Catálogo Asger Jorn — Um desafio à Luz [Design Marina Ayra]

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Asger

Jorn Um desafio à luz



O Ministério da Cultura apresenta

3 de setembro a 28 de outubro de 2012 Instituto Tomie Ohtake - São Paulo | SP 3 de dezembro de 2012 a 28 de fevereiro de 2013 Museu Nacional - Brasília | DF


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Asger Jorn em São Paulo e Brasília Jens Olesen Coordenador geral da exposição

Asger Jorn trabalhando na obra Études et surprises. Paris, 1971. [Fotografia: Pierre Alechinsky]

Com muita honra e imensa satisfação damos as boas-vindas a Asger Jorn, o artista dinamarquês do grupo CoBrA em visita a São Paulo e Brasília, onde suas aquarelas, obras gráficas e pinturas serão apresentadas pela primeira vez em mostra retrospectiva no Brasil. A exposição demonstra claramente a importância de Asger Jorn como um dos líderes da arte contemporânea na Europa do período pós-Segunda Guerra Mundial, além de reafirmar seu prestígio como principal artista do CoBrA. Para mim, o CoBrA significa uma experiência cheia de cores, animais e movimentos disparatados que mudam todos os dias e nos oferecem uma nova experiência o tempo todo. Uma das características do grupo CoBrA consiste em transformar pinturas em ação, energia, movimento e, acima de tudo, em algo vivo que tem origem no cérebro e, também, nas emoções. A violência cromática que serve de fio condutor para todas as suas produções traduz o ímpeto dos artistas do CoBrA no uso de cores primárias e fortes. Os artistas do CoBrA desenvolveram a sua própria linguagem, um estilo carregado de cores, massa e tensão entre materiais – um estilo que se tornou único. E ao traduzir essa linguagem em pinturas, gravuras, desenhos, esculturas e publicações em livros e revistas, o CoBrA aproximou-se do expressionismo abstrato e da action painting. Esta exposição de Asger Jorn será apresentada no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e no Museu Nacional, em Brasília, sob o patrocínio do Banco PSA Finance Brazil, do Grupo PSA Peugeot Citroën, do Ministério de Relações Exteriores da Dinamarca e da Câmara de Comércio Brasil-Dinamarca. Sejam todos muito bem-vindos à mostra retrospectiva de Asger Jorn no Brasil.

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Asger Jorn - Um desafio à luz Jacob Thage

Curador da exposição e diretor do Museum Jorn, Silkeborg, Dinamarca

1. Entrevista concedida a Nanna Jorn em 1972, reproduzida no trabalho gráfico de Asger Jorn, lommebog 2, Den Kongelige Kobbestiksamling 1976.

Na crítica sobre uma exposição das obras de Asger Jorn no Centro Pompidou em Paris, em 2009, o jornal francês Le Monde afirmou, por exemplo, que “As imagens de Jorn são tão pertinentes hoje como no dia em que foram criadas”. A crítica analisava os 105 desenhos e aquarelas exibidos pelo museu francês, ou seja, referia-se a uma pequena parte da obra de Jorn. Outra parte, a pintura, tem sido qualificada como a mais importante da Escandinávia depois de Edvard Munch. Mesmo que as pinturas de Jorn sejam geralmente consideradas como seus trabalhos mais significativos, elas e os desenhos constituem apenas uma pequena parte de sua obra ampla e complexa. A produção completa varia muito e se estende ao trabalho gráfico, à cerâmica, às esculturas, à tapeçaria, aos livros e muito mais. É possível encontrar outros artistas tão versáteis quanto Jorn, mas sua dedicação nessas áreas já seria suficiente para gravar seu nome entre os artistas mais importantes da Escandinávia no século XX. Ele mesmo comentou que, quando trabalhava com um suporte, “não podia fazer outra coisa, porque não é possível seguir duas instrumentações diferentes, quando se quer chegar ao limite com uma delas”.1 E talvez seja esse um dos seus segredos, a capacidade de ir até o limite. Em todas as suas obras, Jorn baseia-se em uma iconografia pessoal, um universo que trata de estética, ciências sociais, política, história, filosofia e vida privada. Ele procura, como um cientista no laboratório, encontrar o sentido da vida por meio de pesquisas constantes da condição humana em um mundo por vezes absurdo. Mas ele também identifica uma esperança e trabalha implacavelmente para chegar a ela por meio da arte. Nesse sentido ele conta não só com sua composição escrita, mas também com as formas clássicas da arte e com uma rede de relações profissionais transmutáveis entre autores e artistas. O instrumento mais significativo de Jorn é a imagem, seja na pintura, no desenho ou nas artes gráficas. Por isso, se quisermos obter uma visão geral de sua obra, é pela imagem que uma descrição deve

Asger Jorn no final dos anos 1930 [Fotografia: anônimo]

começar. Também é fácil perceber que essas técnicas estão estritamente relacionadas a tudo em que ele se envolvia. Se nos distanciarmos por um instante para observar a sua obra em perspectiva, vere-

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Losko, 1943 Óleo sobre tela | 49,2 x 54,2 cm | Coleção Helle e Finn Poulsen | Fotografia: Lars Bay

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mos sem dúvida um desenvolvimento contínuo. Ela não parece ter sido redundante ou ter encontrado uma fórmula fixa. Pelo contrário, Jorn sempre quis se aperfeiçoar ou procurar novos caminhos para uma redenção. Nesse sentido, ele usa pintura, desenhos, trabalhos gráficos, livros e outros textos como ferramentas, como se fossem microscópios e instrumentos de medida em um laboratório onde constantemente busca satisfazer a sua infinita curiosidade, como o alpinista que continua a caminhada e espera encontrar o cume depois de cada trecho percorrido. Os primeiros desenhos e pinturas produzidos por Jorn são característicos de uma arte modernista e retrospectiva, feita na Dinamarca dos anos 1920 e 1930, que tinha raízes na pintura naturalista francesa do final do século XIX. Mas quando Jorn completa sua formação como professor e se transfere da cidade dinamarquesa de Silkeborg, onde cresceu, para Paris, uma mudança artística se evidencia quase de um dia para o outro. Ele começa a desenvolver sua pintura com Fernand Léger na Académie de l’Art Contemporain. Contudo, é o encontro com os surrealistas – e com suas ideias sobre a liberação das imagens internas por meio da pintura – que tem uma influência determinante sobre o seu desenvolvimento como artista. Excetuando-se poucas pinturas e desenhos baseados no estilo formal de Léger, os trabalhos de Jorn transformam-se em um desenvolvimento brilhante dessa escola de pintura. Depois de explorar as ressonâncias que encontrou em Klee, Miró e Arp, ele chega ao fundamento da sua arte. Jorn já havia participado de uma decoração de Léger para o Pavillion des temps nouveaux de Le Corbusier para a Exposition Internationale “Arts et Techniques dans la Vie Moderne” (Paris, 1937). Entretanto, a ameaça da Segunda Guerra Mundial provoca seu retorno à Dinamarca. Em qualquer outro momento, a isolação do ambiente internacional poderia ter interrompido o desenvolvimento desse jovem artista, mas Jorn não era o único jovem dinamarquês que trabalhava com a expressão espontâneo-abstrata nessa época. Ao contrário, depois de voltar à Dinamarca ele se viu cercado por muitos talentos, numa quantidade jamais presenciada durante muitos anos. Jorn não estava próximo dos colegas apenas em seu comprometimento comunitário. A linguagem pitoresca dos artistas dinamarqueses é comum, e Jorn se aproximava dos outros artistas com os seus quadros, tanto na composição como nas cores. Esses artistas tinham uma tradição de exposições em parceria, e Jorn e seus companheiros reuniram-se no começo da década de 1940 na mostra “Høst”. Já desde o final dos anos 1930 e mais nitidamente no começo da década de 1940 Jorn começa a habitar suas obras com seres e animais fabulosos de uma mitologia própria, para os quais ele criou nomes. Esses seres baseiam-se sobretudo na arte popular e em descrições pré-históricas de seres humanos e animais que ele viu em descobertas arqueológicas no Norte. Elementos de vida – animais e humanos – aparecem continuamente nas suas obras. Eles coincidem com um período lírico e colorido, no início da guerra. A Dinamarca é ocupada pela Alemanha em 1940. No período da exposição “Høst”, o grupo de artistas dinamarqueses que trabalha com a expressão espontâneo-abstrata contrapõe a falta de contato com o ambiente internacional com crítica e apoio interno.

