CENTRO ASSISTENCIAL DE HEMODIÁLISE terapia renal substitutiva
“Aliados a um intencional exibicionismo tecnológico que faz parte da cultura do nosso tempo, foram gradualmente tornando os ambientes hospitalares excessivamente artificiais e desumanos e, pela influência depressiva que geralmente provocam no estado psicológico dos pacientes, passaram até a dificultar os próprios processos de cura” João Figueiras Lima, Lelê.
Universidade Federal de Goiás Faculdade de Artes Visuais Arquitetura e Urbanismo
CENTRO ASSISTENCIAL DE HEMODIÁLISE terapia renal substitutiva
FIGURA 1 | Hemodiálise [Getty Images]
Maria Eduarda da Costa Alves sob orientação de Manoel Balbinho
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO
01 {
Introdução Problemática Justificativa Metodologia
O PACIENTE
02 {
Panorama Geral Contexto Atual Deslocamentos
C E N T R O D E H E M O DI Á L I S E
03 {
Arquitetura Hospitalar Definição do C. de Hemodiálise Programa Mínimo
LEVANTAMENTOS
04{
Macrorregiões de Saúde Regiões de Saúde Região Oeste 1
ÁREA DE INTERVENÇÃO
05 {
Decisão da Área Análise do Entorno Legislação Pertinente
ANÁLISE DE SIMILARES
06 {
Rede Sarah - Brasil Nordial Center - Portugal Vensyssel - Dinamarca
PROPOSTA
07 {
Partido Arquitetônico Síntese Projetual Proposta
REFERÊNCIAS E ANEXOS
08{
Referências e Imagens Bibliografia
FIGURA 2 | Centro Geriátrico Santa Rita [Fonte: Archdaily]
APRESENTAÇÃO
Este capítulo tem como intuíto explicar o objetivo do trabalho, apresentando uma ideia inicial do que é a Clínica de Hemodiálise e como funciona o tratamento da Insuficiência Renal, destacando os deslocamentos e o tempo de tratamento, de modo a justificar a decisão projetual baseada nos fatos expostos.
1.1.
Introdução
Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Goiás - UFG, que tem como proposta a elaboração de um projeto arquitetônico para um Centro de Hemodiálise, caracterizado pelo Ministério da Saúde como “Unidade Especializada em DRC com TRS-Diálise, responsável pela Atenção de Média e Alta Complexidade”, a ser locado na cidade de Iporá – GO. Centro de Diálise é um estabelecimento clínico que fornece tratamento para pacientes com insuficiência renal. Todos os procedimentos necessitam de supervisão profissional, e os pacientes passam em média quatro horas diárias convivendo com a equipe médica nesse espaço. A clínica pode atender tanto pacientes internos quanto externos, em casos de diálise em trânsito, mediante acordo entre clínicas, e deve fornecer os dois principais tipos de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal. Ambas são tratamento de suporte a vida, e não tratam doenças renais;
FIGURA 3 | Centro de Saúde Diane L. Max [Fonte: IIDA/Interior Design]
FIGURA 4 | Clínica de Fertilidade de CT [Fonte: IIDA/Interior Design]
1.2. Problemática Os pacientes em hemodiálise têm alterações significativas em suas vidas pessoais, alterando seus hábitos e suas vidas cotidianas no geral, considerando que permanecem cerca de quatro horas diárias, três ou quatro vezes por semana em tratamento dialítico, mantendo vínculo com o ambiente clínico, onde eles aprendem a lidar com a mudança em suas vidas. Durante horas eles convivem com uma equipe multidisciplinar composta por terapeutas, enfermeiros, técnicos e médicos que passam a ser parte fundamental de suas vidas. Um grande problema para os pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) são os deslocamentos, uma vez que nem todas as cidades possuem os equipamentos necessários, tornando essa jornada ainda mais difícil, gerando deslocamentos de mais de 300km até chegar em uma unidade que possa o atender, fazendo com que os dias de hemodiálise sejam inteiramente dedicados a isso. Exceto em caso de transplante, esse tratamento é vitalício, uma vez que não existe cura, o que atrapalha o andamento da vida dos pacientes, que sentem que estão perdendo tempo, e o ambiente em que isso acontece poderia ajudar a tornar o tratamento menos cansativo e desgastante. Assim, o ambiente hospitalar é verdadeiramente relevante no processo e deve ter sua importância considerada, afim de ajudar os pacientes durante sua vida.
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1.3. Justificativa A decisão de projetar um equipamento público de saúde em uma cidade do interior é motivada pela vivência da autora na cidade escolhida e pelo contato estabelecido com a temática central de Arquitetura Hospitalar durante o período de estágio, além de interesse pessoal na área, que necessita de propostas com maior qualidade espacial. A justificativa do tema se dá devido a relevância dos espaços de saúde para tratamento de pessoas com doenças crônicas, que o fazem pelo resto da vida, e que portanto, passam muito tempo nesses ambientes no geral pouco “humanizados”. Além disso, os grandes deslocamentos feitos para receberem atendimento gratuito e de qualidade demonstram a necessidade de se pensar em clínicas em cidades do interior, como a escolhida no presente trabalho.
1.4. Metodologia 1) Realizar pesquisas, levantamentos e coletas de dados junto ao site do Ministério da Saúde, Secretaria da Saúde de Iporá, Sociedade Brasileira de Nefrologia e ao IBGE, que evidenciem a necessidade e viabilidade de um equipamento para tratamento dialítico em uma cidade do interior do estado de Goiás; 2) Definir os referenciais teóricos referentes à doença renal crônica com auxílio e sugestão da Sociedade Brasileira de Nefrologia, através de contato por e-mail; já os referenciais teóricos referentes à arquitetura hospitalar definidos por meio de pesquisas e leituras; 3) Visitar hospitais e clínicas para compreender as problemáticas específicas e o funcionamento do centro de hemodiálise, considerando sua infraestrutura, fluxos e quantidade de equipe de trabalho, cruzando as informações técnicas e funcionais para obter a compreensão do espaço como um todo; 4) Realizar uma pesquisa sobre o perfil dos usuários através de questionários online e na porta dos hospitais e clínicas, para definir as necessidades e vontades dos pacientes e adequá-las ao projeto arquitetônico proposto. 5) Elaborar um Quadro Síntese relacionando o diagnóstico das clínicas visitadas e dos usuários com o referencial teórico, de modo a desenvolver diretrizes para o projeto; 6) Analisar projetos similares, identificando estratégias e soluções passíveis de serem adotadas no trabalho; 7) Montar o programa de necessidades utilizando como base o programa básico sugerido pelo Ministério da Saúde e adaptar conforme os dados coletados, observações e conversas com profissionais da área e pacientes.
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FIGURA 5 | Corredor Hospitalar [Fonte: Mohawk Group]
FIGURA 6 | Atendimento Hospitalar [Fonte: Frenesius Medical Care]
O PACIENTE
INSUFICIÊNCIA RENAL
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Neste segundo capítulo serão abordados cing dadoselit, sed diam nonummy nibh euismod tincie pesquisas que comprovem a relevância do dunt ut laoreet dolore magna aliquam erat volutema, a fim de auxiliar no melhor entendimento tpat. do espaço clínico e dos desafios da doença, comUt wisi enim ad minim veniam, quis nostrud exerci informações a respeito dos pacientes no Brasil e tation ullamcorper suscipit em Goiás.
2.1.
