JT Sempre

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Número 49 - 25 de outubro de 2019

30 de novembro

Esta é a data do nosso Encontro anual, um sábado, a partir das 12,30 horas. Saiba dos detalhes nas páginas internas. Faça já sua reserva. Lugares limitados.

Novas atrações: Miriam Portela, Napoleão Saboia, Waldecy Tenório, Milton Blay. A brilhante, inesquecível e inesgotável escola chamada Jornal da Tarde continua gerando frutos Conheça suas mais recentes novidades.

E mais: A Veja sem Guzzo. Assessor de Imprensa é jornalista?


Encontro mais democrático Todo ano saio à procura de lugares mais aprazíveis, mais confortáveis, mais bonitos – enfim, de um lugar onde possamos nos encontrar e ficar à vontade, quase como se estivéssemos na redação do Jornal da Tarde, em noites como aquelas memoráveis do Calçadão do Ivan Ângelo. Este ano, nos encontraremos no Shopping Continental, no bairro do Jaguaré, bem próximo da churrascaria Ponteio que nos acolheu por diversos anos. A novidade este ano é que o almoço será uma espécie de pay per view: cada um pagará o que consumir. O restaurante La Piazza é extremamente agradável, com preços acessíveis e estacionamento amplo e barato (R$ 7,00 por duas horas). Nosso espaço é para 50 pessoas. Este será o nosso limite. E o limite para reservas será no dia 26 de novembro. Mas, é bom que Você faça já a sua reserva – assim, terá seu lugar garantido. Mário Marinho O jt Sempre é uma publicação com um único objetivo: manter viva a memória do Jornal da Tarde. É, acredito, a melhor forma de nos manter em contato, trocar informações, promover encontros para o papo agradável de sempre. Você pode participar. Mande sugestão, artigo, matéria, foto, histórias para mariomarinho@uol.com.br No campo “Assunto”, coloque: “JT Sempre”.

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Conheça o

Trata-se de um restaurante que está há mujtos anos no Shopping Continental. Salão amplo, sem ser exagerado, decorado com bom gosto. A grande vantagem é que ele reúne num só espaço, o buffet e o serviço a la carte. Assim, Você terá três opções: 1 - O buffet vegetariano. 2 - Buffet vegetariano mais a proteína (contra-filé, filé mingon, filé de frango). 3 - Pratos a la carte.

Veja os detalhes nas páginas seguintes. O Sho ppin C g na A ontine Mac v. Leã ntal fic o a ha Bair do, 100 ro Ja g ua São ré, Pau lo

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O preço do buffet vegetariano é R$ 54,90 por pessoa, com direito à sobremesa. O preço do mesmo buffet com uma proteína (filé mignon, por exemplo) será de R$ 64,90, incluindo a sobremesa. Se a proteína for o contra-filé, o preço será de R$ 62,90. Se a escolha for o filé de frango grelhado, o preço será: R$ 59,90 Outras proteínas cujos preços estão no cardápio: coxa e As reservas deverão sobrecoxa de frango, ser feitas até o dia filé de Saint Peter, parmegiana, 26/11 pelo e-mail: filé suíno... mariomarinho@uol. As bebidas serão cobradas de acordo com o pedido da cada um. As comandas serão individuais.

com.br

E existem as opções a la carte do variado cardápio:

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Afinal, assessor de im Transcrito do site Comunique-se https://www.comunique-se.com.br/