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Composição, 1948 Óleo sobre tela | 53 x 41,7 cm | Coleção Helle e Finn Poulsen | Fotografia: Lars Bay

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No fim da guerra, em 1945, Jorn estava pronto para viajar novamente ao exterior. Como a maioria dos seus colegas dinamarqueses, ele tinha participado do movimento de resistência, mas as fronteiras abertas o fizeram partir imediatamente. Depois disso, ele só permaneceu no mesmo lugar por um período mais longo quando as circunstâncias o obrigaram a ficar. Às vezes, os títulos das obras podem ser a maneira mais fácil de seguir sua rota, pois Jorn costumava nomear suas pinturas no idioma falado onde as pintava. Uma rápida revisão da lista de obras revela anos em que ele morou na Itália, na Alemanha – onde sua base era a galeria de Otto van de Loo –, em Paris – onde teve diversos ateliês até construir o seu próprio, no subúrbio – e na Dinamarca, onde trabalhava nas casas de amigos ou em sua casa de praia, em Læsø. Uma das suas pinturas do pós-guerra, um retrato, é de 1951, e foi intitulado Buttadeo; trata-se provavelmente de um autorretrato. Na lenda de Ashverus, o judeu errante, Buttadeo foi condenado a vagar sem repouso na terra, em busca eterna pela sua alma, e Jorn se compara a ele. No entanto, a primeira viagem pós-guerra do artista teve um objetivo bem claro: foi em direção Norte, até Oslo, na Noruega, onde ele foi visitar a grande exposição memorial de Munch, o pintor norueguês recém-falecido. O estilo expressivo de Edvard Munch é uma das fontes de inspiração usada por Jorn durante toda a sua carreira, como também o universo fantástico do pintor belga James Ensor. Uma relação da mesma importância para Jorn nessa época é sua ligação com o psicanalista dinamarquês Sigurd Næsgaard, que o inspira a fazer experimentos com desenho automático e pintura. Uma série de pinturas dessa época mostra composições mais complicadas, com múltiplas figuras de mundos oníricos. Independentemente de a composição ser mais complicada ou de trabalhar com representações mais simples, Jorn sempre coloca algo familiar, um ou vários elementos que acredita serem capazes de acionar as nossas associações. Pode ser uma figura, talvez inspirada em seu interesse pelas pinturas da pré-história nórdica; podem ser dois olhos que encontram o olhar do observador; pode ser uma máscara que parece derivar da fantasia ou de um lugar distante; também pode ser um rosto que parece conhecido, mas ele não deseja manipular as associações do observador numa direção específica. O reconhecível é ambíguo. Com os seus desenhos automáticos, Jorn descobre que cada observador vê a imagem de um jeito próprio. Por isso, se ele compartilha a sua experiência sem restrições nas obras, estas também não serão específicas. Assim como as figuras, elas são ambíguas e invocam a experiência própria de cada observador. Uma estada na Tunísia no inverno de 1947-1948 parece trazer por um curto período uma série de elementos orgânicos para as pinturas de Jorn, e ele faz experimentos com palmeiras e diferentes fontes de inspiração das paisagens do norte da África. Estas são mais uma vez substituídas por cores de uma paleta bem mais sombria, predominantemente de penumbra. O terror causado pelo início da Guerra Fria e o medo diante da possibilidade de um novo confronto mundial são indicados por Jorn como a inspiração de algumas dessas imagens. Ao mesmo tempo, a biografia dele fala tanto de amor como de

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doença. Enfraquecido pela subnutrição e por uma grave tuberculose, ele tem de abandonar Paris em maio de 1951. É internado no Sanatório de Silkeborg, que esperava ter abandonado para sempre em 1936. Ele se vê forçado a voltar, para mais um ano e meio de internação, à cidade para onde se mudou com a mãe aos 14 anos de idade, depois da morte do pai. As obras predominantemente sérias dessa época mostram como as pinturas de Jorn estão estreitamente entrelaçadas com a sua vida pessoal e com o seu comprometimento com a comunidade que o rodeia. Muitas vezes parecem recordações internas – muitas obras importantes são visões, imagens que Jorn consegue manter na tela, como fazia com os retratos que pintou ao longo do tempo. Para quem não conhece as pessoas retratadas, pode ser difícil entender, mas a família e os amigos raramente têm dúvidas sobre a semelhança. Durante a sua estada no hospital, Jorn criou uma das suas séries de pinturas mais significativas, Af den stumme Myte (do mito mudo), de 1952-1953. A existência, a luta pela sobrevivência, parece ser o tema dessa série de pinturas, e a última das obras, Livshjulet (a roda da vida), foi também a primeira realizada depois de sua alta. Antes de ser internado, Jorn havia sido um dos iniciadores do grupo CoBrA, que existiu entre 1948 e 1951 e era composto essencialmente por artistas da Holanda, da Bélgica e da Dinamarca. O grupo foi fundado com Karel Appel, Joseph Noiret, Constant, Corneille e Christian Dotremont. Este último criou o nome juntando as primeiras letras de Copenhague, Bruxelas e Amsterdã, e o grupo foi um dos mais importantes da Europa no pós-guerra. Os membros desejavam uma renovação da arte com base no experimento e na espontaneidade. As obras Ørnens Ret e Guldsvinet são pinturas derivadas do período CoBrA, sob influência do conflito entre Oriente e Ocidente e do medo de uma nova guerra mundial. O comprometimento de Jorn com a comunidade não se limitava às pinturas. Seus livros e textos também tratam de política e das condições sociais, e desde a década de 1930, depois do encontro com Le Corbusier, a arquitetura e o seu significado para as condições humanas são um dos campos de interesse favoritos de Jorn. Quando ele recebe alta do hospital, as cores claras também reaparecem. Seguindo o conselho dos médicos, muda-se para o Sul com a família, primeiro para a Suíça e depois para a Itália, onde se estabelece em Albisola, um vilarejo ao sul de Gênova conhecido por suas peças de cerâmica e visitado por artistas de toda a Europa. O encontro com Albisola é um marco e o início de uma virada na vida de Jorn. Um novo ambiente internacional se abre para ele graças às oficinas de cerâmica da cidade. Aí ele conhece Enrico Baj, Wifredo Lam, Lucio Fontana e Giuseppe Gallizio. Durante os primeiros anos na Itália, Jorn continua o trabalho em cerâmica, iniciado na Dinamarca logo depois de receber alta. Em seguida, retoma a pintura e parece expandir seu público para além dos Asger Jorn ao lado da máquina de amassar argila em Sorring, 1953 [Fotografia: Johannes Jensen, Dinamarca]

poucos colecionadores que haviam adquirido seus trabalhos anteriormente. Expõe em Paris e logo depois em Munique. Mesmo que a situação pessoal pareça incomodar por um período, os próximos anos se tornam produtivos.

