Belmiro Sauthier

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Número 61 - 26 de junho de 2020

Belmiro Sauthier Foto: Pedro Clasen.

15-11-1938 21-06-2020 Como um garotão, Belmiro vibra com o novo site do seu jornal, em 218.

Uma parada cardiorrespiratória fulminante, no último dia 21, quando estava em casa com a família, nos levou Belmirou Celso Dupont Sauthier que durante quase 20 anos trabalhou no Jornal da Tarde. Nas páginas seguintes, justa homenagem dos amigos do JT.


O Belmiro que eu con Mário Marinho

Belmiro e eu chegamos ao Jornal da Tarde quase ao mesmo tempo. Foi em 1968. Eu cheguei em janeiro e ele alguns meses mais tarde. Quieto, caladão foi motivo de gozação daquela agitada redação logo nos primeiros dias. Em sua primeira matéria, usou “golo” e “goleira” ao seu referir gauchescamente ao gol e à meta onde fica o goleiro. Levou numa boa e nunca mais repetiu. Naqueles primeiros meses de Jornal da Tarde, fizemos muitas coberturas juntos. Cobrimos lado a lado o dia-a-dia do Corinthians. Lembro que Belmiro ficou impressionado com a disposição para os treinos de um jovem goleiro que havia chegado de Santa Catarina. Alto, louro, forte Ado era o último jogador a terminar os treinos. Naquela época, não havia treinador de goleiros. Assim, Ado pedia a alguns companheiros que permanecessem no gramado chutando em seu gol para treinálo. Às vezes, essa extensão de treinamento durava 30, 40 minutos. Um Ado exausto, suado era o último a chegar no vestiário. Belmiro sentiu que ali havia vocação para goleiro e fez o que, sem dúvida, deve ter sido a primeira entrevista com o Ado na imprensa de São Paulo. O quinto andar do prédio da Major Quedinho, 28, onde ficava a redação do JT, era agitadíssimo.

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O espaço parecia pequeno para conter a energia e a criatividade daquela turma. Uma turma de jovens com testosterona à flor da pele. Os dois extremos, em termos de idade, da Editoria de Esportes eram representados por Belmiro Celso Dupont Sauthier e Paulo Moreira Leite. Belmiro tinha 30 anos. Paulo, que na época era chamado de Paulinho Foca ou de Paulino Porralôca, tinha 18 anos. O gaúcho louro, baixinho, era calado, tipo ensimesmado, bem parecido com um genuíno mineiro. Paulinho era falante, sorriso largo, gargalhada quase escandalosa, cabeludo. Fazia muito sucesso entre as poucas mulheres que trabalhavam no JT da época e as muitas que visitavam a redação, principalmente estudantes. Era comum ver o Paulinho Foca no meio de uma roda de garotas alegres com sua alegria. Não era comum ver o Belmiro nessas rodas. Mais tarde, porém, fez-se uma constatação – não sei por quem – que explicitou aquela diferença: o Paulinho cantava, o Belmiro comia. Dada a maldade da frase, é bem possível que ela tenha sido criada por Moacir Japiassu ou Fernando Portela. Assim como não se sabe o autor, também não se tem prova cabal de sua veracidade. Mas, seguindo a verdade de John Ford em “O homem que matou o facínora” quando a lenda se torna mais importante que o fato, publique-se a lenda. Naquela época, o Corinthians era presidido pelo deputado estadual Wadih Helu, homem da Arena, partido governista, truculento,