Panorama Geral
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são responsáveis por 63% das mortes no mundo, sendo no Brasil a causa de 74% dos óbitos. Essas doenças são relacionadas com hábitos de vida e envelhecimento da população, sendo então, um dos principais desafios em saúde pública para as próximas décadas. Inclusive em 2011 o Ministério da Saúde adotou programas de estratégias em parceria com a OMS para a redução da mortalidade por DCNTs até 2022. As DCNTs mais conhecidas e de maior impacto para a saúde pública são as doenças cardiovasculares, o câncer, a diabete mellitus, as doenças respiratórias crônicas e a insuficiência renal. Insuficiência renal é a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas, deixando de filtrar resíduos e sais do sangue, podendo ser aguda (IRA), quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica (IRC), quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 10% da população adulta já perdeu em algum nível parte da função renal, e esse percentual aumenta de 30% a 50% em pessoas acima de 65 anos, o que evidencia a relação da doença com o envelhecimento. Segundo o IBGE em 2018 cerca de 10% da população brasileira possuía 65 anos ou mais, e pela projeção feita, em 2060 essa faixa etária representará ¼ da população total do país, o que reflete na necessidade de um melhor atendimento e tratamento para casos de Doenças Renais. A quantidade de brasileiros portadores de IRC passou de 42 mil pessoas no ano 2000 para mais de 122 mil em 2017, e como mostrado anteriormente, esses números tendem a crescer (Gráfico 1). Quando a perda da função renal é maior que 85% o doente necessita de um tratamento de substituição da função dos rins, só podendo parar o tratamento com a substituição real do rim, no caso de transplante, que nem sempre é possível e depende de sua situação clínica.
122.825 112.004
120,000 87.044
100,000 70.872
80,000
59.153
60,000 42.695 40,000
48.806
65.121
73.605
92.091
97.586 91.314
77.589
111.303
100.397
3X
54.523
46.557
20,000 0
00 001 002 003 004 005 006 007 008 009 010 011 012 013 014 015 016 0 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 GRÁFICO 1 | Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica 2016 [Fonte: SBN, 2016] Editado pela autora
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2.2. Contexto Atual Considerando que a Doença Renal Aguda (IRA) em sua maioria é reversível, uma vez que seu tratamento depende da causa subjacente nem sempre faz-se necessária a hemodiálise, podendo ser escolhido algumas sessões de diálise peritoneal. Já portadores da Doença Renal Crônica (DRC) necessitam do procedimento constante, sendo eles a hemodiálise, a diálise peritoneal ou o transplante de rim(4), e as principais causas são a hipertensão arterial e a diabetes mellitus. Caso haja possibilidade de doador vivo, o paciente é encaminhado para um centro de transplante renal, mas caso isso não seja possível e não haja contraindicação, o paciente pode optar pelo tratamento de sua preferência. Assim, ele é preparado para receber a diálise escolhida, através da construção do acesso vascular, normalmente com a colocação de fístulas no caso de hemodiálise ou colocação do cateter intraperitoneal, no caso da escolha da diálise peritoneal, mas nem sempre o paciente tem acesso aos dois tipos de intervenção ou sabe da possibilidade. De acordo com o Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica de 2016, o último publicado, 92% dos pacientes de DRC estavam em hemodiálise e 8% em diálise peritoneal, além de 24% na fila de espera para transplante. Portanto a maior parte dos portadores da DRC optam pela hemodiálise para sobreviver, e esse tratamento costuma ser feito por 12h semanais, devendo o paciente se dirigir até a clínica 2, 3 ou 4 vezes por semana com tempo de sessão variando de 3 a 5h, dependendo de sua situação clínica. Esse tempo de tratamento associado ao tempo de deslocamento até a unidade terapêutica desmotiva os pacientes, que muitas vezes desistem do método em função da mudança drástica no seu estilo de vida. Isso torna a arquitetura um agente ativo no processo de melhoria dessa condição, podendo contribuir para a recuperação do indivíduo.
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No Brasil existem clínicas de hemodiálise particulares, que podem ou não ter apoio financeiro dos municípios, e clínicas públicas, localizadas nos grandes centros urbanos ou nas capitais. Estas clínicas e hospitais públicos enfrentam problemas já conhecidos e amplamente divulgados, como a falta de verba, o sucateamento e a má qualidade dos espaços. A fim de identificar alguns parâmetros que auxiliem no melhor entendimento do espaço clínico e dos desafios da doença, foi realizada pesquisa com 310 pessoas, sendo 120 portadores de insuficiência renal e 190 não portadores, de 25 cidades diferentes do estado de Goiás (gráfico 2). A pesquisa foi dividida em duas seções, separando quem não é portador de IRC; Neste grupo, que representou a maioria dos entrevistados, mais de 90% sabiam o que é a Insuficiência Renal. As perguntas subsequentes demonstraram que mais da metade conhece alguém que possui a doença e que esta pessoa costuma reclamar dos constantes deslocamentos. (gráficos 3 e 4). Na outra seção, dos portadores de IRC, foi confirmada a maior incidência em pessoas mais velhas, não tendo nenhuma resposta de pacientes menores de 21 anos (gráfico 5). No que diz respeito à escolha do tratamento, 100% dos pacientes perguntados optaram pela hemodiálise e mais de 90% a realizam 3x por semana. Destes pacientes, apenas 20% estão na fila de espera para transplante, sendo a maioria impossibilitado de tentar devido à sua situação clínica. O tratamento público é feito por 80% dos pacientes, e os outros 20% fazem com auxílio de plano de saúde. Essa resposta mostra que a procura por atendimento público é proporcional aos deslocamentos, e quase 75% dos pacientes apenas fazem o tratamento e vão embora, caracterizado como mobilidade pendular (gráfico 6), parando apenas para fazer suas refeições em restaurantes ou lanchonetes nas imediações (gráfico 7).
12,9% 21 - 35 anos
38,8% portadores
não portadores 61,2%
GRÁFICO 2 | Perfil do Entrevistado [Fonte: Pesquisa autoral]
32,7% 36 - 54 anos
15,9% Não sabe
73,4% Apenas faz diálise
21,7% Não
62,4% Sim GRÁFICO 3 | Você conhece alguém com IRC? [Fonte: Pesquisa autoral]
33,7% Não sabe
60,2% Sim
GRÁFICO 5 | Idade dos Pacientes [Fonte: Pesquisa autoral]
54,5% 55 - 70 anos
6,1% Não
GRÁFICO 4 | A pessoa reclama do deslocamento? [Fonte: Pesquisa autoral]
3,3% Fica para outros assuntos
23,3% Não se desloca
GRÁFICO 6 | Deslocamentos Pendulares [Fonte: Pesquisa autoral]
50,1% Nas imediações
7,6% Casa de parentes
38,5% Não faz refeições
3,8% Leva comida
GRÁFICO 7 | Onde são feitas as refeições? [Fonte: Pesquisa autoral]
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2.3. Deslocamentos A distribuição das unidades ativas de hemodiálise que responderam ao questionário por região do Censo feito em 2016 pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) mostrou que 22% das unidades se encontram na região Sul, 49% no Sudeste, 18% no Nordeste, 4% no Norte e 7% no Centro Oeste. A região Centro Oeste possui a segunda maior taxa de incidência de pacientes em diálise e só representa 7% das unidades do país, o que demonstra a falta de infraestrutura para atender a todos com qualidade. Ainda de acordo com esse censo, Goiás possuía 3.696 pacientes em tratamento dialítico no ano da pesquisa, e apenas 26 unidades ativas de tratamento, sendo que 14 se concentram no eixo Goiânia, Aparecida e Anápolis, não atendendo bem o interior do estado, fato evidenciado pelos gráficos anteriores, onde apenas 23,9% dos pacientes entrevistados não se deslocavam para fazer o tratamento (gráfico 6). A médica Zita Brito, diretora técnica do Centro de Rim e Diabetes do Hospital 9 de Julho, em São Paulo disse em entrevista à Revista Abril em 2016 que “A obrigatoriedade de ir a esses locais traz, por si só, boas e más notícias”, considerando que a frequência promove maior contato com os profissionais de saúde, que podem ajudar a detectar problemas antes mesmo que eles aconteçam. No entanto, os deslocamentos atrapalham a rotina dos pacientes, mesmo daqueles que vivem em cidades servidas por clínicas, mas principalmente dos que precisam fazer deslocamentos intermunicipais para encontrar aparelhos de hemodiálise. Durante as visitas feitas pela autora em hospitais e clínicas, foi possível conversar com esposas de pacientes que ficam na recepção os aguardando, sendo notável o desgaste gerado por esses deslocamentos, em que as vans buscam os pacientes de madrugada e os levam de volta no fim do dia. Esses deslocamentos gerados por motivos de saúde são caracterizados como mobilidade pendular, que é descrita por Larissa Camilo em sua dissertação de Pós Graduação como: Este fenômeno implica numa dinâmica de locomoção cotidiana, diferindo-se das migrações, pelo fato dos indivíduos não perderem seus vínculos com os territórios de partida e por não possuírem uma fixação definitiva em outro lugar. Os espaços metropolitanos são os principais destinos dos deslocamentos pendulares. (NUNES, C. Larissa, 2018).