Classificar assessor de imprensa como jornalista é um assunto muito polêmico na comunicação social. Sobre o tema, há diversos pontos de vistas que alimentam à discussão historicamente. Afinal de contas, essa classificação está correta? Antes de se aprofundar em qualquer questão acerca da polêmica, é importante enfatizar um ponto relevante. Atualmente, não existe nenhuma lei em vigor que traga a resposta definitiva sobre o tema. A Federação de Jornalistas promoveu, em 2018, uma campanha junto aos sindicatos da categoria. Na ocasião, os órgãos defendiam: “assessor de imprensa é jornalista”. O objetivo era garantir ao profissional de AI a jornada especial de trabalho, assim como os colegas de redação. Porém, em junho deste ano, ao contrário do propósito da campanha promovida pela Fenaj, a 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho julgou improcedente a pretensão de um jornalista fora do ramo usufruir da carga horário destinada à profissão de jornalista. Relação entre jornalista de redação e assessor de imprensa Levando em consideração o mercado de trabalho, nota-se a similaridade na rotina de ambos os nichos. Por exemplo, o assessor de imprensa, assim como jornalista de redação, cumpre o trabalho

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de apurar informações diariamente (mesmo que juntos a clientes). Além de produzirem conteúdos relevantes para divulgação constantemente. Nos bastidores, aliás, muito assessor de imprensa reclama (quase sempre com razão) dos profissionais do “outro lado do balcão” que simplesmente “copiam e colam” os materiais enviados. As semelhanças entre as ocupações está ligada diretamente ao processo de produção. E não para por aí. No meio acadêmico, a situação é praticamente a mesma enfrentada no dia a dia do mercado de trabalho.Muitas faculdades e universidades espalhadas Brasil afora considera — oficialmente — as atividades de assessoria de imprensa como parte do jornalismo. Ao analisar a grade dos cursos de graduação em jornalismo, vemos que há ao menos um módulo destinado completamente ao aprendizado sobre a área de assessoria de imprensa. É o caso de faculdades que são vistas como referência, inclusive ocupando as primeiras posições da última edição do Ranking Universitário da Folha. Sãos os casos de Cásper Líbero, Metodista, ESPM e PUC-SP. • “Assessoria de Imprensa e Comunicação Corporativa”. Disciplina no segundo ano do curso de jornalismo da Cásper Líbero. • “Assessoria de Comunicação”.


mprensa é

jornalista?

Módulo presente no terceiro período da graduação jornalística da Metodista. • “Relacionamento com a mídia e influenciadores digitais (assessoria de imprensa)”. É uma das aulas previstas na matriz curricular de jornalismo da ESPM.

ba por atuar como sua representante, sua porta-voz. Relacionamento entre as profissões Apesar dos pesares, a relação entre jornalista de redação e assessor de imprensa ocorre diariamente. Em muitos casos, inclusive, o relacionamento é próximo e sadio. Se bem executado, a prática pode render resultados expressivos em via de mão dupla. O jornalista de redação, na busca diária pela notícia, encontra no assessor de imprensa um contato relevante. Além do acesso direto à informações pertinentes, tem facilidade para conversar com uma determinada fonte importante.

• “Comunicação Institucional em Jornalismo”. Disciplina compõe a grade do segundo semestre do curso de jornalismo da PUC-SP. • Principais diferenças entre as áreas A principal diferença entre as profissões está no objetivo final de cada ação. A missão do jornalista de redação é atender à sociedade com notícias consideradas de interesse público. Por outro lado, o assessor de imprensa presta serviços diretamente para uma empresa, marca ou personalidade — e aca-

O assessor de imprensa, por sua vez, tem o release publicado e garante a visibilidade na mídia de seu assessorado. Garantindo sua função de trabalhar a imagem da empresa diante da imprensa. Conclusão Na prática, podemos afirmar que sim. O assessor de imprensa é jornalista. Desde o processo de produção dos releases, que contempla o processo de apuração de informações e a produção textual até mesmo a sua formação acadêmica