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Por todo o mundo, 1967 Óleo sobre tela | 98 x 78 cm | Coleção particular | Fotografia: Edouard Fraipont

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O sucesso comercial no final da década de 1950 e no começo dos anos 1960 provoca a criação de uma obra muito diferente. Trata-se da coleção que no futuro se transformará no museu em Silkeborg, hoje chamado Museum Jorn. Para esse museu ele doa mais de 4 mil obras dos artistas que o haviam inspirado ou que pareciam compartilhar sua visão artística. Infelizmente não se concretizou sua vontade de se associar a outro artista dinamarquês, o arquiteto Jørn Utzon, para a construção de um edifício que abrigasse essa coleção. O museu foi inaugurado 9 anos depois de sua morte, em edifício projetado por outro arquiteto. Ele mesmo disse que colocar uma coleção tão significativa de arte moderna numa província era um desafio, uma provocação. Nesses anos, ele também iniciou sua obra-prima, que é extremamente pessoal, Stalingrad ou Stedet som ikke Er (o lugar que não existe), ou Modets gale Latter (a risada louca da coragem). Essa pintura é, em parte, uma narração das experiências do amigo italiano Umberto Gambetta, e em parte uma obra de muitos anos, onde ele pôde colocar suas próprias experiências. Gradualmente, elas acabavam se sobrepondo em camadas e em uma pintura que mudava constantemente suas características ao longo dos anos. A obra se tornou um diário psicológico e físico, no qual ele trabalhou até 1972, e se encontra hoje no museu de Silkeborg. Outras duas grandes obras foram iniciadas nessa época, ambas para uma escola de Ensino Médio em Aarhus, na Jutlândia. Uma é um relevo de cerâmica de quase 30 metros de largura por 3 metros de altura, produzido em Albisola. Junto a um amigo dos tempos de Paris, o pintor Pierre Wemaere, ele produz para o salão de festas do mesmo colégio uma tapeçaria de 14 metros de largura chamada Den lange Rejse (A longa viagem), o ponto máximo da colaboração de muitos anos entre os dois artistas. Na mesma época, Jorn se envolveu com o grupo Internationale Situationniste, composto por artistas e poetas reunidos em torno do filósofo francês marxista Guy Debord. Jorn entrou em contato com ele em 1954 e tornou-se cofundador do grupo revolucionário em 1957. Em 1961 ele abandona o grupo por não concordar com o rumo tomado pelas suas ideias, mas continua apoiando-o economicamente. Em 1959 Jorn faz mais um experimento surpreendente em seu laboratório. Surgem assim as modificações que serão expostas pela primeira vez em 1959 e que podem ser vistas como uma inspiração para o que os ‘situacionistas’ chamavam de détournement. São pinturas tradicionais de paisagens do século XIX compradas em feiras de antiguidades, que ele transforma repintando em cima suas próprias figuras. Em 1962 ele expõe uma série com novos temas como cidadania, militarismo e amor. As duas séries são satíricas e humorísticas, e representam uma mudança de lado, um trabalho experimental, distante do sucesso comercial já obtido.

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Cabeça, 1968 Óleo sobre painel | 28,8 x 27,8 cm | Coleção Helle e Finn Poulsen | Fotografia: Lars Bay

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No começo da década de 1960 Jorn inicia outro de seus grandes projetos, que o ocupará por anos. Em continuação ao Internationale Situationniste, ele cria o que chama de SISV – Skandinavisk Institut for Sammenlignende Vandalisme (Instituto Escandinavo para Vandalismo Comparativo), que iria publicar uma série de 32 volumes sobre 10 mil anos de arte popular nórdica. Para o projeto ele reuniu cerca de 25 mil fotografias, muitas das quais tiradas pelo fotógrafo Franceschi. O projeto foi parcialmente realizado depois da morte de Jorn, com a publicação póstuma de alguns dos volumes. Em 1961 Jorn apresenta as Luxury Paintings, outro lado de suas pesquisas ou experimentos na mesma linha das modificações, desta vez com uma pintura informal que analisa a luz. Ele produz essas pinturas com uma técnica de dripping, como é conhecida nas obras de Jackson Pollock. Na denominação ele brinca com o duplo sentido da palavra lux, efeitos de luz e riqueza/luxo. Em muito do que realizava, Jorn sempre foi desafiador: nas pinturas, nas opiniões e na discussão de arte e política. Isso o envolveu em discussões e conflitos, raramente tão intensos como na sua recusa em receber o prêmio Guggenheim, em 1964. Ele surgiu nas manchetes de jornais do mundo inteiro por ter recusado firmemente um prêmio internacional que não tinha solicitado e que, ao mesmo tempo, parecia colocá-lo acima de outros artistas. O fato de ele também se recusar a receber o valor considerável que fazia parte do prêmio contribuiu para consolidar sua fama de artista. Em 1970 a pintura de Jorn atingiu mais um apogeu. Os seres mitológicos continuaram reconhecíveis, embora parecessem estar se dissolvendo ou passando por uma mutação para rostos e corpos distorcidos, que ele dispunha nas superfícies coloridas. De certa maneira, nos seus últimos 6 a 8 anos ele conseguiu liberar as cores mediante um uso mais livre da espátula ou do pincel, em um movimento crescente, sem que a intensidade dos detalhes se perdesse. Quando Jorn morreu, em 1973, parecia estar no auge da carreira. Nos seus últimos anos ele escolheu percorrer inúmeros caminhos novos e explorar diferentes áreas com uma curiosidade aparentemente insaciável.

