Danilo Fontenelle
O Tesouro De
Fortaleza Ilustração Rafael Limaverde
Danilo Fontenelle
O Tesouro De
Fortaleza Ilustração Rafael Limaverde
Sumario 1 - O escondido mostra o oculto.................................................................................. 6 2 - O Início do desconhecido........................................................................................10 3 - Na França tinha um corcunda................................................................................ 14 4 - Mercado Central..........................................................................................................16 5 - Todo forte merece um passeio ............................................................................. 17 6 - A revolta de Pedro e o elixir verde...................................................................... 18 7 - Descanse nas nuvens sem ir ao céu................................................................... 23 8 - O palco do pai de Iracema..................................................................................... 24 9 - Entre leões e dragões............................................................................................... 25 10 - Cidade das Crianças................................................................................................27 11 - No mar do dragão..................................................................................................28 12 - Na Beira-mar, ela é guerreira e doce como mel........................................... 30 13 - Entre peixes, caranguejos, praias, parques e castelos............................... 32 14 - A Fábrica Fortaleza e o Beach Park................................................................... 36 15 - O Tesouro...................................................................................................................38 16 - Em casa......................................................................................................................... 41 Para você saber mais!...................................................................................................... 42 Referências.......................................................................................................................... 58
1 - O escondido mostra o oculto Como sempre, de 15 em 15 dias, os irmãos gêmeos Pedro e Guta foram passar o fim de semana na casa dos avós maternos, o Vô Zinho e a Vó Cate. Eles adoravam, porque além de brincarem no quintal cheio de árvores e comerem os bolos e doces da avó, aprendiam com ela desenho, pintura e várias técnicas de trabalhos manuais em madeira. Além disso, escutavam muitas histórias do avô, principalmente sobre os tempos antigos, quando ele era criança e sempre voltavam para casa cheios de novidades e experiências. Esse fim de semana marcaria suas vidas e eles nem desconfiavam do que aconteceria. Vô Zinho estava em sua oficina nos fundos da casa, com um pequeno baú que, de tão velho, não possuía chave. Ele tentava abrir as fechaduras, quando os meninos chegaram. O baú de madeira era um pouco maior que uma caixa de sapatos, com fechaduras em cobre e a tampa trabalhada com entalhes. Aparentava ser antigo e muito fino. Assim que os irmãos chegaram, ele foi logo explicando: - Vejam como é bonito, mas não consigo abrir para ver o que tem dentro. É só balançar que dá para sentir que existe alguma coisa que rola de um lado ao outro. Usando suas ferramentas de carpinteiro, aos poucos foi removendo as fechaduras sem danificar o belo trabalho em madeira, e todos se posicionaram para ver qual era o conteúdo. Em pouco tempo, ele conseguiu abrir e encontraram um pedaço de papel antigo enrolado. Ao abri-lo, viram palavras e figuras coloridas. Eram desenhos de fortes, castelos, dragões, leões, mares, jangadas, catedrais, estátuas, e uma série de outros elementos que nem as crianças, nem Vô Zinho conseguiram decifrar. 6
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Na tira de papel, ainda puderam ler, com certo esforço, os dizeres: “Quem segue o que digo, ganha mais que ouro. Quem segue na ordem dada, ganha o maior tesouro.” - Um mapa do tesouro! Puxa vida, que sorte! Vamos achar esse tesouro e ficar ricos! - exclamou Pedro. - Calma! Não sabemos nem o que esses desenhos significam. Podem ser apenas desenhos mesmo - observou Vô Zinho. - Ah, que pena - desanimou Guta. - São muito bonitos e o colorido encanta. Quem fez caprichou muito nos detalhes. Pedrinho pegou o baú e passou a examiná-lo com cuidado, passando a mão em sua tampa ricamente trabalhada e no veludo azul-escuro do interior. Ao balançar perto do ouvido, Pedrinho sentiu algo a mais se mover do lado de dentro e exclamou:
- Vô Zinho, olhe aqui! Parece que existe alguma coisa. O baú pode ter um fundo falso. - Fundo falso? Vamos ver o que ainda tem aí! Com um pouco mais de atenção, Vô Zinho percebeu que o fundo do bauzinho realmente parecia oco e, ao retirar o fundo falso, descobriu finos rolinhos de papel, numerados de 1 a 9, e abriu logo o primeiro. - Olhem que interessante! O papel colorido é realmente um mapa de tesouro e cada rolinho tem um enigma a ser seguido para o descobrirmos! Pelo que indicam, a gente deve se guiar também pelos desenhos estranhos no mapa. - Puxa vida, vô! Vamos logo atrás desse tesouro! - animou-se Pedrinho. - Oba! O que diz o primeiro rolinho? - perguntou Guta, aos pulos.
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2 - O Início do desconhecido O primeiro rolinho dizia: Vá ao início de onde o desconhecido veio, mas não ficou os primeiros chegaram os segundos tomaram e os primeiros dominaram - Como? O que isso significa, vô? – perguntou o menino. - O mapa tem a paisagem de uma praia e um forte - observou Guta. - É só isso? Como é que vamos a esse local se não temos ideia de onde fica? - impacientou-se Pedrinho. - Eu imagino onde seja - disse um bode pela janela, com uma voz fina esquisita. - Ei! Quem é você? Um bode que fala? - indagou Pedro. - Meu nome é Iuiú, sou tataraneto do bode Ioiô que viveu aqui em Fortaleza há um século. - Você é um bode que fala? - Ué! Em outras histórias tem sapo que é príncipe, boneca de pano que fala pelos cotovelos, sabugo de milho que é visconde e ninguém nunca reclamou que lobo ou porquinhos falassem. Qual o problema em um bode falar? Ora mais, menino. - Bem, no mínimo é estranho, mas já ouvi falar do bode Ioiô. Não era um bode que vivia andando pela cidade, dando cabeçadas no povo?perguntou Vô Zinho. - Sim, era esse mesmo. Quando mais jovem ele assustava todo mundo, mas depois ficou bonzinho. Ele contou tudo que sabe da cidade para o meu bisavô Iaiá, que contou para meu avô Ieié e esse para meu pai Iiií e meu pai para mim. É uma tradição da família, assim como esses nomes próprios.
- Então você pode nos ajudar a encontrar o tesouro?- perguntou Guta. - Bem, acho que posso tentar. Um detalhe: qualquer que seja o tesouro quero a minha parte em milho e capim. - Combinado. O que você acha que significa “Vá ao início de onde o desconhecido veio, mas não ficou, os primeiros chegaram, os segundos tomaram e os primeiros dominaram” ? – perguntou Vô Zinho. - Vou resumir um bocado. Prestem atenção. Quem primeiro chegou à Fortaleza, antes mesmo que Pedro Álvares Cabral descobrisse o Brasil, foi o espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que teria aportado aqui três meses antes e logo partiu. Esse seria o desconhecido que veio, mas não ficou, do enigma.
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Tempos depois, chegaram os portugueses chefiados por Pero Coelho de Souza, e fizeram um forte meio improvisado, na Barra do Ceará (Fortim São Tiago), mas também ficou pouco tempo. Cerca de dez anos após, veio o português Martim Soares Moreno, que aumentou o forte e mudou seu nome para Forte de São Sebastião. Pode-se dizer, assim, que os portugueses seriam, então, efetivamente os primeiros que chegaram. Após algum tempo, esse forte foi tomado e destruído pelos holandeses, chefiados por Matias Beck, que construiu outro bem maior, às margens do Rio Pajeú, o Forte Schoonemborch. Os holandeses, então, correspondem ao que o enigma disse sobre os segundos tomaram. Mais alguns anos se passaram e os holandeses foram expulsos pelos portugueses, sendo o forte rebatizado como Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, que existe até hoje e é sede da 10ª Região Militar.