Apesar de ser normalmente associado à movimentos de migração de trabalhadores e estudantes, este fenômeno tem grande relevância no tratamento de doenças crônicas, uma vez que os locais de tratamento estão concentrados nas grandes cidades e na cidade central das regiões metropolitanas, como é o caso de Goiânia, que recebe diariamente pacientes de todo o estado. Esse tipo de deslocamento tem grande parcela de responsabilidade no intenso fluxo de veículos nas ruas e estradas, e isto poderia ser diminuído através da descentralização dos serviços de saúde, contemplando cidades do interior, mesmo aquelas que são maiores e consideradas centralidades em sua região. Além da diminuição do tráfego e da melhoria na qualidade de vida dos pacientes, a descentralização das unidades de tratamento auxilia no melhor aproveitamento de recursos financeiros das prefeituras, que poderiam utilizá-los na criação e melhoria das unidades existentes no interior, em vez de na aquisição de vans e ambulâncias para transporte dos pacientes.
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FIGURA 7 | Trânsito em Goiânia [Fonte: O Popular]
FIGURA 8 | Prefeitura de Seul [Fonte: Archdaily]
CENTRO DE HEMODIÁLISE Neste capítulo será analisado qual a contribuição possível e necessária da arquitetura na melhoria da qualidade de vida dos usuários do ambiente hospitalar, considerando qual papel o arquiteto pode desempenhar nesse processo e quais os limites da chamada “humanização hospitalar”
3.1. Arquitetura Hospitalar “A arquitetura hospitalar é um instrumento de cura de mesmo estatuto que um regime alimentar, uma sangria ou um gesto médico” (FOUCAULT, 1979, p. 109) Muito tem se falado sobre “Humanização Hospitalar” ou “Arquitetura Humanizada”, a fim de exemplificar de que forma a arquitetura pode contribuir no tratamento e conforto dos usuários no ambiente hospitalar. Essa temática associada a questão da integralidade(6) na atenção à saúde são de extrema importância na criação e desenvolvimento de projetos de clínicas de hemodiálise e doenças crônicas no geral, sendo este um dos princípios constitucionais do SUS, que garante o direito do paciente ser atendido desde a prevenção de doenças até o tratamento; Que no presente trabalho implica em tratar dessa integralidade do tratamento dialítico em uma única unidade de saúde. Os hospitais, ao longo dos anos, foram transformados através de mudanças políticas e do avanço tecnológico na área da saúde, tornando possível por exemplo, que questões como ventilação e iluminação fossem priorizadas, uma vez que problemas de higienização e controle de bactérias já estariam resolvidos politicamente, com vacinas, tratamentos e saneamento. Permitindo, como evidencia Lauro Miquelin (1992), sócio fundador da empresa de arquitetura que atua na área hospitalar L+M, que os hospitais passem a ser vistos como locais onde a vida pode não somente ser salva, mas ter sua qualidade melhorada. Fato de extrema importância ao se tratar de tratamentos crônicos, onde a cura se torna inviável e o tratamento é a única opção possível. A temática de humanização hospitalar vem sendo tratada desde o início do século passado, e essa humanização consistia em princípios básicos que regem uma boa arquitetura, como a preocupação com a orientação solar, funcionalidade, dimensionamento dos ambientes, os fluxos e as instalações, tendo pouca ou quase nenhuma preocupação com os cuidados chamados de “cosméticos” por Roslyn Lindheim, arquiteta que possui um prêmio em seu nome direcionado a trabalhos arquitetônicos voltados à área da saúde, que seriam os ambientes decorados com cenários domésticos, pisos acarpetados, paredes coloridas, etc. (LINDHEIM, 1975).
Lindheim no entanto, nega o poder de um ambiente hospitalar humanizar ou desumanizar os serviços de saúde, mas afirma que esses espaços devem refletir em um respeito pelos seres humanos e devem realçar a qualidade de vida através da inserção de elementos domésticos que restaurem a humanidade. Durante sua trajetória enquanto arquiteta, Lindheim entrevistou não apenas a equipe médica para entender o funcionamento dos espaços clínicos mas também os próprios pacientes, a fim de alcançar um equilíbrio entre os conceitos supracitados de uma “boa arquitetura”, criando um modelo hospitalar que acolhia os aspectos emocionais de cura dos pacientes – conexão social, participação, controle e senso de valor. Ao falar de uma arquitetura hospitalar atual, é necessário destacar o papel do arquiteto brasileiro João Figueiras Lima, o Lelé, que projetou a rede de hospitais Sarah, referência em arquitetura hospitalar no Brasil e exemplo de arquitetura bioclimática, tornando os espaços menos herméticos, garantindo melhores condições de conforto térmico e integrando as práticas médicas e os espaços clínicos, associando os problemas sociais, econômicos e culturais do país, fazendo com que seus edifícios possam contribuir no processo de cura. Segundo Michel Foucault (1979), na concepção do hospital moderno, nenhuma teoria médica sozinha seria suficiente para definir um programa hospitalar. Assim, a “humanização hospitalar” nada mais é do que a “boa arquitetura” de seu período de concepção, aliada à um pensamento social, fazendo-se necessário atualmente que o arquiteto se posicione enquanto protagonista nesse processo de criação e desenvolvimento dos espaços de saúde, projetando ambientes que contenham o programa desenvolvido pela equipe médica, mas que supere esse programa, aliando a funcionalidade, os aspectos construtivos e os fatores psicológicos de seus usuários, contemplando pacientes, acompanhantes e funcionários.
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3.2. Definição do Centro de Hemodiálise Através da portaria N 82, de 03 de janeiro de 2000, o Ministério da Saúde “estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos serviços de diálise e as normas para cadastramento destes junto ao Sistema Único de Saúde.”, além de definir a quantidade mínima de funcionários e prestadores de serviço relacionados aos serviços de diálise; os equipamentos obrigatórios necessários para o funcionamento da unidade; discorre sobre a importância e segurança necessária para o tratamento de água para diálise, uma vez que o paciente utiliza de 120 a 200L de água por sessão; define a infraestrutura física mínima para que seja viável o desenvolvimento de suas atividades; as dimensões mínimas estabelecidas e as exigências quanto aos espaços clínicos; e divide o serviço dialítico em autônomo: quando o mesmo possui autonomia administrativa e funcional, e serviço intra-hospitalar: quando o serviço de diálise é vinculado administrativa e funcionalmente a um hospital. Já a portaria N 389, de 13 de março de 2014, do Ministério da Saúde que “define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico.”, no capítulo III, artigo 8, organiza as unidades de atenção à saúde da pessoa com DRC conforme as tipologias a seguir: I – Unidade Especializada em DRC; II – Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Nefrologia; e III – Unidade Especializada em DRC com TRS/Diálise Sendo que compete à Unidade Especializada em DRC com TRS-Diálise, I – Realizar o acompanhamento multiprofissional das pessoas com DRC nos estágios 4 e 5 (pré-diálise) ou nas demais situações previstas no documento das Diretrizes Clínicas para o Cuidado à Pessoa com DRC no âmbito do SUS; II – Matriciar as equipes de atenção básica nos temas relacionados a doenças renais; e III – Ofertar, pelo menos, uma modalidade de TRS-Diálise para tratamento da pessoa com DRC. O Artigo 9 completa com os serviços obrigatórios a serem prestados pela Unidade Especializada, sendo eles: I – Atendimento ambulatorial aos pacientes que estão em processo de diálise, sob sua responsabilidade; II – Uma ou mais das modalidades de diálise III – Fornecimento, sob orientação do nutricionista e com base na prescrição médica, do aporte nutricional ao paciente no dia do procedimento dialítico; e IV – Realização periódica, em seus pacientes, dos exames definidos conforme as Diretrizes Clínicas para o Cuidado à Pessoa com DRC no âmbito do SUS.
