Expediente Volume I, Número 4, 10 de Junho de 2018 Periodicidade da publicação: trimestral Idioma: Português (Brasil) Editor-chefe: Maroel Bispo Conselho Editorial: Maroel Bispo, Adauto Borges e Josman Lima Editor-Correspondente: André Flores (Rio Grande do Sul), Elísio Mattos (Rio de Janeiro, Octaviano Joba (Moçambique) e Graça Foles (Portugal) Colunistas: Cathy Arouca e Valéria Pisauro Site: http://revistainversos.blogspot.com/ Facebook: https://www.facebook.com/Revista-Literária-Inversos Contato: e-mail:revistainversos@gmail.com Revisão: Os próprios autores efetuaram a revisão. Diagramação: Maroel Bispo Autor Corporativo: Maroel Bispo - Divisão Cultural da Associação Batista de Ação Social, situada à Rua “A”, nº 5, Conjunto Feira VI, bairro Campo Limpo, CEP 44034-205, Feira de Santana-BA. Distribuição: Via online e no formato PDF, gratuitamente, no site da revista, ou através da plataforma Issuu. A reprodução dos textos é permitida, desde que sejam atribuídos os créditos aos respectivos autores, e que seja citada a fonte. As imagens foram retiradas de meios eletrônicos e não serão citadas as fontes. Essa revista não tem fins lucrativos.
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Editorial
Olá queridos e queridas! É com imensa alegria que lançamos a 4ª edição da Revista Literária Inversos – ISSN 2527-1857. Temos a honra de ter em nossas páginas, na seção Entrevista com Personalidade Literária, o poeta Nélio Gemusse, um grande escritor moçambicano, nascido na cidade de Maputo. Descobriu a sua paixão pelas letras muito cedo, aos 15 anos de idade. Ainda no ensino secundário geral, já se destacava entre os colegas pela sua forma extremamente incrível de escrever poesias e desde essa época nunca mais parou de escrever. Também somos presenteados com belos poemas dos nossos editores correspondentes, Graça Foles, de Portugal, e André Flores, da cidade de Portão, Rio Grande do Sul. Por fim, estamos felizes pelo lançamento da Antologia Crianças Africanas/2018, com inscritos de várias partes do Brasil, além de países como Portugal e Moçambique, sendo selecionados 10 (dez) poetas pelo Conselho Editorial, dentre os quais obtiveram, respectivamente, os 1º, 2º e 3º lugar os textos de Lorna Telma António Zita, de Maputo, quais obtiveram o 1º, 2º e 3º lugar, respectivamente. Além deles, ilustram nossas páginas com poemas lindos, mais 07 (sete) escritores selecionados como Menção Honrosa. Parabenizamos os selecionados e também a todos vocês que enviaram suas obras literárias. Boa leitura e viva a poesia!
Feira de Santana-BA, 10 de junho 2018.
Maroel Bispo Editor-chefe da Revista Literária Inversos
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Sumário Expediente
Maroel Bispo
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Editorial
Maroel Bispo
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Entrevista com Personalidade Literária
Nélio Gemusse
6
Editor Correspondente (Portugal)
Graça Foles
11
Editor Correspondente (Rio G.do Sul)
André Flores
13
Luz africana
Lorna Telma António Zita (Maputo, Moçambique)
17
O erê que eu já não sou
Álisson Bonsuet de Oliveira Mariano (Salvador)
18
Invisíveis
Sérgio Ricardo de Carvalho (São Paulo)
19
A solidão de uma criança
Leticya Nunes dos Santos (Vila Velha-ES)
21
Baile de crianças
Gabriel Sales (Itabuna-BA)
22
Diamante negro
Mickael Langstton Costa Alves (Rondonopólis-MT)
23
Ave África
Marina Barreiros Mota (Palmas-TO)
24
Pés pequenos de preto
Luciana Merley Belmiro de Assis Borborema (Boca Raton, Flórida, EUA)
27
Diferente?
Cynthia Arnt Pinheiro Guimarães (Brasília-DF)
28
Minha criança
Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha (Juazeiro do Norte-CE)
29
Mãe África
Juliana Karol de Oliveira Falcão (Campina GrandePB)
31
Pelas crianças africanas
Carlos Jorge Gomes Azevedo (Santa Marinha do
33
Zêzere, Portugal) Suspiro da pequena negritude
Jean Diaz (Feira de Santana-BA)
Crianças africanas
Vanildo
Muzime,
Distrito
de Gaza,
36
Manjacaze,
37
Moçambique Borboletas Africanas
Rita de Cássia Zuim Lavoyer (Araçatuba-SP)
39
Culto ao ódio
Lucas Luiz da Silva (Guararema-SP)
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África, o mundo que Deus não pensou...
