Já somos 12 Número 51 - 1º de novembro de 2019
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Mário Marinho Vera Marinho Miguel Jorge Charlotte Jorge Moisés Rabinovici Gilberto Mansur
7. Evelyn Schulke 8. Kassia Caldeira 9. Heloisa Moreira 10.Luiz Carlos Secco 11.Maria Stella Secco 12.Paulo Chedid
Onde, como e quando será. Antônio Contente e a Rainha Tão Gomes: do NP para o mundo
Cenas explícitas de 10 anos
Onde?
Quando?
O nosso Encontro de 2019 será no restaurane La Piazza, no Shopping Continental, no bairro do Jaguaré, na Zona Oeste. Endereço: Rua Leão Machado, 100. Telefone: 3768-9452 www.lapiazza.com.br
Anote a data para não esquecer: dia 30 de novembro, um sábado, das 12,30 horas até às 16 horas.Os lugares são l imitados. Portanto, faça logo sua reserva enviando e-mail para mariomarinho@uol.com.br
Como? Quanto vou gastar? O restaurante La Piazza tem um excelente e variado buffet de legumes, vegetais, massas etc ao preço de R$ 54,90 por pessoa. Para quem não é vegetariano e quer uma carne para acompanhar o buffet, existem várias opções de grelhados. Exemplos: Buffet + contra filé: R$ 62,90 Buffet + filé mingnon: R$ 64,90 Buffet + filé de frango: R$ 59,90 Buffet + filé de Saint Peter: R$ 62,90 Buffet +Mignon suíno: R$ 59,90 E mais grande variadade de pratos no cardápio. As comandas serão individualizadas. Assim, cada um pagará apenas o que consumir. Uma espécie de pay-per-view. A sobremesa será por conta da casa. Bebidas também serão cobradas de acordo com o consumo, mas haverá a velha e boa Espírito de Minas, como sempre, cortesia do atleticano Gilberto Mansur. O jt Sempre é uma publicação com um único objetivo: manter viva a memória do Jornal da Tarde. É, acredito, a melhor forma de nos manter em contato, trocar informações, promover encontros para o papo agradável de sempre. Você pode participar. Mande sugestão, artigo, matéria, foto, histórias para mariomarinho@uol.com.br No campo “Assunto”, coloque: “JT Sempre”.
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A Rainha antes de ser Rainha Antonio Contente Naquele tempo, meados dos 60, transitavam nos dois maiores jornais do Rio de Janeiro vários profissionais que depois vieram dar com os costados em S. Paulo. Era época de começo da ditadura militar a respeito da qual quase todo jornalista reclamava, mas não se importava muito com ela. Os que realmente se importavam o faziam meio subterraneamente; depois, até se tornaram guerrilheiros. Que viraram personagens daquele filme que contou sobre o sequestro do embaixador americano. Bom, as duas principais tribos eram a de O Globo e a do Jornal do Brasil. Eu pertencia à primeira, mas tínhamos um recinto onde se dava a mistura: trava-se do bar Jangadeiros, em Ipanema, na frente da praça General Osório. Era uma turma invariavelmente queimada de sol, consumindo mais chope do que água, e namorando muito. Anos Dourados. Lembro que, uma tarde, fui visitar um colega na redação do JB. De repente passou por nós um rapaz muito magro, muito alvo, carregado de livros e revistas sob os braços. Perguntei de quem se tratava e recebi a informação de que tinha sido mandado buscar em Minas para dirigir o primeiro Departamento de Pesquisas da imprensa brasileira. Nunca o vi no Jangadeiros, nunca o vi na praia, nunca o vi em lugar nenhum que não fosse a redação; invariavelmente branco, mais imaculadamente branco que as neves do Kilimanjaro. Muitos anos depois, reencontrei novamente o moço: era um dos artífices do Jornal da Tarde, e conhecido por todos como “A Rainha”. Sempre carregando livros e revistas sob os braços. E alvo, alvíssimo como o lugar gelado na montanha africana que deu titulo ao livro de Hemingway.
