Crise? Não para eles

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Crise? Não para eles

Descubra como serviços antigos em uma nova roupagem fazem o mercado de startups decolar

T

rês palavras em uma mesma ordem nunca foram usadas com tanta frequência. Há quem diga que o termo “apesar da crise” é o novo “não vai ter copa”. Teve Copa, mas acabou. E há crise, mesmo longe de acabar.

Universidade Nove de Julho Curso: Jornalismo | 6º Semestre | Matutino Disciplina: Práticas de Revista Professora: Adriana Alves

Mas, assim como a Copa do Mundo não desagradou a todos, pois setores da economia contabilizaram lucros no períoso, a crise também não chega a ser um problema para muitas empresas.

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Alunas: Bianca Godoy - RA 913118073 Mariana Manetta - RA 913126963 Maristelly de Vasconcelos - RA 913107766 Soraia Rodrigues - RA 913113599


Revista #PequenosGrupos&GrandesTrabalhos

Economia Foto: Equipe Mandaê

Empresas crescem e têm destaque dentro de uma outra frase que se tornou usual, porém composta por quatro palavras: “em meio à crise”. Sempre haverá espaço para àquelas que se reinventam. Uma das provas da reinvenção de um serviço antigo, porém longe de se aposentar, é a Mandaê. Onde está a novidade? Eles fazem as postagens nos Correios no lugar dos clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. A Mandaê surgiu de uma iniciativa tão simples que você chega a se perguntar: como ninguém pensou nisso antes? Karim Hardane e Marcelo Fujimoto, seus idealizadores, viram a lâmpada se acender sobre suas cabeças depois de perceberem a dificuldade de cuidar da logística do e-commerce que eles tinham. E a ideia deu tão certo que hoje eles não têm mais a loja virtual, mas tocam o que se tornou uma mão na roda dos clientes que precisam enviar seus produtos. A frase que conduz a Mandaê, segundo Fujimoto, é: “A ideia não vale nada, a execução é tudo.”

Karim Herdane e Marcelo Fujimoto - Fundadores da Mandaê. Apesar de muito jovens, são empreendedores experientes tanto no Brasil quanto no exterior. Tiveram, em meio à necessidade de uma logística eficaz, uma grande sacada.

Marcelo pontua também que, como o volume de encomendas é grande, eles conseguem reduzir os custos necessários para levar os pacotes até as transportadoras, pois o serviço tem crescido tanto que já foi firmada parceria com outras empresas do ramo, além dos Correios. “É muito mais eficiente do que todo mundo ter que levar suas encomendas separadamente. Este conceito de economia e eficiência se aplica às embalagens e às caixas: é muito mais dinâmico e barato quando é a Mandaê adquirindo estes materiais do que todo mundo comprando suas próprias caixas separadamente”, diz.

Segundo a ABComm - Associação Brasileira de Comércio Eletrônico - o setor está ganhando fôlego frente às alternativas físicas de comércio. Em 2014, a estimativa é que o segmento tenha movimentado cerca de R$ 39,5 bilhões, um crescimento de 27% em relação ao ano anterior. E, se tantas vendas são feitas, as entregas precisam ser realizadas. E é aí que a Mandaê entra. Seus clientes não precisam investir em embalagem para seus produtos, sejam eles frágeis ou não. Basta solicitar uma retirada pelo site da empresa, escolher o veículo para a coleta dos produtos – moto para pequenas remessas ou carro no modelo pick-up para remessas maiores – e esperar pela cobrança que não será nada além do que os Correios cobrariam normalmente.

“A ideia não vale nada, a execução é tudo.” Marcelo Fujimoto - Fundador da Mandaê

Praticidade

Foto: Bianca Godoy

Galpão da Mandaê - Inicialmente, a empresa funcionava em uma pequena casa na região da Faria Lima. Hoje, está instalada em um galpão de mais de 1.500m² na Vila Leopoldina

E, como não poderia ser diferente, o serviço faz a alegria e garante tranquilidade para os clientes. “A Mandaê cobriu uma necessidade comum de quem pretende comercializar seus produtos online. A logística é um dos grandes desafios de qualquer um que quer vender algo pela internet.”, declarou Bruno Neves, sócio da Purple Yellow, uma loja virtual que vende camisetas. Cláudio da Silva, que também dirige uma loja de camisetas, a Camisetas Rápido, diz que a Mandaê se tornou uma parceira sem a qual não consegue se imaginar. A economia com embalagem já está planilhada e, assim, pode-se negociar valores mais em conta com o cliente. “Personalizar embalagens que leva a nossa marca e esteja dentro das especificações pedidas pelos Correios ainda é algo longe da nossa realidade e adquirir as caixas 02


