embalagens e rótulos dos medicamentos feitos com plantas medicinais e chás.

·

Leitura e interpretação de texto de livros com informações sobre plantas medicinais.

·

Elaboração de um glossário.

·

Leitura e análise de artigos de jornais que mostram as doenças que estão atingindo a população e as relações com o desequilíbrio do meio ambiente, buscando a possibilidade de uso de plantas medicinais para tratar.

Matemática ·

Leitura dos rótulos com números e percentagens de produtos.

·

Observação das medidas e dosagens indicadas para o uso.

·

Cálculo dos prazos de validade.

Ciências ·

Identificação de plantas perigosas que põe em risco a saúde das pessoas.

·

Conhecimento das causas dos acidentes por intoxicação.

·

O uso da água na preparação de remédios.

·

Doenças causadas de veiculação hídrica e causadas pela contaminação da água.

·

Doenças causadas pela poluição do ar.

·

Reciclagem de material para a produção de mudas de plantas medicinais.

·

Classificação das plantas de acordo com o hábito (erva, arbusto, árvore) e parte usada.

·

Identificação da planta pelo nome científico e nome popular.

·

Cultivo e formas de beneficiamento das plantas medicinais: secagem, trituração, extração.

· A perda da biodiversidade e da cura de doenças. ________________________________________________________________________ 161 Educação Ambiental para a Saúde.


Jardim Medicinal

História ·

Pesquisa sobre a história do uso de plantas medicinais.

·

Comunidades tradicionais: como eles tratam as doenças usando plantas medicinais.

·

Estudo do costume do uso, tradições e lendas relacionadas ao uso de plantas medicinais.

Geografia ·

Levantamento do consumo de remédios caseiros no bairro ou município.

·

O impacto das mudanças climáticas na saúde das pessoas.

·

Os tipos de vegetação existentes e as espécies medicinais nativas.

·

Espécies vegetais medicinais em extinção.

Artes ·

Criação de cordéis que tratem do uso e plantas medicinais;

·

Ilustrar as principais doenças, suas causas e as plantas medicinais usadas para tratar, formando uma cartilha para a distribuição junto à comunidade.

·

Uso de sobras de madeira, recolhidas na marcenaria, para produção de xilogravuras, característica da impressão cordelista.

Esta orientação destina-se mais para a escola, entretanto pode ser utilizada em grupos de educação não formal.

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Jardim Medicinal

Considerações Finais Ao estabelecer uma relação utilitária e antropocêntrica com o meio, nos condenamos à extinção direta ou indireta. Muitas espécies vegetais já estão, infelizmente, neste processo. Não podemos dimensionar quantas espécies já foram perdidas e, consequentemente, quantas curas de doenças deixaram de existir. O custo ambiental para a produção de medicamentos também é alto, portanto utilizar as plantas do Jardim Medicinal, sem dúvida, é uma atitude sustentável para o planeta. O tema plantas medicinais é transversal e permeia várias áreas do conhecimento, sendo, portanto um caminho para a educação ambiental e para a educação em saúde, tanto no espaço escolarizado como no não escolarizado, bem como para aqueles que podem comprar medicamentos ou para aqueles que não tem acesso e passam por um processo de exclusão social, encontrando na natureza a solução para o agravo da saúde. O jardim Medicinal é uma estratégia para o resgate e valorização cultural, para a melhoria da qualidade ambiental e de saúde, especialmente nos espaços urbanos. Apresentamos diversas plantas que são facilmente encontradas nos quintais e no mato, muitas vezes em terrenos baldios, bem como algumas doenças por elas tratadas. Arte e educação podem ser expressas pela poesia e a poesia cordelista é um das formas de expressão da alma de um povo. Por isso, a sensibilização das pessoas para uma nova consciência planetária, em saúde e ambiente, requer que toquemos sua alma. A poesia em cordel e o Jardim medicinal representam um caminho que pode trilhado pela educação ambiental e em saúde. Então.... Boa viagem e flores no seu jardim!

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Jardim Medicinal

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