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Sem título, 1952 Aquarela, guache, bico de pena e nanquim | 32,8 x 40 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 141/1980 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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Desenhos e obra gráfica Jacob Thage

Curador da exposição e diretor do Museum Jorn, Silkeborg, Dinamarca

Desenhos O título da exposição, “Um desafio à luz”, foi extraído do prefácio de um livro de René Renne e Claude Serbanne sobre os desenhos de Jorn, publicado em 1947. Os autores escreveram que os seus desenhos tinham “um brilho sulfúrico” e que, já naquela época, haviam percebido que suas obras não apenas eram resultado de estudos introspectivos, mas “Elas valiam para o mundo inteiro”. Isso parece contraditório. O motivo dessa contradição talvez possa ser encontrado no Jorn Museum em Silkeborg, que reúne mais de quinhentos desenhos do artista. A grande maioria dessas obras permanece protegida da luz do dia por suas cores delicadas, para que elas sejam conservadas para a posteridade. Embora o objetivo pareça nobre, é também um pecado contra os visitantes, que não têm a possibilidade de apreciar os desenhos. Os depósitos guardam um tesouro: esboços simples, quase rabiscos, e anotações escritas rapidamente, ou folhas repletas de cores que testemunham dramas em vários níveis, dos dramas humanos do dia a dia aos dramas que desestabilizam o mundo. Os desenhos de Jorn sempre parecem atingir um nível mais profundo, em comparação com aquele que geralmente constitui suas pinturas. Eles seguem um caminho próprio, como geralmente acontece com esboços e ensaios. Jorn usa seus desenhos não só como estudo para figuras e composições que aparecerão mais tarde nas pinturas, mas também como obras independentes, que preservam um momento entre pessoas, ou a luz que se modifica em segundos. Eles são parte essencial da exploração do mundo que perpassa toda a sua obra. O papel o acompanhava sempre, na forma de cadernos de esboços que foram conservados como um todo ou desmembrados. Assim, eles mesmos podem ser expostos, como suas outras obras de arte. Alguns desenhos fazem parte de séries nas quais Jorn se concentra em um tema específico e mostram que, apesar de seus múltiplos projetos e tarefas, ele era antes de tudo um artista plástico: é dos desenhos que surge a maioria das suas pinturas. Uma das primeiras evidências do talento especial de Jorn é um diário de acampamento de escoteiros, no qual ele participou em 1930-1931. A vida no

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Sem título (Esboço para figura feminina em cerâmica), 1953 Lápis e aquarela sobre papelão | 24,4 x 17,8 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 303/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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acampamento e os acontecimentos eram meticulosamente retratados em caricaturas afetuosas e humorísticas pelo jovem artista e aluno. Aqui, vamos abordar as obras produzidas no momento em que ele decidiu seguir uma carreira artística. Os primeiros desenhos dessa fase são do tempo em que ele ainda estudava na academia de arte de Fernand Léger, em Paris. No começo, Jorn era o modelo de aluno dedicado, desenhando tudo o que o mestre colocava à sua frente. Entretanto, Paris tinha muito mais a oferecer, e Jorn absorvia todas as tendências encontradas no seu caminho em forma de aquarela, lápis e tinta. Ele se inspirava tanto em Miró, Arp, Klee e os surrealistas, quanto na arte tradicional de máscaras da África vistas nas galerias e nos museus, como o Musée de l’Homme. Ele não copiava, mas se apropriava de toda a arte que encontrava. Assim, sua arte nascia constantemente. A inspiração dos surrealistas e os seus conceitos de desenho automático foram significativos para o desenvolvimento de Jorn. Quando voltou de Paris, Jorn começou a preencher seus desenhos com uma grande quantidade de animais e seres fabulosos, um universo que iria habitar suas pinturas pelos trinta anos seguintes. No início da Segunda Guerra Mundial ele atravessou um período lírico, nítido tanto nos desenhos como nas pinturas. E durante os últimos anos da guerra se interessou pela psicanálise, o que é diretamente refletido em seus trabalhos. Entre os desenhos do pós-guerra, os mais marcantes foram produzidos em Tunis. Jorn viajou para lá com a família, na intenção de colaborar com os tecelões locais. Uma série de desenhos com conteúdo político ou sociopolítico surgiu por volta de 1950. O título de um deles, ånden fra 48 (o espírito de 48), refere-se ao nacionalismo de meados do século XIX, que levou uma Dinamarca presunçosa e pretensamente invencível a entrar em guerra com a Alemanha. O conflito só terminou em 1864, com uma fragorosa derrota da Dinamarca. Jorn identifica essa mesma arrogância em seu próprio tempo. Como muitos dos membros do movimento CoBrA, Jorn se interessava pelos desenhos infantis. Suas pequenas figuras e os seres fabulosos, que muitas vezes pareciam ter sido inspirados pelos desenhos dos seus filhos, recebiam nomes como aggenakker, ploks, automolok e graks, que não podem ser traduzidos do dinamarquês porque somente fazem sentido pelo som que sua pronúncia gera. Jorn desenhava esboços minuciosos para muitas das obras de cerâmica produzidas depois de sua alta do hospital de Silkeborg. A sua primeira produção, embora pequena, o levou a fazer uma viagem até Albisola, na Itália, onde continuou fazendo cerâmica e se aperfeiçoando. Alguns de seus desenhos provavelmente são representações da vida familiar na Itália, onde ele viveu

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Descolagem, 1964 Descolagem, pequenos fragmentos de um pôster sobre papelão preto | Aprox. 64 x 49,1 cm Museum Jorn, Silkeborg, inv. 44/1964 | ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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com sua segunda esposa, Matie. Num dos desenhos desse período há quatro pequenas figuras, possivelmente seus dois filhos e mais os dois do primeiro casamento de Matie. Uma das obras mais cativantes é uma série de aquarelas em pequenos formatos, provenientes de um caderno de esboços. Algumas foram criadas por volta de 1960, e suas cores parecem evidenciar a liberdade que tinge a última fase de sua produção. Todos os desenhos parecem absorver a paisagem circundante, mais do que em suas pinturas. Cada um dos encontros com a África do Norte, a Itália e o México pode ser decifrado na escolha de cores, especialmente nos últimos desenhos da ilha dinamarquesa Læsø, onde a luz do mar ao redor quase torna etéreos seus desenhos. Uma parte específica das obras em papel de Jorn é constituída por descolagens, que ele criou arrancando lâminas dos cartazes que costumavam ser colados uns sobre os outros em colunas para anúncios. A maioria delas foi produzida por volta de 1964.

Gráfica A versão revisada da lista de obras gráficas de Jorn, popularmente chamada de van de Loo, em homenagem ao galerista de Munique que publicou a primeira versão, inclui 428 obras. Uma breve análise dessa lista deixa poucas dúvidas sobre o fato de estarmos diante de um artista dotado de uma expressão artística impressionante, quase que explosiva. Desde a juventude, na década de 1930, e até sua morte, Jorn explorou de forma totalmente consciente as diversas técnicas gráficas. A coleção completa de obras gráficas, desde os primeiros retratos um pouco ingênuos de membros da família em cortes de linóleo, até as últimas xilogravuras, de beleza quase cintilante, produzidas por volta de 1970, apresenta uma gama cromática extremamente rica e transições fantásticas. Elas constituem uma parte independente da sua obra, e podem ser contempladas isoladamente. A arte gráfica de Jorn também oferece um ótimo resumo do seu desenvolvimento artístico, ainda que grande parte dessas obras tenha sido feita em períodos determinados. Não há um ano em que ele não trabalhe com linóleo, gravura, litografia ou xilogravura. O trabalho gráfico é, assim, um dos seus laboratórios mais importantes. Em parceria estreita com impressores de arte gráfica, sobretudo com Peter Bramsen, ele explorava os recursos da gravura

