lugar nenhum
“Não faz sentido dividir as cidades nessas duas categorias [felizes ou infelizes], mas em outras duas: aquelas que continuam ao longo dos anos e das mutações a dar forma aos desejos e aquelas em que os desejos conseguem cancelar a cidade ou são por esta cancelados.” - Ítalo Calvino, As cidades invisíveis.
Nº1
Ao redor tem algumas árvores. Cada vez se abrem mais restaurantes. À frente, o Copan. Descendo mais, o Edíficio Itália e a Praça da República. É o ínicio da Consolação. O fim da Ipiranga. Ponto de ônibus e taxi. Encruzilhadas de conexões intracapitais. O centro de São Paulo. Dificilmente se citaria um só referencial para se localizar. Não à toa, rodeado de símbolos, pouco se olha para o chão. Ninguém o viu ai. Se foi construído ou se surgiu de um negativo. Se foi estrutural ou estruturado. Todo mundo está se dirigindo à algum lugar, não importa onde. Transposições sobrepostas no nada. Banalidade materializada. E se você pudesse ver? Presenciar? É preciso saber seu espaço. Entre a Ipiranga e a Consolação, bem em frente ao Copan, perto da Praça da República, há 170 metros quadrados de chão desocupado por onde passam centenas de pessoas todos os dias. Sem nome. Engolido pelas casualidades. Transbordando possibilidades de interação. E que uma vez percebido se torna passível de apropriação.
trib. de justiça
prç. roosevelt
copan
ed. prç. da itália república
23 de marรงo - 12:00
FENOMENOLOGIA O Fenômeno do Lugar Christian Norberg Shulz
A fenomenologia é o estudo que retorna a concretude das coisas, opondo-se as abstrações e as construções mentias. Sendo assim, a fenomenologia aborda o lugar quanto a sua qualidade ambiental. “Um lugar é um fenômeno qualitativo “total”, que não pode ser reduzido à nenhuma de suas propriedades”. Segundo Heidegger, o grande nome da fenomenologia, a propriedade básica do lugar é a concentração e o cercamento. O lugar é literalmente a reunião daquilo que é conhecido. ele pode ser divido da seguinte maneira: espaço, enquanto sua construção tridimensional, e caráter, conceito ligado à atmosfera do lugar. A fenomenologia propõe o estudo intrínseco desses dois conceitos interdependentes, de forma que possamos compreender o conceito mais amplo de “espaço vivido”. Um sítio não é intrinsicamente um lugar, ele se torna um lugar quando apreendido, quando se cria uma identificação, a criação de uma relação amistosa com o determinado ambiente. E essa identificação surge da subjetividade da experiência de cada indivíduo. O caráter do lugar consiste no cruzamento das referências de mundo externo e mundo interno e pessoal do indivíduo. “Os objetos de identificação
são propriedades concretas do ambiente e que as pessoas geralmente desenvolvem relações com elas durante a infância”. Shulz fala então da importância do homem se sentir pertencente, estabelecer vinculo com o lugar. A vivência humana se pauta na orientação enquanto direção, e na identificação, enquanto experiência subjetiva do lugar. Para finalizar, Shulz retoma Heidegger: “A poesia não voa acima e sobrepuja a terra a fim de escapar dela e de pairar sobre ela. A poesia é o que primeiro traz o homem para a terra, fazendo-o pertencer a ela, e assim trazendo-o à morada”.
