Correio dos Açores, 31 de Dezembro de 2017
balanço
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A Construção em 2017
Pedro Marques Presidente da AICOPA
“As despesas têm sido maiores e as subidas ténues das receitas não têm sido suficientes...” para os produtores açorianos. para estarem satisfeitos com os resultados de 2017? Pelo que já disse, não podemos estar satisfeitos por que o baixo rendimento dos agricultores é uma realidade como foi recentemente demonstrada na última comunicação da Comissão Europeia sobre a nova Politica Agrícola Comum, onde está evidente que os rendimentos dos agricultores europeus, mesmo com a inclusão dos pagamentos directos, estão ainda muito aquém dos salários na economia global, sendo esta realidade ainda mais acentuada no caso nacional e no caso da Região. Atendendo às nossas especificidades, a desigualdade ainda será maior. Por tudo isto, continuaremos a reivindicar por rendimentos dos agricultores cada vez mais justos e que sejam capazes de corresponder às suas legitimas expectativas e ambições. Estatísticas reveladas no final deste ano pelo Serviço Regional de Estatística revelam que, nos primeiros dez meses de 2017, (no que se refere ao comércio intracomunitário e extra-comunitário) a Região importou mercadorias no valor de 112,5 milhões de euros e exportou mercadorias no valor de 72,5 milhões de euros. Ao nível das indústrias transformadoras, a Região importou 88,7 milhões de euros de mercadorias e exportou mercadorias no valor de 61,4 milhões de euros. Já ao nível das indústrias alimentares, das bebidas e tabaco, nos mesmos dez meses, a Região importou mercadorias no valor de 64,7 milhões de euros e exportou mercadorias no valor de 43 milhões de euros. Que comentário faz a estas estatísticas? Esses são dados retirados do contexto global, já que no caso dos produtos lácteos, referem-se única e exclusivamente ao comércio existente entre a Região e países terceiros, intracomunitários no caso da União Europeia e extracomunitários no caso de países fora da União Europeia. Como sabe, grande parte das nossas exportações são para o continente, pelo que os valores apresentados não correspondem à realidade global da fileira e para termos uma noção mais clarividente do assunto, no ano de 2016 a comercialização de produtos lácteos teve um valor aproximado de 280 milhões de euros e somente 10% correspondeu a consumo local, pelo que foram exportados para o continente, Madeira, União Europeia, e países terceiros mais de 250 milhões de euros de produtos lácteos. Estamos a falar de valores completamente diferentes e que têm aumentado neste ano, pelo que os valores finais de 2017 serão bastante superiores aos de 2016. Esta contribuição da fileira do leite para a balança comercial é fundamental e revela a importância da agricultura na Região, que se complementa com o sector da carne e ainda de outros produtos açorianos. Quais as expectativas dos agricultores açorianos para 2018? O que gostaria de ver concretizado no próximo ano? Aguardamos que as indústrias aumentam rapidamente o preço do leite como consequência da melhoria dos mercados dos produtos lácteos, e que, no sector da carne, sejam efectuados os investimentos necessários, nomeadamente ao nível dos matadouros. No âmbito da diversificação agrícola, a implementação dos seguros agrícolas é uma condição prioritária para a sustentabilidade deste sector. Os transportes marítimos entre e para fora das ilhas continua a ser um óbice ao desenvolvimento da agricultura, pelo que aguardamos que possam ser dados passos capazes de melhorar substancialmente o sistema existente. Teremos de continuar a trabalhar no aperfeiçoamento dos fundos comunitários existentes – Prorural + e POSEI – e projectar a nova Politica Agrícola Comum na região. Para que tudo isto seja possível, temos de ter um Governo Regional que seja capaz, efectivamente, de intervir no sector e que implemente as políticas agrícolas duma forma adequada e não baseie a sua acção em situações mediáticas que em nada contribuem para o futuro do sector. João Paz