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Sem título, 1968 Litografia em cores | 42,8 x 30 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 101/1974 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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e suas possibilidades específicas. Jorn começou com linoleogravura, continuou com gravura em metal, litografia e xilogravura, e utilizou as outras técnicas eventualmente. Ele dizia: “a gráfica tem para mim um papel importante, pelo fato de poder esgotar todas as possibilidades de expressão existentes em cada técnica – gravura, ponta-seca, água-forte, litografia, xilogravura e assim por diante –, levá-las até o limite”. O isolamento durante a guerra parece acelerar sua produção gráfica, que se desenvolve cada vez mais em paralelo com as pinturas. Além de algumas litografias coloridas, Jorn faz pequenas séries de gravuras densas em preto e branco, que aparecem como comentários inconscientes sobre a pressão associada à ocupação nazista. Pequenas figuras e animais fabulosos também surgem de sua mente, são colocados nas chapas, e então seguem para o papel em paralelo ao trabalho com a imprensa clandestina. A paz depois da guerra traz também a possibilidade de sair do país, e assim as cores reaparecem em sua produção. Com a saúde muito enfraquecida, depois de alguns anos Jorn volta para Silkeborg, onde cria uma série de trabalhos gráficos, entre os quais a litografia Return to the Detested City e a série Silkeborg Suiten, produzida durante a doença. Depois de conseguir os recursos necessários para viajar à Suíça com a família, Jorn consegue terminar a sequência de gravuras em preto e branco – a série Schweizer Suiten, que reúne fortes considerações humanas e políticas. Nos anos seguintes, ele se apropria verdadeiramente da litografia e produz uma série de importantes impressos com a gráfica Permild & Rosengreen, de Copenhague. É também nessa gráfica que ele conduz experimentos que prescindem do toque humano, até então uma característica importante da sua prática artística. Na série de litografias Jubiläums serien, da década de 1960, várias das 24 folhas são criadas como uma forma de desenho automático: uma bola de mármore banhada em tintas coloridas gera um desenho ao rolar sobre a pedra. Essa forma de expressão permaneceu como um intermezzo, uma das muitas manifestações de sua curiosidade infinita e de sua vontade de explorar os limites e de desenvolver-se artisticamente. Nessa época, quando Jorn conheceu o sucesso internacional, ele também liderou um empreendimento gráfico que o apoiaria nos seus experimentos. A gráfica de Permild & Rosengreen vinha sendo gradualmente dominada por uma produção mais industrial. Jorn estabeleceu, então, parcerias com outras gráficas, como a Erker Presse de St. Gallen, na Suíça, onde criou a sequência muito bem-sucedida Vom Kopf bis Fuss, e com Beaudet, em Paris. Somente após iniciar sua parceria com os parisienses Clot, Bramsen & Georges, em 1966-1967, é que Jorn parece ter encontrado um parceiro de trabalho definitivo, ainda que tenha continuado a realizar projetos em paralelo com a Erker Presse. Com um dos sócios da gráfica, o dinamarquês Peter

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Na vigília da aurora, 1971 Xilogravura em cores | 32,3 x 25 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 184/1973 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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Bramsen, Jorn descobriu tanto os próprios limites como os das diversas técnicas de impressão. As obras mais famosas dessa época são quatro litografias de 1968, criadas durante a revolução estudantil, várias das quais traziam o texto “Vive la Revolution Pasioné”. Até 1972, um ano antes de sua morte, Jorn criou, junto a Bramsen, mais de sessenta impressões. Études et Surprises, de 1971, talvez seja a série mais marcante, pois é composta por 12 xilogravuras coloridas. Ela é feita com até dez cores e é conhecida em várias formas de impressão. Mesmo que seja possível visualizar várias influências em sua obra, a ligação com Edvard Munch é especialmente evidente – a última sequência gráfica de Jorn parece ser uma homenagem ao mestre norueguês. Não resta dúvida de que Jorn apreciava o processo gráfico. As exigências inexoráveis de ética de trabalho e o resultado direto obtido com a impressão forçavam o artista a dar o melhor de si. Para Jorn, geralmente, a temática escolhida era óbvia antes mesmo de começar, mas a colaboração com os impressores sempre o levava um passo adiante. Quando as obras gráficas de Jorn são analisadas em conjunto, pode-se ver nelas um processo em evolução constante, como uma busca contínua rumo a novos objetivos.

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Asger Jorn - Uma biografia — Com ênfase nos desenhos e na produção gráfica Ulrik Eskekilde Nissen

Mestre em Belas Artes e documentalista do Museum Jorn, Silkeborg, Dinamarca

1914-1939 Asger Jorn nasceu na cidade de Vejrum, Dinamarca, em 3 de março de 1914, e foi batizado como Asger Oluf Jørgensen. Era filho de professores, e seu pai faleceu em 1926. Em 1929, sua mãe muda-se com ele e seus 5 irmãos para Silkeborg, que no futuro Jorn irá considerar como sua cidade natal. Em 1930 Jorn consegue uma autorização especial para estudar na faculdade de formação de professores. Durante a faculdade ele começa a pintar. Depois de concluir a faculdade em 1936, Jorn viaja para Paris, onde é admitido na Académie de l’Art Contemporain e tem como mestre Fernand Léger. Na Exposition Internationale “Arts et Techniques dans la Vie Moderne” (Paris, 1937), Jorn realiza ampliações de desenhos infantis para Le Corbusier. Tanto a influência de Léger e a relação amistosa com Le Corbusier como a vida artística em Paris tiveram uma influência essencial para o desenvolvimento artístico de Jorn. Durante os anos seguintes e até o início da Segunda Guerra Mundial, ele passa alguns períodos em Paris. Em 1937 Jorn aprende a trabalhar com spray fixador. Essa técnica, usada para trabalho em papel, é muito diferente do estilo firme e disciplinado que o jovem aprendeu durante o treinamento com Léger. [1] Jorn estuda na Academia Real de Arte em Copenhague (Det Kongelige Kunstakademi i København) de 1937 a 1940. A escola de pintura não foi muito inspiradora para ele, mas a escola gráfica sob a liderança de Aksel Jørgensen exerceu uma atração diferente. Ali, Jorn realizou vários experimentos com litografia. Sua primeira exposição individual realizou-se em Copenhague, em 1938. Durante esse período, ele trabalha com a técnica flottage (papel mergulhado na água, de modo que cores flutuantes são fixadas na superfície) [2] e com a técnica de revestimento de cores. [3] Asger Jorn com sua namorada Kirsten Lyngborg na motocicleta em que viajou a Paris [Fotografia: anônimo]

Com o começo da Segunda Guerra Mundial em 1939 e a ocupação da Dinamarca pela Alemanha de 1940 até 1945, o contato com outros países é interrompido completamente.