Revista #PequenosGrupos&GrandesTrabalhos padronizadas dos Correios aumentava o custo do produto final. Com a Mandaê, entregamos as camisetas acondicionadas apenas em saquinhos plásticos e eles fazem o resto.”, pontua Cláudio. O cliente recebe a encomenda de acordo com modalidade do frete que pagou na hora da compra, seja Sedex ou PAC. As camisetas são entregues pelo carteiro e, dentro da embalagem, levam o cartão de visita da empresa fornecedora, além de um cartão super carinhoso que a Mandaê inclui nas postagens. Mas, como nem só por Correios são feitas as entregas de produtos, Cláudio utiliza outra forma de envio que já faz parte da paisagem das cidades de todos os portes: a de entregas via motoboy. E uma das empresas que têm se destacado no oferecimento deste serviço é a Loggi. A Loggi, assim como a Mandaê, é uma Startup (leia mais sobre o assunto no box da página 4). Em operação há menos de dois anos, a Loggi, fundada pelo trio Fabien Mendez, Arthur Debert e Eduardo Wexler, atua com uma rede de mais de mil motoboys habilitados. Os números mensais dão conta de mais de 150 mil entregas na grande São Paulo. Mas, por quê a empresa configura uma novidade? Porque ela celebrou um casamento que tem tudo para ser eterno, o do serviço de motofrete com a tecnologia.

Economia

"Com a Loggi, o mensageiro consegue reter uma margem aproximada a 80%..”

Fabien Mendez - CEO da Loggi

O sistema da Loggi é similar ao dos já consolidados aplicativos de taxis. O cliente, previamente cadastrado, informa os endereços de coleta e de entrega e acompanha o deslocamento do mensageiro em tempo real, tanto via site como pelo aplicativo que pode ser baixado gratuitamente. E, assim como na Mandaê, o pagamento pode ser feito por cartão de crédito – todos os clientes – ou boleto, no caso do cliente ser pessoa jurídica. E não é só pela tecnologia que a Loggi inova. Ela ajuda a mudar um cenário que era comum até pouco tempo atrás. Os motoboys e as motogirls que perderam seus empregos onde eram contratados como funcionários formais viraram empreendedores. Assim como os mensageiros que fazem coletas e entregas sobre bicicletas, outra inovação. O preço da corrida parte do mínimo de R$ 22,90 e é calculado de acordo com a distância. "Com a Loggi, o mensageiro consegue reter uma margem aproximada a 80% do valor da corrida”, explica Mendez.

A origem dos Motoboys no Brasil

Foto: Divulgação

A profissão surgiu em São Paulo pela vinda de um argentino que trouxe a ideia no começo da década de 80. A palavra motoboy não pertence à língua inglesa. Foi criada no Brasil a partir do prefixo moto (redução de motocicleta) e boy (garoto em inglês). A história dos motoboys teve início com a entrada do automóvel no país. Em 1960, o número de habitantes que se deslocavam de automóvel em São Paulo era de 150 mil, passando para 1 milhão em 1976, e para 3,4 milhões em 1991. Em meio ao trânsito caótico, surgiu então o serviço de motoboy. Essa nova utilização do espaço das ruas e avenidas não aconteceu exclusivamente pela vontade dos motociclistas de tornarem suas motos seus instrumentos de trabalho. São Paulo precisava de agilidade. Os motoboys surgiram principalmente para permitir o fluxo. As ruas sempre foram um ambiente de trabalho de transporte para motoristas de caminhões, ônibus, táxis, entre outros. E, por último, ganhou o motoboy, um especialista em aumentar o ritmo da cidade. Com eles, as ruas ganharam uma nova configuração, pois, no exercício de suas funções, se apropriam de um espaço anteriormente usado por motoqueiros a passeio para se livrar dos congestionamentos e o transformam em seu lugar de trabalho. Atribuem ao corredor uma nova utilização, dando velocidade e aumentando o número de veículos neste modal. Diante da necessidade do fluxo de mercadorias na cidade, em um momento em que o transporte rodoviário está sufocado, o motoboy permite, de maneira criativa e especializada o uso das mesmas ruas de uma nova forma. Os motoboys foram e continuam sendo fundamentais para que São Paulo não freasse seu desenvolvimento. Mensageiro da Loggi. Resposáveis por mais de 150 mil Fonte: Bloggi entregas mensais na grande São Paulo, o número de cadastrados na empresa já ultrapassa a marca de mil motoboys e motogirls.