Category: Comunicação CorporativaPor Marketing24 de setembro de 2019

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Miriam Portela e seu encontro com os corpos sutis Aos nove anos, Miriam decidiu que viveria para escrever. Aos 13, virou poeta. E assim foi, até 1998, quando, sem jamais abandonar os poemas, incorporou à sua produção histórias infantis e juvenis. Miriam Leite da Costa Portela nasceu em Florianópolis, Santa Catarina. Formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo, em 1976. Trabalhou muitos anos em televisão e colaborou com jornais e revistas. Publicou dois livros de poesia pela Editora da Universidade de Santa Catarina: “Continente Possuído” (1986) e “No fundo dos Olhos” (1991); publicou um outro, pela Massao Ohno Editora, “Doces Rios do Medo” (1989) . Em 2002, lançou seu quarto livro de poesia: “Nos mares de Vênus”, pela Editora Terceiro Nome. Em 1998, lançou seu primeiro livro infantil: “Alguém muito especial”, pela Editora Moderna, atualmente na terceira edição. Em 2001, outro livro infantil, “Onde andará Alegria?”, hoje na segunda edição, pela mesma editora. Um novo

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livro para crianças, “Alice passou por aqui”, foi editado também pela Terceiro Nome, em 2007, assim como seu quarto livro de poesia: “Nos mares de Vênus”. “Histórias do Encantado”, livro infanto-juvenil sobre mitologia e seres imaginários, foi publicado em 2007 pela Editora Moderna. Com mais de 25 livros infantis publicados, Miriam retorna à poesia com “Relato de Corpos Sutis”, prosa poética, pela Editora Laranja Original.


O Manuscrito de La Maga Uma investigação bibliográfica. Assim pode ser definido o livro que o jornalista Waldecy Tenório, que passou pelo Jornal da Tarde e pelo Estadão, acaba de lançar. Uma fascinante aventura, mistério, pelo mundo da literatura, na busca do livro perdido de Santo Agostinho, tendo como ponto de partida ‘O Nome da Rosa’, de Umberto Eco, e como companheiros de investigação La Maga, personagem de Cortázar, Ludmila, personagem de ‘Se Um Viajante Numa Noite de Inverno’, de Ítalo Calvino, e o Inspetor Maigret, o famoso e insuperável policial francês criado por Georges Simenon.

humor extraordinários, inteligência e prazer, que será a delícia de todos os verdadeiros amantes da literatura, não só para os veteranos (que se comprazerão em reconhecer as referências, as citações, as histórias) quanto para o leitor jovem que está recém-iniciando sua própria aventura pelo mundo literário. Grande lançamento da Desconcertos Editora, o romance de Waldecy Tenório já nasce como uma verdadeira pérola da moderna literatura brasileira.

Repleto de referências literárias, teológicas, históricas, filosóficas, este romance-colagem realiza um feito impressionante de misturar erudição profunda com diversão e

Waldecy by Waldecy Cheguei a “O Estado de São Paulo” pelas mãos de José Hamilton Ribeiro, depois de fazer uma reportagem para a revista “Realidade”. Foi sobre os cursilhos de cristandade, um movimento do catolicismo reacionário muito presente na vida brasileira nos anos 70. A reportagem teve tal repercussão que, em Curitiba, os cursilhistas fizeram uma fogueira em praça pública para queimar os exemplares da revista disponíveis nas bancas da cidade. “Sabe escrever?” – foi a primeira pergunta que Oliveiros S. Ferreira

me fez quando cheguei à redação. Lembrei-me de uma velha piada, “até hoje ninguém reclamou”, ele riu e me tornei redator da primeira e da última página do jornal. Trabalhei durante uns tempos em várias editorias e logo passei a integrar a editoria responsável pelo Suplemento Cultura junto com Nilo Scalzo, Teresa Montero, Lourenço Dantas Mota, Antonio Carlos Pereira e Fernão Mesquita. Marcos Faermann e Pessoinha me apresentaram a Laerte Fernandes e a partir daí tornei-me resenhista do “Jornal da Tarde” por vários anos.