3.3. Programa Mínimo - Recepção/Arquivo - Sanitários - Consultórios Médicos - Sala de Recuperação - Posto de Enfermagem e Serviços - Administração - Sala de Utilidades - Sala de Diálise Peritoneal Contínua - Sala de Hemodiálise - Sala de Hemodiálise para pacientes HBsAg+ - Sala de Reprocessamento de Dialisadores
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- Sala de Reprocessamento de Dialisadores de pacientes HBsAg+ - Sala de Reprocessamento de Dialisadores de pacientes contaminados por Hepatite C - Estação de Tratamento de Água - Depósito de Material de Limpeza - Armazenamento de Material Hospitalar - Sanitário para Funcionários - Copa - Sala para Guarda de Macas e Cadeiras - Vestiário de Funcionários - Abrigo Reduzido para Resíduos de Saúde - Lavanderia
FIGURA 9 | Parkland Hospital [Fonte: Andrew Pogue]
FIGURA 10 | Hospital Psiquiátrico Kronstad [Fonte: Archdaily]
LEVANTAMENTOS
Considerando que a IRC atualmente é considerada uma epidemia mundial, faz-se necessário analisar e entender o funcionamento das redes de saúde em uma escala macro, observando o estado de Goiás, suas divisões na área da saúde e a localização dos centros de atendimento existentes, a fim de tomar uma decisão acertada acerca da melhor localização para uma nova unidade.
4.1. Macrorregiões de Saúde O Ministério da Saúde, juntamente com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) estabeleceu na Comissão de Intergestores Tripartite (CIT), a resolução nº 37/2018, que estabeleceu diretrizes para o Planejamento Regional Integrado (PRI) do Sistema Único de Saúde, o SUS, que propõe a criação e organização de macrorregiões de saúde, agrupando 438 regiões de saúde do país em 118 macrorregiões. O processo de criação de macrorregiões de saúde visa o agrupamento de áreas próximas e semelhantes, com serviços de saúde passíveis de atender às regiões pré-estabelecidas. Criando diretrizes, objetivos, metas e ações que tornem mais fácil o acesso à saúde de qualidade, descentralizando os centros de atendimento e tornando as unidades referência mais próximas de cada cidade. De acordo com o Ministério da Saúde: “O Plano Regional Integrado deverá contar com, por exemplo, a análise da situação de saúde, as prioridades, as responsabilidades, a identificação dos vazios assistenciais e eventual sobreposição de serviços, orientando a alocação dos recursos de investimentos e custeio da União, estados e municípios, bem como da distribuição de emendas parlamentares.”
Desta forma, o Estado de Goiás está dividido em 18 regiões de saúde, agrupadas em 5 macrorregiões (Imagem 11), sendo que todas possuem sedes administrativas, denominadas de Regionais de Saúde e tem como objetivo distribuir as atribuições de forma a agilizar e tornar mais eficiente a gestão das regiões.
Centro-Oeste Centro-Norte Sudoeste Nordeste Centro-Sudeste Sem escala MAPA 1 | Macrorregiões da Saúde [Fonte: Secretaria da Saúde, editado pela autora]
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4.2. Regiões de Saúde Apesar de dividido em 18 Regiões de Saúde (Imagem 13), e do esforço existente por meio das propostas do Ministério de Saúde através do Plano Regional Integrado, o Estado de Goiás permanece com as unidades de saúde concentradas na região Central do Estado, criando os já aludidos deslocamentos pendulares da população, além da popularmente chamada ambulacioterapia. Essa concentração do atendimento à saúde pode ser notada também nas unidades que possuem TRS/Diálise, uma vez que 14 das 26 unidades ativas de tratamento existentes no estado se concentram no eixo Goiânia-Aparecida-Anápolis (Imagem 14). Esta quantidade poderia ser justificada pelo fato de que a Macrorregião Centro Oeste, que jurisdiciona Goiânia e Aparecida, é a macrorregião mais populosa do estado, com 2.210.124 habitantes distribuídos em 72 municípios. No entanto esses dados não condizem com a proposta do PRI, de regionalizar as instituições de atenção à saúde, fazendo com que existam áreas com pouca ou nenhuma unidade que realize hemodiálise, além de sobrecarregar as já existentes, que apesar de possuírem condições regulares de funcionamento, estão com sua capacidade de atendimento esgotada.
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Durante as visitas à unidades que possuem tratamento dialítico em Goiânia, tanto em hospitais quanto em clínicas autônomas era notável a quantidade de pacientes provenientes de outras cidades, além da superlotação de clínicas no interior, como é o caso da cidade de Iporá, que possui uma clínica particular com fila de espera para atendimento. Ainda que a quantidade de clínicas seja considerada pequena, é importante ressaltar que a primeira sessão de hemodiálise no estado de Goiás foi feita apenas 25 anos atrás, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFG, contando com o pioneirismo do doutor Dilson Antunes de Oliveira, e que atualmente estima-se que o estado possua cerca de 500 renais crônicos em hemodiálise, o que implica no fato de que muitos ainda morrem da doença por não possuírem acesso à informação ou ao tratamento. Destarte, perceber as localidades das unidades que oferecem TRS no estado é de suma importância para definir novos potenciais locais para receber uma clínica autônoma que seja referência no tratamento, visando interferir de forma positiva na atenção ao atendimento nefrológico.
IMAGEM 11 | Hemodiálise [Fonte: Desconhecido]
Sem escala MAPA 2 | Regiões de Saúde em Goiás [Fonte: Secretaria da Saúde, editado pela autora]
Em Construção Fechada Em Funcionamento
Sem escala MAPA 3 | Unidades de TRS/Diálise em Goiás [Fonte: Pesquisa autoral]
4.3. Região Oeste 1
Rio Vermelho Central Oeste II Oeste I Sem escala Mapa 4 | Macrorregião Centro-Oeste [Fonte: Secretaria da Saúde, editado pela autora]
0
-06 GO
Diorama
Israelandia
20
-3 GO
GO174
60
-0 GO
Arenópolis
Amorinópolis
1
-22 GO
GO174
Sem escala MAPA 5 | Iporá [Fonte: Prefeitura de Iporá, editado pela autora]
Partindo do pressuposto de que a macrorregião mais populosa, consequentemente, também possui a maior quantidade de pacientes, é nesta onde deveria se instalar uma unidade modelo para as demais regiões do estado, a fim de atender uma demanda maior. A Macrorregião Centro-Oeste, que é a mais populosa, engloba as regionais Central, com a sede administrativa localizada em Goiânia, a regional Rio Vermelho, com sede em Goiás, regional Oeste I, com sede em Iporá e a regional Oeste II com sede em São Luís de Montes Belos. (Mapa 4) Nem todas essas regionais possuem unidades de TRS/Diálise, sendo que 8 delas estão na cidade de Goiânia, 1 está em fase de finalização na sede administrativa da Regional Rio Vermelho, construída com participação coletiva na arrecadação de recursos; 1 em São Luís de Montes Belos que atualmente encontra-se fechada e seus pacientes se deslocam até Goiânia e solicitam atendimento em Iporá, que possui 1 clínica, inaugurada em 2014, mas que não possui leitos suficientes para atender a demanda, contando com fila de espera para tratamento, e que até hoje enfrenta problemas financeiros com a falta de auxílio para possibilitar o atendimento dos pacientes. Isto posto, com a proposta de descentralização das unidades de saúde, percebe-se que apesar de possuir uma grande infraestrutura, Goiânia não seria a melhor candidata para rece-
ber a clínica proposta neste projeto, uma vez que a cidade já possui hospitais de desempenho exemplar e que já atende pacientes de todo o estado. Das três regionais restantes nesta macrorregião, Iporá (Mapa 5) se manifesta como a que melhor receberia a unidade, devido à maior distância até Goiânia em comparação com Goiás e São Luís de Montes Belos, além da proximidade com o estado do Mato Grosso, que está apenas 180km da divisa do estado. Possibilitando um atendimento para uma demanda maior, de acordo com uma possível pactuação entre os dois estados. Dessa forma, Iporá poderá assistir não somente os 16 municípios que jurisdiciona, como também todos os munícipios goianos com que possui relação de proximidade, além de cidades Mato Grossenses, como a Barra do Garças. A cidade de Iporá é a maior do oeste goiano e encontra-se geograficamente bem localizada, é cortada por 4 GOs, e é um pólo econômico, sociocultural e político da região. Além disso, a cidade possui boa infraestrutura na área da saúde, com as unidades públicas concentradas na região noroeste do município, que conta com um hospital municipal de qualidade, dois complexos reguladores - do samu e de doenças eletivas, unidade básica de saúde UBS, SAMU, unidade de pronto atendimento UPA e hemocentro.