Esse forte pode ser considerado o local onde Fortaleza surgiu como um vilarejo, sendo considerada cidade em 13 de abril de 1726, data que é tida como a de fundação de nossa capital. Essa é a última parte do enigma, ou seja, a parte de “os primeiros dominaram”. Assim, o enigma indica para irmos aonde os holandeses construíram o forte e depois os portugueses dominaram de vez. - O que a gente vai fazer lá? – perguntou Pedrinho. - A gente pode conhecer onde Fortaleza surgiu e ver como é o forte por dentro, com ajuda de um guia. Pode ser bem legal - observou o bode. -É legal sim! Vamos, vô? – animou-se Guta. - Sim, vamos lá. Antes vou avisar sua avó. Eu sei que fica quase em frente à catedral e perto do Mercado Central. Vamos levar o baú e, chegando lá, a gente lê o segundo rolinho.
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3 - Na França tinha um corcunda Depois de terem conhecido todo o forte, os irmãos se sentaram com Vô Zinho para abrirem o segundo rolo, mas Pedro tinha uma pergunta: - Vô, se a gente está à procura do tesouro, não é mais fácil abrir logo o último rolinho? Certamente é nele que se encontra a última pista e ela indicará onde está o tesouro. - O seu raciocínio tem muita lógica, Pedro, mas quando estamos à procura de algo, principalmente um tesouro, temos que seguir todos os passos e orientações. Se ficarmos muito ansiosos e quisermos ir logo ao final das pistas, poderemos perder muitas dicas e acabar nos confundindo. Além disso, o mapa é bem claro ao dizer: Quem segue o que digo, ganha mais que ouro Quem segue na ordem dada, ganha o maior tesouro” - Tem que ser na ordem, Pedrinho, disse Guta. Lembra aquela primeira vez que fomos ao shopping e você quis logo ir ao cinema, sem nem mesmo saber direito onde era e saiu correndo feito um doido? Lembra? Acabou se perdendo e a gente levou um tempão para encontrar você. - Lembro sim, mas nessa época eu era bem pequeno. - Pois é, mas pequeno ou não, a gente tem que seguir as regras para não ter nenhuma surpresa ruim. Vamos lá, vô, o que diz o segundo rolinho? - Diz aqui: Na França tinha um corcunda. - O que isso significa, Vô Zinho? - indagou Guta. - Esse francês deve ter sido bem famoso para constar em um mapa do tesouro. Iuiú, aparentando cheirar o vento, disse pensativo: - Olhem, existe um famoso personagem da literatura francesa, do escritor Victor Hugo, lembram? A história dele se passou na Catedral de Paris. 14
- Sim, tem razão, a história é sobre Quasímodo, que tocava o sino na Catedral de Notre-Dame. Aliás, sabiam que Notre-Dame significa, em francês, Nossa Senhora? - observou Vô Zinho. - Ah! Acho que já vi o desenho animado, mas o que isso tudo tem a ver com a nova pista?- inquietou-se Pedro. - Vejam, aqui pertinho, em frente ao forte que já visitamos, está a Catedral de Fortaleza. Acho que é sobre ela que o enigma fala. Aqui tem um desenho de uma igreja com torres bem altas - disse Iuiú, apontando no mapa. - Sim, sim! É o desenho de uma igreja bem grande concordou Pedro. - Vamos lá visitar, então.
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4 - Mercado Central Após andarem pela catedral, admirarem os vitrais e terem conhecido a cripta, todos saíram para a praça em frente. - Nossa! Quanta gente por aqui! - Sim, é verdade Guta. Fortaleza tem um grande comércio popular de roupas ao lado da catedral, disse Iuiú. - Por falar nisso, querem conhecer o Mercado Central? Fica aqui pertinho e lá vocês podem comprar praticamente o que quiserem, em centenas de lojas. - Tantas lojas em um só local? É um shopping? - É como se fosse, Guta, só que diferente. É um local onde você pode encontrar muito da arte e da cultura de todo o estado do Ceará. - Eita! Podemos conhecer, Vô Zinho? - Sim, claro. Podemos até comer algo por lá. Sei que existem restaurantes e lanchonetes que servem ótimas comidas típicas nordestinas.
5 - Todo forte merece um passeio Após a visita ao Mercado Central, todos se reuniram para ver o que havia escrito no terceiro rolinho. Vô Zinho leu com atenção: Todo forte merece um passeio - O que você nos diz, Iuiú? - Bem, atrás do forte existe o Passeio Público, vamos lá? - Passeio Público? Que nome engraçado. - Pois é, Pedrinho. Meu tataravô disse que é a praça mais antiga de Fortaleza. Lá as crianças podem brincar por entre as estátuas e as árvores, algumas bem altas, como um baobá gigante. - Pelo mapa, fica atrás do forte mesmo. É só andar um poucoobservou Pedrinho.
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6 - A revolta de Pedro e o elixir verde Após passearem pelas alamedas do Passeio Público, brincarem por entre as estátuas e tentarem subir, sem sucesso, no baobá, as crianças se sentaram em um dos bancos de madeira verde e ferro, ao lado do Vô Zinho, e Iuiú comia uma graminha por perto. Pedro estava nitidamente chateado.
- O que você tem Pedro? Tá com essa cara amarrada por quê? – indagou Vô Zinho. - Nós viemos à procura de um tesouro e até agora não descobrimos nada. Esses rolinhos só dizem para irmos ali e acolá e nada de pista sobre o tesouro escondido. Estou começando a achar que não tem tesouro algum e quem fez essas pistas só queria que a gente ficasse andando pela cidade. - Bem, até agora conhecemos onde a cidade nasceu, depois fomos à catedral, ao Mercado Central e ao Passeio Público. Você não está gostando do passeio e de aprender coisas? - Sim, estou gostando sim, mas eu quero mesmo é o tesouro!
- Acho que todo tesouro, que é tesouro mesmo, é bem escondido – disse Iuiú por entre um mastigar de grama e outro. - Meu tataravô sempre dizia que as coisas importantes são encontradas onde a gente menos espera. - Seu avô era um bode! Que diabos ele sabia de tesouros? – irritou-se Pedrinho. - Meu avô era realmente um bode, como eu também sou, com muito orgulho, e com certeza ele sabia mais do que você, que está se comportando como um jumento – respondeu Iuiú 18
com o atrevimento típico dos caprinos da família, confirmando ser de fato descendente do bode que marcou a cidade. - Ei! Parem com isso! - disse Vô Zinho. Que coisa feia dois amigos brigando por uma questão dessas! Vamos nos concentrar no próximo rolinho e ver para onde vamos na busca. E quero todos com paciência e educação. Ouviram bem? Pedrinho e Iuiú apenas resmungaram, enquanto Guta pegava o quarto rolinho e lia: - Aqui está dizendo: Tome o elixir verde onde a coluna ereta vê os quatro lados - Agora pronto! Vocês estão vendo como isso é irritante? Onde é que vamos tomar elixir? Eu nem sei o que é isso. E ainda tem esse negócio de coluna de quatro olhos! - exasperou-se Pedrinho. - Não é quatro olhos e sim quatro lados – observou Guta. - Elixir significa uma bebida especial que cura ou restabelece alguém. Quase uma poção mágica ou medicamento- explicou Vô Zinho. - Que seja! Esse enigma jamais será decifrado!- exagerou Pedrinho, amuado. - O que você me diz, Iuiú? Tem alguma sugestão para onde o rolinho nos indica?- dirigiu-se Vô Zinho ao bode que, ainda de cara fechada, cheirava o vento. - Não só sei para onde o rolinho indica, como conheço muito bem - gabou-se. - E pra onde é? Diga, Iuiuzinho - dengou Guta. - Bem, quem quiser que me siga, disse lançando um olhar de implicância ao menino que, ainda incomodado, resmungou algo, mas seguiu com todos atrás do bode. 19
Após alguns quarteirões, anunciou Iuiú: - Chegamos ao coração de Fortaleza! A famosa Praça do Ferreira! Vô Zinho explicou que Praça do Ferreira é considerada o centro da cidade e seu nome é dado em homenagem ao farmacêutico Antônio Ferreira Rodrigues. É nela que fica o Cine São Luiz, que já foi considerado um dos mais luxuosos cinemas do país e é decorado com mármores e lustres de cristais italianos. - Ali está o que o rolinho quis dizer com coluna ereta vê os quatro lados! - disse Iuiú, apontando com o queixo para o centro da Praça. - Ah! É uma coluna com um relógio de quatro lados! - observou Guta. - Sim, é a chamada Coluna da Hora. Bem, vocês não acham que o sol está quente?- indagou Iuiú. - Pois saibam que foi nessa praça que o sol foi vaiado. - Como assim? O sol foi vaiado? - perguntou Guta achando aquilo tudo muito estranho. - Sim, o sol foi vaiado aqui mesmo. Meu avô, o bode Ioiô, contou-me que um dia, há uns oitenta anos, após dias de chuva forte, o sol, ao começar a surgir por entre as nuvens, levou uma sonora vaia de quem estava por aqui. - Ah!ah!ah! Isso só pode ser mentira- disse Pedrinho. - Como é que alguém vaia o sol? - Pois é! Isso demonstra como nós cearenses somos engraçados e irreverentes, ou seja, somos um povo muito bem-humorado e adoramos uma molecagem. Aliás, por falar em molecagem, vocês sabem vaiar? - Claro! Quem é cearense já nasce vaiando, mas é de alegria – exagerou Guta. - Realmente a vaia cearense não é como as vaias dos outros povos não. Por aí o pessoal vaia bonitinho, só fazendo com um biquinho “uuuuuu” bem prolongado, quando não gosta de alguma coisa. Aqui em Fortaleza, a vaia é especial! - garantiu Iuiú.