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ditador e pouco racional. Pois Belmiro publicou matéria no JT anunciando que o técnico iria ser demitido naquele dia. Wadih Helu ficou fulo da vida com o furo que era verdadeiro. Para não dar razão ao repórter, não demitiu o técnico. E o que é pior. Usou a tribuna da Assembleia Legislativa para fazer um discurso espinafrando o repórter e terminou com grave ameaça: iria pedir às autoridades policiais para investigar o passado do Belmiro, pois tinha informações de ligações do gaúcho com Leonel Brizola, naquela época, exilado político – um verdadeiro demônio aos olhos dos militares. Acusação terrível, numa época de ditadura, após AI5, tempos de chumbo. Felizmente, nada aconteceu. Cobrimos também, eu e o Belmiro, a Seleção Brasileira que, sob o comando de João Saldanha, se preparava para disputar as eliminatórias da Copa de 1970, no México. Aliás, Belmiro fez parte da equipe

do JT que foi ao México, ao lado do Jovem Gui e do Vital Battaglia. Anos mais tarde, já na nova sede do JT na Marginal Tietê, eu assumi o comando da equipe de Esportes e tive o Belmiro como meu sub. Naquela ocasião, fazíamos revezamento de folgas. Como eu folguei no Carnaval, e o Bel trabalhou, coube a ele folgar na Semana Santa enquanto eu trabalhava. O dia de voltar ao trabalho depois da folga prolongada, era sagrado. Nada de dar o cano. Assim, naquele ano, quando cheguei à redação na segundafeira, me surpreendi com um recado do Belmiro dizendo que seu carro havia quebrado. Ele estava em algum lugar da Mata Atlântica, no Vale da Ribeira, sem oficina para consertar o carro e sem comunicação. Mas, faria tudo para chegar na terça. Realmente, terça-feira ele voltou. Foi aí e então que eu fiquei sabendo da história. Ele havia viajado com a namorada para passar a folga numa comunidade caiçara, bem no meio do mato. Para azar dele, o carro quebra. Ô dó. Namorada nova, matagal... não há carro que resista. Ainda mais que ele tinha um Fusca – difícil de arranjar um mecânico. Foram quase 20 anos de convivência. Belmiro saiu do JT em 1986-87, dois anos antes de mim. Belmiro quase não ria, mas era bem-humorado; quase não falava, mas era bom de papo. Foi um daqueles poucos companheiros que se tornam amigos, daqueles amigos que a gente nunca vai se esquecer.

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Álbum de

O jt Sempre é uma publicação com um único objetivo: manter viva a memória do Jornal da Tarde. É, acredito, a melhor forma de nos manter em contato, trocar informações, promover encontros para o papo agradável de sempre. Você pode participar. Mande sugestão, artigo, matéria, foto, histórias para mariomarinho@uol.com.br No campo “Assunto”, coloque: “JT Sempre”. Responsável: Mário Marinho.

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FamĂ­lia

Ao lado, com o filho Lucas e a mulher Regina Acima com o xodĂł: a netinha Lippia (foto de 2019)

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COPA DE 1974 - ALEMANHA

Desafiando o frio da Floresta Negra, onde a Seleção estava concentrada. Da esquerda para a direita: Flávio Adauto, Sérgi Barbalho, Vital Battaglia, Fernando Santos (fotógrafo da Folha),Belmiro Sauthier, Elói Gertel e Altair Baffa.

Da esquerda para a direita, Alaur Martins está de óculos escuros, Ricardo Kotscho, Tuca Pereira de Queiroz, Elói Gertel, Luiz Carlos Ramos (meio encoberto), Belmiro Sauthier, Alberto Helena e Geraldo Pedrosa.

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Bel, o alemão e o gorro. Bia Bansen De toda turma, equipe JT e Estadão apenas o Ricardo Kotscho e eu falávamos alemão. Isto é: oficialmente. Lógico que sobrava tudo para nós: de tradução de cardápio às perguntas na rua. O único que sempre ficava na dele era o Bel. Não pedia nada. Um dia descendo a escada da pousada ouvi alguém conversando com a dona naquele típico “hunsrueckerdeutsch”... Fui ver quem era. E... surpresa! Belmirinho! Por isso que ele não nos alugava.... Ele me fez jurar que eu NAO contaria para ninguém. Acho que ninguém nunca soube. E não contou pra ninguém que falava alemão por ficar com vergonha, já que este típico alemão do Sul do Brasil não existe nos livros de gramática.