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O Senhor da festa No próximo dia 26, a Desconcertos Editora lança o novo livro do jornalista, e xcorrespondente internacional, Napoleão Sabóia. O romance foi intitulado “O Senhor da festa”, e traz episódios cheios de humor de uma vida entre o estado do Maranhão, a cidade de São Paulo e Paris. A história do livro é uma ficção com inspiração nas aventuras do próprio autor pelo mundo. Em muitos momentos, o leitor se pergunta o que realmente aconteceu e o que foi inventado. Cidadão do mundo, o maranhense-cearense Napoleão Sabóia é começou sua carreira em São Luís, no jornal “O Imparcial”, ainda circulando e pertencente à cadeia dos Diários Associados. Foi em seguida, repórter político da Folha de São Paulo, antes de mudar-se para Paris, onde colaborou para a Rádio França Internacional, para a revistaVeja e iniciou sua longa experiência de mais de 20 anos como correspondente do Jornal da Tarde e do Estadão. Atendia às demandas das diversas editorias dos dois jornais, mas a ênfase maior de seu trabalho recaía sobre a parte cultural. Napoleão guarda ainda bem viva no espírito a fibra entusiasta de haver vivido entre o JT e o Estado a mais bela página de sua trajetória profissional.

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Mora atualmente no Rio de Janeiro, mas decidiu fazer o lançamento do novo livro em São Paulo, onde nutre muitas amizades de uma vida ligada ao jornalismo paulista. O romance “OSenhor da festa”, de Napoleão Sabóia, será lançado no próximo dia 26, a partir das 19 horas, no Quinto Pecado Café Bistrô Rua Coronel Artur de Godoi, 12 Vila Mariana- São Paulo


A Europa Hipnotizada, por Milton Blay Entrevista concedida ao Portal Imprensa, em 27/08/2019 Correspondente internacional na Europa desde 1978, o jornalista Milton Blay lança em São Paulo, nesta quarta, 28, o livro “Europa Hipnotizada - a escalada da extrema direita” (editora Contexto, 192 páginas, R$ 37). Radicado em Paris, Milton começou sua carreira na rádio Jovem Pan, foi correspondente do Jornal da Tarde em Paris, do grupo Bandeirantes e de muitos outros veículos de comunicação do Brasil (incluindo revista Visão, jornal Folha de S.Paulo e rádios Capital, Excelsior [depois CBN] e Eldorado). Também foi redator-chefe da Rádio France Internationale, além de presidente da Associação da Imprensa Latino-Americana na França. De passagem pelo Brasil, Blay contou em entrevista por telefone ao Portal IMPRENSA os motivos que o levaram a produzir seu novo livro e um pouco de sua rotina na França. Além de escrever, dar palestras e analisar política internacional em seu canal no YouTube, hoje ele ensina francês como voluntário da ONG Thot, que atua na acolhida de refugiados em Paris. Portal IMPRENSA - O que representa o avanço da extrema direita na Europa hoje? Milton Blay - A Europa viveu 70 anos em paz e agora está ameaça-

da de desintegração pelo avanço do populismo e da tentação nacionalista. Num movimento impensável poucos anos atrás, até mesmo países como França, Alemanha, Áustria, Holanda e Itália são palco hoje do avanço da extrema-direita. Portal IMPRENSA - Como surgiu a ideia de escrever “Europa Hipnotizada”? Milton Blay - A extrema direita sempre foi uma preocupação minha, desde a época da ditadura, quando eu já trabalhava na imprensa no Brasil. Achei que nunca viveria esse tipo de problemática novamente. Mas pouco a pouco as ideias populistas e ultranacionalistas começaram a ressurgir. O fenômeno é alimentado pelo medo da globalização e consequente perda de identidade. Para os chamados antiglobalistas, migrantes são pessoas que causam choque de civilização. Portal IMPRENSA - Quando você iniciou as pesquisas para o livro? Milton Blay - Cerca de três anos atrás, quando vim para o Brasil e dei uma palestra na qual fui muito questionado, inclusive pela comunidade judaica, por defender a ideia de que, como judeus, temos a obrigação de fazer pelos outros o que não fizeram por nossos pais e avós. As pessoas me falaram que a situação atual é totalmente diferente, pois os muçulmanos, de forma distinta a nossos pais, não querem se integrar. Resolvi pesquisar e vi que isso é totalmente falso. Os refugiados que-