Almir Floriano (São Paulo-SP)
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1. Em suas palavras, quem é Nélio Gemusse? Quando você começou a se aventurar pelo mundo da literatura? R: Nélio Gemusse é um jovem sonhador moçambicano. Licenciado em ciências policiais pela ACIPOL, se apaixonou pela escrita muito cedo, tendo escrito os seus primeiros poemas aos 15 anos de idade, a sua aventura na escrita é provavelmente, fruto do seu gosto pela leitura, que sempre esteve presente na sua veia desde criança. De tanto ler, acabei por escrever! 2. Que gêneros você gosta de ler? Poesia, contos, crônicas, romance? R: Eu leio de tudo, mas tenho que admitir que um bom romance prende mais a minha atenção. 3. Quais escritores consagrados você admira? R. Admiro muito, o Mia Couto, Pablo Neruda, Calane da Silva, Paulo Coelho, Gabriela Mistral, Pepetela, José Saramago, PhilipRoth, Paulina Chiziane e José Craveirinha. 4. Cite um escritor de sua cidade ou região que admira e o nome de seu texto ou livro. R. José Craveirinha – Poemas da prisão. 5. Você costuma participar de concursos de poesias? O que acha deles? R. Não participo de concursos de poesias, porque tenho duas ideias divididas em relação a isso, primeiro acho que é bom que existam esses concursos para a descoberta de talentos, o incentivo a leitura e escrita, etc. Mas do outro lado acho muito injusto julgar criações artísticas, seja ela qual for, porque no meu ponto de vista, não existem regras para julgar um poeta ou de considerar um poema melhor que o outro, para além de desvalorizar o trabalho do poeta, que escreveu com tanto amor, isso pode desmotivar o poeta. Muitos poetas ainda na fase inicial da sua carreira literária decidiram abandonar as letras, alguém sabe porquê? Talvez seja por causa de um concurso em que o poeta não viu os seus poemas valorizados e ficou a pensar (Talvez eu não tenha sido feito para isso, deixa-me fazer outra coisa). E quem sabe, talvez seria um grande poeta.Não sou contra e nem a favor. 6. Você é membro de alguma Academia de Letras? Ou de algum grupo literário? R. Sou membro da Valério Agência da qual sou CEO. 7. Tem idéia de quantas obras ou textos literários já escreveu? R. Escrevo sempre, toda hora, todos os dias. Nunca parei para contar quantos textos tenho na gaveta, mas obras já organizadas tenho três. 8. Você possui algum lugar onde publica seus textos virtualmente? Qual? R. Sim. Publico na minha página oficial no facebook que é:Nélio Gemusse e no meu canal no Youtube que é também Nélio Gemusse.
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9. Há alguém da sua família ou outra pessoa que, atualmente, incentiva você, na caminhada literária? R. Os meus Pais incentivam muito, não só, os amigos que também são a minha família incentivam muito para que eu nunca pare de trilhar a estrada da literatura. Não existe alguém em especial, porque todos apoiam. 10. Que temas prefere escrever? Cite 3 textos seus que mais gostou de escrever. Eu escrevo muito sobre a sociedade, o que se vive nos dias de hoje e sobre amor. É complicado citar aqui 03 textos que mais gostei de escrever, isto seria como fazer um pai escolher o filho que mais ama, seria extremamente difícil. Mas vou arriscar, tenho por exemplo: Sou o Bairro, Menino de Rua e Amor à queima-roupa. 11. Aprecia outros tipos de arte? Você freqüenta museus, teatros, apresentações musicais, salões de pintura? R. A arte mexe comigo, independentemente do género, sou viciado em música, gosto muito de ir ao teatro, de ir a exposições, de visitar museus e de ver filmes. 12. Que acha da situação da Literatura em sua cidade e país? R. A situação da literatura no meu país é boa, porque temos bons escritores e há sempre actividades literárias em andamento e tem tido uma boa aderência. Mas o que ainda me entristece é o facto de as editoras não apostarem muito em autores novos, e a consequência disso é a existência de autores com muita boa qualidade mas sem nenhum livro publicado. 13. Você acha que o moçambicano costuma ler? R. Julgando pela aderência nos lançamentos de livros, número de livrarias, feiras ou outras actividades literárias, arrisco em dizer que sim. Talvez ainda não se tenha atingido o nível desejado, mas existem muitos moçambicanos que lê e gostam de ler. 14. Já tem livros-solo publicados? Consegue vendê-los com certa facilidade? R. Tenho uma obra no mercado, intitulada (VALÉRIO, chiado editora 2015). Apesar de ser a minha obra de estréia, conseguiu atingir bons resultados em termos de vendas e até hoje vende. Os livros são produtos e os leitores são consumidores, não basta simplesmente colocar o livro no mercado, deve existir uma boa estratégia de marketing por de trás, porque editar um livro tem um custo elevado e o autor precisa do retorno do dinheiro investido, para além do mais, se escrevemos e publicamos é porque queremos que a obra seja consumida, então o facto de estar nas prateleiras das livrarias não deve ser o limite do autor, faça com que as pessoas que entram na livrariam saiam com a sua obra na mão. 15. Já teve seus textos publicados em jornais ou revistas de literatura? Quais? R. Sim, tenho alguns poemas da minha autoria na revista Philos.