Mas tem músicas e até um dicionário na Wikipédia. Quem de vocês sabia que o Bel falava alemão? Tempos bem divertidos Eu me juntei à equipe do JT e do Estadão, porque estava passando um semestre sabático lá na Alemanha. Na turma da gente, no mesmo lindo hotelzinho onde estávamos em cerca de 25 pessoas, eu era a única mulher. Um dia de maio, que já é primavera, nevou. Corremos para um quiosque que vendia lembranças... Tive que pedir muito para descerem o estoque. Ai cada um agarrou o que achou. O Belmiro pegou um gorro. Vejam na foto o gorro do Bel. Estava frio, é verdade, mas nem tanto para usar gorro de esquiador. Curiosidade Battaglia “roubou” o gorro vermelho que eu tinha comprado. Pena que a foto é em preto e branco. O gorro tinha 2 pompons para amarrar. Sucesso total...

Da esquerda para a direita, Elói Gertel, Ricardo Kotscho, Reginaldo Manente, Belmiro com seu gorro de esquiador, Alaur Martins, Luiz Carlos Ramos, Tuca Pereira de Queiroz, Vital Battaglia, Paulo Boca (teletipista) e Bia Bansen.

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Meu amigo Belmirinho Miguel Jorge

Conheci o Belmirinho, como eu o chamava, dono de nome comprido - Belmiro Celso Dupont Sauthier - de nome comprido e de enorme caráter, logo que ele chegou ao Jornal da Tarde, em 1968. Veio para São Paulo trazido por outro querido e saudoso gaúcho, o Marcos Faerman, e apesar de introvertido, entrosouse maravilhosamente com todos da redação. Nunca foi de risadas, mas de sorrisos, de falar baixo, de contar histórias. Durante os anos em que morou perto da avenida Brigadeiro Luiz Antônio, lá nos baixos do Jardim Paulista, perto da avenida Brasil, sua casa vivia cheia, o dia inteiro, a noite inteira. Não era preciso conhecer o Belmiro nem o Jovem Gui, o Guilherme Cunha Pinto, tão suave quanto seu amigo, para ficar na casa. Bastava chegar e entrar: a porta estava sempre aberta. Soube de gente que chegou a ficar uma semana morando lá, sem que ninguém soubesse quem era - cada um achava que quem chegava era amigo de alguém que já estava lá. Dono de um olhar doce e de um humor contido, era um amigo em quem se podia contar. Nunca foi de risadas, mas de sorrisos, de falar baixo, de contar histórias. Advogado formado pela PUC de Porto Alegre, quem diria: nunca advogou, mas foi um excelente e talentoso jornalista, dono de um texto correto, que fluía tão

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tranquilamente quanto o Belmiro vivia. Trabalhei um ano junto com ele, mas poderia ter trabalhado mais - e eu teria gostado muito. Em 1977, convidado por Júlio de Mesquita Neto para assumir a direção de redação de O Estado de S. Paulo, pensei em levar comigo dois jornalistas do Jornal da Tarde - assim, não ficaria tão isolado num grupo que me consideraria um interventor - minha nomeação se deu em um momento de grave crise interna na redação do Estadão. No dia seguinte à conversa com Júlio, entrei na sala do Ruy Mesquita, diretor do JT e meu chefe, e disse a ele que estava indo para o Estadão e gostaria de levar uns poucos jornalistas comigo. Olhando-me por cima dos óculos, nem respondeu: apenas fez o gesto de levantar o dedo indicador. Perguntei o que significava aquilo e Ruy foi direto: “ - Você só pode levar um! “, Os dois primeiros que queria levar comigo para o Estadão eram o mineiro Luciano Ornelas, que acabou indo (além de bom jornalista, era excelente diagramador) e o Belmiro. Anos depois, quando contei isso a ele, abriu um vaso sorriso e disse: “ Acho que teria sido bom”, E 1987, ele foi para Florianópolis, onde trabalhou muito tempo num jornal local. Mudou-se para São José, e em 2000, fundou o Correio de Santa Catarina, onde trabalhou até praticamente seu último dia. Belmirinho, de nome comprido e olhar doce, deixará grandes saudades.