- E como é que se vaia da maneira cearense? - quis saber Vô Zinho, que já começava a rir. - Primeiro que a nossa vaia é mais de alegria do que de deboche e aqui a gente começa a vaia com “i” prolongado e de repente muda para um “ê” também comprido, finalizando com uma sequência de “i” curtos explicou Iuiú. - Como é que é? Mostre aí! - provocou Pedrinho. - Bem, a pedidos, lá vai – e Iuiú, tomando fôlego até encher os pulmões caprinos, lançou todo o ar para fora de uma só vez: - Iiiiiiêêêêêiiii!” Todos começaram a rir e algo ainda mais inusitado ocorreu. Sem ninguém esperar, de repente começaram a surgir pequenas vaias distantes, como que respondessem à vaia anunciada. E a cada nova vaia, outra vaia surgia, não se sabia de onde, pela Praça do Ferreira, e a situação foi ficando ainda mais engraçada. Outra vaia ali, outra acolá, e mais outra, e mais outra, sem ninguém saber quem vaiava nem o que, mas o fato é que, em poucos minutos, a praça era uma vaia só, com os irmãos e até Vô Zinho também vaiando em resposta às vaias solidárias, e todos morriam de rir. - Ah!ah!ah! Nunca pensei que a gente fosse viver uma sessão de vaias em plena Praça do Ferreira - disse Vô Zinho.
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- Realmente o povo cearense é conhecido pelo seu bom humor. Não é à toa que daqui já saíram tantos atores e comediantes, como Chico Anísio, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Tiririca, Tirulipa, Karla Karenina, Valéria Vitoriano, Falcão, Edmilson Filho e vários outros- observou Iuiú. - Só um detalhe, pessoal - disse Vô Zinho. A gente não deve usar a vaia para mexer com ninguém, nem muito menos fazer bullying. A vaia é mais para brincar, festejar um drible no futebol ou até mesmo um gol, além de ser usada para demonstrar alegria por alguma coisa. - Ah! É quando a gente está no balanço, começa a ficar bem alto e grita “Iiiiiiêêêêêiiii menino!” - lembrou Pedrinho. - Exato. São em ocasiões assim que a vaia cearense representa bem nosso estado de espírito - concordou Vô Zinho. - Tudo foi muito engraçado mesmo, mas agora deu sede - disse Guta. - Vamos então ao elixir verde! - falou Iuiú, dirigindo-se ao lado sul da Praça, sendo seguido pelos demais. A poucos metros, anunciou, levantando o queixo e sua barbicha: - Chegamos! É só pedir pelo elixir! - Aqui é uma casa de caldo de cana e pastel - observou Guta. - Sim, claro que é. Você conhece alguma bebida mais revigorante que um caldo de cana bem gelado? É um verdadeiro elixir, ainda mais com um pastel quentinho. Fica tudo melhor ainda. Vô Zinho comprou caldo de cana e pastel para todos, com especial atenção às azeitonas que vieram com caroço e, sentados numa das mesas, procuraram pelo quinto rolinho.
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7 - Descanse nas nuvens sem ir ao céu O quinto rolinho era ainda mais enigmático que os outros. Dizia simplesmente: Descanse nas nuvens sem ir ao céu O menino, tomando o restinho do caldo de cana, disse logo: - Após esse elixir verde e esse pastel quentinho, estou é com vontade de descansar numa sombra. - Por incrível que pareça, acho que você decifrou o enigma, sem nem mesmo pensar nele - opinou Iuiú. - Como assim, decifrei? Eu só quero mesmo é me deitar numa redinha. - Exatamente. Quando a gente se deita numa rede é como se estivesse nas nuvens, sem precisar ir ao céu. - O que isso tem a ver com o enigma do rolinho? - Aqui perto tem a antiga cadeia pública de Fortaleza, que há muito tempo foi transformada em centro de turismo e artesanato. Lá a gente pode descansar numas redinhas boas que só vendo. - Opa! Acho isso ótimo! Vamos lá, vô? - Sim, sim. Eu conheço o Centro de Turismo, que todo mundo ainda chama de Emcetur. Será ótimo mostrar a vocês um pouco mais da cultura cearense. A gente aproveita e descansa um pouquinho.
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8 - O palco do pai de Iracema
9 - Entre leões e dragões
Enquanto estavam deitados nas redes, no interior do pátio do Centro de Turismo/Emcetur, Vô Zinho abriu o sexto rolinho, que dizia: Conheça o palco do pai de Iracema - Ah! Essa dica é fácil- exclamou Vô Zinho. - Devemos conhecer o Teatro José de Alencar, que fica um pouco mais adiante. - Como assim? O rolinho fala do pai de Iracema – disse Guta. - José de Alencar foi um grande escritor cearense, autor de três dos mais famosos livros do romantismo indianista, O Guarani, Iracema e Ubirajara. Assim, combinando “palco” com “pai de Iracema”, o enigma só pode estar se referindo ao teatro que fica aqui perto e leva o nome do escritor. Vamos lá. Vocês vão gostar. É um teatro que tem um pátio interno com árvores. - Eita! Um teatro com árvores dentro! Esse eu quero ver! exclamou Pedrinho
Após visitar o Teatro, e sentados em seu jardim interno, o menino abriu o sétimo rolinho que dizia: Encontre-se com leões e depois vá ao mar do dragão - Eita, vô! Agora deu certo! O rolinho está falando para a gente se encontrar com leões e depois ir ao mar de um dragão! - Vixe! Eu não quero nada com leões, muito menos com dragões! exclamou Guta. - Iuiú, você que conhece bem o centro da cidade e arredores, o que acha que essa pista indica? - perguntou Vô Zinho ao bode, que lambia umas flores. - Vejamos. Onde é que podemos encontrar leões em uma cidade? - No jardim zoológico! - disse Pedrinho. - Sim, é verdade, mas Fortaleza só tem um jardim zoológico bem pequeno e lá não tem nenhum leão. Além disso, onde é que se encontram dragões? – pensava em voz alta o bode. - Acho que quem escreveu essas pistas está querendo nos fazer de bestas. Nunca encontraremos nenhum dragão, ainda mais dentro do mar- desanimou Pedrinho. - Ah! Já sei! Lembrei que meu avô me falava de leões aqui no centro de Fortaleza e são muitos!