FIGURA 12 | Hospital Municipal e Samu [Fonte: Autoral]
FIGURA 13 | Complexo Regulador e Hemocentro [Fonte: Autoral]
FIGURA 14 | Cidade de Iporá [Fonte: Oeste Goiano]
ÁREA DE INTERVENÇÃO Com a cidade que receberá a unidade referência em atendimento de terapia renal substitutiva definida, este capítulo irá tratar da escolha da melhor área para a locação do projeto.
5.1. Decisão da Área Como exposto no mapa anterior, Iporá possui um bom atendimento na área da saúde e conta com doze unidades espalhadas pela cidade, sendo três hospitais da rede privada, um hospital municipal, uma unidade do SAMU, uma clínica de Hemodiálise, duas centrais de regulação, um CTA/SAE (Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis), um hemocentro, uma UPA, um centro de reabilitação, um centro especializado em odontologia, além de UBSs, diversas clínicas e farmácias. O Hospital Municipal, o CTA/SAE, a UPA e o Hemocentro possuem uma relação de extrema proximidade, localizados no norte da cidade de Iporá em uma região predominantemente residencial. Entre eles existe uma quadra subutilizada que costumava ser a garagem da prefeitura, mas que atualmente funciona como depósito de veículos estragados.
Esta área (Figura 15) é ideal para a inserção da clínica, que apesar de atuar de forma autônoma poderá contar com o auxílio das unidades vizinhas, além da possibilidade de utilização do Centro Cirúrgico do hospital municipal para colocação das fístulas nos pacientes, atendendo aos pedidos de que todos os serviços relacionados à atenção nefrológica fossem realizados em um mesmo local. O terreno é propriedade da prefeitura, e poderia ser disponibilizado como auxílio do município para o desenvolvimento do projeto. Nas imagens abaixo fica evidente o mal aproveitamento da quadra escolhida para o projeto, que apesar de inserida em um excelente local, possui poucos veículos em sua propriedade, não sendo devidamente aproveitada ao fim que se destina.
FIGURA 16 | Garagem da Prefeitura [Fonte: Autoral]
FIGURA 15 | Localização da Área Escolhida [Fonte: Autoral]
FIGURA 17 | Área Escolhida - Garagem [Fonte: Autoral]
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5.2. Análise do Entorno A área onde a quadra está inserida é característica de uma cidade do interior, possuindo pouca densidade populacional. Uma vez que seu gabarito é predominante baixo, de um ou dois pavimentos, com residências unifamiliares, comércios de pequeno porte e instituições variadas. A ocupação do solo também é baixa, contando com grandes parcelas de recuo e quintais nas habitações, além de diversos lotes vagos. Na área delimitada existem apenas duas coberturas metálicas e uma pequena guarita. Essa ocupação se reflete na arborização da área, que possui muitas árvores grandes espalhadas dentro dos lotes, além de árvores nas calçadas e nos canteiros centrais, o que auxilia na manutenção da temperatura na região, que normalmente é elevada. No mapa de aspectos ambientais fica evidenciada a quantidade de vegetação, além dos ventos predominantes; vindos na maior parte do ano (de fevereiro à novembro) do leste; e a altura do sol nos horários considerados de pico na
580
585
clínica.Às 08h, horário em que os pacientes da manhã recebem o tratamento e às 14h, horário em que os pacientes da tarde estarão nas salas de hemodiálise. Apesar de ser predominantemente residencial e existirem alguns comércios locais na área, se destaca também a quantidade de polos geradores de viagem (PGVs), devido principalmente ao hospital municipal, à UPA, Saneago, e ao Colégio Estadual Mestre Osório. Portanto, as ruas que circundam esses PGVs possuem fluxo mais intenso de veículos, sendo que as avenidas R-1 e R-2 têm fácil acesso à GO-174. E a Av. São Paulo abaixo do hospital, gera acesso ao terminal rodoviário. Todas as ruas e avenidas da cidade são de mão dupla, com ou sem canteiro central; e a média de veículos passando na Av. R-1, provável acesso principal do edifício a ser construído, é de 180 carros por dia. Na Av. São Paulo, que dá acesso ao Hospital Municipal e à UPA essa média de veículos é maior.
590
14h
575
8h
570
Ventos Predominantes Por do Sol Percurso do Sol Nascer do Sol Variação da Trajetória do Sol Durante o Ano MAPA 6 | Aspectos Ambientais [Fonte: Autoral]
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Rua Bahia
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Rua R-10 GO-1
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G
Área Escolhida Edificações Construídas MAPA 7| Ocupação do Solo [Fonte: Autoral]
Polos Geradores de Viagem (PGVs): Garagem
A
CTA/SAE
Área Militar
Igreja
Regional de Educação
UPA
H
A Núcleo Infantil Pe. Wiro
H
Hospital Municipal
Saneago
Colégio Estadual
Praça
Ginásio de Esportes
Hierarquia Viária: Via Arterial Via Coletora Via Local Usos Predominantes:
Acessos: Pedestres Veículos
Área Verde Comercial Residencial Institucional Área Escolhida MAPA 8| Hierarquia Viária, Usos, PGVs e Acessos [Fonte: Autoral]
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5.3. Legislação Pertinente Para a realização do projeto de forma correta é necessário o estudo e apreensão das normas técnicas, diretrizes e portarias que definem os critérios para a realização e funcionamento da clínica proposta. Entre eles estão: - RDC Nº 50, de 21 de fevereiro de 2002; Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. - Portaria Nº 389, de 13 de março de 2014; Define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico. - Portaria Nº 82, de 03 de janeiro de 2000; Estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos serviços de diálise e as normas para cadastramento destes junto ao Sistema Único de Saúde. - NBR 9050; Estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto às condições de acessibilidade. Segundo a RDC 50 é necessário reduzir a quantidade de acessos, de modo a possibilitar um maior controle da movimentação no edifício, evitando circulações indesejadas em áreas restritas. Estacionamento: Na ausência de legislação ou código de obras, o estacionamento em edifícios assistenciais de saúde deve adotar área mínima de 12m2 ou uma vaga para veículos a cada quatro leitos. Nas circulações horizontais, os corredores de circulação de pacientes devem obedecer uma largura mínima de 2m, e não podem exercer função de área de espera. E devem possuir corrimão em pelo menos uma das paredes laterais,
na altura de 80 a 92cm do piso, obedecendo as recomendações da NBR 9050 da ABNT. Portas onde seja necessária a passagem de macas ou portas de laboratório no geral devem possuir 1,10m de vão livre, e em salas de exame ou terapia devem possuir 1,20m de vão. As circulações verticais (rampas, escadas e elevadores) devem obedecer às normas da RDC 50 e da NBR 9050. Ainda segundo a RDC 50, não são necessárias circulações exclusivas para transporte de material contaminado, sendo que este pode ser realizado através de qualquer ambiente, desde que com técnicas adequadas. A RDC Nº 50 define que a sala para tratamento hemodialítico deve possuir 5m2 por poltrona/leito, sendo 1m entre leitos, 0,5m entre leitos e paredes paralelas, 1,5 m livres em frente ao pé da poltrona e 0,6 entre cabeceira da poltrona e a parede de trás; Deve existir 1 posto de enfermagem a cada 25 leitos por sala. A sala de reprocessamento de dialisadores deve possuir no mínimo 8m2 a cada 20 leitos. Além disso, a RDC Nº 50 define a sala de hemodiálise, DPAC e DPI como ambientes que necessitam de incidência de luz de fonte natural direta. O consumo de água de funcionários é definido por 50 L/dia; acompanhantes 10 L/dia; cozinha 25 L/refeição e os equipamentos de diálise exigem 180 L/turno por equipamento, além de reservatório específico para água tratada com capacidade mínima de 20 L/turno por equipamento. Já a Portaria Nº 389 define no Capítulo V a composição das equipes, precisando a quantidade de funcionários em relação à quantidade de pacientes por turno.