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16. Qual sua opinião sobre a Revista Literária Inversos? R. Acho que é uma iniciativa maravilhosa, porque são os intercâmbios culturais que alimentam as artes, para além de dar a oportunidade conhecer outras pessoas, outras formas de escrita, a Revista Literária Inversos tem uma grande particularidade que é de não olhar os autores pela raça, pela idade ou sua região. Não só, a Revista Literária Inversos tem uma qualidade fenomenal, o que prova claramente que os que trabalham nela são autênticos profissionais. 17. Já organizou ou participou de alguma Antologia impressa? Qual? Sim. Eu participo da Antologia de poesia contemporânea – Entre o sono e o sonho Volumes 5 e 6; Antologia comemorativa do 4 encontro de poetas da língua portuguesa – Todos os tons da poesia; Antologia em Homenagem ao cineasta Manoel de Oliveira; Antologia do Mosto à palavra; Antologia de poesia moçambicana – Poemas +258 Vol. 1 – da qual sou o organizador – que será lançada agora em Novembro ou Dezembro. 18. O que você acha dos altos custos para um escritor publicar um livro? R. Acho um absurdo, porque mostra claramente que as editoras vêem isto como um negócio e acabam se esquecendo da qualidade, estamos em uma era em que só publica quem pode, e o resultado disso em que muitos livros não tem qualidade mas estão por ai a lotar as livrarias. É provável que as editoras gastem muito com a produção de um livro, e queiram a sua recompensa, não nego isso. Mas já está na altura das editoras se preocuparem um pouco mais com a qualidade do material que recebem, depois de uma boa análise, caso o original tenha potencial, que criem mecanismos da sua edição e publicação mesmo que o autor não tenha condições, o que é bom sempre vende, assim a literatura viverá para sempre. Desde já agradecemos pelo carinho e atenção para com a Revista Literária Inversos e receba um afetuoso abraço de todos nós, do Conselho Editorial. Parabéns Nélio, pelo seu amor à Literatura e pelo belo trabalho que desenvolve em Moçambique. R. Obrigado pela entrevista!
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Criança no mundo Graça Foles Amiguinho (Portugal) Tens na alma a certeza De ao mundo pertenceres, És a força da natureza Para um mundo melhor fazeres. Não esmoreças, És criança, e isso basta,
Não te entristeças,
Para que em ti haja luz e graça
Porque todos os dias O sol vai nascer
Onde quer que nasças. E o teu caminho iluminar, És o botão promissor, Para que as injustiças És o perfume de flor, Sejam desfeitas, És a pureza do amor, E para ti haja sempre, És a esperança do amanhã,
Na terra, um lugar!
Sem que importe Qual a tua raça ou cor. Trazes dentro de ti A força de viver, Encerras em teu coração O imperativo de ser O que quiseres, Sem fronteiras nem muros, Que te separem do futuro.
Sou professora reformada. Só os 59 anos, após um acidente em que fraturei os dois pulsos , senti em mim um impulso maior que o meu pensamento para escrever poesia. Desde o momento em que recomecei a escrever se iniciou um novo ciclo na minha vida. No ano seguinte editei o livro «O Meu Sentir» e a minha maior distração é escrever, escrever como um rio que corre para o mar sem nunca se cansar. Comecei a escrever no Facebook há seis anos e tenho sido sempre incentivada a fazê-lo pelos leitores que tenho alcançado. Há um ano criei no Google, o site «Alentejaninhasite poesia e prosa de Graça Amiguinho» onde tenho publicados mais de 400 poemas.
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Filhos do Mundo André Flores – Portão (RS) A África é o berço do mundo Mãe eterna e divina Lá a vida dar-se-á Através da sua história. O mundo foi ingrato contigo Não soube valorizar Deixando de lado As suas raízes. Seus filhos foram negociados Tratados como mercadorias Sendo desrespeitados. Não bastasse o apartheid A prisão injusta de um mito Mesmo tendo conquistado o poder O mundo continua virando as costas. Hoje enxergamos as crianças Africanas Sendo abandonadas Maltratadas pela sociedade. Precisamos olhar com carinho Com respeito e amor Para estas crianças tão desprotegidas.
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Vamos cuidar das crianças Africanas Vamos dar as mãos Levando-as para o futuro E fazermos um esforço mútuo Na busca de uma vida feliz Salve as crianças Africanas. André da Silva Flores ou André Flores (Aprendiz de Poeta), 43 anos, natural de Novo Hamburgo – RS, residente da Cidade de Portão – RS. Casado com Cristiane Kochenborger, tem uma filha que se chama Letícia Kochenborger Flores. Filho de Antônio da Silva Flores e Teresinha Beatriz Flores. Criado na cidade de São Sebastião do Caí, aonde muito do material de inspiração para seus poemas, vem de experiências e vivências nesta linda, amada, pacata, simpática e acolhedora cidade. Formado em setembro de 2010 em Administração de Empresas pela UCS Universidade de Caxias do Sul, (Vale do Caí), Pós Graduando em Especialização em Educação a Distância pela UNOPAR. Trabalha no Setor de Faturamento do Hospital Nossa Senhora das Graças em Canoas – RS. Premiado em concurso realizado pela Academia de Letras e Artes de Porto Alegre e Expresso das Letras, em Agosto em 2011. Premiado em Concursos realizados no estado do Rio de Janeiro (Oliveira Caruso) em: 2013, 2014, 2015 e 2016 assim como nos concursos Artífices da Poesia, da Editora A.R Publisher em 2016, Ancguedes 2016, Mérito Cultural da FECI, (Fundação Educacional do Sport Club Internacional), em 2016, 2017, Prêmio ABAS em Feira de Santana–BA (Março/2017) entre outros. Atua ativamente em blogs e jornais literários (Cabeça Ativa – RJ, Poemas do Brasil - SE e Recanto das Letras - SP). Participou de 12 antologias no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Sergipe, 10 e-books, onde em três oportunidades escreveu o prefácio. Atualmente escreve para as revista literária de Portugal (PORTAL CEN), como também para a (Logus da Fênix). È correspondente do Estado do Rio Grande do Sul da revista e grupo literária eletrônica Poemas do Brasil, Editor Correspondente da Revista Literária Inversos, em Feira de Santana - BA. Participação em antologias no estado de Sergipe (Poemas do Brasil), onde será lançado dia 15/04/2017, lançou o seu livro Aprendiz de Poeta, Simplesmente uma História em Maio de 2017, Membro da ALB-MS (Academia de Letras do Brasil – Seccional Mato Grosso Do Sul) Cadeira 49, Membro da CAPOLAT (Casa do Poeta Latino-americano – RS) e Membro da Sociedade Partenon Literário de Porto Alegre.