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- Como assim? Leões em pleno centro da cidade, onde já se viu isso? – observou Guta. - Acompanhem-me. Já sei aonde vamos. - Vamos aonde? - perguntou Vô Zinho - Vamos à Praça dos Leões, ora! Ela tem estátuas de dois leões e um tigre, além das estátuas do General Tibúrcio, um herói na Guerra do Paraguai, e da escritora Rachel de Queiroz.
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10 - Cidade das Crianças Após andarem pela Praça dos Leões, tirarem fotos e até se sentarem ao lado da estátua de Raquel de Queiroz, todos continuaram seguindo Iuiú, agora deixando o centro em direção à praia, que disse: - Ah! Antes de conhecermos o Dragão, vamos dar uma passadinha rápida em outra grande praça aqui perto. É tão grande que tem até um lago dentro. Garanto que principalmente as crianças vão gostar. - Por que especialmente nós vamos gostar, Iuiú? indagou Guta, curiosa como sempre. -É porque essa praça é conhecida como Cidade das Crianças! - Eita! Uma cidade toda para as crianças! Deve ser muito legal- animou-se Pedrinho. - Bem, não é propriamente uma “cidade” mesmo, mas é um local bem amplo que dá para brincar e correr.
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11 - No mar do dragão Após brincarem e correrem na Cidade da Criança, disse Pedrinho: - É muito legal esse espaço todo em pleno centro de Fortaleza, mas e o dragão? Ele existe mesmo? Nós vamos conhecer? - Claro! Vamos andando em direção à praia. Ele mora por lá e é bem grande, disse Iuiú. - Como assim? Nós vamos à casa do dragão? E ele não vai nos comer? – preocupou-se Guta. - Ele fica no mar e surge como o Godzila ou o monstro do Lago Ness? - foi a vez de Pedrinho perguntar, arregalando ainda mais os olhos. - Ah!ah!ah! - riu Vô Zinho. - Na verdade, pessoal, Iuiú está brincando com vocês. - Bem, mais ou menos, né? Existiu mesmo um dragão aqui em Fortaleza, mas não era bicho. Era um jangadeiro muito corajoso, que lutou pela liberdade dos escravos. Ele era tão forte e decidido, que lhe deram o apelido de Dragão do Mar. - Sim, o nome dele era Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, que liderou a paralisação de jangadeiros cearenses ao se negarem a fazer o transporte de escravos. Anos mais tarde, o Ceará foi o primeiro estado a abolir a escravidão e por isso é conhecido como Terra da Luz. Por essa colaboração corajosa, Dragão do Mar se consagrou como um dos maiores heróis populares da história do Ceará - esclareceu Vô Zinho. - Atualmente, o Centro Cultural Dragão do Mar, situado bem perto da praia, tem cinemas, teatro, livraria e até mesmo um observatório, além da estátua em tamanho natural de um grande poeta popular cearense, o Patativa do Assaré. E é para lá que vamos - disse Iuiú, andando apressado, com todos atrás. 28
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12 - Na Beira-mar, ela é guerreira e doce como mel Depois de conhecerem o Centro Dragão do Mar, subirem e descerem suas rampas e passarelas, mais uma vez todos se juntaram para verem o que o oitavo rolinho tinha a indicar. Ali estava escrito: Às vezes ela é guerreira, às vezes, é doce como mel. - As pistas estão ficando mais fáceis. Provavelmente estamos perto de descobrir o tão procurado tesouro- disse Iuiú. - Você acha essa pista fácil? Como alguém pode ser ao mesmo tempo guerreira e doce como mel? - questionou Guta. - É só a gente pensar um pouco. Olhem só: estamos no bairro chamado Praia de Iracema, aquela personagem que José de Alencar criou. Lembram quando falamos do Teatro? - José de Alencar deve ter sido muito importante, viu? Tem teatro com o nome dele e até um bairro com nome de Iracema! - admirou-se Guta. - É verdade - continuou Iuiú. Até mesmo a casa onde ele nasceu é preservada. Fica um pouco longe daqui, perto do Centro das Tapioqueiras, mas podemos ir outro dia. E vejam só, existem aqui perto, ao longo do calçadão da Avenida Beira-Mar,
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duas estátuas de Iracema, sendo uma com ela de joelhos e dobrando um grande arco, que é chamada de Iracema Guardiã, que podemos considerar uma forma de guerreira. Mais adiante, já nas proximidades do Porto do Mucuripe, temos outra estátua dela, só que nessa Iracema está em pé em uma jangada, ao lado do seu esposo português Martim, o filho Moacir e tem até um cachorro, ou seja, nessa estátua ela está acolhedora e doce como mel. - Então devemos percorrer toda a Avenida Beira-Mar de uma estátua à outra? – perguntou Pedrinho. - Sim, será um ótimo passeio. Podemos andar pelo calçadão da Beira-Mar que começa aqui pertinho e vai até o Mercado dos Peixes, lá na ponta oposta. Caminharemos ao lado do mar e podemos até dar uma paradinha na Ponte Metálica, também conhecida como Ponte dos Ingleses, no Estoril, uma das mais antigas casas da região, e nos quebra-mares. Se tivermos sorte, poderemos ver alguns golfinhos por lá. Depois passaremos pela famosa feirinha de artesanato, sorveterias com inúmeros sabores, quadras, restaurantes, hotéis, clubes e pelo jardim japonês, até chegarmos ao Mercado dos Peixes. - Oba! Sorvete! - animou-se Pedrinho. - Jardim japonês? O que é isso? - indagou Guta. - Sim, há pouco tempo foi construído um pequeno jardim com a arquitetura característica do Japão, incluindo um pequeno lago, em homenagem à imigração nipônica no Ceará e é um local muito bom para tirar fotos. - Ótimo, então vamos pelo calçadão da Praia de Iracema e Beira-Mar e veremos tudo isso - concluiu Vô Zinho.
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13- Entre peixes, caranguejos, praias, parques e castelos No Mercado dos Peixes, Vô Zinho comprou algumas piabas e camarões e pediu para prepararem ali mesmo para todos. Conseguiu também um pouco de milho e água para Iuiú. - Além de a culinária cearense ter muito peixe e camarão, nós amamos caranguejo, e na Praia do Futuro, que fica aqui perto, existem várias barracas que servem até mesmo à noite- observou Vô Zinho. Enquanto comiam olhando a beleza das jangadas ao mar, Guta, que estava deitada em uma espreguiçadeira, disse: - Depois desse passeio todo, descansando aqui com essa vista linda e ainda comendo peixe e camarão, sinto-me uma rainha. - Toda rainha merece um castelo ou um palácio. Aqui em Fortaleza, temos um enorme castelo. Até já tivemos um palácio, que, infelizmente, foi demolido, mas representa uma história digna dos contos de fada observou Iuiú.