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rem se integrar. Conto no livro as histórias exemplares de dois refugiados que foram acolhidos na França pela Thot, ONG na qual sou professor voluntário de francês. Portal IMPRENSA - Qual o tipo de público da ONG? Milton Blay - Na ONG atendemos sírios, afegãos, sudaneses, eritreus, dentre outros cidadãos de países em guerra. Se voltarem, eles morrem. Vejo de perto o esforço que eles fazem para se integrar e aprender. Eu não aguentaria passar por metade das dificuldades que eles passam. Portal IMPRENSA - Como foi a pesquisa para o livro? Milton Blay - Comecei a investigar o que a extrema direita estava causando. O fenômeno ressurgiu no l este Europeu. Mas avançou de forma inimaginável no centro da Europa. Hoje existe partido neonazista até no Bundestag, que é o parlamento alemão. Quem poderia imaginar algum tempo atrás essa situação? Na França, Marine Le Pen conseguiu 40% dos votos no segundo turno. Tudo isso gera um profundo receio. E pior, a Europa não reage, parece hipnotizada. Daí o título do livro. Portal IMPRENSA - Regimes autoritários podem se legitimar

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pelo voto? Milton Blay - Regimes autoritários são eleitos hoje com milhões de votos. Mas tento lembrar no livro que o império da lei está acima do sufrágio universal. Na Turquia não há imprensa livre. Situação semelhante ocorre na Polônia. A União Europeia tentou punir esses governos antiestrangeiros e eurocéticos, contrários à própria ideia de união europeia, mas não conseguiu. Vale lembrar que a União Europeia conseguiu 70 anos de paz numa região que foi uma das mais assassinas da história da humanidade. E o que quer a extrema-direita? O fim da União Europeia. Pode haver em breve uma implosão da União Europeia. É tempo de dar o grito de alerta. O extremismo está se alastrando. Portal IMPRENSA - Como você analisa o Brexit? Milton Blay - O Brexit entra na linha do extremismo, da negação do estrangeiro.


O Boris Johnson (primeiro-ministro do Reino Unido) quer o que vem sendo chamado de ‘Brexit duro’, ou seja, um Bexit sem acordo de saída da União Europeia. Isso seria péssimo para a circulação de pessoas e mercadorias. Londres é hoje a maior praça financeira do mundo, bem à frente de Nova York. Com o Brexit, os bancos estão saindo de lá. Portal IMPRENSA - Qual o papel da imprensa nessa guerra cultural? Milton Blay - O papel da imprensa é fundamental. Vivemos a era da chamada pós-verdade. A verdade em si pouco importa. Na França e em outros lugares do mundo, o movimento antivacina ocasionou a volta de doenças como o sarampo. Os terraplanistas representam 10% da população da Europa. As redes sociais amplificam essas loucuras. As fake news adquiriram o mesmo peso das notícias verdadeiras.O receptor não consegue separar.

divide o livro? Milton Blay - Ele tem quatro partes. A primeira é sobre a Europa. A segunda é sobre o Brasil. Nesta procuro demonstrar que o governo de Bolsonaro jamais poderá ser considerado democrático. A terceira parte é sobre o cenário internacional. Nela abordo também plataformas como Uber e Airbnb, que representam a nova forma de capitalismo que está surgindo, quase sem regras. A quarta parte do livro eu dediquei a uma de minhas grandes paixões, a música clássica. Embora eu não tenha nenhuma admiração por Hugo Chávez, escrevi sobre seu programa de formação de músicos nas favelas da Venezuela. Sei que é utópico, mas acredito que a música salva. Inclusive quero levar os refugiados com os quais trabalho para concertos da Filarmônica de Paris.