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Do NP para o mundo, graças ao Uru Tão Gomes Pinto O Uru - Ulisses Alves de Souza - foi uma espécie de chefe de reportagem nos primeiros tempos do JT. Tinha o jeitão para o cargo. Duro na prosa, doce no papo. Foi o Uru quem me levou para trabalhar na Edição de Esportes, uma espécie de embrião do jornal diário. Fomos vizinhos de mesa nas precárias instalações do saudoso Noticias Populares. Eu na área de esportes. O Uru como “editor internacional”. O noticiário internacional chegava à redação do NP na forma de rolos de telex trazidos por um motoboy por volta das 18h30. Cabia ao editor internacional desenrolar aquela trolha e verificar se havia algum assunto importante que valesse chamada na capa. Era a nossa única fonte para saber o que ia pelo mundo. Além do rádio, claro. Ulisses percebeu que seu vizinho de mesa, um tal de Rubens Gomes, assinava uma coluna semanal sobre esportes, e gostava do que lia. Tanto que, sem que o vizinho sequer soubesse, passou a recortar a coluna e a enfiava no bolso no Mino Carta, que já estava montando a futura equipe da Edição de Esportes. Às vezes acrescentava um recado: “contrata esse rapaz”. Mino Carta nunca leu uma linha sequer que o tal Rubens Gomes assinava no NP. Ele tinha mais o que fazer. Um dia porém, quando já não tinha mais saco nem lixeira para se
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livrar daquele material, deve ter dito ao Uru: “Manda esse cara falar comigo”. Ulisses me transmitiu o recado ao seu estilo “sargentão”: vai no Estadão e procura o Mino Carta. “Por favor, o sr. Mino Carta”, disse ao, seu Leonidas, que estava na recepção do quinto andar, trajando o tradicional uniforme azul dos funcionários da empresa. Abre-se uma porta, e está ali na minha frente o senhor Mino Carta. Sentados no sofá da recepção o diálogo foi curto. Ah...sim, devo registrar a impressão que o sr.. Carta me produziu. Jovem, talvez mais até do que eu, um homem bonito, baixinho, rosto mediterrâneo. Uma variante de Marcello Mastroianni. Foi direto ao ponto: “Quando você pode começar?” Amanhã, se o sr. quiser. Já ia saindo de volta para a redação quando finalmente criei coragem e perguntei: “E o salário ?” Mino parou, e me disse como se fosse a coisa mais natural do mundo: “250 mil”. Quase engasguei, mas ainda tive forças para indagar ? “Pra ser repórter ?” Ele, com naturalidade: “É...pra ser repórter”... Só para exlicar: no Noticias Populares meu salario era de 80 mil, mais 10 mil de bonificação para funcionar como editorassistente...
2006
À esquerda, o casal Gina e Kleber de Almeida; à direita, o casal Ivan ângelo e Teresinha; ao fundo, Mário Marinho e Bill Duncan.
O primeiro encontro da turma da velha guarda do Jornal da Tarde foi em 2006, para comemorar os 40 anos do revolucionário vespertino. a ideia nasceu de uma conversa minha com o Bill Duncan, no Rio de Janeiro, em setembro de 2005, quando eu participava, a convite do Bill, do corpo de Jurados do Prêmo Esso. Foi um encontro muito legal, numa bela churrascaria da Granja Viana, e nos prometemos que faríamos novos encontros. Infelizmente, ficou só na promessa. Depois de dura e dolorosa luta conra um câncer, Bill morreu no dia 22 de fevereiro de 2009. Decidi, então, retomar a ideia do Encontro anual da turma do JT.
E em novembro de 2009 fizemos o nosso primeiro Encontro pós Bill Duncan. Foi na churrascaria Ponteio, num sábado, no Jaguaré. Compareceram 94 pessoas. 94 companheiros de Jornal da Tarde. 94 amigos. Desde então, temos nos reunidos todos os anos. Nas páginas seguintes, algumas imagens daquele novembro de 2009. Mário Marinho
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2009
Humberto Weneck, Miriam Ibañez, Lucita Briza e Silvia Torikashiville À direita, Rolando Freitas e Antônio Carlos Fon. Abaixo, Sérgio Borges e Júlio Moreno.