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- Qual é a diferença entre castelo e palácio? - perguntou Guta. - Em geral, os castelos servem mais para proteção, contando com muralhas e fosso, sendo quase sempre localizados na área rural, mas também tinham muito conforto e riqueza, até porque só nobres habitavam neles. Os palácios, na maioria das vezes, ficam na cidade, são construções luxuosas e servem para moradia - disse Vô Zinho. - Fortaleza tem um castelo? – animou-se Pedrinho. - Para ser mais claro, o nome mesmo é Estádio Governador Plácido Castelo e é conhecido como Arena Castelão, ou, simplesmente Castelão, e é o maior estádio de futebol do Ceará. - Ah! E o palácio? Era palácio mesmo? - perguntou Guta. - Sim, o palácio é resultado de uma história de amor. - Sério? Conte aí a história toda, com detalhes- disse Guta, toda romântica, aproximando-se mais de Iuiú. - A história ocorreu no início do século XX e envolve outro sujeito chamado Plácido, mas não era o Plácido Castelo que deu nome ao Castelão, e sim Plácido de Carvalho. Ele era um comerciante e industrial muito bemsucedido e conheceu, em Paris, uma moça italiana de origem muito rica, de nome Maria Pierina Rossi. Ambos se apaixonaram, mas ela não conhecia o Brasil, muito menos Fortaleza, então se recusou a vir morar aqui. Então ele fez aquelas coisas que a gente só vê em filme. - Sério? E o que ele fez? – animou-se Guta. - Ele prometeu construir um palácio para ela. Seria uma cópia de um belo palácio que ambos viram em Veneza. E construiu mesmo! - Verdade? - indagou Guta - Sim. O Palácio do Plácido ou, para alguns, o Palacete Plácido de Carvalho, tinha mármores e vitrais importados, bem como raras madeiras brasileiras nas belas escadas interiores. Era cercado de jardins com roseiras
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e plantas nativas e tinha duas fontes. No entanto, esse conto de fadas durou pouco. Quando o casal morreu, o palácio ficou abandonado até ser demolido. Atualmente no local existe a Praça Luíza Távora, com amplos espaços livres e um ótimo Centro de Artesanato – esclareceu Iuiú. - Nossa que história interessante! Parece de contos de fada mesmo! O marido construiu um palácio para a esposa! Que romântico! – observou Guta, unindo as mãozinhas e apoiando no rosto. - Realmente é uma história muito bonita que, infelizmente, perdeu-se no tempo. Uma coisa que a gente nunca pode perder é a preservação da nossa história e, além do mais, devemos cuidar da natureza - disse Vô Zinho. - Sim, é verdade- concordou Iuiú. - Em termos de natureza, nós temos em Fortaleza um dos maiores parques naturais em área urbana da América Latina. É o Parque do Cocó, que abriga um enorme manguezal, com matas, dunas, densa vegetação e uma grande variedade de animais. Quem quiser, pode andar por suas trilhas interligadas, desde que não deixe nenhum lixo ou danifique a área. - Adorei todas essas histórias e o peixe, mas estou com vontade de comer alguma coisa doce - disse Pedrinho. - Serve biscoito recheado ou com cobertura de chocolate? - perguntou Iuiú. - Ou prefere cream cracker, waffer, biscoito Maria, de maisena ou rosquinhas de diversos sabores? - Onde tem isso tudo? - É um pouquinho longe daqui, mas posso explicar.
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14 - A Fábrica Fortaleza e o Beach Park - Vocês se lembram daquele filme antigo “A fantástica fábrica de chocolate”? - indagou Iuiú. - Não lembro direito não, mas já ouvi falar – disse Pedrinho. - O filme conta a história de um menino que vai conhecer uma fábrica de chocolates e nós podemos fazer algo parecido aqui em Fortaleza, ao visitarmos uma das melhores fábricas de biscoitos do Brasil- continuou o bode. - Eita! Uma fábrica de biscoitos! Podemos ir lá agora, Vô Zinho? - Queridos, a Fábrica Fortaleza foi criada aqui mesmo, mas ficou tão grande que acabou se mudando para o Eusébio, uma cidade vizinha. Eles recebem visitas de colégios, mas precisamos marcar com antecedência. - Além de biscoitos, o grupo M. Dias Branco, dono da fábrica, também produz vários tipos de macarrão e massas, além de farinhas, misturas para bolos, margarinas, lanches de milho e de trigo, torradas e até refresco em pó - complementou Iuiú. - Ótimo, vamos marcar o dia certo então para essa visita - conformou-se Pedrinho. - Eu queria mesmo era tomar banho de mar - animou-se Guta. Pena que não trouxe biquini. - Nós temos, em uma praia aqui perto, o maior parque aquático da América Latina e podemos combinar de ir lá um dia - disse Vô Zinho. - Sim, o Beach Park é enorme e, além do parque aquático, possui resorts, hotéis e restaurantes- acrescentou Iuiú. - Bem, sem biscoitos e sem parque aquático, o que nos resta agora? Já andamos por Fortaleza inteira e ainda não encontramos nada de tesouro – impacientou-se Pedrinho. - Temos ainda um rolinho para abrir - disse Vô Zinho. 36
- Vamos ver logo o que ele diz. Certamente é a última pista e ou é tudo ou nada- declarou o menino, colocando o rosto por cima do ombro do avô para ler junto o que dizia a última pista.
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15 - O Tesouro Vô Zinho desenrolou com cuidado o último rolinho e todos prestaram atenção no que ali estava escrito. E os dizeres eram ainda mais misteriosos: O tesouro da vida é o que fica - Não entendi nada - falou Pedrinho. - Esse é o último mesmo? perguntou, enquanto vasculhava o interior do pequeno baú para ver se existia outro escondido em algum canto. - São realmente só nove rolinhos? Por que não dez? - Contando com o mapa e os nove rolinhos, são dez os elementos que pesquisamos. E, sim, essa é a última mensagem - confirmou Vô Zinho. - Certo, vô, mas onde está o tesouro? Também não entendi que tesouro é esse que não tem joias nem moedas de ouro – acrescentou Guta. - Acho que temos que pensar um pouco sobre tudo o que passamos em busca do tesouro - observou Iuiú, mascando umas folhas. - Como assim, Iuiú? Fizemos tudo o que os rolinhos disseram e não encontramos nada – impacientou-se, mais uma vez, Pedrinho. - O mapa com os desenhos diz Quem segue o que digo, ganha mais que ouro Quem segue na ordem dada, ganha o maior tesouro E agora o último rolinho diz: O tesouro da vida é o que fica - Sim, e o que isso quer dizer? Onde está o tesouro? – agoniou-se o menino. - Acho que está nisso tudo mesmo, ou seja, em um dia de passeio, nós conhecemos de perto muita coisa sobre Fortaleza e nossa história – disse Iuiú. 38
- Isso é verdade- concordou Guta - Achei ótimo ter passado esse dia com vocês - acrescentou Vô Zinho. - Pude ver por onde o tataravô do Iuiú andava, revi muitos lugares que há tempos não visitava e conheci outros ainda. Nem sempre os tesouros da vida são joias e ouro, mas existem em forma de conhecimento e convivência. E, para mim, estar com vocês vale muito mais que qualquer tesouro e é o que verdadeiramente fica. - É por isso que o mapa diz: Quem segue o que digo, ganha mais que ouro. Quem segue na ordem dada, ganha o maior tesouro- concluiu Iuiú. - Pensando bem, concordo inteiramente – disse Guta. Hoje andamos juntos, aprendemos e vivemos muita coisa lado a lado. Essas lembranças nunca sairão das nossas cabeças. - É por isso que o último rolinho diz: O tesouro da vida é o que fica. Quando a gente vive o que está aprendendo e aprende o que vive, obtemos conhecimento para a vida toda - complementou Vô Zinho. - Aprendemos mesmo muita coisa hoje, principalmente que Fortaleza é um verdadeiro tesouro não apenas pelo sol, praias, praças e monumentos, mas por seu povo simples, trabalhador, criativo, bem-humorado e muito hospitaleiro - completou Iuiú. - Acho que vocês têm razão- admitiu Pedrinho, em resmungo. - Aprendi hoje coisas que nem imaginava sobre nossa história e modo de ser, mas queria pelo menos uma moedinha de ouro. - Os tesouros podem ser roubados por ladrões ou piratas, mas o conhecimento fica com a gente para sempre. E ainda tem outra característica – disse Iuiú.
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16 - Em casa
- Qual? – indagou o menino. - Os tesouros materiais, como ouro, prata e joias, quando são divididos, diminuem, mas quando o tesouro do conhecimento é compartilhado, ele aumenta, porque quem o tinha continua com ele, e quem o recebeu também fica rico da mesma maneira de quem deu. É como se você tivesse uma vela e com ela acendesse a vela de um amigo. Você permanece com sua luz, seu amigo agora tem a dele, e ambos iluminam ainda mais o ambiente. - Olhe só! Não tinha pensado nisso! - admirou-se Pedrinho. - É isso mesmo! – concordou Vô Zinho. - Então estamos todos ricos de conhecimentos e, principalmente, em emoções e amizade. Agora precisamos voltar para casa que a Vó Cate deve estar preocupada.