ARQUITETURA EFEMERA Atmosphere of Institutional Critique: Haus-Rucker-Co’s Pneumatic Temporality/ Esther Choi
Haus-Rucker-Co foi fundada em 1967 pelos arquitetos austríacos Laudris Ortner, Günter Zamp Kelp e Klaus Pinter em Viena. Interessados pela arquitetura fora dos termos normativos existentes, as criações do grupo procuravam expandir seu entendimento de edifícios para ambientes, ecossistemas “pós-naturais”.O que lhes instigava era criar experiências pscicofísicas. O nome possuí duplo significado: Hausruck é o local onde os membros nasceram, e “Rücken” é a palavra austríaca para “móvel”, ou seja, denotando um estúdio que procurava experimentar com a maleabilidade, a mobilidade e a versatilidade. Kelp, Ortner e Pinter elaboravam projetos que tinham, como intenção principal, alterar a percepção do usuário, criando assim uma nova relação com um ambienta já previamente conhecido, instigando a inter-relação entre corpo e espaço, de forma que essa sensibilização do público pudesse transformar um comportamento social, transformar uma forma de ver, perceber e acima de tudo, fazer arquitetura. Seus trabalhos se voltaram em grande maioria para a arquitetura pneumática, utilizando de plásticos infláveis, que se tornou um símbolo da contracultura arquitetônica, tensionando as relações entre o efêmero e o monumental, entre a utopia e a realidade.
O grupo propunha um novo “fazer” da arquitetura, mais prático, que escapasse às burocracias, às demandas dos clientes e aos debates elitistas, mas ainda sendo economicamente viável e esteticamente agradável. Uma produção que instiga as linhas de autoria dentro da arquitetura, um espaço que é construído enquanto ocupado, que só tem significado na interação. “Características particulares de diferentes tradições e culturas foram niveladas (...). Vazias e sem caráter como são, a paisagem urbana se tornou facilmente trocável”. Os projetos da Haus-Rucker-Co atuavam no âmbito de transformação da experiência de um ambiente previamente conhecido. Na alteração da vivência de um espaço consolidado, injetando-o vida. A arquitetura efêmera é uma resposta política ao sistema de isolamento da população na prática da arquitetura. Um combate que não parte da lógica da destruição desses sistemas inteiros, mas sim da sobreposição de novos significados em sua historia. Um novo frescor que possibilidade o debate e a discussão sobre esses espaços e sua interação efetiva com tudo que os cerca. Ao finalizar seu artigo, Choi descreve a arquitetura da Haus-Rucker-Co: “ A imagem de um ‘mundo melhor’ parecia estar à alcance, se preparando para novas e ainda não conhecidas possibilidades” (BLAUVELT, p.37-42).
URBANISMO TATICO Tactical Urbanism: short term-action, long term change. /Street Plans & New York streets? Not so mean anymore. /Jannete Sadik-Khan
Urbanismo Tático consiste em intervenções rápidas, baratas e temporárias, que visam lidar diretamente com problemas urbanos de média/ pequena escala. O termo é relativamente recente, sendo popularizado em 2010 com o trabalho da urbanista americana Janette Sadik-Khan e a publicação do livro Tactical Urbanism: Short-Term Action, Long Term Change, do grupo Street Plans. O objetivo principal deste tipo de intervenção é oferecer soluções urbanísticas imediatas que tornem o espaço público -sobretudo a ruamais seguro, convidativo e prático para o pedestre. Uma intervenção tática parte sempre da participação conjunta e horizontal de arquitetos-urbanistas com a comunidade. Sua escala pequena, e seu baixo custo, não só livram o processo de burocracias e procedimentos que possam vir a ser intelectualmente elitistas, mas como também sua materialidade permite que a manutenção da intervenção possa ser feito pelos moradores da região. Um dos conceitos mais fundamentais desse tipo de urbanismo é a participação ativa da população na concepção, construção e conservação do projeto.
Os métodos empregados variam de situação para situação, mas normalmente consistem em desenho de piso, móveis e paisagismo deslocáevel. Em intervenções feitas pela própria esfera pública, medidas mais complexas como repavimentação de vias e bloqueio temporário de ruas para o transito de carro também são empregadas. Para o urbanismo tático, o uso de procedimentos e materiais baratos reflete diretamente numa solução imediata, coletiva e adaptável para questões urbanas. Justamente por ser feito de maneira rápida, barata e temporária, intervenções táticas adaptam-se às necessidades da comunidade e corrigem eventuais erros de concepção de maneira muito mais rápida e eficiente que projetos de maior complexidade construtiva. Por isso, o urbanismo tático tem se tornado uma resposta cada vez mais comuns aos problemas das grandes cidades, partindo tanto de iniciativas privadas quanto sendo incorporado em planos de governo em várias cidades do mundo. Uma questão pontual é respondida imediatamente com um desejo coletivo de mudança e integração urbana, que continua vivo e atualizado com a participação ativa da comunidade.