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1º Lugar - Luz africana Lorna Telma António Zita (Maputo, Moçambique)
Sorris, com a maior naturalidade do mundo, Iluminas a África com esse seu olhar sereno, Na pobre inocência não te dás conta, Que os que deveriam amparar-te pouco fazem por ti.
E tão pouco preservam os seus direitos. Negam-te a educação e assistência,
Lorna Telma António Zita. Nome literário: Lorna Poetisa. Nasceu em Xai-Xai aos 12 de Janeiro de 1993. Licenciou-se em Tradução e interpretação Português/ Francês pela Universidade Eduardo Mondlane, em 2017 e 2018 participou de Antologia Poética Best New African poets organizado pelo Zimbabiano Tendai Mwanaca. Foi finalista do Concurso Literário Liberté et tolérance organizado pela embaixada da França e AMOJOF. 2018 ganhou o segundo lugar do Concurso A ponte que liga vidas, organizado pela embaixada da Alemanha e CCMA (Centro Cultural Moçambique Alemão).
Negam-te proteção e uma alimentação decente, Mas, se esquecem que tu és a luz africana.
És a semente que brota lentamente, Em meio às dificuldades, onde quase tudo falta És esperança de um novo amanhecer.
Cresça criança africana e brilhe!
Não deixe que ninguém apague o seu brilho, Pois, o seu brilho é a força motriz que move a África. Cresça e saiba desde já que teu lugar é na escola, E não no trabalho infantil, em ti está a voz da mudança.
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2º Lugar - O erê que eu já não sou Álisson Bonsuet de Oliveira Mariano (Salvador-BA)
. Se é legal eu ir Pra uma cela,
Eu já não sou a criança que eles dizem que sou. A minha alma é quente, a minha pele grita. Eu já não sou a criança que eles dizem que sou. Eu sou o filho do Sol, mas minha mãe é a Lua. Eu já não sou a criança que eles dizem que sou. Eu sou o dono da rua.
Acendo vela, Peço por escola Mas parece esmola Pra eles o lucro é maior se sou eu quem vende as drogas... E no meio de tanta gritaria, E no meio de tanta baixaria, E no meio de tanto bafafá, Encontrei a resposta certa pra te dar... Eu já não sou a criança que eles dizem que sou.
Quando passo com meus passos largos pela noite vazia, Quem diria... Era eu quem ria. Com meus orixá, Com meus patuá, Com minhas folhas pra banhar, Quando ainda havia. E quem sabe se, Eu acordar e rir, Eles vão parar De discutir
Nascido em Salvador, filho de pai mineiro e mãe baiana, cresceu em um ambiente propício à literatura e poesia. Os membros mais antigos da família mineira já escreviam poemas, Bonsuet, como era chamado por sua avó materna, acredita que a paixão pela poesia tenha acontecido por causa da genética e dos impulsos construtivos de sua mãe pedagoga. Aos sete anos escreveu seu primeiro poema que foi publicado em um livro da escola onde estudara; desde então, não parou, criou blogues, participou de saraus em escolas públicas de Salvador, ganhou em 2014 o concurso de poemas minimalistas da UNIFEBE - POESIA URBANA, lançou dois livros pela editora AGBOOK (Clube de Autores), e continua em sua luta constante por expressar na arte aquilo que enxerga do mundo.
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3º Lugar - Invisíveis Sérgio Ricardo de Carvalho,55 anos
Sérgio Ricardo de Carvalho (São Paulo-SP)
nascido em 06 de dezembro de 1962, em
Olho, e não vejo quem cuide de mim, Sou tão pequenino, franzino.
São
Paulo-
SP.
Divorciado,
professor, pai de três filhos, escritor de livros iniciante, com obras de temas diversos: Religioso, científico, social,
Luto sem saber lutar, instinto de aqui permanecer,
ligado à saúde, psicologia, educação em geral. Tenho também peças de
Sobrevivo, sem nem saber para que. Percorro caminhos que não sei onde me levarão.
teatro com personagens próprios com temas sociais tais como: Deficiente, Bulling,
Vejo meus passos, cada dia mais largos,
drogas,
entre
outras.