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Após tomarem banho e jantarem, Pedrinho e Guta, já deitados, contaram o que aprenderam para a Vó Cate, que escutou com muita atenção, achando graça do bode falador. Após os netos dormirem, ela se deitou ao lado de Vô Zinho, que foi logo dizendo: - O mapa estava muito bem desenhado e os enigmas ficaram bem interessantes. - Obrigada. Caprichei mesmo. - O que você usou nas fechaduras do bauzinho? Levei um bom tempo para retirá-las. - Colei! - Demoramos um pouco mais do que imaginava para fazermos todo o percurso, mas foi um ótimo passeio. As crianças conheceram muito de Fortaleza e pude rever alguns pontos que há tempos não frequentava. - Eles aprenderam muito? - Creio que sim. Nada como conhecer a história de onde se vive e um pouco do nosso povo. - A ideia de levar o bode junto foi muito interessante. - Sim, foi ótimo para treinar ventriloquismo.
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Para você saber mais! BEACH PARK
É um complexo turístico do litoral do Nordeste do Brasil, localizado na praia de Porto das Dunas, município de Aquiraz, a 27 quilômetros de Fortaleza e foi inaugurado em 1989. Seu parque aquático é considerado o maior da América Latina e possui várias atrações, entre radicais, moderadas e infantis.
BODE IOIÔ Bode Ioiô foi um famoso bode que viveu na cidade de Fortaleza há mais de cem anos e se tornou mascote de uma empresa localizada na Praia de Iracema. Segundo dizem, recebeu o nome de “Ioiô” por percorrer sempre o mesmo trajeto, entre as ruas centrais da cidade, onde frequentava os bares e cafés ao redor da Praça do Ferreira, e a Praia de Iracema. Em 1922, o bode Ioiô foi eleito a vereador, como forma típica do bom humor cearense em protesto à política local da época. Ao morrer, foi imortalizado ao ser empalhado e doado ao acervo do Museu do Ceará. Em 2019, foi enredo da escola de samba Paraíso do Tuiuti, do Rio de Janeiro.
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CASA DE JOSÉ DE ALENCAR A casa onde nasceu José de Alencar, em 1829, é agora um centro cultural pertencente à Universidade Federal do Ceará, e está localizada na Av. Washington Soares, 6055, em Messejana. A antiga casa grande foi demolida, mas é possível visitar uma casinha e as ruínas do primeiro engenho a vapor do Ceará, além de espaços culturais e exposições como o museu Arthur Ramos, a coleção de rendas de bilro Luiza Ramos, a Pinacoteca Floriano Teixeira e o Salão Iracema Descartes Gadelha. CASTELÃO O Estádio Governador Plácido Castelo, também conhecido como Arena Castelão, ou simplesmente Castelão, é o maior e mais moderno estádio de futebol do Estado do Ceará e conta com capacidade para quase 64.000 pessoas. Foi inaugurado em 1973 e totalmente remodelado em 2012, em decorrência da Copa do Mundo FIFA de 2014. Além de sediar jogos de futebol, como o clássico Ceará x Fortaleza, o estádio é, ainda, palco de diversos shows artísticos, já tendo recebido Paul McCartney, Beyoncé, Elton John, Roberto Carlos, Ivete Sangalo e Villa Mix Festival, além de eventos religiosos de grande vulto. CATEDRAL METROPOLITANA DE FORTALEZA A primeira matriz de Fortaleza (matriz de São José) foi construída em 1729, substituída pela Igreja de Nossa Senhora da Assunção em 1854, sendo considerada catedral em 1861. Depois foi demolida e deu lugar à atual sede, que teve sua pedra fundamental lançada em 1939 e só foi concluída em 1978. 43
Em estilo gótico romano ou gótico moderado, a Catedral Metropolitana de Fortaleza tem capacidade para 5.000 pessoas e torres que chegam a 75 metros de altura, destacando-se seus vitrais. O projeto é de autoria do engenheiro francês George Mounier. Dentro dela, à esquerda da nave central, vemos a Capela de São José, padroeiro do Estado do Ceará e da Catedral de Fortaleza. À direita, vemos a Capela dedicada à Nossa Senhora da Assunção, padroeira de Fortaleza. Como é comum, as grandes catedrais possuem criptas e a da catedral é consagrada à juventude. A Cripta dos adolescentes homenageia, em seis altares, santos que morreram na adolescência: Tarcísio, Domingos Sávio, Pancrácio, Luzia, Inês e Goretti, e permite missas acomodando 350 pessoas sentadas. No altar central da cripta, está a imagem de Jesus adolescente, de braços abertos, expressando o acolhimento a todos os que visitam esta Igreja. Nela, encontramos ainda a capela do Cristo Ressuscitado, onde estão sepultados bispos e padres. CENTRO DAS TAPIOQUEIRAS Localizada na Av. Washington Soares 10125, o Centro das Tapioqueiras reúne várias lanchonetes especializadas em mais de 70 tipos de tapiocas, além de cuscuz e outras comidas nordestinas típicas.
Contemporânea do Ceará, Multigaleria, Teatro Dragão do Mar, Anfiteatro, Espaço Rogaciano Leite Filho e a Arena Dragão do Mar, além de duas salas de Cinema, o Planetário Rubens de Azevedo, auditório e a Praça Verde do Dragão. No seu entorno, em antigos armazéns e casarões restaurados, existem bares, restaurantes, lojas de artesanato, teatros e outros centros de cultura, como a Caixa Cultural e o Sesc Iracema. CENTRO DE TURISMO DO CEARÁ/EMCETUR – rua Senador Pompeu, 350 A antiga cadeia pública de Fortaleza ainda exibe janelas altas com grossas barras de ferro, mas em 1973 suas celas foram transformadas em boxes de venda de artesanato. É possível visitar o Museu de Arte e Cultura Popular, que apresenta carros de boi e jangadas em tamanho natural e o Museu de Minerais. Ao lado, temos o Teatro Carlos Câmara.
CENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURA O Centro Dragão do Mar foi inaugurado em 28 de abril de 1999 e possui cerca de 30 mil metros quadrados. Seus vários espaços de cultura e lazer são interligados por rampas e passarelas, dentre os quais o Museu da Cultura Cearense, o Museu de Arte
CIDADE DA CRIANÇA Oficialmente, esse grande parque tem o nome de Parque da Liberdade e foi criado em 13 de maio em 1890 em referência à abolição da escravatura, mas também já foi chamado de Parque da Independência, quando do Centenário da Independência do Brasil. A estátua de um índio quebrando correntes, em cima de sua entrada principal, representa o Brasil rompendo os grilhões que o prendiam a Portugal.
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A Cidade da Criança tem amplos espaços para atividades culturais e de lazer, contando até mesmo uma pequena ilha no meio de um lago central, com o templo do amor, onde se encontra a estátua do Cupido. Ao lado fica a Praça Sagrado Coração de Jesus, da igreja de mesmo nome. CINE SÃO LUIZ Inaugurado em 26 de março de 1958, mistura elementos de art-déco e neoclássicos. Três lustres de cristal oriundos da antiga Tchecoslováquia iluminam o amplo hall, e uma escadaria revestida em mármore carrara leva ao andar superior. Com 1.050 lugares, o agora Cineteatro São Luiz sedia anualmente o Festival de Cinema e Vídeo do Ceará- Cine Ceará.
2 - A Estátua de Iracema do Mucuripe. A escultura é do artista plástico pernambucano Corbiniando Lins e mostra uma cena do romance onde Iracema está com seu marido, o português Martim Soares Moreno, o filho do casal, Moacir e o cachorro Japi. Foi inaugurada em 1965, no centenário do romance. 3 - Iracema de Descartes Gadelha (2002), localizada em frente ao Rotary Club Fortaleza. 4 - Iracema da Lagoa da Messejana (2004), de Alexandre Rodrigues. 5 - Iracema, de Francisco Zanazanan (2005), no Palácio Iracema (no Centro Administrativo Bárbara de Alencar, no bairro Edson Queiroz).