conceituação/processo
diagrama fluxos
24 de abril - 21:30/22:30
Ninguém sabia direito como seria. Estávamos um pouco tensos. Talvez fosse melhor irmos um pouco mais tarde, mas desistimos de esperar. Chegando lá, vimos umas viaturas que, para nossa surpresa, não pareciam se importar muito com o que estávamos fazendo. Nem a Polícia Federal, nem a CET pararam seus carros. Foi muito tranquilo. A tinta secava super-rápido, não atrapalhava em nada os pedestres que, apesar do horário, ainda passavam com relativa frequência.A única questão foi termos calculado errado a área da calçada e, por isso, termos comprado só um balde de tinta. Assim, só conseguimos pintar uma pontinha da ilha e, em pouco menos de uma hora, já estávamos lavando os materiais.
29 de abril - SPTV
6 de maio - 19:30/20:30
Queríamos ter ido antes, mas, por conta da denúncia do SPTV, adiamos nossa pintura em uma semana. O alvoroço causado pela reportagem não deveria durar tanto. Como tinha sido muito tranquilo da primeira vez, resolvemos ir mais cedo, pouco tempo depois do horário de rush. A policial parada em frente ao Hilton nos fez hesitar por alguns minutos. Começamos a pintura. Neste horário, havia uma quantidade muito maior de pedestres. Muitos deles se mostraram bastante interessados pelo trabalho (um até pediu para pintarmos seu skate, dar uma “pincelada” de azul). Desta vez, tínhamos levado dois galões de tinta, as pessoas paravam para conversar com a gente, aparentemente, estava tudo tranquilo. Cerca de 40 minutos após o início da pintura, a policial do Hilton e mais um colega nos pararam. Ela disse já estar de olho em nós desde que tínhamos chegado. Depois do SPTV, aquele ponto estava sendo devidamente vigiado. Se realmente quiséssemos pintar a calçada, deveríamos ir atrás de autorização. Não tinha nada que eles pudessem fazer. Voltamos e desperdiçamos quase um galão inteiro de tinta.
contato com moradores: grupo renova centro
11 de junho - 16:00/17:00: reunião moradores copan
A reunião começou pontualmente às 16:00h, com apenas dois moradores do condomínio, bastante entusiasmados com nosso trabalho já no grupo de whatsapp (um deles foi quem nos procurou e adicionou ao Renova Centro). Pouco tempo depois, chegaram uma jornalista, também otimista com a gente, e outra moradora que não hesitou em se mostrar contrária a qualquer intervenção na calçada. Segundo ela, o concreto usado para pavimentação foi concedido pelo próprio Oscar Niemeyer, que sempre prezou pelo “espaço vazio”. Ela própria já tinha tentado intervir no local diversas vezes, sem nunca obter qualquer apoio da CET. Além disso, ao se projetar algo na ilha, seria preciso atentar à possível ocupação da população de rua, extremamente indesejável para esta moradora. Apesar dos outros não concordarem em nada com o que era dito, ela se mostrava muito irredutível. A ilha não poderia ser ocupada de forma alguma: ela jamais seria uma praça. Depois de mostrarmos, com algumas referências ao urbanismo tátil, que nosso projeto seria apenas um desenho de piso, ela se mostrou bem mais empolgada. O chão não atrapalharia a circulação dos pedestres, tampouco os colocaria em risco. O desenho não incentivaria a permenência na ilha, somente a destacaria do piso da rua. Já no final do encontro, chegou outro morador, fotógrafo. Foi ele quem fotografou a reunão.
documentação CET SOLICITAÇÃO PARA AUTORIZAÇÃO DE EVENTO - SAE
DATA
(VIDE RELAÇÃO NO VERSO)
N°
DADOS DO PROMOTOR RESPONSÁVEL PELO EVENTO
NOME / RAZÃO SOCIAL
Associação Escola da Cidade - Arquitetura e Urbanismo
RG
CPF / CNPJ
INSCRIÇÃO ESTADUAL
01.843.613/0001-53
ENDEREÇO (AV., RUA, ETC.)