Cinquenta poesias com vários temas, além de alguns contos e artigos
E meus pés sofridos, as mãos doloridas, A procura de carinho,
científicos. Sociólogo por formação concluído em 1987, leciono desde os 19 anos.
A procura de porquês! Ao meu lado irmãos, De olhos arregalados, Com os corpos suados ainda ao amanhecer. Observam-me, obrigam-me. O trabalho, as feridas, o olhar entristecido. Um brinquedo escondido, Escondido no chão, ao alcance das mãos. Não pode ser visto. Como também eu não sou. Sinto-me distante, de olhos e mãos! De governos e os que se dizem cristãos, de reis e rainhas, Prefeitos e governadores, artistas e cantores, e tantos outros nomes, mas eu mesmo, nem sei o meu.
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4º Lugar - A solidão de uma criança Leticya Nunes dos Santos (Vila Velha-ES)
Em um certo lugar no mundo Há uma criança imunda Com um sentimento profundo
Pseudônimo de Leticya Nunes, Sophia Lenusa nasceu em Maringá (PR) em 28 de julho de 1999. Sophia é constantemente movida por sua curiosidade e sentimentos, o que a torna muito emotiva. Já cogitou colocar sua energia e foco em algo que não envolvesse literatura, não entanto não se sentiu satisfeita.
Que aos meus olhos inunda. A fome A dor E só a esperança a preencher o vazio. Há crianças africanas Esquecidas e solitárias, Assim como um terreno baldio. E apesar de todo sofrimento A vida não é só um lamento Pois são movidas por fé e alegria Amadurecendo antes do tempo Elas suportam mais um dia.
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5º - Lugar - Baile de crianças Gabriel Sales (Itabuna-BA)
Gabriel Sales, cujo pseudônimo é Macêdo Malê Debawê, é um
Para a Mãe África
itabunense que ama sua Bahia.
Sei da pluraridade, continente.
Tem um pouco de poeta e um pouco de atleta. Não é formado,
Sei dos seus oceanos, dos seus barcos. Do triunfo, conheço os seus arcos. Sei da simplicidade, assim, contente.
não tem uma vasta obra, não tem feitos grandiosos para se falar numa orelha, não tem premiações, não tem cônjuge,
Sei da nossa fronteira inexistente.
etc. Já falou muito numa orelha
No teu leito de luz, todos os marcos
que supostamente lhe pertence. De
De uma História plural, de seres parcos,
resto,
é
(contra)
idealizador
do
movimento
Nessa tal poesia de ser gente.
sincrelacista, um vanguardismo
És família – jamais serás sozinha.
primitivo em gestação.
Curvo-me à santidade do seu nome: Sou um garoto a olhar minha Rainha. A sincrelacidade é esperança. Mesmo faminto, cada filho come. Os filhos ancestrais compõem a dança Em poesia à cria que enche a pança Com o leite materno de quem some. Canto como quem baila pela noite Ou como quem receite certo açoite Por lutar pela vida que consome. Canto como quem vive uma matança E sonha em vida ter a própria trança - Mesmo a ancestralidade é uma criança. Revista Literária Inversos,Feira de Santana,BA,Brasil Brasil
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6º Lugar – Diamante Negro Mickael Langston (Rondonópolis-MT)
Mickael Langstton Costa Alves participou das antologias nos livros: Antologia Poética, Prêmio Sarau Brasil 2017 e Antologia Poética, Prêmio CNNP 2017.
Das profundas minas com luz artificial, Fortes homens passam mal, Não sou homem feito, mas trabalho igual, Veêm-me como animal.
Meus braços não têm mais força para carregar, Sem alimento estou e sem lar, Eu preciso de água eu preciso de ar, As estrelas não retribuem meu sorriso no luar.
Maldito pensamento abismal, A doença que percorre a minha veia é brumal, Saudade daquele sentimento primal, Quando ter família era supranormal.
Em meio a pedras que caem tento fugir, Desesperado eu luto para não sucumbir, Estou prestes a morrer e não quero admitir, Meus irmãos se foram e eu só pude assistir.
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* 6º Lugar – Ave, África Marina Barreiros Mota (Palmas -TO)
Crianças delgadas num corpo de passarinho Músculos ressequidos e incorpóreos Geradas em úteros voláteis De adolescentes rotas Minguantes e raquíticas Crianças com o rosto tristonho Olhinhos gelados do abandono Poderão ainda sorrir? Quanta dor e inquietudes Quanto sofrimento e lamento Poderão um dia Ser “gente grande” saudável? A fome lhes devasta Rouba-lhes a infância A vivência das brincadeiras infantis A alma lhes dói, corroída Por mazelas sociais insanas Cicatrizes que emudecem a fala Mas que lhes sangra o presente Hemorragia sem estanque África(s) de guerras, conflitos, devastação
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África(s) de deserto, fome, exploração Crianças com o coração de leão Até quando suportarão (emos) isso? No covil desse lamento? Ave, África! Choramos por ti Que seu chamado seja ouvido Sua dor minimizada Suas lágrimas se estanquem Mas não seja em vão! Lanço minhas palavras por tua voz emudecida Que a compaixão te alcance e te faça guarida! Ave, África!