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Renato Pompeu, Alberto Morelli, o então ministro Miguel Jorge e José Márcio
Vera Marinho, Mário Marinho e Verênia Marinho
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Luiz Veludo e Evelyn Schulke
Cacau, Regina Helena, Zeca Motta. Atrรกs, Tim Teixeira, Otoniel dos Santos Pereira e Silvia Torikashiville
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Virgínia Murano e Edison Paes
Rolando de Freitas, Joel Leite, Luiz Carlos Secco, Mário Lima, Oswaldo Palermo e José Bento Lenzi
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Acima: Bob Jugmann, Zé Maria de Aquino, Roberto e Valéria Avallone.
Ao lado: Otoniel dos Santos Pereira, Carlos Souliê do Amaral, Ivan Ângelo e Lindinha Sayon.
Abaixo: Tão Gomes Pinto, Reginaldo Manente, Zé Maria e Luiz Carlos Secco.
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Marli Gonรงalves e Carlinhos Brickmann
Wanderley Diniz e Laerte Fernandes
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Melchiades Cunha, Edison Paes, Miguel Jorge, JosĂŠ Maria Mairynk e Ouhydes Fonseca
Marli e Tim Teixeira, Arnaldo Fiaschi e JosĂŠ Bento Lenzi
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Francisco Lucrécio Jr, Vigínia Murano, Bob Jugmann, Maria Amélia, Arnaldo Fiaschi, Gilberto Mansur, Evelyn Schulke e Reginaldo Manente Paulo Moreira Leite, Chico Santa Rita, Fernando Portela, Toinho Portela,Mário Marinho
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Ana Luisa Rocha, Jaime de Matos Sá, Marco Antônio Rocha, Edison Paes, Virgínia Murano. Atrás: Laerte Fernandes, Luciano Ornelas e Ivan Ângelo.
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Heloisa Moreira, Ewaldo Dantas e Kenji Honda.
Ivan Ângelo, Gilberto Mansur, Antônio Carlos Fon, Tão Gomes Pinto e Wanderley Diniz. Paulo Chedid, Mário Marinho e Julio Morena. Na outra foto, sr. e sra. Sidney Maschio
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Dois Mรกrios, duas Veras.
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O que a memória ama, fica eterno. Adélia Prado Quando eu era pequena, não entendia o choro solto da minha mãe ao assistir a um filme, ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que minha mãe não chorava pelas coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade que vivia dentro dela e que eu, na minha meninice, era incapaz de compreender. O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano. É que a memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos. Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade. Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis. Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem. Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a segredos – estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo. A capacidade de se emocionar vem daí, quando nossos compartimentos são escancarados de alguma maneira. Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte de você – foi o fundo musical de um amor, ou a trilha sonora de uma fossa – e mesmo que tenham se passado anos, sua memória afetiva não obedece a ca-
lendários, não caminha com as estações; alguma parte de você volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, aquela época... Amigos verdadeiros têm a capacidade de se eternizar dentro da gente. É comum ver amigos da juventude se reencontrando depois de anos – já adultos ou até idosos – e voltando a se comportar como adolescentes bobos e imaturos. Encontros de turma são especiais por isso, resgatam as pessoas que fomos, garotos cheios de alegria, engraçadinhos, capazes de atitudes infantis e debilóides, como éramos há 20 ou 30 anos. Descobrimos que o tempo não passa para a memória. Ela eterniza amigos, brincadeiras, apelidos... mesmo que por fora restem cabelos brancos, artroses e rugas. A memória não permite que sejamos adultos perto de nossos pais. Nem eles percebem que crescemos. Seremos sempre “as crianças”, não importa se já temos 30, 40 ou 50 anos. Pra eles, a lembrança da casa cheia, das brigas entre irmãos, das estórias contadas ao cair da noite... ainda são muito recentes, pois a memória amou, e aquilo se eternizou. Por isso é tão difícil despedir-se de um amor ou alguém especial que por algum motivo deixou de fazer parte de nossas vidas. Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples assim. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na dor. Mas aquilo que amamos tem vocação para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar de vez em quando. Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que amamos pode ser facilmente reativado por novos gatilhos: somos traídos pelo enredo de um filme, uma música antiga, um lugar especial. Do mesmo modo, somos memórias vivas na vida de nossos filhos, cônjuges, ex-amores, amigos, irmãos. E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram.
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E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia amaram o Jornal da Tarde. Adaptado de um texto da escritora mineira AdĂŠlia Prado
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