ESTÁTUAS DE IRACEMA EM FORTALEZA “Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba. Além muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema, a virgem dos lábios de mel”. (Trecho de Iracema, obra de José de Alencar). Temos cinco representações da personagem de José de Alencar: 1 - Estátua de Iracema Guardiã A estátua da Iracema Guardiã é do artista plástico Zenon Barreto e seus desenhos são dos anos 60, mas só foi inaugurada em 1996, na Praia de Iracema. 46
ESTORIL Inicialmente chamada de Vila Morena, essa antiga casa serviu como cassino para as tropas americanas na Segunda Guerra Mundial e já abrigou restaurantes e uma galeria de arte, além de órgãos municipais.
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FÁBRICA FORTALEZA O Grupo M. Dias Branco, que compreende a Fábrica Fortaleza, é o maior fabricante de biscoitos do nordeste e de vários outros produtos, possuindo as marcas Adria, Basilar, Bonsabor, Delicitos, Estrela, Finna. Fortaleza, Isabela, Adorita, Amorela, Puro Sabor, Medalha de Outro, Pellagio, Pilar, Piraquê, Richester, Salsitos, Vitarella e Zabet. A produção mensal é de mais de 50 mil toneladas de biscoitos.
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A Imagem de Nossa Senhora da Assunção, padroeira de Fortaleza.
MARTIM SOARES MORENO é tido por parte da historiografia como o “fundador” do Ceará, sendo homenageado como o “guerreiro branco Martim”, como é descrito no livro Iracema (1865) de José de Alencar. Na ficção romântica, do amor de Martim com Iracema, nasceu Moacir, o primeiro cearense. MERCADO CENTRAL
FEIRINHA DE ARTESANATO Feirinha localizada na Beira-Mar, perto dos hotéis e do Clube Náutico, com inúmeros itens do artesanato cearense, em centenas de boxes. FORTALEZA NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO, antigo Forte Schoonemborch, possui: •
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O local onde, segundo a oralidade popular, ficou presa Bárbara de Alencar (participante da extensão no Ceará da Revolução Pernambucana de 1817, e avó do escritor José de Alencar).
O “Museu” e o Panteão do Brigadeiro Sampaio, local onde repousam os restos mortais do ilustre cearense, Patrono da Infantaria Brasileira. A praça com o monumento em homenagem a Martim Soares Moreno.
O primeiro Mercado Central era de madeira, vendendo carnes, frutas e verduras. Em 1814, as instalações foram demolidas e um novo prédio foi erguido, denominando-se Cozinha do Povo. Em 1931, as instalações foram ocupadas por produtos utilitários e decorativos feitos artesanalmente, sobretudo vestimentas, artigos de cama e mesa, derivados do caju e bebidas e doces típicos. Em 1998, foi inaugurado o novo prédio, onde atualmente funcionam cerca de 600 boxes, distribuídos em 5 pavimentos. Nele são encontrados diversos itens artesanais, como redes, bordados, rendas especiais, roupas de cama e mesa, enxoval para recém-nascidos, camisetas, castanha, licores, doces, rapaduras, bolsas, bijuterias e artesanatos em couro, madeira e palha, artigos para decoração, dentre uma infinidade de lembranças de Fortaleza.
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MERCADO DOS PEIXES Inaugurado na década de 60, o Mercado dos Peixes é situado no final da Avenida Beira-Mar, onde até hoje aportam jangadas e pequenos barcos. Foi revitalizado em 2013 e, ao final da tarde, é possível comprar peixes e frutos do mar frescos por preços bem em conta e pedir para serem fritos ou cozidos na hora. MERCADO DOS PINHÕES Construído em estrutura de ferro fabricada na França e inaugurado em 1897, o Mercado dos Pinhões é localizado entre as ruas Gonçalves Ledo e Nogueira Acioli, funcionando como ponto comercial de artesanato, de alimentos e promoção de cursos, oficinas e apresentações culturais. PALÁCIO DA ABOLIÇÃO é a sede do governo estadual e foi inaugurado em 4 de julho de 1970, com projeto do arquiteto Sérgio Bernardes e jardins de Fernando Chacel. Considerado uma obra de arte da arquitetura moderna, o Palácio não tem muros ao seu redor, mas é protegido por um fosso largo e contínuo que delimita o local. Possui também uma capela em forma de ¼ de pirâmide, com boa parte no subsolo e o Mausoléu que abriga os restos mortais do ex-presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco, morto em acidente de avião em 18 de julho de 1967.
PASSEIO PÚBLICO
O Passeio Público é a mais antiga praça de Fortaleza. O seu nome oficial é Praça dos Mártires, vez que lá foram executados alguns revolucionários da Confederação do Equador em 1825: Azevedo Bolão, Feliciano Carapinima, Francisco Ibiapina, Padre Mororó e Pessoa Anta. Construída em 1890 em estilo neoclássico, foi reformada em 1940 nos moldes do Passeio Público do Rio de Janeiro e tombada como patrimônio público em 1965. Após algumas décadas de abandono, sua revitalização ocorreu na segunda metade da década de 2000, e, desde então, voltou a ser frequentada, permanecendo uma das praças mais belas da cidade, contando com programações culturais aos finais de semana.
PALÁCIO DO PLÁCIDO (ou, para alguns, o Palacete Plácido de Carvalho) Inaugurado em 1921, foi construído para o casal Plácido de Carvalho e Maria Pierina Rossi. Atualmente, existe no local a Praça Luíza Távora, com centro de artesanato.
PRAÇA DO FERREIRA Seu nome é referência ao farmacêutico (boticário) Antônio Ferreira Rodrigues, que ampliou e urbanizou o espaço. A praça sofreu várias reformas ao longo do tempo, tendo possuído, no início do século 20, quatro quiosques denominados Café do Comércio, Café Iracema, Café Elegante e Café Java, sendo este o último o principal ponto de reunião dos intelectuais do movimento literário modernista chamado Padaria Espiritual, que marcou a cidade entre 1892 e 1898 e publicou um jornal chamado O PÃO.
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PALÁCIO DO BISPO E O BOSQUE DOM DELGADO, situados por trás da Catedral, são da metade do século XIX, e guarnecem a atual sede da Prefeitura de Fortaleza, constituindo uma das áreas verdes remanescentes, às margens do riacho Pajeú.
Em 1934 foi inaugurada a Coluna da Hora, com seu relógio de quatro faces e, em 1991, uma nova versão foi erguida, tendo aos seus pés as ruínas de um antigo poço aberto pelos retirantes da seca de 1877 e 1879 e que serviu a cidade até 1920. Em 1949, foi construído o Abrigo Central, onde existiam boxes de vendas de discos, selos, livrarias, tabacarias e cafés, e que também servia de ponto inicial das linhas de ônibus, sendo posteriormente demolido para dar mais espaço à praça. Com sua ampla área de circulação e bancos convidativos, a Praça do Ferreira é considerada o “Coração da Cidade”. PRAÇA DOS LEÕES A praça popularmente conhecida como Praça dos Leões foi construída na mesma época da Igreja Nossa Senhora do Rosário que fica ao lado, em 1739, e seu nome oficial é Praça General Tibúrcio, em homenagem ao cearense herói na Guerra do Paraguai cuja estátua está no centro da praça. Além dela, existem estátuas de 2 leões e 1 tigre, adquiridos da fundição parisiense Val d’Osne. A primeira fica no topo da escadaria e representa um leão sendo atacado por uma serpente. A segunda é de um leão de pé rugindo e a terceira é de um tigre de pé mostrando os dentes. Existe ainda outra estátua francesa nos jardins da Praça, chamada “Enfant au dauphin” (Criança com golfinho), e representa uma criança tocando uma trompa, sentada sobre um peixe. A escritora cearense Rachel de Queiroz, primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras, pode ser encontrada em forma de estátua, sentada em um banco da praça. Ao lado, ficam o Museu do Ceará e a Academia Cearense de Letras (Palácio da Luz), com sua biblioteca Justiniano de Serpa. Outra importante instituição de estudos de caráter científico sobre diversos temas é o Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), que foi fundado em 1887 e mantém uma ampla biblioteca, além de coleção de jornais 52
e revistas (hemeroteca) do século XIX e XX, mapas, imagens, fotografias e o Museu do Barão de Studart, bem como auditórios à disposição do público, contando com a centenária publicação da Revista do Instituto do Ceará. PONTE METÁLICA
A Ponte dos Ingleses, renomeada pelos cearenses como Ponte Metálica, está localizada na Praia de Iracema e é de 1921, tendo sido recuperada em 1994, contando atualmente com uma Torre de Observação de Cetáceos.