A cartomante errou Luiz Carlos Ramos

No meio de tantas histórias sobre o querido Belmiro, quero registrar quatro passagens, além de minha admiração pelo grande profissional e companheiro que ele foi. A primeira: em 1968, eu era da tropa paulista-mineira do “JT” que recebeu os reforços gaúchos Marcos Faerman e Belmiro Sauthier, seguidos do Uirapuru Mendes (Puru). Bom papo, discreto, Bel foi incorporado à seção de Esportes e logo fez amigos. As meninas da Redação suspiravam com seu sorriso de galã do cinema francês. Texto agradável, vontade de evoluir. Evoluiu sempre. Já éramos amigos, na madrugada da segunda história: após o trabalho, fomos jantar na

Mais uma aprova do sucesso do Belmiro: ele recebe das mãos da vereadora Sandra Martins o título de cidadão honorário de São José

Churrascaria Eduardo’s, a duas quadras do jornal, no Centro. Éramos sete. Estávamos concentrados no bate-papo, no chope e na picanha quando uma bonita atriz amadora, atraída pela nossa alegria, juntou-se ao grupo. Ela disse que era também cartomante. E quis ler a mão de cada um. Foi fazendo ótimas previsões. Mas, ao olhar para a palma do Belmiro, fez uma careta e desistiu: “Ah... Nem vou dizer. Tá muito ruim!” Bel não se perturbou. Nenhum de nós levou as previsões a sério. Terceira história: num sábado de 1969, as seções de Esportes do “JT” e do “Estadão” se uniram para jogar futebol em Jaú, a 310 km de São Paulo. Vencemos um time local e curtimos o churrasco. Pegar a estrada de volta? Não! Alguém sugeriu a ida à vizinha Bauru e uma passada pela famosa Casa da Eny, de lindas prostitutas. No meu Fusca, estavam também o Bel, o Jovem Gui e o Tuca Pereira de Queiroz. Lá, todos se divertiram. De madrugada, entramos no carro, rumo a São Paulo. Trinta quilômetros adiante, perguntei: “Cadê o Bel?!” Ele havia sido esquecido no bordel! Loucura de jovens. Voltamos e o resgatamos. Estava tranquilo. Em 1974, minha primeira Copa do Mundo, a da Alemanha. Dois meses juntos. Bel na equipe do “JT”; eu, na do “Estadão”. Inesquecível. Quanto às previsões, caro Bel, a cartomante errou: você viveu até os 81 anos, amou e foi amado, teve carreira de sucesso, deixou lindo legado. E saudades...

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Grande sacada

Belmiro e um foca

Luis Carlos Secco É uma pena que desta vez o escolhido por Deus foi o Belmiro. Sempre foi um amigo sereno e disposto ajudar todos. Me lembro dele numa fase como editor de esportes. Meus filhos ocuparam os dois primeiros lugares numa prova de ciclismo nos Jogos Abertos do Interior de São Paulo , mas o pessoal de Santo André conseguiu convencer os dirigentes que eles estavam inscritos irregularmente (mentira deslavada ) e conseguiram o que desejavam. No dia seguinte o Bel publicou a notícia com este título: “Garfaram as medalhas dos irmãos Secco”. Foi um apoio importante pelo que fiquei muito grato e me diverti com a sacada do Bel. Lamento muito porque ele sempre foi um grande amigo

Sempre o sorriso Sergio Barbalho Sorrindo. Essa é a imagem que tenho na memória quando penso em Belmiro Sauthier. Jornalista competente, ele foi meu colega durante vários anos em coberturas que fizemos de jogos ou treinos de futebol. Ele no Jornal da Tarde, eu na Folha de S. Paulo. Como no registro incrível e inesquecível do fotógrafo Fernando Santos pouco antes de um treino da seleção brasileira na Floresta Negra, semanas antes do inicio da Copa da Alemanha, em 1974; nem frio intenso e vento cortante tiraram a disposição de todos nós. Belmiro sempre teve bom humor. E capacidade para desempenhar o trabalho de alto nível que marcou a sua brilhante trajetória no jornalismo.