No que diz respeito à legislação do município, Iporá possui um plano diretor de dezembro de 2008, que orienta os processos de transformação da cidade, mas que não é muito completo e não define exatamente todas as medidas que devem ser tomadas e avaliadas. Diante o exposto, Iporá é dividido em 9 macrozonas, sendo que a IV diz respeito à “macrozona prioritária para investimento público” e corresponde às áreas próprias para investimentos de infra-estrutura e serviços sociais, que se aplica ao projeto desejado; no entanto as zonas não são geolocalizadas ou explicitadas em mapas, cabendo à prefeitura avaliar e julgar se o lote em questão se aplica ou não à zona referenciada. O Plano Diretor de Iporá considera como parâmetros condicionantes e reguladores da ocupação do solo: o coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação, a permeabilidade do solo, o recuo e o gabarito; mas não define as taxas, que deveriam ser definidos pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, que o município não possui.
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O capítulo II, do parcelamento, edificação ou utilização compulsórios define o que seriam as áreas subutilizadas, no entanto não evidencia o coef. de aproveitamento. “Considera-se solo urbano subutilizado os terrenos e glebas com área igual ou superior a 300m2, quando o coeficiente de aproveitamento não atingir o mínimo definido para a zona onde se situam”
FIGURA 18 | Hemodiรกlise [Fonte: MCree Learning Center]
FIGURA 19 | Hospital Rede Sarah - RJ [Fonte: Arco Web]
ANÁLISE DE SIMILARES
As análises de projetos similares auxiliarão no desenvolvimento do partido no que tange à escolha dos materiais e a tectônica, soluções bioclimáticas, intervenções de inserção na paisagem, além de entendimento do fluxo e posicionamento de ambientes em uma clínica de hemodiálise.
6.1. Rede Sarah de Hospitais Ficha Técnica: Hospital Sarah Kubitschek Local: Rio de Janeiro, RJ Início do projeto: 2001 Conclusão da obra: 2008 Área do terreno: 80.000 m2 Área construída: 52.000 m2 Arquitetura: João Filgueiras Lima (autor); Ana Amélia Monteiro e André Borém (equipe) Paisagismo: Beatriz Secco Conforto térmico: George Raulino
FIGURA 20 | Hospital Rede Sarah - RJ [Fonte: Arco Web]
Considerados exemplos de arquitetura bioclimática, os hospitais da Rede Sarah elevaram o padrão de arquitetura hospitalar no Brasil e no mundo. Utilizando de recursos naturais com soluções criativas, João Figueiras Lima, o Lelé, conseguiu reduzir os impactos ambientais através de estratégias de ventilação e iluminação naturais realmente efetivos, tornando os ambientes menos herméticos e mais agradáveis para os pacientes e funcionários. Lelé acompanhou o processo de criação e manutenção de todos os hospitais da Rede Sarah, possibilitando que entendesse na prática as demandas e funcionamentos, o que deu certo e o que poderia ser melhorado. Portanto, o hospital a ser analisado é o do Rio de Janeiro, inaugurado em 2009 e o último a ser implantado, tendo então, soluções de conforto ambiental mais desenvolvidas. 4
1. Estacionamento 2. Auditório
3. Hospital 4. Serviços Gerais
Os ambientes são divididos em flexíveis e especiais, sendo que apenas estes necessitam de ventilação mecânica o tempo todo, devido ao controle de temperatura, umidade e pressão do ar. Já a circulação se concentra nas extremidades dos blocos e a conexão entre blocos é feita por passarelas cobertas. Janelas e sheds curvos característicos de seus projetos proporcionam ventilação natural por convecção, e a vazão de ar pode ser aumentada devido aos ventiladores nas entradas de ar sob o espelho d’água. Esse espelho d’água não possui apenas função estética, uma vez que é utilizado para resfriar e umidificar o ar, que passa pelo piso técnico e é insuflado nos ambientes através de dutos. A tectônica é caracterizada por caixilhos de aço com vedação de policarbonato nos forros dos ambientes onde não é necessário controle da atmosfera; As vedações externas são de bloco de concreto e internas de gesso acartonado estruturado, permitindo maior flexibilização dos ambientes.
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6.2. Nordial Center Ficha Técnica: Nordial Center Local: Mirandela, Portugal Ano do Projeto: 2012 Área: 5.400 m2 Arquitetura: MJARC Arquitectos Arquitetos: Maria Joao Andrade e Ricardo Cordeiro
Pela explicação dos arquitetos, a proposta principal na concepção deste Centro de Hemodiálise era que ele não deveria se parecer com um hospital. Elevadores frios e tipicamente hospitalares, corredores internos estreitos e com muitas portas, além de recepção ou área de espera no final de corredores não eram possibilidades para este projeto. O mesmo padrão de ambientes se repete em diversos pavimentos, mantendo o zoneamento e permitindo soluções econômicas, uma vez que o ambiente clínico é extremamente repetitivo.
FIGURA 21 | Nordial Center [Fonte: Archdaily]
O edifício é multifuncional, projetado como uma pequena vila, com ruas, praças, jardins e equipamentos públicos, a fim de criar um entorno que permita que os pacientes possuam o máximo de autonomia possível e não se sintam reclusos ao ambiente interno. No subsolo está a estação de tratamento de água e grande parte das salas ligadas à administração, enquanto no pavimento térreo se concentram as salas de hemodiálise e diálise peritoneal, e a recepção, que divide e setoriza o prédio em dois.
Subsolo
Administrativo Recepção Térreo
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Hemodiálise
6.2. Extensão do Hospital Vendsyssel Ficha Técnica: Hospital Vendsyssel - Extensão Local: Hjorring, Dinamarca Ano do projeto: 2019 Área existente: 11.000 m2 Área adicional: 14.000 m2 Área total: 25.000 m2 Arquitetura: C.F Moller Architects Competição: Vendsyssel Hospital - Extension & Renovation Posição: Primeiro lugar
FIGURA 22 | Hospital Rede Sarah - RJ [Fonte: Arco Web]
O projeto em questão ainda não foi construído mas foi vencedor de um concurso realizado para escolher o projeto para a renovação e extensão do hospital. A extensão do projeto incorporou um novo centro de tratamento, uma enfermaria para mães e crianças e um parque infantil. Os novos equipamentos foram organizados em torno de um jardim central que funciona como área de espera e convivência para os pacientes e acompanhantes, além de proporcionar iluminação e ventilação natural para o edifício ao criar espaços vazios.