PRAIA DO FUTURO A 15 minutos dos hotéis da Beira-Mar, a Praia do Futuro é a mais frequentada da capital cearense por turistas, banhistas e esportistas. Suas barracas possuem estruturas de restaurantes e algumas contam com piscinas com toboáguas e playground, além de espaços para shows de bandas de forró, jazz, blues, MPB e shows de humor, sem falar que toda quinta-feira à noite acontece a tradicional caranguejada (vários tipos de comida preparadas com caranguejo). PARQUE DO COCÓ O Parque Estadual do Cocó é o maior parque natural em área urbana do Norte/Nordeste e o 4º da América Latina, sendo considerado Área de Preservação Permanente – APP. 53
Constituído por extenso manguezal, matas ciliares, dunas, campos salinos, densa vegetação típica das comunidades ribeirinhas aluviais e lacustres, é verdadeiro refúgio para a fauna ao abrigar diversas espécies, com destaque para os cavalos marinhos e o guaiamum, além de 130 espécies de aves, inclusive 5 espécies de pica-pau, raposas, guaxinins, cassacos e saguis, sendo também área de descanso para aves migratórias. TEATRO JOSÉ DE ALENCAR fica localizado na praça de mesmo nome e foi inaugurado em 17 de junho de 1910. O teatro mescla as linhas neoclássicas e art nouveau, contando com pinturas decorativas, inclusive no teto, e com cadeiras de palhinha, réplicas das originais. O pátio interno fica entre o “foyer” e a sala de espetáculos e dali pode-se ver a rica fachada dessa sala, com sua estrutura metálica e seus vitrais coloridos. Na lateral leste, fica o jardim, projetado pelo paisagista Burle Marx, com plantas brasileiras como o pau-brasil e oitis, além de algumas espécies nativas do Ceará como os jucás e macaúbas. No prédio anexo ao teatro, funciona Centro de Artes Cênicas Padaria Espiritual (Anexo CENA), com diversos espaços culturais como salas de teatro, canto, dança e música, galeria, sala de figurino, biblioteca, oficinas de cenografia e iluminação, Praça Mestre Pedro Boca Rica com seu palco ao ar livre e a cantina.
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NOMES DA CAPITAL CEARENSE Vila da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção (1726) Cidade de Fortaleza de Nova Bragança (1823). Cidade de Fortaleza do Ceará, Cidade de Fortaleza e finalmente, Fortaleza. Aniversário de Fortaleza: 13 de abril (Lei nº 7535, de 16 de junho de 1994)
BANDEIRA DE FORTALEZA
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HINO DE FORTALEZA Música de Antônio Gondim /Letra de Gustavo Barroso Junto à sombra dos muros do forte A pequena semente nasceu Em redor, para a glória do Norte A cidade sorrindo cresceu No esplendor da manhã cristalina Tens as bênçãos dos céus que são teus E das ondas que o Sol ilumina As jangadas te dizem adeus Fortaleza! Fortaleza! Irmã do Sol e do mar Fortaleza! Fortaleza! Sempre havemos de te amar O emplumado e virente coqueiro Da alva luz do luar colhe a flor A Iracema lembrando o guerreiro De sua alma de virgem senhor Canta o mar nas areias ardentes Dos teus bravos eternas canções Jangadeiros, caboclos valentes Dos escravos partindo os grilhões Fortaleza! Fortaleza! Irmã do Sol e do mar Fortaleza! Fortaleza! Sempre havemos de te amar 56
Ao calor do teu Sol ofuscante Os meninos se tornam viris A velhice se mostra pujante As mulheres formosas, gentis Nesta terra de luz e de vida De estiagem por vezes hostil Pela Mãe de Jesus protegida Fortaleza, és a flor do Brasil Fortaleza! Fortaleza! Irmã do Sol e do mar Fortaleza! Fortaleza! Sempre havemos de te amar Onde quer que teus filhos estejam Na pobreza ou riqueza sem par Com amor e saudade desejam Ao teu seio o mais breve voltar Porque o verde do mar que retrata O teu clima de eterno verão E o luar nas areias de prata Não se apagam no seu coração Fortaleza! Fortaleza! Irmã do Sol e do mar Fortaleza! Fortaleza! Sempre havemos de te amar 57
Referências FONTENELLE, Diogo. Fortaleza, sonho e certeza. Fortaleza: Edições Fundação Cultural de Fortaleza, 1996. JÚNIOR, Eurípedes Chaves, LIMA, Carlos, GIRÃO, Valdelice Carneiro. Cidade de Mathias Beck – aspectos de Fortaleza de sempre. Fortaleza: Secretaria da Cultura e Desporto, 1991. LOPES, Marciano. Fortaleza antiga - praças, ruas, esquinas. Fortaleza: ABC, 1998.
Sites Prefeitura Municipal de Fortaleza- www.fortaleza.ce.gov.br Canal Cultura. www.cultura.fortaleza.ce.gov.br Grupo M. Dias Branco- www.mdiasbranco.com.br Beach Park- www.beachpark.com.br
MONTENEGRO, Tércia. Dicionário Amoroso de Fortaleza. Anajé: Casarão do Verbo, 2014.
A História do Palacete do Plácido - Por Bérgson Frota / Fortaleza Primeira https://www.centrodefortaleza.com.br/Paginas/pracas/pracas. php?Nome=Praca+do+FerreiraColuna
MOTA, Almir, RODRIGUES, Silas. O Bode Ioiô. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2000.
h t t p s : / / w w w . c e n t r o d e f o r t a l e z a . c o m . b r / Pa g i n a s / p r a c a s / p r a c a s . php?Nome=Praca+do+Ferreira
MOTA, Fernanda. Guia Cultural – Quatro Vezes Fortaleza. Fortaleza; Edições Demócrito Rocha, 2000.
http://www.fortalezanobre.com.br/
OLIVEIRA, Caterina Maria de Saboya. Fortaleza - seis romances, seis visões. Fortaleza: Edições UFC, 2000. SARMIENTO, Lídia, FILHO, José Campelo. Fortaleza - Centro antigo - Praças, Parques e Monumentos. Fortaleza: Prefeitura Municipal de Fortaleza/ Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza, 2000.
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https://fortalezaantiga.blogspot.com/ http://www.10rm.eb.mil.br/ https://www.encontrafortaleza.com/sobre/passeio-publico-fortaleza/ https://www.arquidiocesedefortaleza.org.br/regioes/regiao-metropolitanasao-jose/paroquias-da-regiao-sao-jose/paroquia-sao-jose-catedralmetropolitana-de-fortaleza/
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Fortaleza nasce e vive por entre suas praias, parques, dunas e manguezais. Apresenta-se em suas praças, monumentos, cultura e história. Sorri com sua culinária, artesanato e criatividade. Abraça com seu bom humor, amizade fácil e hospitalidade. Conversa com o sonho, a arte e a irreverência. E encanta a todos com a valentia do sertanejo, a coragem do jangadeiro e o carinho de um povo orgulhoso de ser nordestino. 60
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DANILO FONTENELLE SAMPAIO É cearense, professor e gosta de escrever umas coisinhas de vez em quando. @danilofontenelleprof
RAFAEL LIMAVERDE Nascido em Belém/PA, naturalizado cearense, formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), é xilogravurista, pesquisador, curador e ilustrador. Possui mais de 40 livros ilustrados em diversas editoras do país. É um dos organizadores do “Festival de Ilustração de Fortaleza”, evento realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará. Quem quiser conhecer um pouco mais do seu trabalho é só ir no www.facebook.com/ilustrasrafael. 62
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