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Aílton Fernandes Lembro de um episódio com o Belmiro (Bel), subeditor na Editoria de Esportes do JT. Na época, eu não passava de mais um foca sofrendo para escrever uma matéria de apresentação da gloriosa Portuguesa. Via outros colegas chegarem e concluírem suas matérias enquanto eu continuava lá tirando da máquina e jogando fora as laudas depois de ver que o texto não estava de acordo. A muito custo, finalmente conclui a matéria e coloquei no pau da pauta. Peguei minhas coisas e já estava com um pé na rua quando resolvi voltar pra trás. Entrei afobado na redação: -- Preciso corrigir uma pequena informação na matéria da Lusa – comentei com o Bel que separava as matérias já produzidas naquele dia. Bel olhou, deu um sorriso leve e falou bem baixinho: -- Sim, eu sei. Você só vai mudar o lide, né... Acertou na mosca. Mexi em todo o texto. Ficou melhor. Tanto que vi no dia seguinte a matéria saiu na íntegra.


Colorado, bem-humorado... Castilho de Andrade O Belmiro morava com o Jovem Gui – Guilherme Cunha Pinto – em um apartamento grande e confortável na General Jardim. Eu morava na mesma rua, um pouco mais para baixo. O Gui e o Bel eram meus chefes na Edição de Esportes. O Bel era um cara bem humorado, engraçado, mas sério quando falava de jornalismo ou política. Era colorado roxo. O Jovem Gui torcia para o São Paulo e um de seus sonhos era entrar em campo com a camisa do time, como jogador profissional. Os dois sempre foram muito gentis mas não davam moleza no trabalho. O jornal era semanal – circulava domingo à noite, após a rodada do futebol, mas o ritmo de trabalho era intenso durante toda a semana. As caminhadas entre a General Jardim e a redação do Estadão, na Major Quedinho, eram um bom motivo para longas conversas que, muitas vezes, continuavam durante o almoço no Picardia. Em pouco mais de um ano, Belmiro completou meu aprendizado que começou em Jundiaí com o Sandro Vaia e o Castor Borgonovi. Quem precisaria de faculdade?

Discreto, humor fino Albetto Morelli Tenho a boa lembrança de um convívio sempre agradável - era vizinho de editoria. Naquela ruidosa e agitada redação, ele mantinha discreto e bem humorado. Humor fino de bom observador. Perda sentida.

Finesse, elegância José Maria de Aquino Chamado por alguns amigos de “gaúcho da cidade”, talvez porque não apreciasse um bom mate, o Belmiro que conheci por pouco tempo e aprendi a admirar essa figura personificada, no trato com os amigos e com as letras. seu texto elegante era produzido com paciência e elegância de quem escreve em definitivo. Não foi por outras razões que acumulou vários prêmios, entre eles o cobiçado Prêmio Esso. Nosso contato não foi longo, porque pouco tempo depois de trocar Porto Alegre por São Paulo, vindo brilhar na equipe do JT, eu o deixei. Mas teve a oportunidade de, em um das visitas que fiz ao vespertino, passar-me um amontoado de denúncias feitas por adversários de Wadih Helu, então presidente do Corinthians, que o jornal não se interessou. Serviu para uma série de reportagens produzidas pela revista onde estava. Belmiro nos deixou, como outros velhos companheiros do JT, e com eles, na certa, escreverá belos textos em sua revida.

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A vida não é só uma. Na verdade, são várias. Cada dia que Você acorda, tem diante de si uma nova vida. Aproveite esse dia que é uma vida. A morte, sim. É única, definitiva, fatal e cruel.

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