Os espaços externos do hospital são tão importantes para o processo de cura e tratamento quanto os internos, com soluções para reduzir o impacto ambiental em sua construção, como por exemplo a utilização de águas pluviais, além de o edifício esperar receber um certificado no ranking “Green Building Council Denmark” que requer o uso de menos de 25 kWh/m2 em termos de energia utilizada. O novo edifício terá 2 pavimentos completos e um terceiro que contará com o parque infantil.
Corte Transversal
Circulação em torno do pátio
Visuais voltados para o pátio
Playground infantil no terraço
Área de internação com vistas
O pátio central possui um papel importante neste edifício, uma vez que as circulações, ventilações e vistas são voltadas para ele, de modo a fazer com que o paciente se sinta bem e não perca noção de tempo, possuindo contato com o exterior e prevenindo a sensação de reclusão. Mesmo no terceiro pavimento, os visuais e playgrounds são posicionados em função do jardim central.
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FIGURA 23 | Hospital Psiquiátrico Kronstad [Fonte: Archdaily]
Sa A:
Sala de Recuperação A:11.17m²
Sala DPAC A:11.17m²
Utilidades A:4.78m²
Emergência A:11.17m²
Circulação A:8.69m²
Emergência A:4.78m²
Espera 7,5%
Espera Recepção
PROPOSTA Com base nas análises, dados, pesquisas e estudos de caso, este capítulo dará início à concepção do projeto arquitetônico, apresentando a importância da morfologia, fluxos e setorizações num hospital.
Lanchonete
7.1.
Partido Arquitetônico
Com base nas análises, estudos de caso e pesquisas, conclui-se que a arquitetura hospitalar deve ser pensada de forma associada à medicina e a tecnologia (construtiva ou não), a fim de desenvolver novos hospitais mais econômicos, sustentáveis, flexíveis, “humanizados” e menos herméticos. A flexibilidade é de extrema importância, uma vez que o hospital deve ser considerado como uma obra em constante desenvolvimento e criação, de acordo com as melhorias e avanços na medicina e na área da tecnologia hospitalar. Este recurso pode ser alcançado de formas simples, como com a utilização de divisórias e estruturas modulares, mas principalmente, através da adoçao de novos e modernos sistemas construtivos. Além de não condicionar uma unidade à outra, de modo que a ampliação de uma área do hospital não influencie ou pare o funcionamento das demais. Um dos principais fatores que influenciam no bom funcionamento hospitalar é o fluxo. Além de prevenir infecções, os fluxos garantem a operacionalidade e a flexibilidade do edifício, além de ajudar na definição de setores comuns. Assim, ao pensar no funcionamento do hospital, nos fluxos e na setorização faz-se necessário refletir sobre a morfologia do edifício, sobre a necessidade ou não de mais pavimentos, uma
vez que um edifício em altura exige a utilização de elevador, que além de ser um alto investimento, segundo Carvalho (2004) é o ponto onde obrigatoriamente se cruzam os fluxos. São nos elevadores que alimentos, pacientes, resíduos, acompanhantes, insumos e possivelmente até cadáveres são transportados, e o elevado custo faz com que não seja possível a utilização de elevadores específicos para cada demanda. Assim, embora facilite o transporte vertical, o elevador pode ser um dos principais elementos de disseminação de infecções hospitalares, tornando seu uso pouco recomendável em termos práticos. Desta forma, a morfologia horizontal do edifício faz com que não seja necessária a utilização deste equipamento, e é normalmente utilizada em regiões de terrenos amplos, como é o caso do lote escolhido para a implantação da clínica. Segundo Carvalho (2004), a morfologia horizontal pode ser por meio de pavilhões ou blocos interligados. Esta morfologia é considerada a melhor solução para a relação entre as áreas, considerando o conforto ambiental, além de possibilitar maior liberdade criativa e oferecer maior flexibilidade para ampliações.
7.2. Síntese Projetual Na criação de um hospital, o programa é um dos elementos mais importantes, e deve ser bastante objetivo, mas sem restringir a liberdade de concepção arquitetônica (SANCHEZ, 1969). O programa de necessidades final foi montado de acordo com intensa pesquisa na área da insuficiência renal, e com base nas entrevistas e conversas com pacientes, acompanhantes e funcionários das clínicas visitadas, de modo a utilizar os equipamentos existentes no entorno e tentar superar o programa básico exigido pelo Ministério da Saúde, tornando o ambiente clínico um espaço que seja assim como a terapia renal substitutiva, um aparelho de suporte à vida. Nele estão concentrados espaços que foram divididos de acordo com sua atuação: Atendimento Terapêutico: Área principal do centro de TRS, onde se concentram todas as salas de hemodiálise e diálise peritoneal, postos de enfermagem, emergência, salas de recuperação medicação e coleta. Atendimento Clínico: Consiste na área de atendimento por meio de consultas clínicas com médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais. Apoio Técnico e Administrativo: Área que permite e gerencia o funcionamento hospitalar, não entrando, necessariamente, em contato com o paciente e as áreas de tratamento clínico. Apoio ao Acompanhante: Espaços com acesso público ou controlado, que permitam maior autonomia aos acompanhantes com áreas de descanso, alimentação, palestras e capela. Depósito e Limpeza: Atendem toda a clínica e concentram materiais e equipamentos essenciais ao funcionamento das máquinas de hemodiálise, como é o caso da Estação de Tratamento de Água - ETA. Durante a execução do partido arquitetônico e do projeto, os fluxos serão separados entre Pacientes + Acompanhantes, Misto e Funcionários, e são de extrema importância, uma vez que evitam a possibilidade de contaminações e infecções hospitalares. A utilização de propostas e técnicas de arquitetura bioclimática acompanham toda a intenção do projeto, com a finalidade de tornar os ambientes menos herméticos e mais confortáveis para os usuários, assim como os espaços de permanência e apoio aos acompanhantes. 38
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Atendimento Clínico 8 Consultórios Médicos 1 Consultório Psicológico 1 Sala de Assistência Social 1 Sala de Atendimento Nutricional 1 Área de Fisioterapia
Apoio Técnico e Administrativo 1 Recepção 1 Arquivo 4 Sanitários 1 Sala de Administração 1 Sala de Recursos Humanos 2 Salas de Reunião 1 Sala da Diretoria Geral 1 Sala de Contabilidade 1 Sala de SAME 1 Sala de Nutrição 1 Sala de TI 1 Sala de Faturamento 1 Cozinha 1 Copa para funcionários 2 Vestiários de Funcionários
Apoio ao Acompanhante 1 Café/Lanchonete 1 Área de Espera e Convivência 4 Sanitários 1 Sala de Reunião 1 Capela Ecumênica 1 Jardim Estacionamento de Veículos Estacionamento de Vans e Ônibus Depósito e Limpeza 1 Almoxarifado Simples 1 DML - Depósito de Material de Limpeza 1 Roupeiro 1 Almoxarifado de Material Hospitalar 1 Depósito de Medicação 1 Depósito de Material Hospitalar 1 ETA - Estação de Tratamento de Água 1 Abrigo Reduzido para Resíduos de Saúde
Fluxograma ESTACIONAMENTO
APOIO AO ACOMPANHANTE
APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO
RECEPÇÃO
ATENDIMENTO TERAPÊUTICO
BANHEIRO FEMININO BANHEIRO MASCULINO
DEPÓSITO E LIMPEZA
ATENDIMENTO CLÍNICO
EMERGÊNCIA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA - ETA ABRIGO REDUZIDO P/ RESÍDUOS DE SAÚDE Utilizando de uma malha estrutural metálica de 8m por 8m a partir de perfis metálicos dobrados, seção tipo caixão, é possível atender à demanda de dimensões de todos os ambientes, e ainda deixá-los flexíveis o suficiente por dentro, contando com fechamento externo de blocos de concreto e internos de gesso acartonado estruturado. Os materiais predominantes propostos são o vidro e o metal. Os blocos de concreto serão emassados e pintados com tintura branca, de modo que o edifício não destõe das construções da pequena cidade em que está localizado. Grandes aberturas em vidro permitem o visual externo e garantem iluminação natural. Shafts e aberturas serão propostos para iluminação e ventilação zenital, além do paisagismo com espelhos d’água, tal qual propõe Lelé para resfriar os ambientes internos. O bloco horizontal de apoio ao acompanhante possuirá pé direito de 6m, enquanto os de atendimento 4m, garantindo um vão entre a cobertura destes, onde janelas garantirão a ventilação.