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1940-1949 Jorn e vários outros vanguardistas compartilham suas ideias na revista Helhesten (O cavalo da morte) a partir de 1941. Seu método de trabalho foi proclamado em 1945 no catálogo de exposição do grupo Høst como “o método espontâneo da expressão pitoresca”. Jorn produz várias litografias para a Helhesten. [53, 60, 61, 62] Asger Jørgensen muda seu nome para Jorn em 1945. No mesmo ano, começa a fazer sua primeira suite com o tipógrafo I. Chr. Sørensen. Durante o processo ocorre a separação entre Jorn e Sørensen, e a suite é impressa em Estocolmo, na Suécia, sob o nome de Ars-Portfolio. [63] Três obras da suite serão exibidas na primeira International Biennial of Contemporary Color Lithography em 1950, na cidade de Cincinnati (Estados Unidos). Asger Jorn em Homt Souk, na ilha de Djerba, na frente de um caminhão com a imagem da ‘Mão de Fátima’, 1948. Manda a tradição tunisiana que se pinte a mão de Fátima nos veículos, para dar sorte. [Fotografia: anônimo]

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A exposição Høst em 1948. Atrás: Sixten Wiklund, Ernest Mancoba, Carl-Henning Pedersen, Erik Ortvad, Ejler Bille, Knud Nielsen, Aage Vogel-Jørgensen e Erik Thommesen. Sentados: Karel Appel, Tony Appel, Christian Dotremont, Sonja Ferlov com seu filho Wonga, e Else Alfelt. À frente: Asger Jorn, Corneille, Constant e Henry Heerup. [Fotografia: Gunnar Jespersen, Dinamarca]

Em 1946 em Saxnäs, na Suécia, Jorn faz experimentos com a técnica de desenho automático e desenvolve uma linguagem baseada no movimento da linha colorida. Em alguns desenhos com crayon surgem tentativas de um estilo mais livre. [11] Jorn visita Pablo Picasso em Antibes (França) em outubro de 1946. Estada de vários meses na Ilha Djerba, na Tunísia, durante o inverno de 1946-1947. Na ilha Jorn descobre a resposta para a questão que vinha ocupando sua mente desde que realizou as pinturas de Saxnäs: encontrar uma união entre o desenho automático, o traço moderno e as cores. Sua primeira exposição individual realiza-se em Paris, em 1948. No dia 8 de novembro de 1948 o grupo CoBrA forma-se no café do Hotel Notre Dame, em Paris, com seis artistas: Karel Appel, Joseph Noiret, Christian Dotremont, Asger Jorn, Constant e Corneille, os quais assinam a declaração escrita por Dotremont. Entre o inverno de 1949 e a primavera de 1950 a vida de Jorn torna-se cada vez mais difícil. Ele cria suas Visões da guerra, figuras de animais grotescos e escuros. [16]

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1950-1959 Entre o outono de 1950 e a primavera de 1951 Jorn vive com a família em Suresnes, subúrbio de Paris. Ele sofre ataques de pânico, de claustrofobia e falta de ar, mas continua muito produtivo, tanto nas pinturas quanto nos desenhos e aquarelas. [17] Em abril de 1951 é diagnosticada tuberculose pulmonar, e Jorn também sofre de má nutrição. Ele fica internado por 17 meses no Sanatório de Silkeborg. Jorn é convidado para a segunda International Biennial of Contemporary Color Lithography de Cincinnati, em 1952. Como o artista ainda não pode deixar o hospital, produz dois desenhos para essa ocasião, que são transferidos para pedra. [65] Seu amigo Robert Dahlmann Olsen, antigo editor da Helhesten, tenta ajudar a vender as obras de Jorn, para que ele possa pagar suas dívidas. [66, 68] No hospital, Jorn conhece Verner Permild e Bjørn Rosengreen, que haviam fundado uma gráfica em 1947. A primeira obra dessa fase é criada por meio de desenhos e instruções escritas. [70] No verão de 1953, Jorn trabalha intensamente com obras de cerâmica em Soring, perto de sua cidade natal. Esboços se transformam em mais de duzentas obras de cerâmica, [21, 22] e é assim que se forma a base para a coleção de Jorn em Silkeborg. Jorn abandona a Dinamarca com a intenção de se estabelecer no exterior para sempre. O primeiro destino é a Suíça, por causa da convalescença, mas a estada planejada para durar um ano é interrompida antes do previsto. Ainda assim, muitas pinturas, obras gráficas e desenhos são criados no ambiente que ele considerava desconfortável. [23, 24, 25, 26] Jorn decide estabelecer-se na Itália na primavera de 1954; instala-se em Albisola. Na primavera de 1955 Jorn aluga um loft em Paris, que ele modifica para transformar em sua moradia. No período seguinte Jorn vive e trabalha por apenas algumas semanas ou meses em Albisola. [27, 28, 29 foram todas produzidas na Itália em 1955] Asger Jorn com a escultura Oiseau em Albisola, em agosto de 1954 [Fotografia: Henny Riemens]

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O Primo Congresso Mondiale Degli Artisti Liberi [Primeiro Congresso Mundial dos artistas livres] é realizado em Alba, na Itália, em 1956. Para


Otto van de Loo (esq.) e Asger Jorn, 1958 [Fotografia: anônimo]

esse congresso, planejado por Jorn e Pinot-Gallizio, Jorn produz uma série de colagens de papel de embalagem com alguns elementos gráficos. [30, 31] Em 1956, Jorn cria um catálogo da sua obra gráfica. No ano anterior, ele havia recebido as suas chapas de impressão da escola gráfica de Copenhague, além de outras chapas do período em que viveu na Suíça. Permild e Rosengreen são os responsáveis pela publicação desse catálogo, que contém reproduções de duas litografias da década de 1940. [52, 60] Em 1958, Jorn finalmente encontra uma galeria que deseja promover ativamente a sua produção gráfica. A Galerie van de Loo, em Munique, tem papel decisivo no estabelecimento do nome de Jorn na Europa, além disso é a primeira galeria que aceita vender os seus trabalhos gráficos sob comissionamento. O contato se transforma em amizade com o proprietário, Otto van de Loo, e a esposa dele, Heike. A primeira gravura em cores de Jorn é impressa em Munique nesse ano. [76, 77, 78, 79]

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1960-1969 Em 1960, as gravuras criadas em Copenhague durante a ocupação alemã são publicadas por iniciativa de Jorn, sob o nome de Occupations, e expostas na Galerie Rive Gauche. A série é composta de 23 gravuras produzidas entre 1939 e 1945. [54, 55, 56, 57] No mesmo ano, Jorn cria uma série de 16 aquarelas coloridas. Várias contêm reminiscências das pinturas desse período. [33, 34, 35, 36, 37] As “Pinturas de luxo” aparecem em 1961. Jorn muda seu estilo característico de pinceladas de varredura e remove a consistência compacta da cor, enquanto explora métodos do automatismo e do dripping. Nos anos seguintes, esses experimentos também são usados nos desenhos [38, 39, 40, 41, 42] e nas aquarelas; eles se encerram em 1963, com uma série litográfica, Jubillæumsserien (a série de aniversário), exibida em vários lugares na Dinamarca para comemorar os 50 anos de Jorn. [80, 81] Em uma série de descolagens de 1964, Jorn explora mais um aspecto da criação artística. Trata-se de uma abordagem inversa, em que camadas de cartazes comerciais são arrancadas para criar a obra. [43] O ateliê de Jorn em Paris é derrubado em 1965, de modo que Albisola torna-se o único lugar onde ele pode trabalhar regularmente. Jorn cria somente quatro obras gráficas nesse ano. As quatro litografias coloridas, produzidas em colaboração com Permild e Rosengreen, formam uma suite independente. [82, 83, 84, 85] Em 1966 a Galerie van de Loo realiza a primeira grande exposição das obras gráficas de Jorn. Durante esse ano Jorn cria duas suites. A primeira é feita de 27 gravuras de ponta-seca, que são impressas na Galerie van de Loo. [87, 88] Os impressores de artes gráficas Peter Bramsen (em Paris) e Franz Larese (em St. Gallen, na Suíça) são considerados os mais importantes para Jorn nessa época. Bramsen, discípulo do tipógrafo I. Chr. Sørensen, compartilha a paixão e a vontade de Jorn em explorar e desenvolver novos aspectos das disciplinas clássicas da gráfica. Essa parceria inicia-se em 1967 e resulta na produção de mais de 50 litografias e xilogravuras. [89, 91, 93, 94]