R. General Jardim
1210
NÚMERO
65
CEP
BAIRRO E-MAIL
COMPLEMENTO U.F.
CIDADE
01223-011
Vila Buarque
São Paulo
PESSOA PARA CONTATO
hiramlatorre@gmail.com
NOME DO EVENTO
RESERVADO À CET
SP
TELEFONE
(11)9098-0987
Hiram Latorre DADOS DO EVENTO
A praça
LOCAL (CITAR O NOME DA RUA, AVENIDA, ESTRADA, PRAÇA, LARGO - EM CASO DE CRUZAMENTO CITAR COM QUAL RUA, PRAÇA, AVENIDA, ESTRADA, LARGO OU EM SE TRATANDO DE TRECHO CITAR ENTRE QUE RUA , PRAÇA, AVENIDA, ESTRADA, LARGO - ALTURA NÚMERICA OU OUTRAS REFERÊNCIAS. ANEXAR CROQUIS COM A OCUPAÇÃO PRE TENDIDA).
Av. Ipiranga, 200
N° (A SER PREENCHIDO PELA CET)
PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO HÁ LINHA DE ÔNIBUS OU CORREDOR A OCUPAÇÃO SERÁ NA: DE1. ÔNIBUS NO LOCAL? DOCUMENTOS EXIGIDOS POR PISTA LEI QUE SIM CALÇADA NÃO ÁREA INTERNA
1.1 PESSOA FÍSICA
DATAS DE REALIZAÇÃO
O LOCAL PARA ESTACIONAR É:
ESTE EVENTO JÁ FOI REALIZADO ANTERIORMENTE
COM SOLICITAÇÃO A AUTORIZAÇÃO DA CET? DEVEM FAZER PARTE DA PROIBÍDO PERMITIDO ZONA AZUL
O EVENTO TERÁ SERVIÇO DE VALLET?
SIM
PÚBLICO ESTIMADO A CADA DIA
CÓPIA SIMPLES DA CÉDULA CÓPIA SIMPLES DO CPF. SIMPLES DO COMPROVANTE ATUALIZADO DE RESIDÊNCIA. 30 14:00 - 20:30 CROQUIS DA VIA E ARREDORES ONDE O EVENTO SERÁ REALIZADO.
CÓPIA 17/06 - 28/06
SIM NÃO
NÃO
HORÁRIOS DE REALIZAÇÃO (INÍCIO E TÉRMINO) DE IDENTIDADE .
pessoas
DESCREVA AS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO EVENTO
1.2 PESSOA JURÍDICA
O evento pretende simular a montagem de um cenário urbano, como se fosse uma praça com desenho de PARA EMPRESAS QUE POSSUAM TERMO DE COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE DE COBRANÇA PERIÓDICA COM A CET, piso, canteiros e bancos. INFORMAR O Nº DO Tudo TERMO:foi pensado de modo a não atrapalhar o trânsito, nem o fluxo de pedestres. TERMO NÚMERO: ________________________. CASO O SOLICITANTE NÃO POSSUA O TERMO DE COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE DE COBRANÇA PERIÓDICA ENCAMINHAR OS DOCUMENTOS ABAIXO, ASSINALANDO QUAIS ESTÃO SENDO FORNECIDOS. COM FINALIDADE LUCRATIVA OU COMERCIAL, NO EVENTO HAVERÁ: VENDA DE PRODUTOS
1.2.1 EMPRESAS PRIVADAS SIM
NÃO
SHOWS ARTÍSTICOS SIM
CÓPIA SIMPLES DO CONTRATO SOCIAL.
