Notícia x Reportagem: gêneros textuais?

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NOTÍCIA X REPORTAGEM: GÊNEROS TEXTUAIS? Marta Cardoso de Andrade

Existem gêneros textuais que nos deixam em dúvida sobre qual é o seu uso sociocomunicatico,

bem

como

acerca

da

suas

características

temáticas,

composicionais e estilísticas. Um desses exemplos é a distinção entre notícia e reportagem. Será que são gêneros textuais diferenciados. Vamos descobrir. A notícia é um gênero textual do Jornalismo. É o relato de fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e importância para a comunidade, e capaz de ser compreendido pelo público. [...] tudo que o público necessita saber; tudo aquilo que o público deseja falar; quanto mais comentário suscite, maior é o seu valor

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Enfim, essa é a descrição de um fato ou acontecimento presenciado por um repórter, sem que esse o comente ou emita a sua opinião. Fala-se ainda em reportagem, igualmente um gênero textual do Jornalismo, para designar um tipo de matéria, similar às notícias, mas com uma extensão e profundidade de investigação superior a estas, presentes constantemente nas revistas. Nele, as informações são apuradas em profundidade, gerando uma maior extensão para o texto. Todavia, na visão de Rabaça e Barbosa2, esse uso para essa terminologia é incorreto. Não se deve denominar de “reportagem” a um tipo específico de matéria descritiva, mais apurada e ampla, acompanhada com documentação e testemunhos; isso seria uma definição correta para notícia. Na verdade, a reportagem é o conjunto das providências necessárias à confecção de uma notícia. Portanto, esta é resultado daquela.

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RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de comunicação. São Paulo: Ática, 2001. p. 418. 2 Idem, p. 509.


Entretanto, Rego3 teoriza este assunto de forma diferente. Para este, “a notícia acontece (isto é, vem ao repórter), a reportagem terá de ser produzida, pesquisada. [...] O propósito primordial de uma reportagem é o de relatar, de maneira explicativa, um acontecimento ou situação. A notícia, por sua vez, conforma-se com o factual, os quês principais de um fato”, destituído do aprofundamento das informações, não se busca os porquês. Desta forma, ao se seguir este último pensador, pode-se afirmar que notícia e reportagem

são

gêneros

textuais

díspares

sim,

uma

vez

que

possuem

usos/contextos e situações comunicativas diferenciadas, bem como características composicionais e estilísticas próprias e diferentes entre si. Há uma infinidade de gêneros textuais. Lembre-se que, quando existem nomes diferentes, é porque são gêneros díspares mesmo que, à primeira vista, pareçam ser sinônimos, como foi o caso da notícia e da reportagem. Vejamos mais um caso desses, o do bilhete e do lembrete. O primeiro é uma carta ou mensagem reduzida ao essencial na forma e no conteúdo, portanto, endereçada a outrem; enquanto que o segundo é um papel com anotação de algo que deve ser feito, que não pode cair no esquecimento, pode ser escrito para si mesmo ou para um terceiro.

3

REGO, Francisco Gaudêncio Torquato do. Jornalismo empresarial: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Summus, 1987. p. 113.


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