Asger Jorn diante do Silkeborg Kunstmuseum, hoje Museum Jorn, 1964 [Fotografia: Børge Venge, Dinamarca]

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Asger Jorn com sua mulher Nanna, 1970 [Fotografia: anônimo]

1970-1973 A maior parte da produção gráfica de Jorn nessa época surge em colaboração com os impressores de artes gráficas, que também são editores. Uma exceção notável são as xilogravuras coloridas publicadas pela Galerie van de Loo em 1970. Auxiliado por dois artistas, Jorn cria a série no porão da galeria. [96, 97, 98] Em 1971, Jorn cria 16 xilogravuras com Bramsen em Paris. Doze delas são reunidas na suite Études et Surprises, que constitui uma das obras-primas de Jorn. [99, 100, 101] Em 1972, Jorn inicia o grande projeto de criar um catálogo de seu trabalho gráfico em parceria com o Silkeborg Kunstmuseum e a Galerie van de Loo. O projeto é paralisado por um período, por causa da morte de Jorn, mas é concluído em 1976 e publicado pela Galerie van de Loo. Em 1973 Jorn recebe o diagnóstico de câncer de pulmão e é internado no Kommunehospitalet em Aarhus. A família e os amigos o visitam, entre os quais Hans Kjærholm, seu companheiro fiel, para quem criou uma das suas últimas obras. [49] No dia 1º de maio Jorn morre, aos 59 anos de idade. É enterrado no dia 22 de junho, no cemitério de Grotlingbo, em Gotland.

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Asger Jorn na oficina de cantaria Nicoli em Carrara, novembro de 1972 [Fotografia: Bartoli, Itรกlia]

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Desenhos

[1]

Sem título, 1937 Nanquim, spray e pastel | 31 x 23 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 75/1958 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[2]

Menina procurando no chão, 1938 Flottage | 37 x 28 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 79/1958 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[3]

Estudo da Composição 19, 1938 Guache | 34 x 27 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 102/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[4]

Sem título, 1938 Bico de pena (nanquim) | 19 x 18,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 298/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[5]

Sem título, 1939 Bico de pena (nanquim) | 21 x 27 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 3/1964 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

40


[6]

Sem título, 1940 Bico de pena (nanquim) | 21 x 21 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 584/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

41


[7]

Sem título, 1940 Bico de pena (nanquim) | 17,5 x 17,2 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 595/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

42


[8]

Sem título, 1942 Pincel e nanquim | 23 x 30,8 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 132/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

43


[9]

Sem título, 1942-45 Nanquim e crayon | 27 x 29 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 592/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

44


[10]

Sem título, 1945-46 Crayon | 34,5 x 27,2 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 547/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

45


[11]

Sem título, 1946 Bico de pena (nanquim) e tinta a óleo | 22,5 x 19,3 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 158/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

46


[12]

Sem título, 1946 Bico de pena (nanquim) e crayon | 27,1 x 35 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 170/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[13]

Sem título, 1946 Bico de pena (nanquim) e lápis | 18 x 12 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 735/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

48


[14]

Sem título, 1946 Bico de pena (nanquim) | 12 x 17,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 324/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[15]

Sem título, 1947-48 Bico de pena (nanquim) e aquarela | 37 x 29 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 515/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

50


[16]

Sem título (Esboço de The Spirit of 48), 1950 Pincel e nanquim | 17,8 x 31,2 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 268/1972 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

51


[17]

Sem título, 1951 Bico de pena (nanquim) e aquarela | 22 x 17 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 310/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

52


[18]

Sem título, 1951 Pincel, nanquim e aquarela | 27,3 x 20,8 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 580/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

53


[19]

Sem título, 1951 Pincel, nanquim e aquarela | 30 x 36 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 531/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

54


[21]

Sem título (Esboço de desenho para louça cerâmica), 1953 Bico de pena e nanquim | 26 x 34 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 776/ 1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

55


[23]

Sem título, 1953

[24]

Sem título, 1953

Lápis, bico de pena, pincel, aquarela e crayon | 29,6 x 20,8 cm

Lápis, bico de pena, pincel, aquarela e nanquim | 29,6 x 20,8 cm

Museum Jorn, Silkeborg, inv. 543/1959 | ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

Museum Jorn, Silkeborg, inv. 508/1959 | ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[25]

A cada um, seus pensamentos, 1953 Lápis, bico de pena, pincel, aquarela, nanquim e sépia | 20,8 x 29,6 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 277/1972 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[26]

Sem título, 1953 Bico de pena, pincel, tinta e nanquim | 16 x 8 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 492/1959 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[27]

Sem título, 1955 Lápis, bico de pena e nanquim | 28,3 x 22,4 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 525/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[28]

Sem título, 1955 Bico de pena, pincel e nanquim | 20,8 x 14,8 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 563/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

60


[29]

Sem título, 1955 Nanquim e crayon | 33,8 x 23,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 272/1972 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

61


[30]

Sem título, 1956 Colagem, crayon, tinta prata e tinta bronze | 53,6 x 41,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 797/1959 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

62


[31]

Sem título, 1956 Colagem, aquarela e crayon preto | 52,9 x 41,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 795/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

63


[32]

Sem título, 1957 Lápis, bico de pena, nanquim, aquarela, crayon | 17,8 x 27,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 540/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[33]

Sem título, 1960 Crayon azul e aquarela | 16,8 x 11 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 309/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[34]

Sem título, 1960 Crayon azul e aquarela | 16,7 x 11 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 298/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[35]

Sem título, 1960 Crayon azul e aquarela | 15,7 x 12,4 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 297/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

67


[36]

Sem título, 1960 Crayon azul e aquarela | 16,6 x 13 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 305/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[37]

Sem título, 1960 Crayon azul e aquarela | 13 x 16,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 303/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[38]

Sem título, 1961 Lápis, pincel e nanquim | 26,7 x 21 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 311/1962 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[39]

Sem título, 1961 Lápis, pincel e nanquim | 21 x 27 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 316/1962 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[40]

Sem título, 1961 Pincel e nanquim | 20,8 x 29 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 60/1961 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[41]

Sem título, 1961 Pincel, nanquim e crayon preto | 21 x 27 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 306/1962 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[42]

Sem título, 1961 Crayon preto e nanquim | 21 x 27 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 312/1962 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[44]

Sem título (Estudo preliminar para litografia), 1965 Crayon | 28 x 20,9 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 216/1973 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[45]

Sem título (Estudo preliminar para litografia), 1965 Crayon | 28 x 20,9 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 215/1973 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[46]

Conotações túrbidas, 1966 Tinta acrílica | 38 x 27,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 392/1972 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[47]