NÃO
EXPOSIÇÃO DE MARCAS, LOGOMARCAS OU LOGOTIPOS SIM
NÃO
CÓPIA SIMPLES DATERMO INSCRIÇÃODE MUNICIPAL E/OU ESTADUAL.E RESPONSABILIDADE COMPROMISSO CÓPIA SIMPLES DO CNPJ ATUALIZADO, OBTIDO NO SITE DA RECEITA FEDERAL. O presente Termo rege-se pela a Lei nº 14.072/05, regulamentada pelo Decreto n° 51.953/10, em especial seu artigo 15, mediante as seguintes CROQUI DA VIA E ARREDORES ONDE O EVENTO SERÁ REALIZADO. cláusulas e condições: 1. CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO 1.2.2 ASSOCIAÇÕES, RELIGIOSAS E PARTIDOS POLÍTICOS 1.1. O presente termoFUNDAÇÕES, tem por objetoORGANIZAÇÕES a prestação de serviços operacionais pela COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO, doravante denominada nos termos da Solicitação para Autorização do Evento – SAE e documentos respectivos, para os quais o CÓPIA SIMPLES DOCET, ESTATUTO SOCIAL DEVIDAMENTE REGISTRADO. promotor do evento ora se compromete e se responsabiliza. CÓPIA SIMPLES DA ATA DA ELEIÇÃO QUE ELEGEU O REPRESENTANTE LEGAL DA ENTIDADE QUE ESTEJA NA 2.
VIGÊNCIA DE SEU MANDATO, BEM COMO, DE SEUS DIRIGENTES, CLÁUSULA SEGUNDA – DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADES DODEVIDAMENTE SOLICITANTEREGISTRADA. CÓPIA DO CNPJ ATUALIZADO, OBTIDO NO SITE DA RECEITA FEDERAL. 2.1. O SOLICITANTE será responsável pelas informações prestadas e, após a análise técnica favorável da CET, deverá recolher o valor CROQUI DA VIA E ARREDORES ONDE O EVENTO SERÁ REALIZADO. dos Custos Operacionais orçados pelos serviços prestados, previamente à ocorrência do evento, sem o que o mesmo não estará CÓPIA DOaATO DE DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA, DE RECONHECIMENTO DE OS, OU OSCIP, QUANDO HOUVER. autorizado realizar-se, salvo nas hipóteses de isenção previstas na legislação em vigor. 2.2. O SOLICITANTE deverá obter todas as autorizações necessárias perante os órgãos responsãveis para a correta regularidade do evento.
2. DOCUMENTOS COMPLEMENTARES 2.3. O SOLICITANTE deverá manter as autorizações necessárias no local da realização do evento e apresentá-las sempre que solicitadas por preposto da CET. 2.1 2.4. EVENTOS CATÓLICOS O SOLICITANTE fica obrigado a reparar, de imediato, o(s) dano(s) decorrentes de sua ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, inclusive por dano(s) causado(s) na via e aos equipamentos de propriedade da CET. FOR REALIZADO POR TRAZER SOMENTE OS qualquer SEGUINTES DOCUMENTOS COMPLEMENTARES QUANDO O EVENTO IGREJAS OU ENTIDADES QUE POSSUAM CADASTRO DE ENTIDADE PROMOTORA DE EVENTO ISENTO, COM A 2.5. O CET. SOLICITANTE deverá assegurar a infraestrutura necessária e compatível com as características do evento, obter previamente os pronunciamentos favoráveis dos órgãos competentes, quando for o caso, e garantir sua realização de maneira pacífica. CÓPIA SIMPLES DA NOMEAÇÃO DO PÁRACO. 2.6. O SOLICITANTE, após a realização do evento, desocupará a(s) via(s), deixando-as nas mesmas condições originais.