___________________________________ ** __________________________________ Marina Barreiros Mota, engenheira civil, amante das letras. Nasceu em Teófilo Otoni-/MG e mora em Palmas/TO. Membro Correspondente da ALTO (posse em 06/2018). Participou de diversas antologias em 2017 e 2018, Portal CEN, Logos da Fénix, Alfredasis, Prêmio Literário Marcelo de Souza.
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7º Lugar - Pés pequenos de preto Luciana Merley Belmiro de Assis Borborema (Boca Raton, Flórida, EUA)
Pés pretos descalços. Pés descalços em chão de pretos. Pés pequenos, pretos descalços em chão quente de preto. Pés pretos pequenos de sola branca queimando em chão de pretos. Sola branca dos pequenos pés que o quente do chão não deixou ficar preto.
A sola pequena é branca, os dias grandes são de preto. Preto que mal nasce e já toma o sol para si. O peso da cor, a cor que é do chão, o suor que é do sol... Sobre os ombros o sol que é dos pretos, Sob a sombra, sob a sola que cresce branca, a terra que é dos brancos.
Pés dos pequenos pretos, solam brancos na terra dos brancos. Chão que é de pedra verde, em que diamante verte. Piso em terra verde com meu pé pequeno de preto. Queria eu de pequeno pé, esfolar da sola o branco. Esfregar na pedra até o verde passar pra sola. Mas só sangra. ________________________________ ** ___________________________________ Escritora de poesias desde os 17 anos. Iniciante em contos e romances. Nenhuma publicação. Criadora e Editora da página de poesias http://www.facebook.com/acrosticamentefalando
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8º Lugar - Diferente? Cynthia Arnt Pinheiro Guimarães (Brasília-DF) Sou uma criança africana, Porém sou como vocês. Por que aqui neste lugar A criança não tem vez? Desde que nasci Nunca me vi como gente. É, vida de criança por aqui É muito diferente... Ninguém brinca nem estuda E também quase ninguém vê Que precisamos de ajuda! A vida por aqui é difícil, Não tem pai nem mãe para muita criança. A única coisa que nos resta É a esperança! Sou uma criança africana e vivo na rua... Imploro por amor e colo E até, quem sabe, uma ajuda sua! _________________________________ **___________________________________ Cynthia Arnt é professora há 23 anos, e durante essa jornada, aprendeu a identificar nas crianças, suas angústias e medos. Desde então, escreve livros infantis que tratam de assuntos como superação dos medos, aceitação, respeito às diferenças e inclusão, sempre com muita leveza e diversão.
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9º Lugar - Minha criança Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha (Juazeiro do Norte-CE)
Por que esconder seu corpo na lama? Por que ocultar seu semblante de fome? Há espaço neste mundo para sobreviver por hoje? Reze para que as nuvens negras da insensibilidade se dissipem em seu céu de púrpura!
Por que trabalhar sob o sol escaldante da exploração? Por que sofrer abusos constantes omitidos no silêncio do amanhã? Reze para que a chuva de esperança faça nascer em seu jardim o lírio da bonança
Vá ou volte, minha criança Dê tempo para que o “ser pensante” amadureça sua mente Vá ou volte, pequena criança Acredite que logo o sofrimento terá um fim...
Como despertar a alegria quando a doença castiga a alma? Como despertar o amor quando a violência aniquila a alma? Eu sei que as novas oportunidades de reconstruir a vida não são contínuas... No barco de tal felicidade não há vagas Parece-me que você está prestes a desistir?
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Vá ou volte, minha criança Dê tempo para que o “ser pensante” amadureça sua mente Vá ou volte, pequena criança Acredite que logo o sofrimento terá um fim... Eu espero que as pegadas da dor cessem de tentar purificar o seu coração Já está no tempo de ser feliz, olhe para os rostos dessas milhares de crianças Eu sou a tua luz Lado a lado...
Vá ou volte, minha criança Dê tempo para que o “ser pensante” amadureça sua mente Vá ou volte, pequena criança Acredite que logo o sofrimento terá um fim...
Escritora cearense, formada em Letras, Jornalismo e mestranda em Ciências das Religiões. Possui um blog literário intitulado "Lady Black Raven", no qual foi o primeiro espaço de divulgação de seus trabalhos literários. Tem poesias publicadas em antologias de editoras conhecidas e de forma independente publica seus romances sobrenaturais, histórias fantásticas e poesias ultrarromânticas.
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10º Lugar - Mãe África Juliana Karol de Oliveira Falcão (Soledade-PB)
Poetisa Amadora. Pseudônimo: Amanda Medeiros. Data de nascimento: 16/10/1991.
Descalços pés. Criança negra. Chorando és A triste regra. Dos olhos teus Saem às lágrimas, Dos olhos meus A dor da lástima.
Não, oh criança. Órfã de Deus. Tua herança Que vem dos teus. És só tu África? De sangue berço. Vida Fatídica Não serve um terço. A exploração Que te consome. Furto da infância Que em suma some.
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Menção Honrosa Pela criança africana
Carlos Jorge Gomes Azevedo - Santa Marinha do Zêzere- Baião (Portugal)
Doce menino africano, Coração sem ilusão, Triste fado, desengano Que dispara rebelião.