Portal IMPRENSA - Qual o papel de Steve Bannon na escalada da extrema direita na Europa? Milton Blay - O elemento aglutinador da direita europeia é Steve Bannon, que, vejam só, mantém contato estreito com Eduardo Bolsonaro. Bannon fez a campanha de Trump, com muitas fake news via redes sociais e WhatsApp. Na Europa ele opera a ‘Movement’, organização antiglobalista e contra o que eles chamam de ‘marxismo cultural’. Mas hoje eles também atacam o Iluminismo, Voltaire, Kant. É uma loucura. Muitas vezes jornalistas europeus perguntam para o Steve Bannon se ele é neonazista. Sua resposta é sempre um grande sorriso aberto. Portal IMPRENSA - Como se

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A VEJA sem Guzzo Marco Antonio de Rezende No dia 15 de outubro passado encerrou-se de modo abrupto, mas não inesperado, a relação de 51 anos entre nosso colega José Roberto Guzzo e a revista VEJA. J.R. Guzzo, como assina seus textos, foi repórter e depois correspondente em Paris nos primórdios do JT. Em 1968, foi levado por Mino Carta, com alguns outros expoentes do jornal, para criar a primeira weekly news magazine brasileira. A história é conhecida: Guzzo tornou-se diretor de redação com a saida de Mino, em meados dos anos 70, e conduziu a revista em sua melhor fase, levando-a à circulação paga semanal de mais de um milhão de exemplares. Desde 2008, assinava uma coluna quinzenal. As redes sociais ferveram com hipóteses sobre a saída de Guzzo. A mais óbvia: a insolúvel incompatibilidade entre o espírito independente do colunista e o objetivo mal disfarçado dos novos donos da revista, um grupo carioca liderado pelo banqueiro André Esteves, de usá-la na campanha em curso para afogar a Lava -Jato. O estopim da saída foi a coluna intitulada A fila anda, rejeitada na véspera pela atual direção. O próprio Guzzo pôs os pingos nos iis em carta aos seus leitores, nas redes: “Na última edição, com data de 16/10/19, a revista decidiu não publicar a coluna que eu havia escrito. O artigo era sobre o STF, e sustentava, como ponto central, que só o calendário poderia

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melhorar a qualidade do tribunal — já que, com a passagem do tempo, cada um dos 11 ministros completaria os 75 anos de idade e teria de ir para casa. Supondo-se que será impossível nomear ministros piores que os destinados a sair nos próximos três ou quatro anos, a coluna chegava à conclusão que o STF tende a melhorar.” Com seu proverbial bom senso, Guzzo também resumiu as questões centrais da liberdade de opinião e da integridade do jornalista: “A liberdade de imprensa tem duas mãos. Em uma delas, qualquer cidadão é livre para escrever o que quiser. Na outra, nenhum veículo tem a obrigação de publicar o que não quer. Ao recusar a publicação da coluna mencionada acima, “Veja” exerceu o seu direito de não levar a público algo que não quer ver impresso em suas páginas. A partir daí, em todo caso, o prosseguimento da colaboração ficou inviável.” A repercussão do fim da relação entre Guzzo e Veja foi ampla, tornando-se o quarto assunto mais comentado nas redes, entre proclamações de solidariedade e anúncios de cancelamento de assinatura da revista. Justa indignação. Centenas de jornalistas que por décadas trabalharam sob o comando de Guzzo, inclusive o signatário, lembram-se dele na sua sala na redação da Marginal do Tietê, vergado madrugada adentro com a caneta em punho, para colocar a produção de conteúdos da semana no padrão de excelência que se tornou a sua marca. A assinatura J.R. Guzzo continuará sendo referência do bom jornalismo, agora nas redes sociais.


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