PARA OBRAS E SERVIÇOS as condições da via deverão ser iguais ou melhores do que as existentes anteriormente ao evento. 2.2 2.7. EVENTO DE CARÁCTER POLÍTICO PARTIDÁRIO
DOCUMENTO DO PARTIDO POLÍTICO,OU CNPJ DO CANDIDATO, DESCREVENDO E DEMONSTRANDO A 2.8. O SOLICITANTE será responsável por todas as ocorrências relacionadas ao evento. NATUREZA DA MANIFESTAÇÃO QUE SERÁ REALIZADA (PASSEATA,DESFILE,CONCENTRAÇÃO PÚBLICA, CARREATA).
Mod. EI - 002 (21/09/18 FL.1/3) V.4
2.3 EVENTOS DE CARÁCTER SOCIAL DOCUMENTO OFICIAL COM TIMBRE DA ENTIDADE SOCIAL DESCREVENDO E DEMONSTRANDO A NATUREZA SOCIAL DO EVENTO. 2.4 MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS DOCUMENTO INFORMANDO A NATUREZA DA MANIFESTAÇÃO (PASSEATA,DESFILE,CONCENTRAÇÃO) A SER REALIZADA E QUAL A OPINIÃO QUE SE PRETENDE EXPRIMIR.
autorização para realização de evento
*foi necessário o pagamento de uma taxa de R$340,00
Nº2
Contra-intuitivamente, olhos atentos se lançam até sobre o mais inócuo dos lugares. O lugar nenhum. Sem nome, definitivamente. Mas impresso na memória coletiva de seu entorno pulsante. Pertencente. Fomentando opiniões mesmo em toda sua inércia. “Feito pelo Copan, o concreto foi doado pelo próprio Oscar Niemeyer”. Propriedade vigiada. Invadida pela ação da cor e atiçando um territorialismo inerente. Como fruto do acaso, ocupando endereço de estima no centro da pauliceia desvairada. Convergência de vontades. “Já tentamos colocar vasos aqui, não deixam, aqui não pode nada.” A impenetrável lógica sobre a qual cresce o urbano. O abismo monstruoso entre cidade e cidadão. Um fazer arquitetura tão mitológicamente mantido longe do alcance comum, enterrado em processos e afogado na manutenção do existente. “Tem que pintar mesmo, dar mais vida pra cidade”. O ato ansioso de infringir o limite. O ensimesmamento da discussão como resposta cansativa à burocracia. Descomplicação e dinamização do aparato estatal. A possibilidade de querer. Como seriam nossas cidades se pudéssemos voltar a desejar o seu melhor.
18 de junho - 15:00/18:00
Como não íamos atrapalhar o tráfego de pessoas, a autorização da CET nos deu o luxo de poder pintar a calçada em horário comercial, mas não foi tão simples quanto parecia. Uma moradora do Copan, com quem já havíamos conversado antes, se indignou com a ação, a ponto de questionar a veracidade da autorização. Chamou uma vizinha funcionária da CET que autenticou o documento, dizendo que, quanto a ele, não poderia fazer nada. A polícia já fora acionada antes mesmo da chegada da moradora: ela, por precaução, pediu para que avisassem imediatamente à polícia no caso de mais uma intervenção na ilha. Mostramos a autorização mais de cinco vezes e, ainda assim, ela parecia se incomodar (para ela, a calçada que escolhemos pertence exclusivamente ao Copan). Apesar do ocorrido, a aceitação do restante das pessoas foi extremamente positiva. A própria policial do Hilton, que nos parou em maio, falou que o pessoal da secretaria da educação estava “adorando o azul”. Um fotógrafo, que se apresentou como curador de cidades, deu seu cartão e pediu para enviarmos a foto assim que a intervenção ficasse pronta. Um homem mais jovem perguntou como registraríamos o trabalho, comentou que tinha um drone e que poderíamos marcar. Substituímos o galão de tinta por um barril e, depois de quase 3 meses, entre trancos e barrancos, finalmente terminamos o azul da calçada.