Quanta interpelação Nesse teu olhar perplexo! Em sãs cabeças, com nexo, Encontrar a solução.
Senhores de todo mundo Que viveis em abundância Tendes que pensar bem fundo Agir com acutilância.
Há que acabar com a fome, Expurgação na savana, Aos pequenos dar um nome Angelizar a catana.
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Há que tratar com carícias A quem delas não provou, Beijos, sorrisos, delícias, Ao jovem que as ignorou.
Levar saúde e um lar, Educação, proteção, A quem dorme ao luar E sofre torturação.
_________________________________ ** ____________________________________ Carlos Jorge Gomes Azevedo, médico reformado, residente em Santa Marinha do Zêzere- Baião, tem publicados pela Chiado Editora os livros de poesia: “Alma a nu” em 2015, “Perdido em Meandros” em 2015, ”Máscaras” em 2016, “Fantasmas e Fantasias” em 2017 e “Sonhos e Estranhezas” em 2017.Participou em Antologias (7) de várias editoras e em revistas.
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Menção Honrosa Suspiro da pequena negritude Jean Diaz (Taperoá-BA)
Gente de festas, de cores, de sabores de olhos arregalados que brilham – gente marcada. Pequenos deixados “a mercê” - sem direito a elas. Tomados pela insegurança, cortados pela ingenuidade, dos tamanhos. Corroídos pelas dores das vidas, marcados pelos tempos; suprimidos pela força opressora do além-mar. Gente miúda – babas – que ninguém liga, não se dá a mínima. Gente… O grito do silêncio ecoa em meio a grandeza numérica dos pequenos desfavorecidos; espoliados o viver dos Nagô, dos Gêges, dos Beni, do Malês, de irmãos tomados de poucas diferenças. África abre em lágrimas asas de sua negritude marcante. As “gentes”, olhos agora turbado por neblina angustiante demonstrando o apelo dos pequenos corpos em definhamento atônito. Gente dos griôs ancestrais que vê sua prole desfalecer em ruínas, marcados pela espoliação colonizadora. Tão pequenos e sós que que gritam calados esperando o inusitado milagre que não chega: grita ajuda que parece não dar ouvidos. São pequenos que trabalham e se dão na ‘malha’ em troca de sobreviver; permanecer respirando - é resistir. Aos trapos pequenos deixado a qualquer sorte baseiam suas vivências na resistência; hão de viver a qualquer sorte? Essas gentes miúdas florescerão a luta que lhes é imposta os dias. São filhos da resistência, da luta pelo nascer; suspiro que se abre no além... Crianças, são gentes!
_______________________________________ ** _____________________________________________ Jean dos Santos Dias, nascido ao vigésimo nono dia do mês dois no ano de 1996, na cidade de Taperoá-BA, cidade a que tenho um enorme apreço. Atualmente residindo em Feira de Santana na qual estou Licenciando em História na Universidade Estadual de Feira de Santana, Ba; Revista Literária Inversos,Feira de Santana,BA,Brasil Brasil
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apaixonado por poesia e sempre tive uma queda escrever.
Menção Honrosa Crianças Africanas Vanildo Muzime – Distrito de Gaza, Província de Manjacaze, Moçambique
Quando fecho os meus olhos Vejo crianças com lábios secos e cortantes Corações doloridos, mergulhados na escuridão Almas afogadas, no desespero de viver
O sol já nem nasce Foi corrompido pelo abismo das guerras Ou mesmo nos hospitais que assassinam esperanças Não há mais esperança, Ela fugiu junto com o tempo.
Crianças africanas São inundadas pelos lenções das cheias Essas cheias que arrancam-lhe os cadernos Onde elas rabiscam os planos do futuro
Já nem sonham Pois o sonho também fugiu Para o primeiro mundo, a procura de bons sonhadores. Elas já não esperam nada do futuro
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Senão a morte impalpável Por doenças são contaminadas Pela ânsia do desespero são revestidas. Quando vejo essas crianças, choro Ossos do meu coração congelam Oh crianças africanas. E quando abro os olhos, vejo crianças desesperançadas.
__________________________________ ** ___________________________________ Vanildo Muzime, respondente do pseudónimo Boy-vanny, iluminado pela escuridão, poeta e escritor moçambicano, 17 anos de idade, nascido aos 16 de Outubro de 2001, na cidade de Gaza, em Moçambique. A paixão pela escrita começa aos 14 anos de idade por gostar muito de ler e ter conhecido um amigo que escreve poesias e acabou o influenciando à escrita. Já participou em várias antologias e concursos literários.