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Revista #PequenosGrupos&GrandesTrabalhos Todos os mais de mil mensageiros cadastrados são os próprios patrões, emitem notas fiscais e recolhem impostos. Estes mesmos cadastrados, por serem independentes, assinam contratos com outras empresas que trabalham de forma parecida, ou seja, aumenta-se o número de serviços prestados e também o faturamento individual e das empresas. Enquanto os motoboys ganham mais do que o que ganhavam quando eram funcionários, os clientes ganham em agilidade. “Antes da Loggi, tínhamos somente motoboys próprios. Agora criamos a opção de entrega expressa em nosso site, realizadas em duas horas em média, deixando nossos clientes mais satisfeitos e estreitando o relacionamento.”, declarou Júlia Sanches, Sócia do Found It, loja virtual de presentes de última hora, outro novo setor que não conhece a crise! O nascimento de uma startup se dá através de aportes financeiros, ou seja, investimentos realizados por empresas que estão acostumadas a comprar novas ideias e a correr os riscos deste mercado. A Mandaê e a Loggi, por exemplo, contaram com investimentos iniciais de R$ 5 e R$ 2,6 milhões de reais respectivamente. Os grupos que acreditaram nas ideias destas duas startups foram Dragoneer Investment Group, Monashees Capital e Qualcomm Ventures e Valor Capital.

das pessoas e empresas. Com a gama de exigências de hoje em dia, com tendência de aumentar no futuro, sem dúvida, quem tiver ideias novas e conseguir concretizá-las vai ganhar de quem ficar esperando.

Startup O que é? É uma empresa que apresenta um modelo de negócios inovador. Tal modelo pode ser inovador pelo público atingido, pela tecnologia utilizada, pelo potencial inexplorado.

Uma microempresa é uma startup? Nem toda microempresa é uma startup, mas, normalmente, toda startup ao menos começa como uma microempresa. Se é uma microempresa comum como padaria, drogaria, indústria - que não inova não pode ser considerada uma startup.

Como saber se minha ideia é boa o suficiente para transformar em uma startup? Penso que a pergunta fundamental é se já há alguém prestando aquele serviço, ou vendendo aquele produto, para o público que quero atingir e de que maneira quero fazê-lo. Se a minha ideia melhora esse atendimento, torna-o economicamente mais eficiente ou apresenta atrativos sociais ou psicológicos não contemplados nos atuais fornecedores, pode ser um sinal de que minha ideia é apropriada para uma startup. Além disso, é preciso pensar em escala, como o mercado absorveria isso para grandes públicos, outras áreas e se poderia ser mantida a qualidade do fornecimento do produto ou do serviço, sem depender exclusivamente da minha atuação pessoal. Pedro Afonso Gomes Presidente do SINDECONSP

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Foto: Acervo Pessoal

Porém, nem toda startup atinge o sucesso. Um estudo feito pela CB Insights com 101 empresas listou as principais razões pelas quais as ideias não dão certo, mesmo configurando uma inovação. 42% apresenta algo que o mercado não necessita; 29% não tinha capital de giro; 23% não montou uma equipe qualificada; 19% não sobreviveu à concorrência e 18% não conseguiu chegar ao valor correto para o produto que criou. Esse modelo de empresa veio para ficar? Segundo Pedro Afonso Gomes, Presidente do SINDECONSP - Sindicato dos Economistas de São Paulo – pode-se, ao longo do tempo, o formato ou o nome ser modificado, porém o conceito sempre existiu e sempre existirá. Quem investiu em ferrovias, nos EUA do século XIX, parecia louco e logo amargou prejuízos, mas, fazendo alianças, começou a viabilizar os negócios. Essa era uma startup da época, embora exigindo capital elevado. O futuro é de quem satisfizer as necessidades

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