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[48]

Sem título, 1971

Sem título, 1971

Pincel e nanquim | 24 x 18,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 259e/1971

Pincel e nanquim | 24 x 18,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 259g/1971

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay


[49]

Sem título, 1973 Tinta acrílica | 50,5 x 71,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 26/1994 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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Gravuras

[50]

Sem título, 1940 Água-forte | 14 x 9,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 84/1958 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[51]

Casa das mulheres, 1940 à gua-forte | 12 x 14,8 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 316/1959 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[52]

Sem título, 1942 Água-forte | 9,4 x 9,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 85/1958 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[53]

[54]

Sem título, 1942

A melodia humana, 1939

Litografia em cor | 31,7 x 27,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 113c/1974

Água-forte | 19,1 x 6,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 322/1959

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[55]

Carícia geológica, 1942 Água-forte e água-tinta | 23,3 x 18,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 319/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[56]

Ondas curtas, 1942 Água-forte e água-tinta | 25,7 x 21,4 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 318/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[57]

Pensamento incômodo II, 1942-43 Água-forte | 21,5 x 25,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 320/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[58]

[59]

Sem título, 1943-44

Sem título, 1943-44

Linoleogravura | 12,6 x 8,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 68a/1985

Linoleogravura | 12,1 x 8,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 68b/1985

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[60]

Sem título, 1944 Litografia em cores | 21,8 x 16 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 113d/1974 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[61]

[62]

Sem título, 1944

Sem título, 1944

Litografia | 24 x 16,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 78/1981

Litografia | 24 x 16,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 79/1981

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[63]

Sem título, 1945 Litografia | 30 x 44 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 725/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[64]

Sem título, 1945 Litografia | 40,4 x 30,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 141/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[65]

Retorno à cidade abominável, 1951 Litografia em cores | 35 x 33 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 22/1988 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[66]

O gato risonho, 1953 Litografia em cores | 36,5 x 46 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 202/1958 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[67]

Sujeito romântico, 1952 Litografia em cores | 54 x 65,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 144/1958 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[68]

Barbarismo ao luar, 1952 Litografia em cores | 51,5 x 68,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 143/1958 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

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[69]

Sem título, 1952 Linoleogravura e xilogravura em cores | 23,2 x 38 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 785/1959 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

96


[70]

Sobre o mito silencioso, Opus 4B, 1952 Litografia em cores | 27 x 41 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 799/1959 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

97


[71]

Sem título, 1954 Litografia | 32,6 x 23 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 106/1966 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

98


[72]

Nenhum nascimento no cÊu, 1954 Linoleogravura | 50,5 x 39,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 55/1971 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

99


[73]

Sem título, 1956 Litografia em cores | 62 x 40 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 7/1971 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

100


[74]

Parada súbita, 1958 Litografia em cores | 63 x 41,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 819/1959 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

101


[75]

Nostalgia irremediåvel, 1958 Litografia em cores | 41 x 63 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 820/1959 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

102


[76]

Sem título, 1958 Água-forte em cores, água-tinta e ponta-seca | 26,2 x 21,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 192/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

103


[77]

Sem título, 1958 Água-forte em cores e ponta-seca | 29,7 x 18,3 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 197/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

104


[78]

Sem título, 1958 Água-forte em cores e ponta-seca | 18,3 x 29,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 193/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

105


[79]

Sem título, 1958 Água-forte em cores e ponta-seca | 20,5 x 26,2 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 188/1959 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

106


[80]

Sem título, 1963 Litografia em cores | 61,7 x 46 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 42/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

107


[81]

Sem título, 1963 Litografia em cores | 61,7 x 46 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 43/1963 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

108


[82]

Sem título, 1965 Litografia em cores | 23 x 22 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 223/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

109


[83]

Sem título, 1965 Litografia em cores | 23 x 22 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 225/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

110


[84]

Sem título, 1965 Litografia em cores | 23 x 22 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 224/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

111


[85]

Sem título, 1965 Litografia em cores | 23 x 22 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 226/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

112


[86]

Turbilhão redirecionado, 1966 Água-forte e ponta-seca | 23,7 x 29,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 42/1974 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

113


[87]

Gri-mask, 1966 Água-forte e ponta-seca | 29,5 x 23,9 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 49/1974 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

114


[88]

Não vou – venho, 1966 Água-forte e ponta-seca | 22,1 x 16,1 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 65/1974 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

115


[89]

Tributo em azul, 1967 Litografia em cores | 75 x 56 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 200/1972 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

116


[91]

Sem título, 1969 Litografia em cores | 18,8 x 45 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 111/1974 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

[92]

A caminho II, 1970 Litografia em cores | 48 x 64 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 92/1971 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

117


[93]

Amarelo-azul, 1970 Litografia em cores | 67 x 52 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 98/1974 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

118


[94]

Sem título, 1970 Litografia em cores | 76 x 55 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 368/1973 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

119


[95]

Cuba, 1970 Litografia em cores | 46 x 63 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 200/1970 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

120


[96]

[97]

Mar verde, 1970

Crianças crescidas, 1970

Xilogravura em cores | 38 x 29,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 274/1973

Xilogravura em cores | 44,5 x 34,7 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 286/1973

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

121


[98]

A origem da família, 1970 Xilogravura em cores | 34 x 44,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 287/1973 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

122


[99]

A armadura que desarma, 1971 Xilogravura em cores | 32 x 25,3 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 23/1990 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

123


[101]

Gravidade deteriorada, 1971 Xilogravura em cores | 25 x 32,3 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 188/1973 ŠDonation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

124


[102]

Sem título, 1972 Litografia em cores | 37 x 47,5 cm | Museum Jorn, Silkeborg, inv. 120/1972 ©Donation Jorn, Silkeborg | Fotografia: Lars Bay

125


Patrocínio

Apoio

B E S T S E L L E R


Coordenação geral da exposição Jens Olesen

Design gráfico Marina Ayra

Copyright das obras Donation Jorn, Silkeborg

Organização Art Unlimited Pieter Tjabbes / Tânia Mills Sandra Klinger Rocha

Revisão Armando Olivetti

Emprestadores das obras Jens Olesen Coleção Helle e Finn Poulsen Museum Jorn, Silkeborg

Museum Jorn, Silkeborg Jacob Thage - Diretor Ulrik Eskekilde Nissen - Documentalista Curadoria Jacob Thage Textos Donation Jorn, Silkeborg Jacob Thage Ulrik Eskekilde Nissen

Realização

Tradução Izabel Murat Burbridge Equipe de produção Erika Uehara Patrícia Magalhães Rose Teixeira Sonia Leme Suellen Ferreira Silva Fotografia das obras Edouard Fraipont Lars Bay

[www.museumjorn.dk]

Realização Instituto Tomie Ohtake Museu Nacional - Brasília


Asger

Jorn Um desafio à luz

São Paulo, agosto de 2012

© Direitos autorais reservados pelos autores, fotógrafos e Donation Jorn, Silkeborg. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia ou qualquer sistema de armazenamento, sem a permissão por escrito do editor.



3/set a 28/out/2012 Instituto Tomie Ohtake São Paulo | SP 3/dez/2012 a 28/fev/2013 Museu Nacional Brasília | DF


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