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Atendimento Terapêutico 1 Sala de Recuperação 1 Sala de Medicação 1 Sala de Utilidades 1 Emergência 1 Área para Guarda de Macas e Cadeiras 1 Área para Pesagem 2 Sala de Hemodiálise Branca para 20 pacientes Expurgo Sala de Reprocessamento de Dialisadores Enfermagem e Serviços 1 Sala de Hemodiálise para 4 pacientes HBsAg+ Expurgo Sala de Reprocessamento de Dialisadores Enfermagem e Serviços 1 Sala de Hemodiálise para 4 pacientes (HIV e Hepatite C) Expurgo Sala de Reprocessamento de Dialisadores Enfermagem e Serviços 1 Sala de Diálise Peritoneal Contínua para 2 pacientes Expurgo Enfermagem e Serviços
Setorização
Apoio ao Acompanhante Apoio Técnico e Administrativo Atendimento Terapêutico Depósito e Limpeza Atendimento Clínico
40
Concepção Volumétrica Área necessária para a construção
Jardins entr
Recuo de parte da fachada para garantir dinamismo
Fluxos e Acessos Fisioterapia A:30.22m²
Enfermagem e Serviços
Sala DPAC A:11.17m²
Reprocessamento de dialisadores e expurgo
Reprocessamento de dialisadores e expurgo
Emergência A:11.17m²
Enfermagem e Serviços
Sala HBsAg+ A:32.23m²
Circulação A:8.69m²
A:11.43m²
Consultório Médico
Consultório Médico
A:11.43m²
A:11.43m²
Consultório Médico
Consultório Médico
A:11.43m²
A:11.43m²
Sala HBsAg+ A:32.23m² A:7.41m² Reprocessamento de dialisadores e expurgo
Emergência A:4.78m²
Estação de Tratamento de Água A:30.22m²
Consultório Médico
Consultório Médico
A:11.43m²
A:11.43m²
A:14.82m²
A:14.82m²
Utilidades A:4.78m²
Consultório Médico
A:11.43m²
Sala Branca A:144.57m²
Sala Branca A:144.57m²
Sala de Recuperação A:11.17m²
Consultório Médico
Pesagem e Guarda de Cadeiras de Rodas A:14.25m²
Enfermagem e Serviços
A:7.41m² Reprocessamento de dialisadores e expurgo
Circulação A:8.69m²
DML A:2.71m²
Enfermagem e Serviços
Depósito de Medicação
Almoxarifado A:5.91m²
A:5.91m² Almoxarifado DMH Hospitalar A:2.71m² A:2.71m²
Roupeiro A:2.71m²
Psicóloga A:5.41m²
Nutricionista A:5.41m²
Assistente Social A:5.41m²
WC A:2.55m²
WC A:2.55m²
7,5%
7,5%
Espera
Capela
7,5%
Salas de Reunião Lanchonete
Espera
Sanitários
Recepção
0
2
4
6
Acessos:
Fluxos: Funcionários Pacientes Misto
Pedestres
Corte Esquemático
0
41
2 4
6
re os blocos
Alturas distintas entre blocos, e recuos para espaços reduzidos com possibilidade de acesso externo
Implantação
Proposta final com jardins entre blocos e ventilação cruzada acima dos blocos, diminuindo o uso de equipamentos de resfriamento
0
2 4
6
42
Devido à já referenciada complexidade do programa hospitalar, a planta desenvolvida nesta etapa conta com layout apenas nas áreas exclusivas do uso hospitalar, como o caso das salas de hemodiálise e de reprocessamento de diálisadores, a fim de comprovar sua funcionalidade. Os demais layouts dos ambientes, finalização da volumetria, materialidade, inserção e paisagismo serão tratados no próximo caderno.
Sala Branca A:144.57m²
Sala de Recuperação A:11.17m²
Enfermagem e Serviços
Sala DPAC A:11.17m²
Reprocessamento de dialisadores e expurgo
A:14.82m²
Utilidades A:4.78m²
Emergência A:11.17m²
Sala HBsAg+ A:32.23m²
Circulação A:8.69m²
A:7.41m² Reprocessamento de dialisadores e expurgo
Emergência A:4.78m²
Enfermagem e Serviços
7,5%
Espera 7,5%
Espera Recepção
43
Pesagem e G de Cadeiras d A:14.25m
Lanchonete
Sanitários
Fisioterapia A:30.22m²
Reprocessamento de dialisadores e expurgo
A:11.43m²
Consultório Médico
Consultório Médico
A:11.43m²
A:11.43m²
Consultório Médico
Consultório Médico
A:11.43m²
A:11.43m²
Enfermagem e Serviços
Estação de Tratamento de Água A:30.22m²
Consultório Médico
Consultório Médico
A:11.43m²
A:11.43m²
A:14.82m²
14.82m²
mento ores o
Consultório Médico
A:11.43m²
Sala Branca A:144.57m²
essamento alisadores xpurgo
m²
Consultório Médico
Sala HBsAg+ A:32.23m² Pesagem e Guarda de Cadeiras de Rodas A:14.25m²
A:7.41m² Reprocessamento de dialisadores e expurgo
Circulação A:8.69m²
DML A:2.71m²
Enfermagem e Serviços
Depósito de Medicação
Almoxarifado A:5.91m²
A:5.91m²
Roupeiro A:2.71m²
DMH A:2.71m²
Almoxarifado Hospitalar A:2.71m²
Psicóloga A:5.41m²
Nutricionista A:5.41m²
Assistente Social A:5.41m²
WC A:2.55m²
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8. Referências Bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n.50. Disponível em <anvisa.org.br>. Acesso em: maio de 2019 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n.154. Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise. Disponível em <anvisa.org.br>. Acesso em: maio de 2019 BOING, C. V. A. (2003). Sistemas de Circulação Vertical e Horizontal no Deslocamento dos Funcionários em Edifícios Hospitalares. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção. Orientadora: Profª. Drª Vera Helena Moro Bins Ely. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. DIRETRIZES CLÍNICAS PARA O CUIDADO AO PACIENTE COM DOENÇA RENAL CRÔNICA – DRC NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde, 2014. CARVALHO, Antonio Pedro Alves. Temas de Arquitetura de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura. Instituto de Saúde Coletiva. Salvador, 2002. Apud TOLEDO, L. C. (2006a). Do Hospital Terapêutico ao Hospital Tecnológico: Encontros E Desencontros na Arquitetura Hospitalar. Consultado em: 20/06/2019. Disponível em: mtarquitetura.com.br/conteudo/publicacoes/HOSPITAL_TERAPEUTICO.pdf. CIACO, Ricardo José Alexandre Simon. A arquitetura no processo de humanização dos ambientes hospitalares. 2019. 197 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos. IBGE. Projeção. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 12 maio 2019. LINDHEIM, Roslyn. An Architect´s Perspective In: HOWARD, JAN e STRAUSS. Humanizing Health Care. New York: John Willey and Sons, 1975. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 389, de 13 de março de 2014. Brasil MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 82, de 03 de janeiro de 2000. Brasil MIQUELIN, L. C. (1992e). Anatomia dos Edifícios Hospitalares. CEDAS. São Paulo. Apud MARINELLI, A. (2006). Evolução da Assistência à Saúde. SAP 5846 – Habitação, Metrópoles e Modos de Vida. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. São Carlos. MIQUELIN, Lauro Carlos. Anatomia dos edifícios hospitalares. São Paulo: CEDAS, 1992. REVISTA PROJETO DESIGN. São Paulo, n. 136, nov. 1990.
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