desenho - projeto
19 de junho - 15:00/20:00
Começamos a pintar as faixas. Dividimos o desenho em três partes e resolvemos começar pela maior delas, o meio. Primeiro, marcamos a listra central para nos localizarmos. Depois, marcamos as listras subsequentes, com 0,5m cada uma. Também nos dividimos: enquanto uns marcavam, outros passavam o rolinho com a tinta rosa e uma dupla ia com um pincel retocar as imperfeições, deixando a pintura mais uniforme. Ao contrário do dia anterior, não tivemos nenhum problema com as “autoridades”. A moradora do Copan não apareceu (ela mesma nos falou que viajaria neste dia), e os policiais já tinham entendido tínhamos a autorização para o desenho. O que nos surpreendeu foi a grande aceitação do grupo LGBTQ+, que nos perguntou se estávamos trabalhando em prol da representatividade transexual para a parada gay do próximo domingo. Realmente, azul e rosa são as cores da bandeira trans. Nem tínhamos pensado nisso. Como não temos nenhum transexual no grupo, não nos achamos no lugar de fazer uma homenagem explícita, mas ficamos bastante felizes com a possível identificação. A aceitação do público geral foi também muito boa. Eles se impressionavam com o nosso trabalho, bastante artesanal e, por isso, muito cansativo. Quando nos perguntavam sobre a escolha de cores, respondíamos temos pensado em uma paleta que não atrapalhasse em nada a identificação de trânsito, evitando, assim, acidentes. Mesmo assim, muita gente pareceu adorar o rosa. Depois de passarmos quase a tarde inteira pintando, não tínhamos mais tanta tinta e, depois de escuro, o ponto se tornava bem menos amistoso. Pedimos aos seguranças do Copan uma fotografia um pouco mais alta e resolvemos finalizar no dia seguinte.
20 de junho - 15:00/20:00
O processo não foi muito diferente do dia anterior. Compramos mais pinceis para terminarmos mais rápido os retoques das faixas centrais, marcamos as faixas laterais e pintamos de forma bem parecida a de antes. A maior diferença foi que, por conta do feriado (Corpus Christie) e da semana do orgulho gay, a Praça da República foi fechada para um show LGBTQ+. Desta vez, passaram menos carros e ônibus, o que acabou facilitando bastante a pintura. Além disso, houve maior presença do grupo LGBTQ+, que perguntava sempre sobre nossa relação com a representatividade trans. Nossa resposta foi a mesma que, apesar de ser uma excelente coincidência (um desenho com as cores da bandeira trans na semana mundial do orgulho), não fazíamos parte da comunidade transexual e, por isso, não nos encontrávamos em nosso lugar de fala. Como o desenho se completava cada vez mais, mais pessoas pararam na ilha para tirar foto, tanto fotos nossas quanto fotos delas mesmas pousando em meio às listras. Ficamos muito felizes com a grande aceitação. No final, já de noite, a moradora do Copan que nos parara no dia 18 voltou de viagem e berrou de seu taxi que o trabalho ficara realmente muito bom, estávamos todos “de parabéns” pela determinação. Quando os ônibus voltaram a circular livremente, terminamos tudo. A ilha estava finalmente como pensamos três meses antes.
desenho - etapas
dia 1
dia 2
23 de junho - parada LGBTQ+
divulgação
Nº3
O nascimento frutífero da boa vontade. É necessário fomentar a discussão, causar interesse. Fazer-se notar pela cidade para que não sejamos por ela engolidos. Se há uma moral nos altos e baixos do embate com a realidade é que ela não deveria ser tão imaterial. Uma inversão na perspectiva urbana que permite a possibilidade de errar. Tranformista. Maleável e quem sabe um dia efetivamente coletiva. Pulsante, com alternativas para a estagnação das grandes decisões metropolitanas. Suportado por uma arquitetura que se permite ser sentida, mais que vista. Uma oportunidade de aprender e aproximar o dialogo. Lugar nenhum pintado de algum lugar.
lugar nenhum
Clara Almeida Hiram Latorre Julia Lara Marina Liesegang Noel Lima Thiago Simbol 2019