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Menção Honrosa Borboletas Africanas Rita de Cássia Zuim Lavoyer (Araçatuba-SP)
Menininha, de pele brilhante, modelo da tua origem, Rolas, sob sol escaldante, com cangas envoltas em ti, E não sabes, nada sabes, balbucias e sorris... O teu infortúnio, preciso que saibas, causa-nos vertigem! Porque vieste ao mundo da forma que és, Menininha sofrerás cruel prática cultural que a dilacera. Roubar-te-ão a dádiva do prazer, e não mais serás o que eras. Teus gritos não alcançarão da piedade nem uma migalha. Terás teus direitos violados. Extirparão o vôo do teu domínio... A golpes arrancarão as asas da tua genitália. Tua mãe reviverá a criança que fora na dor da filha. Quantas, iguais a ti, órfãs de pais e de leis, morreram no momento do ato... As vivas, compraram-nas, com uma só moeda, homens da tua tribo, Certos de que elas nunca voarão em busca de prazer. Valor igual aceitará o teu pai, o bastante para um punhado de trigo! Não sabes, menininha, o porquê de tanta dor? Ainda nos cueiros, vestir-te-ão grinalda e mortalha, Transformar-te-ão em objeto, Fadada ao gozo do homem em rito abjeto. Pois que, ainda impúbere, cheirando a vida e viço em flor,
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Muitas meninas da tua terra, para se tornarem mulheres Deram-lhas adultos que, sem critérios, Dos berços fizeram alcovas, romperam delas os mistérios! Ah, Menininha, se sobreviveres, se... Lembrarás: Livraram-te do “pecado” da educação, Por isso não marchaste com outras crianças Que foram mortas protestando por seus direitos e, Sem instrução, Menininha, escrava submissa te tornaste. Usufruíram do teu corpo em construção, Exibindo à realidade, dos gêneros os seus contrastes. Dizer-te isto é redundância, conheces, pois, da tua sina? Sabe, menina, a coragem das crianças da tua terra está, na história, latente! E ela pulsa, e pulsa, e pulsa.... Parindo anônimas heroínas. Gostaria, para tua metamorfose, inverter, do tempo, o processo. Cessar este ingresso de criança fadada à dor, Sem um colo que te possas amparar. Ver-te de Borboleta à Lagarta na crisálida da tua mãe, Onde lá, alada de vidas, possas livremente voar.
__________________________________ ** ________________________________ Professora, 10 livros publicados, classificada em vários concursos literários de contos e poesias.
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Menção Honrosa Culto ao ódio Lucas Luiz da Silva (Guararema-SP)
Existir dádiva inerente ao branco Dada por Deus. Que dirá Hector Corpo sem vida no meio do flanco Símbolo máximo de todo terror. Auferido paraíso, siga condor Pairando peito aberto, livre, franco, Como jamais poderia pressupor Nesta vida de apenas solavancos. Milhares de Hector's no calvário Nenhum interesse ou repercussão. Fechando os olhos nesse caos diário Cada um por si, Pilatos lavando mãos, O sangue de Soweto, solitário, Vale-nos somente de celebração
_______________________________ *** _____________________________________ Nasceu em Guararema, em 1991. Continua em pé, embora carregue a seqüela da invisibilidade. Nunca ganhou medalhas ou qualquer prêmio. Iniciou publicando crônicas no Jornal D'Guararema e depois poemas no site de variedades Guararema Tem. Recentemente colaborou com a edição 19 da Revista Avessa. Segue sem exceder o limite de municípios. Ou já o fez sem que ninguém
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perceba.
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Menção Honrosa África, o mundo que Deus não pensou... Almir Floriano (São Paulo-SP)
Quisera existisse esse mundo E que todos fossem felizes Onde o amor fosse o ar A fraternidade a constituição No mundo que Deus não pensou Ninguém escraviza um semelhante Nem existe destruição...
Almir Floriano, 58 anos, brasileiro, natural da cidade de urânia, interior paulista, morador na capital de São Paulo desde os 7 anos de idade. escrevo contos e poesias desde que me lembro ter aprendido a magia das palavras. artista plástico, filósofo, pesquisador e livre pensador. sempre escrevi apenas pelo hábito de gostar de homenagear pessoas, coisas e situações. já tive alguns textos premiados em concursos a nível nacional, e participo de diversas coletâneas lançadas pela Avec e Movimento Literatura Clandestina , Projeto Apparere , Editora Perse, Revista Literallivre entre outros. meus livros no clube de autores são: Metamor/fases autoajuda com textos e Poemas ramalhete - poesias e crônicas, O jardineiro - poesias e crônicas ufologia; As verdades que não te contaram – livro de realidades universais escondidas pelos governos e pelas religiões; Folhetim – contos, poesias e crônicas.
Todos os seres vivem juntos E falam a mesma linguagem Nenhum se alimenta do outro Também não existe tormento Não conhecemos o dinheiro E o sol é nosso alimento Não precisamos de um paraíso Onde as estradas são de ouro Nem de pedras preciosas Não conhecemos nada disso Nem tampouco isso nos tem valor algum Pois só conhecemos o amor verdadeiro Nosso alimento vem do ar e do sol
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Homens e animais todos juntos Formamos uma família universal Sem vaidades sem valores materiais Também no mundo que Deus não pensou Todos nós somos imortais Porque somos seus filhos Imagem e semelhança tal e qual Por isso no mundo que Deus não pensou Todo mundo seria igual E porque não temos pecados Também não inventaram um inferno Para nos ameaçar... No mundo que Deus não pensou Todo mundo é feliz E vivemos só para amar Não existe divisão de povos Também não existe religião Porque todos somos semelhantes Vivendo numa única nação Seria tão bom que fosse verdade Mas esse mundo é um sonho Que eu sonhei sozinho Mas que Deus não pensou não...
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