Para Portugal, e em 2017, o Setor da Construção irá terminar com uma trajetória positiva, esperando-se um crescimento de 5,9% na sua produção. Confirmando, esperase, o início de um período de recuperação do Setor, após a grave e longa crise que este viveu desde 2002. O segmento da construção de edifícios residenciais deverá crescer 8,0% em 2017, confia-se que venha a constituir o principal impulso para o crescimento do Setor em 2018. Tendo sido o segmento que sofreu a maior quebra de produção desde 2002 (-80% ao longo de 13 anos consecutivos), é igualmente aquele que começou a recuperar de forma mais consistente desde 2015. Também para 2018 a sua evolução deverá ser a mais positiva de entre os diversos tipos de trabalhos. A sua componente dos trabalhos de reparação/manutenção será a mais dinâmica, antecipando-se um crescimento de 9,7% para a sua produção para o próximo ano enquanto a construção nova, evidenciando uma trajetória positiva desde 2015, deverá manter-se mais moderada, com um crescimento previsto de 5,2%. A conclusão dos muitos trabalhos desenvolvidos aquando das eleições autárquicas em 2017, impulsionaram também o sector. Para 2018 esta ausência deverá ser compensada pelo aumento do investimento pelo estado central. A construção de edifícios não residenciais deverá evoluir com a componente pública a crescer a um ritmo superior ao da componente privada com uma diferença de 2% aproximadamente. A nível de investimento público, a recuperação deve de ser feita pela forma de edifícios, nomeadamente em escolas e na área da saúde. Para a componente privada deste segmento antecipa-se um crescimento igual ao da média dos dois anos anteriores: +2,0%, apresentando-se em linha com o crescimento esperado para a economia. (fonte FEDICOP). O ano de 2017, para o sector da construção civil na Região Autónoma dos Açores, arrancou com muita esperança, apoiada numa expectativa do crescimento do turismo, do investimento público, e do investimento privado. Na verdade o investimento público ficou aquém das nossas expectativas, mesmo com eleições autárquicas. Mesmo assim, fruto dos concursos lançados em 2016 e de uma dinâmica forte do sector privado, e, de acordo com as últimas publicações do Serviço Regional de Estatística (3º Trimestre de 2017), e comparando com o período homólogo de 2016, podemos verificar um contínuo aumento na atividade da Construção, nomeadamente: O licenciamento de edifícios em cerca de 8% (452 em 2016 e 486 em 2017); O aumento do licenciamento de Fogos foi cerca de 38%
(184 em 2016 e 254 em 2017). A venda de cimento aumentou em cerca de 28% (85.325 toneladas em 2016 e 109.543 toneladas em 2017); O emprego no Setor da Construção também teve uma aumento de cerca de 6% (7.365 trabalhadores em 2016 e 7.780 trabalhadores em 2017) e a Taxa de Desemprego, comparada com o período homologo teve um decrescimento de 2,5 ponto percentuais, passando de 10,7% para 8,2%, Todavia, sendo 2018 um ano de eleições para a Associação que defende o nosso sector, palavras como dificuldade, desemprego, emigração, investimento, regularidade, consistência, aprender com o passado, empresas regionais, produtos endógenos e gerações futuras, fizeram parte da vivência dos dois mandatos desta direção da AICOPA e, por tal, não posso deixar de fazer uma referência especial aos empresários que, connosco, atravessaram este difícil período. Não posso deixar de lembrar os que não conseguiram continuar, deixando-lhes uma palavra de conforto. Aos que emigraram uma palavra para que voltem para casa. Para o nosso sector o ano que se avizinha traçará um novo rumo, não só porque ira definir a condição das empresas, seus colaboradores e suas famílias que vivem desta atividade, em 2019 e 2020. Tudo por que as duas direções da AICOPA, a que tive a honra de presidir, lutaram, não pode cair em esquecimento nem em insignificância. Tal tem de ser, e deve ser contemplado, senão mesmo assegurado, pelas futuras direções. A consciência de que o associativismo junta mais do que divide, é mais forte que o individuo, e prestigia uma atividade, tem de estar presente em nós. Tal deve de estar presente, também, em quem por isso passa e a tal se predispõe. Mais do que fazer um balanço de atividade, a construção continua a ter de preparar e organizar o seu futuro. É risível que, em pleno século XXI, continuem algumas práticas, procedimentos e preconceitos sobre e na nossa atividade onde as soluções devem de ser atendidas na legislação que nos rege… A postura e conduta de alguns dos nossos empresários deve ser corrigida para bem de uma saudável competição entre todos e aprumada com uma orientação dos projetistas, das fiscalizações e dos donos de obra, contínua, no sentido de evoluir, de um modo inovador, produtivo e competente, por meio de uma saudável dialética e atitude para que se garanta um serviço de excelência.